Buscar

EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ESPÉCIES DE SENTENÇA PENAL 
a) CONDENATÓRIAS: aquela que acolhe a pretensão punitiva.
b) ABSOLUTÓRIAS: quando não acolhem a pretensão punitiva, não impondo qualquer sanção ao acusado.
SUBDIVIDEM-SE EM:
PRÓPRIAS: quando não acolhem a pretensão punitiva, não impondo qualquer sanção ao acusado;
IMPRÓPRIAS: sentença na qual o juiz, reconhece não ter havido crime, por ausência de culpabilidade, aplica-se uma medida de segurança, é uma espécie de sanção penal, cuja finalidade não é castigar ou simplesmente reeducar o acusado, mas curá-lo.
c) DECLARATÓRIA/TERMINATIVA: declara uma situação fática. Não condenam nem absolvem o acusado. Ex; ocorre na sentença de declaração da extinção de punibilidade.
ATENÇÃO: Não confundir sentença declaratória com absolvição sumária (Sentença na qual o juiz vai proferir sem analisar o mérito da situação). Pois a sentença absolutória, ela de fato absolve, ou seja, não há o acolhimento da pretensão do pedido. Na declaratória o juiz declarou a existência de uma situação específica. Na absolvição sumária o juiz pode proferir em apenas uma fase do processo, enquanto na declaratória pode ser proferida a qualquer momento.
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
1. Conceito de punibilidade
	Com a prática do crime ou da contravenção penal surge para o Estado a punibilidade. 
	A punibilidade é a possibilidade de o Estado aplicar uma pena ao envolvido na prática da infração penal. 
	A punibilidade não é elemento do crime, é efeito/consequência deste. A extinção da punibilidade não apaga/elimina o crime, o Estado apenas perde o direito de punir. 
	Exceções: Existem duas hipóteses em que a extinção da punibilidade apaga o próprio crime, são elas: abolitio criminis (torna atípico um fato até então considerado criminoso) e anistia. Isso acontece porque tanto a anistia quanto a abolitio criminis são veiculadas por meio de uma lei ordinária. Por isso, essas hipóteses têm efeitos mais amplos, mais fortes, mais contundentes, e como é a lei que cria o crime, ela também o exclui.
	Art. 107, CP: traz um rol das causas extintivas da punibilidade. Tal rol é exemplificativo (numerus apertus), logo, existem causas extintivas da punibilidade previstas fora do CP. Ex.: Art. 312, §3º, CP – é a reparação do dano no peculato culposo; art. 89, lei 9099/95 – suspensão condicional do processo; art. 520, CPP – conciliação que ocorre no rito dos crimes contra a honra. 
	Também existem causas supralegais (não prevista em lei) de extinção da punibilidade. Ex.: súmula 554, STF – emissão dolosa de cheque sem fundo é uma espécie de estelionato. Esta súmula diz que o pagamento de cheque sem provisão de fundos, até o recebimento da denúncia, obsta ao prosseguimento da ação penal, após o recebimento não obsta, pois não há mais justa causa, o Estado não tem mais o que punir, está extinta a punibilidade. 
	O art. 107, CP traz hipóteses de causa de extinção da punibilidade que ocorrem antes do trânsito em julgado da condenação, depois do trânsito em julgado da condenação, e causas que podem acontecer antes ou depois do TJ. 
	As que ocorrem ANTES atingem tão somente a pretensão punitiva, pois ela se manifesta antes do trânsito em julgado da condenação, é o interesse do Estado em aplicar uma pena. 
São elas: decadência, perempção, renúncia do direito de queixa, perdão aceito, retratação do agente e o perdão judicial. 
	As que se manifestam DEPOIS do trânsito em julgado atingem exclusivamente a pretensão executória, são elas: a graça, sursis e o livramento condicional. 
	As causas que podem ocorrer antes ou depois do trânsito em julgado da condenação são: a morte do agente, a anistia, a abolitio criminis e a prescrição.
	Efeitos da extinção da punibilidade: elas variam conforme o seu momento. 
	Se ocorrer antes do TJ, serão apagados todos os efeitos de eventual sentença condenatória já proferida. Ex.: a sentença condenatória não gera a reincidência, maus antecedentes são apagados, se está preso fica em liberdade. Ela apaga todos os efeitos penais de eventual sentença condenatória já proferida, todavia, subsistem os efeitos extrapenais (ex.: a obrigação de reparar o dano). 
	As que ocorrem depois do TJ, apagam somente a pena, o resto continua intacto. Ex.: ele estava preso, fica em liberdade, mas continua reincidente, com maus antecedentes, subsistem os efeitos penais e extrapenais da condenação. 
	Art. 108, CP: extinção da punibilidade nos crimes acessórios, nos crimes complexos e nos crimes conexos. 
Crime acessório, de fusão ou parasitário – é aquele que não tem existência autônoma, não existem por si só, ele depende da prática de um crime anterior. Ex.: Receptação (a coisa é produto de um crime anterior), lavagem de capitais (ex.: o cara fez dinheiro com o tráfico e faz uma empresa de fachada para dar ao dinheiro uma aparência de licitude). A extinção do crime anterior, no caso, tráfico de drogas, não acarreta automaticamente a extinção da punibilidade do crime posterior da lavagem de dinheiro. (STJ, HC 207.936 – inf. 494). 
Crime complexo é o crime que resulta da fusão/união de dois outros crimes. Ex.: latrocínio (roubo + morte), se extinguir a punibilidade do roubo, não quer dizer que gera automaticamente a extinção da punibilidade do todo. 
Crimes conexos são aqueles de qualquer modo ligados entre si. A conexão pode ser teleológica (um crime é praticado para assegurar a execução de outro crime, ex.: estuprador mata o marido para estuprar a esposa) ou consequencial (o crime é praticado para assegurar a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime, ex.: estuprou a mulher e ai mata uma testemunha). Se o estupro prescrever, vai responder pelo homicídio qualificado pela conexão e pelo estupro.
	Art. 107, CP: Extingue-se a punibilidade: 
I – morte do agente: essa causa extintiva da punibilidade tem dois fundamentos:
Princípio da personalidade da pena (art. 5º, XLV, CF) – a pena não pode passar da pessoa do condenado, logo, a morte do agente extingue a punibilidade. 
Mors omnia solvit – a morte tudo apaga.
Essa regra alcança todas as espécies de penas (privativa de liberdade, restritiva de direitos e multa), além dos efeitos penais da sentença condenatória. 
	A morte do agente extingue qualquer pena, todavia, transmitem-se aos herdeiros a obrigação de reparar o dano e o perdimento de bens. A pena não pode passar da pessoa do condenado, nem mesmo pena de multa. (Princípio da Personalidade – Art 5º, inciso XLV, CF/88)
	A morte do agente é uma causa extintiva da punibilidade de natureza personalíssima, por isso, a morte de um dos agentes não se estende aos demais réus que não morreram. 
	Como é que se prova a morte do agente para fins de extinção da punibilidade? Art. 62, CPP – No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério Público, declarará extinta a punibilidade. 
Alguns doutrinadores, tais como Nelson Hungria e Magalhães Noronha, entendiam que a declaração judicial de ausência (Código Civil, art. 6.°) ou da extrema probabilidade de morte de quem estava em perigo de vida ou prisioneiro ou desaparecido em campanha não encontrado até dois anos após o término da guerra (Código Civil, art. 7.°) teria o mesmo efeito de extinção da punibilidade.
	Certidão de óbito falsa que extingue a punibilidade em sentença que transitou em julgado:
Posição 1: o réu só pode ser processado pelo crime de falso, pois não existe revisão criminal pro sociedade. E a posição dominante em sede doutrinária. 
Posição 2: é possível a revogação da decisão judicial, porque a decisão judicial amparada em documento falso não faz coisa julgada, não se trata de sentença nula, e sim de uma sentença inexistente. O réu não pode se beneficiar da própria torpeza. Esta é a posição do STF (HC 104.998 – inf. 613) e do STJ (HC 143.474 – inf. 433). 
II – anistia, graça e indulto: são formas de clemência/indulgência soberana, emanadas de órgãos alheios ao poder judiciário. 
	Elas representam a renúncia do Estado ao direito de punir. Todavia, a extinçãoda punibilidade só será efetivada com a decisão judicial. 
	Elas podem atingir, em princípio, qualquer crime, seja de ação penal privada, seja de ação penal pública (incondicionada e condicionada), pois o art. 5º, XLIII, CF veda a anistia e graça para os crimes hediondos e equiparados, e a lei 8072/90, além da anistia e graça, também proibiu o indulto. 
	Anistia – é a exclusão, por lei ordinária de efeitos retroativos, de um ou mais fatos do raio de incidência do direito penal. A lei ordinária é editada pelo Congresso Nacional (CF, arts. 21, XVII, e 48, VTII). Em regra, a anistia se destina aos crimes políticos. Excepcionalmente, poderá abranger crimes comuns, segundo o STF (ADI 1231). Ex.: lei 6683/79 – anistia para crimes políticos praticados na época da ditadura militar. Ela não apaga o crime, ele continua existindo, ela apenas exclui alguns fatos do raio de incidência do DP. Abrange fatos, e não indivíduos, embora possam ser impostas condições especificas ao réu ou condenado (anistia condicionada). 
	Divisão: 
Própria ou imprópria – própria é a que ocorre antes do trânsito em julgado da condenação, já a imprópria ocorre após o trânsito em julgado da condenação. 
Incondicionada ou condicionada, conforme esteja sujeita ou não a condições. A incondicionada não pode ser recusada, ao contrário da condicionada. 
Total ou parcial – a total é aquela que efetivamente extingue a punibilidade, também pode ser chamada de plena, a parcial (semiplena ou restrita) é aquela que diminui ou comuta a pena. 
 A anistia tem efeitos ex tunc, isto e, para o passado, apagando todos os efeitos penais. Rescinde ate mesmo a condenação. Portanto, se no futuro o agente praticar nova infração penal, não será atingido pela reincidência, em face da ausência do seu pressuposto. 
A decisão judicial que reconhece a anistia e declara a extinção da punibilidade deve ser lançada pelo magistrado que conduz a ação penal. Se, todavia, a ação penal estiver no tribunal - em grau recursal ou por se tratar de processo de sua competência originaria compete a ele a declaração da extinção da punibilidade. Por ultimo, se a lei concessiva da anistia entrar em vigor depois do transito em julgado da condenação, será competente o juízo da execução para a declaração da extinção da punibilidade. (LEP, art.66, III , e Sumula 611 do STF).
	Graça – também é chamada de indulto individual, só será possível após o trânsito em julgado da condenação. Ela só beneficia uma pessoa determinada por meio da extinção ou comutação da pena imposta. Quem pode conceder a graça é apenas o Presidente da República, é ato privativo (art. 84, XII, CF), todavia, pode esta atribuição pode ser delegada: art. 84, parágrafo único. “O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações”.
	Ela depende da provocação de alguém (art. 188, LEP: “O indulto individual poderá ser provocado por petição do condenado, por iniciativa do Ministério Público, do Conselho Penitenciário, ou da autoridade administrativa”).
	O PR concede a graça por meio de decreto. É um ato discricionário do PR. A graça, normalmente, não poderá ser recusada, salvo quando proposta comutação de pena (CPP, art. 739) ou submetida a condições para sua concessão.
	Pode ser plena/total – leva à extinção da punibilidade; parcial/semiplena – acarreta na diminuição ou comutação da pena.
	Indulto – também chamado de indulto coletivo, a atribuição é do Presidente da República, concedido mediante decreto, e é coletivo. Além do mais, é espontâneo. 
	Não se faz necessário o trânsito em julgado da sentença condenatória para sua concessão. O indulto leva em consideração a duração da pena aplicada, bem como o preenchimento de determinados requisitos subjetivos (exemplo: primariedade) e objetivos (exemplo: cumprimento de parte da pena). 
	Pode ser total ou parcial – o total leva à extinção da punibilidade, o parcial se limita à diminuição ou comutação da pena. Também pode ser condicionado ou incondicionado. 
A Lei de Crimes Hediondos - Lei 8.07211990 em seu art. 2.°, I, vedou a concessão de indulto para crimes hediondos, prática de tortura, tráfico de drogas e terrorismo. E como a Constituição Federal proibiu expressamente apenas a concessão de graça ou anistia para os crimes mencionados no art. 5.°, XLIH, surgiram dois posicionamentos acerca da proibição legal: 
1.° posição: a regra é inconstitucional, por abranger hipótese não prevista no texto constitucional; e 
2.° posição: a regra é constitucional, pois a graça seria gênero do qual o indulto é espécie. É a atual posição do Supremo Tribunal Federal.
É constitucional o art. 2.°, I, da L. 8.072/90, porque, nele, a menção ao indulto é meramente expletiva da proibição de graça aos condenados por crimes hediondos ditada pelo art. 5.°. XLIII, da Constituição. Na Constituição, a graça individual e o indulto coletivo - que ambos, tanto podem ser totais ou parciais, substantivando, nessa última hipótese, a comutação de pena - são modalidades do poder de graça do Presidente da República (art. 84, XII) — que, no entanto, sofre a restrição do art. 5.°, XLIII, para excluir a possibilidade de sua concessão, quando se trata de condenação por crime hediondo.
A natureza dos crimes cometidos, abrangidos pelo indulto, deve ser analisada à época do decreto de benefício, e não de sua prática ou da sentença condenatória.
Tal como na graça, o indulto coletivo é ato que se insere na atividade discricionária do Presidente da República, que poderá optar peia concessão de benefício a determinados crimes e não a outros, por critérios razoáveis de política criminal. 
III – Abolitio criminis 
É a nova lei que exclui do âmbito do Direito Penal um fato ate então considerado criminoso. Encontra previsão legal no art. 2°, caput, do Código Penal, e tem natureza jurídica de causa de extinção da punibilidade (art.107, HE).
Alcança a execução e os efeitos penais da sentença condenatória, não servindo como pressuposto da reincidência, nem configurando maus antecedentes. Sobrevivem, entretanto, os efeitos civis de eventual condenação, isto é, a obrigação de reparar o dano provocado pela infração penal e a constituição de título executivo judicial.
Questão normalmente abordada em concursos públicos é a seguinte: Qual é o juízo competente para aplicar a abolitio criminis? Guarde o seguinte raciocínio: a lei será sempre aplicada pelo órgão do Poder Judiciário em que a ação penal estiver em trâmite. Extraem-se as seguintes ilações: 
1) Em se tratando de inquérito policial ou de ação penal que se encontre em 1.° grau de jurisdição, ao juiz natural compete a aplicação da lei mais favorável. Exemplo: crime praticado na comarca de São Paulo, com inquérito policial distribuído e ação penal ajuizada na 10ª Vara Criminal. O juiz de Direito responsável por esta Vara deverá aplicar a lei mais favorável.
2) No caso de ação penal em grau de recurso, ou ainda na hipótese de crime de competência originária dos Tribunais, tal mister será reservado ao Tribunal respectivo.
3) Se a condenação já tiver sido alcançada pelo trânsito em julgado, a competência será do juízo da Vara das Execuções Criminais. É o que se extrai do art. 66, I, da Leí de Execução Penal, e da Súmula 611 do Supremo Tribunal Federal.
IV - Prescrição, decadência e perempção
Prescrição
 Em face de sua amplitude, está separado em outro resumo.
 Decadência
 A decadência é a perda do direito de queixa ou de representação em face da inércia de seu titular durante o prazo legalmente previsto. O prazo, salvo disposição legal em contrário, é de 6 (seis) meses, independentemente do número de dias de cada mês, contados do dia em que o ofendido veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso de ação penal privada subsidiária da pública, do dia em que se esgota o prazo para oferecimentoda denúncia (CP, art. 103).
 O prazo decadencial é preclusivo e improrrogável, e não se submete, em face de sua própria natureza jurídica, à incidência de quaisquer causas de interrupção e suspensão. No caso de crime continuado, o prazo decadencial é contado separadamente para cada delito parcelar. 
 Perempção
 É a perda do direito de ação, que acarreta na extinção da punibilidade, provocada peia inércia processual do querelante. A perempção não é aplicável na ação penal privada subsidiária da publica, uma vez que nessa hipótese o Ministério Público dará andamento à ação na hipótese de omissão ou desídia do querelante.
As causas de perempção foram previstas no art. 60 do Código de Processo Penal:
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 (trinta) dias seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
Pelo texto legal, nota-se ser a perempção sanção que somente pode ser imposta após a propositura da queixa. Com efeito, fala o Código de Processo Penal em “início da ação penal”, “atos do processo”, etc. Na primeira hipótese (inc, I) se faz necessária a regular intimação do querelante para o ato processual. Se ainda assim não se manifestar no prazo legal de 30 dias, será declarada a extinção da punibilidade pela perempção. Exemplo: o querelante deixa de nomear novo advogado, apesar de devidamente intimado da renúncia do patrono antecessor.
Há perempção, ainda, no caso de falecimento ou incapacidade do querelante, quando as pessoas determinadas pela lei não comparecerem em juízo, para prosseguimento do feito (inc. II). No caso de morte, o direito de prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (CPP, art. 31). No caso de interdição, ao curador.
O inciso III do art. 60 prevê a ocorrência de perempção quando o querelante: a) deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo; e b) nas alegações finais, deixar de formular pedido de condenação. 
A presença do querelante deve ser necessária para a prática do ato processual. Assim, não se faz obrigatório o seu comparecimento na audiência preliminar, tanto por ser ato anterior ao recebimento ou rejeição da queixa-crime, quanto pelo fato de se tratar de mera faculdade conferida às partes. Também não se dá a perempção peia ausência do querelante na audiência prevista no art. 520 do Código de Processo Penal.
O ato processual a ser praticado, portanto, deve demandar a participação pessoal do querelante, não havendo perempção se nos demais atos ele se fizer representar por seu procurador. Não pode ser declarada a extinção da punibilidade, da mesma forma, se a ausência for justificada.
A declaração de perempção só pode ocorrer se o querelante for intimado para o ato a ser praticado. Portanto, nos casos de audiência realizada por carta precatória, em virtude da desnecessidade de intimação, não pode ser considerada perempta a ação pela ausência do querelante ou seu defensor.
A falta de pedido de condenação nas alegações finais é igualmente hipótese de perempção (inc. III, 22 parte). Esse fenômeno não tem lugar na ação penal pública, pois o magistrado pode proferir sentença condenatória mesmo com pedido de absolvição do Ministério Público (CPP, art. 385).
Não é preciso que o querelante manifeste expressamente o pedido de condenação, bastando que dos seus termos possa extrair-se esse propósito.
Nesse contexto, os pedidos de procedência da ação penal ou de aplicação da pena são suficientes para revelar tal vontade do ofendido.
A não apresentação de alegações finais no prazo legal equivale à falta de pedido de condenação, desde que intimado o querelante para o ato, Essa regra, nada obstante a manutenção do texto do art. 60, inc. III, do Código de Processo Penai, reclama interpretação em sintonia com as modificações introduzidas pela Lei 11.71912008. Com efeito, a partir de então as alegações finais, tanto da acusação como da defesa, são lançadas oralmente em audiência.
Mas o juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para apresentação de memoriais (CPP, art. 403, caput e § 3.°).
Por último, a ação penal é considerada perempta quando o querelante — pessoa jurídica — se extinguir sem deixar sucessor (CPP, art. 60, inc. IV).
Se houver sucessor, proceder-se-á na forma prevista no art. 60, inc. II, do Código de Processo Penal, exigindo-se habilitação no prazo legal para prosseguimento da lide, sob pena de perempção.
Além das hipóteses legais, também pode ser considerada perempta a ação penai com a morte do querelante na ação penai privada personalíssima. O único exemplo vigente é possível no crime tipificado pelo art. 236 do Código Penal (induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento).
Em caso de pluralidade de querelantes, a perempção somente atingirá o desidioso, persistindo a ação penal no tocante aos demais.
V – Renúncia ao direito de queixa ou perdão aceito nos crimes de ação privada 
A renúncia é ato unilateral pelo qual se efetua a desistência do direito de ação pela vítima. Nos termos do art. 104, caput, do Código Penal: “O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente”.
A renúncia expressa constará de declaração assinada peio ofendido, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais (CPP, art. 50, caput). De seu turno, a renúncia tácita ao direito de queixa resulta da prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo, que admitirá todos os meios de prova (CP, art. 104, parágrafo único, e CPP, art. 57).
Não acarreta em renúncia tácita, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime (CP, art. 104, parágrafo único).
Na hipótese, porém, da Lei 9.099/1995, tratando-se' de ação penal de iniciativa privada ou de ação pública condicionada à representação, o acordo entre ofensor e ofendido, homologado, acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação (art. 74, parágrafo único). Portanto, nos crimes de iniciativa privada e pública condicionada à representação, de competência dos Juizados Especiais, a composição civil extingue a punibilidade do autor do fato.
Nos termos do art. 49 do Código de Processo Penal, “a renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá”.
E, como já decidiu o Supremo Tribunal Federal, tratando-se de ação penal privada, o oferecimento de queixa-crime somente contra um ou alguns dos supostos autores ou participes da prática delituosa, com exclusão dos demais envolvidos, configura hipótese de violação ao princípio da indivisibilidade (CPP, art. 48), implicando, por isso mesmo, em renúncia tácita ao direito de querela (CPP, art. 49), cuja eficácia extintiva da punibilidade estende-se a todos quantos alegadamente hajam intervindo no suposto cometimento da infração penal (CP, art. 107, V, c/c o art. 104).2S
A renúncia apenas pode ser exercida antes do oferecimento da queixa.
De fato, depois do início da ação penal poderão ocorrer outras formas de extinção da punibilidade, tais como a perempção ou o perdão do ofendido.
Na linha da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:
A renúncia a que alude o art. 104 do CP diz respeito ao direito de queixa, não influindo no prosseguimento da ação penal já promovida. Então, oferecida a queixa-crime, não é mais cabível a renúncia porquenão há mais nada a renunciar. A pretensão do querelante de obstar o prosseguimento da ação penal pode ser acolhida pelo perdão do ofendido (arts. 105 e 106 do CP), a depender, contudo, da aceitação do querelado.
No caso de morte da vítima, o direito de oferecer queixa passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (CPP, art. 31). E a renúncia por parte de um dos colegítimados não impedirá o exercício da ação penal privada pelos outros. De igual modo, em caso de crime com duas ou mais vítimas, a renúncia de uma delas não obsta o direito de queixa pelas demais.
Perdão aceito
O perdão do ofendido é a desistência manifestada após o oferecimento da queixa, impeditiva do prosseguimento da ação (CP, art. 105).
Portanto, seja ele expresso ou tácito, somente constitui-se em causa de extinção da punibilidade nos crimes que se apuram exclusivamente por ação penal privada.
O perdão pode ocorrer a qualquer momento, depois do início da ação penal privada, até o trânsito em julgado da sentença condenatória (CP, art. 106, § 2.°).
De acordo com o art. 106 do Código Penal:
Art. 106. O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito:
I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita;
II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros; in - se o querelado o recusa, não produz efeitos.
Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível com a vontade de prosseguir na ação (CP, art. 106, § 1.°) e admitirá todos os meios de prova (CPP, art. 57).
A concessão do perdão pode ser feita pelo ofendido ou por seu representante legal, quando menor de 18 anos ou incapaz, encontrando-se tacitamente revogado pelo novo Código Civil o disposto pelo art. 52 do Código de Processo Penal (“Se o querelante for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito de perdão poderá ser exercido por ele ou por seu representante legai, mas o perdão concedido por um, havendo oposição do outro, não produzirá efeito”).
Por se tratar de ato bilateral, o perdão depende da aceitação do querelado, pois a ele pode ser interessante provar a sua inocência, O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar (CPP, art. 51).
No perdão, o querelado será intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará em anuência. Aceito o perdão, expressa ou tacitamente, o juiz julgará extinta a punibilidade (CPP, art. 58, caput e parágrafo único).
O perdão refere-se a cada crime individualmente considerado. Consequentemente, nada impede o posterior oferecimento de queixa em caso de reiteração da infração penal pelo perdoado.
Finalmente, se concedido o perdão por um ou alguns dos ofendidos, isso não prejudicará o direito das demais vítimas era prosseguir com a ação penal.
VI – Retratação: retratar-se é desdizer-se, mostrar arrependimento, assumir que errou. 
Tem cabimento como causa de extinção da punibilidade apenas nos casos em que a lei a admite (CP, art. 107, VI). É o que ocorre, exemplificativamente, quando o querelado, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação (CP, art. 143). Por esse motivo, não extingue a punibilidade no crime de injúria, pois nessa situação não foi expressamente prevista.
A retratação depende dos requisitos exigidos pelo dispositivo legal que a prevê. Como já decidiu o Superior Tribunal de Justiça relativamente a tais crimes contra a honra:
A retratação, para gerar a extinção da punibilidade do agente, deve ser cabal, ou seja, completa, inequívoca. No caso, em que a ofensa foi praticada mediante texto veiculado na internet, o que potencializa o dano à honra do ofendido, a exigência de publicidade da retratação revela-se necessária para que esta cumpra a sua finalidade e alcance o efeito previsto na lei.
De igual modo, o Código Penal admite a retratação no art. 342, § 2.°, segundo o qual o fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.
VII e VIII – Revogados pela Lei 11.106/2005
IX - Perdão judicial : Perdão judicial é o ato exclusivo de membro do Poder Judiciário que, na sentença, deixa de aplicar a pena ao réu, em face da presença de requisitos legalmente exigidos. 
Art. 120, CP: “A sentença que conceder perdão judicial não será considerada para efeitos de reincidência”. Isso ocorre porque não é condenatória, e a reincidência tem como pressuposto uma sentença condenatória com trânsito em julgado.
O perdão judicial, em regra, é aplicável aos crimes culposos. Mas também tem incidência a crimes dolosos, dependendo apenas da vontade do legislador. Vejamos alguns casos em que foi previsto:
a) art. 121, § 5,°, do Código Penal: “na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se tome desnecessária”,
b) art. 129, § 8.°, do Código Penal: “aplica-se à lesão corporal culposa o disposto no art. 121, § 5.°”,
c) art. 140, § 1,°, do Código Penal: no tocante ao crime de injúria, “o juiz pode deixar de aplicar a pena: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria”.
d) art. 180, § 5.°, do Código Penal: relativamente á receptação culposa, “na hipótese do § 3.°, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena”,
e) art. 8.° da Lei das Contravenções Penais: “no caso de ignorância ou errada compreensão da lei, quando escusáveis, a pena pode deixar de ser aplicada”.
f) art. 39, § 2.°, da Lei das Contravenções Penais: na conduta de participar de associações secretas, mas com fins lícitos, o juiz pode deixar de aplicar a pena.
g) art. 29, § 2.°, da Lei 9.605/1998 - Lei dos Crimes Ambientais: “no caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena”,
h) art. 13 da Lei 9.807/1999: “Poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, conceder o perdão judiciai e a consequente extinção da punibilidade ao acusado que, sendo primário, tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e o processo criminal, desde que dessa colaboração tenha resultado: I - a identificação dos demais coautores ou partícipes da ação criminosa; II - a localização da vítima com a sua integridade física preservada; III - a recuperação total ou parcial do produto do crime”.
No tocante ao homicídio e lesão culposos, cometidos na direção de veiculo automotor, o Código de Trânsito não prevê o perdão judicial. E imperativa, contudo, a aplicação analógica do § 5.° do art. 121 e do § 8.° do art. 129, ambos do Código Penal, que são normas de caráter geral (CP, art. 12), justificativa que restou bem delineada com o veto do Presidente da República ao dispositivo legal que previa o perdão judicial em tais crimes do Código de Trânsito Brasileiro.
Aplicabilidade
A extinção da punibilidade pelo perdão judicial alcança o crime que lhe dá ensejo, bem como todos os demais cometidos no mesmo contexto fático. Exemplo: em um acidente de trânsito praticado na direção de veículo automotor em razão da imprudência de um motorista, morre seu filho, e também terceira pessoa que estava em outro automóvel, que com o primeiro se chocou. O perdão judicial, embora justificado pela morte do filho do agente, extingue igualmente a punibilidade do outro homicídio culposo, perpetrado contra o motorista desconhecido.
Os tribunais têm conferido largo alcance ao perdão judicial, permitindo sua aplicação quando as consequências da infração atingirem, de forma física ou moral, o próprio agente, seus familiares, noiva, amigos íntimos. 
Incomunicabilidade
Constitui-se o perdão judicial em condição subjetiva ou pessoal. Assim sendo, não se comunica aos demais envolvidos na empreitada criminosa.
De fato, somente quemostenta as condições legalmente exigidas pelo perdão judicial pode ser beneficiado com a extinção da punibilidade. Imagine se, exemplificativamente, um homicídio culposo praticado na direção de veículo automotor. No automóvel estavam o condutor, seus dois filhos de pouca idade e terceira pessoa, até então desconhecida, a quem havia dado carona. O motorista, em excesso de velocidade, é incentivado pelo carona a correr ainda mais. Em face dessa imprudência, perde a direção do veiculo, que capota, resultando na morte das duas crianças. Os adultos sobrevivem.
Nessa situação, o perdão judicial, se cabível, incidirá somente em relação ao motorista, pois apenas ele suportou as graves consequências do crime de modo a tomar desnecessária a aplicação da pena.
Natureza jurídica da sentença concessiva do perdão judicial
O perdão judicial somente pode ser concedido peio Poder Judiciário na sentença ou no acórdão (em grau recursal ou em ações penais de competência originária dos tribunais).
E, com base nessa premissa, discute-se sobre a natureza jurídica da sentença (lato sensu) concessiva do perdão judicial. Há, basicamente, três posições:
1ª posição: Condenatória - Foi defendida pelo Supremo Tribunal Federal antes da reforma da Parte Geral pela Lei 7.209/1984, e que subsistiu após a entrada em vigor do citado diploma legal até a promulgação da atua Constituição Federal.
Deveras, naquele período o STF apreciava e julgava questões infraconstitucionais e firmou o entendimento de que somente se perdoa quem errou, isto é, cometeu uma infração penal. Portanto, o magistrado deve condenar o réu e posteriormente, conceder o perdão judicial, deixando de aplicar a pena. Atualmente, possui seguidores que defendem essa corrente com amparo no art. 120 do Código Penal, que dispõe expressamente que a sentença concessiva de perdão judicial não prevalece para efeito de reincidência. Seri uma condenação, com todos os seus efeitos, exceto para fins de recidiva.
2ª posição: Absolutória - Funda-se no fato de não existir condenação sem aplicação de pena. Desse modo, como há sentença, sem imposição de sanção penal, seria inevitavelmente de cunho absolutório.
Essa corrente falha em uma questão terminológica: somente se perdoa quem errou. Quem deve ser absolvido não depende de perdão. Além disso, a sentença concessiva do perdão judicial não se enquadra no art. 386 do Código de Processo Penal, responsável pela previsão das hipóteses de absolvição na justiça penal brasileira.
3ª posição: Declaratória da extinção da punibilidade - O juiz reconhece a prática de um fato típico e ilícito, bem como a culpabilidade do réu, mas por questões de política criminal, reforçadas pela lei, deixa de aplicar a pena. A sentença não pode ser condenatória, pois é impossível falar-se em condenação sem pena. E também não pode ser absolutória, já que um inocente que deve ser absolvido não precisa clamar por perdão.
Resta, assim, uma única saída: a sentença é declaratória da extinção da punibilidade. O juiz não condena nem absolve. Em se tratando de crime que o admite e presentes os requisitos legais, limita-se o magistrado a declarar a ocorrência da causa extintiva da punibilidade. Essa posição foi consagrada pela Súmula 18 do Superior Tribunal de Justiça: “A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória de extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório”.
Essa posição, amplamente dominante nos dias atuais, ruma cada vez mais em direção à aceitação unânime, por se tratar de matéria legal cuja última análise se reserva ao Superior Tribunal de Justiça.
Há, contudo, autores que sustentam a aplicação do perdão judicial a qualquer tempo, amparados no art. 61, caput, do Código de Processo Penal, por se tratar de causa de extinção da punibilidade. Não concordamos com esse entendimento, uma vez que o perdão judicial somente se justifica quando o réu deveria ser condenado (há prova da autoria e da materialidade do fato), mas a lei autoriza o juiz a declarar a extinção da punibilidade. Além disso, a prova segura do seu cabimento somente pode ser produzida durante a instrução criminal em juízo, sob o crivo do contraditório.
No entanto, de qualquer modo, a decisão que o concede é sempre declaratória da extinção da punibilidade, independentemente da posição que se adote acerca do momento em que pode ser reconhecido.
Distinção entre perdão judicial e escusas absolutórias
Em ambos, o fato é típico e ilícito, e o agente possuiu culpabilidade. Subsiste a infração penal, operando-se exclusivamente a extinção da punibilidade. Em suma, há um crime ou contravenção penal e o seu responsável deve submeter-se ao juízo de reprovabilidade, mas o Estado está impedido de punir.
Além disso, tanto o perdão judicial como as escusas absolutórias são condições subjetivas ou pessoais, incomunicáveis aos demais coautores e partícipes da infração penal.
Mas, nada obstante tais semelhanças, os institutos não se confundem.
O perdão judicial somente pode ser concedido na sentença ou no acórdão, depois de cumprido o devido processo legal. Por sua vez, as escusas absolutórias (CP, arts. 181 e 348, § 2.°) impedem a instauração da persecução penal. Sequer existe inquérito policial.
Com efeito, as escusas absolutórias se justificam por questões objetivas, provadas de imediato. Exemplo: relação de parentesco na linha reta.
De outro lado, o perdão judiciai reclama o regular trâmite da ação penal para provar se estão ou não presentes os requisitos legalmente exigidos. Exemplificativamente, somente com o término da instrução criminal será possível concluir se, em um homicídio, culposo praticado por um homem contra sua esposa, as consequências do crime foram tão graves de modo a tomar dispensável a aplicação da pena. Pode o viúvo ter ficado depressivo, hipótese em que será pertinente o perdão judicial, mas é possível também que, logo após a morte, tenha se casado com outra mulher e utilizado a herança da falecida para adquirir carros de luxo, bens que até então não possuía, e realizar festas caríssimas, afastando a causa extintiva da punibilidade.

Outros materiais