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10/06/2010 1 Teoria GramaticalTeoria Gramatical Análise do DiscursoAnálise do Discurso Adriana Oliveira Betânia Sousa Cyntia de Sousa Godinho Giselda da Rocha Fagundes Mariane da Cruz da Silva Prof. Sidney Facundes Análise do DiscursoAnálise do Discurso Conforme Maingueneua a linguística está dividida em um núcleo rígido que se dedica ao estudo da língua, no sentido saussuriano, a uma rede de propriedades formais, e em uma periferia cujos contornos instáveis estão em contato com as disciplinas vizinhas (sociologia, psicologia, história, filosofia, etc.), esta se refere a linguagem apenas a medida que esta faz sentido para os sujeitos inscritos em estratégias de interlocução, em posições sociais ou em conjunturas históricas. É nesta periferia que se encontra a Análise do discurso,sendo esta de base transdisciplinar. 10/06/2010 2 Análise do Discurso: Duas vertentesAnálise do Discurso: Duas vertentes Análise do Discurso Francesa: • Não considera como determinante a intenção dos sujeitos; considera que esses sujeitos são condicionados por uma determinada ideologia que predetermina o que poderão ou não dizer em determinadas conjunturas histórico-sociais. • Privilegia a História Análise do Discurso Anglo-saxã: • Considera a intenção dos sujeitos numa interação verbal como um dos pilares que a sustenta. • Privilegia a Sociologia Análise do Discurso: Duas vertentesAnálise do Discurso: Duas vertentes Anos 50 Análise do Discurso de linha Anglo-saxã Harris (Discourse Analysis, 1952): passa da análise frasal para analise do enunciado, no entanto seus trabalhos ainda são vistos como uma simples extensão da lingüística imanente, pois não reflete acerca do sentido e os fatores sócio-históricos de produção do enunciado. Conforme Brandão essa perspectiva é vista como uma extensão da linguística por considerar a frase e o texto como elementos isomórficos com análises diferenciando apenas em graus de complexidade. Vê-se o texto de forma redutora, não se preocupando com as formas de instituição do sentido, mas com as formas de organização dos elementos que o constituem. (Brandão, 1998) 10/06/2010 3 Análise do Discurso de linha européia Benveniste: dá relevo ao papel do sujeito falante no processo de enunciação e procura mostrar como acontece a inscrição desse sujeito nos enunciados que ele emite. Anos 60 Pêcheux: influenciado pelos estudos de Althusser (ideologia) e de Foucalt (discurso) elabora seus conceitos. Inicia-se a chamada Escola francesa de análise do Discurso que articula o lingüístico e o social é de base interdisciplinar, pois se embasa na lingüística, no marxismo e na psicanálise. Outros autores:Outros autores: Mikhail Bakhtin Michel Foucault Dominique Maingueneau No Brasil: Eni Orlandi Sírio Possenti José Luiz Fiorin Valdemir Miotello 10/06/2010 4 Objeto de Análise: O discursoObjeto de Análise: O discurso “[...] podemos afirmar que discurso, tomado como objeto da Análise do Discurso, não é a língua, nem texto, nem a fala, mas que necessita de elementos linguísticos para ter uma existência material. Com isso, dizemos que discurso implica uma exterioridade à língua, encontra-se no social e envolve questões de natureza não estritamente linguística. Referimo-nos a aspectos sociais ideológicos impregnados nas palavras quando elas são pronunciadas.”(Fernandes, 2007:18) As três fases da AD: Na primeira fase (AD-1), tinha-se a noção de “máquina discursiva”. Os discursos eram considerados como homogêneos, resultantes de produções estáveis e fechados em si. Na segunda fase (AD-2), a noção de máquina estrutural fechada começa a perder espaço a partir de um processo de transformação iniciado com o conceito de “formação discursiva” de Michel Foucault. Na terceira fase (AD-3), segundo Mussalim (2006), há a desconstrução da maquinaria discursiva decorrente de um deslocamento ocorrido na relação de uma formação discursiva com as outras. 10/06/2010 5 A definição do objetoA definição do objeto Inicialmente a AD explorou somente a análise de discursos mais “estabilizados”, no sentido de serem pouco polêmicos, (...) devido a um maior silenciamento do outro. Em um segundo momento, a AD teve como objeto discursos menos “estabilizados”, logo, menos homogêneos. Atualmente na AD qualquer evento discursivo (fala ou escrita) pode ser objeto de estudo, pois todo o discurso se constitui de enunciados e de condições de produção. Conceito de sujeitoConceito de sujeito . Na primeira fase da AD o sujeito não poderia ser concebido como um indivíduo que fala como fonte do próprio discurso; é assujeitado. 2. Na segunda fase da AD o sujeito passa a ser concebido como aquele que desempenha diferentes papeis de acordo com as várias posições que ocupa. 3. Na terceira fase da AD tem-se um sujeito essencialmente heterogêneo, clivado e dividido. 10/06/2010 6 Conceito de sujeitoConceito de sujeito “[...] o sujeito do discurso não poderia ser considerado como aquele que decide os sentidos e as possibilidades enunciativas do próprio discurso, mas como aquele que ocupa um lugar social e a partir dele enuncia, sempre inserido no processo histórico que lhe permite determinadas inserções e não outras. Em outras palavras, o sujeito não é livre para dizer o que quer, mas é levado, sem que tenha consciência disso, a ocupar seu lugar em determinada formação social e enunciar o que lhe é possível a partir do lugar que ocupa.”(Mussalim, 2006:110) Conceito de sentido e efeitos de Conceito de sentido e efeitos de sentidosentido A AD não trata do sentido como informação, mas introduz a noção de efeitos de sentido, ou seja, o sentido vai se constituindo à medida que se constitui o próprio discurso. Não existe um sentido em si, ele vai sendo determinado simultaneamente às posições ideológicas que vão sendo colocadas em jogo na relação entre as formações discursivas. 10/06/2010 7 Formação DiscursivaFormação Discursiva Para Foucault formação Discursiva é “um conjunto de regras anônimas, históricas, sempre determinadas no tempo e no espaço que definiram em uma época dada, e para uma área social, econômica, geográfica ou linguística dada, as condições de exercício da função enunciativa.” (Mussalim, 2006:119) Memória DiscursivaMemória Discursiva “Espaço de memória como condição do funcionamento discursivo constitui um corpo- sócio-histórico-cultural. Os discursos exprimem uma memória coletiva na qual os sujeitos estão inscritos. Trata-se de acontecimentos exteriores e anteriores ao texto, e de uma interdiscursividade, refletindo materialidades que intervêm na sua construção”. (Fernandes, 2007:65) 10/06/2010 8 Exemplo:Exemplo: Sem-Terra x Fazendeiros Ocupação x Invasão Efeito de sentido: os efeitos de sentido desses enunciados revelam conflitos sociais decorrentes dos espaços de enunciação, dos lugares sociais assumidos por diferentes sujeitos socialmente organizados. Formação discursiva: formações ideológicas que a integram. Efervescência e entrecruzamento de diferentes discursos e formações ideológicas: oriundos de facções religiosas, de partidos políticos de caráter esquerdista, trabalhadores de origem rural, entre outros Memória discursiva: memória coletiva, não individual. Os sujeitos denominados Sem-Terra pautam-se em experiências vividas no passado, que lhes possibilitaram formações socioculturais as quais procuram reconstruir. Exemplo 1:Exemplo 1: “Ônibus lotado Povo apertado Será que na vida Tudo é passageiro Um calor danado Povo sem dinheiro Tenho lá minhas dúvidas Se Deus é brasileiro.” (Deus é Brasileiro? – Terra Samba) 10/06/2010 9 Exemplo 2:Exemplo 2: Sabe o que o passarinho disse para a passarinha? - Não. - Qué danoninho?ConsideraçõesConsiderações A análise do discurso decorre, principalmente, do inter-cruzamento entre: 1. O materialismo histórico, compreendido como teoria das formações e transformações sociais; 2. A teoria do discurso, que refere-se à produção dos sentidos decorrentes dos fenômenos históricos; e 3. A linguística, tomada como teoria dos mecanismos sintáticos e dos processos de enunciação. Segundo Fernandes (2007) a Análise do Discurso de vertente anglo-saxã é a mais utilizada no Brasil . 10/06/2010 10 Para a análise do discurso trabalha-se com elementos linguísticos que possibilitam a materialização dos discursos, observando-se, no material de análise, a inter-relação constitutiva da linguagem face à sua exterioridade. A Análise do discurso implica apreender a língua, o sujeito e a história em funcionamento. A análise do discurso considera todos os aspectos fundamentais das línguas humanas, com ênfase na sintaxe e na semântica, uma vez que só é possível fazer uma análise dos discursos quando estes se materializam. ReferênciasReferências • BRANDÃO, Maria Helena Nagamine. Introdução a análise do discurso. ed. 7ª. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1998. • FERNANDES, Cleudemar Alves. Análise do discurso: reflexões introdutórias. São Paulo: Claraluz, 2007. • MUSSALIM, Fernanda. Análise do Discurso. In MUSSALIM, Fernanda e BENTES, Anna Cristina (org.) Introdução à linguística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2006. Volume 2. p. 101 – 142. • POSSENTI, Sìrio. Teoria do discurso: um caso de múltiplas rupturas. In MUSSALIM, Fernanda e BENTES, Anna Cristina (org.). Introdução à linguística : fundamentos epistemológicos. São Paulo: Cortez, 2007. Volume 3. p. 353 – 392.
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