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Fundamentos de Direito Público Carlos Ari Sundfeld

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FUNDAMENTOS DE DIREITO PÚBLICO
Cap 1- Regulação Jurídica do Poder Político
	Ao pensarmos o Brasil como um grupo de pessoas organizadas sob determinadas regras, que permitem a convivência de todas, verificamos ser ele também um grupo social, chamado Estado, no qual há um poder, que sujeita todos os habitantes do país. Poder é a relação de influência entre indivíduos. Damos a esse poder o nome de poder político.
A primeira característica do poder político é a possibilidade do uso da força física contra aqueles que não se comportem de acordo com as regras vigentes. A segunda característica do poder estatal é a de não reconhecer a ninguém poder semelhante ao seu ele reserva para si, com exclusividade, o uso da força. Além disso, o poder do Estado se impõe aos demais poderes existentes em seu interior, razão pela qual lhes é superior e não reconhece poder externo superior ao seu, é soberano.
Características do poder político:
mantém-se com o uso da força;
reserva para si seu uso exclusivo;
não reconhece poder interno superior ao seu;
não reconhece poder externo ao seu (é soberano).
Chamamos o detentor do poder político de Estado-poder, integrado por aqueles que definem as regras de convivência na sociedade e as aplicam, com o uso da força, se necessário (presidente, ministros, deputados), e seu destinatário de Estado-sociedade, formado por todos os habitantes do país. O Estado-poder é uma pessoa jurídica integrado por muitos indivíduos, chamados de agentes públicos.
O direito privado é formado pelo conjunto de normas regendo as relações dos indivíduos entre si, dentro do Estado-sociedade e o direito público é formado pelo conjunto de normas que regulam as relações entre Estado e indivíduos, organiza o próprio Estado e suas relações com outros Estados. O direito público faz referência a um plexo de idéias consagradas modernamente, sobretudo após as Revoluções Americana e Francesa, em torno das relações entre indivíduos e Estado. Direito subjetivo público é um direito que o indivíduo titulariza contra o próprio Estado.
Cap 2 - Evolução histórica da Regulação do Poder Político
Antiguidade: 
A lei para os antigos gregos era sagrada e imutável, sendo atribuída a um poder divino e os cidadãos sentiam orgulho de submeter-se a uma ordem (à lei). A liberdade para os helênicos era, essencialmente, a oportunidade de participar dos negócios públicos, de cumprir uma função na cidade, de se submeter à lei (liberdade política) e a não sujeição corporal de um cidadão a outro (liberdade civil). Inexistia um direito à liberdade individual contra a autoridade.
Idade Média:
O advento da Idade Média, com a dispersão da autoridade entre inúmeros centros de poder (reis, Igreja, senhores feudais), torna mais complicada a identificação de normas de direito. O cristianismo, a invasão dos bárbaros e o feudalismo caracterizam o Estado Medieval, sendo causa e conseqüência de uma permanente instabilidade política, econômica e social, gerando uma intensa necessidade de ordem e de autoridade, que seria o germe da criação do Estado Moderno.
Absolutismo:
A Idade Moderna, com a centralização do poder em torno de um soberano, permitiu a identificação clara das regras a regerem as relações. O período se caracteriza pela formação do Estado, de um poder soberano que não encontra limitação, quer interna, quer externa, O Estado criador da ordem jurídica não se submetia a ela, dirigida apenas aos súditos. O soberano e, portanto, o Estado, não poderia ser questionado e impossível seria exigir ressarcimento por algum dano causado por autoridade pública. O Estado exercia aos indivíduos um poder de polícia (Estado Polícia), que impunha, de modo ilimitado, quaisquer obrigações ou restrições, inexistindo direitos individuais contra o Estado. Os funcionários só exerciam poder por delegação do soberano.
Idade contemporânea:
A transformação radical da regulação do poder ocorreu nesse período, sendo as Revoluções Americana e Francesa seus marcos históricos mais notáveis. O que há de significativo neste novo período é que os sujeitos incumbidos de exercerem o poder político passam a dever obediência a certas normas jurídicas cuja finalidade é impor limites ao poder. O exemplo mais remoto de norma jurídica imposta ao poder político para limitá-lo, com a finalidade de proteger os destinatários, é o da Magna Carta da Inglaterra (1215). Cunha-se a partir de então, o conceito de Estado de Direito, isto é, de um Estado que realiza suas atividades debaixo da ordem jurídica.
Cap 3 - O Estado Social e Democrático de Direito
	Estado de Direito é o que se subordina ao Direito, que se sujeita a normas jurídicas reguladoras de sua ação, que define e respeita, através de normas jurídicas, seja os limites de sua atividade, seja a esfera da liberdade de indivíduos.
Uma mesma autoridade não pode ser incumbida de fazer a lei e de, ao mesmo tempo, aplicá-la. É necessária também a presença de outra autoridade para julgar as eventuais irregularidades da lei e de sua aplicação. As funções de fazer as leis (legislador), aplicá-las (administrador) e resolver os conflitos (julgar), devem pertencer a autoridades distintas e independentes, a isso denominamos separação dos Poderes.
Essa separação não pode ser mudada pelo legislador através da lei; deve haver uma norma superior à lei, também superior ao Estado que a produz, definindo a estrutura do Estado e garantindo direitos aos indivíduos e essa norma chama Constituição.
Logo, definimos o Estado de Direito como o criado e regulado por uma Constituição (norma jurídica superior às demais), onde o exercício do poder político seja dividido entre órgãos independentes e harmônicos, que controlem uns aos outros, de modo que a lei produzida por um deles tenha de ser necessariamente observada pelos demais e que os cidadãos, sendo titulares de direitos, possam opô-los ao próprio Estado.
	Características do Estado de direito
a supremacia da Constituição;
a separação dos Poderes;
a superioridade da lei; e 
a garantia dos direitos individuais.
O ordenamento jurídico (conjunto das normas jurídicas) pode ser visto graficamente como uma pirâmide. No topo dela se encontra a Constituição (norma jurídica fundamental – Carta ou Lei Magna) que define quem pode fazer leis, como deve fazê-las e quais os limites da lei, estabelecendo os termos essenciais do relacionamento entre as autoridades e os indivíduos. As leis tiram seu fundamento de validade e só são válidas de acordo com a Constituição, nisso consiste a supremacia da Constituição.
A lei editada por alguém não autorizado pela Constituição ou cujo conteúdo viole direito individual por ela assegurado, será inconstitucional; não valerá, não pode nem deve ser acatada.
A Constituição é feita por um Poder Constituinte. A Carta brasileira de 1969 foi ditada por chefes militares e a de 1988 foi promulgada por Assembléia de representantes do povo, eleita para tal finalidade. Feita a Constituição, o Poder Constituinte desaparece e surge o Estado, como criatura da Constituição.
Para ser real o respeito da Constituição e dos direito individuais, por parte do Estado, é necessário dividir o exercício do poder político entre órgãos distintos, que se controlem mutuamente. A separação dos Poderes estatais é elemento lógico essencial do Estado de Direito.
Ao Legislativo cabe as funções legislativas, correspondentes à edição de normas gerais e abstratas (as leis); ao Executivo cabe a função administrativa, em aplicação da lei anteriormente editada (cobrar tributos, prestar serviços) e ao Judiciário cabe a função jurisdicional: julga os conflitos. Cada um tem suas autoridades e não devem respeito hierárquico às autoridades do outro Poder.
Cada Poder corresponde a um limite ao exercício das atividades do outro, assim, o poder freia o poder, evitando a tirania. A formulação teórica da divisão dos Poderes e funções do Estado é de Montesquieu, em sua obra clássica Do Espírito das Leis.
A lei que, até o período medieval,era vista como sagrada e imutável e, no período absolutista, como fruto de um querer divino que o soberano expressava, ganha, com o Estado de Direito, característica humana: passa a ser a expressão da vontade geral. Só a lei pode definir e limitar o exercício dos direitos individuais.
A proteção do indivíduo contra o Estado é o objetivo de toda a magistral construção jurídica que percorremos. O mero Estado de Direito protege os direitos individuais, mas não garante a participação dos destinatários no seu exercício, buscaremos então na República a solução para este problema.
A República implica em fazer dos agentes públicos, que exercem diretamente o poder político, representantes diretos do povo, por ele escolhidos e renovados periodicamente. Estes podem ser responsabilizados quando violam seus deveres.
“República é o regime político e que os exercentes de funções políticas (executivas e legislativas) representam o povo e decidem em seu nome, fazendo-o com responsabilidade, eletivamente e mediante mandatos renováveis periodicamente.”
	Características da república:
eletividade – instrumento de representação;
periodicidade – assegura a fidelidade aos mandatos e possibilita a alternância no poder;
responsabilidade – penhor da idoneidade da representação popular.
Mecanismos de participação popular:
plebiscito (votação para conhecer a opinião popular sobre determinada decisão fundamental);
referendo (exame popular de lei elaborada pelo Legislativo);
iniciativa popular das leis (propositura ao Legislativo por certo número de cidadãos, de projetos de lei).
Elementos do conceito de Estado Democrático de Direito:
criado e regulado por uma Constituição;
os agentes públicos fundamentais são eleitos e renovados periodicamente pelo povo e respondem pelo cumprimento de seus deveres;
o poder político é exercido, em parte diretamente pelo povo, em parte por órgãos estatais independentes e harmônicos que controlam uns aos outros;
a lei produzida pelo Legislativo é necessariamente observada pelos demais Poderes;
os cidadãos, titulares de direitos, podem opô-los ao Estado.
Cap 4 - O Sujeito Estado
O Estado é uma pessoa jurídica
Pessoa, para o ordenamento jurídico, é um conjunto de direitos e deveres e esse ordenamento lhe outorga personalidade jurídica. A personalidade jurídica é produzida pelas normas jurídicas, criando assim, centros de direitos e deveres.
A idéia de pessoa para o Direito é dividida em: pessoa física ou pessoa natural (pessoas físicas) e pessoas jurídicas (empresas, associações esportivas, fundações).
Há pessoa física quando, ante uma norma conferindo direitos ou deveres, podemos identificar diretamente o ser humano que é o destinatário do comando. Pessoa física é o centro de direitos e deveres constituído por um ser humano, cujo comportamento é diretamente regulado pela norma.
Pessoa jurídica é o centro de direitos e deveres referido a um estatuto (conjunto de regras jurídicas indicando quais são os seres humanos obrigados a realizar os comportamentos impostos pela norma). A pessoa jurídica é um conjunto de normas que definem os seres humanos que realizarão os comportamentos impostos pelo Direito.
Os agentes públicos são os homens indicados pelas normas jurídicas que organizam a estrutura interna do Estado.
A Constituição confere personalidade jurídica ao Estado (personalidade jurídico-constitucional) e reconhecer ao Estado a condição de pessoa jurídica significa que ele tem direitos e deveres e que quando o Estado se envolver em relações jurídicas, titularizando direitos ou contrariando deveres, só saberemos quem é o ser humano cujo comportamento está sendo vinculado se consultarmos outras normas: as de organização.
É o poder constituinte que cria o Estado e lhe dá a incumbência de produzir normas jurídicas. As competências do Estado são limitadas pelas normas constitucionais que as outorgam. Poder soberano quem exerce é exclusivamente o Constituinte.
O Estado e os homens são iguais: ambos retiram suas personalidades do Direito, da Constituição; porém, o Estado é pessoa jurídica de direito público, enquanto a sociedade comercial é pessoa jurídica de direito privado.
As normas de direito público outorgam, ao ente incumbido de cuidar do interesse público (o Estado), posição de autoridade nas relações jurídicas que participe. Expressa-se no poder de impor deveres ao outro sujeito. A relação de direito público é vertical: um sujeito (o Estado) se situa em posição mais elevada que o outro (o particular). Consistente na possibilidade de obrigar unilateralmente a terceiros, chamamos de poder extroverso.
As normas de direito privado regulam as relações jurídicas de que tratam em termos de igualdade, entre particulares quando cuidam de seus interesses individuais, os deveres só nascem, de regra, pelo consentimento de ambas as partes envolvidas na relação. Essas relações são horizontais: situando-se os sujeitos no mesmo plano e só dispõe de poder interno (poder para constranger sua própria esfera jurídica, não a alheia).
Pessoas de direito público cuidam de interesses públicos, estabelecendo – através de atos unilaterais, praticados no uso de poder extroverso – relações jurídicas verticais, em que comparecem como autoridade. Já as pessoas de direito privado cuidam de seus interesses particulares, estabelecendo – por meio de contratos, travados no uso de seu poder interno – relações jurídicas horizontais, onde comparecem em posição de igualdade.
O Estado tem personalidade de direito interno e externo. O objetivo das normas de direito público externo (ou direito internacional público) é o relacionamento entre estados e cada um deles se apresenta, na ordem internacional, como soberano. Na ordem internacional, os Estados se obrigam por mútuo consentimento e o instrumento normal para criação desses direitos e deveres é o Tratado, Convenção ou Carta ao qual cada Estado adere e permanece vinculado se, quando, enquanto e na medida em que lhe interessar.
A República Federativa do Brasil apresenta na órbita internacional como uma unidade, isto é, como pessoa jurídica uma, no âmbito interno ela se desdobra em múltiplas pessoas jurídicas. As pessoas de direito público interno se dividem em duas espécies: pessoas políticas e pessoas administrativas.
Pessoa política é a pessoa de direito público que tem capacidade para legislar (inovar na ordem jurídica; criar, em aplicação da Constituição, direitos e deveres anteriormente inexistentes) e no Brasil são quatro: a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
Pessoa administrativa é a pessoa de direito público, criada como descentralização da pessoa política, com capacidade exclusivamente administrativa (aplicar a lei, procede de ofício e julgar, que significa aplicar a lei ao caso concreto conflituoso sob provocação do interessado). A Administração Indireta é integrada também por sociedades de economia mista.
Cap 5 – Atividades do Estado
Certos poderes devem necessariamente pertencer ao Estado, sob pena de não existir Estado: os de coagir, julgar e impor tributos. O poder jurisdicional (não apenas o poder de fazer leis, mas o de aplicá-las, o poder de julgar a razão ou a sem-razão, o justo e o injusto) e o poder de impor tributos, sem os quais o Estado não pode desenvolver nenhuma de suas funções essenciais.
O ente governamental deve observar algumas normas típicas do direito público, como as de licitação, concurso público para seleção de empregados, controle do Tribunal de Contas. O Estado publiciza tudo o que toca.
A pessoa jurídica estatal participa tanto de relações de direito público quanto de direito privado e pode delegar a particulares a realização de atividades estatais. Logo, os particulares tanto podem atuar sob regime de direito público quanto de direito privado.
Os indivíduos podem realizar todas as ações cuja exclusividade não tenha sido conferida ao Estado e integram o campo privado todas as operações que a Constituição tenha assegurado aos indivíduos,rotulando-as como direitos: a manifestação do pensamento, a propriedade de bens, a exploração de atividade econômica, e assim por diante.
O Estado é obrigado a prestar serviços sociais, educação e a saúde, mas são livres à iniciativa privada. Operações atribuídas ao Poder Público, sem caráter de exclusividade: o abastecimento alimentar e a construção de moradias, operações das instituições financeiras integram o campo privado e independem de delegação estatal.
Só se excluem do campo privado as operações que, cabendo ao Estado, não possam ser realizadas pelos particulares sem ato estatal de delegação. Embora a atividade econômica seja tipicamente privada, poderá sofrer exploração estatal quando justificada pela segurança nacional ou por relevante interesse coletivo.
A empresa pública, a sociedade de economia mista e outras entidades que explorem atividade econômica sujeitam-se ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e tributárias.
As atividades-fim justificam a existência do Estado e as atividades instrumentais apenas servem ao aparelhamento para a realização das atividades-fim.
Atividades-fim: 
Relacionamento internacional – estabelecimento e manutenção de vínculos com entidades internacionais e com Estados estrangeiros e trata-se de atuação exclusiva do Poder Público, regida pelos direitos constitucional e internacional público;
Atividades de controle social – destinam-se a regular a vida em sociedade, com a utilização do poder de coerção.
Atividades de gestão administrativa – visam criar utilidades em favor do corpo social por força direta da atuação estatal por meio da prestação de serviços públicos (postal, de correio aéreo, telefônicos, telegráficos, telecomunicações, geração e fornecimento de energia), serviços sociais, a emissão de moeda e a administração cambial.
*Apesar de pertencentes exclusivamente ao Estado, os serviços públicos podem ser desenvolvidos por particulares no regime de concessão ou permissão. A delegação é o ato administrativo pelo qual a Administração transfere transitoriamente a particular o exercício do direito à exploração de serviço público. O Poder Público trespassa apenas o exercício da atividade, mantendo sua titularidade.
*A prestação dos serviços sociais é dever inafastável do Estado e os particulares podem explora-los independentemente de qualquer delegação estatal.
Atividades instrumentais:
A captação de recursos financeiros regulada pelo direito tributário;
A gestão dos recursos financeiros do Poder Público, regida pelo direito financeiro;
A escolha de agentes públicos, através de eleições e de concurso, a primeira regida pelo direito eleitoral e a segunda pelo direito administrativo;
A obtenção dos bens indispensáveis ao suporte da atividade do Estado (construção de edifícios públicos p. ex.), atividades disciplinadas pelo direito administrativo.
O desempenho de suas atividades pelo Estado gera a produção de atos e fatos jurídicos: fato jurídico é o evento ao qual a norma atribui efeitos jurídicos. O fato jurídico se opõe ao fato juridicamente irrelevante, isto é, ao evento cuja ocorrência não gera a incidência de qualquer norma jurídica. A atuação do Estado produz, a todo momento fartos jurídicos, cujos efeitos são regulados pelo direito público. Ato jurídico é uma prescrição, uma norma, regra destinada a regular comportamentos. A norma não se confunde com a ação. São atos jurídicos tanto a lei feita pelo Congresso Nacional, quanto a sentença do Juiz, o decreto do Prefeito Municipal e para a validade do ato, é necessária sua conformidade com a norma jurídica superior. 
Capítulo 6 – Fenômeno Processual
A Constituição, ao consagrar a igualdade de todos, proíbe que a lei tenha por conteúdo um tratamento discriminatório de homens e mulheres. Segundo a doutrina, um dos efeitos do ato administrativo é a presunção de legalidade, isto é, o presumir-se sua validade até prova em contrário, a ser feita pelo particular afetado. 
O direito privado não se ocupa do procedimento a ser adotado pelo indivíduo para produzir seu ato, pois o processo de formação da vontade dos indivíduos não é juridicamente regulado. O acordo de vontades é o veículo da compatibilização das liberdades.
No Estado Democrático de Direito, o exercício das diferentes funções estatais exige a observância de processo perfeitamente regulado pelas normas jurídicas. Os atos estatais são precedidos de processo, isto é, de uma série de atos e fatos encadeados em sequência: há o processo legislativo para as leis, o processo judicial para as sentenças e o procedimento administrativo para os atos administrativos.
A atividade estatal é função, é o poder outorgado a alguém para o obrigatório atingimento de bem jurídico disposto na norma. Os agentes públicos são meros canais de expressão da vontade do direito. Existem dois tipos de vontades: vontade submetida a fins (a do Estado) e a livre (a dos particulares). A livre tem seu canal de expressão: o indivíduo. A vontade funcional é canalizada no processo, do qual o agente é apenas um elemento. O processo evita que o agente o transforme em expressão de sua personalidade.
O processo é o equilíbrio entre liberdade e autoridade, a contrapartida assegurada aos particulares pelo fato de serem atingidos por atos estatais unilaterais. É o encadeamento necessário e ordenado de atos e fatos, destinados à formação ou execução de atos jurídicos cujos fins são juridicamente regulados. É a sucessão ordenada de formalidades tendentes à formação ou execução de uma vontade funcional.
Cada etapa do processo cumpre sua própria função, mas há ligação entre elas. A sequência de formalidades não é aleatória e os vários passos são necessários: não se pode dar o segundo passo, sem que o primeiro tenha sido cumprido.
Convém não confundir processo com autos. Autos são o conjunto de documentos em que estão materializados os atos e fatos do processo. O processo é realidade abstrata que se corporifica numa série de documentos, os autos.
Os processos estatais têm por objeto certas relações que são, por meio deles, definidas: as relações jurídicas materiais. Elas não se confundem com a relação jurídica processual, isto é, com o conjunto de direitos, poderes, deveres, ônus e faculdades atribuídos aos sujeitos que participam do processo.
Percebemos essa distinção pelo fato de os sujeitos da relação envolvida no processo legislativo (o Presidente da República que apresenta o projeto de lei, os parlamentares que o examinam) não serem os mesmo dos vínculos jurídicos regulados pela lei (comerciantes e consumidores, no caso da lei de defesa do consumidor).
O processo legislativo compreende basicamente três fases: a introdutória, a constitutiva e a complementar. A fase introdutória, que inicia o processo, é a propositura do projeto (iniciativa legislativa). A constitutiva, ao fim da qual surge a lei, compreende a discussão e votação do projeto pelas duas Casas do Congresso, bem como a sanção ou veto pelo Presidente da República. Na fase complementar são praticados os atos voltados a certificar a existência da lei (promulgação) e a dar-lhe conhecimento público (publicação).
Os atos e fatos integrantes dessas várias fases são regulados pela Constituição, que determina quem é titulado para praticar cada um dos atos procedimentais e quais os prazos a serem observados. Tudo isso conduz a um amplo debate e choque de interesses, saudável para que a lei venha a obter o respeito e acatamento da sociedade. O objetivo dessa sequência de etapas é permitir que a decisão judicial seja imparcial, fruto de substanciosa coleta de dados e que não resulte da vontade unipessoal do julgador, mas do concurso de juízos das várias instâncias judiciais.
Há várias espécies de processos judiciais: o processo civil, penal, trabalhista. O Código Civil regula detalhadamente eventos, estabelecendo a forma, o prazo, os efeitos de cada ato. 
Na Administração Pública, como reflexo da diversidade de suas atribuições,convivem múltiplas espécies de procedimentos, destinadas a dar esteio aos diferentes atos administrativos. A licitação e o concurso público visam permitir que muitos particulares disputem de modo limpo e igualitário, o benefício oferecido pela Administração. 
Capítulo 7 – Equilíbrio entre Autoridade e Liberdade
Em uma sociedade, os indivíduos podem ser divididos em dois grupos: os que exercem poder, como os agentes do Estado (os governantes) e os destinatários do poder (os governados).
O exercício do poder político gera relações jurídicas entre Estado e governados, que assumem reciprocamente direitos, deveres, poderes, faculdades.
Os indivíduos vistos em conjunto são os verdadeiros titulares do poder político: “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes”. O Estado desfruta do poder como representante do titular, que é o povo.
O Estado exerce o poder de autoridade impondo deveres aos indivíduos. Limites dos poderes de autoridade: a competência e os direitos dos particulares. 
A competência é um meio intensamente condicionado para atingir fins determinados, é um poder vinculado a certa finalidade. Ao desempenharem o poder, os governantes exercitam competências e o exercício só é lícito se realizado pelo sujeito previsto, sobre o território sob sua jurisdição, em relação às matérias indicadas na norma, à vista da ocorrência dos fatos indicados na norma e para atingir a finalidade que levou à outorga do poder.
Os indivíduos são livres porque sendo titulares do poder, podem participar de seu exercício (eleições, plebiscitos, referendos, iniciativas populares) e por terem garantida a segurança nas fruições privadas (direito de propriedade, exploração de atividade econômica, de manifestação e expressão). A liberdade se traduz no limite aos poderes do Estado e o controle jurisdicional, provocado pelo indivíduo em defesa de seu direito, limita concretamente o exercício do poder político. 
A relação jurídica de direito público entre o Estado e os particulares é uma relação equilibrada pela autoridade, que confere prerrogativas ao Estado de impor, unilateralmente, obrigações aos particulares (afirmando a supremacia do interesse público sobre o privado) e pelos limites da autoridade por meio da competência (definida pela finalidade a ser atingida pelo ato estatal) e o respeito dos direitos dos particulares.
Cap 8 – Direito e Ciência Jurídica
O Direito é senão um conjunto de normas, um sistema, ordenação jurídica. As normas, no seu conjunto, pressupõem três elementos que compõem sua estrutura: hipótese, mandamento e sanção. A hipótese, que é a previsão abstrata de uma situação ou de um comportamento; o mandamento, que é o comando, de caráter obrigatório; e a sanção, que é a consequência jurídica desfavorável, imputada a alguém, pela violação do mandamento.
As relações de direito não derivam da natureza das coisas, mas da vontade dos homens, que as constroem com liberdade, relacionando antecedentes com consequentes. 
O princípio segundo o qual a ciência natural descreve seus objetivos é o da causalidade; o princípio segundo o qual a ciência jurídica descreve seu objetivo é o da normatividade. A norma não descreve a realidade, não diz como ela é, mas apenas como deve ser.
Segundo Kelsen, como ordem coativa, o Direito distingue-se de outras ordens sociais (religião, moral). Estaremos diante de uma norma jurídica quando seu descumprimento pelo destinatário ensejar a aplicação coativa de uma sanção. O direito, portanto, é o conjunto de normas cuja sanção se aplica coativamente, com o uso da força física, se necessário. 
O Direito regula a sua própria criação, na medida em que uma norma jurídica determina o modo em que outra norma é criada e também, até certo ponto, o conteúdo dessa norma. Como uma norma jurídica é válida por ser criada de um modo determinado por outra norma jurídica, esta é o fundamento de validade daquela.
O Direito não é uma ciência, porém, é o objetivo de uma ciência, a Ciência do Direito. A Ciência do Direito, diferentemente do direito em si, não é normativa; ela é descritiva. O Direito prescreve, confere poder ou competência - não ensina nada. A ciência jurídica, porém, apenas pode descrever o Direito. 
Direito Ciência jurídica
- Composto por normas - Composta por proposições 
- É prescritivo - É descritiva
- Produzido por um órgão jurídico - Produzida por cientistas
- Validade/invalidade - Verdade/falsidade
Cap 9 – A Dicotomia Direito Público x Direito Privado
Direito público é aquele que tem por sujeito o estado, enquanto o privado é o rege a vida dos particulares. Ao falar que essa diferença deve ser buscada diretamente nas normas jurídicas, afirmamos que constataremos que essas normas dão ao direito público e privado tratamentos diferenciados.
Cap 10 – Os Princípios no Direito
Os princípios são ideias centrais de um sistema, ao qual dão sentido lógico, harmonioso, racional, permitindo a compreensão de seu modo de organizar-se. O cientista, para conhecer o sistema jurídico, precisa identificar quais os princípios que o ordenam. Os princípios jurídicos constituem a própria realidade jurídica e tem pleno valor de fonte jurídica.
A classificação do Direito em dois grandes ramos, o público e o privado, não passa de uma proposta de estudo das normas jurídicas; não são nem verdadeiras nem falsas, são úteis ou inúteis.
O jurista pretende com seu trabalho, determinar que normas se aplicam a que situações da vida. E os princípios são verdadeiras normas jurídicas; logo, devem ser tomados em consideração para a solução de problemas jurídicos concretos.
O ordenamento jurídico contém duas espécies de normas: regras e princípios. Os princípios constituem a base do ordenamento jurídico, ‘a parte permanente e eterna do direito e também a cambiante e mutável, que determina a evolução jurídica’; são as ideias fundamentais e informadoras da organização jurídica da Nação.
O princípio jurídico é norma de hierarquia superior à das regras, pois determina o sentido e o alcance destas, que não podem contrariá-lo. Deve haver coerência entre os princípios e as regras, no sentido que vai daqueles para estas.
O princípio é o “mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo”.
Conhecer os princípios do direito é condição essencial para aplicá-lo corretamente. Aquele que só conhece as regras ignora a parcela mais importante do direito, aplicando-o pela metade.
Os princípios do direito privado frequentemente estão concretizados em regras específicas. A regra inserida no Código já contém a solução que resultaria da aplicação do princípio à hipótese. 
Mas o direito público é formado por legislação esparsa e disso resulta uma aparente desordem, solúvel apenas com a consideração dos princípios. Eles é que permitem ao aplicador organizar mentalmente as regas existentes e extrair soluções coerentes com o ordenamento globalmente considerado.
O fato de não estar e de não poder ser integralmente codificado, faz com que, no direito público, apresente-se com muita frequência as lacunas de lei. Em tais situações, os princípios gerais são indispensáveis para o suprimento das lacunas.
Os princípios cumprem duas funções: determinam a adequada interpretação das regras e permitem a colmatação de suas lacunas (integração). É incorreta a interpretação da regra, quando dela derivar contradição, explícita ou velada, com os princípios.
Na ausência da regra específica para regular dada situação, a regra faltante deve ser constituída de modo a realizar concretamente a solução indicada pelos princípios. É o que determina, em seu art. 4°, a Lei de Introdução aoCódigo Civil: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”.
Ninguém pode aplicar uma regra, tem sempre de aplicar todo o Direito. Fundamental notar que todos os princípios jurídicos, inclusive os implícitos, têm sede direta no ordenamento jurídico. Não cabe ao jurista inventar os “seus princípios”, o que faz, em relação aos princípios jurídicos implícitos, é sacá-los do ordenamento, não inseri-los nele.
A dificuldade de captar a gama de princípios implícitos aplicáveis a dada situação advém do fato de exigir o conhecimento do ordenamento como um todo. É preciso saber operar tais princípios em conjunto, dimensionando o peso relativo de cada qual.
Cap XI – Princípios Gerais do Direito Público
O conjunto dos princípios gerais identifica e peculiariza o direito público, é um conjunto de ideias-chave e devem ser operadas sempre conjugadamente.
Os princípios gerais do direito público brasileiro são:
Autoridade pública: evidencia a outorga ao Estado de poderes especiais frente aos particulares. A existência do Estado é justificada pela necessidade de atender a certos interesses coletivos, interesses públicos, que tem preferência sobre o privado. O poder de autoridade se manifesta, ao menos, de duas formas distintas: impondo unilateralmente comportamentos aos particulares e atribuindo direitos aos particulares, através de vínculo não-obrigacional. Está ligado à imposição unilateral de deveres aos particulares o monopólio do uso da coação, isto é, da força física, para obrigar os particulares ao atendimento dos comandos estatais e estes poderes estatais só se justificam para a realização de interesses públicos. Porque o Estado exerce a autoridade pública, diz-se que as relações jurídicas entre eles são verticais, porém entre particulares, os interesses são de mesma estatura, horizontais e, em consequência, protegidos de modo equivalente.
Submissão do Estado à ordem jurídica: Segundo o princípio da submissão do Estado ao Direito, todo ato ou comportamento do Poder Público, parar ser válido e obrigar os indivíduos deve ter fundamento em norma jurídica superior. Na esfera da atividade do legislador, a submissão do Estado à obra jurídica se expressa no princípio da necessária constitucionalidade das leis. A atividade administrativa deve ser desenvolvida nos termos da lei; o que a lei não lhe concede expressamente, nega-lhe implicitamente. Apenas em nome da lei se pode impor obediência. “A lei não é apenas o limite do ato administrativo, mas sua condição e sua base”. A atividade jurisdicional é igualmente desempenhada nos termos da Constituição e da lei. O juiz, ao julgar conflitos, não manifesta sua vontade ou opinião pessoal sobre o caso: apenas faz o direito incidir na hipótese concreta. Deriva do princípio da submissão do Poder Público à ordem jurídica a ticipicidade dos atos estatais. No direito público só são válidos os atos praticados com amparo em competência especificamente conferida pela Constituição ou pela lei, os atos devem, sob pena de invalidade, ser praticados dentro da tipologia prevista por tais normas. A validade dos atos de direito público depende de seu amparo em norma (constitucional ou legal) autorizadora específica.
Função: é o poder de agir, dever jurídico, e que só se legitima quando dirigido ao atingimento da específica finalidade que gerou sua atribuição ao agente. O exercício de poder estatal é um dever, não uma faculdade do agente e o ato de direito público praticado com base em poder atribuído por certa norma só será válido se alcançar a finalidade por ela mirada. O juiz é obrigado a julgar o processo que dirige, não se eximindo de fazê-lo por estar em dúvida quanto à melhor solução. No âmbito da Administração, os serviços estatais devem ser prestados continuamente (princípio da continuidade do serviço público). Constitui desvio de finalidade (desvio de poder) a edição de um ato para alcançar fim diverso daquele ao qual está preordenado. Descendem do princípio segundo o qual as competências dos agentes estatais se ligam às finalidades públicas, a exigência da razoabilidade: proscreve a irracionalidade, o absurdo ou a incongruência na aplicação das normas jurídicas; proporcionalidade: é a expressão quantitativa da razoabilidade, é inválido o ato desproporcional em relação à situação que o gerou ou à finalidade que pretende atingir, moralidade: interdita comportamentos estatais que contrariem os padrões éticos vigentes na sociedade e a boa-fé segundo a qual o Poder Público deve agir pois é irregular o ato que traia a confiança do cidadão. Ao princípio da função, próprio do direito público, opõe-se o da autonomia da vontade, vigente no direito privado.
Igualdade dos particulares perante o Estado: afirma o art 5° da Constituição “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”, de acordo com o princípio da igualdade ou da isonomia. Firmou-se a isonomia, no direito constitucional moderno, como direito público subjetivo a tratamento igual, de todos os cidadãos, pelo Estado. Igualmente diante do Estado, tem todas as suas manifestações; igualdade perante a Constituição, perante a lei e perante todos os demais atos estatais. A isonomia implica na necessidade de os iguais serem tratados igualmente e os desiguais, desigualmente, na medida de sua desigualdade. A lei agride a isonomia quando não revestida de generalidade ou abstração, isto é, quando beneficia ou prejudica sujeito determinado. Há ofensa ao preceito constitucional da isonomia quando a norma: singulariza atual e definitivamente um destinatário determinado; atribui tratamento jurídico diferente em atenção a fator de discrimén que conduz a efeitos dissonantes dos interesses prestigiados constitucionalmente; a interpretação da norma extrai dela distinções que não foram professadamente assumidos por ela de modo claro, ainda que por via implícita. No direito processual as partes e os procuradores merecem tratamento igualitário, para que tenham as mesmas oportunidades de fazer valer em juízo as suas razões.
Devido processo: processo é o encadeamento necessário e ordenado de atos e fatos, destinado à formação ou execução de atos jurídicos cujos fins são juridicamente regulados. A realização do processo é indispensável à produção ou execução dos atos estatais, porém, não é qualquer processo que serve à produção de atos estatais, mas unicamente o que se convencionou chamar de devido processo, dotado de um complexo de características fundamentais. O devido processo é garantia dos particulares frente ao Estado. Garantia ao mesmo tempo passiva (dirigida à pessoa enquanto sofre o poder estatal) e ativa (destinada a propiciar o acionamento da máquina estatal pelos membros da sociedade e a obtenção de decisões). O devido processo legislativo é o realizado, em maior parte, pelo Poder Legislativo (o que assegura a participação dos destinatários da norma, através de seus representantes, na sua produção), a garantia do devido processo legislativo implica na necessidade de se observarem trâmites, prazos, quóruns especificados para a emanação da lei. Na esfera judicial, o devido processo se concretiza, em primeiro lugar, pela garantia do juiz natural, pelo asseguramento ao particular do direito não ser privado de sua liberdade física sem o devido processo judicial (a garantia do juiz natural está ligada à ideia de que o juiz deve ser imparcial, afastando a possibilidade de o legislador julgar, impondo sanções penais sem processo prévio, através das leis, impedindo a criação de tribunais ad hoc e de exceção).
Publicidade: a razão de ser do Estado é toda externa, assim, os beneficiários de sua atividade são sempre os particulares. Os recursos que manipula não são seus. Como o Estado jamais maneja interesses, poderes ou direitos íntimos, tem o dever de mais absoluta transparência. Se “todo poder emana do povo” é óbvio, então, que o povo, titular do poder, tem o direito de conhecer tudo o que concerne ao Estado. Seja em nomeda limpidez da atividade estatal, seja para garantia de direitos individuais, o Estado tem o dever da publicidade. O sigilo, a autorizar a denegação da informação, só se justifica em duas situações, de caráter excepcional: quando for imprescindível à segurança da sociedade e do Estado ou quando a publicidade violar a intimidade de algum particular.
Reponsabilidade objetiva: o Poder Público não responde apenas por seus atos administrativos, mas também por seus atos legislativos e jurisdicionais. O art. 37§ 6° da Constituição expressa que o Estado não é irresponsável, devendo obrigatoriamente arcar com os prejuízos provocados por sua ação ou inação. A responsabilidade típica do direito público é subjetiva (sem intenção, com intenção, negligência); já no direito público, a responsabilidade é objetiva, independente de culpa. O Estado é obrigado a reparar os danos que cause, respondendo por atos lícitos ou ilícitos. Pouco importa se o Estado tenha agido rigorosamente dentro dos parâmetros constitucionais e legais. Se causa um prejuízo a alguém, ao aplicar o direito, é porque este é indispensável ao atendimento de certo interesse público; seria contrário à isonomia um indivíduo suportar sozinho o prejuízo gerado no interesse de todos. Hipótese de responsabilidade por ato lícito é a do prejuízo originado aos comerciantes do fechamento da via pública, para a realização de obras, por exemplo. A responsabilidade estatal existe mesmo que o dano não derive imediatamente da ação do Estado (o assassinato de um presidiário por outro gera a responsabilidade estatal, porque o Estado, ao encarcerar o indivíduo, submeteu-o a situação de risco). O conceito de omissão, em direito, está ligado ao de ilicitude. Sob o ponto de vista jurídico, a mera inação não configura omissão; esta só se apresenta quando, tendo o dever de agir, o sujeito fica inerte. O Estado responde pelo acidente automobilístico causado pela falta de conservação de uma estrada; no caso, terá deixado de cumprir o dever de conservar a via pública, por exemplo. Havendo omissão legislativa – caracterizada pela não edição de lei indispensável à eficácia de norma constitucional assecuritória de direito -, o Estado também será responsável pelos danos daí derivados.
Igualdade das pessoas políticas: sob o ponto de vista jurídico, as pessoas políticas são absolutamente iguais entre si; todas são criaturas da Constituição. A União não é mais importante que os Estados e Municípios; a relação entre eles é de igualdade, de isonomia. Leis federais, estaduais ou municipais, na pirâmide jurídica, estão todas no mesmo patamar, uma ao lado da outra e todas se situam abaixo da Constituição. As pessoas político-consitucionais são todas isonômicas, porque são todas entidades, criaturas da Constituição. As relações entre as pessoas constitucionais são relações de coordenação e não de subordinação; de justaposição e não de superposição.

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