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Fisiopatologia e Clinica das Alterações Adrenaisf

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Brasília-DF. 
Fisiopatologia e clínica 
das alterações adrenais
Elaboração
Renata Ribeiro Novais de Carvalho
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO .................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNODE ESTUDOS E PESQUISA ...................................................................... 5
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS, HISTOLÓGICAS E FISIOPATOLÓGICAS 
DOS DISTÚRBIOS ADRENAIS ................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1 
CONCEITOS BÁSICOS SOBRE O EIXO HIPOTÁLAMO HIPÓFISE ADRENAL .................................... 9
UNIDADE II
DISTÚRBIOS ADRENAIS: VISÃO CLÍNICA ................................................................................................ 24
CAPÍTULO 1
HIPERADRENOCORTICISMO .................................................................................................. 24
CAPÍTULO 2
HIPOADRENOCORTICISMO ................................................................................................... 46
CAPÍTULO 3
HIPERALDOSTERONISMO ....................................................................................................... 55
CAPÍTULO 4
FEOCROMOCITOMA ............................................................................................................ 57
PARA (NÃO) FINALIZAR ...................................................................................................................... 62
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 65
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem 
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela 
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade 
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos 
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma 
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para 
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar 
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a 
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de 
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões 
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao 
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e 
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos 
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
6
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não 
há registro de menção).
Avaliação Final
Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, 
que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única 
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber 
se pode ou não receber a certificação.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
Introdução
Sejam bem vindos ao caderno de estudos e pesquisa de Fisiopatologia e Clínica das Alterações 
Adrenais. Em nosso módulo, iremos abordar as principais doenças adrenais em medicina veterinária 
e os leitores perceberão que tais enfermidades referem-se em maior destaque à clínica de pequenos 
animais. Não obstante, sempre que houver importância clínica em animais de produção, estes serão 
estudados.
As endocrinopatias representam grandes desafios para o médico veterinário por se apresentarem 
na grande maioria dos casos como doenças que interligam sistemas, podendo tanto serem 
desencadeadas por doenças não hormonais, bem como serem consequência de outros distúrbios 
endocrinológicos ou não. Convém destacar que as doenças adrenais não podem, até o momento, ser 
diagnosticadas por um simples método isolado, visto que os exames disponíveis apresentam grande 
porcentagem de resultados errôneos, tanto positivando animais com doenças não adrenais, como 
negativando os pacientes que de fato são portadores de adrenopatias.
Para o entendimento das endocrinopatias propostas, analisaremos dados anatômicos, histológicos 
e fisiológicos como base para o posterior estudo das alterações clínicas, métodos de diagnóstico e 
tratamento.
Com o término deste módulo, os leitores terão agregado importante conhecimento sobre as 
adrenopatias de maior destaque, bem como poderão elaborar protocolos adequados para a obtenção 
do diagnóstico e determinar o melhor tratamento para cada paciente em questão.
Objetivos
 » Compreender os mecanismos fisiopatológicos que desencadeiam os distúrbios 
adrenais, incluindo seus subtipos.
 » Reconhecer o paciente adrenopata e discernir sobre quais métodos diagnósticos são 
ideais para cada caso.
 » Determinar protocolos de tratamento eficazes considerando a individualidade de 
cada paciente.
8
9
UNIDADE I
CONSIDERAÇÕES 
ANATÔMICAS, 
HISTOLÓGICAS E 
FISIOPATOLÓGICAS 
DOS DISTÚRBIOS 
ADRENAIS
CAPÍTULO 1 
Conceitos básicos sobre o eixo 
hipotálamo hipófise adrenal 
Nenhum órgão componente de um sistema endócrino atua sozinho. Para o seu 
completo entendimento, é fundamental conhecer o eixo do qual faz parte, bem 
como a integração de seu eixo no organismo como um todo.
Considerações anatômicas e histológicas
O eixo HipotálamoHipófise Adrenal (HHA) controla diversas funções orgânicas vitais como 
crescimento, reprodução, respostas a eventuais fatores estressantes, funções imunes, entre outras. 
O conhecimento da relação anatômica entre os órgãos que o compõem é de extrema importância 
como base para a compreensão da fisiopatogenia deste sistema.
O hipotálamo controla funções adeno-hipofisárias por meio de conexões neurovasculares localizadas 
na Eminência Mediana (EM). Os neuro-hormônios secretados modulam a síntese e secreção de 
hormônios adeno-hipofisários via sistema porta hipotálamo hipofisário (ANTUNES-RODRIGUES 
et al., 2005).
Hipotálamo
Apesar de constituir menos de 1% da massa cerebral, o hipotálamo representa extrema importância 
fisiológica visto que todas as funções do organismo são controladas direta ou indiretamente por esta 
estrutura (ANTUNES-RODRIGUES et al., 2005).
10
UNIDADE I │ CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS, HISTOLÓGICAS E FISIOPATOLÓGICAS DOS DISTÚRBIOS ADRENAIS
O hipotálamo está localizado em posição anteroventral ao tálamo na base cerebral, o diencéfalo. 
Ele constitui a parte inferior das paredes laterais e a base do terceiro ventrículo. Além disso, é 
limitado anteriormente pelo quiasma óptico e dorsalmente pelo sulco hipotalâmico e pelo tálamo. A 
superfície inferior do hipotálamo é contínua com a haste hipofisária (DYCE et al., 2004).
Hipófise
A glândula hipófise apresenta formato de elipse e mede cerca de 1 x 0,75 x 0,5cm em um cão de 
porte médio (DYCE et al., 2004). Apesar de representar um órgão unitário, a glândula hipófise 
apresenta regiões distintas com relação à origem e função. A parte anterior, conhecida como adeno-
hipófise, tem origem epitelial. Este lobo contém uma área vestigial chamada de fenda hipofisária. 
Caudalmente à fenda, encontra-se um tecido que se conecta diretamente com o lobo posterior da 
glândula e é conhecido como lobo ou parte intermediária. Já a região posterior da glândula hipófise 
é formada por um crescimento descendente do hipotálamo que mantém um pedúnculo em conexão 
com o cérebro, englobando uma extensão do terceiro ventrículo. Este lobo posterior recebe o nome 
de neuro-hipófise (DYCE et al., 2004).
Adeno-hipófise
A adeno-hipófise produz diversos hormônios dentre os quais convém destacar o Hormônio 
Adrenocorticotrófico (ACTH) que será amplamente estudado neste módulo. A parte intermediária 
da hipófise produz o hormônio estimulante de α-melanócitos (MSH) e tem importância no 
estudo das alterações adrenais como será visto adiante. Toda essa produção hormonal responde 
a estímulos liberadores ou inibitórios conhecidos como hormônios hipofisiotróficos. Em especial, 
recebe destaque neste caderno de estudos o hormônio liberador da corticotropina (CRH) que é 
gerado em núcleos hipotalâmicos e enviado para a Eminência Mediana (EM) para, então, chegar à 
adeno-hipófise (DYCE et al., 2004).
A despeito de sua irrigação sanguínea, a hipófise é vascularizada indiretamente pelas artérias 
hipofisárias rostrais originadas da carótida interna. Estas artérias expandem-se no assoalho do 
hipotálamo e enviam o sangue para o pedúnculo por um sistema portal de veias. Consequentemente, 
a rede capilar da adeno-hipófise desemboca no seio cavernoso (DYCE et al, 2004).
Neuro-hipófise
Os hormônios produzidos pela neuro-hipófise são a Arginina Vasopressina (AVP) e Ocitocina (OT). 
Estes peptídeos são produzidos por neurônios magnocelulares neurossecretórios pertencentes 
aos núcleos supraóptico e paraventricular do hipotálamo e são levados diretamente para a neuro-
hipófise (DYCE et al., 2004).
Com relação à vascularização, a artéria carótida interna emite pequenos ramos para a neuro-
hipófise. Além disso, o lobo posterior também recebe aporte sanguíneo originado do círculo arterial 
do cérebro (DYCE et al., 2004).
11
CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS, HISTOLÓGICAS E FISIOPATOLÓGICAS DOS DISTÚRBIOS ADRENAIS │ UNIDADE I
Adrenais
As adrenais são glândulas pares localizadas em posição craniomedial aos rins dos mamíferos. Todavia, 
no cavalo, estão situadas mais diretamente em posição medial. São estruturas retroperitoneais e 
bilaterais. Além disso, são assimétricas e se moldam aos vasos vizinhos. A despeito do tamanho, 
elas podem variar inclusive de acordo com a idade, espécie e estado reprodutivo nas fêmeas. Não 
obstante, sabe-se que um cão de porte médio comumente medem em torno de 2,5 x 1 x 0,5 cm 
(DYCE et al., 2004).
Assim como a hipófise, a adrenal pode ser dividida em partes embriologicamente distintas assim 
como suas funções. Externamente, encontra-se o córtex de origem mesodérmica. Esta região é 
subdividida em três zonas com diferentes funções: 1) Zona glomerulosa, responsável pela produção 
de mineralocorticoides, em especial a aldosterona; 2) Zona fasciculada, local de produção de 
androgênios e 3) Zona reticular, são produzidos os glicocorticoides. Já a região mais interna da 
adrenal, a medula, é originada do ectoderma e é responsável pela produção de catecolaminas.
Fisiologia 
Interação Hipotálamo-Hipófise
O hipotálamo é dito por alguns autores como uma interface entre os sistemas nervoso e endócrino, 
especialmente representado pela eminência mediana em que partem os estímulos nervosos 
para a modulação do sistema endócrino (AIRES et al., 2008). De fato, esta importante estrutura 
componente do Sistema Nervoso Central (SNC), participa de diversos mecanismos fisiológicos 
vitais.
Não podemos esquecer que o hipotálamo é o local de início das vias endócrinas do organismo. 
As informações que nele chegam e são ajustadas na eminência mediana. Estes estímulos são 
transmitidos à hipófise por via neuroendócrina e desencadeiam uma série de alterações no 
organismo. Esta integração é fundamental para garantir a homeostase, uma vez que qualquer 
desbalanço percebido é transmitido ao Sistema Nervoso Central, promovendo mecanismos para que 
o organismo reestabeleça o equilíbrio. Além disso, a interação do indivíduo com o meio em que vive 
também depende de modulações neuroendócrinas, a exemplo da resposta a situações de estresse. 
Outrossim, o controle da reprodução também está completamente embasado no funcionamento 
ideal do eixo HHA (AIRES et al., 2008). Desta forma, convém destacar a importância do controle 
exercido pelo Sistema Nervoso sobre o Sistema Endócrino (figura 1), bem como a modulação que 
este efetua sobre a atividade do sistema nervoso central via feedback positivo e negativo, garantindo 
o funcionamento dos processos fisiológicos vitais.
Dada a importância da interação entre hipotálamo e hipófise, estas estruturas são estudadas 
neste módulo como componentes de uma unidade que exerce controle sobre diversas glândulas 
endócrinas, tendo destaque neste estudo as glândulas adrenais.
12
UNIDADE I │ CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS, HISTOLÓGICAS E FISIOPATOLÓGICAS DOS DISTÚRBIOS ADRENAIS
No hipotálamo, encontram-se os neurônios peptidérgicos que produzem hormônios hipofisiotróficos, 
ou seja, atuam estimulando ou inibindo a secreção de hormônios adeno-hipofisários pelo sistema 
porta-hipofisário (ou sistema hipotálamo-porta-hipofisário) na eminência mediana. Esta via 
compõe o sistema parvocelular ou tuberoinfundibular (AIRES et al., 2008). Outro grupo de 
hormônios peptidérgicos compreende a arginina vasopressina e ocitocina que são sintetizados por 
neurônios magnocelulares no hipotálamo e armazenados na neuro-hipófise. Esta íntima relação 
entre hipotálamo e hipófise pode ser exemplificada pelo esquema a seguir (Figura 2). 
Dentre os hormônios hipotalâmicos atualmente conhecidos, o hormônio liberador da corticotropina 
(CRH) será o mais abordado por atuar diretamente no eixo HHA promovendo a liberação do hormônio 
adrenocorticotrófico, bem como a liberação de outros peptídeos derivados pró-opiomelanocortina(POMC) via ativação do sistema adenilil-ciclase-AMPc (AIRES et al., 2008). É interessante lembrar 
que os glicocorticoides inibem a expressão de RNAm da POMC. Todavia, as ações tanto do CRH 
como dos glicocorticoides sobre a POMC na parte intermediária da hipófise são praticamente nulas. 
Nesta região, a POMC sofre influência inibitória por ação da dopamina.
13
CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS, HISTOLÓGICAS E FISIOPATOLÓGICAS DOS DISTÚRBIOS ADRENAIS │ UNIDADE I
Figura 1. Esquema representativo da relação hipotálamo-hipófise que se encontram unidas anatomicamente 
pela haste hipofisária. Observe que diversos neurônios originados dos núcleos hipotalâmicos fazem conexão 
com a hipófise. O núcleo paraventricular emite projeções neurais (representados pelas letras B, C e D) para os 
capilares que compõem o sistema porta-hipofisário na eminência mediana e, assim, enviam os hormônios 
hipofisiotróficos para a adeno-hipófise modulando a síntese e liberação hormonal desta região. Já o núcleo 
magnocelular origina neurônios (letra E) que se dirigem à neuro-hipófise no qual os hormônios hipotalâmicos 
ficam armazenados em vesículas para serem liberados mediante estímulos específicos. A letra A representa 
neurônios originados de outras regiões do SNC que estabelecem sinapses com neurônios do hipotálamo que se 
conectam com neurônios hipofisários.
Fonte: Modificado de Aires, MM. Fisiologia – Margarida de Mello Aires.
O CRH é um peptídeo composto por 41 aminoácidos. Ele é secretado na eminência mediana do 
hipotálamo na circulação porta-hipofisária no qual é carreado por proteínas transportadoras 
(CRHBPs) que garantem sua meia vida em torno de 1 hora (AIRES et al., 2008). O CRH é o principal 
secretagogo de ACTH, sendo bem mais potente que outros peptídeos hipotalâmicos que já foram 
demonstrados como capazes de estimular a liberação de ACTH, como AVP, angiotensina II (ANG 
II) e colecistocinina (CCK). 
 O AVP é encontrado em algumas terminações nervosas da eminência mediana 
do hipotálamo e parece representar um potencializador da secreção de ACTH sob 
determinadas circunstâncias. É interessante supor que sua contribuição à ação do 
CRH não seja tão discreta como seu papel de secretagogo do ACTH.
14
UNIDADE I │ CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS, HISTOLÓGICAS E FISIOPATOLÓGICAS DOS DISTÚRBIOS ADRENAIS
Figura 2. Ilustração da regulação neuroendócrina do eixo hipotálamo-hipófise-adrenais. Há diversos componentes 
centrais e periféricos regulando a função do eixo. BST: bed nucleus da estria terminal; GABA:ácido gama-
aminobutírico; 5HT: Serotonina; IL1, 2 e 6: Interleucinas 1, 2 e 6; MeA: Amígdala medial; MePO: área pré-
óptica medial; NPY: neuropeptídeo Y; NTS: Núcleo do trato solitário; OVLT: órgão vasculoso da lâmina terminal 
(osmorreceoptor).
 
Fonte: Modificado de Aires, MM. Fisiologia – Margarida de Mello Aires.
O eixo HHA recebe forte influência dos níveis de glicocorticoides. É muito bem descrito que altos 
níveis séricos de glicocorticoides, inibem a liberação de CRH, bem como a responsividade da 
hipófise a este peptídeo. Esta baixa resposta da hipófise ao CRH, parece ser explicada pela ação 
15
CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS, HISTOLÓGICAS E FISIOPATOLÓGICAS DOS DISTÚRBIOS ADRENAIS │ UNIDADE I
dos glicocorticoides diminuindo a síntese de receptores nestes tecidos. Por outro lado, quando 
os níveis desses hormônios encontram-se reduzidos, ocorre o estímulo à liberação de CRH e 
consequentemente de ACTH para que os níveis sejam reestabelecidos. Esta interação é delineada 
na figura 3.
O mecanismo de ação do CRH depende de sua ligação em receptores de membrana das células 
corticotróficas. Este encaixe garante o aumento intracelular de AMPc, favorecendo a síntese e 
processamento de POMC com posterior liberação de ACTH (AIRES et al., 2008). O produto final 
desta via é o cortisol que é importante sinalizador para regulação negativa de CRH, como já foi 
mencionado.
Além da atuação direta no eixo HHA, o CRH também é expresso em regiões como sistema límbico, 
córtex cerebral e medula espinhal. Estas localizações explicam ações como estimulação da atividade 
simpática, aumento da pressão arterial, taquicardia e inibição do comportamento de ingestão 
alimentar e sexual, característicos do estresse por ativação de vias α-adrenérgicas. 
É interessante lembrar que em situações de estresse, apesar de ocorrer o aumento 
dos níveis de cortisol, o feedback negativo de alça longa é incapaz de frear a liberação 
de CRH. Este fato parece ser explicado pela presença de aferências provenientes de 
outras regiões do SNC que fazem com que os neurônios hipotalâmicos CRHérgicos 
aumentem o set point de secreção. Assim, mesmo a elevação nos níveis de 
glicocorticoides não seria capaz de bloquear a secreção de CRH e ACTH.
A despeito do mecanismo de ação do ACTH, há também envolvimento da interação com receptores 
de membrana específicos que resulta na ativação do sistema Adenilil-Ciclase AMPc e da via do 
fosfatidil-inositol (AIRES et al., 2008). Em sequência, tem-se a fosforilação de proteínas específicas, 
garantindo a manifestação de seus efeitos biológicos. Convém relembrar que além da secreção 
de glicocorticoides, ocorre também a liberação de mineralocorticoides e esteroides androgênicos 
por estimulação das três camadas do córtex adrenal. Quando há importante elevação dos níveis 
plasmáticos de ACTH, sua atuação em outros tecidos é observada. Esta hipersecreção de ACTH 
promove lipólise, estimula a captação de aminoácidos e glicose e aumenta, também, a secreção de 
GH e insulina.
Neuro-hipófise
Os hormônios neuro-hipofisários apresentam grande homologia estrutural e, portanto, alguns 
papéis fisiológicos são comuns entre os dois. Tanto a AVP como a OT são sintetizados pelos neurônios 
dos Núcleos Supraópticos (NOS) e Paraventriculares (PVN) e são secretados pelo mecanismo de 
exocitose dependente do influxo de íons cálcio (AIRES et al., 2008). Os neurônios que compõem a 
porção parvocelular do PVN são capazes de produzir CRH e AVP concomitantemente.
O AVP é um neuropeptídeo fundamental no equilíbrio hidroeletrolítico, visto que atua promovendo 
a reabsorção de água do filtrado glomerular ao interagir com receptores aquaporina do tipo 2 (AQP2) 
nos túbulos renais, concentrando a urina (AIRES et al., 2008). Além disso, age na musculatura 
lisa dos vasos em receptores V1, ativando a via do fosfatidilinositol, culminando na formação de 
16
UNIDADE I │ CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS, HISTOLÓGICAS E FISIOPATOLÓGICAS DOS DISTÚRBIOS ADRENAIS
diacilglicerol (DAG) e consequente ativação da quinase proteica-C (AIRES et al., 2008). Toda essa 
cascata é importante na promoção de vasoconstrição que resulta no aumento da resistência periférica 
total. É importante lembrar que este hormônio possui ainda função antidiurética por interagir com 
receptores V2 que são acoplados ao sistema Adenil Ciclase AMPc que ativa a proteína quinase-A das 
células dos ductos coletores e alça de Henle ascendente (AIRES et al., 2008). Desta forma, o AVP 
promove o aumento da permeabilidade à água, bem como transporte de sódio concomitante.
Glândulas adrenais
A esteroidogênese adrenal é realizada a partir da clivagem da cadeia lateral da molécula de colesterol 
na mitocôndria, dando origem à pregnolona. Esta etapa é limitante para a esteroidogênese e é 
dependente da enzima CYP11A, cuja síntese é controlada por ação do ACTH (AIRES et al., 2008). 
Diversas etapas enzimáticas são necessárias para a produção de aldosterona, cortisol e andrógenos 
adrenais. 
O ACTH é capaz de promover efeitos genômicos sobre a esteroidogênese, aumentando a expressão 
de RNAm das enzimas envolvidas no processo, bem como a expressão de seu próprio receptor em 
células do córtex adrenal. Dentre as funções do ACTH, convém destacar seu efeito trófico sobre ascélulas das zonas fasciculadas e reticular do córtex adrenal. Esta ação é garantida pela estimulação 
de proteínas como o fator de crescimento insulina-símile 2, fator de crescimento de fibroblasto e 
fator de crescimento epidermal (AIRES et al., 2008).
Figura 3. Esquema representativo da interação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal com outros sistemas. 
PVN:: Núcleo paraventricular
Fonte: Modificado de Antunes-Rodrigues et al. – Neuroendocrinologia básica e aplicada.
17
CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS, HISTOLÓGICAS E FISIOPATOLÓGICAS DOS DISTÚRBIOS ADRENAIS │ UNIDADE I
Córtex adrenal
Síntese de glicocorticoides
A síntese de glicocorticoides é realizada na camada fasciculada do córtex adrenal. O principal 
estimulador desta via é o ACTH que é um hormônio peptídico derivado da POMC pela ação de CRH 
e AVP. Quando há aumento da concentração de glicocorticoides, estes efetuam feedback negativo 
com a hipófise inibindo a transcrição do gene da POMC, bem como com o hipotálamo, freando a 
síntese e liberação de CRH e AVP.
A secreção de ACTH e glicocorticoides varia durante o período de 24 horas. A pulsatilidade da liberação 
de ACTH obedece ao ritmo circadiano endógeno gerado no núcleo supraquiasmático do hipotálamo 
que derivam eferências para o núcleo paraventricular (AIRES et al., 2008), controlando a secreção de 
CRH. O pico de liberação dos glicocorticoides ocorre próximo ao despertar e início de atividades do 
animal. O sistema circadiano sofre influências do meio externo permitindo o aumento da secreção de 
glicocorticoides em situações de estresse, bem como por alterações no organismo como hipotensão e 
hipoglicemia. Ocorre ainda, uma interação endócrino-imune devido à ação estimulatória de CRH e 
ACTH pela atuação de citocinas inflamatórias como a interleucina-1 (IL-1), interleucina-6 (IL-6) e o 
fator de necrose tumoral (TNF-α, tumor necrose fator) (AIRES et al., 2008). 
O cortisol, principal glicocorticoide dos mamíferos, é encontrado na circulação sanguínea em sua 
maioria ligado à globulina transportadora de cortisol (CGB), outra pequena porcentagem, cerca de 
10% se encontra ligado à albumina e os restantes 5% representam a forma livre do cortisol que é 
responsável por suas ações fisiológicas (AIRES et al., 2008).
A despeito da biodisponibilidade, a enzima 11β-hidroxiesteroide desidrogenase (11 β-HSD) controla a 
este parâmetro por mecanismos de oxirredução (AIRES et al., 2008). A isoforma tipo 2 utiliza NADP+ 
como cofator e converte o cortisol em cortisona que é o metabólito inativo (AIRES et al., 2008). O 
processo de esteroidogênese pode ser simplificado no diagrama representado pela figura 4.
Síntese de aldosterona
A síntese de aldosterona ocorre na zona glomerulosa do córtex adrenal. Esta produção é modulada 
principalmente pelo sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona (SRAA) e pela concentração de 
íons potássio. Outros fatores podem controlar a síntese de aldosterona, porém, em menor escala 
como é o caso dos níveis de ACTH, concentração de íons sódio, prostaglandinas, AVP, dopamina, 
peptídeo natriurético atrial (ANP, Atrial Natriuretic Peptidic), agentes β-bloqueadores, serotonina 
e somatostatina (AIRES et al., 2008). A modulação do SRAA é dependente da pressão arterial renal, 
concentrações de sódio no fluido tubular e atividade do Sistema Nervoso Simpático (SNS) (AIRES 
et al., 2008). Como a função da aldosterona, produto final do SRAA, é a reabsorção de água e sódio, 
fica fácil entender que estímulos gerados pela redução da pressão arterial são identificados pelos 
barorreceptores renais presentes na arteríola aferente e favorecerão a liberação de renina a fim de 
reestabelecer o equilíbrio hidroeletrolítico devido a ação da aldosterona. Além disso, a redução de 
volume circulante ativa barorreceptores de alta pressão localizados no seio carotídeo e arco aórtico 
18
UNIDADE I │ CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS, HISTOLÓGICAS E FISIOPATOLÓGICAS DOS DISTÚRBIOS ADRENAIS
para que os mesmos sinalizem para o sistema nervoso, especialmente núcleo do trato solitário e 
medula oblonga, a fim de ativar o SNS junto ao aparelho justaglomerular, promovendo mais uma 
vez, o aumento de renina (AIRES et al., 2008). Da mesma forma, quando houver aumento da pressão 
arterial, independente de sua causa, a concentração de renina tende a diminuir e, por conseguinte, a 
liberação de aldosterona é reduzida. A secreção de renina no SRAA também é modulada pela carga 
de sódio liberada para a mácula densa. Assim, quando há aumento de sódio, ocorre a inibição do 
SRAA e o oposto ocorre quando há diminuição da concentração de sódio (AIRES et al., 2008). É 
importante observar que a ativação do SRAA, favorece a absorção de sódio por ação da aldosterona 
o que vai aumentar a pressão sanguínea e por fim inibir a secreção de renina. Desta forma, é possível 
dizer que a renina é capaz de atuar de forma autorregulatória.
Como supracitado, a concentração extracelular de potássio também é capaz de regular a síntese de 
aldosterona na zona glomerulosa do córtex adrenal. O mecanismo necessário para este efeito ainda 
não está completamente elucidado. Todavia, é descrito na literatura que concentrações elevadas de 
potássio podem regular a transcrição do gene CYP11B2 que aumenta a conversão de corticosterona 
em aldosterona (AIRES et al., 2008). Este mecanismo cálcio dependente é comum à ação da ANG 
II na regulação de aldosterona.
Figura 4. Diagrama simplificado da esteroidogênese adrenal
COLESTEROL
PREGNOLONA
PROGESTERONA
DESOXICORTICOSTERONA
CORTICOSTERONA
ALDOSTERONA CORTISOL
DESOXICORTISOLDESOXICORTISOL
17- α HIDROXI PREGNOLONA
17- α HIDROXI PROGESTERONA
17- α hidroxilase P450
17- α hidroxilase P450
21- hidroxilase P450
21- hidroxilase P450
21- hidroxilase P450
18-β hidroxilase 
11-β hidroxilase P450
18-β hidroxi desidrogenase P450
21-β hidroxilase P450
3-β HSD
3-β HSD
Clivagem da cadeia P450
11- hidroxilase P450
Fonte: Modificado de Mooney & Peterson – Manual de endocrinologia canina e felina.
19
CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS, HISTOLÓGICAS E FISIOPATOLÓGICAS DOS DISTÚRBIOS ADRENAIS │ UNIDADE I
Dinâmica dos glicocorticoides
Os glicocorticoides realizam diversas funções (figura 5) em todo o organismo e tanto o seu excesso 
como a sua falta podem ser cruciais para o animal. Com relação ao metabolismo de carboidratos, 
sabe-se que os glicocorticoides induzem a gliconeogênese hepática devido à estimulação de enzimas 
fundamentais na obtenção de glicose. Este processo depende do aumento da oferta de substratos 
para o fígado como aminoácidos do tecido muscular e glicerol do tecido adiposo garantidos também 
por ação dos glicocorticoides. Além disso, devido à ligação de destes hormônios em receptores 
insulínicos, ocorre a diminuição de transportadores de glicose e, desta forma, sua utilização 
periférica fica comprometida.
A ação dos glicocorticoides no tecido adiposo contribui para a obesidade visceral, visto que eles 
favorecem a diferenciação dos adipócitos mediante a ativação da transcrição de genes como a lipase 
lipoproteica, a glicerol-3-fosfato desidrogenase e a leptina (AIRES et al., 2008). Além disso, a 
cavidade intra-abdominal parece ter receptores de glicocorticoides em maior quantidade comparada 
com outras áreas, favorecendo a adipogênese local. Outrossim, a atividade de 11β-HSD tipo 1 no 
fomento é maior do que no tecido adiposo subcutâneo (AIRES et al., 2008) o que constitui mais um 
favor contribuinte para a deposição de adipócitos dependente de glicocorticoides.
A despeito de suas ações no tecido cutâneo, os glicocorticoides degradam fibras elásticas, colágenas 
e reticulares da pele, bem como reduzem a síntese destes componentes devido à ação inibitória 
que provocam na divisão celular na epiderme. Além disso, reduzem a síntesede ácido hialurônico 
e glicosaminoglicanos (AIRES et al., 2008). Todas essas ações provocam os sintomas descritos à 
frente no capítulo de Hiperadrenocorticismo.
O catabolismo proteico provocado pelos glicocorticoides é somado à inibição da síntese proteica, 
bem como a redução da captação de aminoácidos pelo tecido muscular (AIRES et al., 2008). Assim, 
atrofia muscular é bastante evidente em casos de excesso de glicocorticoides.
Convém destacar ainda, o papel destes hormônios no sistema imune devido às propriedades anti-
inflamatórias e imunodepressivas. 
Nos rins, os glicocorticoides favorecem a síntese de angiotensinogênio, bem como o aumento da 
taxa de filtração glomerular. Outras funções inerentes à atuação dos glicocorticoides nos rins são: o 
aumento do transporte de sódio no túbulo proximal e o depuramento de água livre. É interessante 
relembrar que nos rins há a coexpressão de 11β-HSD tipo 2 e de receptores mineralocorticoides 
(AIRES et al., 2008).
A despeito de seu papel no sistema cardiovascular, os glicorcorticoides se destacam por potencializar 
a ação de fatores vasoativos como a ANG II e a adrenalina. Embora esses mecanismos não estejam bem 
compreendidos, alguns autores sugerem que os glicocorticoides promovam o aumento da expressão 
de receptores adrenérgicos nas células da musculatura lisa (AIRES et al., 2008). Além disso, os 
glicocorticoides contribuem para o aumento da contratilidade vascular, uma vez que aumentam a 
captação de cálcio também nestas células. Não podemos esquecer que o excesso crônico do nível de 
glicocorticoides promove a hipertensão arterial. Há diversos mecanismos possíveis para o aumento 
da pressão sanguínea dentre os quais, destacam-se: a possível não inativação dos glicocorticoides 
em excesso pela ação de 11β-HSD2 nos túbulos renais, aumentando o efeito mineralocorticoide e, 
portanto, favorecendo a reabsorção de sódio e água; o aumento da reatividade vascular aos fatores 
20
UNIDADE I │ CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS, HISTOLÓGICAS E FISIOPATOLÓGICAS DOS DISTÚRBIOS ADRENAIS
vasoativos endógenos; e a inibição da síntese de óxido nítrico que é um potente fator vasodilatador 
(AIRES et al., 2008).
Outros efeitos importantes dos glicocorticoides se referem à sua ação sobre o tecido ósseo. O excesso 
crônico da concentração de glicocorticoides promove osteopenia que é o resultado de diversos 
mecanismos inibidos por esses hormônios. As principais funções inibidas no hipercortisolismo 
crônico são: diferenciação e multiplicação celular, atividade de fosfatase alcalina, bem como a 
produção de colágeno tipo I e osteocalcina (AIRES et al., 2008). É importante lembrar que também 
ocorre a inibição da produção de IGF-I e IGF-II pelos osteoblastos. Além disso, os glicocorticoides 
também reduzem a absorção de cálcio no intestino o que impede a ação da vitamina D no enterócito, 
bem como a hidroxilação hepática desta vitamina. Assim, o paratormônio é secretado de forma 
compensatória podendo resultar na estimulação da atividade de osteoclastos (AIRES et al., 2008). 
Além disso, outra via de ativação dos osteoclastos é estimulada pelos glicocorticoides, visto que eles 
favorecem o aumento da expressão de RNAm de RANKL. Este ligante do receptor ativador de NFκβ 
é base para a diferenciação dos osteoclastos (AIRES et al., 2008). Outrossim, os glicocorticoides 
diminuem a expressão de osteoprotegerina participa da modulação inibitória de osteoclastos 
(AIRES et al., 2008). Portanto, o hipercortisolismo crônico promove a reabsorção óssea.
Figura 5. Ação dos glicocorticoides em diversos órgãos e sistemas.
 
 Fígado Estimulação da gliconeogênese 
 Aumento da reserva de 
 gliconeogênio 
 Indução enzimatica
 Músculo Aumento do catabolismo 
 proteico 
 Atrofia muscular
 Osso Aumento do catabolismo 
 proteico 
 Osteopenia
 Pele Aumento do catabolismo 
 proteico 
 Atrofia de fibras 
 Malformação de cicatriza
 Pele Aumento do catabolismo 
 proteico 
 Atrofia de fibras 
 Malformação de cicatriza
 Sangue Eritrocitose 
 Linfopenia 
 Eosinopenia 
 Neutrofilia
 Rim Aumento da taxa de filtração 
 glomerular 
 Aumento da secreção de cálcio
 Sistema imune Redução da resposta 
 inflamatória e imune
 Tecido adiposo Lipôlise 
 Redistribuição do tecido 
 adiposo
 Hipófise e hipotálamo Supressão da secreção de ACTH 
 Supressão da secreção de CRH
Fonte: Modificado de Mooney & Peterson – Manual de endocrinologia canina e felina.
21
CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS, HISTOLÓGICAS E FISIOPATOLÓGICAS DOS DISTÚRBIOS ADRENAIS │ UNIDADE I
Dinâmica da aldosterona
A aldosterona é o principal mineralocorticoide secretado pela zona glomerulosa do córtex adrenal 
dos mamíferos. Sua função está baseada na manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico por meio 
da reabsorção de sódio nos túbulos renais e excreção de potássio e hidrogênio. Estes mecanismos 
de transporte ativo de íons regulado pela aldosterona são facilitados pelo potencial eletroquímico 
da membrana apical e mediado pelo canal para sódio sensível à arnilorida (ENaC) (AIRES et al., 
2008). Convém ressaltar que a aldosterona também aumenta a expressão, bem como a estabilidade 
de ENaC na membrana apical, favorecendo a reabsorção de sódio. Este transporte iônico ativo é 
modulado pela bomba de sódio e potássio dependente de ATP (Na+/K+ATPase) que também tem 
sua expressão de RNAm aumentada pela ação da aldosterona (figura 6), bem como sua atividade 
devido ao aumento que provoca em CHIF (Fator de Indução De Canal) no colón distal (AIRES et al., 
2008). Este fator aumenta a afinidade da Na+/K+-ATPase ao sódio.
Figura 6. Esquema representativo da regulação da síntese de aldosterona. Ang: Angiotensina; ECA: Enzima 
conversora da angiotensina.
Fonte: Modificado de Aires, MM. Fisiologia – Margarida de Mello Aires.
É interessante ressaltar que a ação da aldosterona está ligada à presença de receptores de 
mineralocorticoides (MR) (figura 7) que também permitem a ligação de glicocorticoides e são 
expressos principalmente em néfron distal, cólon distal e hipocampo (AIRES et al., 2008).
22
UNIDADE I │ CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS, HISTOLÓGICAS E FISIOPATOLÓGICAS DOS DISTÚRBIOS ADRENAIS
Figura 7. Representação da estrutura celular com foco no receptor de mineralocorticoide. ALDO: Aldosterona; 
AIP: proteínas induzidas pela aldosterona; sgk: serum and glucocorticoid induced kinase; Nedd4-2: ligante 
direcionador da degradação lisossomal do ENaC; Na+/K+-ATPase: bomba para sódio e potássio dependente 
de ATP; CHIF: fator de indução do canal; Ras (Kirsten Ras): Ativador da cascata de sinalização intracelular; PI3-K: 
Fosfoinositídeo 3 cinase.
Fonte: Modificado de Aires, MM. Fisiologia – Margarida de Mello Aires.
A ação da aldosterona em MR promove a transcrição genética para proteínas que estimulam a 
atividade de canais para sódio. 
A aldosterona atua, ainda, no sistema cardiovascular promovendo o remodelamento cardíaco 
devido à indução da proliferação de fibroblastos cardíacos. Este efeito é provocado pela ativação da 
cascata de sinalização da MAPK e Ki-Ras (Kirsten Ras) (AIRES et al., 2008). O efeito mitogênico 
da aldosterona parece ser sinérgico aos efeitos da ANG II sobre a proliferação de fibroblastos no 
coração (AIRES et al., 2008) e independe da alteração da pressão sanguínea, bem como da ingestão 
de sódio.
Com relação ao balanço energético, é sugerida a ação regulatória de mineralocorticoide na 
adipogênese e termorregulação. Além disso, a resistência insulínica também pode ser induzida 
pela aldosterona. Este fato pode ser explicado pela diminuição da afinidade insulínica ao receptor, 
bem como a redução da expressão de transportadores para glicose. Somado a isto, a aldosterona 
pode reduzir a secreção de insulina, agravando ainda maiso quadro. É importante ressaltar que a 
hipocalemia provocada pelo excesso de aldosterona também promove a diminuição da secreção de 
insulina pela célula β pancreática (AIRES et al., 2008).
Os receptores mineralocorticoides estão envolvidos nas ações de glicocorticoides no SNC, pois 
algumas regiões não apresentam atividade de 11β-HSD2. Já nas áreas em que esta enzima está 
presente como hipotálamo anterior, adeno-hipófise, hipocampo e tronco cerebral (AIRES et al., 2008) 
ocorre ação seletiva de mineralocorticoides. Em regiões circunventriculares no SNC, a aldosterona 
pode promover hipertensão pela ativação de seus receptores MR. Este efeito é acompanhado da 
23
CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS, HISTOLÓGICAS E FISIOPATOLÓGICAS DOS DISTÚRBIOS ADRENAIS │ UNIDADE I
elevação do tônus simpático para alguns tecidos como o cardíaco, renal e musculatura lisa vascular 
(AIRES et al., 2008).
 Medula adrenal
A biossíntese das catecolaminas é dependente da enzima tirosina hidroxilase e seu cofator 
tetraidropterina que são expressos especialmente em células cromoafins da medula adrenal, 
neurônios dopaminérgicos e noradrenérigicos do SNC e gânglios extramedulares (AIRES et al., 
2008). Esta enzima catalisa a conversão de tirosina em diidroxifenilalanina (L-DOPA) que é o passo 
limitante na síntese de catecolaminas. Convém ressaltar que o aminoácido tirosina é proveniente da 
dieta, bem como da hidroxilação da fenilalanina no fígado. A DOPA, por sua vez, dá origem à dopamina 
após sofrer decarboxilação. Posteriormente, a dopamina obtida em neurônios noradrenérgicos e 
nas células cromafins é convertida em noradrenalina por ação da dopamina β-hidroxilase presente 
apenas nos tecidos sintetizadores de noradrenina e adrenalina. Já nas células cromoafins da medula 
adrenal, a atuação de feniletanolamina-N-metiltransferase (PNMT) dá origem à adrenalina quando 
há aporte de glicocorticoides em níveis ideais. Assim, as catecolaminas sintetizadas são armazenadas 
em vesículas de estoque distintas e somente são transportadas por ação de monoaminas. Quando 
há estímulos específicos para noradrenalina ou adrenalina, estas são liberadas por estimulação do 
influxo de cálcio de forma independente. A inibição do processo de exocitose de noradrenalina é 
limitada por sua própria ocupação em receptores α2 pré-sinápticos (AIRES et al.et al., 2008). Em 
contrapartida, quando ocorre a liberação de catecolaminas, há estímulos que favorecem sua síntese 
para que ocorra a reposição de seus estoques.
Dinâmica de catecolaminas
As catecolaminas são fundamentais na manutenção do estado de alerta e os efeitos da adrenalina 
compreendem dilatação pupilar, pilo-ereção, sudorese, dilatação brônquica, taquicardia, inibição 
da musculatura lisa do trato gastrintestinal e contração dos esfíncteres intestinal e vesical (AIRES 
et al., 2008).
A despeito da produção de substrato energético, a adrenalina atua de forma estimulante. Desta 
forma, ocorre a gliconeogênese, acompanhada de glicogenólise. Concomitantemente, a secreção de 
insulina torna-se inibida, bem como ocorre o aumento da secreção de glucagon. Paralelamente, a 
adrenalina estimula a lipólise e converte os triglicerídeos em ácidos graxos livres e glicerol (AIRES 
et al., 2008).
A despeito dos efeitos cardiovasculares, a adrenalina provoca vasodilatação devido à ativação de 
receptores α2-adrenérgicos localizados na musculatura dos vasos. Não obstante, a noradrenalina 
secretada localmente nos vasos atua em receptores α1-adrenérgicos, provocando vasoconstrição 
(AIRES et al., 2008).
24
UNIDADE II
DISTÚRBIOS 
ADRENAIS: VISÃO 
CLÍNICA
CAPÍTULO 1
Hiperadrenocorticismo
Em cães, o Hiperadrenocorticismo (HAC) é descrito com origem na porção distal (como em 
humanos), mas também na porção intermediária, podendo nesta região estar relacionado com 
a modulação hormonal e, em outros casos, com a modulação neuronal (FELDMAN & NELSO, 
2004). O hiperadrenocorticismo é uma endocrinopatia frequente em cães e descrita com diferentes 
etiologias embora todas culminem com a elevação dos níveis séricos de glicocorticoides. Esta 
hipercortisolemia não responsiva ao feedback negativo do eixo hipotálamo hipófise adrenal leva 
ao desencadeamento de uma série de sintomas importantes para a suspeita clínica que estarão 
presentes de acordo com a fase de evolução da doença e serão discutidos em tópico específico neste 
material. Apesar da ampla sintomatologia possível, é importante observar que se tratam de sintomas 
inespecíficos e, embora a experiência clínica possa favorecer a suspeita, o hiperadrenocorticismo 
continua sendo considerado um desafio para o clínico diante de diversos exames laboratoriais com 
possibilidade de falsos resultados.
A despeito da etiologia, as fêmeas parecem ser predispostas tanto entre os caninos como nos felinos 
(ETTINGER & FELDMAN, 2004). Não obstante, em equinos não parece haver prevalência entre os 
sexos (REED et al., 2010). O HAC é mais frequente em animais adultos, sendo a faixa etária mais 
comum cães entre 6 e 11 anos, gatos com média de 10 ou 11 anos (ETTINGER & FELDMAN, 2004) 
e em equinos, 19 a 21 anos (REED et al., 2010).
Com relação às raças, os principais estudos que fazem referência a este fator são 
da literatura americana e, portanto, não refletem a realidade entre nossos cães. 
Além disso, a maioria dos gatos domiciliados tanto no Brasil como no exterior não 
possuem raça definida e obviamente aparecem como maioria no ranking entre as 
raças. Em equinos, segundo Reed e colaboradores (2010) parece haver a prevalência 
em pôneis e cavalos da raça Morgan.
 Há diversos mecanismos fisiopatológicos não compreendidos até o momento. Talvez 
a pouca informação sobre como a doença se desenvolve possa estar relacionada 
com os resultados inesperados de exames laboratoriais de pacientes fortemente 
suspeitos.
Dentre os diversos tipos de hiperadrenocorticismo, podemos destacar:
25
DISTÚRBIOS ADRENAIS: VISÃO CLÍNICA │ UNIDADE II
1. Hiperadrenocorticismo hipófise-dependente
2. Hiperadrenocorticismo adrenal-dependente ou neoplásico
3. Hiperadrenocorticismo iatrogênico
4. PIDD
Em medicina, é descrita a síndrome do ACTH ectópico que compreende uma 
variedade de tumores capazes de sintetizar e secretar ACTH, promovendo a 
hiperplasia adrenocortical bilateral. Esta condição nunca foi relatada em medicina 
veterinária. Caso seja interesse do leitor, o seguinte artigo e suas referências podem 
ser utilizadas para melhor entendimento: 
ISIDORI, Andrea M.; LENZI, Andrea. Ectopic ACTH syndrome. Arq Bras Endocrinol 
Metab, São Paulo, v.51, n.8, Nov.2007. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302007000800007&lng=en&nrm=iso> 
Acessado em 13 de setembro de 2012.
 Hiperadrenocorticismo hipófise-dependente
Esta é a forma mais comum de HAC de ocorrência natural, sendo sua frequência relatada em torno 
de 85% dos pacientes caninos e entre 75 e 80% nos pacientes felinos (ETTINGER & FELDMAN, 
2004). No paciente equino também é a forma mais comum entre os tipos de HAC (REED et al., 
2010). A fisiopatologia neste caso está baseada no surgimento de macro ou microadenomas ou ainda 
adenocarcinomas (extremamente raro) hipofisários que estimulam a hipersecreção de ACTH que, 
por sua vez, irão estimular a hiperprodução de cortisol pelas adrenais. Estas, sofrem hiperplasia 
das zonas reticular e fasciculada e têm a zona glomerulosa preservada. A hiperplasia adrenocortical 
é bilateral e pode ainda ser nodular em 15 a 20% dos pacientes caninos e felinos e, embora os 
mecanismos da formação nodular não estejam elucidados, é importante diferenciar da neoplasia 
adrenocortical para evitar, por exemplo, a indicação cirúrgica, uma vez que os nódulos sofrem 
remissão na maioria dos casos após sucessono tratamento do HAC (FELDMAN & NELSON, 2004). 
Assim, o excesso de cortisol acumulado tenta frear o eixo HHA na alça longa (hipotálamo), porém é 
incapaz de reduzir a produção de cortisol, uma vez que o feedback negativo de alça curta (hipófise) 
não é responsivo devido à presença do adenoma que atua independente dos estímulos inibitórios 
do eixo. Na realidade, modulações excitatórias do eixo, como hipoglicemia ou estresse também se 
tornam arresponsivas quando o HAC está estabelecido, pois o hipercortisolismo crônico suprime 
a secreção de ACTH e a função hipotalâmica sobre o controle da secreção de ACTH (FELDMAN & 
NELSON, 2004).
 Equinos podem apresentar adenomas ou microadenomas na parte intermediária da 
hipófise, porém, estes são achados histopatológicos post mortem e não foi relatada 
sintomatologia clínica compatível com hipercortisolismo devido a esses tumores. 
Não obstante, eles podem comprimir ou infiltrar a parte distal e nervosa com o 
seu crescimento e provocar sintomatologia nervosa. Quando atingem a região 
26
UNIDADE II │ DISTÚRBIOS ADRENAIS: VISÃO CLÍNICA
sobrejacente ao hipotálamo ou o quiasma óptico, podem comprometer funções 
endócrinas e metabólicas (REED et al., 2010).
Hiperadrenocorticismo neoplásico
Os tumores adrenais geralmente tem acometimento unilateral e tanto os adenomas como os 
adenocarcinomas estimulam a hiperprodução de cortisol independente do controle hipofisário. 
Similarmente ao que ocorre nos outros tipos de hiperadrenocorticismo, a hipercortisolemia atua 
inibindo o eixo HHA, reduzindo as concentrações de CRH e ACTH. Além disso, a inibição do eixo 
promove a atrofia da glândula adrenal contralateral. Estas variações conformacionais são muito 
importantes na avaliação por meio de exames de imagem, auxiliando o diagnóstico final da doença, já 
que mesmo atrofiada, a glândula livre de neoplasia pode estar visível no exame devido à preservação 
da zona glomerulosa e da região medular (BIRCHARD & SHERDING, 2008). Porém, clinicamente 
não há diferenciação entre adenomas e adenocarcinomas, embora os tumores malignos tendam a 
ser maiores que os benignos e possam promover metástase, especialmente em fígado, pulmão e rins 
(ETTINGER & FELDMAN, 2004). 
Não podemos esquecer que falhas perante o exame ultrassonográfico podem 
ocorrer quando há tumores bilaterais, mimetizando a hiperplasia adrenal presente 
no HAC dependente da hipófise. Este caso pode ser diferenciado pelos exames 
endocrinológicos. A despeito disso, há relatos de feocromocitoma (Tumor Adrenal 
Medular) concomitante a neoplasias adrenocorticais (FELDMAN & NELSON, 2004). 
Embora seja pouco comum, deve-se estar atento a essa questão, uma vez que testes 
endócrinos poderão sugerir tumor adrenocortical. Há relatos de cães com tumores 
hipofisário e adrenal simultâneos. Mais uma vez, trata-se de um caso que pode 
gerar resultados confusos de testes endócrinos. A intenção aqui é enfatizar que não 
há regras limitantes para a fisiopatogenia do hiperadrenocorticismo, todavia, vale 
ressaltar que estes casos são extremamente raros.
Até o momento, apenas um caso de hiperadrenocorticismo neoplásico foi 
confirmado em cavalos. O animal foi diagnosticado e foi tentando o tratamento com 
bromocriptina, mas não houve sucesso e então ele foi submetido à eutanásia e à 
necropsia que confirmou a presenta de neoplasia adrenal (van der Kolk et al., 2001).
Hiperadrenocorticismo iatrogênico
A corticoterapia excessiva, o que significa a administração de corticosteroides em altas doses e/ou 
por tempo prolongado, promove o aparecimento de sintomas de HAC, embora fisiologicamente 
esteja sendo estabelecido o hipoadrenocorticismo, uma vez que os corticosteroides suprimem a 
produção de ACTH resultando na atrofia adrenocortical bilateral. Contudo, o organismo submetido 
à corticoterapia, sofre os mesmos efeitos dos tipos de hiperadrenocorticismo de ocorrência natural, 
pois está sendo submetido à hipercortisolemia independente da origem do glicocorticoide. 
27
DISTÚRBIOS ADRENAIS: VISÃO CLÍNICA │ UNIDADE II
Há anos, os furões têm sido adotados como animais de companhia. Nesses animais, 
o HAC também é uma endocrinopatia frequente, mas a fisiopatogenia é diferente 
daquela estudada em outros pets. As glândulas adrenais destes animais apresentam 
uma característica própria: a presença de ilhas de células do córtex adrenal localizadas 
na medula dessas glândulas. Tais células se assemelham às encontradas na parte 
mais interna da zona fasciculada. O leitor que tiver maior interesse no assunto pode 
estudar artigos como este: The role of luteinizing hormone in the pathogenesis of 
hyperadrenocorticism in neutered ferrets disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.
gov/pubmed/12431804> acessado em 14 de agosto de 2012.
PIDD
Em equinos, o hiperadrenocorticismo é considerado um distúrbio de pacientes geriátricos e 
foi comprovada por imuno-histoquímica como sendo decorrente da degeneração de neurônios 
dopaminérgicos do hipotálamo que têm como função a inibição da secreção de ACTH. Desta forma, 
esta degeneração resulta na perda do controle negativo da função endócrina da parte intermediária da 
hipófise e superprodução de pró-opiomelanocortina, dando origem ao aparecimento de hiperplasia 
ou hipertrofia na parte intermediária, aumentando os níveis plasmáticos de seus derivados, 
incluindo o ACTH como consequência e assim provocando o hipercortisolismo. Além disso, a 
técnica de imuno-histoquímica também evidenciou danos por estresse oxidativo nos neurônios 
dopaminérgicos da região periventricular, sugerindo que radicais livres possam estar implicados 
como causadores do dano celular, bem como ocorre em diversas doenças neurodegenerativas. 
Devido a esta particularidade na fisiopatogenia do hiperadrenocorticismo em equinos, esta doença 
é também denominada nesta espécie como disfunção da parte intermediária da hipófise (com a sigla 
PPID, Pituitary Pars Intermedia Disfunction) e alguns autores não a consideram como comparativa 
à Síndrome de Cushing humana e canina, embora os sintomas sejam semelhantes e decorrentes do 
hipercortisolismo crônico.
Das três vias neuroendócrinas de dopamina existentes (tuberoinfundibular, túbero-hipofiseal e 
neurônios dopaminérgicos periventriculares), a degeneração de neurônios dopaminérgicos da 
região periventricular do hipotálamo é crítica na regulação, produção e liberação hormonal na parte 
intermediária. A dopamina interage com receptores D2 na região periventricular e inibe a expressão 
de RNAm de POMC e a liberação de seus derivados, como ACTH. A sua ausência, portanto, promove 
o aumento dos níveis de ACTH e consequentes sintomas de hipercortisolismo.
 Na PPID existe uma grande controvérsia: muitos pacientes apresentam os sintomas 
clássicos do hipercortisolismo, porém este parâmetro não é confirmado com 
dosagens hormonais. Em verdade, a fisiopatogenia da PPID não está completamente 
elucidada e, portanto, requer mais estudos.
Sintomas 
Do ponto de vista clínico, todas as formas de hiperadrenocorticismo apresentam a mesma 
sintomatologia independente dos mecanismos fisiopatológicos e da origem do glicocorticoide, 
28
UNIDADE II │ DISTÚRBIOS ADRENAIS: VISÃO CLÍNICA
afinal, todos os tipos desta endocrinopatia culminam com hipercortisolemia crônica e são estes 
níveis plasmáticos elevados que vão determinar os sintomas. 
Os primeiros sintomas observados em cães são poliúria e polidipsia (BIRCHARD & SHERDING, 
2008). Ambos também estão presentes nas demais espécies quando portadoras de hipercortisolismo. 
Possivelmente, os elevados níveis plasmáticos de glicocorticoides atuam inibindo a liberação de AVP 
por este ser secretagogo de ACTH juntamente com CRH (ETTINGER & FELDMAN, 2004). O AVP 
é um hormônio antidiuréticoque, por estar sofrendo estímulos inibitórios a sua liberação, provoca 
aumento da diurese. Além disso, os glicocorticoides aumentam a taxa de filtração glomerular o 
que propicia a poliúria. Por consequente perda de volume, torna-se necessária a reposição hídrica 
compensatória. Outrossim, a possibilidade de hiperglicemia estar presente, favorece a diurese 
osmótica. Em destaque na (Figura 8) estão os principais sintomas iniciais de hiperadrenocorticismo.
 A fisiopatogenia do desenvolvimento de polidipsia como mecanismo compensatório 
vem sendo estudada e há algumas novas hipóteses para seu estabelecimento. Será 
que os níveis plasmáticos de glicocorticoides elevados são capazes de aumentar a 
concentração de angiotensina II (ANG II) favorecendo o comportamento dipsogênico? 
Sinergicamente, há a hipótese de que os glicocorticoides também favorecem o 
aumento da expressão de receptores AT1 no SNC, podendo auxiliar a explicação do 
desenvolvimento de polidipsia. É importante pensar que os mecanismos fisiológicos 
pelos quais estes sintomas são explicados não estão completamente elucidados, 
mas parecem ser componentes de uma grande variedade de vias que se somam 
para que estes sintomas apareçam.
Quadro 1. Sintomatologia inicial de hiperadrenocorticismo independente de sua etiologia
Sintomatologia inicial do hiperadrenorcorticismo
Polidipsia Polúria
Polifagia Aumento abdominal
Fraqueza muscular Diminuição da tolerância ao exercicío
Taquipneia Letargia
Obesidade Alopercia de Tronco
Calcinose cutânea Intolerancia ao calor
Atrofia testicular ou anestro Hipergmentção
Cormedões Piodenite
 
Quadro adaptado Ettinger & Feldman – Tratado de medicina interna veterinária
A obesidade centrípeta pode estar presente em todos os pacientes com hipercortisolismo crônico e 
está representada nas figuras 8 e 9. Este sintoma está relacionado com a hepatomegalia decorrente 
do aumento da gliconeogênese aliada à degeneração das fibras elásticas, colágenas e reticulares 
provocada pelos glicocorticoides (FELDMAN & NELSON, 2004). Outrossim, a atrofia muscular 
também afeta o abdômen, e há ainda, a mobilização da gordura periférica para a região ventral. 
Todos estes fatores são responsáveis pelo aspecto de abaulamento abdominal. Não obstante, alguns 
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DISTÚRBIOS ADRENAIS: VISÃO CLÍNICA │ UNIDADE II
equinos podem não apresentar este padrão de obesidade e, em vez disso, serem acometidos por 
acúmulo de gordura na região periocular, pericaudal e cervical (REED et al., 2010).
Figura 8. Cão adulto da raça West Highland White Terrier portador de hiperadrenocorticismo iatrogênico. 
Foi diagnosticado após ter sido submetido a 10 meses de corticoterapia para dermatite alérgica. Note o 
abaulamento abdominal, bem como hipotricose e a prostração do paciente.
Figura 9. Cadela da raça Poodle diagnosticada com hiperadrenocorticismo hiperplásico após exame positivo 
para pododemodicose na fase adulta (doença parasitária comumente observada em filhotes). É evidente o 
abaulamento abdominal na paciente que ainda não apresenta atrofia muscular. Observe o a flexão de membro 
torácico esquerdo, sintoma comum em HAC. Além disso, é possível notar a hipotricose de tronco.
Um sintoma interessante observado especialmente em equinos é a docilidade e até letargia dos 
pacientes com PPID. A causa deste comportamento pode estar relacionada com o aumento da 
liberação de β-endorfina que também pode explicar a diminuição da resposta a estímulos dolorosos. 
Este hormônio aliado à α-MSH e ao aumento dos níveis de cortisol podem ter ação imunodepressiva, 
favorecendo o aparecimento de infecções cutâneas, urinárias e respiratórias em todos os animais 
portadores de HAC (REED et al., 2010).
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UNIDADE II │ DISTÚRBIOS ADRENAIS: VISÃO CLÍNICA
Os equinos podem ainda apresentar perda de peso, hiperidrose (e até anidrose) e hirsutismo (REED 
et al., 2010). A patogênese do hirsutismo e da hiperidrose ou anidrose não é conhecida. Há algumas 
hipóteses como o aumento da secreção adrenal de andrógenos (REED et al., 2010) como ocorre em 
mulheres com síndrome de Cushing, ou ainda, a compressão do hipotálamo provocando distúrbios 
no centro termorregulatório.
Outra consequência importante da PPID em equinos é a laminite. Este sintoma pode estar 
relacionado com o aumento da concentração de glicocorticoides e, consequente, hiperinsulinemia. 
Independente da causa da laminite, PPID deve ser sempre considerada como a origem do problema 
em equinos adultos a idosos, incluindo pôneis, que apresentem laminite crônica. Quando um 
paciente apresenta hiperinsulinemia associada a hiperglicemia o desenvolvimento da laminite é mais 
comum. Outrossim, pacientes diagnosticados com aumento das concentrações de insulina e glicose 
devem ser testados para PPID, pois cerca de 70% dos animais com esta síndrome, desenvolvem 
laminite (REED et al., 2010).
Além dos efeitos diretos no eixo HHA, o excesso de cortisol circulante atua de forma inibitória em 
outras funções hipofisárias e hipotalâmicas como a redução do hormônio estimulador da tireoide 
(TSH), promovendo o estabelecimento do hipotireoidismo secundário e transitório (eutireoideo 
doente); hormônio de crescimento (GH), limitando o desenvolvimento de animais em crescimento; 
e a liberação das gonadotropinas (hormônio luteinizante: LH; e hormônio folículo estimulante: 
FSH), promovendo a falha no ciclo estral (anestro prolongado), bem como atrofia testicular e 
diminuição da libido (ETTINGER & FELDMAN, 2004). Em equinos, esta falha no ciclo estral parece 
estar relacionada com a compressão tumoral da parte distal da hipófise, bem como a diminuição da 
regulação dopaminérgica na liberação dos hormônios sexuais, incluindo GnRH e prolactina (REED 
et al., 2010).
Não há estudos até o momento que comparem o ciclo estral de pacientes equinos 
antes e após o tratamento para PPID. Portanto, esta fisiopatogenia segue sem total 
esclarecimento e necessitando maior interesse científico.
Algumas particularidades são relatadas de acordo com a espécie. Em equinos, como já mencionado, 
é bastante comum o desenvolvimento de hirsutismo, segundo Reed e colaboradores (2010). Já em 
gatos, a segunda característica mais marcante é o adelgaçamento intenso da pele que se contunde 
facilmente e pode sofrer laceração grave com o ato de lambedura rotineira da higiene do gato ou 
ainda aplicação subcutânea de algum fármaco (FELDMAN & NELSON, 2004). Além disso, os gatos 
podem apresentar pelagem descuidada.
Alguns autores consideram o hirsutismo como um sintoma muito frequente em 
equinos com PIDD chegando a 80% de aparecimento em animais doentes. Todavia, 
esta elevada frequência pode ser devida ao fato de que animais com distúrbios de 
pelagem geralmente são testados para esta endocrinopatia.
Algumas complicações clínicas associadas ao HAC são relatadas na literatura dentre as quais 
podemos citar desordens do trato urinário como pielonefrite decorrente da inibição na migração de 
neutrófilos e macrófagos por ação dos glicocorticoides. Outrossim, o hipercortisolismo provoca o 
aumento da excreção de cálcio resultando em cálculos urinários que podem provocar disúria, porém 
esta pode não ser uma alteração de fácil observação pois o aumento de cortisol interfere na resposta 
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DISTÚRBIOS ADRENAIS: VISÃO CLÍNICA │ UNIDADE II
inflamatória. O excesso de glicocorticoides pode ser responsável ainda pela atrofia cutânea, pois 
inibem a divisão dos queratinócitos e fibroblastos, além de reduzir a matriz extracelular de pele, 
reduzindo a síntese de ácido hialurônico, bem como de glicosaminoglicanos. A divisão das células 
epidermais também é comprometida por ação dos glicocorticoides em excesso, bem como a síntese 
e produção de colágeno (ANTUNES-RODRIGUES et al., 2005). Ainda com relação àsalterações 
cutâneas, o hipercortisolismo estimula receptores de melanócitos favorecendo a hiperpigmentação 
(ANTUNES-RODRIGUES et al., 2005). É importante lembrar que o hipercortisolismo crônico pode 
levar ao hipotireoidismo secundário, contribuindo para alterações na pele como hipotricose que 
evolui para alopecia, bem como a presença de comedões. Há ainda na literatura veterinária relatos 
de pancreatite devido à polifagia apresentada pelo animal. Este comportamento orexigênico faz com 
que o cão procure ingerir restos de comida mal descartados, assim desenvolvem hiperlipidemia, 
hipercolesterolemia e infecção, mas esta inflamação pancreática não é comumente observada. Não 
obstante, grande parte dos cães com diagnóstico de HAC também apresentam diabetes mellitus e 
em gatos a incidência é extremamente alta (ETTINGER & FELDMAN, 2004). Este diagnóstico deve 
ser cuidadosamente determinado visto que os sintomas se sobrepõem. Além disso, muito pacientes 
tratados com sucesso para HAC sofrem remissão dos sintomas da diabetes mellitus. Outras alterações 
importantes decorrentes do hipercortisolismo são observadas na cascata de coagulação sanguínea. 
A perda glomerular de proteína reduz a antitrombina III, além de poder aumentar os fatores V, VIII, 
IX e X, bem como fibrinogênio e plasminogênio, favorecendo o estado hipercoagulável (FELDMAN 
& NELSON, 2004). Somado a estes fatos, obesidade, hipertensão, policitemia, sepse e períodos 
longos de decúbito também favorecem a estase sanguínea. O tromboembolismo pulmonar é uma 
causa frequente do óbito de pacientes com HAC (ETTINGER & FELDMAN, 2004). 
Diagnóstico 
Como em qualquer doença, a busca pelo diagnóstico deve iniciar com o conhecimento do histórico 
do paciente. Quando existe a suspeita de hiperadrenocorticismo a anamnese deve ser bem feita a fim 
de que o responsável entenda minuciosamente o que está sendo perguntado. É importante explicar 
para o cliente que a observação da polidipsia, por exemplo, deve ser precisa, com mensuração do 
volume ingerido pelo animal e não apenas uma suposição baseada na rotina de pouca aproximação 
com ele . Outrossim, situações como temperaturas ambientais elevadas, raças específicas e porte 
podem comprometer a resposta do tutor que não sabe determinar um comportamento dipsogênico 
excessivo. Desta forma, fica claro que o volume hídrico ingerido pelo paciente precisa ser mensurado, 
bem como a ingestão alimentar e parâmetros urinários (se não é possível mensurar o volume 
urinário, muitas vezes o proprietário pode quantificar a frequência ou ainda observar o aspecto da 
urina, além disso, cães domiciliados que urinam apenas em passeios podem começar a demonstrar 
alterações comportamentais neste quesito).
 O volume hídrico ingerido por um cão saudável deve ser em média de 40 a 60ml/
kg/dia e a polidipsia é confirmada quando o animal ingere de 2 a 10 vezes mais que 
a média normal. Já a poliúria é diagnosticada com volume urinário acima de 50ml/
kg/dia (ETTINGER & FELDMAN, 2004).
Um cuidado importante é não tentar medir a ingestão hídrica em ambiente hospitalar (estressante), 
pois os animais tendem a beber menos água e concentram a urina mais do que fariam em ambiente 
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UNIDADE II │ DISTÚRBIOS ADRENAIS: VISÃO CLÍNICA
conhecido, portanto, esta prática não deve ser estimulada, pois representa risco para o animal 
compensado.
Após o conhecimento do paciente por meio da anamnese, deve-se prosseguir com o exame físico. 
É importante a observação da obesidade centrípeta, hepatomegalia evidente, atrofia muscular, 
rarefação pilosa geralmente simétrica e de tronco, piodermites, telangiectasia, comedões e calcinose 
cutânea, pele inelástica e delgada.
Cuidado! Não podemos esquecer que nem todos os sintomas estarão presentes, 
pois dependem da evolução da doença. Quanto mais crônica for, mais provável será 
encontrar maior variedade de sintomas.
Para o diagnóstico completo, o clínico pode iniciar com solicitações de exames inespecíficos que 
auxiliarão na determinação do hiperadrenocorticismo de acordo com os achados ou ainda revelar 
quaisquer doenças concomitantes esperadas ou não. É importante destacar que os achados 
laboratoriais (Quadro 2) não são capazes de determinar o diagnóstico de nenhuma doença endócrina.
Quadro 2. Alterações laboratoriais compatíveis com hiperadrenocorticismo
Achados laboratorais comuns ao hiperadrenocorticismo
Hematologia lifopenia
Eosinopenia
Neutrofilia
Monocitose
Eritrocitose
Tromobocitose
Bioquímica Aumento importante de fosfatase alcalina
Aumento de alanina aminotransferase
Hiperglicemia em jejum
Dimuição da ureia sanguinea
Aumento do colesterol
Aumento do Triglicériades
Aumento de sais bilicares
Urinálise Diminuição da densidade urinária
Infecção do trato urinário
Proteinuría
Glicosúria
Outros achados Dimuição T4
Resposta anormal ao TSH/TRH exógeno
Aumento do hormônio da paratireoide
 
Fonte: Adaptado de Mooney & Peterson – Manual de endocrinologia canina e felina
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DISTÚRBIOS ADRENAIS: VISÃO CLÍNICA │ UNIDADE II
O hemograma de um paciente com hiperadrenocorticismo revela leucograma de estresse, ou 
seja, neutrofilia e monocitose devido à desmarginação destas células dos capilares por ação dos 
glicocorticoides; linfopenia decorrente da linfólise por esteroides; e eosinopenia por sequestro 
medular. Sobre contagem de hemácias, os valores geralmente estão dentro da referência, porém 
especialmente em fêmeas policitemia pode ser notada (FELDMAN & NELSON, 2004).
Com relação à glicemia em jejum, cães e gatos apresentam aumentos discretos e, em alguns 
casos, diabete mellitus confirmado (ETTINGER & FELDMAN, 2004). Em equinos, porém, a 
hiperglicemia insulino-resistente pode ser importante (REED et al., 2010). Já a atividade da 
enzima alanina aminotransferase (ALT) encontra-se moderadamente aumentada, sendo este 
dado devido à lesão hepática causada por hepatócitos tumefatos, acúmulo de glicogênio ou ainda 
interferência do fluxo sanguíneo neste órgão. Outro fator importante é a necrose hepatocelular que 
caracteriza a hepatopatia por esteroide e também favorece o aumento do nível de ALT. Além deste 
parâmetro, a fosfatase alcalina sérica (FAS) também tem sua atividade marcadamente aumentada 
no hiperadrenocorticismo embora não haja correlação entre a concentração de FAS e a gravidade, 
resposta terapêutica e prognóstico do hiperadrenocorticismo (ETTINGER & FELDMAN, 2004).
A lipólise induzida por glicocorticoide leva ao aumento da concentração de lipídio sanguíneo 
e hipercolesterolemia e estes se tornam achados bastante frequentes em pacientes com HAC, 
especialmente cães (ETTINGER & FELDMAN, 2004) e pôneis livro (REED et al., 2010). 
Alterações eletrolíticas podem ter pouco significado diagnóstico, mas podemos destacar o aumento 
moderado de sódio sérico e a hipocalemia (ETTINGER & FELDMAN, 2004) que serão importantes 
quando o paciente apresentar anorexia, êmese ou diarreia, pois tais alterações são potenciais riscos 
à vida do animal.
Destaca-se a função renal como importante parâmetro a ser avaliado, pois a insuficiência renal é um 
importante diagnóstico diferencial do HAC, uma vez que animais com as duas doenças desenvolvem 
poliúria e/ou polidipsia e, geralmente, são pacientes adultos ou geriátricos. No caso do HAC, as 
concentrações de ureia e creatinina sanguínea estão dentro dos valores de referência ou diminuídos 
o que obviamente difere dos pacientes renais. Outrossim, a urinálise é de extrema importância, 
revelando em cerca de 85% dos pacientes com hiperadrenocorticismo densidade urinária inferior a 
1,015-1,020 (ETTINGER & FELDMAN, 2004). Dentro desta avaliação, observa-se a glicosúria que 
está presente em alguns casos em cães (ETTINGER & FELDMAN, 2004) e na maioria dos pacientesequinos (REED et al., 2010) e deve ser considerada na opção de tratamento do diabetes. A urinálise 
pode revelar proteinúria e infecções do trato urinário. Este último relacionado à retenção da urina 
comum em pacientes com poliúria grave e comprometimento da musculatura vesical.
Animais com hipercortisolismo crônico têm os níveis de TSH plasmáticos reduzidos e 
consequentemente o mesmo ocorre com os níveis plasmáticos dos hormônios tireoidianos T3 e T4, 
caracterizando o hipotireoidismo secundário que é um estado transitório e reversível na grande 
maioria dos casos com sucesso na remissão do hipercortisolismo.
Para auxiliar no diagnóstico de hiperadrenocorticismo, podem ser realizadas radiografias abdominais 
e torácicas. Além de revelarem achados compatíveis com a endocrinopatia em questão como 
hepatomegalia, distensão da vesícula urinária e tumorações adrenocorticais, as avaliações radiográficas 
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UNIDADE II │ DISTÚRBIOS ADRENAIS: VISÃO CLÍNICA
também são úteis mais uma vez por se tratarem na maioria dos casos de animais entre a fase adulta e 
geriátrica e, portanto, possíveis portadores de doenças concomitantes muitas vezes subclínicas.
A mensuração de cortisol basal não é aceita como meio de diagnóstico, pois este hormônio sofre 
flutuações em seus níveis plasmáticos durante o dia e quando o paciente é submetido a estresses 
(coleta de sangue, por exemplo) os níveis podem estar aumentados podendo gerar um resultado 
falso positivo, bem como, a coleta em determinado momento pode refletir a variação episódica 
diária encontrando o resultado dentro da referência quando na verdade trata-se de um resultado 
falso negativo. Desta forma, o clínico deve optar por testes endócrinos que reflitam a produção 
crônica, como testes de 24 horas como o cortisol urinário ou testes de estimulação do eixo HHA 
(estimulação com ACTH) ou supressão do mesmo (supressão por dexametasona).
Na busca pelo diagnóstico específico de hiperadrenocorticismo, o exame de imagem mais utilizado 
no Brasil é a ultrassonografia abdominal. Tal exame permite a avaliação do paciente quanto a 
achados inesperados (cálculos urinários e cistos, por exemplo), além de ser ferramenta valiosa 
na diferenciação entre hiperadrenocorticismo hiperplásico (Figura 10), neoplásico e iatrogênico. 
As medidas normais da glândula adrenal esquerda do cão são 33,0mm de comprimento e 7,5mm 
de largura e da glândula adrenal direita são 31,0mm x 7,0mm (ETTINGER & FELDMAN, 2004). 
Quando estão alteradas de tamanho e não há dados anamnésicos, achados físicos e exames hormonais 
compatíveis com a doença, deve-se repensar a necessidade de intervir. Muitos tumores adrenais 
vistos no exame ultrassonográfico podem se tratar de mielolipoma, tumor primário não funcional, 
cisto, granuloma, entre outros e, portanto, se não há distúrbios relacionados a essas formações, não 
há motivos para intervir.
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DISTÚRBIOS ADRENAIS: VISÃO CLÍNICA │ UNIDADE II
Figura 5. As fotos apresentadas foram obtidas a partir de exames ultrassonográficos de cães com 
hiperadrenocorticismo hiperplásico. Notar no canto inferior esquerdo de cada fotografia a mensuração das 
adrenais dos pacientes.
 
Fonte: Cortesia MV Suzana Vieira.
A tomografia computadorizada (TC) é um método de triagem tão sensível quanto a ultrassonografia. 
Todavia, este exame requer de 30 a 120 minutos de anestesia para ser realizado, mas seu custo 
e requerimento anestésico diminuem a solicitação frente a outros exames que podem oferecer 
maior confiabilidade (REED et al., 2010). A indicação da TC, bem como a avaliação da imagem por 
ressonância magnética (IRM) é útil em pacientes com sintomatologia nervosa ou ainda naqueles 
assintomáticos para previsão de provável desenvolvimento de sintomas decorrentes do crescimento 
tumoral (ETTINGER & FELDMAN, 2004) embora estes casos sejam raros (REED et al., 2010).
Até o momento, foram vistos exames que revelam achados compatíveis com hiperadrenocorticismo, 
bem como exames de auxílio ao diagnóstico. Todavia, para estabelecer o tratamento de qualquer 
endocrinopatia é preciso comprovar o diagnóstico com testes hormonais e, neste caso, a avaliação 
específica do eixo hipofisário adrenocortical pode ser feita por meio de três principais métodos: teste 
de estimulação com ACTH, teste de supressão adrenal com baixa dose de dexametasona e cortisol 
urinário após coleta de 24 horas. Outros testes podem ser realizados como auxílio, como a relação 
cortisol-creatinina urinários. Não obstante, trata-se de um teste inespecífico apesar de sensível, ou 
seja, pacientes com resultados positivos para hiperadrenocorticismo (relação elevada) podem na 
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UNIDADE II │ DISTÚRBIOS ADRENAIS: VISÃO CLÍNICA
realidade ser portadores de outras doenças como diabetes e piometra entre outras (ETTINGER & 
FELDMAN, 2004). O mesmo foi relatado em equinos, ou seja, a relação cortisol-creatinina urinários 
não constitui um exame fidedigno para o diagnóstico de PPID (REED et al., 2010).
Obviamente, em qualquer espécie, a mensuração de níveis basais de cortisol plasmático não é 
confiável para determinar o diagnóstico de HAC, como já foi mencionado, devido a sua liberação 
episódica e, principalmente, variação decorrente de diversos estímulos estressantes. Da mesma 
forma, o cortisol salivar e urinário também foi demonstrado como não eficaz na detecção de PPID 
(REED et al., 2010).
A coleta e análise de 24 horas do cortisol urinário é o teste de eleição em pacientes humanos. Na 
medicina veterinária, é também um exame bastante preciso, pois evita resultados que refletem a 
liberação episódica do cortisol. Todavia, a execução do teste requer a coleta da urina do paciente 
dentro do período de 24 horas o que limita sua indicação.
Pacientes com hiperadrenocorticismo de ocorrência natural (hipófise-dependente ou neoplásico) 
produzem cortisol de forma excessiva e têm potencial para responder exageradamente à estimulação 
com ACTH. Este teste tem execução simples com duas coletas de sangue para mensurar o cortisol 
basal e o cortisol após 1 hora de aplicação do ACTH no caso dos cães e uma coleta antes e duas 
coletas depois da aplicação de ACTH em gatos, pois nestes animais, o efeito máximo é pouco 
consistente e duas amostras dentro do período de duas horas pós ACTH permitem uma avaliação 
de maior qualidade. Embora haja simplicidade na execução, este exame é considerado de triagem, 
pois não distingue o HAC hiperplásico do neoplásico. Além disso, possui baixa especificidade, ou 
seja, animais com doenças não adrenais podem ter resultados falso positivo. Somado a este fato, 
a sensibilidade do teste de estimulação com ACTH o torna pouco confiável visto que até 40% dos 
cães com hiperadrenocorticismo não apresentam resultados positivos e este valor é ainda maior 
em gatos (ETTINGER & FELDMAN, 2004). Apesar de não representar um exame fidedigno em 
alguns casos, o teste de estimulação com ACTH é o único capaz de identificar prontamente casos de 
hiperadrenocorticismo iatrogênico. 
É importante lembrar que a iatrogenia com glicocorticoides por tempo prolongado e em doses 
excessivas provoca a mesma sintomatologia do hiperadrenocorticismo de ocorrência natural, 
embora fisiologicamente, o organismo esteja sendo induzido ao hipoadrenocorticismo, visto que 
os glicocorticoides exógenos inibem a produção endógena e quando usados cronicamente podem 
atrofiar o córtex adrenal e inibir todo o eixo HHA. Desta forma, quando um animal submetido à 
corticoterapia excessiva desenvolve hiperadrenocorticismo e é submetido ao teste de estimulação 
com ACTH, a produção de cortisol endógena é mínima quando existente. Por este motivo, este 
exame somado ao histórico do animal identifica com precisão o hiperadrenocorticismo iatrogênico. 
Neste caso, os exames complementares

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