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DIREITOS FUNDAMENTAIS - Carlos Ratis - CADERNO 3o SEMESTRE

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DIREITOS FUNDAMENTAIS
Aluno: João Felipe Cabral Fagundes Pereira
CONCEITO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS – A expressão de Direitos Fundamentais é uma expressão oitocentista (Século XVIII), originada no período do contratualismo, que é a relação jurídico-política entre o cidadão e o Estado. Nessa época ainda havia como força os Direitos Naturais, e com a onda contratualista houve a mudança de paradigma que termina por consolidar os Direitos Fundamentais.
 Os contratualistas, não só na França mas em toda a Europa, defendiam pactos que eram um conjunto de direitos e deveres fundamentais entre o cidadão e o Estado, onde o cidadão nessa relação com o Estado não é titular apenas de direitos (já que o cidadão se deparava com déspotas declarados, oligarquias e juntas irresponsáveis) e sim também um cumpridor deveres com o Estado, através das Constituições. Homens como Jean Jacques Rousseau (“O Contrato Social”) e Montesquieu (“O Espírito das Leis”) deram a ideia de que são as ideias humanas que modificam de fato a sociedade, contribuindo para a substituição dos Direitos Naturais para os Direitos Fundamentais.
 Podemos concluir que os Direitos Fundamentais são considerados os direitos essenciais ao bem estar do cidadão devidamente reconhecidos pelo Estado, sendo fruto do exercício da soberania e opção política de cada Estado.
OBS: Os Direitos Fundamentais nascem quando tem que nascer e se extinguem quando é apropriado.
DIREITOS HUMANOS X DIREITOS FUNDAMENTAIS – Enquanto os Direitos Fundamentais variam por Estado de acordo com sua opção e vontade política considerando o que é essencial ao bem estar do cidadão, independente de ser aceito ou não internacionalmente (extirpação do clitóris em adolescentes pode ser um direito fundamental em certo Estado mas não é reconhecido/tolerado internacionalmente), a expressão Direitos Humanos está enraizada pela perspectiva universalista (rompimento de barreiras) , sendo os direitos essenciais à condição humana, imprescindíveis a existência da dignidade humana.
 Direitos Fundamentais seriam os direitos humanos positivados em cada Estado, onde no âmbito do Direito Internacional é utilizado o termo Direitos Humanos, havendo uma aproximação de ambos os direitos (Fundamentais se aproxima dos Direitos Humanos) devido ao universalismo e rompimento do contratualismo, respeitando as individualidades e identidade de cada país (língua, história, cultura, etc).
 Alguns economistas creem que os Direitos Fundamentais são ditados pelas forças econômicas e políticas que estão com o poder.
 OBS: Os Direitos Humanos podem ser considerados anteriores à existência do próprio Estado, devendo ser protegidos independente da situação vivenciada pelo Estado.
DIMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS - Além do termo dimensões, o uso de geração também é aceito, porém, terminologicamente, é preferido o uso do termo dimensões dos direitos fundamentais em face a própria essência dos Direitos Fundamentais, já que os mesmos estão em constante transformação e são redimensionados ao decorrer da história.
1º DIMENSÃO - Ocorre durante 1789, no período da Revolução Francesa e é marcada pela ênfase e premissa nos Direitos à Liberdade (seguindo a tríade filosófica revolucionária de liberdade, igualdade e fraternidade), tendo como contexto econômico o Liberalismo (visavam o afastamento do Estado nas relações econômicas, vide Smith, Say e Ricardo). O Direito á Liberdade então acaba por consagrar os Direitos de Defesa/Liberdades Negativas (tendo como exemplo o Direito da Propriedade), buscando assim a liberdade de expressão, religiosa e de associação e os Direitos Individuais como prioridade. A Constituição Imperial de 1824 se baseou nessa dimensão.
2º DIMENSÃO – Tem como marco inicial a Revolução Industrial (1850 na Inglaterra), que acaba propiciando um novo cenário econômico mundial, surgindo novos anseios pelo cidadão em relação ao Estado, exigindo direitos além do da liberdade devido às relações de trabalho, luta dos movimentos sindicalistas e a exploração do trabalhador, para que o Estado garantisse a igualdade entre os cidadãos, tendo como prioridade os Direitos Prestacionais/Liberdades Positivas e Sociais (A Constituição Mexicana de 1917, Weimar em 1919), como o Direito à Educação.
 No início do Século XX com a quebra da bolsa de valores em 1929, a implantação do New Deal por Roosevelt e a ideologia de Keynes possibilitou a ampliação do intervencionismo estatal, substituindo o liberalismo como principal vertente econômica.
OBS: Os Direitos Fundamentais se dividem em Defesa e Prestação, onde os Direitos Fundamentais de Defesa são as obrigações de não fazer e os Direitos Fundamentais de Prestação são as obrigações de fazer.
3º DIMENSÃO – Com o final da Segunda Guerra Mundial em 1945, a reconstrução da Europa com Plano Marshall e a divisão do mundo em dois grandes blocos, passaram a existir novas Constituições que protegiam novos Direitos Fundamentais relacionados à fraternidade, que eram normas que tratavam dos Direitos Transindividuais, tendo como exemplo de temáticas o Direito do Consumidor e do Meio Ambiente. 
4º DIMENSÃO – Idealizada pela doutrina de Bobbio, a quarta dimensão no livro “A Era dos Direitos”, é originada a partir dos avanços da engenharia genética nos anos 80 e 90, que tratam de temas como os limites da inseminação artificial, da clonagem e da possibilidade de selecionar aspectos genéticos dos filhos. Paulo Bonavides crê que a quarta dimensão retraria a cooperação entre as comunidades internacionais, vide o Artigo 4º da CF/88.
5º DIMENSÃO – Paulo Bonavides acredita que a quinta dimensão retrata a preocupação com o Direito à Paz e os atos de terrorismo (pontapé inicial graças ao atentado às Torres Gêmeas em 2001). O STF tem como entendimento consagrado e majoritário o reconhecimento das 3 dimensões de forma pacífica, enquanto em relação a quarta e quinta dimensão depende da doutrina utilizada de certos autores. 
 Os Direitos à Liberdade e Individuais ainda são contemplados e redimensionados na quinta dimensão, como o direito de livre locomoção e de liberdade de expressão. 
 Atualmente, o excesso de garantias estabelecidas na Constituição em relação à Direitos Individuais e Sociais que não puderam ser cumpridas, acabou gerando um Estado de Mal Estar Social (Crise do Bem Estar Social), onde a Constituição é como se fosse um Cavalo de Troia, pois traz em tese inúmeros benefícios mas o Estado não é capaz de cumpri-los devido aos altos custos dos Direitos Sociais.
 A falta de recursos acaba por gerar consequências drásticas como um Estado Policialesco (toques de recolher, quantidade absurda de câmeras de segurança, restrição de certos Direitos Individuais, etc).
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
HISTORICIDADE – Os Direitos Fundamentais são históricos porque fazem parte de momentos e eventos históricos e se originam, se perpetuam e morrem quando devem e em situações marcantes para a história.
IMPRESCRITÍBILIDADE – Os Direitos Fundamentais são imprescritíveis porque o seu desuso não poderá implicar a falta de proteção junto ao Estado, não havendo prejuízos em face a sua invocação ao longo do tempo. A imprescritibilidade diz respeito à possibilidade dos Direitos Fundamentais serem exercidos e aplicados por seus titulares, independentemente do tempo legal ou de algum prazo.
INALIENABILIDADE – São inalienáveis porque os Direitos Fundamentais não podem ser desprezados por seus titulares, onde medidas coercitivas podem e devem ser tomadas para que os Direitos Fundamentais sejam exercidos e cumpridos. Um exemplo disso é a questão de educação, onde os pais devem prezar pela educação das crianças e adolescentes, onde cabe ao Estado punir os pais pela conduta de abandono intelectual (Artigo 246, CP/40) para que assim seja garantida a aplicação dos Direitos Fundamentais.
        Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar:
 A perspectiva de inalienabilidade pode alterar, como por exemplo, no caso de um analfabetototal que se recusa a se matricular em uma instituição de ensino. Nessa situação, o indivíduo não sofrerá uma sanção, mas sim restrições no uso dos seus Direitos Fundamentais.
RELATIVIDADE – Deve-se observar uma eficácia horizontal entre os Direitos Fundamentais, já que nenhum direito fundamental pode ser considerado absoluto (nem mesmo o Direito à Vida, podendo sofrer mitigação, previstas no Código Penal em relação ao Direito à Vida do nascituro em casos de estupro). Podemos concluir então que todos os Direitos Fundamentais estão no mesmo patamar, dependendo de algumas técnicas utilizadas pelo judiciário para que um direito fundamental prevaleça sobre o outro em caso de conflito (Liberdade Religiosa x Direito á Vida no caso de transfusão de sangue para uma Testemunha de Jeová). Nos Direitos Fundamentais não há hierarquia normativa, mas sim hierarquia axiológica.
OBS: Boa Técnica são passos adotados pelos tribunais previamente estabelecidos que devem ser observados para que seja tomada uma decisão para a solução de conflitos entre Direitos Fundamentais. 
TEORIA DA INDIVISIBILIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS – Até meados do Século XX (Término da Segunda Guerra), prevalecia a Teoria da Progressividade dos Direitos Fundamentais, que consistia no fato de que os Direitos Fundamentais relativos às liberdades eram prioridade e, se possível, os Direitos Sociais seriam atendidos, onde as Constituições promulgadas antes da Segunda Guerra adotavam a Teoria da Progressividade. Com o fim da Guerra (especialmente em 1969) houve uma mudança de paradigma de progressividade para indivisibilidade, através do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos Sociais e Culturais (PIDESC de 69).
 Essa premissa da indivisibilidade seria que os Direitos Fundamentais formam um todo uno, indivisível e indissociável, ou seja, não é permitido o estabelecimento de hierarquizações dos Direitos Fundamentais. A indivisibilidade dos Direitos Fundamentais é o que vai consolidar a manutenção da eficácia horizontal. Um exemplo disso seria a Liberdade à Profissão, que depende de um Direito Social, que é o direito à educação.
 A CF/88 deixa explícita em seu Parágrafo 1º do Artigo 5º a teoria da indivisibilidade e não hierarquização dos direitos fundamentais.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
TEORIA DA RESERVA POSSÍVEL - Teve origem em um julgamento proferido pelo Tribunal Constitucional Alemão discutindo o acesso ao ensino superior junto às instituições públicas quando o referido órgão considerou que havia o direito de acesso ao ensino superior, mas que, em decorrência de limitações fático-orçamentárias, esse direito não seria efetivado naquele momento, surgindo pois a denominada Teoria da Reserva do Possível, que foi disseminada em toda a Europa e nos EUA. Ou seja, a Teoria da Reserva Possível traduz na alegação de impossibilidade do Estado no cumprimento dos Direitos Fundamentais em face às limitações fático-orçamentárias, temporárias, dentre outras.
 É o Estado dizendo ao cidadão que o mesmo tem o Direito mas não pode atendê-lo imediatamente devido à situações orçamentárias, temporais, econômicas ou sociais. Tal teoria ganhou tamanha força que alguns Estado passaram a não lutar pela aplicação e exercício dos Direitos Fundamentais, gerando um “relaxamento do Estado” em relação a manutenção e proteção dos Direitos Fundamentais. 
 Entretanto, a visão contemporânea da efetividade dos Direitos Fundamentais motivou o redimensionamento dessas expressões, fazendo com que a expressão “Reserva do Possível” seja substituída pela expressão Possível da Reserva O Possível da Reserva (forma atual de aplicação da Teoria da Reserva Possível) diz respeito ao fato do cidadão constatar que ele também é responsável pela participação das políticas públicas, devendo analisar e perceber os limites do Estado. 
TEORIA DO MÍNIMO EXISTENCIAL - Nesse mesmo período surgem os defensores do Mínimo Existencial, correspondendo a proteção de um padrão de eficácia mínimo de cada Direito Fundamental. Em outras palavras, o mínimo existencial visa criar um escudo protetor em relação aos argumentos da Reserva Possível. Na contemporaneidade, houve a substituição da expressão Mínimo Existencial pela expressão Máximo Existencial, na medida em que o cidadão deve buscar a máxima efetividade sempre e não continuar numa postura acomodada, pouco ambiciosa e de mínimos.
 A Teoria do Mínimo Existencial foi idealizada nos EUA e entrava em conflito com a Teoria da Reserva Possível, pois eles acreditavam que apesar da incapacidade do Estado em fornecer certos Direitos Fundamentais, o Estado ainda tinha a função de suprir o cidadão com um substrato mínimo para que os Direitos Fundamentais não se encerrassem, tendo como exemplo a manutenção de um sistema educacional (não necessariamente decente) e o salário mínimo.
PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DO RETROCESSO SOCIAL – Os princípios constitucionais implícitos possuem a mesma força dos expressos. Tal princípio surgiu para assegurar e garantir a manutenção dos Direitos Sociais. O princípio da Proibição do Retrocesso Social está mais ligado aos Direitos Sociais, pelo fato dos mesmos serem Direitos Prestacionais (obrigação de fazer) e serem também mais custosos. 
Afinal, se já foi garantido uma proteção a certos Direitos Fundamentais, não podemos mais extingui-los, mas sim prezar pela manutenção e/ou maior blindagem dos Direitos Fundamentais já conquistados.
 Atualmente, se discute bastante nos Tribunais Constitucionais os limites da proibição do retrocesso social em relação a direitos como a previdência, o pagamento dos salários públicos, se submetendo a redução ou não funcionamento do serviço, devido a falta de dinheiro e recursos, já que em tese, a economia não pode entrar em entraves sobre discussões jurídicas apenas teóricas.
MODALIDADES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS – Apesar de estarem presentes no Título II da CF/88, os Direitos Fundamentais não se esgotam nessa parte, estando presentes em outras “microconstituições” de Direitos Fundamentais dentro da CF/88. 
 O texto constitucional é formado ora por Direitos, que são normas declaratórias (que atestam, afirmam os Direitos Fundamentais), e ora por Garantias, que são normas assecuratórias (que protegem os Direitos Fundamentais), que seriam os remédios/ações constitucionais. O próprio artigo 5º, parágrafo 2º, é conhecido como Cláusula de Abertura dos Direitos Fundamentais/”Norma Porteira”, que diz que além dos Direitos presentes nesta CF, devemos observar os direitos presentes nas normas infraconstitucionais e em tratados internacionais, chamado de Bloco de Constitucionalidade (conjunto de normas que circundam o texto constitucional ), servindo de referência para a interpretação da própria Constituição.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS (ARTIGO 5º DA CF/88) – A CF/88 buscou retratar mais os Direitos do que os Deveres, havendo uma sistematização do direito, o que não ocorre com os deveres, já que quando foi promulgada, a CF/88 buscava esquecer o período da Ditadura Militar (64-85), que focava muito mais nos deveres do que nos Direitos.
 Os Direitos Individuais, originados na 1º Dimensão, são as liberdades negativas (obrigação de não fazer), cujos principais Direitos Individuais estão presentesno caput do Artigo 5º da CF/88, não havendo hierarquia entre os direitos individuais (eficácia horizontal). Tais direitos não se esgotam no Artigo 5º.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito À VIDA, À LIBERDADE, À IGUALDADE, À SEGURANÇA E À PROPRIEDADE, nos termos seguintes:
EM RELAÇÃO À VIDA - Alguns autores acreditam que a vida passa a ser protegida quando há uma ligação entre o córtex cerebral e a medula, onde o nascituro já manifesta ações voluntárias. A personalidade surge com o nascimento com vida, devendo ser resguardados o direito ao nascituro, onde o CC/02 adota a teoria concepcionista, dizendo que a vida deve ser protegida desde a concepção. Jurisprudencialmente, a discussão nos tribunais é que a proteção do Direito à Vida se dá a partir da nidação.
 No texto capital, a pena de morte está prevista em casos de Guerra declarada no Artigo 5º, Inciso XLVII. 
XLVII - não haverá penas:
de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
 
 Porém, em razão do Brasil integrar o Tribunal Penal Internacional (cujo Estatuto de Roma não permite, em nenhuma hipótese a pena de morte), não poderia ele, em caso de guerra declarada, aplicar a pena de morte, em razão do Artigo 4º da CF/88. Ainda não existe ato julgado sobre pena de morte no Brasil pelo fato de que nunca houve tal discussão no STF.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
II - prevalência dos direitos humanos;
OBS: Havendo conflito entre norma internacional e norma interna, a norma que possuir maior benefício aos Direitos Humanos será a que prevalecerá, com base no Artigo 5º, Inciso LXVII, que trata sobre a prisão civil, onde o STF se baseou no Pacto Internacional de San José na Costa Rica, o Pacto Civis e Políticos.
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
DIREITO À LIBERDADE – Não podemos admitir uma hierarquização entre as liberdades, aplicando sempre a eficácia horizontal dos direitos fundamentais, não podendo-se admitir um direito fundamental absoluto. Existem diversas manifestações de liberdades sejam expressas ou implícitas na CF/88. O Artigo 5º traz um rol bastante didática. 
 O Direito à Liberdade foi acentuada e concentradas entre a primeira dimensão (Revolução Francesa até a Revolução Industrial), sendo a liberdade a premissa orientadora da primeira dimensão. Entretanto, em todas as dimensões vamos encontrar novas e diferentes manifestações de liberdade, mantendo as “antigas” manifestações. Um exemplo de manifestação contemporânea de liberdade foi quando a Associação dos Ateus fez uma comparação entre Hitler e Chaplin, gerando uma ação judicial para que não houvesse a veiculação dessa propaganda. A questão da liberdade gira em torno de conflitos e redimensionamentos, sendo a colisão entre direitos fundamentais uma constância.
 Liberdade também não deve se confundir com a obrigação de exercer tal liberdade, onde você pode ou não exercê-la.
OBS: As liberdades, como qualquer direito fundamental, são contidas e limitadas, devendo ser utilizadas com bastante responsabilidade (Casalda Nabais, respeito aos direitos e deveres fundamentais), onde além de observarmos os direitos fundamentais, devemos também observar os deveres fundamentais, pois a efetividade dos direitos ultrapassam o cumprimento dos deveres. O exercício das liberdades deve observar o cumprimento dos deveres por parte do titular.
-Liberdade de Expressão (Artigo 5º, Inciso IV): É uma norma de eficácia plena, pois não há necessidade de posterior legislação para que a liberdade de expressão seja exercida, limitando através da vedação do anonimato tal liberdade, com a intenção de evitar abusos desse poder, sendo uma garantia preventiva para que não haja a violação do direito de liberdade de expressão. Assim será possível descobrir a autoria para que uma pessoa que tenha sido prejudicada possa se manifestar em defesa, sabendo quem foi o responsável (A OAB não admite denúncias anônimas). Existem vias excepcionais, como o Disk Denúncia, que deve ser posteriormente apurada para que seja realizada alguma ação.
 Uma polêmica da liberdade de expressão é a possibilidade de divulgação de mentiras sobre determinado indivíduo, onde há a possibilidade do mesmo se defender e buscar a apuração de tais alegações. O Estado não pode confirmar censuras prévias.
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
-Liberdade de Consciência, Crença e Religião (Incisos VI, VII, VIII, Artigo 5º): Estamos diante do objeto de consciência, também conhecido como escusa de consciência e imperativo de consciência (inciso VIII), que é o direito de resistência do indivíduo em cumprir uma obrigação que a todos é imposta, sendo um exercício de liberdade de crença, consciência e religião, onde ao invocarmos motivos políticos, sensoriais e religiosos, ele se exime de cumprir certos deveres, tendo como exemplo o Artigo 143, Parágrafo 1º da CF/88, onde caso o indivíduo não preste o serviço alternativo, ele não poderá exercer seus direitos políticos, sofrendo uma série de restrições.
 O imperativo de consciência também não pode ser uma liberdade absoluta, onde, por exemplo caso a administração pública informe a um candidato adventista que não pode remarcar a data de um exame sábado, alegando que há limites para a administração.
 É importante frisar que o texto constitucional nos incisos VI-VIII deixa claro que não deve haver privilégios a nenhum movimento religioso, como está previsto no inciso VII.
Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei.
§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar.
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;  
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;  
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
-Liberdade Intelectual (Inciso IX): É o direito de um acadêmico para dizer, pensar, ensinar e escrever sobre qualquer coisa que ele ou ela deseja. Mais comumente é concedido a professores titulares universitários. Liberdade intelectual é uma forma de garantir que os acadêmicos ensinando e trabalhando nos níveis avançados não ser vítima de política. 
	
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
-Liberdade de Ofício (Inciso XIII): É a liberdade do indivíduo de exercer qualquer trabalho/profissão, atendendo as devidas qualificações, como por exemplo, um advogado para exercer sua profissão, necessitar do bacharelado em direito e da aprovação no Exame da Ordem. Porém, a partir do momento que a norma infraconstitucional inviabiliza a liberdade de ofício, tal norma passa a ser questionada.
 XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificaçõesprofissionais que a lei estabelecer;   
-Liberdade de Informação (Inciso XIV): A CF/88 diante de um cenário ultrapassado da Ditadura Militar, onde havia uma censura diante de certas informações á população, garantiu no Inciso XIV do Artigo 5º, a liberdade de informação, estabelecendo como remédio constitucional (garantias repressivas) o habeas data, que é a ação que assegura o livre acesso de qualquer cidadão a informações a ele próprio relativas, constantes de registros, fichários ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público. 
 O direito à liberdade de informação não é absoluto, pois não se deve infringir o direito à intimidade e à privacidade, onde o acesso de informação deve observar o sigilo profissional. Como por exemplo na relação entre advogado e cliente, onde em nenhuma hipótese é possível a divulgação de informações envolvidas no sigilo entre as partes, independente de autorização por parte do cliente.
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; 
-Liberdade de Locomoção (Inciso XV): É um direito basilar, presente desde a Magna Carta de 1215, que é o direito de ir, vir e permanecer, onde caso tal direito seja prejudicado, outros direitos também serão violados, tendo como remédio constitucional o habeas corpus. Por maior que seja a abrangência da liberdade de locomoção, ela também se submete a limitações, como por exemplo as limitações circunstanciais em Estados de Guerra, Sítio ou Intervenção Federal, com o intuito de proteção do próprio indivíduo. 
 Em Estado de guerra declara, há a hipótese de estado de sítio, onde o decreto presidencial poderia elencar hipóteses não previstas na CF. A liberdade de locomoção sofre contenções necessários em momentos de instabilidade, sendo ativa em situações de paz.
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
-Liberdade de Reunião (Inciso XVI): O Direito de Reunião assegurado no texto constitucional não é qualquer reunião. Reunião é um encontro de mais de duas ou mais pessoas, onde o encontro do Inciso XVI deve preencher determinados requisitos para que se possa dizer que o direito de reunião tenha sido violado.
 A mesma reunião só poderá ser realizada em espaços abertos ao público ou bens públicos de uso comum, que não precisam de prévia autorização para serem utilizados, como por exemplo uma praça, necessitando apenas de uma prévia comunicação de dia, horário e local à autoridade competente (quem marcar primeiro, terá o privilégio de sediar a reunião), sendo uma reunião pacífica, que não instigue a violência. 
 Não são espaços públicos/bens públicos de uso especial, como uma autarquia, onde para que houvesse uma reunião, seria necessário uma autorização prévia. Ou seja, podemos concluir que o Inciso XVI se aplica apenas a bens públicos de uso comum e não bens públicos de uso especial. 
OBS: A reunião não deve inviabilizar o exercício de outros direitos, como quando uma reunião acaba bloqueando a passagem de uma rua com a queima de pneus, não sendo mais uma reunião, pois está inviabilizando a liberdade de locomoção.
OBS: O aviso deverá ser feito de várias formas, contanto que seja possível comprovar seu aviso.
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
-Liberdade de Associação (Inciso XVII a XXI): A liberdade de associação é uma expressão genérica, aberta a abarcar diversas formas de associação e entidades coletivas, como os sindicatos, grêmios estudantis, cooperativas, entidades de classes e profissionais, etc. 
 O legislador constituinte deixou bem claro que o Estado não pode promover interferência nas associações, mas não se pode admitir associações com entidade paramilitar (que atentasse a causar risco a segurança nacional, XVII). 
 Para a criação de uma associação não é necessária uma prévia autorização, onde estudantes podem, dentro do previsto na Carta Magna e em outras Leis (Codex 2002), criar uma associação, não significando que uma associação no âmbito da legislação brasileira não necessite atender seus requisitos como Pessoa Jurídica (possuir estatuto, associados, assembleia que funde sua estrutura, dirigentes, finalidades e registro). 
 Decisões administrativas não podem suspender, muito menos extinguir, as associações (XIX), acabando com algo que ocorria frequentemente no período da Ditadura Militar, onde apenas decisões judiciais podem dissolver associações. Nenhum indivíduo é obrigado a se associar ou permanecer associado a um grêmio estudantil ou sindicato, porém, as obrigações assumidas enquanto associado devem ser cumpridas.
 O Direito de Associação não é absoluto, tendo seus limites quando o mesmo passa a ofender outros direitos fundamentais (restrinjam a filiação apenas à cidadãos de determinada etnia ou religião). As associações podem representar seus membros filiados tanto judicialmente (ação judicial para vetar o aumento excessivo da mensalidade) quanto extrajudicialmente (petição do grêmio estudantil para que o professor permita a recorrigibilidade da prova de um aluno) (XXI).
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
OBS: As manifestações relativas a liberdade são exemplificativas, sendo hipóteses que podem ser alargadas numa hipótese sistemática, não acabando no texto constitucional ou não estando expressas no mesmo.
DIREITO À IGUALDADE – A igualdade é a premissa orientadora dos direitos fundamentais da 2ª dimensão, pois no período da Revolução Industrial, foi permitido aos trabalhadores que os mesmos tivessem direitos assegurando sua dignidade e melhores condições no trabalho. As Constituições que estão entre o Período da Revolução Industrial e da Segunda Guerra respaldam a igualdade de direitos e deveres, onde a igualdade não é somente uma norma princípio, mas também uma norma regra. 
 A suposta hierarquia entre princípios e regras já é algo ultrapassado, onde uma regra pode ser aplicada em desfavor do princípio, de acordo com a vontade do legislador. Qualquer princípio que venha a ser violado, necessariamente, a igualdade também estará sofrendo a violação. A igualdade é uma expressão que deve ser uma das que mais possuem expressões sinônimas como isonomia, paridade entre armas, tratamento equânime, etc.
-Igualdade Material/Substantiva X Igualdade Formal/Adjetiva: A igualdade formal é o respeito desse princípio no momento de elaboração da norma, sendo a intensão do legislador, respeitando a isonomia na lei, onde tal desrespeito é passível de controle de constitucionalidade. Com o intuito de buscar a máxima efetividade, o que se busca é a igualdade material, que é a efetividade da manifestação da igualdade no mundo concreto, a reprodução da isonomia no mundo social. O Judiciário busca enfatizar a igualdade material. 
 Não é possível a legislação ter a velocidade para que a isonomia seja observada, onde determinados medicamentos, por exemplo, sofrem isenção da cobrança de determinados impostos, buscando garantir às populações carentes o acesso a esse material (o legislador não consegue acompanhar as mudanças da indústria farmacêutica e dos remédiosisentos, cabendo ao Judiciário a busca pela igualdade material).
-Fatores de Discrímen: O fator de discriminação é o fator levado em consideração para legitimar os tratamentos desiguais. Tais fatores de discrímen são objetos de estudo e dependem/variam a partir do caso concreto. O que não pode ocorrer é que as discriminações positivas (as que são adequadas à nossa CF) se tornem negativas.
(i) As Discriminações Positivas são discriminações que são compatíveis com o Princípio da Isonomia, correspondendo à vontade do constituinte.
(ii) As Discriminações Negativas elas são discriminações contrárias e que ofendem os direitos constitucionais.
 O texto constitucional, quando trata da liberdade dos brasileiros natos e naturalizados (Artigo 12, Parágrafo 2º), foi taxativo. Portanto, todas as discriminações entre nacionalizados e natos são taxativas, estando expressas na CF, onde caso venha a haver uma nova discriminação sem estar na CF, a mesma será negativa, configurando em uma inconstitucionalidade. O parágrafo 3º do Artigo 12 da CF/88 é um exemplo de discriminação positiva presente na CF.
 Outras leis, que possuem discriminações positivas sobre os deficientes, por exemplo, podem legislar sobre novas discriminações positivas, já que não estão expressas.
 O autor pioneiro sobre o sistema de cotas foi o ex-Ministro do STF Joaquim Barbosa, onde defende os sistemas de cotas (uma das políticas de ação afirmativa), que se aplicam em diversas searas, como na educação, partidos políticos e chapas da OAB. O prazo de duração do sistema de cotas é tema de discussão em diversas áreas, sendo, para Joaquim Barbosa, uma política de prazo determinável (haverá um fim, mas não se sabe quando findará a adoção desse sistema). 
 Trata-se de uma política que esteve incialmente discutida na década 60, ápice nos anos 70/80 e hoje em dia está em decadência. O sistema de cotas não busca assegurar um montante econômico, mas sim a sua reinserção na sociedade.
Art. 12. São brasileiros:
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa
DIREITO À SEGURANÇA – O Artigo 5º, Inciso XXXVI trata sobre o Direito à Segurança, dizendo que a lei não prejudicará o direito adquirido, a coisa julgada e o ato jurídico perfeito. A lei abrange qualquer ato normativo, abordando ECs, Leis Complementares, MPs, portarias, resoluções, etc .A LINDB, no seu Artigo 6º, traz o conceito dessas expressões presentes no Artigo 5º, XXXVI.
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
-Direito Adquirido: Seria aquele que integra o patrimônio do seu titular, desde que preenchidos os seus requisitos estabelecidos em determinada ordem constitucional e na legislação, compatíveis com a CF. Não se pode confundir direito adquirido com expectativa de direito. 
-Ato Jurídico Perfeito: É o ato que é consumado compatível com a lei vigente baseado na Constituição. É aquele ato jurídico que se revela válido por ter observado todos os requisitos exigidos por lei para sua celebração. O ato jurídico perfeito é um pilar da segurança jurídica, onde os candidatos para serem nomeados (Artigo 93, I, modificado com a EC 45/2004) deveriam passar por três anos de atividade jurídica, só sendo aplicada a partir dos novos concursos que ainda não entraram em andamento.
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
-Coisa Julgada: Chama-se coisa julgada ou caso julgado, a decisão de que já não caiba mais recurso. Ou seja, naquele processo, a parte não poderá mais discutir a decisão judicial final, cabendo entretanto, o ajuizamento de outro processo (ação incisória, anulatória).
(i) Coisa Julgada Inconstitucional é uma exceção, quando foi proferida uma decisão judicial que é contrária a CF, onde esta poderia ser, a qualquer momento, rescindida, pois atenta contra a CF e, consequentemente, estaria sujeita a discussões (quando um desapropriado pela Prefeitura entra em conluio com o perito e o juiz para aumentar a indenização de sua desapropriação num processo de 
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.     (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1957)
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.     (Incluído pela Lei nº 3.238, de 1957)
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por êle, possa exercer, como aquêles cujo comêço do exercício tenha têrmo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.      (Incluído pela Lei nº 3.238, de 1957)
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.
DIREITOS SOCIAIS (Artigos 6º ao 11) - Temos na nossa Carta Política o que chamamos de Microconstituições dos Direitos Sociais, pois a nossa CF engloba outras constituições, que são as Microconstiuições Sociais, como por exemplo, a Constituição da Saúde (196-200), a Constituição da Previdência Social (201-202), e da Educação (205-214). 
-2ª Dimensão e CF/1934: A primeira CF Brasileira a tratar de Direitos Sociais é a Constituição de 1934, sendo um reflexo nítido da 2ª Dimensão, entre a Revolução Industrial e a Segunda Guerra, havendo o prevalecimento dos direitos de liberdade positiva/de prestação. No fundo, os Direitos Sociais também exigem um não fazer, pois corresponderão a liberdades negativas e positivas, como o acesso ao trabalho se não houver liberdade de ofício. Todo e qualquer direito fundamental pode ser acentuadamente prestacional ou de defesa, mas pode possuir uma ambivalência. 
-Artigo 6º da CF/88: O Artigo 6º já sofreu algumas alterações, pois nossa cultura constitucional é a cultura da reiteração e repetição, onde os direitos sociais devem ser assegurados e garantidos, onde o caput do Artigo 6º sofreu a adição do direito a moradia e alimentação. Andreas Krell critica bastante a nossa Carta, alegando que na Alemanha, a Carta de Weimar possuía muitas expetativas sociais e falhou, diferentemente da LF/49, que não se preocupava com direitos sociais e acabou por funcionar.
OBS: Os direitos sociais, mesmo não expressos/implícitos, devem ser protegidos, pois estão previstos nos tratados e acordos de âmbito internacionais no qual o Brasil é signatário. 
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.   (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)
OBS: Os Artigos 7º ao 11 fazem tratam dos Direitos Sociais do Trabalhador, sendo tema do Direito Trabalhista.
DIREITO A EDUCAÇÃO (Artigos 205-214) – Deve-se observar a autonomia das disciplinas dos direitos sociais, onde para que isso seja alcançado, deve haver um conjunto de princípios e regras para dado direito social, onde cada Microconstituição Social possui um rol de princípios e regras próprios. O direito a educação é uma disciplina própria, pois possui princípios e regras próprios, assim como ocorre ao Direito a saúde, daprevidência, entre outros.
-Artigo 205 e multifacetação do Direito à Educação: Não somente o Estado deve proteger a educação, mas também a família e a sociedade aberta, onde o próprio artigo 205 chama a atenção de que o Direito à Educação não é apenas um direito social, sendo indispensável ao direito do indivíduo na sua plenitude (desenvolvimento da pessoa humana, direito individual), sua qualificação para o trabalho (direito social) preparo para o exercício da cidadania (direito transindividual). O direito social é acentuadamente social, mas possui outras vertentes. 
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
-Obrigatoriedade do Ensino Básico: O Artigo 208, I, prevê a obrigatoriedade do ensino básico (ensino infantil, fundamental e médio, dos 4 aos 17 anos), graças à EC 59/2009, já que antes só era prevista a obrigatoriedade do ensino fundamental.
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda Constitucional nº 59, de 2009)
-Princípio de Igualdade de Condições para o Acesso e Permanência na Escola: O Artigo 206 trata dos princípios que regem o ensino brasileiro, que se aplicam a todas as etapas de ensino, tanto no ensino básico como no superior (graduação e pós-graduação). O Ensino Superior não é necessariamente gratuito. Este princípio abarca duas diretrizes: 
(i) a igualdade de condições para o acesso ( a igualdade se manifesta em todas as constituições e microconstituições), sendo uma busca incessante para as mesmas condições para todos os estudantes, onde não acaba havendo esta condição de igualdade, gerando uma frustração constitucional (apenas igualdade formal e não material); 
(ii) a permanência na escola, onde existe um grande número de evasão escolar no ensino médio brasileiro.
OBS: Os demais incisos tratam de questões e princípios do ensino básico e superior no Brasil.
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade.
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados profissionais da educação básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
OBS: Não existe ainda a constitucionalidade do ensino doméstico (homeschooling), sendo uma modalidade de ensino que deve respeitar e observar os requisitos observados pelo Estado.
-História do Direito à Educação no Brasil: Os direitos fundamentais são históricos, portanto, os direitos sociais são conquistados e redimensionados com o passar do tempo (não são dádivas, mas sim frutos de uma extensa luta por esses direitos). Nenhuma Constituição protege a educação como a nossa. 
(i) Antes da independência do Brasil, a história do Direito à Educação se divide em três fases: a fase jesuística, pombalina e joanina. Nesse período a Educação foi usada como forma de satisfazer os interesses da metrópole, sendo um caso das colônias como um todo, limitando a educação das colônias até certo ponto. A educação serviu como uma forma de manutenção da estratificação social. 
(a) Fase Jesuística Os jesuítas foram os responsáveis por construir as primeiras escolas (Escolas de Ler, Escrever e Contar em Porto Seguro), que serviam para impor a cultura básica de catequização e ensino aos colonos, que iriam atender os interesses da metrópole.
(b) A Fase Pombalina (1761-1808) foi responsável por expulsar os jesuítas e impôs às colônias um novo modelo educacional, o modelo tutorial de Lancaster, que consistia na ideia de um tutor que transmitiria conhecimento à dezenas de alunos para atender os interesses da metrópole.
(c) O Período Joanino (1808-1822) foi o período onde as primeiras faculdades foram introduzidas no Brasil (Medicina, Arquitetura, Engenharia), ainda para atender as necessidades da Família Real (a necessidade de médicos, Faculdade de Medicina).
(ii) Após a Independência do Brasil, todas as constituições passaram a tratar sobre o Direito à Educação. Em 1824, a Carta Imperial assegurava o ensino primário para todos os cidadãos brasileiros, não havendo ainda o conceito de educação de qualidade, onde havia a priorização dos Direitos Individuais (liberdades negativas/defesa).
 A Constituição Republicana de 1891 apesar da abolição da escravatura, os escravos continuaram na mesma situação (não houve a Revolução Industrial), já que não havia nenhum acesso a educação (apenas 4% da população era alfabetizada).
 A primeira Constituição que inaugura os direitos sociais em sentido platafórmico foi a de 1934, onde Getúlio Vargas importa os conceitos do intervencionismo estatal norte-americano (New Deal) com o intuito de assegurar o bem estar dos cidadãos, possuindo um capítulo com vários artigos sobre os Direitos Sociais (erradicação do analfabetismo, ensino obrigatório à crianças e adolescentes, etc). 
LIMITE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS – Trata-se do estudo das regras de limitações aos Direitos Fundamentais e, sobretudo, os requisitos estabelecidos para a verificação da constitucionalidade dos limites aos direitos fundamentais. O objetivo é a forma de como será controlado os direitos fundamentais e possíveis limites, onde cabe a doutrina a verificação da constitucionalidade ou não da limitação (iniciado pelo TCF Alemã em sua LF/49).
 Se todo direito fundamental por concordância poderá ser limitado, compete a nossa geração (geração anterior tinha que justificar e sustentar a existência de certos direitos fundamentais) assegurar a efetividade dos direitos fundamentais (síndrome da inefetividade dos direitos fundamentais) e controlar a forma que o Poder Público poderá controlar os limites dos direitos fundamentais, como os direitos sociais, através do MI, ADPF, etc. A doutrina costuma dizer que ninguém amanhece lembrando agradecendo pelo Artigo 5º, Inciso XIII, a não ser que sinta que tal direito é violado, daí segue a importância desse estudo dos limites.
PRESSUPOSTO PARA O ESTUDO DOS LIMITES 
I: Toda e qualquer limitação ao direito fundamental será permitida tão somente quando ambicionar a proteção de outro direito fundamental ou interesse constitucionalmente protegido. A ideia não é convencer o outro da limitação dos direitos fundamentais, mas sim admitindo tais limitações quando a mesma tender/ambicionar os outros DFs ou questões constitucionalmente protegidas. A liberdade de ofício e profissão pode ser limitada por uma lei infraconstitucional, que no caso condiciona o exercício da advocacia a aprovação no Exame da Ordem.
II: A limitação deve estar prevista na própria CF/88, ainda que de forma implícita. É impossível que a CF seja capaz de explicitar todas as formasde conflito ou limites, sendo admitidas também o uso de limitações implícitas. Se o legislador extingue a possibilidade de culto, será um ato inconstitucional, ainda que o mesmo encontre um limite implícito.
III: É a constatação de que todo Direito Fundamental é restringível. O Direito à Vida, inclusive, pode ser restringido em casos de guerra declarada. A doutrina é unânime em reconhecer que todo e qualquer direito fundamental pode ser restringido. 
OBS: Norberto Bobbio não admite restrições ao direito fundamental de não ser torturado e não sofrer penas cruéis.
ESPÉCIES DE LIMITES AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS – São tipologias aceitas pela doutrina e jurisprudência brasileira.
-Limitações Diretas: são restrições estabelecidas diretamente pelo texto constitucional que decidiu ele próprio fixar a restrição ao invés de delegá-la ao legislador infraconstitucional, tendo como exemplo o Artigo 5º, XXV e LI.
 XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;.
 LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
-Limitações Autorizadas ao Legislador: Coincide com as normas de eficácia contida ou restringível e refere-se às autorizações expressamente feitas pelo constituinte para que o legislador restrinja o direito fundamental. Isto é o que chamamos de Reserva Legal, se subdividindo em:
(i) Reserva Legal Simples trata da autorização para restrição sem imposição de condicionantes. Não é dito como deverá ser feita a elaboração (conteúdo, matéria e especificações) e limitação pela lei, como os Incisos XV e XVIII, Artigo 5º da Carta Magna.
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
(ii) Reserva Legal Qualificada é a autorização para limitações desde que observadas determinadas condições impostas pelo constituinte. Exemplos de Reserva Legal Qualificada são o artigo 5º, Incisos XII e XIII (diz respeito a qualificação técnica do indivíduo, onde o mesmo deve prestar o Exame da Ordem para demonstrar seu conhecimento jurídico), onde a própria CF diz como será a lei qualificadora desse limite. A liberdade do legislador será menor diante de Reservas Legais qualificadas.
 XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;  
 XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;   
OBS: A Reserva Legal significa Reserva de Lei do Parlamento, alegando que apenas as hipóteses legislativas (leis, e não decretos ou resoluções) do Artigo 59 da CF/88 poderão cumprir a autorização do constituinte.
-Limitações Implícitas: São aquelas que não aparecem diretamente no texto constitucional, tampouco há autorização para o legislador, mas que os conflitos entre normas constitucionais são entendidos como limites aos Direitos Fundamentais. 
 Dois casos tratados pelo STF servem de exemplo para limitações implícitas; o Caso Ellwanger (Habeas Corpus 82424) onde ao Ellwanger alegar em seus livros que a perseguição aos judeus e o Holocausto nunca existiram, sendo uma farsa, o MP/RS o processou por racismo, onde o STF reconheceu a existência de uma limitação implícita da liberdade de expressão, não englobando o racismo, de acordo com o Inciso XLII, Artigo 5º; e o caso da Vaquejada, onde o STF alegou um limite (tratamento cruel dos animais) ao Direito à Cultura no Artigo 225, Parágrafo 1º, Inciso VII.
ÁREA DE REGULAMENTAÇÃO X ÁREA DE PROTEÇÃO - Área de Regulamentação é a porção da vida que a norma busca regulamentar, regulamentando a liberdade de associação, referindo-se a um tema tratado pelo constituinte(englobando também as associações ilícitas e que tem caráter militar). É todo o recorte da realidade social no qual incide dada norma.
 Área de Proteção é o bem da vida efetivamente protegido pelo Direito Fundamental, onde as associações para fins ilícitos e de caráter militar estão fora da Área de Proteção, que protege e resguarda apenas as associações lícitas e que não possuem caráter militar. Toda vez que a norma estiver fora da Área de Proteção não haverá limitação a ser controlada.
Há hipóteses em que a área de proteção e a área de regulamentação coincidem, como por exemplo no Inciso XIV do Artigo 5º da CF/88, que protege a Liberdade à Informação, não determinando o tipo de informação que deve ser protegido.
IV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;   
LIMITES DOS LIMITES (SCHRANKEN – SCHRANKEN)
-Observância do Núcleo Essencial do Direito Fundamental: A restrição ao direito fundamental, ainda que constitucionalmente admitida, será inconstitucional quando violar o núcleo essencial daquele Direito Fundamental. O STF adotou a Teoria Relativa do Núcleo Essencial para reconhecer que este núcleo será, definido em caso concreto. A restrição dos Direitos Fundamentais não torna uma medida inconstitucional, mas sim a violação/abolição de um Direito Fundamental por uma medida.
 A proibição de progressão de regime para os crimes hediondos, por exemplo, viola o núcleo essencial do Direito Fundamental, tornando o direito fundamental (Princípio da Individualização da Pena) inexistente para o mesmo indivíduo, sendo isso uma limitação inconstitucional. 
 Pode-se restringir e estabelecer processos mais rigorosos a progressão de regime, mas não proibir a progressão de regime (Posição do STF). O Exame da Ordem é outro exemplo de limitação constitucional que não viola o Direito do livre ofício.
-Princípio da Proporcionalidade: Ao submetermos as limitações ao Princípio da Proporcionalidade, devemos analisá-lo diante dos subprincípios: 
 (i) Subprincípio da Adequação, que é a análise dos meios e dos fins da restrição (como o Exame da OAB ter por finalidade provar a capacitação do exercício da advocacia), procurando descobrir se a limitação é capaz de atender a sua finalidade. A finalidade de toda limitação é assegurar todo e qualquer direito fundamental e valor constitucional;
 (ii) Subprincípio da Necessidade, que é a comparação das diversas formas de restrição para descobrir que aquela adotada é de fato a menos prejudicial ao direito fundamental limitado (escolher entre Exame da Ordem ou Exame da Ordem + 10 anos de exercício assistenciado para a qualificação do indivíduo);
 (iii) Subprincípio da Proporcionalidade em Sentido Estrito, que é quando a limitação será admitida tão somente quando trouxer mais benefícios do que as desvantagens provocadas.
PROCESSO CONSTITUCIONAL – As garantias fundamentais são os instrumentos de proteção dos direitos fundamentais. As ações constitucionais são responsáveis por proteger os direitos fundamentais. 
 A nossa Carta é recheada de direitos fundamentais (normas declaratórias), além de possuírem as garantias fundamentais/remédios constitucionais, que são normas assecuratórias . De nada adianta termos direitos se não tivermos garantias para protegê-los. 
OBS: Existem garantias constitucionais formais (que estão presentes na CF), mas também há garantias e remédios presentes em dispositivos normativos infraconstitucionais.
-Sofisticação das Garantias Fundamentais: A Carta de 1988 gerou uma sofisticação das garantias fundamentais, pois o legislador buscou novas vias de proteção aos direitos fundamentais, havendo uma CF reforçadae blindada. 
 É possível utilizar, por vezes, o ajuizamento de duas ou mais garantias constitucionais, dependendo do contexto inserido. De 67 para 88, percebemos que a CF/88 trouxe o Mandado de Injunção, o Habeas Data e a Ação Civil Pública, por exemplo. 
 A CF/88 é uma farmácia constitucional, onde é necessário o estudo e análise da adequação desse remédio constitucional.
MANDADO DE SEGURANÇA – No âmbito cível, o mandado de segurança é um dos remédios constitucionais mais impetrados no poder judiciário. O Mandado de Segurança (MS) é um remédio constitucional que se pauta na proteção do direito líquido e certo. 
-Direito Líquido: Seria aquele protegido inequivocamente pela legislação pátria, devendo o impetrante fundamentar no MS qual seria o Artigo da Carta, lei complementar, ordinária, etc que teria sido violado. É o direito que encontra respaldo, que é protegido e presente na Constituição . 
-Direito Certo: Traduz-se naquele que é objeto de prova pré-constituída, ou seja, deverá a parte autora juntar, no momento em que ingressa com a ação, todos os documentos comprobatórios do quanto alegado na inicial. É aquele direito que é demonstrado e comprovado. 
 Não cabe no Mandado de Segurança dilação probatória, que é o pedido de juntada posterior de documentos (realização de perícia, ouvida de testemunha, etc)
OBS: Não existe possiblidade de dilação probatória (prova posterior) no mandado de segurança, ou seja, o indivíduo deve possuir certeza do seu direito, não havendo espaço para produção de provas.
-Histórico: O mandado de segurança surgiu na Carta de 1934 e, de lá pra cá, vem sendo mantido nas Constituições posteriores, cuja lei inicial, hoje revogada, era a Lei 1533/51. A lei do Mandado de Segurança é a Lei 12.016/09, que busca o aperfeiçoamento desse remédio.
-Legislação Pertinente: No texto constitucional, os incisos LXIX e LXX do Artigo 5º tratam do mandado de segurança e a atual lei do MS, que é a Lei 12.016/09. Não cabendo habeas corpus ou habeas data, o mandado de segurança poderá ser impetrado, sendo um remédio subsidiário ao habeas corpus e habeas data, possuindo um campo muito mais amplo de incidência. 
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
-Legitimidade Ativa e Passiva: os entes que podem exercer a legitimidade ativa do mandado de segurança (impetração do mandado de segurança coletivo) são os partidos políticos com representação no Congresso Nacional, organizações sindicais, entidades de classe e associações legalmente constituídas e em funcionamento há, pelo menos, um ano, e qualquer pessoa física ou jurídica (Mandado de Segurança simples), conforme previsto no Inciso LXX, alíneas a e b do Artigo 5º.
 O Mandado de Segurança sempre será impetrado contra as pessoas físicas que representam o poder público. O MS não será impetrado contra a Faculdade Baiana, mas sim contra o representante dessa pessoa jurídica, que pode ser o reitor, por exemplo. É a partir da identificação da entidade coatora que será possível definir o órgão competente para julgar o mandado de segurança. 
-Mandado de Segurança Preventivo: Busca-se evitar os efeitos do ato coator. 
-Mandado de Segurança Repressivo: A parte impetrante terá como finalidade interromper os efeitos advindos do ato coator. 
(i) Fumos Bonis Iures traduz-se na demonstração pela parte autora que a legislação em vigor foi violada. 
(ii) Periculum in mora corresponde ao dano irreparável que poderá ocorrer à parte impetrante na hipótese da liminar “inaudita altera pars” não vir a ser concedida. 
MANDADO DE INJUÇÃO – Processo Constitucional que tem o objetivo de combater as omissões constitucionais, no tocante dos direitos e liberdades constitucionais e às prerrogativas inerentes à nacionalidade, a soberania e a cidadania.
-Histórico: Foi criado na Constituição de 88, fortemente inspirado pela Constituição Portuguesa. O MI obteve regulamentação infraconstitucional apenas em Junho de 2016, mas desde a promulgação da CF, o STF entendeu que se tratava de norma autoaplicável (norma de eficácia plena).
-Legislação Pertinente: Possui previsão na própria Constituição, no Art. 5º, LXXI, e, infraconstitucionalmente, está na Lei 13.300/16.
-Modalidades: A Lei 13.300/16 prevê o MI Individual e o MI Coletivo, muito embora a Constituição traga previsão apenas da modalidade individual. Mesmo antes da lei, o STF admitia o MI Coletivo por analogia à Lei de Mandado de Segurança.
-Legitimidade Ativa e Passiva: São legitimados a impetrar MI as pessoas naturais e jurídicas. No MI coletivo, a legitimidade ativa cabe ao Ministério Público, por partido político com representação no Congresso Nacional, a confederação sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída a pelo menos um ano, e a defensoria pública.
Art. 12.  O mandado de injunção coletivo pode ser promovido:
I - pelo Ministério Público, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a defesa da ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou individuais indisponíveis;
II - por partido político com representação no Congresso Nacional, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a finalidade partidária;
III - por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial;
IV - pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5oda Constituição Federal.
Parágrafo único. Os direitos, as liberdades e as prerrogativas protegidos por mandado de injunção coletivo são os pertencentes, indistintamente, a uma coletividade indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou categoria.
 Já os entes que detém a legitimidade passiva (parte coatora) são os poderes, os órgãos ou autoridades responsáveis pela edição da norma pendente de elaboração.
OBS: Se a lei for de iniciativa privativa do Presidente da República, e este ainda não enviou o projeto para o congresso, deverá figurar no polo passivo do MI.
Art.  5o Recebida a petição inicial, será ordenada:
I - a notificação do impetrado sobre o conteúdo da petição inicial, devendo-lhe ser enviada a segunda via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste informações;
II - a ciência do ajuizamento da ação ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, devendo-lhe ser enviada cópia da petição inicial, para que, querendo, ingresse no feito.
Art. 6o  A petição inicial será desde logo indeferida quando a impetração for manifestamente incabível ou manifestamente improcedente.
Parágrafo único. Da decisão de relator que indeferir a petição inicial, caberá agravo, em 5 (cinco) dias, para o órgão colegiado competente para o julgamento da impetração.
Art. 7o  Findo o prazo para apresentação das informações, será ouvido o Ministério Público, que opinará em 10 (dez) dias, após o que, com ou sem parecer, os autos serão conclusos para decisão.
Art. 8o  Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para:
I - determinar prazo razoávelpara que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora;
II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado.
Parágrafo único. Será dispensada a determinação a que se refere o inciso I do caput quando comprovado que o impetrado deixou de atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma.
Art. 9o  A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até o advento da norma regulamentadora.
§ 1o  Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração.
§ 2o  Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser estendidos aos casos análogos por decisão monocrática do relator.
-Competência originária para processar e julgar a ação: A competência caberá ao tribunal ou juiz, capaz de conhecer e julgar os atos da autoridade apontada como coatora. Os casos mais famosos de MI foram, por exemplo, de competência do STF.
-Teoria Não Concretista: Nessa teoria, o poder judiciário declara a existência da omissão, mas não pode assegurar o exercício do direito em substituição ao órgão omisso. Vigorou no Supremo até meados de 2007.
-Teoria Concretista: O Poder Judiciário reconhece a omissão e assegura o cumprimento do direito. Passou a ser aplicada no ano de 2007 no STF, a partir do MI nº 708. Essa teoria se divide em: (i) Direta, onde o Poder Judiciário assegura o direito sem necessitar abrir prazo para a atuação da autoridade coatora; e (ii) Intermediária, onde o Poder Judiciário deve abrir prazo, e, se a norma for editada nesse prazo, ele assegurara o exercício do direito.
Além disso essa teoria divide-se, também, em: (i) Geral, que é quando todos que estejam em situação semelhante, ainda que não façam parte da ação, serão afetados pela decisão; e (ii)Individual, que é quando apenas o impetrante se beneficiará com a decisão do MI.
OBS: O STF adotava antes da Lei 13.300/16 a Teoria Concretista Direta Geral. A Lei 13.300 adotou a Teoria Concretista Intermediária Individual, prova disso são os Arts. 8º e 9º da lei.
Art. 11.  A norma regulamentadora superveniente produzirá efeitos ex nunc em relação aos beneficiados por decisão transitada em julgado, salvo se a aplicação da norma editada lhes for mais favorável.
Parágrafo único.  Estará prejudicada a impetração se a norma regulamentadora for editada antes da decisão, caso em que o processo será extinto sem resolução de mérito.
HABEAS DATA (Artigo 5º, LXXII e Lei 9507/97) – Corresponde a uma garantia que foi importada, tendo como principal influência a Constituição Portuguesa de 1976. O habeas data foi adotado em decorrência de termos passado por períodos de restrição da liberdade de informação, trazendo garantias constitucionais específicas no que tange a informação. Habeas Data significa “buscar informação”. 
 Houve uma preocupação com a limitação do habeas data, pois o mesmo poderia restringir outros direitos, ou seja, o habeas data se limita a informações que digam respeito a sua pessoa.
-Cabimento: O habeas data está presente no Artigo 5º, LXXII da CF/88 e também na lei 9507/97, tendo uma função complementar em seu Artigo 7º,+ III. O cabimento do habeas data não depende do esgotamento da discussão na via administrativa, mas tão somente a comprovação da recusa expressa ou tácita. 
Com base nos Artigos 7º e 8º da Lei 9507/97, o habeas data poderá ser impetrado nas seguintes hipóteses: 
(i) Para assegurar o conhecimento/acesso de informações relativas a pessoa do impetrante. Nesta hipótese, o impetrante deverá demonstrar que houve recusa ao acesso às informações ou decurso (ultrapassado) de mais de 10 dias sem decisão. 
OBS: Na hipótese do impetrante precisar tomar providências judiciais no prazo de 10 dias sem que ele tenha obtido ainda a resposta, caberá mandado de segurança, que é a ação subsidiária ao habeas corpus e habeas data. Não cabe habeas data para discutir direito de obtenção de certidões e sim o mandado de segurança.
(ii) Para assegurar a retificação de dados da pessoa do impetrante. Neste caso, o impetrante deverá demonstrar que houve a recusa em fazer-se a retificação ou decurso de mais de 15 dias.
(iii) Para garantir a anotação nos assentamentos da pessoa do impetrante. Nesta hipótese, também o impetrante deverá juntar comprovante de que houve recusa em fazer-se a anotação ou decurso do prazo de 15 dias.
LXXII - conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
(LEI 9507/97) Art. 7° Conceder-se-á habeas data:
III - para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável.
(LEI 9507/97) Art. 8° A petição inicial, que deverá preencher os requisitos dos arts. 282 a 285 do Código de Processo Civil, será apresentada em duas vias, e os documentos que instruírem a primeira serão reproduzidos por cópia na segunda.
Parágrafo único. A petição inicial deverá ser instruída com prova:
I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão;
II - da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem decisão; ou
III - da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do art. 4° ou do decurso de mais de quinze dias sem decisão.
-Legitimidade Ativa e Passiva: O responsável por impetrar o habeas data é o postulante (advogado, procuração, MP), tendo como possível autor qualquer Pessoa Física ou Jurídica, seja de direito público ou privado. Só será pleiteado o habeas data se for para buscar informações relativas ao próprio autor, para defender os direitos personalíssimos (um sindicato não pode pedir um habeas data para um de seus membros, mas sim para o sindicato). 
 Cabem como réus no habeas data os registros ou (i) bancos de dados de caráter público (notória importância e relevância para a sociedade, sendo avaliado de acordo com o caso concreto, como provedores de internet, instituições bancárias, CERASA, SPC) ou de (ii) entidades governamentais.
-Medida Liminar: A diferença do mandado de segurança e habeas data é que a lei do habeas data não trata explicitamente e expressamente sobre o assunto, porém, será aplicado na mesma proporção que o mandado de segurança.
-Competência para processar e julgar: Segue as mesmas hipóteses do mandado de segurança, ou seja, caso o presidente queira impetrar o habeas data, a instância federal receberá o habeas data.
AÇÃO POPULAR (Artigo 5º, LXXIII) – Ação popular é o meio processual a que tem direito qualquer cidadão que deseje questionar judicialmente a validade de atos que considera lesivos ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. 
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
-Histórico: É uma ação constitucional oriunda da terceira geração dos direitos fundamentais, que ocorreu após a 2ª Guerra Mundial, tratando dos direitos transindividuais. Nesse contexto, surge a ação popular em países que estavam se reconstruindo e o Brasil acaba importando a ação popular no âmbito infraconstitucional durante a Ditadura Militar (Lei 4717/65), sendo incorporada constitucionalmente apenasna CF/88.
-Legitimidade Ativa e Passiva: O autor vai ter que outorgar poderes a um advogado (postulante), onde só poderá ingressar com uma ação popular as pessoas físicas, pois possuem a condição de eleitor (Artigo 1º, parágrafos 3º e 4º da Lei 4717/65). O autor não pode utilizar a ação popular para fins pessoais/escusos e de má-fé, sendo constatado pelo judiciário, é a única possibilidade em que não há isenção de ação popular.
 § 3º A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com documento que a ele corresponda.
 § 4º Para instruir a inicial, o cidadão poderá requerer às entidades, a que se refere este artigo, as certidões e informações que julgar necessárias, bastando para isso indicar a finalidade das mesmas.
OBS: A Procuradoria e a Promotoria não podem exercer ou serem autores de uma ação popular, apenas o promotor/procurador como cidadão eleitor, podendo o MP apenas dar continuidade à ação popular de acordo com o Artigo 9º da Lei 4717/65.
        Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motiva à absolvição da instância, serão publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da ação.
 O réu da ação popular pode ser tanto uma PF como uma PJ, sendo entidades governamentais ou de caráter privado, de acordo com o Artigo 6º da Lei 4717/65.
-Cabimento: O objetivo da ação popular é desconstituir o ato que vai causar certa lesão aos itens abaixo, podendo gerar uma indenização. De acordo com o Artigo 5º, LXXIII, a ação popular poderá ser proposta nas seguintes hipóteses:
(i) Anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe; (ii) Anular ato lesivo à moralidade administrativa; (iii) Anular ato lesivo ao meio ambiente; (iv) Anular ato lesivo ao patrimônio histórico ou cultural.
OBS: Em regra, não haverá cobrança de custas judiciais e ônus da sucumbência (honorários advocatícios) na ação popular, salvo na hipótese do autor ter agido de má-fé.
-Medida Liminar: Há a possibilidade de medida liminar na ação popular, seguindo os mesmos procedimentos do mandado de segurança.
-Competência para processar e julgar: Em regra, a ação popular será proposta na primeira instância, observando-se a origem do ato impugnado.
HABEAS CORPUS - Ação judicial com o objetivo de proteger o direito de liberdade de locomoção lesado ou ameaçado por ato abusivo de autoridade.
-Histórico: O habeas corpus surge na Carta Magna de 1215 a partir da exigência e função ainda que limitada de que toda pessoa presa fosse apresentada a autoridade competente, por isso que o nome de tal medida é Habeas Corpus/Tenha o Corpo. Com o Habeas Corpus Act de 1679, o indivíduo recebe o status de garantia à liberdade de ir, vir e permanecer. 
 O habeas corpus só ganhou assento constitucional na Constituição Republicana de 1891, já que, anteriormente, o Habeas Corpus era previsto apenas em textos infraconstitucionais. A partir daí, o Brasil possuía uma doutrina diferente do uso do Habeas Corpus, a Doutrina Brasileira do Habeas Corpus, já que tal medida era utilizada em caso de qualquer coação que violasse outros direitos à liberdade além da liberdade de locomoção. Esta doutrina vigorou até a Reforma Constitucional de 1926, quando o HC ficou restrito a liberdade de locomoção.
 Depois da Constituição de 1891, todos os textos possuíram previsão constitucional do Habeas Corpus, com exceção durante o período em que o AI-5 esteve vigente. O cabimento de Habeas Corpus era para crimes políticos, contra a segurança constitucional e ordem social
-Legislação Pertinente: Está previsto no Artigo 5º, LXVIII da CF/88 e, infraconstitucionalmente, nos Artigos 647 a 667 do CPP. LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
-Habeas Corpus Preventivo: O indivíduo se acha ameaçado de sofrer restrição na sua liberdade de locomoção e a concessão do HC importará na definição de um salvo conduto para este paciente.
-Habeas Corpus Repressivo: É quando há o estabelecimento de um alvará de soltura, onde o indivíduo já tem sua liberdade limitada. Serve para corrigir uma restrição já concretizada à liberdade ambulatorial/de locomoção. Nesta espécie de HC, a concessão importará na expedição de alvará de soltura para o preso.
-Habeas Corpus Substitutivo: Ocorre quando existe recurso para a decisão tomada judicialmente, mas a parte resolve utilizar-se do HC para questionar a decisão. Esta modalidade de HC não é aceita pelo STJ e pela Primeira Turma do STF salvo um caso de flagrante de ilegalidade e é aceita pela Segunda Turma do STF.
-Competência: O julgamento do recurso do Habeas Corpus pode ser feito pelo STF (Artigo 102,I, alíneas d, i), STJ (Artigo 105, I, c), TRF e JF. 
(STF) Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal; 
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 22, de 1999)
(STJ) Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais;
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
(TRF) Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal;
(JF) Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;
-Legitimidade Ativa e Passiva: Na ação de habeas corpus não se exige a demonstração de capacidade postulatória, cabendo a qualquer um a possibilidade de ingressar em juízo em seu favor ou na defesa da liberdade de locomoção. Quando o impetrante for distinto do paciente, aquele tem o dever de demonstrar o interesse jurídico na impetração. 
 Não há impedimento legal do MP em manejar o HC quando estiver diante de restrição a liberdade de locomoção em razão de abuso ou ilegalidade de poder (Habeas Corpus de Ofício). O Artigo 654 do CPP consagra expressamente a legitimidade do Ministério Público. Admite-se Habeas Corpus de Ofício quando no curso do processo se verificar que alguém sofre ou está na iminência de sofrer restrições legais à liberdade ambulatorial, conforme Artigo 654, 2º, CPP. 
 Quem pode ser autoridade coatora e ser detentor de legitimidade passiva é uma autoridade (indivíduo) ou um órgão público. O particular também pode ser legitimado passivo,

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