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4850 O CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO E A FORMAÇÃO DE PADRES Raylane Andreza Dias Navarro Barreto Universidade Federal do Rio Grande do Norte RESUMO O objetivo deste trabalho foi tratar do ideário educativo contido no código de direito canônico de 1983. Para tanto foi utilizado o próprio Código, bem como o seu anterior, o datado de 1917, a carta apostólica Summi Dei Verbo e uma bibliografia acerca do assunto. O que se pôde concluir, dentre outras coisas, foi que a formação de padres não foi e não é homogênea, mas é estreitamente vinculada aos códigos estabelecidos pela Igreja. De acordo com o livro II, Parte I (Dos Fieis) título III denominado “Dos ministros sagrados ou clérigos” cujos cânones vai do número 232 a 293 com alguns incisos, há o capitulo intitulado “Da formação dos clérigos” contendo todo o ideal de padre a ser formado. Há que se considerar, ao analisar o ideário contido no código, dois aspectos mais que outros: o primeiro é que até 1545 não havia nenhum documento que desse conta da formação de padres, o que se tinha era algumas orientações. Foi apenas no Concílio de Trento (1545-1563) que se tratou, pela primeira vez, de um modelo de padre a ser seguido. Um outro aspecto a ser considerado é que apesar das determinações do Concílio pouco se fez com relação à casa de formação de padres. Não fosse as ações da Companhia de Jesus e dos conventos e mosteiros que tinham por missão formar os seus membros, a formação de sacerdotes não seria ministrada. De acordo com as determinações do Concílio de Trento, contidas na carta Apostólica Summi Dei Verbo, a malícia do mundo, e o espírito pagão que ia renascendo nas escolas onde era educada a juventude, fez com que a Igreja atentasse para as normas consideradas inadequadas para o preparo dos futuros sacerdotes. Tais motivos foram determinantes para que se assegurasse uma conveniente formação em lugares adequados, sob a direção de sábios educadores e mestres. Embora a necessidade e os argumentos estivessem postos e legitimados o ideal de padre ilustrado e santo pregado pelo concílio não se fez notar. Aqui no Brasil, por exemplo, os preceitos tridentinos só foram evocados depois da laicização, ou seja em 1889. Até então as exigências para a formação de padres eram bastante incipientes, mesmo porque o país vivia sob o regime de padroado e quem nomeava os membros da hierarquia eclesiástica era o rei ou o imperador, conforme a forma de governo no decorrer da história. Depois que Pio IX e Leão XIII ordenaram algumas partes do Direito Canônico à maneira de codificação e Pio X, pelo Motu Proprio de 19 de março de 1904, reviu toda a elaboração multissecular do citado Direito e selecionou o material aproveitável, expurgando-o de elementos antiquados e reduzindo-o a fórmulas claras, adaptando-o às necessidades, este foi apresentado, através do seu sucessor, Bento XV, ao mundo no dia 04 de dezembro de 1916. Entretanto apenas no dia 27 de maio de 1917, solenidade de Pentecostes, é que foi promulgado o Código de Direito Canônico pela constituição Providentissima Mater Ecclesia, passando a vigorar somente um ano depois, no dia 19 de maio de 1918. O Código de Direito Canônico (CDC), ao ser criado tinha por objetivo tornar visível a estrutura hierárquica e orgânica da Igreja; organizar o exercício das funções divinamente confiadas à sociedade eclesial; compor as relações mútuas entre os fiéis; apoiar, proteger e promover iniciativas comuns em prol de uma vida cristã mais perfeita, além de permitir à sociedade eclesial e criar uma ordem que facilitasse o desenvolvimento da Igreja e de cada um de seus membros. De acordo com o código, cada nação deveria compor as diretrizes básicas para a formação sacerdotal, que por sua vez, devem ser estabelecidas pela Conferência dos Bispos, levando em conta as normas dadas pela suprema autoridade da Igreja, e aprovadas pela Santa Sé, devendo ser adaptadas a novas circunstâncias, em todos os seminários. De modo que cada seminário deve ter o seu próprio regulamento desde que aprovado pelo Bispo diocesano ou, se se tratar de seminário interdiocesano, pelos Bispos interessados. Uma vez estabelecidas e atendidas tais diretrizes, aspectos como a criação e organização dos seminários, o seu sustento, as exigências para admissão dos seminaristas, o incentivo às vocações, o desejo de uma formação humanística e científica, bem como aspectos filosóficos e teológicos, devem, de acordo com o CDC, ser considerados pelos seminários. De modo que todas as diretrizes para 4851 formação sacerdotal estão lá contidas, servindo de guia, de orientador, para os atuais e futuros seminários, de todas as (arqui) dioceses, de todas as regiões, de todos os países. Mas esse alicerce, esse código e seus cânones não fazem da formação de padres, algo homogêneo, as peculiaridades de dada local hão que ser considerada, para que se entenda de fato, a formação dos padres em cada local e em cada época. TRABALHO COMPLETO A Origem Código, segundo o dicionário jurídico de Paulo Roberto Benasse, é um “conjunto de dispositivos que regulam uma matéria jurídica”. (BENASSE, 2000, p 95). O primeiro código de que se tem notícia é o famoso “Código de Hamurábi”, rei da Babilônia nos anos 1728 a 1686 antes de Cristo. Este código foi escrito em um bloco de pedra, conservado até hoje no Museu de Paris, e seu objetivo era o de homogeneizar juridicamente o reino babilônico garantindo-lhe uma cultura comum. Apesar de poucas serem as pessoas que sabiam ler à época, apenas os escribas, o Código de Hamurábi expunha leis e as punições caso estas não fossem respeitadas, fixando assim, as diferentes regras da vida quotidiana. Em seu conteúdo a ênfase foi dada ao roubo, a agricultura, a criação de gado, aos danos à propriedade, aos direitos da mulher, aos direitos da criança, ao direito do escravo, assim como o assassinato, a morte e a injúria. Sendo a punição ou pena diferente para as diferentes classes de ofensores e vítimas. Suas leis não toleravam desculpas ou explicações para erros ou falhas: o código era exposto livremente à vista de todos, de modo que ninguém pudesse alegar desconhecimento da lei como desculpa para cometer um delito. Com o passar dos tempos, mais precisamente com a formação do Estados contemporâneos, surgiram, também, os códigos modernos, que diz que o Estado detém o direito de criar normas jurídicas, fazendo do código um conjunto de regras de aplicação igual e generalizada dentro dos liames do Estado. Foi assim que nasceram na Europa o código civil em 1806, o de comércio em 1807, o código de instrução criminal em 1808 e o código penal em 1810. Diferenciando-se um pouco deste conceito há um outro tipo de código, o Código de Direito Canônico - CDC. Segundo o dicionário de Antonio Hauaiss canônico “esta de acordo com os cânones, com as regras eclesiásticas, os dogmas da Igreja” (HAUAISS, 2001, p. 601). Pode-se dizer então que o CDC é a lei criada pela Igreja visando a sua própria administração. Como documento legislativo principal da Igreja, fundado na herança jurídico-legislativa da Revelação e da tradição, o CDC serve como guia que assegura a ordem da vida individual, social e das próprias atividades da Igreja, como também define certas regras e normas de ação. Desde os tempos imemoriais a Igreja Católica teve as suas normas, as suas regras, fossem elas de ação, de reparação ou mesmo de comportamento. Havia, entretanto dois problemas: a desorganização e a ineficiência de vários cânones. De modo que mesmo àquelas leis elaboradas a partir do Concílio de Trento, não foram reunidas, organizadas, sistematizadas, o que caracterizava sua ineficácia, dado que eram leis e mais leis, às vezes contrárias entre si, às vezes repetidas, às vezes ultrapassadas. O que por sua vez, fazia com que a Igreja enfrentasse várias crises, sobretudo de ordem disciplinar.Por conta disso vários membros da Igreja, quando da organização do Concílio Vaticano I solicitaram que tais leis, ou cânones fossem revistos e organizados em uma única coletânea a fim de “atender com maior certeza e segurança à cura pastoral do povo de Deus”. (CDC, 1984, p. XXVI). Assim, o Papa Pio X, que estava assumindo o seu pontificado, adotou essa tarefa, incumbindo ao cardeal Pietro Gasparri a missão de coordenar a compilação e reforma de todas as leis eclesiásticas. O Primeiro Código - 1917 4852 Ao optar pelo sistema hodierno de codificação e imitar o sistema das instituições do direito romano, sobre as pessoas, as coisas e as ações, os reformadores compilaram os textos em cinco livros num período de doze anos, com a participação de vários peritos, consultores e bispos de toda a Igreja. Depois que Pio IX e Leão XIII ordenaram algumas partes do Direito Canônico à maneira de codificação e Pio X, pelo Motu Proprio de 19 de março de 1904, reviu toda a elaboração multissecular do citado Direito e selecionou o material aproveitável, expurgando seus elementos retrógrados, reduzindo-o a expressões claras, adequando-o às necessidades, este foi apresentado, através do seu sucessor, Bento XV, ao mundo no dia 04 de dezembro de 1916. Entretanto apenas no dia 27 de maio de 1917, solenidade de Pentecostes, é que foi promulgado o Código de Direito Canônico pela constituição Providentissima Mater Ecclesia, passando a vigorar somente um ano depois, no dia 19 de maio de 1918. O CDC de 1917 traz em seu bojo cinco livros, cujo conteúdo assim se dispõe: Livro primeiro – Normas Gerais Aborda as leis eclesiásticas dos costumes, a contagem dos tempos, os rescritos, os privilégios e as dispensas. Livro segundo – Das Pessoas Trata dos clérigos, dos religiosos e dos seculares Livro terceiro – Das Coisas Enfoca os Sacramentos: batismo, confirmação, a santíssima eucaristia, a penitencia, a extrema- unção, a ordenação, o matrimonio e os sacramentais, os lugares e templos sagrados, o culto divino, o magistério eclesiástico, os benefícios e outros benefícios eclesiásticos nos colegiados e os bens temporais da Igreja. Livro quarto – Dos processos Trata dos juízos, das causas de beatificação dos servos de Deus e da canonização dos beatos, do modo de proceder na transmissão de alguns assuntos e na aplicação de algumas sanções penais. Livro quinto – Dos delitos e das penas Versa sobre os delitos e as penas para cada um dos delitos. A formação dos padres foi, sem dúvida, a mais importante medida adotada para a organização e renovação da instituição. O Código teve capítulo especial para esse assunto. No Livro II, primeira parte, intitulado “Do povo de Deus” no título III designado “Dos ministros sagrados ou clérigos” há, distribuídos em 61 cânones as normas para a formação, a adscrição ou incardinação, as obrigações e direitos dos clérigos, bem como os motivos e como se dá a perda do estado clerical. No Brasil, por exemplo, a laicização advinda da proclamação da república, e a implantação do código deram ao eclesiástico uma nova imagem daquela que até então o identificava, ou pelo menos assim se propôs. O que se queria era acabar com o que vinha acontecendo com o regime de padroado, em que o governante do poder político decidia sobre as ordenações sacerdotais, caracterizando o ofício eclesiástico, como uma profissão como outra qualquer, com salário, inclusive. Com o CDC de 1917 ficou determinado que “A la Iglesia le compete el deretcho próprio y exclusivo de formar a los que desean consagrarse a los ministérios eclesiásticos.” (CDC de 1917, 1951, p. 508). De modo que com a sua implantação, o que se queria era eliminar com a imagem de desregrado, descomprometido com os propósitos da Santa Sé e de funcionário do poder político, que não condiziam com os púberes objetivos da Igreja. Assim, várias dioceses foram implantadas, seminários foram criados, professores foram formados, vários religiosos assumiram a imprensa escrita, perfazendo um novo conceito, uma nova Igreja. Vários outros cânones atestam a importância e a seriedade do primeiro CDC, mas no que se refere à formação sacerdotal talvez o mais claro seja o seguinte: Les ensenarán a menudo las reglas de la verdadera y cristiana urbanidad, estimuládolos con su ejemplo a practicarlas; los exhortarán asimismo a que guardem de continuo los preceptos de la higiene, la limpieza del vestido y del corpo, y cierta delicadeza en el trato, unida con modestia y gravedad. (CDC, 1953, cân. 1369§ 2) 4853 Tal cânone traz sucintamente o perfil do padre a ser formado: obediente, asseado, delicado, modesto e sério, além de formado nos preceitos do tomismo, segundo o qual razão e fé convivem e se completam podendo ser estudadas através da Filosofia e da Teologia, cursos que compõem a formação sacerdotal. Além de tais diretrizes, aspectos como a criação e organização dos seminários, o seu sustento, as exigências para admissão dos seminaristas, o incentivo às vocações, o desejo de uma formação humanística e científica, bem como aspectos filosóficos e teológicos que devem ser considerados pelos seminários, são colocados e comentados no decorrer dos artigos do código. De modo que todas as diretrizes para formação sacerdotal estavam lá contidas, servindo de guia, de orientador, para os de todas as (arqui) dioceses, de todas as regiões, de todos os países. Mas esse alicerce, esse código e seus cânones não fazem da formação de padres, algo homogêneo, as peculiaridades de dada local hão que ser considerada. No Brasil, tomando como marco explicativo à diocese de Aracaju, as estratégias da Igreja, assumidas logo depois da laicização, se fizeram notar. Em 1910 foi criada a Diocese; no final do ano de 1911, chega o primeiro bispo: D. José Thomas Gomes da Silva, já em 1912 foi criado o boletim informativo da Igreja, depois transformado no jornal “A Cruzada”; em 1913, fundado o Seminário Diocesano Sagrado Coração de Jesus, ficando pronto o seu estatuto em 1914; além da criação de várias paróquias e da presença constante de sacerdotes nas escolas de todo o Estado. Com a edição e difusão do CDC, tais iniciativas ganharam peso e eficácia. Não se tratava apenas de princípios táticos, mas de norma. O código veio para retificar e ratificar ações, omissões e conceitos. È verdade que a Igreja tem em seus concílios, suas encíclicas, suas cartas pastorais fatores determinantes para sua maneira de agir, entretanto, a criação do CDC foi a sua principal atitude no tocante as normas. É verdade também que muitos fatos foram colocadas à margem ou mesmo desprezadas, mas com o passar dos tempos às cobranças foram reveladas. A transição do código de 1917 para o código de 1983. Naquele momento o código realmente cumpriu sua missão. Foi por ele que a Igreja ascendeu e combateu o protestantismo, este, por sinal, fundamental para que a Igreja revisse seus comportamentos e conceitos e atualizasse-os de maneira a melhorá-los, adaptando-os às novas condições. Entretanto, com o tempo ele foi ficando obsoleto e as exigências por um novo código se fizeram necessárias. Mesmo porque tal código, considerado pio-beneditino, não foi de todo novo, uma parte significativa foi apenas uma organização, de forma nova, dos cânones até então vigente. ( CDC, 1984, p. XXVI). Muito tempo se passou até que um novo código fosse pensado, organizado e posto em prática. Somente em 25 de janeiro de 1959, ao divulgar as notícias sobre o Sínodo de Roma e do Concílio Vaticano II, João XXIII, o então Papa, sucessor de Paulo VI, anunciou que tais acontecimentos seriam o inicio da preparação da renovação do Código. Mas apenas quatro anos depois, foi estabelecida a comissão para a revisão do código. No dia 28 de março de 1963, ou seja, tempos depois de iniciado o Concílio, sob a presidência do cardealPedro Ciriaci tendo como secretário o Monsenhor Giacomo Violardo, foi instituída a comissão. Contudo os trabalhos só efetivamente começaram, no ano seguinte. Passados os anos, muitos membros foram sendo incorporados e tantos outros saíram ou por motivo de doença ou mesmo por morte. No mesmo ano de 1964 João XXIII, aumentou em 70 consultores a Comissão em prol da reforma. Mas esta apenas teve o seu inicio depois de terminado o Concílio aproveitando dele todos os seus fundamentos. Mesmo porque este já havia discutido em seu seio a nova mentalidade e as novas necessidades dos católicos. Foram convidados a participar da elaboração do código além do cardeal Pedro Ciriaci, que iniciou a obra e o cardeal Péricles Felici, que auxiliou por muito tempo os trabalhos, constituindo-se a Comissão Preparatória e os secretários: o Monsenhor Giacomo Violardo, o Padre Raimundo Bidagor, da Companhia de Jesus, além de muitos outros cardeais, arcebispos, bispos e tantos outros que fizeram consultoria sobre 4854 os diversos assuntos contidos no código. Como Pró-presidente da Comissão, elegeram o “Venerável Irmão Rosalio Castillo Lara”, depois o padre Guilherme Onclin1. De modo que ao ficar pronto o objetivo do Código e conseqüentemente de sua instituidora estava posto: era a normatização da estruturação, da vida e do relacionamento entre os diversos membros da Igreja, era tornar real a estrutura hierárquica e orgânica da Igreja; estabelecer o exercício das funções divinamente confiadas à sociedade eclesial; endireitar as relações mútuas entre os fiéis; amparar, abrigar e agenciar iniciativas comuns em prol de uma vida cristã mais completa, além de admitir à sociedade eclesial e instituir uma ordem que promovesse a ampliação da Igreja e de todos os seus membros. (CDC de 1983). Dividido em sete livros o novo Código de Direito Canônico ficou assim disposto: Livro primeiro - Das Normas Gerais Aborda as Leis e Costumes eclesiásticos, os Decretos Gerais e Instruções, os Estatutos e Regimentos e os Ofícios Eclesiásticos. Livro segundo - Do Povo de Deus Versa sobre as obrigações e direitos de todos os fiéis (clérigos e leigos), as Associações de fiéis, a estrutura hierárquica da Igreja, a organização interna das igrejas particulares e os Institutos e Sociedades religiosas e seculares. Livro terceiro - Do Múnus de Ensinar da Igreja Trata do Ministério da Palavra, da Ação Missionária, da Educação escolar, dos Meios de Comunicação Social e dos Livros. Livro quarto - Do Múnus de Santificar da Igreja Aborda dos Sacramentos, do Culto Divino, do Culto dos Santos e das Imagens Sagradas, dos lugares e tempos sagrados. Livro quinto - Dos Bens Temporais da Igreja Trata da aquisição, administração, alienação dos bens eclesiásticos em geral. Livro sexto - Das Sanções na Igreja Debate acerca dos delitos e das penas em geral, do processo penal, da aplicação e cessação das penas, dos diversos tipos de delitos. Livro sétimo - Dos Processos Trata dos diversos foros e tribunais, das partes no processo, das ações e exceções, do julgamento das causas e dos recursos, dos processos para as declarações de nulidade do matrimônio e das ordenações. Trata ainda dos processos administrativos e dos recursos nestes processos. Com relação mais especificamente a formação sacerdotal, pouco se mudou da estrutura admissiva do código anterior, entretanto no que diz respeito à doutrina e a vida eclesiástica, um novo modelo escolar foi edificado. O CDC aborda três aspectos cruciais para o desenvolvimento do seu modelo escolar; o primeiro deles está relacionado à criação dos seminários e o segundo foca a admissão dos candidatos ao sacerdócio e o terceiro e tão, ou mais importante quanto, é a formação dada aos seminaristas. Levando em consideração que “os modelos escolares têm uma lógica generalista e, principalmente, uma fisionomia bem específica que incorporam, continuamente, um leque de idéias, experiências e práticas educacionais renovadoras” (ARAÚJO, 2004, p. 01). E que, Com a modernidade, e mediante os progressivos avanços das teorizações referentes à educação escolar, os modelos educativos em supremacia basicamente estavam referenciados por um tempo, horário, edifícios, classes, 1 Segundo Forn ao longo dos anos colaboraram na tarefa de revisão, na Comissão de Reforma do Código, 105 cardeais, 77 arcebispos ou bispos, 73 presbíteros seculares, 47 presbíteros religiosos, 3 religiosas e 12 leigos, dos cinco continentes e de 31 nações. Tudo isto excluindo-se as numerosas consultas a órgãos competentes ou o detido estudo das múltiplas sugestões encaminhadas por especialistas de todo o mundo, que se sucederam por quatro pontificados até chegar, enfim, a este corpo legal constituído por 1.752 cânones. 4855 espaços, método, saberes e regulamentos, ‘donde a dimensão cognitiva da formação da pessoa humana, tendia a sobrepor-se, reforçando a aprendizagem como processo formativo principal...’ (ARAÚJO, 2004, p. 02). O que se vê, diante dos cânones propostos pelo CDC de 1983 é não só uma continuação do CDC de 1917 no tocante ao pressuposto de uma melhor formação sacerdotal, mas uma versão melhorada, pois além de evoluir naturalmente acompanhando a modernidade, desconstrói a imagem de imparcialidade e radicalidade característica do modelo adotado pela Igreja até o Concílio Vaticano II. De acordo com Silvio Firmo do Nascimento foi com o “Vaticano II” e as conferencias episcopais de Medellín, Puebla e Santo Domingo que, dentre outras coisas, iniciou-se: A reforma litúrgica; a valorização de formas de piedade mais articuladas com a liturgia e a piedade popular, a difusão da Bíblia e a multiplicação dos círculos bíblicos, sementes da multiplicação das comunidades eclesiais de base; a criação de novos ministérios e a multiplicação dos agentes de pastoral, especialmente na área catequética e pastoral, a dinamização da pastoral vocacional; a extensão da ação pastoral a categorias e ambientes até então pouco assistidos (índios, negros, posseiros, pescadores, menores abandonados, mulheres marginalizadas, famílias incompletas, etc); a articulação da pastoral de conjunto e o planejamento pastoral; a defesa dos direitos humanos, mesmo a preço de grandes sacrifícios e do risco da vida; a promoção de muitos organismos de participação e corresponsabilidade; a solidariedade entre Igrejas irmãs; os novos empreendimentos missionários; o ensinamento episcopal, com pronunciamentos oportunos sobre os grandes temas nacionais”. (NASCIMENTO, 2005, p. 140). O Código de Direito Canônico de 1983 e a formação de padres No tocante a preparação dos padres pode-se ter a idéia do que e como se queria (re)formá-lo. Da mesma forma que o código anterior, ao tratar dos Seminários expressa o cânone. 232 “É dever e direito próprio e exclusivo da Igreja, formar os que se destinam aos ministérios sagrados” (LIVRO II do CDC, 1983, p. 102). Partindo desse pressuposto ficou atribuída a toda a comunidade cristã o dever de incentivar as vocações, devendo às famílias cristãs, os educadores e, de modo particular, os sacerdotes, ficando a cargo dos Bispos diocesanos, cuidar da promoção das vocações, alertando sobre a importância do ministério sagrado e sobre a necessidade de ministros na Igreja; suscitando e sustentando iniciativas para incentivar as vocações com obras especialmente instituídas para isso. Por esse código “os homens de idade mais madura” podem, uma vez que se julgarem chamados aos ministérios sagrados, ser preparados. O código também prima pela conservação dos seminários já existentes, além da criação de novos outros, mas quando assim não for possível o jovem que se interessar por chegar ao sacerdócio e não puder freqüentar o seminário desde cedo pode, assim como os outrosjovens de sua região, preparar-se segundo uma visão humanística e científica com a qual os jovens da respectiva região se preparam para fazer os estudos superiores. Terminado os estudos do seminário menor ou equivalente, o aluno é encaminhado ao seminário maior, lá deve cumprir todas as exigências que vão desde o tempo de formação: de no mínimo quatro anos, o respeito aos superiores hierárquicos da instituição que tem na pessoa do reitor o seu mais alto representante, subordinado, por sua vez ao bispo e há também a figura do vice-reitor e do ecônomo, além dos professores, de um diretor espiritual e de confessores.2 Quanto a aceitação de candidatos à carreira eclesiástica algumas medidas se fizeram fundamentais para esse novo modelo criado pela Igreja, a começar pelas “decisões relativas à admissão dos alunos às 2 Há nos seminários uma liberdade dada ao aluno para que este procure outro confessor quando assim o quiser, não devendo o reitor perguntar o por quê, nem o constranger. 4856 ordens ou à sua demissão do seminário”. De acordo com o novo código para se aceitar o candidato “nunca se pode pedir o parecer do diretor espiritual e dos confessores” as informações colhidas para o aceite ou não do candidato devem ser capturadas na comunidade em que ele vive, com o seu pároco, com os seus amigos. Pois é cânone do CDC: Sejam admitidos ao seminário maior, pelo Bispo somente aqueles que, em vista de suas qualidades humanas e morais, espirituais e intelectuais, sua saúde física e psíquica, como também reta intenção, são julgados hábeis para se dedicarem perpetuamente aos ministérios sagrados (CDC, 1983, cân. 241 § 1). Portanto há de existir um processo seletivo: antes de serem recebidos, devem apresentar os atestados de batismo e de confirmação e os outros que se requerem, de acordo com as prescrições das diretrizes básicas estabelecidas pela Conferência dos Bispos, que leva em conta as normas dadas e aprovadas pela Santa Sé, para a formação sacerdotal. Se se tratar de transferência ou mesmo de afastamento de outra instituição semelhante requer-se ainda o testemunho do respectivo superior, principalmente sobre a causa do seu afastamento ou saída. Tais e mais normas são concatenadas no regulamento próprio de cada seminário, que por sua vez determina sobretudo os pontos disciplinares referentes à vida cotidiana dos alunos e à organização de todo o seminário. Neste, a formação espiritual e a preparação doutrinal dos alunos devem ser harmoniosamente conjugadas tendo por finalidade fazer com que eles adquiram, de acordo com a índole de cada um, junto com a devida maturidade humana, “o espírito do Evangelho e uma profunda intimidade com Cristo”.(CDC, 1983). Pela formação espiritual, os alunos devem se tornar mais aptos a exercer frutuosamente o ministério pastoral e se formarem para o espírito missionário, aprendendo que o ministério cumprido sempre com “viva fé e caridade contribui para a própria santificação”; assim também, devem aprender a cultivar as virtudes que são mais apreciadas na convivência humana, de modo que possam “chegar a uma adequada harmonia entre os valores humanos e os sobrenaturais”.(CDC, 1983). Os alunos sejam, de tal maneira formados que “adiram com caridade humilde e filial ao Romano Pontífice, unam-se ao próprio Bispo como fiéis cooperadores e colaborem com os irmãos”; pela vida comum no seminário e pelo cultivo do relacionamento de amizade e união com os outros e que se preparem para a união fraterna no presbitério diocesano de que participarão no serviço da Igreja. Que sejam incentivados ao culto à “Bem-aventurada Virgem Maria”, como também, ao rosário mariano, a oração mental e outros exercícios de piedade, com os quais os alunos adquiram “o espírito de oração e consigam a firmeza de sua vocação”. Os alunos também têm que se aproximar do sacramento da penitência e recomenda-se que cada um tenha o seu diretor espiritual, escolhido livremente, ao qual possa manifestar com confiança a própria consciência. Há de fazer inclusive a cada ano os exercícios espirituais e serem preparados, por uma adequada educação, para guardar o estado do celibato, e aprendam a “apreciá-lo como dom especial de Deus”. (CDC, 1983, cân 247). Os alunos também tem que serem informados sobre as obrigações e responsabilidades próprias dos ministros sagrados da Igreja, não lhes ocultando nenhuma dificuldade da vida sacerdotal. Quanto a formação doutrinal esta deve ser ministrada aos alunos, juntamente com a cultura geral e com as necessidades de lugar e tempo, deixando apto o aluno para que adquira conhecimento amplo e sólido nas ciências sagradas, de modo que tendo “a própria fé nelas fundada e delas nutrida, possam convenientemente anunciar a doutrina do Evangelho aos homens de seu tempo, de forma adaptada à mentalidade destes”. (CDC, 1983, 248). As diretrizes básicas para a formação sacerdotal devem providenciar que os alunos aprendam a língua vernácula, dominem a língua latina, e aprendam convenientemente as línguas estrangeiras, cujo conhecimento pareça necessário ou útil para sua formação ou para o exercício do ministério pastoral. (CDC, 1983, cân. 249). 4857 Os estudos filosóficos e teológicos, organizados no próprio seminário, podem ser feitos sucessiva ou simultaneamente, de acordo com as diretrizes básicas para a formação sacerdotal; compreendam, ao menos seis anos completos, de tal modo que o tempo reservado às disciplinas filosóficas corresponda a dois anos completos, e o tempo reservado aos estudos teológicos, a quatro anos completos. (CDC, 1983, cân. 250). A formação filosófica, que deve estar baseada num patrimônio filosófico válido, tem ainda que levar em conta a investigação filosófica no progresso do tempo, sendo ministrada de tal modo que complete a formação humana dos alunos, lhes aguce a mente e os torne mais aptos para fazerem os estudos teológicos. (CDC, 1983, cân. 251). A formação teológica, por sua vez, deve ser ministrada de tal modo que os alunos conheçam toda a doutrina católica, fundamentada na Revelação divina e dela façam alimento de sua vida espiritual e possam anunciá-la e defendê-la devidamente no exercício do ministério. Instruídos na Sagrada Escritura, os alunos devem ter aulas de teologia dogmática, fundamentada sempre na palavra de Deus escrita junto com a sagrada Tradição, pelas quais os alunos, tendo por mestre principalmente Santo Tomás, aprendam a penetrar mais intimamente os mistérios da salvação; haja igualmente aulas de teologia moral e pastoral, de direito canônico, de liturgia, de história eclesiástica e de outras disciplinas complementares e especiais, de acordo com as prescrições das Diretrizes básicas para a formação sacerdotal. (CDC, 1983, cân. 252 § 1). Para serem professores nos seminários este hão de ser distintos para o ensino das respectivas matérias, que devem ser dadas segundo método próprio. O professor que faltar gravemente em seu ofício deve ser destituído. Com relação ao ensino das diversas disciplinas, os professores têm que se preocupar continuamente com a unidade e harmonia de toda a doutrina da fé, a fim de que os alunos sintam que estão aprendendo uma única ciência; para se conseguir mais facilmente essa finalidade, o seminário é obrigado a ter alguém que coordene toda a organização dos estudos. Com relação ao método, os alunos devem ser instruídos de tal modo que também eles se tornem capacitados a investigar as questões, mediante aptas investigações próprias e com método científico; havendo, portanto, exercícios nos quais sob a guia dos professores, os alunos aprendam a levar a cabo alguns estudos com o próprio trabalho. (CDC, 1983, cân. 254). Como a formação dos alunos no seminário tem em vista o fim pastoral, deve ser organizada nele uma preparação com a qual os alunosaprendam os princípios e as técnicas referentes ao exercício do ministério de ensinar, santificar e governar o povo de Deus, levando em conta também as necessidades de tempo e lugar. (CDC, 1983, cân. 255). Quanto aos alunos aconselha-se que estes devem ser diligentemente instruídos em tudo o que se refere de modo específico ao ministério sagrado, particularmente na catequética e na homilética, na celebração do culto divino e principalmente dos sacramentos, no diálogo com as pessoas, mesmo não católicas ou não crentes, na administração paroquial e no cumprimento de todos os outros encargos. Os alunos sejam também instruídos sobre as necessidades da Igreja universal, de modo a terem solicitude pela promoção das vocações, pelos problemas missionários, ecumênicos e por outros problemas mais urgentes, também de caráter social. Deve-se organizar ainda a formação dos alunos de tal modo que se mostrem prontos para se dedicarem às Igrejas. Para que os alunos aprendam concretamente a técnica da ação apostólica, durante o currículo dos estudos e principalmente no tempo das férias, devem ser iniciados, sempre sob a orientação de um sacerdote capacitado, na prática pastoral, com oportunas experiências adaptadas à idade dos alunos e às condições locais, a serem determinadas segundo o juízo do Ordinário. (CDC, 1983, cân. 258). Ao Bispo diocesano ou, se se tratar de seminário interdiocesano, os Bispos interessados, devem cuidar que se assegurem à constituição e a conservação do seminário, o sustento dos alunos, a remuneração dos professores e as outras necessidades do seminário, impondo uma contribuição na diocese. Deve, inclusive, obrigar a dar contribuição em favor do seminário todas as pessoas jurídicas eclesiásticas, mesmo privadas, que tenham sede na diocese, a não ser que se mantenham unicamente com ofertas ou tenham em funcionamento colégio de alunos ou de professores para promover o bem comum da Igreja; essa contribuição deve ser geral, proporcionada às rendas dos que estão a ela obrigados e determinada de acordo com as necessidades do seminário. (CDC, 1983, cân. 263 e 264). 4858 O que se pode perceber é que tal modelo escolar criado e implantado através do CDC de 1917 e tempos depois revisto, melhorado e ampliado no CDC de 1983 serviu de molde para que a Igreja revisse o seu processo formativo e ampliasse de maneira sistemática a fé e a doutrina católica vista como essencial para a supremacia da instituição em várias partes do mundo. Tal modelo também favoreceu em muitos aspectos os sistemas educativos de varias nações católicas. Ao tomar como exemplo o Brasil, pode-se notar que os padres formados de acordo com tais preceitos favoreceram ou mesmo instituíram também um modelo educativo aliando a doutrina católica contida e difundida pelo código de direito canônico aos aspectos formais, estruturais e curriculares propostos pelos setores responsáveis pela educação do país. Aspectos como obediência, respeito à hierarquia e disciplina no cumprimento dos ofícios, para citar apenas alguns, são característicos da educação católica promovidas não só para os padres mas pelos padres. A atuação dos padres formados de acordo com os cânones dos CDC demonstra bem a apropriação que foi feita dos conteúdos e dos ideais que foram, ao longo dos tempos, ministrados pela nova forma de pensar e de atuar da Igreja. Exemplos como o do Seminário Sagrado Coração de Jesus de Sergipe e o do Seminário Imaculada Conceição da Paraíba, e de tantos outros, são representativos para os seus respectivos Estados na medida em que são não só casas de formação de padres, mas casas formadoras de intelectuais ativos, criadores, mediadores e engajadores, na medida em que fundaram escolas, desenvolveram métodos, adaptaram os temas religiosos aos novos recursos pedagógicos e difundiram, através da sala de aula e de outros ambientes, a doutrina católica. Bibliografia ARAÚJO, Marta Maria de; BARROS, Eva Cristini Arruda Câmara. Templo de Atena, Casa de Minerva, assim nasceu o Colégio Atheneu de Natal, RN (1834 – 1859). Trabalho apresentado no V Congresso Brasileiro de História da Educação. Évora, 5 a 8 de abril de 2004. BARRETO, Raylane Andreza Dias Navarro. Os Padres de Dom José: O Seminário Sagrado Coração de Jesus 1913-1933. São Cristóvão: UFS, 2004. (Dissertação de Mestrado em Educação). BENASSE, Paulo Roberto. 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