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Resumo de Imunologia Médica - Imunologia Básica e Aplicada

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Resumo de 
Imunologia Médica 
Danilo Fernando – Medicina UFRGS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Resumo baseado em anotações em aula e nos livros Imunologia Celular e Molecular 8ªEd – 
Abbas, Imunobiologia de Janeway 8ªEd – Murphy, Imunologia de Kuby 6ªEd, Fundamentos de 
Imunologia 12ªEd – Roitt e O Sistema Imune 3ªEd – Peter Parham 
 
 Danilo Fernando IMUNOLOGIA MÉDICA MED-UFRGS 
 
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 Danilo Fernando IMUNOLOGIA MÉDICA MED-UFRGS 
 
2 
 
2 
 
Sumário 
Introdução à Imunologia ..................................................................................................................................................................................................... 4 
Conceitos de Imunologia ............................................................................................................................................................................................... 4 
Resposta Imune ............................................................................................................................................................................................................. 4 
Células e Órgãos do Sistema Imune .................................................................................................................................................................................... 6 
Células do Sistema Imune .............................................................................................................................................................................................. 6 
Células Apresentadoras de Antígenos (APCs) .............................................................................................................................................................. 11 
Órgãos e Tecidos Linfoides .......................................................................................................................................................................................... 14 
Migração Leucocitária ....................................................................................................................................................................................................... 18 
Visão Geral ................................................................................................................................................................................................................... 18 
Moléculas de Adesão ou Adesinas ............................................................................................................................................................................... 18 
Quimiocinas e Receptores de Quimiocinas .................................................................................................................................................................. 20 
Recrutamento de Leucócitos Para os Tecidos .............................................................................................................................................................. 21 
Migração de Neutrófilos e Monócitos ......................................................................................................................................................................... 23 
Migração e Recirculação de Linfócitos T ...................................................................................................................................................................... 23 
Resposta Imune Inata........................................................................................................................................................................................................ 25 
Barreiras Anatômicas ................................................................................................................................................................................................... 25 
A Resposta Inata .......................................................................................................................................................................................................... 26 
Regulação da Resposta Imune Adaptativa Pelo Sistema Imune Inato ......................................................................................................................... 40 
Conclusões ................................................................................................................................................................................................................... 40 
Apresentação de Antígenos Para o Linfócito T .................................................................................................................................................................. 41 
Antígenos ..................................................................................................................................................................................................................... 41 
Reconhecimento de Antígenos .................................................................................................................................................................................... 41 
Células Apresentadoras de Antígenos (APCs) .............................................................................................................................................................. 42 
Tipos de Complexo Principal de Histocompatibilidade (MHC) ..................................................................................................................................... 43 
Genética das Moléculas de MHC ................................................................................................................................................................................. 45 
Processamento de Proteínas Antigênicas .................................................................................................................................................................... 47 
Apresentação Cruzada ................................................................................................................................................................................................. 52 
Superantígenos ............................................................................................................................................................................................................ 52 
Anticorpos ......................................................................................................................................................................................................................... 53 
Estrutura do Anticorpo ................................................................................................................................................................................................ 53 
Domínio das Imunoglobulinas ..................................................................................................................................................................................... 53 
Interações Antígeno-Anticorpo.................................................................................................................................................................................... 56 
Região Constante da Cadeia Pesada ............................................................................................................................................................................ 58 
Anticorpos Monoclonais ..............................................................................................................................................................................................60 
Receptor do Linfócito T – TCR ........................................................................................................................................................................................... 61 
Desenvolvimento dos Linfócitos T ............................................................................................................................................................................... 62 
Recombinação V(D)J .................................................................................................................................................................................................... 63 
Seleção Negativa e Positiva (Tolerância Central) ......................................................................................................................................................... 66 
Conclusões ................................................................................................................................................................................................................... 67 
Ativação dos Linfócitos T ................................................................................................................................................................................................... 68 
Visão Geral ................................................................................................................................................................................................................... 68 
Sinais Para Ativação dos Linfócitos T ........................................................................................................................................................................... 70 
Diferenciação das Células T CD4 .................................................................................................................................................................................. 75 
Diferenciação das Células T CD8 .................................................................................................................................................................................. 79 
 Danilo Fernando IMUNOLOGIA MÉDICA MED-UFRGS 
 
3 
 
3 
 
Células T de Memória .................................................................................................................................................................................................. 82 
Declínio das Respostas da Célula T .............................................................................................................................................................................. 83 
Resposta Humoral ............................................................................................................................................................................................................. 84 
Geração, Ativação e Diferenciação das Células B ......................................................................................................................................................... 84 
A Resposta Humoral .................................................................................................................................................................................................... 88 
Resposta Imune às Doenças Infecciosas ......................................................................................................................................................................... 102 
Resposta Imune a Bactérias ....................................................................................................................................................................................... 102 
Resposta Imune aos Vírus .......................................................................................................................................................................................... 108 
Resposta Imune aos Parasitos (Protozoários e Helmintos) ........................................................................................................................................ 111 
Resposta Imune aos Fungos ...................................................................................................................................................................................... 113 
Reações de Hipersensibilidade ........................................................................................................................................................................................ 114 
Hipersensibilidade do Tipo 1 ou Imediata (Mediada por IgE) .................................................................................................................................... 116 
Hipersensibilidade do Tipo 2 (Citotóxica Mediada por Anticorpo) ............................................................................................................................ 120 
Hipersensibilidade do Tipo 3 (Mediada por Imunocomplexos).................................................................................................................................. 121 
Hipersensibilidade do Tipo 4 ou Tardia (DTH – “delayed-type hypersensitivity”) ...................................................................................................... 122 
Imunização Passiva e Ativa .............................................................................................................................................................................................. 123 
Imunidade Passiva ..................................................................................................................................................................................................... 123 
Imunidade Ativa......................................................................................................................................................................................................... 123 
Tolerância Imunológica e Autoimunidade ....................................................................................................................................................................... 130 
Tolerância .................................................................................................................................................................................................................. 130 
Autoimunidade .......................................................................................................................................................................................................... 135 
Doenças Autoimunes ................................................................................................................................................................................................. 137 
Imunodeficiências ........................................................................................................................................................................................................... 140 
Imunodeficiências Primárias ...................................................................................................................................................................................... 141 
Imunodeficiências Secundárias .................................................................................................................................................................................. 145 
Imunologia dos Transplantes .......................................................................................................................................................................................... 152 
Transplante ................................................................................................................................................................................................................152 
Rejeição ..................................................................................................................................................................................................................... 153 
Respostas Imunológicas Adaptativas aos Aloenxertos............................................................................................................................................... 155 
Funções Ativadoras e Efetoras dos Linfócitos T Alorreativos ..................................................................................................................................... 157 
Ativação de Células B Alorreativas e Produção e Funções de Aloanticorpos ............................................................................................................. 158 
Padrões e Mecanismos de Rejeição de Enxertos ....................................................................................................................................................... 159 
Prevenção e Tratamento de Rejeição de Aloenxertos ............................................................................................................................................... 161 
Fármacos Imunossupressores .................................................................................................................................................................................... 162 
Métodos para Induzir Tolerância Doador-Específica ................................................................................................................................................. 164 
Transplante Hematopoiético de Células Tronco ........................................................................................................................................................ 165 
Câncer e Sistema Imune .................................................................................................................................................................................................. 166 
Câncer: Origem e Terminologia ................................................................................................................................................................................. 166 
Antígenos Tumorais ................................................................................................................................................................................................... 169 
Resposta Imunológica no Câncer ............................................................................................................................................................................... 173 
Imunoterapia Antitumoral .............................................................................................................................................................................................. 177 
Imunoterapia Passiva ................................................................................................................................................................................................. 177 
Imunoterapia Ativa .................................................................................................................................................................................................... 179 
Conclusões ................................................................................................................................................................................................................. 182 
 
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Introdução à Imunologia 
Conceitos de Imunologia 
• Imunidade: condição que permite uma resistência inata e adquirida às doenças. 
• Sistema imune: células e moléculas responsáveis pela imunidade; 
 Presente em todo o organismo (pele, trato respiratório, trato gastrointestinal etc.); 
 Início do sistema imunológico ocorre na 12ª semana após a concepção; 
 Importância do sistema imune: 
- Defesa contra infecções; 
- Impede o crescimento de alguns tumores; 
- Eliminação de células mortas; 
- Inicialização do reparo tecidual; 
 Outros papeis do sistema imunológico 
 (observe a tabela ao lado) 
 Células-chave do sistema imune 
- Células “sentinelas” nos tecidos – p.e. macrófagos, células dendríticas, mastócitos 
- Células circulantes – neutrófilos, monócitos, eosinófilos, linfócitos 
- Células teciduais – p.e. células epiteliais 
 
• Resposta imune: reação aos componentes de microrganismos, bem como a macromoléculas, tais 
como proteínas e polissacarídeos, e pequenos agentes químicos que são reconhecidos como estra-
nhos, independentemente da consequência fisiológica ou patológica de tal reação; 
• Vacinação: inoculação de amostras enfraquecidas ou atenuadas de agentes patológicos em indiví-
duos sadios, a fim de obter proteção contra doenças; 
• Anticorpos: proteínas capazes de detectar uma ampla variedade de moléculas na circulação e em 
células e tecidos. 
• Antígenos: substâncias que se ligam a receptores específicos em linfócitos – podem ou não esti-
mular respostas imunes. 
• Patógenos: microrganismos causadores de doença; 
 Vírus, bactérias, fungos patogênicos e outros organismos eucarióticos unicelulares e multicelula-
res, relativamente grandes e complexos, coletivamente chamados de parasitos. 
 
*Curiosidade: os microrganismos que nos habitam correspondem a 10x das células do nosso corpo. 
Resposta Imune 
• É dividida em resposta imune inata e resposta imune adaptativa (observe a imagem abaixo). 
 
 
 
 
 
 
 
 
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• Resposta imune inata (ou natural/nativa): primeira linha de defesa contra microrganismos. 
 Ação rápida – 1ª linha de defesa! 
 Mecanismos de defesa celulares e bioquímicos presentes antes da infecção; 
 Respondem: 
- Da mesma forma à infecções (futuras) pelo mesmo patógeno; 
- À grupos de microrganismos com estruturas comuns – não há especificidade; 
- À produtos de células lesionadas. 
 Principais componentes da resposta inata: 
a) Barreiras físicas e químicas; 
- Pele, epitélio mucoso, moléculas antimicrobianas 
b) Células fagocíticas (neutrófilos, macrófagos), células dendríticas e células NK (“natural killer”) e 
outras células linfoides inatas; 
c) Proteínas sanguíneas. 
• Resposta imune adaptativa (ou adquirida/específica): desenvolve mais lentamente e proporci-
ona uma defesa mais especializada e mais eficaz contra as infecções. 
 Reconhece e reage a um grande número de substâncias microbianas e não microbianas específi-
cas – possui especificidade (detectam os determinantes ou epítopos); 
- Sistema imune consegue distinguir entre 107 a 109 determinantes antigênicos distintos! 
 Possui memória – habilidade de responder mais vigorosamente a exposições repetidas ao 
mesmo microrganismo; 
- Pode garantir proteção por toda a vida 
contra reinfecções pelo mesmo patógeno. 
- Resposta imune secundária. 
 Linfócitos – componente exclusivo da 
resposta adaptativa 
- Secretam anticorpos (linfócitos B). 
 Vacinação: aplicação prática da indu-
ção da resposta imune adaptativa 
- Imunidade ativa (imagem ao lado). 
 
*Importante¹: não reatividade ao próprio organismo – habilidade do sistema imune em reconhe-
cer, responder e eliminar muitos antígenos estranhos (não próprios) enquanto não reagem negati-
vamente às suas próprias substâncias antigênicas – irresponsividade imunológica também é cha-
mada de tolerância – anormalidades na tolerância levam a respostas imunes contra os próprios an-
tígenos (autólogos), o que pode resultarem distúrbios denominados doenças autoimunes. 
∟Autoimunidade: respostas imunes equivocadas contra proteínas ou tecidos próprios do corpo, 
levando a doenças autoimunes; 
 
*Importante²: hipersensibilidades: “excesso de zelo” do sistema imune ao atacar substâncias ino-
fensivas, causando reações alérgicas; 
 
*Importante³: imunodeficiências: insuficiências inatas ou adquiridas de elementos da resposta 
imune, levando a infecções recorrentes. 
 Danilo Fernando IMUNOLOGIA MÉDICA MED-UFRGS 
 
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Células e Órgãos do Sistema Imune 
Células do Sistema Imune 
• Respostas imunes inatas e adaptativas dependem das atividades dos leucócitos (células brancas). 
• São originárias da medula óssea e são formadas pela célula tronco hematopoiética (HSC) 
 Célula troco hematopoiética origina as células mieloides e linfoides 
- Linhagem mieloide inclui a maioria das células do sistema imune inato; 
- Os linfócitos do sistema imune adaptativo e as células natural killers (NK) da imunidade inata 
pertencem à linhagem linfoide. 
 
 
 
 
 
 Danilo Fernando IMUNOLOGIA MÉDICA MED-UFRGS 
 
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Fagócitos 
• Consistem em neutrófilos e macrófagos – são as células cuja função primária é ingerir e destruir 
microrganismos e se livrar dos tecidos danificados. 
• Respostas na defesa do hospedeiro: 
a) Recrutamento das células para locais de infecção; 
b) Reconhecimento e ativação pelos microrganismos; 
c) Ingestão dos microrganismos por processo de fagocitose; 
d) Destruição dos microrganismos ingeridos. 
 
• Secretam citocinas (mediadores inflamatórios químicos) e estão em contato direto com elas. 
 Se comunicam com outras células de modo a promover ou regular as respostas imunes. 
Neutrófilo 
• Leucócito polimorfonuclear – núcleo segmen-
tado em três a cinco lóbulos conectados. 
• Contém grânulos com espécies reativas de oxi-
gênio (ROS), enzimas (lisozima, colagnase, elas-
tase), defensinas e catelicidinas. 
• População mais abundante de células brancas 
sanguíneas circulantes. 
• Medeia as fases iniciais das reações inflamató-
rias – são os primeiros a chegar no sangue. 
• Formam redes extracelulares de defesa – NETs (neu-
trophil extracellular traps). 
- Barreira física formada por cromatina que evita a disse-
minação dos microrganismos (observe a imagem ao lado) 
- Resulta numa forma única de morte (“suicídio”) celular 
programada – NETose 
∟Há liberação de enzimas (grânulos) que danificam o tecido saudável, i.e., o próprio organismo! 
• Principal componente do pus 
• Produção aumenta em infecções – leucocitose (aumento do número de neutrófilos no sangue). 
• Possuem vida curta → circulam pelo sangue por horas ou poucos dias. 
Macrófago 
• Monócito: forma circulante (no sangue) 
 Corresponde a 5-10% das células sanguíneas. 
 Monócitos inflamatórios – entram rapida-
mente nos tecidos em resposta à infecção; 
 Monócitos patrulhadores – arrastam-se lenta-
mente pelas paredes dos vasos; 
 Medeia as fases iniciais das reações inflamató-
rias – são os segundos a chegar no sangue (±12h). 
 Quando entram no tecido se diferenciam em 
macrófagos – forma tecidual. 
 Danilo Fernando IMUNOLOGIA MÉDICA MED-UFRGS 
 
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• Macrófago: é um fagócito profissional, i.e., ele é especializado em fagocitose. 
 Macrófagos são amplamente distribuídos nos órgãos e tecido conectivo, têm papel central na 
imunidade inata e adaptativa. 
• Assumem fenótipos especializados dependendo do tipo de órgão: micróglia (SNC), 
Kuppfer (fígado), macrófago alveolar (pulmões), macrófagos sinusoidais (baço), osteoclasto (osso), 
célula de Langerhans (epiderme), célula mesangial do glomérulo (rim) e histócito (derme). 
 
• Células da linhagem de macrófago surgem a partir de células precursoras na medula óssea. 
 Precursores evoluem para monócitos, que entram e circulam no sangue e, então, migram para 
os tecidos, especialmente durante as reações inflamatórias, onde eles então amadurecem em ma-
crófagos (observe a imagem abaixo). 
 
• Promovem ingestão e morte de microrganismos. 
 Também participam do processo de limpeza após a infecção ou lesão tecidual. 
- Células mortas do hospedeiro, tecidos mortos e neutrófilos acumulados na infecção; 
- Evitam reações inflamatórias resultante da morte dessas células e tecidos. 
• Secretam citocinas com o objetivo de: 
a) Aumentar o recrutamento de mais monócitos (macrófagos) – aumento da resposta protetora 
contra os microrganismos; 
b) Promover o reparo de tecidos danificados pela estimulação do crescimento de novos vasos san-
guíneos (angiogênese) e síntese de matriz extracelular rica em colágeno (fibrose). 
 
 
 
 Danilo Fernando IMUNOLOGIA MÉDICA MED-UFRGS 
 
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• Macrófagos possuem receptores que detectam vá-
rios tipos de microrganismos e que podem ativá-lo 
para a fagocitose e/ou para secretar citocinas infla-
matórias (conforme as imagens ao lado e abaixo). 
- Detectam PAMPs (padrões moleculares associa-
dos a patógenos) e DAMPs (damage associated 
molecular pattern, ou dano associado a padrões 
moleculares – lesão tecidual). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
*Observação: quimiocinas são citocinas associadas com quimiotaxia (movimento). 
 
*Importante: a comunicação dos macrófagos é feita através de citocinas. 
- Citocinas são proteínas envolvidas na sinalização do sistema 
imune que atuam a nível local e sistêmico → podem ter ativi-
dade autócrina, parácrina e endócrina (imagem ao lado). 
∟Envolvidas na sinalização celular como agentes imunomodu-
ladores; 
∟Produzidas por muitos tipos de células; 
∟Cada citocina costuma ter diversas células-alvo; 
∟Citocinas diferentes induzem efeitos biológicos diferentes; 
∟Para agirem, as citocinas precisam interagir com o receptor 
correspondente na célula-alvo. 
 Danilo Fernando IMUNOLOGIA MÉDICA MED-UFRGS 
 
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Mastócitos 
• Célula tecidual – presente na pele, mucosa 
epitelial e tecido conjuntivo, contendo abun-
dantes grânulos citoplasmáticos cheios de his-
tamina e outros mediadores. 
• Expressam receptores de alta afinidade na 
membrana plasmática para um tipo de anti-
corpo denominado IgE e, geralmente, são re-
cobertos com esses anticorpos. 
 Relacionam-se com as reações alérgicas 
mediadas por IgE. 
 Também desempenham um papel importante em respostas a helmintos. 
• Mastócitos funcionam como sentinelas nos tecidos → reconhecem produtos microbianos e res-
pondem produzindo citocinas, quimiocinas, mediadores lipídicos, fatores de crescimento e antimi-
crobianos. 
• Reconhecem vários sinais de infecção por patógenos (PAMPs) e de dano celular (DAMPs); 
Basófilos 
• Célula circulante – tem muitas similaridades 
estruturais e funcionais com os mastócitos – 
também produzem histamina. 
 São capazes de sintetizar muitos dos mes-
mos mediadores dos mastócitos 
- Também expressam receptores para IgE. 
∟Envolvidos em reações alérgicas mediadas 
por IgE. 
• Secretam citocinas, quimiocinas, mediadores 
lipídicos, fatores de crescimento e produtos antimicrobianos. 
• Envolvidos no combate a infecções parasitárias (principalmente helmintos). 
Eosinófilo 
• Célula circulante – contém grânulos citoplas-
máticos que contem enzimas danosas as pare-
des de parasitos, mas também podem danifi-
car os tecidos do hospedeiro. 
 Grânulos acidófiloscontendo proteínas ci-
totóxicas, mediadores lipídicos, citocinas infla-
matórias/hematopoiéticas e quimiocinas. 
• Sua principal função é a destruição de orga-
nismos patogênicos que são muito grandes 
para serem fagocitados por outras células, como é o caso dos helmintos. 
• Também envolvidos na fase crônica das doenças alérgicas. 
• Eosinofilia = número maior ou igual a 600 células/mm3 → infecções (helmintos), alergias, neo-
plasmas, desordens do tecido conjuntivo, respostas a medicamento. 
 Danilo Fernando IMUNOLOGIA MÉDICA MED-UFRGS 
 
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Células Apresentadoras de Antígenos (APCs) 
• APCs referem-se às células que apresentam antígenos aos linfócitos T. 
 Capturam microrganismos e outros antígenos, apresentam-nos aos linfócitos e fornecem sinais 
que estimulam a proliferação e diferenciação dos linfócitos. 
• Principal tipo de APC envolvido na iniciação das respostas da célula T é a célula dendrítica. 
• Células B e macrófagos também apresentam antígenos às células T auxiliares CD4. 
 Células B: em respostas imunes humorais; 
 Macrófagos: em respostas imunes mediadas por células (no local da infecção). 
• Células dendríticas e macrófagos podem reconhecer e responder aos microrganismos durante as 
reações imunes inatas e, assim, ligam as reações imunes inatas às respostas do sistema imune 
adaptativo. 
Células Dendríticas 
• Células dendríticas: são as células apresentadoras 
de antígenos (APCs) mais importantes para a ativa-
ção das células T imaturas e têm papel principal nas 
respostas inatas às infecções e na ligação das res-
postas imunes inata e adaptativa; 
• Presentes em órgãos linfoides, epitélio mucoso e 
parênquima de órgãos; 
• Possuem projeções membranosas; 
• Capturam e apresentam antígenos aos linfócitos T através de: 
 Fagocitose; 
 Endocitose mediada por receptor; 
 Pinocitose. 
• Possui vários subtipos: de linhagem mieloide ou linfoide; 
• Críticas para o início da resposta imune adaptativa (maior importância!). 
 São as células especializadas em iniciar as respostas imunes adaptativas; 
 Possuem muitos receptores de PAMPs. 
 
• Apresentação de antígenos: 
 As moléculas de MHC (complexo principal de histocompatibilidade, do inglês major histocom-
patibility complex) têm a função de apresentar antígenos proteicos (pedaços de proteínas presen-
tes na membrana) para os linfócitos T. 
- Existem, em média, mais de 100.000 moléculas de MHC em cada célula. 
(na imagem abaixo temos o exemplo de uma parte da membrana com moléculas MHC e antígenos) 
Transportam os patógenos para os linfonodos regionais – locais 
onde ocorrem a apresentação dos antígenos para os linfócitos T 
 Danilo Fernando IMUNOLOGIA MÉDICA MED-UFRGS 
 
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 A célula dendrítica migra para os linfonodos para apresentar os antígenos para os linfócitos T; 
 Ela formará uma sinapse imunológica com o linfócito T que for capaz de reconhecer o antígeno 
apresentado, induzindo-o a se dividir e a se diferenciar; 
 Esse processo de divisão e diferenciação é chamada de ativação. 
• Resposta mediada pela célula dendrítica depende de qual tipo de patógeno ela detectou. 
Linfócitos 
• Células-chave da imunidade adaptativa; 
• 20-40% das células sanguíneas – 2ª mais abundante no sangue; 
• Muito difíceis de distinguir morfologicamente 
 São distinguidos imunologicamente pela expressão de marcadores de superfície; 
 Os marcadores de superfície seguem uma nomenclatura chamada Cluster of Differentiation (CD, 
“agrupamento de diferenciação”). 
• São as células exclusivas no corpo que expres-
sam receptores de antígenos clonalmente expres-
sos cada um específico para um determinante an-
tigênico diferente. 
 Cada (clone de) linfócito é um especialista, i.e., 
produz apenas um tipo de receptor de antígenos, 
que é diferente dos demais clones; 
 O linfócito só será ativado se reconhecer o 
“seu” antígeno em uma célula dendrítica; 
 Os linfócitos ativados se multiplicarão, sofrendo 
diferenciação e participarão da resposta imune 
adaptativa. 
 
• Os linfócitos podem ser: 
 Virgens/naïves: são aqueles que completaram a maturação, mas não encontraram o seu antí-
geno ainda – estão em “modo de espera”, i.e., ainda não foram ativados; 
 Efetores: estão ativados, diferenciados e participam da resposta adaptativa – a maioria morrerá 
por apoptose no final da resposta imune adaptativa; 
 De memória: gerados durante a ativação e/ou durante a resposta imune – estão em “modo de 
espera” e são rapidamente ativados no reencontro com o (mesmo) antígeno. 
 
*Importante: mesmo sem o contato prévio com uma determinada doença, possuímos linfócitos 
para “n” doenças, ou seja, nosso corpo os produzem mesmo na ausência de antígenos. 
Subgrupos de Linfócitos 
• Linfócitos B: células responsáveis pela produção de anticorpos. 
 Derivam da medula óssea (maturação); 
 Seu receptor de antígenos é o receptor de célula B (BCR), uma molécula de anticorpo ligada à 
membrana, capaz de se ligar a antígenos; 
 Antes da ativação, o linfócito B não secreta anticorpos, apenas expressa o BCR na membrana ce-
lular – a geração do BCR é aleatória e independente de antígeno; 
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 Uma vez ativado pelo antígeno, o linfócito B se diferencia em um plasmócito, especializado em 
secretar anticorpos; 
*Curiosidade: são chamadas de “B” porque, em pássaros, elas foram encontradas maduras em um 
órgão denominado bursa de Fabricius. 
 
• Linfócitos T: são os mediadores da imunidade celular 
 Maturação ocorre no timo com produção do TCR funcional; 
 Cada linfócito T produz um receptor de antígenos com espe-
cificidade única, o receptor de célula T (TCR); 
 TCR reconhece antígenos de uma forma diferente da célula B 
- Peptídeos pequenos ligados a uma molécula apresentadora 
de antígeno, o MHC, nas células apresentadoras de antígeno. 
- O esquema abaixo demostra a ativação e a diferenciação dos linfócitos T 
 
 Duas populações principais: 
- Linfócito T citotóxico (TC): especializado em re-
conhecer e matar células infectadas por vírus e 
outros microrganismos intracelulares. 
∟Grânulos com perforina e granzima levam a 
indução de morte por apoptose; 
∟Também é uma fonte importante da citocina 
interferon-gama e outras; 
∟Expressa o marcador CD8. 
 
- Linfócito T auxiliar (T helper ou TH): exerce di-
versas funções moduladoras na resposta imune 
adaptativa. 
∟Várias subpopulações; 
∟Expressa o marcador CD4. 
* Linfócitos T CD4 ativados podem se diferenciar 
em vários tipos de células T auxiliares. 
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Células NK (Natural Killer) 
• Célula de linhagem linfoide, mas que não expressa TCR; 
• Matam células infectadas por vírus e células cancerosas → desencadeia apoptose; 
• Também mata células opsonizadas com anticorpos; 
• É uma fonte importante de interferon-gama, citocina importante no combate às infecções virais; 
• Importante na gravidez – remodelamento tecidual. 
Outras Células Linfoides 
• Células γδ: expressam cadeias de TCR do tipo γ e δ, ao invés das cadeias α e β dos linfócitos T 
convencionais – constituem <5% dos linfócitos do corpo – reconhecem uma gama limitada de antí-
genos peptídicos e não peptídicos. 
• Células NKT: são células T com TCR do tipo αβ e que possuem marcadores de células NK – reco-
nhecem antígenos glicolipídicos 
• Células linfoides inatas: de origem linfoide, mas sem a expressãode TCR – incluem as células NK 
e estão envolvidas na resposta imune inata. 
Órgãos e Tecidos Linfoides 
• Órgãos linfoides primários: locais de produção e amadurecimento dos linfócitos 
 Medula óssea: local de produção e amadurecimento do linfócito B e da produção do linfócito T; 
 Timo: local de amadurecimento do linfócito T; 
• Órgãos e tecidos linfoides secundários: são os tecidos onde ocorre a apresentação de antígenos 
aos linfócitos e consequente ativação destas células (para o ataque ou para a tolerância). 
 Linfonodos; 
 Baço; 
 Tecidos linfoides associados a mucosas; 
 Tecidos linfoides associados a pele. 
 
 
 
 
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Medula Óssea 
• Local de geração da maioria das células sanguíneas maduras circulantes (hematopoiese), e o local 
dos eventos iniciais na maturação da célula B. 
• Na puberdade, a hematopoiese se dá principalmente em ossos chatos (esterno, vértebras, ilíaco e 
nas costelas); 
 Fígado e baço podem se tornar locais de hematopoese extramedular em alguns casos. 
• Proliferação e maturação das células precursoras na medula óssea são estimuladas por citocinas 
 Células estromais e macrófagos (normalmente); 
 Células T ativadas e macrófagos ativados (em resposta à infecção). 
 
* na tabela abaixo temos a maioria das citocinas hematopoiéticas 
 
Timo 
• Local da maturação da célula T 
• Órgão bilobado, cada lobo com múltiplos lóbulos 
• Cada lóbulo é dividido em um córtex externo e uma medula interna 
 Córtex: denso em linfócitos (“timócitos”) 
 Medula: rica em macrófagos e células dendríticas, menos densa em linfócitos 
 Células epiteliais tímicas: papel fundamental na maturação e seleção dos linfócitos 
- Células epiteliais do córtex: importantes nas fases iniciais de maturação – produzem IL-7; 
- Células epiteliais da medula: importantes na seleção dos linfócitos. 
∟Possuem células epiteliais tímicas medulares (MTEC) – tem um papel especial na apresentação 
dos próprios antígenos às células T em desenvolvimento e causando sua deleção – este é um meca-
nismo para garantir que o sistema imune permaneça tolerante a ele mesmo. 
• Os timócitos passam por vários estágios de maturação, migrando do córtex para a medula. 
 Somente células T virgens maduras existem no timo; 
 No processo, vários timócitos falharão em maturar e morrerão. 
 
*Importante: timócitos são linfócitos T em vários estágios de maturação. 
 
 
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Sistema Linfático 
• O sistema linfático consiste em vasos especializados que 
drenam fluido dos tecidos para dentro e para fora dos linfo-
nodos e, então, para o sangue. 
• Envolvido na hemostasia do fluido tecidual e nas respos-
tas imunes. 
• O fluido capturado – a linfa – é levada pelos linfáticos de 
volta à corrente sanguínea, passando por um ou mais linfo-
nodos, que têm a função de filtrar o líquido e de iniciar as 
respostas imunes adaptativas. 
 A linfa é bombeada pela contração de músculo liso e da 
pressão exercida pelos músculos esqueléticos 
• Os vasos drenam para os linfonodos por vasos aferentes, 
saindo deles por vasos eferentes 
• Quase todos os linfáticos convergem para o ducto torá-
cico, que esvazia para dentro da veia cava superior. 
• Relação entre capilares sanguíneos e linfáticos no tecido: os capilares linfáticos capturam fluido, 
partículas solúveis e proteínas intersticiais, assim como células do sistema imune do tecido circun-
dando os capilares sanguíneos. 
Linfonodos (Gânglios Linfáticos) 
• Órgãos linfoides secundários, encapsulados, vasculariza-
dos e com características anatômicas que favorecem a ini-
ciação das respostas imunes adaptativas aos antígenos 
carreados dos tecidos pelos vasos linfáticos. 
• Existem cerca de 500 linfonodos no corpo humano. 
• Um linfonodo é (observe a imagem ao lado): 
 Dividido em córtex e medula 
 Córtex externo: agregados de células denominados folí-
culos (zonas de células B) 
 Cada folículo pode ou não conter centros germinativos 
- Folículos primários: sem centro germinativo 
- Folículos secundários: com centro germinativo 
 Em volta dos folículos, encontra-se o paracórtex (zona 
de células T), rico em linfócitos T, células dendríticas e fagó-
citos. 
• São nos linfonodos que ocorre a montagem da resposta 
imune adaptativa. 
 
 
 
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Baço 
• O baço é um órgão altamente vascularizado, cujas principais funções são remover células sanguí-
neas velhas e partículas (como imunocomplexos e micror-
ganismos) da circulação e iniciar respostas imunes adapta-
tivas aos antígenos encontrados no sangue. 
• Os macrófagos da polpa vermelha servem como um im-
portante filtro para o sangue, removendo microrganismos, 
células danificadas, células recobertas de anticorpo (opso-
nizadas) e microrganismos. 
• A polpa branca contém as células que medeiam as res-
postas imunes adaptativas aos antígenos originados no sangue. 
 Estão situadas em muitas populações de linfócitos densamente empacotados. 
• Pessoas que removeram o baço têm maior propensão a infecções por bactérias encapsuladas 
como Neisseria e Pneumococcus. 
Tecidos Linfoides Associados Às Mucosas 
• São os tecidos ao longo das mucosas onde ocorre a apresentação de antígenos aos linfócitos e 
consequente ativação destas células. 
• Componentes do sistema imune da mucosa intestinal 
 Placas de Peyer (conforme a imagem ao lado) 
- Agregados de células linfoides com folículos e zonas de 
células T. 
 Folículos linfoides isolados 
- Menores – muitas células B; 
- Também encontrados no epitélio nasal e respiratório. 
 Apêndice (tonsilas, adenoides); 
 Linfonodos mesentéricos. 
 
*Importante: Os componentes dos sistemas imunes relacionados com as mucosas gastrintestinal e 
brônquica são denominados tecido linfoide associado à mucosa (MALT) e estão envolvidos nas res-
postas imunes aos antígenos e microrganismos ingeridos e inalados. 
Tecido Linfoide Associado Ao Tecido Cutâneo 
• As células de Langerhans são células dendríticas 
que residem na epiderme – elas viajam para os lin-
fonodos através dos vasos linfáticos na derme. 
• As células dendríticas também residem na derme 
e também podem migrar para os linfonodos 
quando ativadas. 
• Os leucócitos, incluindo monócitos e linfócitos vi-
ajam para ambas as camadas da pele via vasos san-
guíneos, extravasando na derme. 
 
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Migração Leucocitária 
Visão Geral 
• O sistema imune possui a propriedade única do movimento constante e altamente regulado de 
seus componentes através do sangue, para os tecidos, e muitas vezes de volta ao sangue. 
• Migração ou recrutamento: processo geral de movimento do leucócito para os tecidos. 
 Recrutamento de leucócitos e proteínas do sangue para locais de infecção e lesão tecidual é a 
parte principal do processo chamado de inflamação; 
 A migração de leucócitos do sangue para os tecidos ocorre através das vênulas pós-capilares e 
depende de moléculas de adesão expressas nos leucócitos e células endoteliais vasculares, bem 
como quimiocinas. 
• Principais padrões de migração leucocitária: 
 Leucócitos do sistema imune inato são recrutados para os locais de infecção ou lesão, onde eles 
eliminam os organismos patogênicos, limpam os tecidos mortos e reparam o dano; 
 Linfócitos virgens são recrutadospara os órgãos linfoides secundários, onde poderão ser ativa-
dos e diferenciados em linfócitos efetores; 
- Podem recircular: sistema linfático → sangue → sistema linfático; 
 Linfócitos efetores que se desenvolveram nos órgãos linfoides secundários migram para os lo-
cais de infecção, onde participam da defesa contra os microrganismos. 
Moléculas de Adesão ou Adesinas 
• Moléculas da superfície celular, presentes tanto nos leucócitos quanto no endotélio vascular; 
• “CAM” = molécula de adesão celular (cell adhesion molecule). 
 Ex. ICAM = molécula de adesão celular tipo imunoglobulina 
• A adesão de leucócitos circulantes às células endoteliais vasculares é mediada por selectinas e 
integrinas, e seus ligantes. 
• Variam entre os diferentes tipos de leucócitos e nos vasos sanguíneos de diferentes locais. 
 Direcionam quais tipos celulares que migrarão para um determinado tecido. 
 
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Selectinas 
• Selectinas: são moléculas de adesão ligadas a carboidratos e glicoproteínas de membrana plas-
mática que medeiam um passo inicial de adesão de baixa afinidade dos leucócitos circulantes nas 
células endoteliais que recobrem as vênulas. 
 Domínios extracelulares das selectinas = lectinas → liga carboidratos em várias glicoproteínas de 
membrana; 
 As selectinas e seus ligantes são expressos nos leucócitos e células endoteliais. 
- No endotélio: 
∟P-selectina: ativação rápida (1ª a ser expressa); 
∟E-selectina: mediada por citocinas (IL-1) e fator de necrose tumoral (TNF) – produzidas por ma-
crófagos teciduais em resposta a infecção – ativação mais lenta (1 – 2 horas); lipopolissacarídeo 
(LPS) também estimulam a expressão da E-selectina nas células endoteliais. 
- Em leucócitos: 
∟L-selectina: predominante em leucócitos naïve/virgens (T e B) – expressão é aumentada pela ati-
vação das células por citocinas. 
• Rolamento do leucócito ao longo do endotélio é mediado pelas selectinas 
 Citocinas estimulam a expressão endotelial de E-selectina, e outros mediadores induzem a ex-
pressão na superfície de P-selectina. 
 Marginalização: processo que ocorre nos locais de inflamação, no qual os vasos sanguíneos se 
dilatam e o fluxo diminui, fazendo com que os leucócitos fiquem à margem do vaso, ou seja, pró-
ximo ao endotélio – permite que os ligantes de E- e P-selectinas expressos nos microvilos dos leucó-
citos se liguem às selectinas nas células endoteliais. 
- Interações selectina-ligante de selectina são fracas (são rompidas facilmente pelo estresse de cisa-
lhamento promovido pelo sangue sobre o endotélio) e os leucócitos repetitivamente desligam e se 
ligam novamente e, assim, rolam ao longo da superfície endotelial. 
Integrinas 
• Integrinas: proteínas heterodiméricas da superfície celular compostas de duas ca-
deias (α e β) polipeptídicas ligadas não covalentemente que medeiam a adesão de 
células a outras células ou à matriz extracelular, por meio de interações específicas 
de ligação com vários ligantes. 
 Cadeias α e β são capazes de formar mais de 30 tipos (combinações) de integrinas 
• Ligantes: moléculas da superfamília das imunoglobulinas (Ig) 
• Envolvidas na adesão estável dos leucócitos ao endotélio e na transmigração (diapedese) 
• Interagem com componentes do citoesqueleto celular 
 Motilidade, mudança morfológica e fagocitose 
• São capazes aumentar a afinidade rapidamente aos seus ligantes – ativação de integrina 
 Receptores ICAM, VCAM; 
 Ocorre em todos os leucócitos em resposta à ligação da quimiocina ao receptor de quimiocina e 
em células T quando há reconhecimento de antígenos; 
 Estado normal das integrinas é de baixa afinidade, porém quando o leucócito se aproxima das 
células endoteliais, como quando ocorre o rolamento de leucócitos dependentes de selectina, as 
quimiocinas apresentadas na superfície endotelial podem se ligar aos receptores de quimiocinas no 
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leucócito – ocorre a sinalização do receptor de quimiocina quando as integrinas do leucócito são 
ativadas → aumenta a afinidade pelos ligantes nas células endoteliais. 
 
 (a imagem abaixo ilustra o que foi descrito anteriormente) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
*Importante: quimiocinas também induzem agrupamento das integrinas na membrana – resulta 
em aumento da concentração local de integrinas na superfície celular, o que leva ao aumento da 
avidez das interações da integrina com os ligantes nas células endoteliais e, assim, a ligação mais 
firme dos leucócitos ao endotélio. 
Quimiocinas e Receptores de Quimiocinas 
• Citocinas quimiotáticas: estimulam o movimento dos leucócitos e regulam a sua migração do 
sangue para os tecidos. 
• Produzidas por leucócitos e vários outros tipos celulares, como células endoteliais, células epiteli-
ais e fibroblastos 
• Cerca de 50 membros, quatro famílias, classificadas quanto às cisteínas na porção N-terminal: 
 CC, CXC, C e CX3C *C = cisteína, X = ’qualquer coisa’ 
• Os receptores para quimiocinas pertencem à superfamília de receptores de membrana acoplados 
a proteína G, que sinaliza para alterações no citoesqueleto → motilidade celular e a conformação 
das integrinas. 
• Diferentes combinações de receptores de quimiocinas são expressas em diferentes tipos de leu-
cócitos, o que resulta em padrões distintos de migração dos leucócitos. 
 Receptores de quimiocinas são expressos em todos os leucócitos, com o maior número e diversi-
dade vistos nas células T. 
 Certos receptores de quimiocinas, notavelmente CCR5 e CXCR4, agem como correceptores para 
o vírus da imunodeficiência humana (HIV). 
Ações Biológicas das Quimiocinas 
• Principais ações estão relacionadas a adesão aumentada dos leucócitos circulantes ao endotélio 
através da ativação da integrina e estimulação direta do movimento dos leucócitos nos tecidos, 
pela quimio-atração. 
• Respostas a estímulos externos (envolvidas em respostas inflamatórias) e produção tecidual (or-
ganização tecidual) também fazem parte das ações. 
 
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• As quimiocinas são essenciais para o recrutamento de leucócitos circulantes dos vasos sanguíneos 
para os locais extravasculares. 
 Adesão aumentada dos leucócitos ao endotélio; 
 Migração dos leucócitos para locais de infecção ou tecido danificado. 
• As quimiocinas estão envolvidas no desenvolvimento dos órgãos linfoides e regulam o tráfego dos 
linfócitos e outros leucócitos através das diferentes regiões dos tecidos linfoides periféricos. 
• As quimiocinas são necessárias para a migração das células dendríticas dos locais de infecção para 
a drenagem dos linfonodos. 
Recrutamento de Leucócitos Para os Tecidos 
• Selectinas, integrinas e quimiocinas trabalham em conjunto para regular a migração dos leucóci-
tos para os tecidos. 
• Sequência de eventos comuns para a migração da maioria dos leucócitos na maioria dos tecidos 
 (compare a imagem abaixo com a descrição a seguir) 
 
 Rolamento de leucócitos no endotélio 
mediado por selectina: ativação em resposta 
à microrganismos com produção de citocinas 
(TNF, IL-1) produzidas por macrófagos e ou-
tras células teciduais, além de mediadores 
como histamina (reação inflamatória). 
- Citocinas estimulam a expressão de E- e P-
selectina; 
 
 
 
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- Processo de marginalização: resultante da vasodilatação e consequente redução do fluxo; 
- Ligações fracas entre selectinas e seus receptores → leucócito “liga e desliga” ao longo do vaso, 
caracterizando o processo de rolamento; 
 Aumento na afinidade das integrinas mediada pelas quimiocina: quimiocinas apresentadas nas 
células endoteliais das vênulas pós-capilares no local de uma infecção se ligam a seus receptores 
nos leucócitos em rolamento – resulta em ligação mais forte das integrinas dos leucócitos a seus 
ligantes na superfície endotelial; 
 Adesão estável de leucócitos ao endotélio mediada pela integrina: em paralelo à ativação das 
integrinas, a expressão de seus ligantes nas células endoteliais (VCAM, ICAM) é regulada positiva-
mente pelas citocinas inflamatórias e produtos microbianos nos locais de infecção. 
- As integrinas ativadas se ligam às suas superfamílias de Ig ligantes nas células endoteliais, o que 
medeia a firme adesão dos leucócitos. 
 Transmigração (diapedese) de leucócitos através do endotélio: migração através das vênulas, 
passando pelas células endoteliais – as quimiocinas agem nos leucócitos aderentes e estimulam as 
células a migrarem através dos espaços interendoteliais em direção ao gradiente de concentração 
químico, que é em direção ao local da injúria ou infecção onde as quimiocinas estão sendo produzi-
das – permite que os fagócitos entrem nos tecidos subendoteliais (conforme a imagem abaixo). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Os processos básicos descritos acima são vistos na migração de todos os leucócitos através do en-
dotélio. Entretanto, neutrófilos, monócitos e diferentes subgrupos de linfócitos diferem para quais 
tecidos eles migram e quando eles o fazem em reações inflamatórias e o estado de equilíbrio. 
 
*Importante: deficiências de adesão leucocitária (LAD) 
- Doenças genéticas raras; 
- Periodontite grave, infecções bacterianas recorrentes e defeitos na cicatrização de feridas; 
- Incapacidade de formar pus; 
- LAD-1: é a forma de doença mais comum, causada por mutação no gene que codifica CD18 (subu-
nidade β2 das integrinas); 
∟Subunidade de integrinas importantes, como LFA-1; 
∟Deficiência na adesão ao endotélio, agregação de neutrófilos, quimiotaxia, fagocitose, ligação 
dos linfócitos T às APCs. 
 
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Migração de Neutrófilos e Monócitos 
• Neutrófilos e monócitos sanguíneos são recrutados para os locais teciduais de infecção ou lesão 
por processos de múltiplos passos dependentes de selectina, integrina e quimiocinas. 
 Neutrófilos: são os primeiros tipos de leucócitos a serem recrutados do sangue para o local de 
infecção ou lesão tecidual – respondem à IL-8 produzida pelos macrófagos teciduais (principal qui-
miocina → migração dos neutrófilos para os tecidos); 
 Monócitos: recrutamento mais lento – horas depois – e continua, talvez por dias, após a parada 
no recrutamento dos neutrófilos – respondem ao CCL2 produzido pelos tecidos infectados/lesados. 
Migração e Recirculação de Linfócitos T 
• Os linfócitos estão continuamente se movendo através do sangue, vasos linfáticos, órgãos linfoi-
des secundários e tecidos não linfoides periféricos. 
• Células T naïve/virgens: saem do timo e entram na circulação 
 Chegam aos linfonodos, baço ou aos tecidos linfoides mucosos e migram para as zonas de célu-
las T desses locais com o objetivo de reconhecer o antígeno. 
- Célula T virgem reconheceu o antígeno? Não??? E agora, José? → elas permanecem virgens e 
deixam o local através dos linfáticos e retornam para a corrente sanguínea. 
- Uma vez de volta ao sangue, a célula T virgem repete seu ciclo de chegada nos tecidos linfoides 
secundários. 
∟Processo denominado recirculação de linfócito – maximiza a chance da célula virgem/naïve se 
encontrar com o antígeno que ela reconhece e é crítico para o início das respostas imunes. 
- Célula T virgem reconheceu o antígeno? EBA!!!! → linfócitos T virgens são ativados dentro dos 
tecidos linfoides secundários, proliferam e se diferenciam para produzir milhares de células efeto-
ras e de memória. 
∟Linfócitos efetores e de memória retornam à corrente sanguínea e migram para os locais de in-
fecção ou inflamação nos tecidos periféricos. 
 
 
*Importante: a adesão das células T virgens nos 
linfonodos e tecidos linfoides associados à mucosa 
ocorre através de vênulas pós-capilares 
especializadas chamadas de vênulas endoteliais 
altas (HEVs) localizadas nas zonas da célula T. 
- Estão presentes nos órgãos linfoides secundários 
e em tecidos linfoides mucosos, mas não no baço; 
- Células endoteliais das HEVs são especializadas 
em apresentar certas moléculas de adesão e 
quimiocinas em suas superfícies, o que suporta a 
chegada seletiva de somente determinadas 
populações de linfócitos. 
 
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• A migração da célula T virgem para fora do sangue através das HEVs para o parênquima dos linfo-
nodos é um processo com vários passos, consistindo em rolamento das células mediado por selec-
tina, ativação de integrina induzida por quimiocina, firme adesão mediada pela integrina e transmi-
gração através da parede do vaso – parecido com a migração leucocitária (esquema abaixo) 
 Algumas moléculas são específicas para a chegada das células T virgem aos linfonodos 
 
• As células T efetoras que foram geradas por ativação induzida por antígeno de células T virgens 
saem dos tecidos linfoides secundários através da drenagem linfática e retornam para a circulação. 
• As células T efetoras chegam preferencialmente aos locais de infecção no tecido periférico em vez 
de tecidos linfoides, por causa de uma alteração na molécula de adesão e na expressão do receptor 
de quimiocinas – também dependem de selectina e integrina. 
 Têm expressão reduzida de L-selectina e CCR7, mas expressão aumentada de integrinas e ligan-
tes de E-selectina e P-selectina, e estas moléculas medeiam a ligação ao endotélio nos locais infla-
matórios periféricos; 
 Células T efetoras incluem: células T CD8 (citotóxicas) e as células T CD4 (auxiliares); 
 Algumas células efetoras possuem especificidade em relação ao local de ação – migração especí-
fica é adquirida durante a diferenciação das células T efetoras a partir dos precursores virgens nos 
tecidos linfoides secundários. 
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Resposta Imune Inata 
Barreiras Anatômicas 
• São as primeiras linhas de defesa contra infecções 
 Pele: 
- Epiderme: camadas de células mortas preenchidas com queratina (a prova d’água); 
- Derme: tecido conjuntivo com vasos sanguíneos, folículos pilosos, glândulas sebáceas e sudorípa-
ras, e células mieloides dispersas (macrófagos, células dendríticas e mastócitos). 
 
 Epitélios dos tratos gastrointestinal, respiratório, gê-
nito-urinário, ductos das glândulas mamárias, lacrimais e 
salivares – produzem substâncias químicas que são mi-
crobicidas ou que inibem o crescimento microbiano. 
- Células epiteliais unidas por junções oclusivas – evitam 
que os microrganismos passem entre as células – haverá 
infecção somente quando o patógeno coloniza ou atra-
vessa essas barreiras. 
 
*Importante: barreiras químicas e físicas especializadas 
do epitélio que proporcionam as defesas inatas em dife-
rentes regiões do organismo (conforme as imagens ao 
lado e acima) possuem mecanismos específicos (quími-
cos, físicos, biológicos) de defesa. 
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Peptídeos e Proteínas Antimicrobianas 
• Lisozima: clivagem de peptideoglicano da parede celular bacteriana; 
• Lactoferrina e calprotectina: sequestramento de íons metálicos – li-
mitação do crescimento microbiano; 
• Psoriazina: produzida na pele – altamente eficiente contra E. coli 
• Peptídeos antimicrobianos: <100 aa, presentes em vertebrados, in-
vertebrados, plantas e alguns fungos; 
• Defensinas e catelicidinas: peptídeos catiônicos e anfipáticos – de-
sestabilizam a membrana de bactérias, fungos, parasitos e vírus; 
 Rompem a membrana celular dos microrganismos. 
• Proteínas surfactantes SP-A e SP-D: previnem a infecção por blo-
queio e modificação de componentes da membrana e atuando como 
opsoninas. 
 
 
 
 
Evasão dos Mecanismos de Defesa nos Epitélios 
• Ligação a proteínas das células epiteliais 
 Vírus Influenza: hemaglutinina viral se liga à glicolipídeos e glicanas na árvore respiratória 
• Neisseria gonorrhoeae e outras bactérias: fímbrias ou pili se ligam a glicolipídeos e glicoproteínas 
do trato gênito-urinário 
• Vetores 
 Vários vírus, bactérias e parasitos utilizam vetores, como insetos, para 
passarem as barreiras epiteliais 
• Lesões epiteliais: expõe as camadas internas do tecido. 
A Resposta Inata 
Inflamação 
• Resposta protetora envolvendo células do hospedeiro, vasos sanguíneos e proteínas. 
 É inespecífica – reage sempre da mesma maneira; 
 Mecanismo efetor da imunidade inata; 
 Resposta inflamatória é estimulada por lesão tecidual física (p.e. perfuração com prego), 
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Restauração da homeostase 
mecânica (ex. pancada), química (p.e. substâncias liberadas por invasores), temperatura (p.e. quei-
maduras, geladuras), radiação (p.e. ultravioleta), autoimune (depende de algum estímulo para ini-
ciar), agente infeccioso (bactérias, fungos, protozoários, vírus), isquemia, necrose (nível máximo de 
lesão tecidual – sinalizado por células vizinhas) → objetivo: remoção do agente causal. 
 
*Importante: mesmo no caso de uma lesão interna haverá inflamação, pois houve dano celular. 
 
*Curiosidade: raios UV tem capacidade de retardar a resposta inflamatória – é por isso que você 
fica na praia todo feliz debaixo do sol e, só durante a noite, se arrependerá amargamente disso  
• Objetivos: 
 Eliminar a causa inicial de dano celular – no contexto infeccioso; 
- Prevenir o estabelecimento inicial da infecção; 
- Prevenir o espalhamento da infecção a partir do sítio inicial; 
- Recrutar a assistência de células efetoras; 
- Alertar e mobilizar o sistema imune adaptativo. 
 Remover células e tecido necrótico; 
 Iniciar o processo de cicatrização. 
 
*Importante: inflamação é um processo potencialmente prejudicial quando crônico 
- Circulação de ‘substâncias tóxicas’ (a longo prazo) no organismo → dano tecidual! 
 
• Características da inflamação: calor, rubor (vermelhidão), 
tumor (edema – inchaço), dor e perda de função. 
 Calor e rubor: aumento do fluxo sanguíneo; 
 Edema: exudação de fluídos e proteínas plasmáticas; 
 Dor: compressão dos tecidos. 
 
• Mecanismo inflamatório: *respostas vascular e celular ocorrem simultaneamente! 
* Mediadores envolvidos na inflamação: realizam, em geral, quimiotaxia e vasodilatação 
- Derivados do plasma: bradicinina, proteínas do complemento, proteínas de fase aguda (proteína 
C-reativa, amiloide A, proteína ligadora de manose, fibrinogênio) 
- Derivados de células: histamina, óxido nítrico (NO), citocinas, quimiocinas, eicosanoides, prosta-
glandinas, tromboxanos, leucotrienos, PAF 
 
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 Resposta vascular: 
- Vasoconstrição reflexa: ocorre muito rápido devido a descarga adre-
nérgica (NAdr) 
∟Importante para conter o extravasamento de sangue. 
- Processo inflamatório inicia-se com reconhecimento do agente agres-
sor – detecção de PAMPs ou DAMPs 
- Prostaglandinas: produzidas início processo inflamatório → vasodilata-
ção (aumento do fluxo sanguíneo) → permite influxo de mediadores in-
flamatórios e potencializa os efeitos vasculares histamina e bradicinina 
- Mastócitos liberam histamina → vasodilatação → aumento do aporte 
sanguíneo 
∟Permite chegada de maior aporte de O2 e nutrientes (importantes 
para a recuperação celular), também permite diluição de toxinas (redu-
ção de danos) e aumenta a quantidade de fibrinogênio (fibrina; compar-
timentalização da infecção – importante para evitar que a infecção se torne sistêmica) e, por fim, 
também promove maior aporte de células do sistema imune (neutrófilos – são os primeiros a che-
gar à inflamação). 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Histamina e bradicinina: resposta inflamatória – promovem vasodilatação (aumento do fluxo san-
guíneo) e extravasamento de líquidos dos capilares para o interstício – edema 
 
 
 
 
 
 
 - Saída de plasma dos vasos é acompanhado de proteínas (exsudato) → edema 
∟Edema: contribui para a dor → aumento da pressão sobre os tecidos (compressão). 
- Saída de plasma e proteínas do vaso contribuem para a redução do fluxo sanguíneo, que resulta 
na estase circulatória. 
∟Permite que os neutrófilos sofram processo de marginação vaso sanguíneo para que inicie a fase 
celular da resposta inflamatória. 
 
*Curiosidade: a bradicinina também é responsável por reduzir o limiar dos nociceptores (aumenta 
a sensibilidade a dor) – importante para preservar a região lesada. 
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*Importante: glicocorticoides reduzem a resposta imunológica 
 Fase celular da inflamação: envolve a migração leucocitária (imagem abaixo à esquerda) 
- Mediada principalmente por selectinas e integrinas 
 
*Importante: a vasodilatação resultante do processo inflamatório favorece a diapedese (transmi-
gração) – entrada do leucócito para dentro do tecido (invasão inicial). 
∟O segundo elemento a migrar são os monócitos (no sangue) que, ao entrarem no tecido, são di-
ferenciados em macrófagos e atuarão na fagocitose e na limpeza do local da infecção. 
 
- Diferentes tipos de receptores de quimiocinas são expressos em diferentes tipos de leucócitos 
∟Padrões de migração distintos – note na imagem acima, à direita, que existe uma “temporali-
dade” que faz com que eles migrem em diferentes estágios do processo inflamatório. 
 
 Lesão da camada celular faz com que os fosfolipídeos que compõe a membrana fiquem disper-
sos pelo tecido → conversão dos fosfolipídeos em ácido aracdônico – observe o esquema abaixo: 
- Lipogenase (LOX): converte o ácido aracdônico em leucotrienos 
- Cicloxigenase (COX): converte o ácido aracdônico em prostaglandinas e tromboxano 
 
 
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DAMPs 
Receptores de Reconhecimento de Padrão e Fagocitose 
• Fagocitose: é um dos principais mecanismos de eliminação 
de patógenos; 
 Mediada pelos fagócitos residentes e recrutados durante a 
inflamação (neutrófilos e monócitos); 
 Os microrganismos fagocitados são destruídos por substân-
cias nos fagolisossomos (fagossomas + lisossomas); 
 A fagocitose é importante também para a ativação de célu-
las dendríticas na iniciação da resposta imune adaptativa; 
 Defeitos na fagocitose causam severas imunodeficiências. 
* Importante: a fagocitose também contribui parao clearance de células mortas. 
 
 Macrófagos ingerem células mortas (ou células velhas) por necrose, apoptose. 
- Coletivamente, os componentes dessas células reconhecidos pelos macrófagos são chamados de 
DAMPs (damage – ou danger – associated molecular patterns) 
∟Fosfolipídios (fosfatidil serina) 
∟Proteínas (Anexina I) 
∟Carboidratos alterados 
 
 Fazem reconhecimento direto por receptores de PAMPs, ou indireto por opsoninas 
- Principal mecanismo de remoção de células apoptóticas 
∟Por remodelamento tecidual; 
∟Turnover celular normal; 
∟Morte de células infectadas com vírus ou células, 
tumorais pela resposta imune inata ou adaptativa. 
• Reconhecimento de patógenos para a fagocitose 
 Reconhecimento direto de PAMPs – receptores PRRs 
- Receptores de lectina tipo C; 
- Receptores scavenger (“limpador”); 
 Reconhecimento de opsoninas ligadas aos patógenos 
- Receptores do domínio de colágeno; 
- Receptores do complemento (CR1, CR3...); 
- Receptores Fc (anticorpos). 
 
*Importante: opsoninas são moléculas que agem 
como facilitadoras de ligação no processo de fagocitose. 
Elas revestem os microrganismos e aumentam a capacidade de 
 englobamento por parte dos fagócitos 
- Anticorpos são as melhores opsoninas. 
 
 
 
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Sistema imune inato 
Três efeitos comuns: 
1) Liberação de mediadores inflamatórios; 
2) Opsonização; 
3) Complexo de ataque à membrana – cria um poro 
na membrana celular que leva à lise. 
• Opsoninas do sistema imune inato: 
 Colectinas; 
 Proteínas surfactantes SP-A e SP-D, sangue e pulmões; 
 Lectina ligadora de manose: opsonina e indutora do sistema complemento; 
 Ficolinas: ligam-se a açúcares acetilados em bactérias; 
- C1q (complemento): liga-se a LPS e algumas proteínas virais. 
 Pentraxinas; 
- Proteína C-reativa: reconhece fosforilcolina e carboidratos em bactérias, fungos e parasitos. 
∟Importante marcador de inflamação. 
- Componente amiloide P sérico. 
 Proteínas do complemento: C3b e C4b. 
• Sistema complemento 
 É um sistema de proteínas plasmáticas que marca os patógenos para a destruição. 
- Na ausência de infecção as proteínas circulam na forma inativa; 
- Na presença de patógeno o sistema torna-se “ativado”, onde as proteínas do complemento inte-
ragem uma com as outras para formar vias diferentes de ativação do complemento; 
∟Todas essas vias terão o mesmo final: a morte do patógeno, seja de maneira direta ou facili-
tando a fagocitose e induzindo respostas inflamatórias que auxiliam no combate à infecção. 
 A cascata do complemento libera mediadores inflamatórios, opsoninas e forma um complexo de 
ataque a membrana, que provoca um desequilíbrio eletrolítico no microrganismo. 
 Sistema complemento possui 3 vias: 
- Via alternativa 
- Via da lectina 
- Via clássica – mais eficiente, mediada por anticorpos 
*Informações importantes: 
- O sistema complemento atua em procariotos, fungos, vírus e até mesmo em células mortas; 
- A membrana das células humanas saudáveis são imunes ao sistema complemento – atuação de 
proteínas reguladoras como a DAF e MCP (associada à enzima fator I) presentes nas células. 
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• Micróbios fagocitados são mortos por vários mecanismos – reconhecimento direto de PAMPs e 
de opsoninas ligadas aos patógenos. 
 Três importantes moléculas microbicidas: 
1) Espécies reativas de oxigênio: macrófagos 
e neutrófilos ativados convertem oxigênio 
molecular em espécies reativas de oxigênio 
(ROS) – são agentes oxidantes altamente 
reativos e que destroem microrganismos. 
- Explosão/surto respiratório: processo metabólico pelo qual ROS são 
produzidas – ocorre durante o consumo de oxigênio (respiração celular); 
- Geradas pelo complexo enzimático da NADPH oxidase, ativado 
pelos receptores fagocíticos; 
- Produtos: superóxido, H2O2 e ácido hipocloroso. 
 
2) Espécies reativas de nitrogênio: 
- Requer a ativação do gene da óxido nítrico sintase induzível (iNOS); 
- Geração de óxido nítrico, potente agente antimicrobiano. 
 
*Coletivamente, as ROS e NOS são tóxicas pela alteração de moléculas dos microrganismos fagoci-
tados por oxidação, hidroxilação, cloração, nitração, e S-nitrosilação, juntamente com a formação 
de ácidos sulfônicos e destruição de complexos de ferro-enxofre. 
 
3) Proteínas antimicrobianas: defensinas, catelicidinas, enzimas hidrolíticas. 
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Defeitos na atividade de fagócitos 
• Doença granulomatosa crônica (DGC) 
 Defeitos na atividade microbicida dos fagócitos; 
 Epidemiologia: 1/1.000.000 de pessoas; 
 Mais comum: ligada ao X (proteína phox91 mutada - produção defeituosa do ânion superóxido) 
 Falha na destruição de microrganismos fagocitados, principalmente pelos neutrófilos; 
 Infecções recorrentes por fungos e bactérias intracelulares; 
- Geralmente a partir da primeira infância; 
 Estímulo crônico da resposta imune → ativação de macrófagos e formação de granulomas; 
 Infecção por Aspergillus (fungo) é a principal causa de morte; 
 Tratamentos: 
- Transplante de medula óssea; 
- Interferon- (IFN-): ajuda nos casos em que a porção codificadora de phox-91 está intacta. 
∟Aumenta em 10% da atividade enzimática e melhora a resistência a infecções. 
Locais dos Receptores de Reconhecimento de Padrão no Sistema Imune Inato 
• Os receptores de reconhecimento de padrão (PRRs) podem ser locali-
zados na membrana celular, endossomos ou no citoplasma. 
 Localização e tipo de PAMP ou DAMP que o PRR reconhece influirá 
na resposta celular gerada; 
- Patógeno localizado na(o): 
∟Membrana celular ou endossomo: organismo capturou o patógeno; 
∟Citoplasma: ocorre infecção – patógeno infectou o organismo. 
Receptor toll-like (TLR) 
• Receptor Toll: molécula imune importante em moscas (Drosophila) 
 Quando o gene foi ‘nocauteado’, as moscas sucumbiram a uma infecção fúngica generalizada; 
- Indicação que a Toll codificava uma molécula imune importante. 
 Proteínas do tipo Toll são amplamente conservadas ao longo da evolução, com vários membros 
na espécie humana – denominados de receptores toll-like (TLRs). 
• Receptor toll-like (TLR): correspondem a 9 receptores (TLR1 a TLR9) 
com função de detecção (PAMPs e DAMPs) 
 Estão presentes em vários tipos celulares; 
 São encontrados na membrana celular e no endossomo – capaci-
dade de reconhecer microrganismos em diferentes localizações. 
- Membrana celular – detecta principalmente bactérias; 
- Endossomo – detecta principalmente vírus. 
 Estão envolvidos em respostas a uma grande variedade de moléculas 
que são expressas pelos microrganismos, mas não por células saudáveis 
de mamíferos. 
 O reconhecimento dos ligantes microbianos pelo TLR resulta na ati-
vação de várias vias de sinalização e, por fim, nos fatores de transcri-
ção, que induzem a expressão de genes cujos produtos são importan-
tes para respostas inflamatórias e antivirais. 
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• Sinalização pelos TLRs (observe a imagem ao lado) 
 Alguns fatores de transcrição são ativados por quase todos 
os TLRs, como o fator de transcrição NF-κB (fator nuclear κB) e 
AP-1 → Resposta inflamatória 
- Citocinas; 
- Quimiocinas; 
- Moléculas de adesão;

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