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TÉCNICA DE ORQUIECTOMIA

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FACULDADE DE ZOOTECNIA, VETERINÁRIA E AGRONOMIA – PUCRS 
CAMPUS URUGUAIANA 
CIRURGIA VETERINÁRIA – I 
 
 
 
70 
 Prof. Daniel Roulim Stainki 
 
25) ORQUIECTOMIA. 
 
DEFINIÇÃO: 
É a remoção cirúrgica dos testículos. É um procedimento cirúrgico comumente 
realizado em eqüinos e de considerável potencial para complicações, devido à natureza 
das cirurgias e das condições sob as quais são realizadas. 
 
INDICAÇÃO: 
a. facilita o manejo dos animais; 
b. evita coberturas indesejáveis; 
c. diminui a agressividade. 
 
ANESTESIA E PRÉ-OPERATÓRIO: 
a. grandes animais: através de anestesia geral ou através de tranqüilização 
associada à analgesia local (pele do escroto e cordão testicular/intratesticular); 
b. pequenos animais: anestesia geral; 
c. contenção física: sempre indicada para os grandes animais; 
d. limpeza da região escrotal e pênis; 
e. anti-sepsia local: álcool iodado; 
f. antibioticoterapia profilática (eqüinos); 
g. soro antitetânico (eqüinos); 
h. o escroto e os canais inguinais no eqüino devem ser palpados, para determinar a 
ausência de algum dos testículos ou a presença de hérnia inguinal. O diagnóstico 
no pré-operatório de hérnia inguinal é especialmente importante para se precaver 
de complicações como a eventração ou a evisceração; 
i. obs: no eqüino não há necessidade de tricotomia. 
 
TÉCNICAS DE ABORDAGEM: 
a. orquiectomia fechada – secciona-se a pele e a túnica dartos, mas não é aberta a 
túnica vaginal. Nesta técnica, uma porção da túnica vaginal parietal e do 
músculo cremaster são removidos. Esta técnica não expõe a cavidade abdominal 
ao meio externo, mais indicada para animais com testículos pequenos; 
b. orquiectomia semi-fechada – secciona-se a pele, a túnica dartos e a túnica 
vaginal, expondo o testículo, epidídimo e o ducto deferente, mas não é feita a 
dissecação do funículo espermático. Esta técnica também proporciona a remoção 
de uma porção da túnica vaginal parietal e do músculo cremaster. A ligadura do 
funículo espermático deve ser feita sobre a túnica vaginal; 
c. orquiectomia aberta – é a mais comum, cada testículo é exteriorizado através de 
uma incisão da túnica vaginal parietal, os testículos junto com o epidídimo são 
removidos, mas a túnica vaginal parietal e o músculo cremaster permanecerão 
no animal. Após o preparo pré-operatório, o eqüino deve ser posicionado em 
decúbito lateral esquerdo para o cirurgião destro, sendo que a perna direita é 
puxada com firmeza contra o peito e fixada em nível da articulação escapular. 
Com a mão esquerda, os testículos são forçados ventralmente contra a bolsa 
escrotal, é feita uma incisão de 7 a 10 cm sobre o rafe mediano escrotal. São 
incididas pele, túnica dartos, fáscias escrotais e túnica vaginal parietal, com uma 
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incisão suficientemente longa para permitir que os testículos e os epidídimos 
possam emergir da bolsa escrotal. O cordão espermático é dissecado da túnica 
vaginal e ligado (vicryl nº 3 ou 4), o mais proximal possível. É feita a secção do 
cordão espermático um a dois centímetros distais à ligadura, observa-se 
possíveis sangramentos antes de liberar os cordões espermáticos. A bolsa 
escrotal é lavada (solução salina 0,9%) para a remoção de coágulos. O testículo 
oposto é removido de forma similar e as feridas escrotais são deixadas cicatrizar 
por contração e epitelização (segunda intenção) nas cirurgias feitas à campo. 
 
PÓS-OPERATÓRIO: 
a. curativo local diário; 
b. hidroterapia (15-20 min. duas vezes ao dia); 
c. antiinflamatórios e antibióticos; 
d. caminhadas diárias, mas evitar atividade física vigorosa nas primeiras 24 horas 
após a cirurgia para prevenir hemorragias. 
 
PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES E TRATAMENTOS: 
a. edema pós-operatório – a presença de algum edema é normal, não sendo uma 
complicação. Excessivo edema local ocorre como resultado de edema do 
prepúcio e do escroto, sendo uma complicação bastante comum. Normalmente o 
edema atinge o seu pico entre o terceiro e sexto dia, diminuindo 
significativamente ao redor do nono dia de pós-operatório. Embora o edema 
exagerado raramente ponha em risco a vida, ele pode promover desconforto ao 
animal e preocupação ao proprietário. O edema excessivo está tipicamente 
associado com a inadequada drenagem da ferida (eqüino muito parado), 
inadequado exercício pós-operatório (movimentação exagerada), os quais 
permitem estase vascular na área cirúrgica ou pobre drenagem linfática. Outro 
fator que contribui à ocorrência do edema exagerado é o excessivo trauma 
tecidual e a exposição dos tecidos ao ambiente. Coágulos sangüíneos podem 
também contribuir para a oclusão da drenagem dos fluidos teciduais do escroto. 
O excessivo edema pós-operatório pode ser prevenido com exercícios 
controlados iniciados um dia após a cirurgia, 15 a 20 minutos de caminhada e 
trote duas vezes ao dia pelos primeiros oito dias, após a cirurgia, são suficientes 
para prevenir o edema. A hidroterapia auxilia na redução do edema pós-
operatório. Problemas secundários associados ao edema exagerado incluem: 
fimose, parafimose, celulite, infecções e dificuldade para urinar. 
b. hemorragia – consiste em uma das complicações mais comuns na castração, 
pode ocorrer durante, imediatamente ou mesmo após vários dias do ato 
cirúrgico. As hemorragias intensas usualmente resultam da artéria testicular, mas 
podem também ter como origem a lesão dos ramos da artéria pudenda externa. 
Hemorragias brandas podem ser controladas pelo preenchimento e compressão 
da bolsa escrotal por gaze. Se o eqüino foi castrado com o uso de analgesia 
local, os cordões podem ser localizados proximalmente, expostos, pinçados e 
ligados no pós-operatório imediato. Em alguns casos, o cordão espermático pode 
retrair para dentro do abdome, dificultando a detecção da hemorragia no pós-
operatório. Nestas situações, o eqüino pode perder uma substancial quantia de 
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sangue antes de surgir na bolsa escrotal. Os primeiros sinais clínicos que podem 
ser percebidos são: hiperpnéia, taquicardia, membranas mucosas pálidas, ataxia, 
pulso fraco e pobre distensão da jugular. SCHUMACHER (1996) observou 
significativa diminuição da hemorragia pós-operatória com a administração 
intravenosa de solução de formalina (0,5 – 1,0%). Se as medidas de controle das 
hemorragias não forem eficientes, fluidoterapia e transfusão sangüínea podem 
ser necessárias. 
c. infecções – infecções associadas com a castração podem ocorrer dentro de dias 
ou até meses após a cirurgia. Geralmente a infecção da ferida cirúrgica escrotal 
permanece localizada, entretanto, há propagação da infecção da bolsa escrotal, 
via cordão espermático, pode acarretar em peritonite bacteriana e septicemia 
(funiculite séptica). A infecção crônica do cordão espermático é referida como 
cordão cirroso, esta infecção é caracterizada por múltiplos pequenos abscessos, 
os quais são cercados por uma massa tecidual fibrosa. Somente a excisão da 
porção infectada do cordão espermático, associada com agentes antimicrobianos 
de amplo espectro resolverá a condição. A inflamação peritonial ocorre 
comumente após a castração, e, felizmente, a peritonite séptica é uma 
complicação rara. A peritonite deve ser considerada séptica quando o eqüino 
demonstra sinais clínicos de peritonite bacteriana (febre, taquicardia, diarréia e 
cólica) e presença no fluido peritonial de bactérias fagocitadas, com alta 
concentração de leucócitos e presença de neutrófilos degenerados. 
d. hidrocele – é o acúmulo de fluidos dentro da túnica vaginal. A técnica aberta de 
castração predispõe esta condição,uma vez que não preconiza a remoção da 
túnica vaginal no trans-operatório. Sua ocorrência é percebida semanas ou meses 
após a castração, visto que o fluido acumula gradualmente. A drenagem por 
aspiração (fluido limpo de coloração âmbar) alivia temporariamente a condição, 
mas o tratamento definitivo baseia-se na remoção cirúrgica do excesso de túnica 
vaginal da bolsa escrotal. 
e. lesões penianas iatrogênicas – a lesão peniana é uma complicação incomum, 
geralmente decorrente do desconhecimento da anatomia genital e da técnica 
cirúrgica. As lesões iatrogênicas normalmente resultam da incisão da fáscia e 
corpo cavernoso do pênis, acarretando em parafimose, e pela incisão da uretra 
peniana, ocasionando estenose e fistulas uretrais. O uso de tranqüilizantes 
fenotiazínicos tem sido associado ao prolapso e priapismo no eqüino. Acredita-
se que a inervação motora dos músculos retratores do pênis no eqüino seja 
controlada exclusivamente por fibras a – adrenérgicas, e na presença de 
antagonistas a – adrenérgicos como os tranqüilizantes fenotiazínicos, a paralisia 
dos músculos retratores do pênis pode resultar no prolapso peniano. O prolapso 
peniano está ainda relacionado secundariamente ao edema excessivo pós-
cirúrgico. 
f. eventração e evisceração – consiste em grave complicação decorrente da 
castração. Embora as causas da eventração permaneçam especulativas, acredita-
se que alguns fatores como presença de hérnia inguinal e aumento da pressão 
abdominal após a cirurgia estejam envolvidos. A eventração e a evisceração 
podem ocorrer até seis dias após a cirurgia, e os objetivos essenciais no 
tratamento dessas afecções baseiam-se na limpeza, proteção e retorno das 
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vísceras para a cavidade abdominal e sutura do anel inguinal antes da excessiva 
contaminação e traumatismo local. 
g. comportamento persistente de garanhão – a castração nem sempre elimina 
completamente o comportamento de garanhão. As causas propostas para a 
permanência desse comportamento incluem: remoção incompleta do epidídimo, 
presença de tecido testicular heterotópico, produção de altas concentrações de 
andrógenos pela cortical adrenal e causas psíquicas. De todas as causas citadas 
anteriormente, a literatura especializada considera que a causa mais provável 
para a manutenção do comportamento de garanhão deve-se a causa psíquica, 
pois é uma parte normal da interação social entre dos eqüinos. 
 
LEITURA OBRIGATÓRIA: 
CATTELAN, J.W., BARNABÉ, P.A., TONIOLLO, G.H., CADIOLI, F.A. 
Criptorquidismo em eqüinos. Revista do CFMV, n.32, p.44-54, 2004. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
HUNT, R.J. Management of complications associated with equine castration. The 
Compendium North American Edition, n.12, p.1835-1842, 1991. 
 
KERJES, A.W., NÉMETH, F., RUTGERS, L.J.E. Atlas de cirurgia dos grandes 
animais. São Paulo: Manole, 1986. 143p. 
 
SCHUMACHER, J. Complications of castration. Equine Vet. Educ., v.8, n.5, p.254-
259, 1996. 
 
TURNER, A.S., McILWRAITH, C.W. Techniques in large animal surgery. 2.ed., 
Philadelphia: Lea & Febiger, 1989. 381p.

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