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DIREITO PENAL II - Daniela Portugal - CADERNO 3o SEMESTRE

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DIREITO PENAL II
Aluno: João Felipe Cabral Fagundes Pereira
TEORIA DO DELITO - O crime será composto pelo conjunto de todos esses elementos, onde caso haja a falta de um desses elementos não haverá um crime. 
CONCEITO LEGAL DE CRIME – O conceito legal de crime é que crime é a infração penal punida com pena de reclusão ou de detenção (LICP/Lei de Introdução ao Código Penal). A LICP conceitua a infração penal, que é gênero que biparte (conceito bipartido) em duas espécies: crimes, que são sinônimos de delitos aqui no Brasil, e contravenções penais. Os (i)crimes são punidos com pena de reclusão ou detenção e as (ii) contravenções, que são punidas com pena de prisão simples.
(a)A pena de reclusão vai ser cumprida em um regime inicial fechado, semiaberto ou aberto. (b)A pena de detenção é cumprida num regime semiaberto ou aberto (podendo regredir para regime fechado caso o indivíduo enquanto estiver cumprindo o regime cometa uma falta grave) e (c)a pena de prisão simples é cumprida em um regime semiaberto e aberto.
CONCEITO MATERIAL DE CRIME – Crime é a ofensa a um determinado bem jurídico. 
CONCEITO ANALÍTICO – É o conceito científico de crime e é denominado analítico justamente porque irá decompor o crime em partes, analisando e estudando as partes que compõem o crime. Dentro do conceito analítico existe uma divergência doutrinária, onde para a (i) Teoria Bipartida, crime é igual a fato típico + ilicitude. Já para (ii)Teoria Tripartida, crime é igual a fato típico + ilicitude + culpabilidade, prevalecendo a Teoria Tripartida, já que atualmente, grande maioria dos autores penalistas colocam a culpabilidade como parte integrante do crime. 
OBS: Crimes e contravenções possuem a mesma essência, tendo como diferença apenas a consequência jurídica.
	FATO TÍPICO
	ILICITUDE/ANTIJURIDICIDADE (NÃO ESTAR EM:)
	CULPABILIDADE
	1 – Conduta
	1 – Estado de necessidade
	1 – Imputabilidade
	2 – Resultado
	2 – Legítima defesa
	2 – Potencial consciência da ilicitude
	3 – Nexo de causalidade
	3 – Estrito cumprimento de um dever legal
	3 – Exigibilidade de conduta diversa
	4 – Tipicidade
	4 – Exercício regular de um direito
	
	
	5 – Consentimento do ofendido
	
FATO TÍPICO
CONDUTA – Seguindo a Teoria Finalista de Hans Welzel, conduta é um comportamento humano comissivo ou omissivo, livre e consciente direcionado a um determinado fim. Há a associação de condutas à Pessoas Físicas, mas, atualmente, se discute a prática de crimes por Pessoas Jurídicas. 
RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA – Essa discussão vem da lei 9605/98, que é a Lei dos Crimes Ambientais, que trouxe no seu Artigo 3º a responsabilidade penal da PJ, sendo uma inovação pela prática de crimes ambientais, trazendo também o questionamento de se essa lei era ou não constitucional, levando em conta os Artigos 225 e 173, $5º da CF/88. 
(Lei 9605/98) Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
§ 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.
 Em relação ao Artigo 225 (trata do meio ambiente), houve a formação de duas correntes doutrinárias: uma que consagrava a responsabilidade penal da PJ e outra que cria que o artigo dizia que as condutas e atividades lesivas ao meio ambiente sujeitarão a seus infratores (PJ ou PF) a sanções penais e administrativas, crendo que PF receberiam apenas sanções penais e PJ sofreria apenas sanções administrativas.
 No Artigo 173 (trata da ordem econômica, financeira e de economia popular, normas de eficácia limitada, necessitando ser regulamentadas no plano infraconstitucional), Parágrafo 5º acaba por acirrar o debate, divergindo duas correntes, onde uma das correntes crê que a sanção penal é compatível com a PJ e a outra corrente crê que a sanção penal é incompatível com a PJ, já que só devem aplicar sanções compatíveis com a natureza da Pessoa Jurídica.
 O STF, ao responder esta pergunta, afirmou que a responsabilidade da Pessoa Jurídica é constitucional. Porém havia outra pergunta a ser respondida: qual era o âmbito de incidência da responsabilidade penal da PJ? Alguns creem que a PJ pode ser responsabilizada por qualquer crime (homicídio, furto, etc), havendo outro posicionamento que diz que a PJ será responsabilizada penalmente apenas por crimes ao meio ambiente, e, por fim, um posicionamento que acredita que tal responsabilidade penal se aplica em crimes do meio ambiente, ordem financeira, econômica e economia popular. 
OBS: Na prática, hoje em dia, é jurisprudencialmente pacífico creditar a responsabilidade penal da PJ para crimes contra o meio ambiente.
O Artigo 3º da Lei 9605/98 responsabilizará a PJ caso tenha sido a decisão do representante ou do órgão colegiado as PJ, adicionalmente a decisão ter sido tomada no proveito/interesse da Pessoa Jurídica.
OBS: Caso apenas a Pessoa Física tenha tirado proveito do crime, apenas a mesma será responsabilizada por suas ações.
-Argumentos Favoráveis para a responsabilização da PJ: Os defensores da responsabilidade da PJ acham que (i) o Direito Penal deve se adaptar a uma nova realidade, já que algumas pessoas usam as PJs como escudo para realizar condutas ilícitas, sendo que o Direito Penal deve adequar-se à nova realidade.
 Outro argumento é que a (ii) PJ faz parte da Teoria da Realidade, possuindo vontade própria, dissociada da vontade dos indivíduos que a instituem, sendo autônomas, podendo fazer parte de firmação de contratos, onde a autonomia tem como consequência a responsabilidade. (iii) A dificuldade de persecução da Pessoa Física (processo penal labiríntico, como exemplo o jogo de intimações entre funcionário, gerente, diretor e superintendente quando se comete um crime ambiental) também pesa para a responsabilidade penal da PJ que facilitaria a persecução.
OBS: A tendência mundial, tanto em países de common law (EUA e Reino Unido) como os de Civil Law (Alemanha e França) é a adoção da responsabilidade penal da PJ.
-Argumentos desfavoráveis da responsabilização da PJ: (i) A responsabilização penal da PJ é incompatível com o sistema jurídico-penal, onde toda a teoria do delito é pensada para seres humanos, onde os conceitos são incompatíveis com a PJ, pois ao adaptá-los geraria um desnaturamento da Teoria do Delito, como por exemplo, discutir o dolo de uma PJ.
 Outro argumento seria a (ii)violação da responsabilidade penal pessoal e da intranscendência das penas, onde caso o órgão colegiado de uma PJ vença por maioria em desmatar área ambiental protegida, todos os indivíduos, mesmo os que não votaram, sofreriam as consequências da pena com a extinção da PJ.
 (iii) O Direito Penal se tornaria meramente simbólico, pois o êxito ao conseguir a condenação de uma PJ seria a multa, suspensão/encerramento das atividades, sanções e punições já utilizadas pelo Direito Administrativo, não sendo necessário o Direito Penal, ou seja, não é lógico implementar tal responsabilidade penal. A experiência histórica dosoutros ramos do direito já trabalham com a desconsideração da PJ, como por exemplo os ramos jurídicos do Direito Civil, onde a PJ ao se manifestar em forma de fraude, a PJ é desconsiderada para que seja perseguida a Pessoa Física por trás da PJ, onde o Direito Penal estaria na contramão da experiência histórica.
DUPLO CONCURSO/CONCURSO NECESSÁRIO/IMPUTAÇÃO SIMULTÂNEA – Delito cuja ação impõe a participação de mais de uma pessoa. A infração penal só se configura com o número de agentes mencionados no tipo.
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA – Existem determinados comportamentos completamente desprovidos de qualquer sombra de voluntariedade, e quando isso acontece, há a possibilidade de exclusão da conduta para fins penais.
-Força Física Irresistível/Coação Física Irresistível: É uma situação em que uma conduta humana que está tirando completamente a voluntariedade de uma outra conduta (quando um indivíduo força a outra fisicamente a matar outrem contra a sua vontade). Isso não se confunde com coação moral irresistível, que é uma causa de exclusão da culpabilidade (quando alguém ameaça a família do indivíduo para que o mesmo mate outrem).
-Ato de Inconsciência: É um ato que é um produto estritamente só do inconsciente humano, havendo como exemplo a hipnose ou a encarnação de um espírito/entidade, estando fora da esfera de consciência/razão.
-Ato Reflexo: O ato reflexo é um impulso orgânico, onde o indivíduo não tem nenhum tipo de domínio sobre ele, tendo como exemplo um epilético que acaba arrancando o dedo de um indivíduo que estava tentando desenrolar sua língua, excluindo qualquer responsabilização de lesão corporal ao indivíduo.
-Força Irresistível da Natureza: É quando uma conduta é absolutamente excluída por uma força da natureza (quando uma tromba de água atinge um indivíduo). Não há qualquer tipo de conduta voluntário, o que existe é a natureza puxando o indivíduo para algo ou alguém.
RESULTADO – O resultado produzido pelo crime será jurídico e/ou naturalístico. Todo crime que se consuma produz, pelo menos, resultado jurídico. (i) Resultado jurídico é o atingimento do bem jurídico, onde o tipo penal deve tutelar algum bem de maior relevância ao ordenamento, havendo crime apenas com lesão ou risco concreto de lesão ao bem jurídico (Princípio da Ofensividade).
(ii) Um resultado naturalístico é algo que altera a natureza das coisas, sendo perceptível aos nossos olhos, podendo ser visto, ou seja, é um resultado de natureza material, como o homicídio. Ás vezes, pode acontecer os dois tipos de resultado, ou apenas o resultado jurídico.
CRIMES FORMAIS X MATERIAIS X MERA CONDUTA – Quanto ao resultado os crimes 
-Crimes Materiais: São os crimes que só se consumam quando produzem também o resultado naturalístico. Então, os crimes materiais dependem do resultado naturalístico, sendo o mesmo imprescindível. A maioria dos crimes previstos no CP/40 são crimes materiais.
-Crimes Formais: São crimes que se consumam com a produção do resultado jurídico, ou seja, podem produzir resultado naturalístico, mas não são condicionados pelo mesmo (dispensável, mero exaurimento). 
 A extorsão é um exemplo de crime formal, porém, sempre houve uma dúvida diante do momento de consumação desse crime, onde dividiram a extorsão em: fase da exigência; da obtenção da vantagem econômica (resultado naturalístico); e uma fase intermediária, que é o efetivo constrangimento da vítima (consumação do resultado jurídico). 
OBS: Entre a fase da exigência e a fase intermediária, há a tentativa do crime de extorsão.
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
        Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
STJ - Súmula 96 - O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida.	
-Crimes de Mera Conduta: Tradicionalmente, os crimes de mera conduta eram referidos como crimes sem resultado ou que não admitem tentativa. Essa concepção já se tornou ultrapassada, pois hoje em dia é aceito que qualquer crime gera um resultado jurídico e, excepcionalmente, pode ocorrer tentativa. É quando o tipo penal não descreve um tipo penal, mas sim um verbo, que em si representa a consumação do delito. Um exemplo clássico é a violação de domicílio, onde não é necessário destruir, furtar ou causar resultado lesável à propriedade.
 Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:
ITER CRIMINILIS – É o itinerário (destino) do crime, valendo apenas para crimes dolosos.
-Cogitação: É uma fase estritamente mental, sendo um momento em que o autor apenas pensou em cometer um delito (impossível cogitar cometer um delito culposo). A cogitação por si só nunca será punível. Na Alemanha Totalitarista, havia um tipo penal que era ser contra o Partido Nazista.
-Atos Preparatórios: Elementos que permitirão viabilizar a consumação do crime (planejar um carro de fuga para roubar um banco, alugar uma casa para que possa praticar o crime de sequestro e manter o refém, comprar um veneno). Em regra, os atos preparatórios não são puníveis, havendo exceções como a compra de arma ilegal, formação de associação criminosa e petrechos para a falsificação de moeda, contanto que o legislador expresse de maneira clara essa exceção.
-Ato Executório: Existe uma dúvida sobre quando começa a execução de um crime. Para a Teoria Objetivo Formal, a execução do crime só começa quando o agente inicia a prática do verbo nuclear do tipo. Atualmente, examina-se a execução pela Perspectiva Material, quando existe a lesão, ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico.
OBS: Desde o primeiro ato executório, até o período em que há a consumação, há a tentativa do crime. 
-Exaurimento: É tudo aquilo que se causa após a consumação do crime. Via de regra, o exaurimento é um pós-factum impunível. Um funcionário público, ao solicitar dinheiro, já consumou o crime de corrupção passiva e, a recepção do dinheiro se caracteriza como um exaurimento, devendo estar expresso na lei para que haja um aumento de pena (quando após receber o dinheiro, anula-se uma multa). A ocultação de um cadáver após a prática do homicídio não é um exaurimento, mas sim o início de outro iter criminilis. 
CRIME CONSUMADO: O crime estará consumado quando o mesmo reunir todos os elementos de sua definição legal. É necessário que esse tipo incriminador possua um (i)tipo objetivo (descritivo ou normativo, análise do que está escrito na norma) e (ii) subjetivo (tipos dolosos, culposos, preterdolosos, análise da intenção do agente). 
Art. 14 - Diz-se o crime:
  I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
OBS: Todos os crimes são dolosos, a menos que o legislador disponha ao contrário.
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público: (obsceno como tipo objetivo descritivo e tipo subjetivo doloso)
CRIME TENTADO – Verifica-se quando, iniciado a execução, o crime não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Não podemos chamar de tentativa um ato meramente preparatório. Só podemos falar em tentativa quando o crime não se consumou, não podemos dizer que um crime é tentado cujo resultado já tenha sido antecipado (crimes formais de consumação antecipada).
 Existem casos onde o indivíduo acaba mudando de ideia por circunstâncias alheias após iniciar o ato executório (só vale para crimes dolosos). A tentativa tem natureza jurídica na causa de diminuição de pena e de norma de extensão da tipicidade, de acordo com o Parágrafo Único do Artigo 14 (Exemplo: Artigo 121 c/c 14, II, Parágrafo Único, CP). É capaz do próprio legislador tipificar a tentativa, não precisando usar a norma de extensão e a consequente diminuição de pena (Artigo 352, CP/40).
Art. 14 - Diz-se o crime:
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consumapor circunstâncias alheias à vontade do agente.
 Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa:
        Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência.
OBS: A Lei de Contravenção Penal, de maneira expressa, descreve que não é punível a tentativa de contravenção.
-Tentativa Vermelha/Cruenta x Tentativa Branca/Incruenta: na tentativa vermelha, existe uma lesão parcial ao bem jurídico (tentativa de matar o indivíduo, porém, apenas causa uma lesão na perna, por exemplo) , enquanto uma tentativa branca é quando o indivíduo consegue causar um perigo concreto de lesão ao bem jurídico, mas não consegue lesionar parcialmente o bem jurídico (quando há a tentativa de homicídio, onde os tiros acabam atingindo a parede).
-Tentativa Perfeita x Tentativa Imperfeita: Na tentativa perfeita, também chamada de crime falho, o autor executa tudo aquilo que planejou mas, ainda assim, o crime não se consuma (quando uma execução é encomendada, todas etapas são concluídas, porém o homicídio não se concretiza, o indivíduo sobrevive). Já na tentativa imperfeita, o agente não consegue executar todo seu plano de autoria, não conseguindo executar tudo que foi planejado, pois o mesmo será impedido por algo ou por alguém (um alarme da casa toca, e o indivíduo, com medo de ser preso em flagrante, desiste de cometer o crime).
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ 
-Desistência Voluntária: Desistência Voluntária verifica-se quando iniciada a execução, porém, antes da consumação, o agente desiste voluntariamente de prosseguir e abandona a execução. Como consequência, não será punido por tentativa, mas apenas pelos atos até então praticados. Para que possamos falar de desistência voluntária, não houve a consumação e é indispensável a voluntariedade. É feita durante a execução do crime e modifica a tipicidade, pois o indivíduo responde apenas pelos atos praticados até o momento da desistência. A desistência voluntária se dá através de uma “omissão”, deixar de continuar a execução.
-Arrependimento Eficaz: Já o arrependimento eficaz, também previsto no Artigo 15, verifica-se quando após a execução do plano do autor, todavia, antes da consumação, o sujeito ativo se arrepende e adota postura ativa direcionada a “reverter” a situação, impedindo a consumação. Se ele consegue impedir, fala-se em arrependimento eficaz. Como consequência, o agente responde somente pelos atos até então praticados. O arrependimento eficaz se dá através de uma ação (levar o indivíduo ao hospital após atirar nele).
  Desistência voluntária e arrependimento eficaz (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
ARREPENDIMENTO POSTERIOR - Previsto no Artigo 16, verifica-se quando após a consumação, o agente, voluntariamente, repara o dano ou restitui a coisa antes do recebimento da denúncia. Só se aplica para crimes sem violência ou grave ameaça à pessoa. Produzirá como consequência a diminuição de pena (de 1/3 a 2/3).
O furto de um carro de R$40.000,00 por exemplo, passa por um inquérito policial, onde o delegado manda o resultado da investigação para o promotor/MP (oferecimento de denúncia) e, por fim, o juiz vai receber ou rejeitar a denúncia. O arrependimento posterior se dá em qualquer momento antes do recebimento da denúncia.
        Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
	DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
	ARREPENDIMENTO EFICAZ
	ARREPENDIMENTO POSTERIOR
	Artigo 15, CP
	Artigo 15, CP
	Artigo 16, CP
	Voluntariedade
	Voluntariedade
	Voluntariamente
	Durante a execução (abandono)
	Após a execução do plano (arrependimento)
	Repara dano/restitui coisa antes do recebimento da denúncia de crimes sem violência/grave ameaça.
	Não houve consumação
	Não houve consumação
	Após consumação
	Modifica tipicidade (responde só por atos praticados)
	Modifica tipicidade (responde só por atos praticados)
	Diminuição da pena de um a dois terços
NEXO DE CAUSALIDADE – É o vínculo que conecta a conduta ao resultado, demonstrando que este, efetivamente, derivou daquele comportamento que se quer punir (quando um médico engessa errado um dedo quebrado, e seu paciente morre uma semana depois de aneurisma. Houve erro médico, mas não tem nada a ver com o falecimento do indivíduo).
  Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA - Só é causa o evento suficientemente idôneo/determinante á produção do resultado. De tudo que aconteceu antes do resultado, é escolhido um fator gerador da causa do resultado. Esta teoria não é adotada, pois deixa inúmeros fatores de fora (Quando um segurança, bate num indivíduo sob efeito de drogas, que, ao fugir do local, tem um infarto e falece, sendo o infarto o fator gerador da morte).
TEORIA DA REPRESENTAÇÃO – Para esta teoria, funcionarão como causa, os eventos fáticos relevantes para o resultado, entendendo-se como tais aqueles, em face dos quais, manifesta-se previsível a ocorrência do resultado. Deve-se analisar nos casos, um a um, os motivos relevantes para o caso.
TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS – Também chamada de Teoria da Conditio Sine Qua Non (Condição Sem a Qual Não), onde causa é a condição sem a qual não teria ocorrido o resultado tal qual ocorreu. Esta teoria pega o resultado como ponto de referência e alega que tudo que antecede e, de alguma maneira se conecta ao resultado, é considerada causa, independentemente da causa ser relevante ou não. 
 Esta teoria identifica o que é e não é causa através do Juízo Hipotético de Eliminação, desenvolvido por Thyrén (filtra e elimina algumas das causas). Tal teoria e seu juízo sofrem a crítica de que a utilização dessa teoria vai levar a causa a regredir a infinitas possibilidades(regresso ao infinito/ad infinitum), apesar de ter sido adotada pelo Código Penal. O problema do regresso ao infinito é corrigido através da análise entre dolo e culpa, onde, mesmo assim, não são suficientes. Mais modernamente ainda, existe uma nova teoria não existente no Codex, mas utilizada pelos tribunais, que é a Teoria da Imputação Objetiva, associando-a com a Teoria da Equivalência.
CONCAUSAS – É quando se tem uma soma de eventos causais/causas relacionado a um mesmo resultado. As concausas se subdividem em: Concausas Absolutamente Independentes e Concausas Relativamentes Independentes, onde o CP trata especificamente apenas das Concausas Relativamente Independentes Supervenientes (Artigo 13, Parágrafo 1º, CP).
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
 § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
-Concausas Absolutamente Independentes: São aquelas que não guardam entre si nenhum vínculo. São analisadas de maneira autônoma. Nestes casos, identificaremos aquela a qual se atribui a consumação e para todas as demais somente será possível imputar tentativa.
(i)Concausa Absolutamente Independente Preexistente é quando um sujeito A atira no indivíduo B com intenção de matar, porém, minutos antes do tiro,B havia tomado um veneno e morre. A perícia constata morte por envenenamento. A responde pelo crime de tentativa de homicídio porque havia uma concausa preexistente para qual se atribui a consumação.
(ii)Concausa Absolutamente Independente Concomitante é quando A e B, coincidentemente, querem matar C (A e B não tem ciência do plano do outro) e ambos atiram exatamente na mesma hora contra C. O tiro de A pegou na cabeça e o tiro de B pegou no pé. B responde por tentativa de homicídio, pois não foi seu tiro que causou a morte.
(iii) Superveniente é quando A quer matar B e envenena a comida de B. Antes do veneno fazer efeito e sem que B soubesse que estava envenenado, ele resolve se suicidar. A responde por tentativa de homicídio.
-Concausas Relativamente Independentes: Assim são chamadas, porque entre elas existe um vínculo que nos permite dizer que o resultado derivou não de uma ou outra isoladamente, mas sim do somatório de ambas. Como consequência, os eventos causais são somados, atribuindo-se a ambos a consumação.
(i)Concausas Relativamente Independentes Preexistentes ocorre quando A sabe que B é hemofílico (impede a coagulação do sangue) e atira na perna de B com intenção de matar e B acaba falecendo. A responde por homicídio doloso consumado.
(ii)Concausas Relativamente Independentes Concomitantes ocorre quando A e B combinam que querem matar C, e ambos atiram contra C, que morre em decorrência da hemorragia. A e B respondem por homicídio doloso consumado.
(iii) Concausas Relativamente Independentes Supervenientes ocorre quando A atira em B com a intenção de matar, B é levado ao hospital com vida, que contrai uma infecção hospitalar e morre (A será imputado por homicídio doloso consumado, tal questão também valem para pequenos erros médicos). Outra situação é quando A atira em B com a intenção de matar, B sobrevive e é levado em uma ambulância, só que a ambulância cai num viaduto e todos dentro da ambulância morrem (tentativa de homicídio, exorbita a margem razoável probabilística).
 A doutrina e o CP impõem um critério de solução: nas concausas relativamente independentes supervenientes, observaremos a natureza do evento superveniente. Se ele está dentro de uma margem probabilística razoável, estará mantido o nexo, imputando-se a consumação. De outro lado, se o evento exorbita/transcende completamente essa margem razoável probabilística, significa que o evento superveniente rompeu o nexo e o agente responderá por tentativa.
GARANTIDORES – A omissão do garantidor é mais grave, sendo denominada omissão penalmente relevante. Desta maneira, se o garantidor podia tentar impedir o resultado (ainda que correndo o risco pessoal), mas nada faz, responderá como se ele próprio tivesse ativamente causado o resultado que ele não impediu (quando um policial em serviço presencia um estupro e nada faz, será imputado por estupro omissivo impróprio).
 Para estar diante de um garantidor é necessário estar diante de dois fatores:(i) o poder agir (ainda que com risco pessoal, se valendo pela razoabilidade, não podendo ser feito o impossível) + (ii) o dever de agir (quem tem por lei obrigação de cuidado proteção e vigilância, como médicos, policiais, bombeiros, enfermeiros); (iii) quem assumiu a responsabilidade de impedir o resultado, como um segurança particular, babá, escola que leva para um passeio; (iv) quem, com seu comportamento anterior, criou o risco de ocorrência do resultado, o pintor que retira a tela protetora de um edifício e gerou a morte do indivíduo).
-Omissão: Existem dois tipos de omissão: a omissão própria (pura) e a omissão imprópria (comissiva por omissão).
(i) A omissão própria é quando se tem um tipo penal omissivo (não fazer) e uma conduta que é igualmente omissiva (deixar de), havendo um encaixe perfeito (tipicidade perfeita). A omissão de socorro é um exemplo de omissão própria. O sujeito ativo da omissão de socorro é um sujeito ativo que não é garantidor (qualquer um pode ser sujeito ativo). A omissão de socorro só pode ser dolosa.
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
        Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
        Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
(ii) A omissão imprópria é quando há um tipo penal comissivo (descreve uma ação) e uma conduta omissiva, sendo, em princípio, uma conduta atípica (não há um encaixe perfeito), pois o tipo penal comissivo é o que descreve um fazer. O próprio legislador possibilita classificar a conduta como típica, desde que estejamos diante de um sujeito ativo garantidor (um médico, enfermeiro, policial, mãe em serviço). O sujeito ativo garantidor não responde por omissão de socorro, mas sim por omissão penalmente relevante (Artigo 13, 2º).
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
 § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
       a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
       b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
       c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA – Doutrinariamente, a teoria da imputação objetiva tem sido utilizada para evitar o “regresso ao infinito”. Foi formulada e desenvolvida por Klaus Roxin, que sistematizou (e criou alguns) todos os filtros de imputação que eram trabalhados pela doutrina. É a lógica de se pensar em obstáculos/filtros de imputação. A base de raciocínio da teoria da imputação objetiva é o risco. O que Roxin analisa é que toda sociedade complexa convive com o risco, e esses riscos podem produzir lesões, sendo o grande desafio a diferenciação de um risco permitido ( a possibilidade de praticar Crossfit ou dirigir) de um proibido. 
OBS: O risco é inerente à sociedade complexa, tendo o Estado a função de definir quais riscos serão tolerados e proibidos.
-Filtro de Diminuição do Risco: Não se pune a conduta que, muito embora lesiva, visava a diminuir um risco maior (quando um indivíduo arranca o braço de uma pessoa presa nas ferragens do acidente de um carro contra a sua vontade com o intuito de salvá-la).
-Filtro de Risco Juridicamente Irrelevante: Não se pune o risco juridicamente irrelevante, isto é, aquele que não seja capaz, efetivamente, de interferir no resultado (quando um marido faz uma macumba para que sua mulher morra, sendo juridicamente irrelevante).
-Filtro de Inexistência de Aumento do Risco: Não se pune uma conduta quando se comprovar que o resultado final era inevitável. Quando há um descumprimento, onde por mais que eu tivesse praticado uma conduta fora do direito, seu resultado ainda se produziria, eu não seria imputado penalmente.
-Filtro de Espera de Proteção da Norma: Não se pune a conduta que se situe fora da esfera de proteção da norma jurídica, tendo como exemplo, quando um policial que comunica à mãe que seu filho, em uma troca de tiros, morreu, gerando o infarto da mãe. A morte da mãe foi por causas naturais, estando fora do tipo penal do homicídio.
CRIME IMPOSSÍVEL (NÃO ESTÁ PRESENTE NA TABELA) – Previsto no Artigo 17, verifica-se quando , a conduta do agente jamais seria capaz, ainda que exaurida, de levar à consumação do delito, seja pela absoluta ineficácia do meio ou pela impropriedade do objeto.
   Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto,é impossível consumar-se o crime.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
-Absoluta Ineficácia do Meio: Um meio absolutamente ineficaz, é um meio que independente da intensidade, quantidade ou forma que foi utilizado, jamais levará ao resultado desejado (Quando A quer matar B por envenenamento e A acaba pegando um frasco com água, achando que é veneno e despejando no copo de B, ou seja, a água é um meio completamente inofensivo para esse fim). 
 A eficácia ou ineficácia do meio depende do crime que será cometido, ou seja, uma arma de brinquedo é um meio eficaz para um assalto, mas é um crime impossível para homicídio, pois a execução, ainda que exaurida, jamais levaria ao resultado desejado (morte). 
-Absoluta Impropriedade do Objeto: Objeto impróprio é aquele que não se perfaz no tipo, ou seja, é um objeto que não se encaixa no tipo. Um exemplo é quando A quer matar B e, no momento do assassinato, A vê B com os olhos fechados (já estava morta) e atira inúmeras vezes em seu corpo, havendo um crime impossível, pois só se pode matar ou tentar matar uma pessoa viva (não se mata o que já morreu). 
 Outro exemplo é quando uma grávida compra um remédio abortivo só que a perícia constata que pelas minhas taxas hormonais, a grávida perdeu o feto uma semana antes de ingerir o remédio, ou seja, não há possibilidade de ter havido um aborto, sendo um crime impossível.
OBS: Entretanto, se a ineficácia ou impropriedade forem relativas, a conduta sempre será punível, e haverá a punição por tentativa do crime. 
-Questões Especiais: (i) Delito Putativo/Imaginário é quando um sujeito acha que está praticando um crime mas sua conduta é lícita (quando um maior transa, de forma consentida, com uma menor de 15 anos, não havendo estupro de vulnerável).
(ii) Furto em Supermercado com Sistema de Vigilância por Câmera, onde a equipe do supermercado já sabe quem foi o indivíduo responsável pelo furto e acabam “marcando” o indivíduo. No momento em que o indivíduo entra no mercado ninguém pode prendê-lo, só podendo efetuar a prisão quando o mesmo sair do supermercado com um objeto. A Defensoria Pública tem a tese de que mesmo tendo sido consumado o furto, houve o crime impossível, pois o supermercado tinha todo o controle para pegar o indivíduo mas optou por não pegá-lo.
OBS: A Tese predominante é a do MP, que acredita que houve tentativa de furto, portanto, não é possível alegarmos crime impossível.
TIPICIDADE
 
CAUSALISMO - Idealizada por Franz von Liszt foi a primeira corrente que estuda a tipicidade na teoria analítica do crime. Explica o crime a partir de uma relação causal (causa e efeito). Dolo e culpa são elementos subjetivos da culpabilidade. Tipicidade é entendida de maneira estritamente formal e objetiva. Não explicam a figura da tentativa. Crime exatamente pelo que você causou, se causou um homicídio é um homicídio. Dolo e culpa eram os últimos elementos a serem avaliados. 
 Crime = fato típico + ilicitude + culpabilidade. Fato típico era conduta, resultado, nexo de causalidade e tipicidade (formal e objetiva, não há valoração da magnitude da conduta nem leva em conta os elementos subjetivos dolo e culpa, apenas examinando o que se exteriorizou). O exame era feito pela culpabilidade, que era imputabilidade, dolo e culpa. O dolo é chamado de normativo, porque envolvia como elementos básicos a vontade, consciência do fato e a consciência da ilicitude do fato (elemento normativo).
NEOKANTISMO - Linha inspirada na filosofia Kantiana. Tem como principais expoentes Frank, Mayer e Mezger. Introduzem um novo elemento na culpabilidade, elemento normativo (valorativo). Passam a trabalhar a análise da potencial consciência da ilicitude, todavia não rompem com a estrutura analítica estabelecida pelos causalistas. “Conhecimento se inicia na experiência, mas não se esgota nela”. Trabalha a metafísica que aplicaria o processo de racionalização. Não basta analisar o que o sujeito causou, é necessário valorar, racionalizar a partir daquele comportamento que se está julgando. 
 Tipicidade continua sendo formal e objetiva, dolo e culpa continuam na culpabilidade, mas criam um novo elemento: exigibilidade de conduta diversa e passam a falar da potencial consciência da ilicitude, trabalhando a valoração. Não avalia se sabia ou não que era crime, mas se poderia saber que era ou não crime. Figura do “homem médio”, avalia-se a valoração pelo saber médio. 
FINALISMO - Idealizado por Hans Welzel, tal linha rompe completamente com o paradigma anterior, trazendo dolo e culpa para dentro da tipicidade, que ainda é examinada sob um olhar formal, porém passa a exigir a reunião não só de elementos objetivos (tipicidade objetiva -análise da conduta e dos elementos descritivos do tipo), como também de elementos subjetivos (tipos dolosos e culposos - análise do dolo/culpa do agente). 
 O dolo com que Welzel trabalha é o natural (não é dolo normativo), passando a potencial consciência da ilicitude a figurar elemento autônomo da culpabilidade. Trouxe dolo e culpa para dentro da tipicidade, mas não leva todo o dolo, apenas com a vontade e a consciência do fato. A potencial consciência da ilicitude fica na culpabilidade. Tipicidade formal passa a ser objetiva e subjetiva, diferenciando tipos dolosos de tipos culposos. O exame da intenção entra no primeiro plano. 
 A conduta finalística acredita que todo comportamento humano é um querer agir voltado para um determinado fim. O exame da finalidade deve estar no ponto de partida. 
OBS: Ao examinar o dolo, deve-se examinar o dolo normativo e dolo natural. Dolo normativo contém no seu conteúdo um elemento normativo, contém vontade, consciência do fato e consciência da ilicitude. Dolo natural não tem elemento normativo, é apenas vontade e consciência da ilicitude (quero e sei o que estou fazendo). 
FUNCIONALISMO - Preocupação diferente dos anteriores, ninguém mais discute que dolo e culpa estão dentro da tipicidade. Pensam o direito penal de acordo com sua função, se desdobrando em diferentes funções. 
-Teleológico: Idealizado por Claus Roxin, a intervenção penal somente se legitima quando ele cumpre a função de exclusiva proteção de bens jurídicos. Introduz, com isso, a noção de tipicidade material, passando a fundamentar a não intervenção nos crimes de bagatela. Princípio da insignificância exclui a tipicidade da conduta, por faltar a ela tipicidade material. Antes somente se falava da tipicidade formal. Para Roxin, a tipicidade passa a ser formal + material (efetiva lesão ao bem jurídico). Mais utilizada no Brasil;
-Sistêmico: Também chamado de funcionalismo normativista. Inventado por Günther Jakobs, a função do direito penal é proteger as suas normas jurídicas, garantindo a estabilidade das expectativas sociais. Portanto, a tipicidade seria examinada de maneira exclusivamente formal. Não defende o princípio da insignificância, pois acha que viola uma expectativa social, gerando uma consequência de que todos podem furtar. Para ele, a função do direito penal não é proteger o bem jurídico, mas se o fizer, não importará, é apenas uma consequência, não significa que não protege o bem jurídico;
-Reducionista: Idelizado por Zaffaroni, consiste na ideia de que a função do direito penal é reduzir o seu próprio âmbito de incidência, restringindo o seu conteúdo e a sua intervenção. O juízo de tipicidade passa a examinar as normas do ordenamento jurídico como um todo, não apenas do direito penal. Defende a corrente agnóstica no âmbito da pena. Para ele, tipicidade = tipicidade formal + tipicidade conglobante (tipicidade material + antinormatividade). 
TIPICIDADE FORMAL X MATERIAL - Tipicidade formal é a subsunção da conduta ao quanto descrito pelo tipo incriminador, sem que se examine a magnitude da lesão. Já Tipicidade material trata-se da conduta formalmente típica que efetivamente lesiona o bem jurídico resguardado pelo tipo incriminador. 
-Teoria Dos Elementos Negativos Do Tipo: Essa teoria promove uma fusão dos conteúdos da tipicidade e da ilicitude, ampliandoa noção de conduta típica. Tipicidade passa, então, a conter, um polo positivo e um polo negativo. 
 O homicídio, por exemplo, é uma conduta típica, desde que o agente não esteja em estado de necessidade, legítima defesa, exercício regular do direito, estrito cumprimento do dever legal e consentimento do ofendido. Não é aplicada jurisprudencialmente. (i) Polo positivo são as coisas que precisam somar para dizer que a conduta é ilícita. (ii) Polo Negativo contém as coisas que não devem ter para ser ilícito. 
-Teoria Da Tipicidade Conglobante: Foi uma teoria criada por Zaffaroni. Para essa teoria, o ordenamento jurídico não pode abrigar mandamentos contraditórios, de maneira que uma conduta estimulada pelo ordenamento jurídico não poderá, simultaneamente, ser considerada típica. 
 Portanto, tipicidade passa a impor também uma análise mais ampla (conglobante) que verifique a antinormatividade da conduta, ou seja, que examine a (in)existência de estímulos do ordenamento jurídico. Para ele, não é possível estimular e, ao mesmo tempo, considerar típico, não podendo analisar somente o direito penal, mas todo o ordenamento jurídico. Ex. APn 683/STJ
OBS: Teoria Da Tipicidade Conglobante x Teoria Dos Elementos Negativos Do Tipo. Zona de interseção (o que o ordenamento estimula) = Exercício regular do direito, estrito cumprimento do dever legal. O ordenamento não estimula o estado de necessidade nem a legítima defesa, apenas tolera, entrando na área dos elementos negativos do tipo. Qualquer outro estímulo entra na área da tipicidade conglobante. 
TIPOS DOLOSOS - Correspondem à regra geral em matéria penal. Em regra, só se pune a conduta dolosa, a menos que o legislador tipifique expressamente a forma culposa. Nem todo crime doloso tem o seu correspondente culposo. 
-Elementos do dolo: Trabalhamos hoje com o dolo natural, composto por vontade de produzir o resultado e consciência do fato que se está praticando (elemento volitivo e cognitivo). 
-Teorias: Conforme Artigo 18,I, CP/40, pratica crime doloso aquele que quis o resultado (teoria da vontade) ou que assumiu o risco de produzi-lo (teoria do assentimento/consentimento), sendo um conceito amplo, que extrapola a noção de querer. 
-Espécies de Dolo: Analisando os tipos penais dolosos e a forma como são descritos é que diferenciamos os tipos de dolo genérico e os tipos de dolo específico.
 No tipo (i) Doloso Genérico, para que a conduta seja considerada típica basta que exista a título de tipicidade subjetiva a vontade de produzir o resultado descrito na norma. Exemplos disso são privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado e o crime de dano/“danificar coisa alheia”, onde a conduta deve corresponder ao que está descrito na norma (tipicidade objetiva) e agir de forma dolosa (crime de dano somente admite a forma dolosa). Se o tipo penal fosse ‘danificar coisa alheia afim de humilhar o seu legítimo proprietário”, seria necessário analisar a intenção e se a finalidade era humilhar, exigindo uma análise de uma intenção da intenção, ou seja, um tipo doloso específico. 
 No tipo (ii) Doloso Específico, o legislador, ao descrever a conduta criminosa, faz menção expressa a um especial fim de agir, o qual será imprescindível para que incida o respectivo tipo, tendo como exemplo os Artigos 131 (Contágio de moléstia grave) e 159 (extorsão mediante sequestro) do CP.
         Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
        Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90   (Vide Lei nº 10.446, de 2002)
 
(iii) Dolo Geral pode ser exemplificado desta maneira: considere que um sujeito A atira em B com intenção de matar. Após o fato, supondo B estar morto, enterre-o, e a perícia constate que a causa da morte foi asfixia. Neste caso, ainda assim, A pratica o crime de homicídio doloso consumado, pois havia um dolo geral de matar, ainda que não por asfixia. 
(iv) Dolo Direto se caracteriza pela existência de um querer, se dividindo em:
(a) O Dolo Direto De 1º Grau é quando o agente direciona sua vontade contra vítima específica afim de produzir resultado específico, como por exemplo, quando se quer matar A e A é assassinado;
(b) No Dolo Direito De 2º Grau, o agente deseja produzir determinado resultado em virtude de este ser meio necessário para que ele alcance um outro fim, como por exemplo, quando se quer matar A, mas, para tanto, é preciso matar B. É também chamado de dolo necessário.
(v) Dolo Indireto ou não possui querer ou o querer não está bem formado. O dolo indireto se divide em: 
(a) Dolo Eventual é quando o agente que assume o risco de produzir o resultado. No plano subjetivo, esta assunção de risco será explicada da seguinte forma: o agente prevê o resultado e, antecipadamente, aceita a possibilidade de sua ocorrência, agindo por um sentimento de indiferença (Foda-se);
OBS: Culpa Consciente é hipótese na qual o agente não assume o risco de produzir o resultado pois, diferentemente do dolo eventual, ele prevê o resultado e o afasta, isto é, acredita-se sincera e fundamentadamente que o resultado não irá acontecer, agindo imbuído por um sentimento de super confiança (Fodeu).
(b) Dolo Alternativo Objetivo é quando o agente aceita produzir um resultado ou outro, como, por exemplo, quando se quer matar ou lesionar A;
(c) Dolo Alternativo Subjetivo é quando o agente pretende direcionar sua conduta contra um sujeito ou outro, tanto faz, tendo como exemplo quando A quer matar B ou C.
TIPO CULPOSO (Artigo 18, II, CP/40) - Atua culposamente o agente que não desejou o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, causando-o em virtude de descuido (imprudência, negligência ou imperícia). Destaque-se que o tipo culposo é uma exceção legal. 
-Previsibilidade: Significa dizer que, no crime culposo, o agente não previu um resultado previsível. Isso significa dizer, de maneira inversa, que se o resultado era completamente imprevisível, afasta-se o próprio tipo culposo.
-Inobservância de um dever de cuidado: É composto por negligência, imperícia e imprudência.
(i) Imprudência é o agente que faz algo que não poderia fazer, agindo com isso sem o cuidado devido (exceder a velocidade, uso de celular dirigindo).
(ii) Negligência é o deixar de fazer algo que se espera de uma conduta cuidadosa (não colocar o cinto de segurança ou a revisão do carro).
(iii) Imperícia Só se fala em imperícia para quem é perito (não um perito oficial, mas sim quem detém habilidade específica de determinada técnica como um médico, enfermeira, atirador de facas no exercício da sua profissão). Na imperícia o agente ou não domina perfeitamente a técnica que desempenha ou, se domina, vivencia situação que o torna temporariamente inapto ao exercício da técnica. É quando o perito vivencia uma situação fática em que não é um perito e, ao agir sem conseguir o pleno domínio da técnica, resultará em imperícia (médico que, mesmo com sono, faz uma cirurgia).
-Espécies de Culpa:
(i) Culpa Inconsciente é a culpa por excelência na qual o agente não previu o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo. 
(ii) Culpa Consciente é a culpa com previsão, ou seja, o agente prevê o resultado mas o afasta.
(iii) Culpa Própria significa que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo. Os crimes culposos, via de regra, são próprios e inconscientes.
(iv) Culpa Imprópria é a culpa com intenção. O agente deseja o resultado, todavia, este desejo deriva de um erro que decorre de um descuido/desatenção (descriminantes putativas por erro de tipo vencível, podendo haver excepcionalmente tentativa de homicídio culposo).
(v) Culpa Temerária trata-se da culpa gravíssima marcada por um excesso de descuido/desatenção. Espécie muito próxima do dolo eventual que, todavia, não é tratada no CP/40, muito embora seja mencionada no projeto de reforma do CódigoPenal.
OBS: Sobre a possibilidade existência de coautoria culposa, considerando o concurso de agentes em crime culposo, na modalidade coautora, ele se faz perfeitamente possível vez que duas pessoas podem perfeitamente, por meio de condutas culposas, quebrando com o dever objetivo de cuidado, agredirem bem juridicamente tutelado. Neste caso, os envolvidos responderão conjuntamente pela infração. 
OBS: Não há participação culposa em crime doloso nem participação dolosa em crime culposo.
TIPOS PRETERDOLOSO – Ao lado dos tipos dolosos e culposos, o legislador também previu os tipos preterdolosos. Neles, a descrição da conduta criminosa já prevê um desdobramento que envolve dolo na conduta antecedente e culpa no resultado consequente (conduta dolosa + resultado culposo). Tratam-se de tipos penais incongruentes, pois neles se causa mais do que se quis causar. 
 Os tipos penais preterdolosos precisaram de um tipo penal expressamente previsto, tendo como exemplo a lesão corporal seguida de morte (dolo na lesão e culpa no resultado morte),a lesão corporal seguida de perigo de vida e a lesão corporal seguida de aborto. A conduta necessariamente é dolosa e o resultado será culposo.
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
 § 1º Se resulta:
        II - perigo de vida;
  § 2° Se resulta:
        V - aborto:
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo:
 Os crimes preterdolosos são espécies do gênero crimes qualificados pelo resultado. Crimes qualificados pelo resultado como gênero possuirão todas as qualidades subjetivas (dolo e culpa, dolo e dolo , e culpa e culpa, na conduta e resultado, respectivamente). Não existe tentativa de crime preterdoloso.
OBS: O latrocínio não é um exemplo de crime preterdoloso, pois há outra possibilidade subjetiva além de dolo + culpa (a decisão de matar o indivíduo pode ser dolosa).
ERRO DE TIPO – O erro de tipo é sempre um erro de fato. Diferentemente do erro de proibição, que é um erro de interpretação jurídica (este último exclui culpabilidade e será tratado mais adiante). 
-Erro de Tipo Essencial: Neste caso, a má interpretação da realidade, o erro relaciona-se a uma elementar do tipo, isto é, a uma circunstância fática que integra a redação do tipo incriminador. Um exemplo de erro de tipo essencial é o caso Brandon Lee e também quando um caçador mata uma pessoa achando que era uma raposa, pois o sujeito não sabia que estava matando alguém. Transar com uma menina menor de 14 anos sem saber de sua idade é um dos exemplos de erro de tipo essencial.
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 
As consequências jurídicas dependerão da vencibilidade do erro que pode ser: 
(i) invencível/justificável/escusável é um erro que não se pode vencer, que se justifica e que se perdoa, excluindo assim o dolo e a culpa, ou seja, o agente não responderá por crime nenhum;
(ii) vencível/injustificável/inescusável é um erro que poderia ter sido superado (errou porque não foi atento o suficiente), não se justifica e não se perdoa, sendo um erro que deriva da inobservância de um dever de cuidado, excluindo o dolo mas se pune por culpa se houver tipo culposo.
OBS: Na modalidade em que terceiro determina erro de outrem, será ele o responsável pelo resultado causado, tendo como exemplo quando um médico com intenção de matar paciente engana a equipe dizendo que o paciente estava morto, ordenando autópsia (o médico é quem seria imputado pelo crime). Esta observação se aplica ao erro de tipo essencial e ás descriminantes putativas.
-Erro de Tipo Acidental: O erro de fato aqui se relaciona com elementos acidentais, acessórios ou secundários. Portanto, como regra, não afastará a punição do agente. Ele não mexe com a estrutura fundamental do tipo, resultando na responsabilização do sujeito. Quando quero matar A e acabo matando B achando que era A, os elementos principais do homicídio foram preenchidos (“matar alguém”), sendo a pessoa assassinada um elemento secundário, ou seja, eu seria imputado por homicídio doloso consumado.
-Aberratio Personae (20, 3º): Trata-se do erro sobre a pessoa. O agente atinge pessoa diversa da pretendida porque confundiu as vítimas (quando um indivíduo mata um dos gêmeos achando que era o outro). O agente é punido como se tivesse atingido a vítima pretendida. A possibilidade de agravante é aplicada.
 § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
-Aberratio Ictus (73, CP/40): Trata-se do erro na execução. Em virtude de um acidente ou erro na execução do delito, o agente atinge pessoa diversa da pretendida. Será punido como se tivesse acertado a vítima pretendida.
 Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
OBS: Aberratio Ictus x Aberratio Personae. Em ambos os casos atinge-se pessoa diversa da pretendida. Mas, na Aberratio Personae, isto deriva de uma confusão enquanto na Aberratio Ictus deriva de um acidente ou erro na execução 
-Aberratio Criminis (Artigo 74, CP): Trata-se do resultado diverso do pretendido em que o agente quer atingir coisa mas atinge pessoa, ou que quer atingir pessoa, mas atinge coisa. Na primeira situação, o agente responde pela forma culposa do resultado causado (se houver tipo culposo, ou seja, quando quero quebrar uma vidraça mas acabo atingindo uma pessoa).Já na segunda situação, o agente responde pela forma tentada do crime contra a pessoa.
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 
 Ao compararmos Aberratio Ictus com Aberratio Criminis. em ambos os casos, o erro deriva de ascendente no curso da execução do delito (Artigos 73 e 74 do CP/40), entretanto, na Aberratio Ictus, o erro faz ser atingida pessoa diversa da pretendida, enquanto na Aberratio Criminis, o erro vai ser produzido crime diverso do pretendido (bem jurídico distinto). 
OBS: Crime Aberrante x Concurso de Crimes é quando, nas hipóteses referidas nos Artigos 73 e 74 (Aberratio Ictus e Aberratio Criminis na qual se quer atingir coisa), caso o agente produza tanto a lesão desejada quanto a não desejada, responderá por ambas, tratando-se de concurso formal de infrações conforme artigo 70 do Codex.
-Aberratio Causa: Nesta hipótese, o agente quer produzir um resultado por um meio X mas, em virtude de acidente ou erro na execução, produz este mesmo resultado por um meio Y. Um exemplo é quando A quer matar B por asfixia e, após asfixiá-lo e jogá-lo no mar, B ainda estava vivo, morrendo posteriormente por afogamento, ou seja, A responderá normalmente pelo resultado causado, pois havia dolo geral de produzí-lo.
-Descriminantes Putativas por Erro de Tipo: O agente supõe estar vivenciando situação de fato que, se realmente existisse, tornaria a sua ação legítima (quando um indivíduo vê um homem colocando uma mulher no porta-malas de um carro, e após espancá-lo para evitar o sequestro, percebe que a “mulher” era um manequim ou quando uma pessoa comete legítima defesa putativa). 
 É uma má interpretação da realidade que faz com que o comportamento repressivo esteja legitimadona mente do indivíduo, sendo que, na verdade, não há justificativa para tal conduta. Caso o erro seja invencível, há a exclusão de dolo e culpa e se o erro for vencível*, o dolo é excluído, mas pune-se por culpa se houver tipo culposo.
OBS: É aqui que se admite, excepcionalmente, a tentativa de crime culposo (culpa imprópria)
ILICITUDE – É sinônimo de antijuridicidade, cujo conceito, no CP, é dado por exclusão , isto é, refere-se não quando o comportamento é ilícito, mas sim quando o comportamento será considerado lícito, sendo um conceito dado de maneira inversa, ou seja, uma conduta típica, em princípio, é ilícita também. A tipicidade é elemento indiciário da ilicitude a menos que se prove algum excludente de ilicitude.
 Adotamos a teoria da “Ratio Cognoscendi”, porque a tipicidade é a razão pela qual eu conheço a ilicitude, se contrapondo a Teoria da Ratio Essendi, que considera que tipicidade e ilicitude possuem a mesma essência e estão dentro do mesmo elemento.
-Justificantes x Exculpantes : Justificante é o sinônimo de excludentes de ilicitude enquanto Exculpantes são o sinônimo de excludentes da culpabilidade.
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        II - em legítima defesa;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
EXCESSO - Nos termos do artigo 23, 1º, o excesso, seja ele doloso ou culposo, sempre será punível. É quando há a ação desproporcional, ou seja, no caso do estupro coletivo no RJ, após a mulher ter desmaiado, quem estuprou a mulher cometeu excesso.
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 Analisando o elemento subjetivo das excludentes de ilicitude, significa dizer que a justificante só será aplicada caso o agente, no momento de sua conduta, tenha, de fato, o conhecimento e a intencionalidade de agir conforme as referidas excludentes. 
ESTADO DE NECESSIDADE - Atua em estado de necessidade aquele que pratica conduta para salvar a si ou a outrem de um perigo atual que não provocou por sua vontade e não podia de outro modo evitar. Tanto existe estado de necessidade “em próprio” quanto de terceiro (invadir farmácia para pegar um remédio para si mesmo ou outra pessoa).
 Esse risco pode ser oriundo de pessoa, animal ou coisa, tendo como exemplo quando uma lata (coisa) provoca um incêndio na floresta e um indivíduo acaba invadindo uma fazenda ou quando o mesmo invade a fazenda porque uma onça estava perseguindo-o. No caso de pessoa provocando um risco, tal risco não pode ser uma agressão, quando, por exemplo, um comandante do Titanic acabou, acidentalmente , atingindo um iceberg, gerando estado de perigo para os passageiros.
 Não é possível a alegação de estado de necessidade se o perigo ainda está por vir (iminente), ou seja, um indivíduo que sabe que haverá uma seca na região daqui a um mês não poderá invadir a casa de alguém para obter água. Já quem causou por culpa o perigo pode alegar o estado de necessidade (causo um incêndio e quebro uma janela para fugir do local). Para quem não podia evitar o estado de perigo, a fuga, se possível, é obrigatória.
-Teoria Unitária: É a teoria adotada pelo Código Penal de 1940. Significa dizer que o estado de necessidade possui apenas uma natureza jurídica, ou seja, o estado de necessidade, para essa teoria, só funciona e é concebido como excludente de ilicitude (Estado de Necessidade Justificante). Para os defensores dessa teoria, a justificação ocorrerá, para os tribunais brasileiros, sempre que o bem jurídico protegido valha mais ou o mesmo do que o bem jurídico sacrificado (quando arrombo uma farmácia para poder usar uma bombinha de asma para salvar minha vida).
OBS: De outro lado, têm-se admitido pela doutrina o estado de necessidade exculpante como causa supralegal de exclusão da culpabilidade (inexigibilidade de conduta diversa).
-Teoria Diferenciadora: Diferencia duas naturezas jurídicas para o estado de necessidade, funcionando como excludente da ilicitude e como excludente da culpabilidade. É adotado pelo Código Penal Militar.
-Estado de Necessidade Agressivo x Defensivo: Ocorre (i) estado de necessidade agressivo quando o agente visando a salvar-se ou a terceiro, atinge um bem jurídico de pessoa que perigo nenhum provocou, ou, que nada teve a ver com a situação de perigo causada (pai, para levar filho ao hospital, rouba carro do vizinho). O ato para afastar o perigo é dirigido para outra coisa ou pessoa, alheia à origem do perigo emanado. Situação diversa ocorre no (ii)estado de necessidade defensivo. Aqui o agente atinge o bem ou interesses de quem efetivamente causou ou concorreu para a ocorrência da circunstância de perigo.
LEGÍTIMA DEFESA – Atua em legítima defesa aquele que pratica conduta para repelir uma injusta agressão, atual ou iminente, a direito próprio ou de terceiro. Falamos de legítima defesa quando deve-se repelir proporcionalmente uma agressão injusta que parte de uma pessoa. As ações que qualificam a legítima defesa são as atuais e iminentes, ou seja, ações passadas não configuram em legítima defesa, mas sim vingança. Não existem legítimas defesas reais simultâneas, porque sempre haverá uma agressão justa e outra injusta, sendo a simultaneidade possível se, pelo menos, uma delas, for possível. 
 É perfeitamente possível falar de legítimas defesas sucessivas no excesso, pois quem era agressor inicialmente acaba se tornando vítima, ou seja, caso A agrida B e B acaba retaliando A com 5 tiros. Consequentemente, A também dispara 5 tiros. O excesso de B será punível, portanto B responderá por tentativa de homicídio, enquanto A responderá apenas por lesão corporal, pois agiu em legítima defesa ao disparar os 5 tiros.
   Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
ESTRITO CUMPRIMENTO DE UM DEVER LEGAL – Dever legal é a obrigação imposta por lei. Entende-se “lei” em sentido amplo, abarcando portanto, portarias, regulamentos e outras leis em sentido material desde que amparadas em lei formal. Para que se afaste a ilicitude, o cumprimento deverá ser estrito, isto é , sem fugir dos limites do comando legal. A ação de um policial, bombeiro são exemplos de estrito cumprimento de ação legal, excluindo a ilicitude de cárcere privado/privação de liberdade ou invasão de propriedade, por exemplo.
-Situações Polêmicas: (i) Quando um policial mata um traficante durante uma troca de tiros, pois não há estrito cumprimento de dever legal, mas sim a legítima defesa do policial, já que não é previsto em tempos normais o dever de um policial matar o indivíduo, mas sim de garantir a segurança da população (base interpretativa).
(ii) Quando os pais batem nos filhos é uma situação que ainda não foi pacificada, pois os pais tem o dever legal de educar seus filhos, havendo uma base interpretativa se o ato de agredir fisicamente a criança pode ser considerado um excludente de ilicitude ou não.
EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO – Direito é uma faculdade jurídica, ficando afastada à antijuridicidade/ilicitude se o seu exercício é regular. Quando analisamos a figura de um exercício regular de um direito, não estamos diante de uma obrigação mas sim de uma faculdade. 
OBS: Nos casos de pais que batem nos filhos, há uma discussão diante do tema, questionando se os pais tem ou não a faculdade (direito) de poder bater nos seus filhos para educá-los.
-Ofendículas, Ofendículos ou Ofensáculas: São mecanismos predispostos de defesa como, por exemplo, cerca elétrica, arame farpado,cão de guarda, etc. Para alguns autores, a natureza jurídica das ofendículas seria só legítima defesa (instaladas ou em ação), para outros seria apenas o exercício regular de direito (instaladas ou em ação) e outra parcela crê que as ofendículas tem uma natureza jurídica híbrida (dependendo do momento, em ação são mecanismos de legítima defesa e quando apenas instaladas são mecanismos de exercício regular de direito).
CONSENTIMENTO DO OFENDIDO (SUPRALEGAL) – Dentro do consentimento ofendido temos duas teorias: a Teoria Monista e a Teoria Dualista.
-Teoria Monista: É a linha de pensamento minoritária defendida por Klaus Roxin, que diz que quando analisamos o bem jurídico, não podemos analisar numa perspectiva puramente abstrata, ou seja, o direito penal tem que pensar no caso concreto (não em vida ou patrimônio no sentido abstrato, mas dentro de uma perspectiva individualizada, logo a vida ou patrimônio de A). O consentimento válido sempre afasta tipicidade material porque não haverá lesão ao bem jurídico, mas tão somente ao objeto material da conduta. O objeto jurídico, portanto, seria incrementado/satisfeito conforme a autonomia do seu titular.
 Quem relaciona consentimento do ofendido a existência de uma lesão, a faz porque confunde dois conceitos do DP: objeto jurídico (bem jurídico) e objeto material (a pessoa/coisa sobre a qual recai a conduta). Caso eu queira fazer uma tatuagem no meu braço, isto não será contra a minha integridade física, mas contra o meu braço, não sendo algo ilícito, pois houve o consentimento. Portanto, na teoria monista, só se trabalha com o consentimento da ‘vítima” como causa de exclusão de tipicidade, pois minha autonomia foi satisfeita. 
-Teoria Dualista: A teoria dualista prega que o consentimento ofendido pode ser causa de exclusão de tipicidade/acordo (se o dissenso da vítima integra o tipo penal, o consenso por parte da vítima exclui o próprio tipo) e de exclusão da ilicitude/consentimento (o tipo penal não faz referência ao dissenso da vítima, logo o consenso válido exclui a ilicitude). É o pensamento majoritário na doutrina jurídica, defendido por Manoel da Costa Andrade e Jakobs.
OBS: O verbo constranger também traz como pressuposto a ideia de que você está forçando a pessoa a algo que ele não quer. O constrangimento traz ideia de dissenso da vítima.
-Requisitos para o Consentimento Válido: Os requisitos para o consentimento válido são: Bem jurídico disponível; capacidade para consentir; consentimento sem vícios; consentimento anterior/concomitante à lesão; consentimento que não contraria moral e bons costumes.
(i) Em situações de capacidade para consentir o DP nunca trabalhou com capacidade, o DP trabalha com imputabilidade. Então quem é capaz para o Direito Civil, pode ser inimputável para o DP. Então sempre foi um conceito separado no Direito Penal. Só que quando trabalhamos consentimento, surge essa duvida, na capacidade para consentir, qual capacidade será utilizada. Existem três modelos de decisão substituta quando o indivíduo não tem capacidade para consentir;
(a) O modelo da autonomia pura é quando o próprio titular do bem vai expor exatamente os termos de sua vontade.
(b) O julgamento substituto é a busca pelo o que o titular do direito faria se ele estivesse capaz para consentir ou não algo (se colocar no lugar do titular).
(c) O modelo do melhor interesse é o que permite que você haja contra a vontade do titular, mas no seu melhor interesse de protegê-lo (internação compulsória, etc).
(ii) Consentimento Anterior/ Concomitante à lesão também não é pacifico, porque existe a possibilidade em tese, de o consentimento da lesão não ser pacífico, e depois a pessoa aceitar/consentir. 
OBS: O Código Penal Brasileiro não fala sobre o que é a moral e os bons costumes, não possuindo um limite certo, diferentemente do CP Português e Alemão.
CULPABILIDADE – A culpabilidade é valorativa sendo também um elemento integrante do conceito definidor de uma infração penal. É a motivação e objetivos subjetivos do agente praticante da conduta ilegal.
TEORIA PSICOLÓGICA - Os elementos psicológicos (dolo e culpa) estavam dentro da culpabilidade, sendo uma teoria que foi trabalhada e adotada pelos causalistas.
TEORIA NORMATIVO-PSICOLÓGICA - A normativo psicológica possui elementos normativos e psicológica, trabalhada pelos neokantistas, sendo que dolo e culpa ainda estão na culpabilidade, havendo a criação de um elemento normativo, que é a exigibilidade de conduta diversa (só posso punir alguém se era esperado outra conduta da pessoa).
TEORIA NORMATIVA PURA - A teoria normativa pura, introduzida pelo finalismo, passa a dizer que a culpabilidade não possui elementos psicológicos, devendo ser puramente normativa, excluindo dolo e culpa da culpabilidade, transferindo-os para a tipicidade.
IMPUTABILIDADE – A imputabilidade é avaliada por dois elementos:
-Idade: Ao estudarmos idade, só há um critério para analisar a idade do sujeito, que é o critério biológico. Isto significa dizer que a capacidade de discernir é irrelevante, sendo inimputáveis os menores de 18 anos (Artigo 27, CP/40). Os sujeitos menores de 18 anos são julgados e processados com base no Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 O ECA é responsável dividir quem é a criança (menor de 12 anos) e adolescente (maior ou igual a 12 e menor de 18). A criança é proporcionada com o acolhimento chamado de medida de proteção e o adolescente tanto pode sofrer medida de proteção quanto medida sócio-educativa (medidas “punitivas” para o adolescente). Crianças e adolescentes não cometem crimas, mas sim atos infracionais, ou seja, é a conduta prevista como sendo crime ou contravenção, quando praticada por menor de 18 anos.
OBS: O ECA pode ser aplicável para maiores de 18 anos, tendo como exemplo quando a conduta foi praticada na época em que o infrator era menor de idade. A libertação compulsória ocorre aos 21 anos, já que o indivíduo só pode ser preso por, no máximo, 3 anos.
     Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
-Discernimento/Desenvolvimento Mental: Ao examinarmos o discernimento/desenvolvimento mental, analisamos o critério bio/psicológico (análise de aspectos biológicos/formação cerebral e a capacidade que o sujeito tem de entender a realidade).
	IMPUTÁVEIS
	INIMPUTÁVEIS
	SEMI-IMPUTÁVEIS
	Presunção para maiores de 18 anos
	Artigo 26, CP, Caput
	Artigo 26, CP, Parágrafo Único
	Pleno desenvolvimento mental
	Doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado
	Perturbação Mental ou desenvolvimento incompleto/retardado 
	Plena capacidade de entendimento/comportamento
	No momento do crime, é inteiramente incapaz de comportamento.
	Sujeito não era inteiramente capaz de entender o comportamento.
	Pena
	Medida de Segurança
	Pena com diminuição ou Medida de Segurança (Sistema Vicariante)
 Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
OBS: A definição de punição do semi-imputável caberá ao juiz, que avaliará a situação de acordo com o caso concreto. O código penal descreve que a Medida de Segurança não tem um período determinado, sendo dada para o máximo abstrato da pena (se um crime tem pena de 4 anos, a MS poderá durar, no máximo, 4 anos).
-Causas em que não se exclui a imputabilidade: Tais causas estão previstas no Artigo 28 doCP/40. 
 Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        I - a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
	Voluntária/Dolosa = Quis se embriagar
	Não exclui imputabilidade (Actio Libera in Causa)
	Culposa = Sabe que está consumindo e não quis se embriagar
	Não exclui imputabilidade (Actio Libera in Causa)
	Caso Fortuito = Não sabe que está consumindo
	Se a embriaguez for completa, exclui imputabilidade. Caso seja incompleta, há a diminuição de pena.
	Força Maior = Sabe o que está consumindo mas é forçado
	Se a embriaguez for completa, exclui imputabilidade. Caso seja incompleta, há a diminuição de pena.
	Patológica = Doença/Dependência
	Pode excluir imputabilidade (Lei 11.343/06)
	Preordenada = Quer se embriagar para cometer crime
	Agravante de pena (Artigo 61 do CP)
POTENCIAL CONSCIÊNCIA DE ILICITUDE – Só é possível considerar que um agente comete crime quando ele podia saber que seu comportamento era ilícito. Por esta razão, o artigo 21 do Código Penal afirma que o desconhecimento da proibição (”erro de proibição/erro de ilicitude”), se inevitável, exclui culpabilidade. Se evitável é causa de diminuição de pena.
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
OBS: O desconhecimento da lei é inescusável, ou seja, ninguém pode alegar que não conhece a lei como desculpa para cometer uma infração. Analisar se o sujeito conhecia ou não a lei é verificar se o sujeito já leu a lei. A análise da potencial consciência da ilicitude, bem como da evitabilidade de seu eventual erro, é feita com base na “esfera do profano” (senso comum), tomando-se por parâmetro a criticável figura do homem médio.
-Erro de Tipo x Erro de Probição: (i) O erro de tipo sempre é um erro de fato, traduzindo uma má interpretação da realidade. O sujeito não sabe exatamente o que está acontecendo. Na hipótese de erro invencível, há a exclusão de tipicidade (tanto dolo quanto culpa) e se o erro for vencível, exclui tipicidade dolosa, punindo por culpa.
(ii) O erro de proibição sempre é um erro de direito, traduzindo uma má interpretação do ordenamento jurídico. O sujeito não sabe que o que está acontecendo é reputado ilícito pelo Direito. Se o erro for inevitável, exclui culpabilidade (o agente que retirou casca de arvore para preparar chá para a esposa doente  e não sabia que estava praticando crime ambiental), se evitável, somente diminui a pena.  No erro de proibição, o agente sabe perfeitamente o que faz e qual a sua conduta, mas acredita estar agindo licitamente.
-Erro de Proibição Direto: É quando o agente acha que o comportamento está integralmente permitido, acreditando que a conduta não se encontra tipificada, de nenhuma forma, pelo ordenamento jurídico (quando um holandês fuma maconha no Brasil, passar cheque sem fundo).
-Erro de Proibição Indireto: O agente sabe que a conduta encontra-se tipificada pelo ordenamento, mas se equivoca acerca da previsão legal ou da extensão interpretativa de uma excludente de ilicitude. Significa dizer que ele sabe que a conduta, em tese, é crime, mas se equivoca ao supor que o ordenamento, excepcionalmente, lhe autoriza a agir.
	ERRO DE TIPO PERMISSIVO
	ERRO DE PERMISSÃO
	Descriminantes putativas por erro de tipo
	Erro de proibição indireto
	Erro de fato
	Erro de direito
	Má interpretação de realidade, que recai sobre os pressupostos fáticos de uma justificante (injusta agressão atual ou iminente, perigo atual).
	Má intepretação do ordenamento jurídico, que recai sobre a previsão legal da justificante (o direito não prevê aquela justificante) ou sobre sua extensão interpretativa.
-Erro de Proibição Mandamental: O agente é garantidor mas desconhece que, em virtude disso, o ordenamento jurídico lhe impõe um determinado dever de agir (quando o capitão do navio não sabia que deveria ser a última pessoa a sair do navio ou quando uma babá desconhece que, por ser babá, deixa uma criança sair de casa sozinha).
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA - É o poder de atuar de outro modo. Só é possível responsabilizar criminalmente o sujeito de quem se podia esperar que tivesse de outro modo, isto é, de forma lícita. Portanto, o Artigo 22 do CP/40 disciplina a inexigibilidade de conduta diversa como causa de exclusão da culpabilidade (coação moral irresistível e a obediência hierárquica).
  Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
OBS: Só podemos falar de obediência hierárquica no âmbito de relações do Direito Público (Juiz e um Oficial de Justiça, um Major com um militar de patente menor), cujos requisitos são o cumprimento de ordem de superior hierárquico e quando a ordem é não manifestamente ilegal.
OBS: Em verificadas a coação moral irresistível ou a obediência hierárquica, fica excluída a culpabilidade do executor (autor imediato), somente respondendo o autor da coação ou da ordem (autor mediato. Se a coação era resistível ou se a ordem era manifestamente ilegal, respondem ambos (autor mediato e imediato).
-Inexigibilidade da Conduta Diversa no Regramento Supralegal/Doutrina: Tais casos são os de:
(i) Estado de Necessidade Exculpante, que é quando o bem jurídico que eu protejo tem menor valor que o bem jurídico atingido (atinjo vida para proteger patrimônio), havendo situações como a de um empregador que não paga o INSS de seus funcionários para manter sua empresa;
(ii) Co-culpabilidade se aplica quando o sujeito é deixado em situação de completo desamparo pelo Estado, caso ele cometa certo crime, o Estado poderá ser considerado um “co-culpado”. Quando um morador de rua, que não foi ajudado pelo Estado, invade um edifício antigo;
(iii) Motivo de escusa de consciência¸ de acordo com Roxin (pensamento minoritário), deve ser analisada de acordo com as circunstâncias pessoais do agente, quando, por exemplo, um médico deixa de aplicar uma transfusão de sangue para um paciente por ser Testemunha de Jeová. Para Juarez Cirino, caso o médico seja o único no hospital , ele deverá fazer a transfusão;
(iv) Desobediência Civil possui dois elementos básicos: o ato deve ser pacífico e a desobediência deve visar um interesse coletivo. Ou seja, se há estudantes se manifestando pacificamente pela melhoria da educação ocupando um prédio público que se recusem a sair, isto é considerado um caso de inexigibilidade de conduta diversa.
CONCURSO DE PESSOAS – O concurso de pessoas é o cometimento da infração penal por mais de uma pessoa. 
ELEMENTOS DO CONCURSO DE PESSOAS 
-Vínculo Subjetivo: É um vínculo de vontade (comunhão de vontades entre os antes), não se confunde com o ajuste de vontades (combinar,

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