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ABORTO PERMITIDO

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ABORTO PERMITIDO NO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO.
Oljailson Nogueira de Freitas�
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo verificar a questão do aborto no Brasil, que é motivo de polemica e debates não área jurídica, social e religiosa. Em nosso pais é considerado crime enquadrando se no crime contra a vida citada no Código Penal, a forma mais comum de aborto através de medicamento é o uso do cytotec, um medicamento com venda proibida no Brasil, sendo permitido apenas para o uso hospitalar para tratamento de estômago, há também o uso de medicamentos naturais feito de ervas abortivas como a arruda, anil do campo, roseira, etc. Há dois tipos de hipóteses onde o aborto é permitido por lei, que no caso é o aborto terapêutico, onde é praticado quando a vida da gestante está em risco e o aborto sentimental, que ocorre quando a gestante foi vítima de estupro.
PALAVRAS-CHAVE: 1 Direito. 2 Aborto. 3 Vida. 4 Crime.
_________________________
1 INTRODUÇÃO
	A questão do aborto no Brasil é um tema bastante polêmico, palco de diversos debates não apenas no campo jurídico, mas no social, político e religioso. No Brasil a prática do aborto é considerada crime, sua tipificação encontra-se no Código Penal entre os crimes contra a vida, somente em dois casos não há punição. O primeiro é o aborto terapêutico 	que é praticado a fim de salvar a vida da gestante quando a mesma se encontra em perigo; outro caso é do aborto sentimental, este ocorre quando a gravidez é decorrente de estupro, nesse caso a vítima não necessita aguardar a decisão da sentença e nem do boletim de ocorrência, é necessário apenas o termo circunstanciado, documento que é feito quando a mulher vítima de estrupo é atendida.
	Outra questão que vem sendo tema de debates é a questão do aborto por anencefalia, quando o feto não possui a calota craniana e vai a óbito antes ou logo após o nascimento, para muitos, o feto que apresenta anencefalia, é considerado como um ser vivo pelo fato de apresentar um crescimento normal e o coração continuar a pulsar, apesar da anomalia apresentada. Por outro lado, muitos defendem que, o feto que apresenta anencefalia não é um ser vivo, é considerado por muitos como um “cadáver”, não podendo a gestante levar adiante a gestação de um ser que perecerá antes ou pouco tempo após o nascimento. 
2 CONSIDERAÇÕES GERAIS
	Considera-se aborto a interrupção da gravidez, como consequência a morte do feto. A posterior expulsão do feto não caracteriza o delito de aborto uma vez que é possível que ocorra o processo de autólise, onde o feto é dissolvido e depois reabsorvido pelo organismo materno, poderá ocorrer também o processo de mumificação onde o feto continua no organismo materno mesmo que esteja sem vida, ocorre frequentemente em casos de aborto espontâneo, nesse caso a medicina utiliza a nomenclatura de “aborto retido”, em casos de aborto provocado, o processo de mumificação ocorre quando há utilização de substâncias capazes de eliminar a vida do feto sem ocorrer a sua expulsão ou quando há procedimentos mal feitos para a realização do aborto.
	Segundo Maria Helena Diniz (2007, p.28) o aborto poderá ter várias classificações
Quanto ao objeto, poderá ser classificado em: ovular, se praticado até a 8ª semana de gestação; embrionário, se praticado até a 15ª semana, ou seja, até o terceiro mês de gestação e fetal, se ocorrer após a 15ª semana ou terceiro mês de gestação.
Quanto à causa, o aborto é classificado em: espontâneo, se ocorrer de forma acidental ou natural e provocado, se ocorrer mediante a provocação da gestante ou de terceiros.
Quanto ao consentimento é classificado em: aborto sofrido, se ocorrer sem o consenso da gestante; consentido, se provocado com o consentimento da gestante ou se ela for menor de 14 anos, portadora de alguma deficiência mental ou se o consentimento foi obtido através de fraude, grave ameaça ou violência e procurado, se a gestante for considerada o agente principal.
	A forma mais comum de aborto através de medicamento é o uso do cytotec, um medicamento com venda proibida no Brasil, sendo permitido apenas para o uso hospitalar para tratamento de estômago, há também o uso de medicamentos naturais feito de ervas abortivas como a arruda, anil do campo, roseira, etc. Podem ser utilizada técnicas de forma indireta, que são agentes físicos como compressas de bolsas, escalda pés, quedas provocadas, pancadas, entre outros.
3 ABORTO TERAPÊUTICO
	Previsto no artigo 128, I, do Código Penal. É utilizado quando não há outro meio de salvar a vida da gestante, é considerado terapêutico por entender ser um tratamento, um meio de salvar a vida, razão pela qual deixa de ser punido. Esse tipo de aborto é considerado como estado de necessidade por alguns doutrinadores. É necessário que o perigo não seja atual, basta que seja eminente. Para que seja realizado o aborto, é necessário que o médico tenha o parecer de outros dois profissionais da área e enviar uma ata de três vias, sendo que uma será encaminhada para o conselho regional de medicina e a outra ao diretor do local onde será praticado o aborto.
	Quanto ao consentimento da gestante, ou de seu representante legal, o mesmo é dispensável sendo que o artigo 146, § 3° do Código Penal autoriza a intervenção médica ou cirúrgica sem o consentimento da paciente ou de seu representante legal a ser constatado que há iminente perigo de vida, não assegurando a gestante o direito de poupar o nascimento em troca de sua própria vida, somente em se tratando de perigo futura à vida da gestante, o médico não poderá realizar o aborto sem que haja o seu consentimento. Caso ocorra erro de diagnóstico e chegar à conclusão de que o aborto foi desnecessário, haverá a exclusão do dolo, sendo o caso de discriminante putativa prevista no artigo 20, § 1° do Código Penal.
	Com o atual avanço da medicina, a prática do aborto terapêutico está cada vez menos necessária devido à descoberta de avançados tratamentos que permitem preservar a vida da gestante e do feto. É importante levar em consideração não apensa a saúde física da gestante, mas a saúde mental também deve receber atenção nesses casos, há problemas psicológicos que podem ocorrer durante o estado gestacional. 
4 ABORTO SENTMENTAL
	 Ocorre em caso de gravidez decorrente de violência sexual, a justificação para tornar impunível essa prática de aborto, justifica pelo fato de sentimento de repulsa da gestante, evitando que futuramente ocorra uma maternidade odiosa, procurando manter a integridade mental e sentimental da mulher, uma vez que o coito com o delinquente não foi desejado sendo totalmente contra a sua vontade.
	A lei não poderá obrigar a vítima a ter afeição à criança que irá nascer, sendo que a gestação decorrente de estupro provoca na mulher um sentimento de vergonha, ódio e rejeição, sendo que tais sentimentos serão transmitidos a criança que está em seu ventre. Ao contrário do aborto terapêutico, o aborto sentimental depende do prévio consentimento da gestante, em caso de incapaz como, por exemplo a menor, doente mental, etc, é necessário o consentimento de seu representante legal.
	A portaria 1508, de 01 de setembro de 2005 do Ministério da Saúde, não obriga as vítimas de estupro a apresentarem o boletim de ocorrência para o procedimento de interrupção da gravidez em caso de estupro, sendo necessário apenas o relato circunstanciado do evento, o relato é realizado pela própria gestante e feito perante os profissionais de saúde do serviço.
Segundo o Diário Oficial da União (2005) o termo deverá ser assinado pela gestante, se for o caso de incapaz, deverá ser assinado pelo seu representante legal e por dois profissionais de saúde, devendo conter o local, dia e hora aproximada do fato, tipo e forma de violência, se possível, descrição dos agentes da conduta e se houver testemunhas, deverá haver a identificação de cada uma delas, devendo haver a intervenção do médico, que emitirá parecer técnico após serem feitos detalhadamente os exames: físico, geral, ginecológico eavaliação de ultrassom e dos demais exames se houver, a equipe profissional de saúde, deverá prestar toda a atenção à mulher, devendo anotar as avaliações em documentos específicos, se o parecer técnico apresentar conformidades, três integrantes no mínimo da equipe de saúde multiprofissional, subscreverão o termo de aprovação de procedimento de interrupção da gravidez.	
CONSIDERAÇÕES FINAIS
	O aborto encontra-se classificado entre os crimes contra a vida, somente em casos de estupro e risco de vida à gestante a prática é permitida. Na questão do aborto eugênico ou piedoso, pode-se identificar que muitos juízes vêm autorizando a sua prática através de alvarás judiciais, em muitos casos como de anencefalia, por exemplo, o aborto não é visto como eugênico, mas como terapêutico, é levado em consideração o sofrimento psicológico e a saúde da gestante, nesse caso, a vida e a dignidade da gestante prevalece sobre a vida do feto, o mesmo ocorre em aborto em caso de estupro, o que está em jogo é a dignidade da gestante que o legislador procura preservar. Mesmo que o Código Penal apenas deixe de punir o aborto terapêutico e sentimental, atualmente há necessidade que o aborto eugênico também deixe de ser punido, mas o legislador deve tomar um minucioso cuidado ao autorizar o aborto, afim que a prática se torne extremamente seletiva, autorizado apenas em casos de anomalias consideradas extremamente graves como no caso da anencefalia, nesse caso não há realmente expectativas de vida para o embrião que perecerá em poucas horas depois do nascimento.
	
REFERÊNCIAS
BRASIL. Código Penal Brasileiro. Brasília-DF. Senado Federal, 1940.
_______. Ministério da saúde. Portaria n° 1.508, de 1º de setembro de 2005. Dispõe sobre o Procedimento de Justificação e Autorização da Interrupção da Gravidez nos casos previstos em lei, no âmbito do Sistema Único de Saúde-SUS.
​​​DINIZ, Maria Helena. O Estado Atual do Biofireito. 4° ed, São Paulo, Saraiva, 2007.
CONVENÇÃO DE BELÉM DO PARÁ. Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher. 1994. Disponível em: <http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/belem.htm>. Acessado em: 06 de junho de 2017
NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Processuais Penais Comentadas. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2007.
SOUZA, Sergio Ricardo de. Comentários à Lei de Combate à Violência Contra a Mulher. Curitiba: Juruá. 2007. 
� E-mail: oljailson1@hotmail.com

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