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PROIBIÇÃO DA SAFRINHA DE SOJA NO PARANÁ

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE
CAMPUS DE FRANCISCO BELTRÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
ANNA ELISA GHELLER FRANCESCHETTO
PROIBIÇÃO DA SAFRINHA DA SOJA E INSTITUIÇÃO DO VAZIO SANITÁRIO COMO MEDIDA PREVENTIVA A FERRUGEM DA SOJA NO ESTADO DO PARANÁ
FRANCISCO BELTRÃO
2017
PROIBIÇÃO DA SAFRINHA DA SOJA E INSTITUIÇÃO DO VAZIO SANITÁRIO COMO MEDIDA PREVENTIVA A FERRUGEM DA SOJA NO ESTADO DO PARANÁ
INTRODUÇÃO
A agropecuária sempre desempenhou importante papel na composição do PIB nacional. Entre regiões, o Sul é fundamental na produção que compõe esse índice e a produtividade agrária de soja no solo paranaense tem sido fonte de renda e trabalho para todos os portes de agricultores. Reflexo disso é o estado do Paraná ocupar o segundo lugar entre os maiores produtores de soja do país. 
A liquidez e retorno financeiro que a cultura da soja apresenta permite que os agricultores alcancem resultados variáveis, porém satisfatórios, quando optarem por semeaduras da própria soja efetuadas após a colheita da safra de verão, no período conhecido como entressafra ou safrinha. Isso significa que toda medida estabelecida que impeça ou restrinja a produção de uma cultura causará impacto e resistência de aceitação dos produtores.
Porém, a prática constante da cultura subsequente propicia o surgimento de doenças, o desgaste do solo e a necessidade de aplicação de fungicidas com mais frequência e quantidade. Ainda não se tem base teórica suficiente que otimize o manejo da soja durante a safrinha, mas sabe-se que a soma desses fatores resulta numa atividade de maior risco para o produtor, que pode acabar tendo duas safras inviabilizadas.
Diante disso, órgãos reguladores tem atentado para a incidência de doenças que emergem durante esse período e instituído medidas que visam minimizar e prevenir a propagação das doenças de maior impacto, como é o caso do vazio sanitário implementado para eliminação do hospedeiro da ferrugem, o fungo Phakopsora pachyrhizi. Desde 2007 o país adota o vazio sanitário e em 2015 o estado do Paraná acata a regulação para abranger maior área e critérios de restrição.
Desta forma, objetivou-se neste trabalho explanar os motivos que levaram à adoção da medida do vazio sanitário no estado do Paraná e os impactos que a proibição do cultivo da soja safrinha causou na produção desde seu início.
REVISÃO BIBLIOGRAFICA
1 A SOJA PARANAENSE NO CENÁRIO NACIONAL
A soja é o grão oleaginoso mais cultivado no mundo. O Brasil, segundo maior produtor mundial do grão, totalizou 113.923 milhões de toneladas produzidas na safra 2016/2017. Dada essa importância, a cultura recebe atenção das pesquisas dirigidas que possibilitem aumentos na produtividade, além de técnicas adequadas de cultivo, a utilização de sementes de alta qualidade, expressa pelos componentes genético, físico, fisiológico e sanitário (ALBRECHT et al., 2009; BRACINI et al., 2003). A importância do grão na produção mundial e o valor sócio econômico que o mesmo agrega ao estado, aliado com o amplo portfólio de tecnologias, torna essa cultura mais atrativa – e lucrativa – para os produtores, que decidem por agricultá-la duas vezes ao ano, durante a safra (outubro a maio) e a entressafra (junho a setembro), principalmente em sucessão à soja, ao milho e ao feijão comum (EMBRAPA SOJA, 2014). Sendo assim, o interesse de setores público e privado sobre a cultura promove constantes debates e estudos. 
O estado do Paraná ocupa o lugar de segundo maior produtor nacional de soja, tendo colhido 19.534 milhões de toneladas na mesma safra supracitada. Acredita-se que as condições climáticas do estado são favoráveis para a cultura em dois períodos de semeadura e grande parte dos produtores do estado optam por isso. Segundo Braccini et al. (2003) os preços relativamente baixos atingidos durante a comercialização das principais culturas de inverno, principalmente do trigo, bem como da carência de outras opções de cultivo favorecem a opção de soja na entressafra. Consonante a isso, algumas regiões permanecem no cultivo da soja para manter o hábito e acreditar em uma destinação garantida. Na região Oeste do estado, por exemplo, caso não haja produção de sementes para atingir padrões comercias, há ainda a possibilidade de atingir padrões aceitáveis para produção de semente básica (Albrecht et al., 2009). 
2 O CULTIVO SUBSEQUENTE DA SOJA
Do ponto de vista agronômico, as diferentes épocas de semeadura proporcionam diferentes condições de ambiente, sob as quais a cultura da soja se desenvolve, completa a maturação das sementes, e é colhida. A prática do plantio de duas mesmas culturas em sequência propicia o aumento de doenças fúngicas e algumas bacterianas que atingem as sementes, as tornam seus principais veículos de disseminação e introdução em novas áreas de cultivo, onde, sob condições favoráveis de ambiente, podem causar sérios danos à cultura (Albrecht et al., 2009; HENNING, 2005). 
Da semente de soja cultivada em sequência à outra, em ambientes diferentes, agravam os problemas fitossanitários, pelo favorecimento ao desenvolvimento do inoculo de doenças. Segundo a Embrapa (2014), mesmo considerando as situações em que a soja for cultivada na safrinha sobre outra cultura, sua presença no agro ecossistema será estendida por mais tempo. Insetos pragas de parte aérea que tenham mais afinidade com essa planta passarão a ter uma disponibilidade de alimento mais prolongada, o que favorecerá sua ocorrência e multiplicação. Adicionalmente, salienta-se que as condições climáticas no período de cultivo da soja safrinha, como por exemplo, precipitações pluviais, temperatura do ar e comprimento do dia, não são as ideais para obtenção de altas produtividades, considerando as cultivares disponíveis no mercado.
3 O FUNGO Phakopsora pachyrhizi
Dentre as doenças da soja conhecidas e publicadas, a ferrugem é a que mais consterna os produtores e pesquisadores da oleaginosa. Para Almeida et al. (1997) o fungo Phakopsora pachyrhizi é elencado como doença de alto potencial de danos e forma irregular de manifestação. Além das perdas na produção, o uso de fungicidas foi intensificado desde o aparecimento da ferrugem nas lavouras. Inicialmente era utilizado o que já tinha no mercado em inibidores de fungos, mas rapidamente a doença se tornou resistente às aplicações e tornou ineficiente a aplicação, mesmo que de forma contínua. Portanto uma das orientações de medida de controle é não semear a soja fora de época. 
As primeiras epidemias severas da ferrugem asiática no Brasil foram relatadas na safra 2001/2002 (YORINORI et al., 2005). As perdas constatadas na produção nacional atingiram o ápice de 571,8 mil toneladas na safra 2008/2009. Diante do descontrole de perdas, o vazio sanitário é estabelecido como medida preventiva nos estados produtores. O objetivo do vazio sanitário é reduzir a sobrevivência do fungo causador da ferrugem-asiática durante a entressafra e assim atrasar a ocorrência da doença na safra, reduzindo a necessidade de fungicidas nessa fase (EMBRAPA, 2014). 
No ano de 2006, os estados de Mato Grosso, Goiás e Tocantins implementaram o período do vazio sanitário. Em 2007, houve adoção a nível nacional do Programa Nacional de controle a Ferrugem Asiática pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. De acordo com esse programa, todos os estados devem avaliar a necessidade de implementar ou não o vazio sanitário no mínimo 60 dias em baixa temporada. Atualmente, 12 unidades federativas adotam o vazio sanitário, três dessas com 60 dias de período livre de soja e outros nove com o período de 90 dias, recomendado pelo Consórcio Antiferrugem, como margem de segurança para dificultar a sobrevivência de esporos na folha (GODOY, 2016).
4 MEDIDAS PREVENTIVAS
O estado do Paraná, no ano de 2007, adotou a medida do vazio sanitário e a calendarização do plantio da soja juntamente com os estados de São Paulo, Maranhão, Minas Gerais, Bahia, e o Distrito Federal. A prioriconsiderando o Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja e a Instrução Normativa nº 2, de 29 de janeiro de 2007 do mesmo órgão, que visa o fortalecimento do sistema de produção agrícola da soja congregando ações estratégicas de defesa sanitária vegetal. Posteriormente, aprimorando a medida através da Portaria 109/2015 da ADAPAR, a qual estabelece definitivamente como vazio sanitário vegetal o período de 15 de junho a 15 de setembro para cultivos de soja como medida preventiva da praga causadora da ferrugem asiática. 
Desde a descoberta do primeiro foco da ferrugem asiática em lavouras de soja o Paraná foi atingido com perdas severas. Contudo, na segunda safra de 2015/2016 o estado foi capaz de produzir 324 mil toneladas do grão. O ponto central da discussão dos órgãos que regulamentam a medida de proibição da cultura na entressafra é que, diante do volume de produção apresentado na primeira safra do ano agrícola, não é viável pô-la em risco durante o cultivo da segunda safra que, por sua vez, resulta um nível de produção menor.
Os estudos que emergem na área comprovam a ineficiência da aplicação de fungicidas para combater a doença consonante a eficiência do vazio sanitário como quebra do ciclo do fungo. Braccini et al. (2003) conclui que a semeadura no período de safrinha acarreta produção de sementes com potencial fisiológico e sanitário inferior a semeadura realizada em novembro. Devido a base teórica escassa e recente à adoção da medida no estado, ainda não é possível fazer análise de dados para comparar níveis de produção. Para Godoy (2016) apesar do período de 60-90 dias sem soja, a grande janela de semeadura fornece uma grande quantidade de inóculo para soja tardia e um início precoce da doença, o que aumenta o número de aplicações de fungicida e reduz os intervalos entre elas. Para reduzir a pressão de seleção para resistência ao fungicida causada pelo grande número de aplicações de fungicidas em Phakopsora pachyrhizi desde 2014, os estados de Goiás e Mato Grosso também estabeleceram um limite de data de semeadura até 31 de dezembro. Esta medida também será implementada em 2017 no estado do Paraná.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBRECHT, L. P.; BRACCINI, A. L.; AVILA, M. R.; SCAPIM, C. A.; BARBOSA, M. C.; STÜLP, M. Sementes de soja produzidas em épocas de safrinha na região oeste do Estado do Paraná. Acta Scientiarum Agronomy, v. 31, n. 1, p. 121-127, 2009.
BRACCINI, A. L.; MOTTA, I. S.; SCAPIM, C. A.; BRACCINI, M. C. L.; ÁVILA, M. R.; SCHUAB, S. R. P. Semeadura da soja no período de safrinha: potencial fisiológico e sanidade das sementes. Revista Brasileira de Sementes, v. 25, n. 1, p. 76-86, 2003.
Brasil. Embrapa. Soja em números (safra 2016/2017). Disponível em < https://www.embrapa.br/web/portal/soja/cultivos/soja1/dados-economicos> Acesso em: 15 de julho de 2017.
Brasil. Embrapa. Vazio sanitário e calendarização da semeadura da soja. Disponível em: <https://www.embrapa.br/soja/ferrugem/vaziosanitariocalendarizacaosemeadura> Acesso em: 15 de julho de 2017.
Godoy, C. V; Seixas, C. D. S.; Soares, R. M.; Marcelino-Guimarães, F. C., Meyer, M. C., & Costamilan, L. M. Asian soybean rust in Brazil: past, present, and future. Pesquisa Agropecuária Brasileira,v. 51, n. 5, p. 407-421, 2016.
HENNING, A. A., PATOLOGIA E TRATAMENTO DE SEMENTES: NOÇOES GERAIS / Ademir Assis Henning. 2 ed – Londrina: Embrapa Soja, 2005
NETO, L. M., Alertas da Embrapa sobre a Soja Safrinha. Nota Técnica Embrapa Soja, 2014.
SOMMER, V. Soja na Safrinha. Disponível em <http://www.cultivares.com.br/noticias/index.php?c=3295> – acesso em 17/07/2017
YORINORI, J. T.; PAIVA, W. M.; FREDERICK, R. D.; COSTAMILAN, L. M.; BERTAGNOLLI, P. F.; HARTMAN, G. E.; GODOY, C. V.; NUNES JUNIOR, J. Epidemics of soybean rust (Phakopsora pachyrhizi) in Brazil and Paraguay from 2001 to 2003. Plant Disease, v.89, p. 675-677, 2005.

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