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Fundac¸a˜o Centro de Cieˆncias e Educac¸a˜o Superior a Distaˆncia do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educac¸a˜o Superior a Distaˆncia do Estado do Rio de Janeiro 1a AD 2015/2 EAR Lic. em Matema´tica NA 1 a NA 4 Gabarito Coord. C. Vinagre & H. Clark 1a Questa˜o - [2 pontos] Mostre indicando detalhadamente seus racioc´ınios que: (i) [0,5 pt] se x ∈ R \ {−4} e |x− 4| < 1 enta˜o 1/|x+ 4| ≤ 1/7. (ii) [0,5 pt] se x ∈ R \ {1} e |x+ 3| < 2 enta˜o 1/|x − 1| ≤ 1/2. (iiii) [1,0 pt] se ǫ ∈ R∗+, x ∈ R e |x− 4| < min {1, ǫ/9} enta˜o |x2 − 16| < ǫ. Prova: (i) Sendo por hipo´tese x ∈ R, x 6= 4 e |x − 4| < 1 enta˜o −1 < x − 4 < 1. Adicionando 8 a cada membro destas u´ltimas desigualdades, resulta 7 < x + 4 < 9. Da´ı, tem-se que 0 < x + 4 e assim pode-se afirmar que |x+ 4| = x+ 4 > 7. Como a hipo´tese garante que |x− 4| 6= 0, inverte-se e conclui-se que 1/|x+ 4| ≤ 1/7 (ii) Sendo por hipo´tese x ∈ R, x 6= 1 e |x + 3| < 2 enta˜o −2 < x + 3 < 2. Da´ı, adicionando -4 a cada membro destas desigualdades, resulta −6 < x− 1 < −2. Tem-se enta˜o que x− 1 < 0 e portanto |x− 1| = −(x− 1). Da´ı e do anterior vem que |x− 1| = −(x− 1) > 2. Como por hipo´tese, |x− 1| 6= 0, inverte-se e conclui-se que 1/|x− 1| ≤ 1/2 (iii) Por hipo´tese, tem-se x, ǫ ∈ R, ǫ > 0 e |x− 4| < min {1, ǫ/9}. Desta u´ltima condic¸a˜o resulta |x− 4| < 1 e |x− 4| < ǫ 9 . (a) Tem-se que |x2 − 16| = |x− 4||x+ 4|. (b) De |x − 4| < 1 tem-se que −1 < x − 4 < 1, e da´ı obte´m-se 7 < x + 4 < 9. Desta duas u´ltimas desigualdades tem-se |x+ 4| = x+ 4 < 9, (c) dado que x+ 4 > 0. Usando (c) em (b) e em seguida (a)2, isto e´, que |x− 4| < ǫ/9 resulta |x2 − 16| = |x− 4||x+ 4| < |x− 4| · 9 < ǫ 9 · 9 = ǫ. 2a Questa˜o - [2,0 pontos] Mostre por induc¸a˜o matema´tica que 12 − 22 + 32 + · · · + (−1)n+1n2 = (−1)n+1n(n+ 1) 2 para todo n ∈ N . Demonstrac¸a˜o - P[n] e´ 12 − 22 + 32 + · · ·+ (−1)n+1n2 = (−1)n+1n(n+ 1) 2 . 1 • Quando n = 1 tem-se (−1)1+112 = 1 e, pelo outro lado, (−1)1+1 1(1 + 1) 2 = 1. Portanto, P[1] e´ verdade. • HI- Suponha por hipo´tese, a identidade va´lida para um n qualquer. Ou seja, que 12 − 22 + 32 + · · ·+ (−1)n+1n2 = (−1)n+1n(n+ 1) 2 e´ a hipo´tese indutiva. Deseja-se provar que 12 − 22 + 32 + · · · + (−1)n+1n2 + (−1)(n+1)+1(n+ 1)2 = (−1)(n+1)+1 (n+ 1)[(n + 1) + 1] 2 , ou seja, 12 − 22 + 32 + · · ·+ (−1)n+1n2 + (−1)n+2(n+ 1)2 = (−1)n+2 (n+ 1)(n + 2) 2 . (1) Para isto, desenvolve-se o lado esquerdo da igualdade (2) ate´ chegar ao lado direito - ATENC¸A˜O: esta´ errado desenvolver os dois membros da igualdade ao mesmo tempo, pois para fazer isto, parte-se da afirmac¸a˜o a qual se pretende provar!! 12 − 22 + 32 + · · · + (−1)n+1n2︸ ︷︷ ︸ a hip. indutiva da´ o valor deste termo +(−1)n+2(n+ 1)2 =︸︷︷︸ HI (−1)n+1n(n+ 1) 2 + (−1)n+2(n+ 1)2 = (−1)n+1 [ n(n+ 1) 2 − (n2 + 2n+ 1) ] = (−1)n+1 [ n2 + n− 2n2 − 4n − 2 2 ] = (−1)n+1 [ (−1)n 2 + n+ 2n+ 2 2 ] = (−1)n+2 [ n(n+ 1) + 2(n + 1) 2 ] = (−1)n+2 [ (n+ 1)(n + 2) 2 ] . Assim, obte´m-se a igualdade desejada. Pelas duas etapas acima e pelo PIM, conclui-se que P[n] e´ verdadeira para todo n ∈ N Questa˜o 3 [2,0 pontos] Seja A = { 8n 3n+1 ; n ∈ N } . Mostre que inf A = 2 e que supA = 8/3, usando a Definic¸a˜o 2.4. Demonstrac¸a˜o - • Mostrando que inf A = 2: Pela Definic¸a˜o 2.4 das NA 2 deve-se mostrar duas afirmac¸o˜es: 2 (I1) 2 e´ uma cota inferior de A: De fato, fixado n ∈ N, tem-se que 1 ≤ n. ∴ 2 ≤ 2n ∴ 6n+ 2 ≤ 6n+ 2n = 8n ∴ 2(3n + 1) ≤ 8n ∴ 2 ≤ 8n 3n+ 1 pois 3n+ 1 > 0. Assim, para todo n ∈ N vale: 2 ≤ 8n3n+1 . Portanto, 2 e´ uma cota inferior para A. (I2) 2 e´ a maior das cotas inferiores de A: De fato, como 2 e´ cota inferior de A e 2 = 8.13.1+1 ∈ A enta˜o pela Observac¸a˜o 2.4 (2) (para o ı´nfimo) das NA 2, tem-se que o inf A = 2. ✷ • Mostrando que supA = 8/3: Pela Definic¸a˜o 2.4 das NA 2 deve-se mostrar 2 afirmac¸o˜es: (S1) 8/3 e´ uma cota superior para A: De fato, seja n ∈ N fixo 24n ≤ 24n + 8 e´ verdade; ∴ 3.(8n) ≤ 8(3n + 1) ; ∴ 8n 3n+ 1 ≤ 8 3 pois 3n+ 1 > 0. Assim, para todo n ∈ N tem-se que 8n/(3n + 1) ≤ 8/3. Portanto, 8/3 e´ uma cota superior para A. (S2) 8/3 e´ a menor das cotas superiores de A: de fato, pela Definic¸a˜o 2.4 das NA 2 mostrar (S2) significa mostrar que nenhum nu´mero real a < 8/3 e´ uma cota superior para A. Ou seja, deve-se considerar: a ∈ R, a < 8/3 e mostrar que existe pelo menos um 8n0 3n0 + 1 ∈ A tal que a < 8n0 3n0 + 1 . (⋆) Considere-se um nu´mero real a < 8/3. Logo 3a < 8. Portanto, 8− 3a > 0 e enta˜o a 8− 3a ∈ R. Pela Propriedade Arquimediana tem-se que existe um n0 ∈ N tal que n0 > a 8− 3a . (∗) Da´ı, usando as propriedades alge´bricas de R (e como 8− 3a > 0, ja´ que 3a < 8), tem-se a < (8− 3a)n0 ∴ a < 8n0 − 3n0a ∴ a+ 3n0a < 8n0 ∴ (1 + 3n0)a < 8n0 . ∴ a < 8n0 3n0 + 1 pois 3n0 + 1 > 0, ja´ que n0 ≥ 1. Assim, existe um nu´mero da forma 8n0/(3n0 + 1) ∈ A tal que 8n0/(3n0 + 1) > a. Logo a na˜o e´ cota superior para A. Portanto, esta´ provado que para todo nu´mero real a < 8/3 tem-se que a na˜o e´ uma cota superior para A. Logo, das etapas (S1) e (S2) conclui-se que 8/3 = supA. 4a Questa˜o - [2,0 pontos] Fac¸a o que se pede: (a) [1,0 pts] Seja A := [ √ 2, π) ∩Q. Mostre que inf A = √2. Note que √2 /∈ A! 3 (b) [1,0 pts] (a) [1,0 pt] Sejam a ∈ R∗ = R \ {0} e b ∈ R. Mostre que a equac¸a˜o ax = b. (2) possui exatamente uma soluc¸a˜o. Observac¸a˜o: Uma equac¸a˜o e´ uma sentenc¸a matema´tica onde aparece uma igualdade e uma ou mais varia´veis (ou indeterminadas). Portanto, uma equac¸a˜o na˜o pode dizer ser dita falsa ou verdadeira, pois nem todos os seus termos sa˜o conhecidos. Uma soluc¸a˜o de uma equac¸a˜o na varia´vel real x e´ um nu´mero real que, colocado no lugar de x na equac¸a˜o, fornece uma igualdade verdadeira. Resolver uma equac¸a˜o em R e´ usar propriedades alge´bricas de R para achar a soluc¸a˜o (ou soluc¸o˜es ) da equac¸a˜o. Observe que o enunciado acima na˜o pede que se resolva a equac¸a˜o, mas sim, que se exiba uma soluc¸a˜o da equac¸a˜o, para garantir existeˆncia de soluc¸a˜o, e que se mostre que a soluc¸a˜o dada e´ u´nica. Pesquise nas Notas de Aula 01 o procedimento adequado para mostrar que um objeto matema´tico satisfazendo certa propriedade e´ u´nico. E tambe´m o procedimento para se exibir um objeto satisfazendo certa propriedade. Demonstrac¸a˜o -(a) (Note que A e´ limitado inferiomente por √ 2 mas √ 2 /∈ A. Portanto, na˜o se pode aplicar a Observac¸a˜o 2.4). Sera´ usada a Definic¸a˜o 2.4, como segue. (i) √ 2 e´ uma cota inferior de A, pois a > √ 2 para todo a ∈ A pela pro´pria definic¸a˜o de A. Isto comprova a condic¸a˜o (I1) da Definic¸a˜o 2.4. (ii) Para mostrar a condic¸a˜o (I2) da Definic¸a˜o 2.4, deve-se provar que para cada c ∈ R tal que c > √2 existe a ∈ A tal que a < c. Seja c ∈ R tal que c > √2. Enta˜o pode-se ter c ≤ π ou c > π. Suponha inicialmente que c ≤ π (fac¸a um esboc¸o dos pontos na reta real para uma melhor compreensa˜o). Como c e √ 2 sa˜o nu´meros reais e √ 2 < c enta˜o pelo Teorema da Densidade dos Racionais (2.1), existe (pelo menos) um a ∈ Q tal que√2 < a < c. Como a ∈ Q e√2 < c < a ≤ π enta˜o a ∈ A, pela definic¸a˜o de A. Isto comprova a condic¸a˜o (I2) da Definic¸a˜o 2.4 (existe a ∈ A tal que √ 2 < a < c) no caso em que c ≤ π. Por outro lado, quando c > π, basta usar o Teorema 2.1 da Densidade dos Racionais para os reais √ 2 e π. De fato, este teorema garante que existe um a ∈ Q tal que √2 < a < π. Mas da´ı, tem-se que a ∈ Q e √2 < a < π < c, e portanto, aqui tambe´m, a ∈ A. Assim, tambe´m no caso em que c > π vale a condic¸a˜o (I2) da Definic¸a˜o 2.4 (existe a ∈ A tal que √2 < a < c). Assim, em qualquer das duas situac¸o˜es poss´ıveis para c > √ 2, encontrou-se a ∈ A tal que√ 2 < a < c. Isto comprova a condic¸a˜o (I2) da Definic¸a˜o2.4. Logo, dos itens (i) e (ii) tem-se pela Definic¸a˜o 2.4 que √ 2 = inf A. ✷ (b)Existeˆncia: Como a ∈ R e a 6= 0, enta˜o existe 1 a ∈ R. Logo b a = 1 a · b ∈ R e da´ı, substituindo em (2) vem que a · (1 a · b) = (a · 1 a ) · b = 1 · b = b. Portanto, a equac¸a˜o (2) tem pelo menos uma soluc¸a˜o x = b a ✷ Unicidade: Suponha que a equac¸a˜o (2) tem uma soluc¸a˜o y ∈ R. Ou seja, ay = b. Como a ∈ R∗ enta˜o 1 a ∈ R e multiplicando ambos os lados da igualdade ay = b por 1/a obte´m-se 1 a (ay) = 1 a b ; da´ı ( 1 a a)y = b a de onde segue 1.y = y = b a . Assim, se y e´ soluc¸a˜o de (2) enta˜o y = b a . Portanto, a soluc¸a˜o e´ u´nica. ✷ 4 5a Questa˜o - [2,0 pontos] Seja a ∈ R∗ com |a| < 1 uma constante. Mostre pela definic¸a˜o de limite que: a sequeˆncia (an)n∈N definida por an = √ n−√n− a, converge para 0. Demonstrac¸a˜o -Por hipo´tese, a ∈ R∗ com |a| < 1 (isto garante que n − a > 0, para todo n ∈ N, e que portanto, a sequeˆncia esta´ bem definida). Seja ǫ > 0. Pela Propriedade Arquimediana, existe n0 ∈ N tal que n0 > ( |a| ǫ )2 - e´ preciso fazer um rascunho para descobrir isto! Fixe-se n ∈ N com n > n0. Enta˜o, para este n, |√n−√n− a− 0| = |√n−√n− a| | √ n+ √ n− a| |√n+√n− a| = |(√n−√n− a)(√n+√n− a)| |√n+√n− a| √ n + √ n − a > 0 = = |n− (n− a)|√ n+ √ n− a = |a|√ n+ √ n− a Como √ n + √ n− a ≥ √n > 0 enta˜o 1√ n+ √ n− a ≤ 1√ n . Assim, voltando ao racioc´ınio acima, tem-se |√n−√n− a− 0| = |a|√ n+ √ n− a ≤ |a|√ n . (z) Como n > n0 > ( |a| ǫ )2 enta˜o √ n > |a| ǫ e da´ı |a|/√n < ǫ. Portanto, |(√n−√n− a)− 0| z≤ |a|√ n < ǫ . Como n > n0 foi tomado arbitrariamente (so´ com esta condic¸a˜o), pode-se afirmar que para todo natural n > n0 tem-se |( √ n−√n− a)− 0| < ǫ. Mostrou-se portanto que: para todo nu´mero real ǫ > 0, existe n0 ∈ N tal para todo n ∈ N, se n > n0 enta˜o |(√n−√n− a)− 0| < ǫ. Assim, escreve-se lim n→∞ [√ n−√n− a] = 0 . Ideia do rascunho: procura-se n0 >?? tal que n > n0 implique |an − 0| < ǫ. Ora: |an − 0| = | √ n−√n− a− 0| = |√n−√n− a| | √ n+ √ n− a| |√n+√n− a| = |(√n−√n− a)(√n+√n− a)| |√n+√n− a| √ n + √ n− a > 0 = = |n− (n− a)|√ n+ √ n− a = |a|√ n+ √ n− a Como √ n+ √ n− a ≥ √n > 0 enta˜o 1√ n+ √ n− a ≤ 1√ n . Assim, voltando |√n−√n− a− 0| = |a|√ n+ √ n− a ≤ |a|√ n . E |a|√ n < ǫ⇔ n > ( |a| ǫ )2 . Basta enta˜o tomar n0 > ( |a| ǫ )2 5
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