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Responsabilidade Civil 01

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PREPARATÓRIO PARA OAB
DIREITO CIVIL Responsabilidade Civil
Coordenação: Dr. Flávio Tartuce
O princípio geral da responsabilidade civil está no artigo 186 do Código Civil, que define o que é ato ilícito.
O ato ilícito é o ato praticado em desacordo com a ordem jurídica, violando direito subjetivo individual. Ele causa dano patrimonial ou moral a outra pessoa, criando o dever de repará-lo. Logo, produz efeito jurídico, só que este não é desejado pelo agente, mas imposto por lei. Para que se configure o ato ilícito, será imprescindível que haja: 
a) fato lesivo voluntário, causado pelo agente, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência; 
b) ocorrência de um dano patrimonial ou moral,
c) nexo de causalidade entre o dano e o comportamento do agente. A consequência do ato ilícito é a obrigação de indenizar.
O artigo 187 prevê a hipótese de abuso de direito, ou de exercício irregular do direito. Isto significa que o uso de um direito, poder ou coisa além do permitido, ou extrapolando as limitações jurídicas, lesando alguém, traz como efeito o dever de indenizar. Realmente, é possível que, sob a aparência de um ato legal ou licito, exista ilicitude no resultado, por atentar o princípio da boa-fé e os bons costumes, ou mesmo por desvio da finalidade socioeconômica para a qual aquele direito foi estabelecido.
No artigo 188 estão os casos de atos lesivos que não são ilícitos. Ou seja, há hipóteses excepcionais que não constituem atos ilícitos apesar de causarem danos aos direitos de outrem, isto porque o procedimento lesivo do agente, por motivo legítimo estabelecido em lei, não acarreta o dever de indenizar, porque a própria norma jurídica lhe retira a qualificação de ilícito. Assim, de acordo com este artigo, não são ilícitos a legítima defesa, nem o exercício regular de um direito, nem o estado de necessidade. A legítima defesa exclui a responsabilidade pelo prejuízo causado se, com uso moderado de meios necessários, alguém repelir uma agressão injusta, atual ou iminente, a um direito seu ou de outrem. Se os meios não forem moderados, porém, não se terá legítima defesa, surgindo o dever de indenizar; na hipótese de exercício regular de um direito reconhecido, ou seja, quando alguém, no uso normal de um direito, lesar terceiro, não terá qualquer responsabilidade pelo dano, por não ser um procedimento ilícito. Só haverá ilicitude se houver abuso do direito ou seu exercício irregular ou anormal. Assim, se alguém leva um título regular e já vencido a protesto e com isto prejudica o crédito do devedor, não haverá dever de reparar esse dano causado ao devedor, já que o protesto, nesse caso, é um direito do credor; já o estado de necessidade consiste na ofensa do direito alheio para remover perigo iminente, quando as circunstâncias a tornarem absolutamente necessária e quando não exceder os limites do indispensável para a remoção do perigo.
No artigo 927 está a obrigação geral de indenizar um dano causado por ato ilícito. Ou seja, o autor de ato ilícito terá responsabilidade pelo prejuízo que causou, indenizando-o. Logo, seus bens ficarão sujeitos à reparação do dano patrimonial ou moral causado, e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação, por meio de seus bens, de tal modo que ao titular da ação de indenização caberá opção entre acionar apenas um ou todos ao mesmo tempo, e o que pagar a indenização terá direito regressivo contra os demais para reaver o que desembolsou. E, além disso, o direito de o lesado exigir a reparação, bem como o dever de prestá-la, são transmissíveis aos seus herdeiros, que por eles responderão até os limites das forças da herança.
Está consagrada, também, a responsabilidade civil objetiva que impõe o ressarcimento de prejuízo, independentemente de culpa, nos casos previstos legalmente, ou quando a atividade do lesante importar risco para direitos de outrem. Substitui-se a culpa pela ideia do risco.
Pelo artigo 928 do Código Civil, um incapaz que lesar terceiro deverá indenizar os prejuízos que causou, se o seu responsável não tiver obrigação de arcar com tal ressarcimento ou se não tiver meios suficientes para tanto. Ou seja, nestes casos de responsabilidade do incapaz, quem tem o dever de indenizar, em primeiro lugar, é o incapaz com seus bens. Seu responsável legal apenas arcará com a indenização subsidiariamente, gozando do beneficio de ordem na sua relação com tutelado e curatelado, para fins de exercer seu direito de regresso. Na relação com o terceiro, lesado por ato do incapaz, juntamente com este, terá responsabilidade solidária e objetiva, podendo ser por ele acionado. A segunda parte do artigo fala em indenização equitativa. Isto quer dizer que há um atenuamento, uma mitigação, ou seja, uma diminuição da indenização, ou até mesmo a sua exclusão, se ela vier a privar o incapaz e os que dele dependerem dos meios necessários à sua subsistência. Nessa hipótese, seu representante legal arcará sozinho com a indenização devida ao lesado, não exercendo seu direito de regresso.
Pelo artigo 929, se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do Inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram. Vamos recordar o que diz o Inciso II do artigo 188 do Código Civil Não constitui ato ilícito a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Nós vimos agora a pouco que, em tese, somente existe indenização quando alguém pratica um ato ilícito. Porém, este artigo 929 prevê a possibilidade de indenização do dano praticado por alguém em estado de necessidade. Isto funciona assim: o dono da coisa danificada em razão de estado de necessidade, que, como visto, não constitui ilícito, poderá, desde que não tenha sido o causador do perigo, reclamar indenização do autor do prejuízo. Apenas não haverá o dever de ressarcir o dano se o lesado for o próprio ofensor ou o próprio autor do perigo. Por exemplo: se alguém, para afastar um animal selvagem que ataca várias pessoas, utiliza um objeto de alguém para golpear esse animal, e quebra esse objeto, a pessoa lesada, dona do objeto quebrado, poderá reclamar indenização pelo prejuízo que sofreu, desde que ela própria não tenha criado aquela situação de perigo, como se, por exemplo, ela tivesse soltado esse animal.
Pelo artigo 930 do Código Civil, se alguém, em estado de necessidade, vier a lesar outrem e a ressarcir o dano causado, terá ação regressiva contra terceiro, autor do perigo, para reaver o montante desembolsado. E se o causador do dano agiu para proteger bens alheios, vindo a pagar a devida indenização ao dano da coisa danificada, terá também direito de regresso contra terceiro que culposamente causou o perigo, que evitou.
O artigo 931 trata da responsabilidade por vício de produtos. As pessoas jurídicas e até mesmo empresários individuais que exercerem exploração industrial responderão, independentemente da prática de qualquer ato culposo, pelos danos provocados pelos seus produtos, colocados em circulação, por vício de qualidade por insegurança oi por vício de quantidade ou de qualidade por inadequação.
O artigo 932 trata dos casos de responsabilidade civil por ato de terceiro, citando os pais, pelos atos dos filhos menores que estiverem sob seu poder e em sua companhia; o tutor e o curador pelos atos praticados pelos pupilos e curatelados; o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício de trabalho que lhes competir ou por ocasião dele, pouco importando que se demonstre que não concorreram para o prejuízo por culpa ou negligência de sua parte, isto porque sua responsabilidade é objetiva; os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos atos de seus hóspedes, moradores e educandos, e aqueles que, embora não tenham participado de um delito, receberam o seu produto, o que os obriga a restituí-lo, ante a proibição de enriquecimento ilícito.O artigo 933 deixa bem claro que, nas hipóteses em que ele menciona, existe responsabilidade civil objetiva por ato de outrem.
Pelo artigo 934, que trata do direito regressivo na responsabilidade por fato de terceiro, todo aquele que reparar dano causado por outrem, se este não for seu descendente, poderá reaver o que pagou reembolsando-se da soma indenizatória que dependeu, observando-se o disposto no art. 928, pois não poderá, se o lesante for incapaz (tutelado ou curatelado) privá-lo de meios para sua subsistência. O direito regressivo só deixará de existir quando o causador do prejuízo for um descendente, absoluta ou relativamente incapaz, resguardando-se, assim, o princípio da solidariedade moral e econômica pertinente à família.
O artigo 935 estabelece o princípio da independência da responsabilidade civil relativamente à criminal. Vigora em nosso direito o princípio da independência da responsabilidade civil em relação à penal, porém, não se poderá questionar mais sobre a existência do fato (isto é, do crime e suas consequências), ou quem seja o seu autor, quando estas questões se encontrarem decididas no crime. Logo, enquanto o juízo criminal não tiver formado convicção sobre tais questões, os processos correrão independentemente, e as duas responsabilidades (civil e penal), serão investigadas.
O artigo 936 trata da responsabilidade da guarda do animal. O dono ou detentor do animal, doméstico ou não, responderá pelo prejuízo por ele causado a coisas, a plantações ou a pessoas por presunção juris tantum de culpa in vigilando. Há uma presunção de responsabilidade do dono ou detentor pelo fato de animal que cause dano a outrem, presunção esta de que se exonerará se comprovar uma das seguintes excludentes legais: 
a) culpa da vítima, que agiu imprudentemente, provocando o animal; 
b) força maior ao caso fortuito.
Pelo artigo 937 do Código Civil, o dono de edifício ou de construção já terminada, ligada ao solo ou unida ao edifício responderá pelos prejuízos que resultarem de: ruína, parcial ou total, de um edifício, decorrente de falta de reparos necessários; queda de árvore; queda de elevador por falta de conservação; energia elétrica.
Pelo artigo 938 do Código Civil, existe responsabilidade do morador de casa ou de parte dela (proprietário, locatário, comodatário, usufrutuário) pelos prejuízos resultantes de coisas, sólidas ou líquidas, que dela caírem ou dela forem lançadas em local indevido, fundando-se na obrigação geral a que todos estão sujeitos de não colocar em risco a segurança da coletividade. O condomínio responderá pela queda de objetos, quando não se puder identificar de qual apartamento caíram.
O artigo 939 do Código Civil trata da responsabilidade do demandante por dívida não vencida. O credor que demandar devedor antes do vencimento da dívida estará agindo de má-fé, devendo por isso esperar o tempo que falta para o vencimento, descontar os juros correspondentes e pagar as custas em dobro. Mas, se provar que estava de boa-fé, pagará tão-somente as custas vencidas na ação de cobrança, de que decairá, por ser intempestiva. Tal não ocorrerá se tratar de hipóteses em que se tem vencimento antecipado das obrigações, como falência e insolvência.
O artigo 940 trata da responsabilidade do demandante por débito já solvido. O artigo tem por objetivo impedir que se cobre dívida já paga, e só é aplicável mediante prova da má-fé do credor, ante a gravidade da penalidade que impõe. Assim, quem cobra judicialmente divida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar o montante recebido, ficará obrigado a pagar ao devedor o dobro do que houver cobrado. Se o credor vier a pedir mais do que lhe for devido, deverá pagar ao devedor o equivalente ao que dele exigir. O demandante de má-fé sofrerá a pena do art. 940, exceto se, por lhe estar prescrita a pretensão, decair da ação.
O artigo 941 trata da hipótese de desistência da ação. Se o autor desistir da ação antes da contestação da lide, as penas dos arts. 939 e 940 não lhe serão aplicadas, salvo ao réu o direito de haver indenização por algum prejuízo que prove ter sofrido. Isto porque, com a desistência, o autor veio a reconhecer seu erro, arrependendo-se do que fez. Todavia, mesmo assim, deverá pagar as custas processuais do processo intentado, embora não as pague em dobro.
Pelo artigo 942 do Código Civil, os bens do lesante ficam sujeitos à reparação do dano. É de ordem pública esse princípio que obriga o autor da ofensa a direito alheio a se responsabilizar pelo prejuízo que causou, indenizando-o. Os bens do patrimônio do responsável pelo dano estão sujeitos à reparação do gravame. Há também a hipótese de solidariedade, ou seja, existência de mais de uma pessoa sujeita à reparação do prejuízo. Isto quer dizer que, se a violação do direito de terceiro tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação, por meio de seus bens, de maneira que ao titular da ação de indenização caberá opção entre acionar apenas um, alguns ou todos ao mesmo tempo. Notem que pode existir solidariedade entre o autor e o cúmplice. Ou seja, a norma, além de prescrever a solidariedade entre os autores do dano, estende-se aos cúmplices, a quem se aplicarão as mesmas normas da solidariedade, inclusive a hipótese de direito de regresso.
Haverá solidariedade entre o autor do dano e as pessoas arroladas no art. 932, no que atina à reparação do prejuízo causado, desde que tenha sido cúmplice ou co-autor. Há responsabilidade objetiva por ato de terceiro, que se caracteriza nos casos dos incisos I a V do artigo 932, mesmo não havendo prova da concorrência de culpa do responsável e do agente para o evento danoso.
O artigo 943 trata da transmissibilidade do dever de indenizar, pelo qual o patrimônio do responsável responderá pelo dano. Assim sendo, vindo a falecer o responsável pela indenização, seus bens passam a seus herdeiros e estes deverão reparar o dano ao ofendido. Se o lesado vier a falecer, a ação de indenização poderá ser intentada por seus herdeiros. No entanto, se se tratar de direito personalíssimo, o direito de exigir a reparação do dano e o dever de indenizar o prejuízo serão intransferíveis.
O artigo 944 trata da regra geral sobre o valor da indenização. Como o artigo menciona, a indenização deve ser proporcional ao dano causado, procurando cobri-lo em todos os seus aspectos, até o limite do patrimônio do devedor, apresentando-se para o lesado como uma compensação pelo prejuízo sofrido. É possível, como diz o Parágrafo Único desse artigo, haver redução equitativa do montante indenizatório. Ou seja, havendo uma desproporção excessiva entre a gravidade da culpa do lesante e o dano sofrido pelo lesado, o juiz poderá reduzir a indenização, pois a impossibilidade de reconstituição natural ou de restituição integral não pode servir como instrumento de enriquecimento indevido. Isto significa que deve-se dar ao lesado exatamente aquilo que lhe é devido, sem acréscimo, sem reduções.
No artigo 945 está prevista a possibilidade de culpa concorrente da vítima. Se o lesado, por ato culposo, veio a concorrer para o prejuízo que sofreu, o Judiciário, ao fixar o montante indenizatório, deverá considerar a gravidade de sua culpa, confrontando-a com a culpa do lesante. Tudo isto porque, se para o dano concorreram à culpa do lesante e a do lesado, esse fato não pode deixar de ser levado em conta na fixação da indenização, para que seja reduzida de modo proporcional a indenização.
O artigo 946 trata da prévia liquidação do valor da indenização, necessário para que possa ser executada. Quando o valor não é pré-determinado, será preciso apurar o valor mediante liquidação de sentença. Isto ocorre porque há danos que podem ser avaliados por mera operação aritmética; outros, principalmente os não previstos legalmente, requerem o arbitramento, ante a impossibilidade de avaliação matemática direta, tais como nos casos de dano moral.
Pelo artigo 947 do Código Civil, estabelece-se o princípio da restituição integral. Quando não é possível a reconstituiçãodo estado anterior, é realizada uma conversão da obrigação numa dívida de valor, consistente no pagamento pelo causador do dano de uma certa soma em dinheiro, cujo valor deverá ser estabelecido por lei, pelo consenso das partes, ou pelo juiz, mediante arbitramento.

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