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9 UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO FACULDADE DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA GLEICE FARIA DE ARAÚJO VANESSA DOS SANTOS FERREIRA A pessoa com Síndrome de Down: caminhos da inclusão escolar. SÃO BERNARDO DO CAMPO 2011 10 GLEICE FARIA DE ARAÚJO VANESSA DOS SANTOS FERREIRA A pessoa com Síndrome de Down: caminhos da inclusão escolar. Trabalho de conclusão de curso apresentado no curso de graduação à Universidade Metodista de São Paulo, Faculdade da Saúde, curso de Psicologia, para conclusão do curso de Psicologia. Orientadora: Suzana de Mello Contieri SÃO BERNARDO DO CAMPO 2011 11 GLEICE FARIA DE ARAÚJO VANESSA DOS SANTOS FERREIRA A pessoa com Síndrome de Down: caminhos da inclusão escolar. Trabalho de Conclusão de Curso - TCC do Curso de Graduação de Psicologia á Universidade Metodista de São Paulo – Faculdade de Saúde. Orientadora: Prof ª. Dra. Hilda Rosa Capelão Avoglia. 12 Dedico aos meus pais e minha irmã pelo apoio irrestrito em todos os momentos de minha vida. Ao meu esposo que soube tão bem compreender os meus momentos de ausência em função deste trabalho. Gleice Faria de Araújo Dedico às minhas filhas, que compreenderam minha ausência em muitos momentos e que de forma especial e carinhosa me deram força e coragem, mas que embora não tivessem conhecimento disto, iluminaram de maneira especial os meus pensamentos me levando a buscar mais conhecimentos. E aos meus pais, a quem eu rogo todas as noites a minha existência. Vanessa dos Santos Ferreira 13 AGRADECIMENTOS Agradeço a princípio a Deus, que me permitiu a inteligência e a minha amiga e companheira deste trabalho, a qual se dedicou tanto quanto eu para realização do mesmo. Gleice Faria de Araújo Agradeço em primeiro lugar a Deus que iluminou o meu caminho durante esta jornada e que me fez forte o suficiente para cair e levantar a cada tombo. Agradeço a minha amiga e companheira pela dedicação e pelos momentos que passamos juntas, trabalhando para a realização deste sonho. Vanessa dos Santos Ferreira 14 AGRADECIMENTO ESPECIAL A maravilhosa orientadora Suzana de Mello Contieri, o mais profundo agradecimento pela sensibilidade demonstrada no decorrer da orientação e por permitir que fosse possível a realização deste sonho. 15 Eu sou Down Sou um ser especial tenho muito a te ensinar sobre o verdadeiro amar aqui nesta esfera mortal Sou diferente da maioria não sei mentir ou fingir o que sei mesmo é sorrir e espalhar minha alegria Vim ao mundo pra ensinar mais do que para aprender ensinar a você como amar Os seus preconceitos vencer e as diferenças aceitar. (Jorge Linhaça) Nossa pequena homenagem a essas pessoas tão especiais, que nos ajudaram ser mais humanos. 16 RESUMO O presente estudo tem por objetivo compreender a pessoa com Síndrome de Down e seus aspectos psicossociais, sobre o processo de inclusão escolar deste grupo e entender o papel do psicólogo escolar neste processo. O trabalho está alicerçado na metodologia da pesquisa bibliográfica para o levantamento das informações sobre a inclusão da criança com Síndrome de Down, tendo como fontes de consulta o Scielo, Biblioteca Virtual da Saúde, Birene, livros, artigos periódicos, teses e dissertações. Depois de realizadas as consultas, foram selecionadas as obras relevantes para a elaboração do estudo subsidiando a discussão a respeito do tema. Primeiramente tratou-se da caracterização e definição da Síndrome de Down, contextualizando os aspectos psicossociais desta deficiência intelectual, com o papel da família na relação com a pessoa com a Síndrome, a vivência dos cuidadores, em especial, os pais. Buscou-se compreender as dificuldades do processo de inclusão escolar da pessoa com Down, e as relações entre o desenvolvimento, trazendo a educação e o papel do psicólogo frente a esta demanda de atuação profissional. Uma vez que o trabalho do psicólogo nas instituições de ensino deve ser ampliado, enriquecendo os processos evolutivos do individuo. Os resultados deste trabalho ainda apontam a necessidade de melhora no processo de inclusão, onde existem os desafios e os preconceitos a serem superados. Palavras-chave: Síndrome de Down, Educação Inclusiva, Família. 17 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 18 2. A SÍNDROME DE DOWN 12 2.1 DEFINIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA SÍNDROME DE DOWN 12 2.2 DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E SÍNDROME DE DOWN 14 3. RELACIONAMENTO FAMILIAR E SOCIAL DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN 16 3.1 A FAMÍLIA DA CRIANÇA COM DOWN 16 3.2 A ESCOLA, A CRIANÇA COM DOWN E A FAMÍLIA 20 4. A EDUCAÇÃO INCLUSIVA PARA A PESSOA COM SÍNDROME DE DOWN 24 4.1 RETRATOS DE PRÁTICAS INCLUSIVAS E ALGUMAS REFLEXÕES 26 5. O PAPEL DO PSICÓLOGO NA ATUAÇÃO PROFISSIONAL 28 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 32 REFERÊNCIAS 34 18 1 – INTRODUÇÃO A mídia tem explorado a temática das deficiências em diversos contextos e de alguma forma tem contribuído para a divulgação de informações para que a população aprenda sobre o convívio e necessidades especializadas sobre as pessoas com deficiência. O termo deficiência significa falta, carência ou insuficiência. Assim podemos entender por deficiência mental a insuficiência funcional das funções neurológicas. O cérebro da criança com Down não atinge seu pleno desenvolvimento e assim todas suas funções estão alteradas (FERREIRA, 2001). Com isso, faz-se cada vez mais necessário e fundamental que a academia também publique atualizações e conceitos fundamentais para a disseminação do conhecimento sobre as deficiências e essencialmente sobre os aspectos psicossociais que promovem o convívio entre as pessoas com e sem deficiência. A Síndrome de Down é uma alteração genética que causa má formação no bebê, podendo resultar no atraso do desenvolvimento, nas funções motoras e mentais. É possuidor de 47 cromossomos, atraso em todas as áreas de desenvolvimento e dificuldade na aquisição de aprendizagem, não existindo um padrão nessas crianças afetadas, pois não depende apenas da alteração cromossômica, mas do potencial genético e influências do meio (SCHWARTZMAN, 1999). A família é a mediadora entre a criança e a sociedade, sendo que nas interações na família existem hábitos, atitudes e linguagens, usose valores (SIGOLO, 2004). Segundo Bowlby (1993), o momento de nascimento de uma criança gera grandes expectativas, sonhos e esperanças. A notícia de que a criança tem algum tipo de deficiência, pode causar alterações no desenvolvimento das relações dentro deste grupo familiar, principalmente na relação mãe e bebê, essa alteração traz uma quebra dos sonhos e esperanças para os pais, diminuindo suas expectativas em torno do filho ideal, esses sentimentos podem se tornar insustentáveis. Cada família tem uma forma de se adaptar a essa nova realidade e um tempo de reorganização, é preciso que seja repensada a questão da família e as possíveis alterações que terão de ser feitas para o recebimento deste bebê, essa fase de readequação poderá contribuir para o desenvolvimento da criança, a aceitação deve começar dentro do ambiente familiar, sendo que a mesma pode iniciar o preconceito, com medo do que os vizinhos possam falar, os pais acabam deixando a criança presa em casa, privada da socialização com familiares, colegas e instituições de ensino, esse tipo de atitude pode 19 ocasionar maior atraso no desenvolvimento das mesmas, já que é necessário que toda criança cresça em um ambiente familiar saudável. A escola também é responsável pela transmissão do conhecimento sistematizado necessário para a vida intelectual, social e cultural do ser humano. A escola nada mais é do que a segunda instituição social de maior importância para as crianças na fase escolar, principalmente para as que têm algum tipo de necessidade ou deficiência. É durante o período da pré-escola, que são transmitidos os conhecimentos às crianças, sempre ensinando e repassando as crenças atuais, os valores da sociedade, desenvolvendo os comportamentos e ajudando nos conflitos, é por isso que a família deve desenvolver um trabalho juntamente com a escola e sempre precisa participar da vida escolar. Tanto a família como a escola são instituições sociais que mais repercutem na criança, tem obrigação de prepará-las para o mundo, com a finalidade de inseri-las na sociedade, na tentativa de ajudar no crescimento pessoal, auxiliando na aquisição valores, de hábitos, sentimentos, proporcionando situações que as levem a ter experiências positivas e negativas, sendo reforçada a todo o tempo, mesmo com a criança com Síndrome de Down. Ao considerar a escola como instituição favorável a transformação social a partir da inclusão, oportunidades educativas surgiram, é necessário promover amplas discussões visando oferecer oportunidades de mudanças na escola, de modo que ela atenda de fato as necessidades de acesso ao mundo do saber pelas pessoas com deficiência, em particular a criança com Síndrome de Down. A Inclusão surgiu de movimentos anteriores à década de 1960, defendendo eixos que se formaram a partir de quatro vertentes. Segundo Mrech (1999) apud Voivodic (2008) a emergência da psicanálise, a luta pelos direitos humanos, a pedagogia institucional e o movimento de desinstitucionalização manicomial abriram o foco para a inclusão e para debates sobre concepções dos seres humanos. No intuito de esclarecer algumas questões abordaremos no segundo capítulo intitulado como “Síndrome de Down”, a definição e caracterização desta Síndrome, bem como a relação com a deficiência intelectual. Referindo-se aos aspectos psicossociais da deficiência intelectual, uma vez que é entendida em psicologia como uma condição social em que se destaca a pessoa por sua singularidade e não pelo déficit em si. No terceiro capítulo intitulado de “Relacionamento familiar e social da criança 20 com Síndrome de Down”, serão elencadas com os subtítulos A família da criança com Down e A escola, a criança com Down e a família. Abordaremos o papel da família na relação com a criança, a vivência dos cuidadores, em especial, os pais, ao se depararem com sentimentos de angústia, medo, ansiedade entre outros frente à deficiência do filho/a, bem como a importância desta relação para o desenvolvimento das potencialidades da criança. No quarto capítulo intitulado como ”A educação inclusiva para as crianças com Síndrome de Down” com o subtítulo, Retratos de práticas inclusivas e algumas reflexões, abordaremos o processo de inclusão escolar da criança com Síndrome de Down, entendendo-se os diversos atores do contexto escolar, seus papéis no oferecimento de oportunidades para o desenvolvimento e aprendizagem desta criança. O quinto e último capítulo intitulado como “O papel do Psicólogo na atuação profissional” serão apresentados formas de atuar com as pessoas com Síndrome de Down. Estabelecendo as relações entre o desenvolvimento da criança, a educação e o papel do psicólogo frente a demanda de atuação profissional. Para discutir sobre a inclusão escolar para as pessoas com Síndrome de Down, notou-se a importância da pesquisa bibliográfica para o levantamento das informações sobre a inclusão da criança com Síndrome de Down, tendo como fontes de consulta o Scielo, Biblioteca Virtual da Saúde, Birene, livros, artigos periódicos, teses e dissertações. Depois de realizadas as consultas, foram selecionadas as obras relevantes para a elaboração do estudo subsidiando a discussão a respeito do tema. O objetivo do estudo é compreender a pessoa com Síndrome de Down e seus aspectos psicossociais, sobre o processo de inclusão escolar deste grupo e entender o papel do psicólogo escolar neste processo. 21 2 - A SÍNDROME DE DOWN 2.1 - DEFINIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA SÍNDROME DE DOWN A Síndrome de Down foi identificada a partir de um achado antropológico muito antigo 1 , foi reconhecida no mundo a partir do inicio do século XIX, no qual as pessoas com a deficiência recebiam tratamento médico homogêneo, não levando em conta as diversidades e as necessidades clínicas de cada paciente, pois os mesmos eram tratados igualmente, recebendo a mesma medicação, não medindo assim o nível acometido da doença (CINTRA, 2002). A Síndrome de Down ocorre no início da gravidez, é uma alteração genética que “provoca” uma má formação no bebê, o que pode resultar em atraso no desenvolvimento, tanto das funções motoras quanto das funções mentais. O nome dado a síndrome foi uma homenagem ao Dr. Langdon Down, médico inglês cujo trabalho de pesquisa foi o pioneiro na identificação das características das pessoas com a síndrome. Ele descreveu que, um indivíduo possui 46 cromossomos e, o nascido com Síndrome de Down é possuidor de 47 cromossomos. Os cromossomos são minúsculas estruturas em forma de barras que portam os genes; estão contidos no núcleo de cada célula e só podem ser identificados durante certa fase de divisão celular utilizando-se um exame microscópico (PUESCHEL, 1998, p. 54 apud BUKOWITZ; SLIBERNAGEL, 2007). De acordo com Cintra (2002), no século XX, inúmeros avanços no estudo de cromossomos humanos possibilitaram ao cientista Francês Jerome Lejeune descobrir, em 1958, a verdadeira causa da Síndrome de Down. Estudando os cromossomos dessas pessoas, percebeu que ao invés de terem 46 cromossomos por células, agrupados em 23 pares, eles tinham 47, ou seja, um a mais. Alguns anos depois, dando continuidade as suas pesquisas, Lejeune identificou o cromossomo extra justamente no par 21, que em vez de dois, passava a ter três cromossomos. Por esta razão, a Síndrome é também chamada de Trissomia do Cromossomo 21, tratando-se de resultado de um acidente genético que pode acontecer com qualquer casal, em qualquer idade. 1 um crânio do século VII22 Fisicamente, as pessoas com Síndrome de Down costumam nascer menores e mais leves do que os outros bebês, apresentam hipotonia e têm olhos amendoados relativamente distantes um do outro. Alguns têm a prega epicântica, ou seja, um excesso de pele no canto interno dos olhos (características comuns nos orientais). Os braços e as pernas são curtos. As orelhas implantadas um pouco abaixo do normal e o nariz é pequeno. O dedo mínimo se mostra ligeiramente curvo. As mãos são menores e gordas, com a palma atravessada por única prega transversa. Nos pés, é comum encontrarmos uma distância anormalmente grande entre o primeiro e o segundo dedo (CINTRA, 2002, p. 32-33). Existem outros problemas de saúde que provavelmente podem existir, além do atraso no desenvolvimento na pessoa com Síndrome de Down, são elas: cardiopatia congênita (40%); hipotonia (100%); problemas de audição (50 a 70%); de visão (15 a 50%); alterações na coluna cervical (1 a 10%); distúrbios da tireóide (15%); problemas neurológicos (5 a 10%); obesidade e envelhecimento precoce. Em termos de desenvolvimento, a Síndrome de Down, embora seja de natureza subletal, pode ser considerada geneticamente letal quando se considera que 70–80% dos casos são eliminados prematuramente (MOREIRA; EL-HANI; GUSMÃO, 2000, p. 97). As crianças com Down necessitam do mesmo tipo de cuidado que qualquer outra criança. Contudo, há situações que exigem alguma atenção especial. Algumas delas apresentam deficiência auditiva, problemas cardíacos, anormalidades intestinais, oculares, de aspecto nutricional, desenvolvendo doença cardíaca severa, dificuldade em ganhar peso, deficiências hormonais, problemas ortopédicos e imunológicos. Mesmo assim, nenhum destes agravos impede o convívio em sociedade (GOUVÊA; FÉLIX, 2009). 23 2.2 - DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E SÍNDROME DE DOWN A palavra Síndrome quer dizer conjunto de sinais e de sintomas que caracteriza um determinado quadro clínico. No caso da Síndrome de Down, uma das características é a deficiência intelectual. Ferreira (2001) descreve que o termo deficiência significa alta, carência ou insuficiência. Assim podemos entender por deficiência intectual a insuficiência funcional das funções neurológicas. O cérebro da pessoa com Down não atinge seu pleno desenvolvimento e assim todas suas funções estão alteradas. Segundo Schwartzman (1999) apud Silva (2002), o fato de a criança não ter desenvolvido uma habilidade ou demonstrar conduta imatura em determinada idade, comparativamente a outras com igual condição genética, não é impedimento para adquiri-la mais tarde, já que pode amadurecer lentamente. Contudo, a deficiência intelectual causa indisposição para atividades menos dinâmicas, que exigem maior atenção e concentração na sua realização. A prontidão para a aprendizagem depende da complexa integração dos processos neurológicos e da harmonia na evolução de funções especificas como linguagem, percepção, sensibilidade, orientação, equilíbrio e lateralidade. Na pessoa com Síndrome de Down, há alterações severas de internalizações de conceitos de linguagem. Estas pessoas não desenvolvem estratégias espontâneas e esse é um fato essencial para análise, devendo ser considerado para o desenvolvimento da aquisição de aprendizagem. Segundo Schwartzman (1999), a deficiência intelectual é uma das características mais encontradas em pessoas com Síndrome de Down, com um inevitável atraso em todas as áreas de desenvolvimento e um estado permanente de deficiência intelectual, mas não existe um padrão de desenvolvimento nas crianças afetadas, já que o desenvolvimento da inteligência não depende apenas desta alteração cromossômica, mas também do seu potencial genético e das influências do meio. A pessoa com Síndrome de Down tem possibilidades de se desenvolver e executar atividades diárias e até mesmo adquirir formação profissional e no enfoque evolutivo, a linguagem e as atividades como leitura e escrita podem ser desenvolvidas a partir de experiências da própria pessoa. Entre outras deficiências que acarretam repercussão sobre o desenvolvimento neurológico da pessoa com Síndrome de Down, podemos determinar dificuldades na tomada de decisões e iniciação de uma ação; na elaboração do pensamento abstrato; na seleção e eliminação de determinadas fontes informativas; no bloqueio das funções perceptivas 24 (atenção e percepção); nas funções motoras e alterações da emoção e do afeto (SCHWARTZMAN, 1999, p. 247 apud SILVA, 2002). 25 3 - RELACIONAMENTO FAMILIAR E SOCIAL DA PESSOA COM SÍNDROME DE DOWN. 3.1 - A FAMÍLIA DA CRIANÇA COM DOWN Segundo Sigolo (2004), a família é entendida como o primeiro sistema no qual um padrão de atividades, papéis e relações interpessoais são vivenciados pela pessoa em desenvolvimento e essas trocas servem de base para o estudo do desenvolvimento do sujeito, assim é possível perceber que a criança consegue se relacionar não apenas com a mãe, mas também com outros agentes sociais, sendo eles pai, avós e irmãos. A família é descrita como “espaço de socialização infantil”, já que se constitui como “mediadora na relação entre a criança e a sociedade”, durante as interações na família, existem “padrões de comportamentos, hábitos, atitudes e linguagens, usos, valores e costumes são transmitidos” e “as bases da subjetividade, da personalidade e da identidade são desenvolvidas” (SIGOLO, 2004, p. 189) O nascimento de uma criança gera grande alegria em uma família, os pais projetam a criança ideal inconscientemente e desde o início tem expectativas sobre o sexo do bebê, a fase da escola, a carreira. Antes mesmo de nascer, ela já é esperada com uma série de expectativas, contrariar essas expectativas através da notícia de que terá alguma deficiência, pode representar uma ruptura para os pais, uma vez que é visto como uma projeção, representando a perca dos sonhos e esperanças. É através da culpa que essas expectativas em torno de um filho idealizado passam a ser insustentáveis (BOWLBY, 1993). Com o nascimento do primeiro filho, os pais podem sentir alterações no seu dia a dia e devem reestruturar sua vida para receber e cuidar do bebê, essas mudanças podem acontecer em toda a estrutura familiar, uma vez que “não existe nenhum estágio que provoque mudança mais profunda ou que signifique desafio maior para a família nuclear 2 e ampliada do que a adição de uma criança ao sistema familiar" (BRADT, 1995, p. 206). Segundo Delmore-Ko et al. (2006) apud Fiamenghi; Messa (2007), existe uma transição para a parentalidade 3 , já que há mudanças das identidades individuais dos componentes da família, logo marido e mulher passam a ser pai e mãe, e o relacionamento do 2 O modelo da família nuclear, constituído por pai, mãe e filhos(as). 3 “O termo parentalidade, foi proposto por Paul Claude Racamier em 1961 e foi utilizado por vários autores a partir da década de 80, para se referir aos papéis e funções parentais.” 26 casal é alterado para uma forma de unidade familiar. De uma forma mais ampla, quando há o nascimento de uma criança, as relações familiares são modificadas em seu “status”, pois, são utilizadas numa dialética distinta e os familiares passam a exercer novos “papéis” quando irmãos se tornam tios, sobrinhos também serão primos e sogros e pais tornam-se avós (BRADT, 1995). A parentalidadenada mais é que a união de singularidades, na qual o casal apresenta à sociedade o produto de sua união. A parentalidade sugere ainda que os conceitos de pai e mãe sejam alternados por condições prévias, responsabilidade e características, que poderiam provocar generalizações de como esse papel deveria ser exercido (BUSCAGLIA, 1997). Os primeiros anos de vida de uma criança contribuem no período crítico para seu desenvolvimento, as interações estabelecidas na família são as que servem de base para o desenvolvimento da criança sejam elas nas áreas cognitivas, linguísticas e sócios emocionais, embora ainda existam outros sistemas sociais (Ex.: escola, amigos, trabalho, clube) que também contribuam para o seu desenvolvimento. Estudos de famílias que têm uma pessoa com Síndrome de Down apontam que não existem evidências de mais dificuldades entre os pais do que em grupos semelhantes de famílias com crianças sem deficiência e essas famílias têm um número menor de separação do que seria esperado. A maioria dos pais afirma que a deficiência os aproximou mais e a família vive mais unida. (PEREIRA-SILVA; DESSEN; 2000). Pensamentos e visões diferentes se misturam, podendo haver conflito, devido à falta de informações sobre uma possível deficiência, por isso é tão importante a postura dos profissionais de saúde, os quais não estão preparados a atender uma família que terá uma criança com Síndrome de Down, por simples desinformação. Os sentimentos gerados pela ocorrência de uma criança com deficiência oscilam entre polaridades muito fortes: amor e ódio, alegria e sofrimento; uma vez que as reações concomitantes oscilam entre aceitação e rejeição, euforia e depressão – para citar o que ocorre com mais freqüência. (AMARAL, 2008, p. 50 apud VOIVODIC, 2008) Cunningham (2008) afirma que alguns pais revisaram seus valores se tornando mais compassivos fortalecendo seu casamento, passando a fazer mais amigos e ampliando sua visão do mundo, tirando o máximo proveito de cada dia. Porém, não se pode generalizar já que se os pais têm uma boa relação, o nascimento do bebê poderá aproximá-los ainda mais, mas se a relação está frágil, o nascimento irá separá- los ou criar problemas consideráveis. Alguns casais continuam juntos por causa dos filhos, ainda mais se um deles apresentar uma deficiência. Existem sentimentos complexos que são 27 aflorados com o nascimento de um filho, como ressentimento ou proteção. “Contrariar estas expectativas pode ser ameaçador para algumas famílias” (POLITY, 2000, p. 138). Polity (2000) diz ainda que a família é o contexto natural, cumprindo o papel de garantir a pertença e promover a individualização do sujeito, já que aprender faz parte dessa individualização. Para Bowlby (1989), existe um complemento entre o comportamento do bebê e a mãe/cuidador, que consegue reconhecer as dependências deste e se adapta de acordo com as suas necessidades, oferecendo oportunidades para que possa assim progredir no sentido de integração, experiências e no desenvolvimento. São as primeiras experiências sejam elas emocionais e de aprendizagem vivenciadas nas relações com os pais, que serão responsáveis pela formação de identidade, a qualidade das interações familiares e entre pessoas mais próximas, particularmente nas práticas psicossociais implementadas nesta situação, que podem promover um desenvolvimento adequado e saudável da criança. As primeiras experiências podem ser comprometidas pelo impacto que a notícia causa na família, esse impacto, pode dificultar que a mãe ou o cuidador, tenha suas reações de acordo com sua sensibilidade natural, impedindo que a relação e as experiências ocorram satisfatoriamente, prejudicando assim o desenvolvimento da criança ( MELERO, 1999 apud VOIVODIC; STORER, 2002). As famílias têm reações diferentes diante do nascimento de seu bebê com Síndrome de Down, algumas passam por um período de crise aguda, mas logo se recuperam e essa fase fica no passado, porém outras famílias têm mais dificuldade e desenvolvem uma “tristeza crônica”. Casarin (1999) cita que existe um processo de luto: Existe um processo de luto adjacente, quando do nascimento de uma criança disfuncional, que envolve quatro fases. Na primeira fase, há um entorpecimento com o choque e descrença. Na segunda, aparece ansiedade e protesto, com manifestação de emoções fortes e desejo de recuperar a pessoa perdida. A terceira fase se caracteriza pela desesperança com o reconhecimento da imutabilidade da perda. E, finalmente, a quarta fase traz uma recuperação, com gradativa aceitação da mudança. A segunda fase, para Bowlby (1993), é diferente, pois a criança está viva; os pais protestam contra o diagnóstico e prognóstico. (CASARIN, 1999, p. 33 apud VOIVODIC; STORER, 2002). 28 Este luto que a família passa pode ser organizada em cinco estágios (CASARIN, 1999 apud VOIVODICK; STORER (2002) apud DROTAR et al., 1975; GATH, 1985) 1. Reação de choque. As primeiras imagens que os pais formam da criança são baseadas nos significados anteriormente atribuídos à deficiência; 2. Negação da síndrome. Os pais tentam acreditar num possível erro de diagnóstico, associando traços da síndrome a traços familiares. Essa fase pode ajudar no primeiro momento, levando os pais a tratar a criança de forma mais natural, mas quando se prolonga, compromete o relacionamento com a criança real; 3. Reação emocional intensa. Nessa fase, a certeza do diagnóstico gera emoções e sentimentos diversos: tristeza pela perda do bebê imaginado, raiva, ansiedade, insegurança pelo desconhecido, impotência diante de uma situação insustentável; 4. Redução da ansiedade e da insegurança. As reações do bebê ajudam a compreender melhor a situação, já que ele não é tão estranho e diferente quanto os pais pensavam no início. Começa a existir uma possibilidade de ligação afetiva; 5. Reorganização da família com a inclusão da criança portadora de SD. Para conseguirem reorganizarem-se, os pais devem ressignificar à deficiência e encontrar algumas respostas para suas dúvidas. O auxílio de um profissional qualificado, durante os primeiros anos de vida do bebê com Síndrome de Down, é de grande importância para ajudá-los a desenvolver as relações afetivas e compreensivas que quase todos os pais desejam e as crianças necessitam (BOWLBY, 1997). 29 3.2 - A ESCOLA, A CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN E A FAMÍLIA O início da criança na escola marca uma fase importante no seu desenvolvimento, pois para ela os problemas educacionais e de aprendizagem fazem parte do seu cotidiano. A escola passa a ser continuidade do ambiente familiar, já que é possível iniciar uma nova socialização, ampliar seu mundo, compartilhar conhecimentos e desenvolver novos relacionamentos, proporcionando novas experiências e novas responsabilidades, essa nova fase implica na expectativa da criança em aprender a ler e a escrever. É a instituição que pode explorar as formas de motivar e orientar a criança na formação da sua personalidade (ORSI, 2003). A inicialização da criança na escola com qualquer tipo de deficiência é direito institucional conforme o E.C.A. (Estatuto da Criança e do Adolescente), LEI Nº 8.069, de 13 de julho de 1990, descrito no Capítulo IV, Art. 54: “É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: “Item III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. A Lei cita ainda os deveres dos pais no Art. 55: “Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regularde ensino”. E os responsáveis pela instituição de ensino devem seguir o artigo 56: Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: I - maus-tratos envolvendo seus alunos; II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares; III - elevados níveis de repetência. Contudo, existem outros artigos que contemplam a questão da “inclusão” do deficiente são eles: 11, 54, 66 e 112. Segundo Mantoan (2008), as escolas não estão preparadas para receber os alunos com deficiência, pois: O princípio democrático da educação para todos, só se evidencia nos sistemas educacionais que se especializam em todos os alunos, não apenas em alguns deles, os alunos com deficiência. A inclusão, como consequência de um ensino de qualidade para todos os alunos provoca e exige da escola brasileira novos posicionamentos e é um motivo a mais para que o ensino se modernize e para que os professores aperfeiçoem as suas práticas. É uma inovação que implica num esforço de atualização e reestruturação das condições atuais da maioria de nossas escolas de nível básico. Priorizar a qualidade do ensino regular é, pois, um desafio que precisa 30 ser assumido por todos os educadores. É um compromisso inadiável das escolas, pois a educação básica é um dos fatores do desenvolvimento econômico e social. Trata-se de uma tarefa possível de ser realizada, mas é impossível de se efetivar por meio dos modelos tradicionais de organização do sistema escolar ( p. 1). Para que a escola seja um ambiente adequado, é necessário que os envolvidos que participam do processo de escolarização dessas crianças tenham disponibilidade para o acolhimento, já que as falhas durante o ato de educar pode criar maiores dificuldades. Quando a pessoa tem deficiência intelectual, independentemente de ser criança, adolescente ou adulto, terá certo nível de dificuldade de aprendizagem. O educador precisa ter a disponibilidade, o comprometimento e a compreensão durante o desenvolvimento do educando, respeitando a subjetividade de cada indivíduo. Com a realidade das salas de aulas sempre lotadas, é preciso também saber do educador qual a visão que ele tem da escola e a ligação que possui com o seu trabalho. Essas relações que ocorrem dentro das instituições de ensino aluno e professor e entre os próprios alunos, são consideradas relações entre subjetividade, constituídas por pré-conceitos e conceitos e pelas e ideias sobre o que é e quanto se pode aprender e se desenvolver e pelas ideias que os alunos tem do seu papel na escola. Cabe ao educador atribuir à prática pedagógica, na inclusão do momento histórico, político, econômico e social. (PAULA, 2008) Para atender as necessidades de seus alunos, é preciso que a escola se reestruture respeitando e acolhendo toda a diversidade humana. É um desafio, já que requer uma nova situação pedagógica diante da relação do desenvolvimento e da aprendizagem. Dando início a uma visão sócio-histórica que perceba as diferenças como construções culturais, observando como ter contato com o indivíduo que se relaciona e expressa o movimento em que está inserido na sociedade (VIGOTSKY, 1989). Segundo Góes apud Vygotsky (1987), devemos considerar que a vida social, está organizada para que possa favorecer o desenvolvimento humano típico: A imersão da criança na cultura depende de funções e aparatos, que são pressupostos em termos de existência de órgãos intactos ou de certa condição do intelecto. Assim, o desenvolvimento atípico não favorece o enraizamento na cultura de modo direto. Por essa razão, diante da condição de deficiência é preciso criar formas culturais singulares, que permitam mobilizar as forças compensatórias e explorar caminhos alternativos de desenvolvimento, que implicam o uso de recursos especiais (VYGOTSKY, 1987 p. 100 apud GÓES, 2002). 31 A relação família e professor, ambos sempre estão na expectativa do outro, mas para que isso seja possível é preciso uma relação com muito diálogo, sempre existindo uma troca de informações e saberes. Para que essa relação aconteça, é necessário que haja uma capacidade de entendimento das mensagens vou transmitidas, escuta, compreensão e comunicação, juntamente com a flexibilidade de aprender novas idéias e valores que podem ser diferentes de quem passa a mensagem no momento (DI SANTO, 2008). Segundo Orsi (2003), a família de classe média está em constante transformação, em seus vínculos afetivos, já que “ocorre o processo de humanização, construção da subjetividade e de formação básica para a aprendizagem”. Cita ainda que: O adulto é considerado por Vigotsky (1988) como um mediador no processo de desenvolvimento da criança e oferece instrumentos para a apropriação do conhecimento. Porém, a internalização dos recursos disponíveis no ambiente, ocorre de forma individual, variando de uma criança para outra. Ao considerar a aprendizagem como profundamente social, afirma que quando os pais ajudam e orientam a criança desde o início de sua vida, dão a ela uma atenção social mediada, e assim desenvolvem um tipo de atenção voluntária e mais independente, que ela utilizará na classificação e organização de seu ambiente. Tal consideração se baseia no fundamento de que o homem torna-se humano, apropriando se da humanidade produzida historicamente. O ensino tem, nesse contexto, a função de transmitir as experiências histórico-sociais que se modificam no decorrer dos tempos (VIGOTSKY, 2003, p. 67 apud ORSI, 2003). As crianças com algum tipo de deficiência não se reduzem a um diagnóstico, nenhuma criança com Síndrome de Down é igual ou parecida nos seus sentimentos, desenvolvimentos e dificuldades. A socialização de crianças com deficiência deve acontecer primeiramente dentro de casa e na escola, pois ambas são responsáveis por sua socialização e pelo seu desenvolvimento cognitivo, social, intelectual, físico e moral. Existe um grande desafio para aqueles que estudam a Síndrome de Down, já que é preciso conscientizar os profissionais da área da saúde, da educação e toda a sociedade mostrando que essas crianças possuem potenciais, para que finalmente a verdadeira integração prevaleça. (WERNECK, 1995). 32 As tentativas de reconstruir os conceitos de necessidades educacionais 4 para alunos com deficiência devem acontecer para que haja a possibilidade de interação e reconhecimento da sociedade, excluindo a importância dos diagnósticos de deficiências e sobre saindo as necessidades de aprendizagem. A inclusão de crianças com deficiências na escola deve ser feita levando-se em conta as possíveis formas de minimizar a atribuição de aluno-problema, e criando formas de inserção neste contexto, no qual se pode obter respostas educativas, recursos e apoio educacional, para que no fim alcance o sucesso escolar. Ao invés de esperar que o aluno se integre a condição da vida escolar, é a escola que deve se adequar e se organizar, reestruturar para poder receber a diversidade de alunos que pode vir a receber (BRASIL, 2001b, p. 14 apud FLEURI, 2009). Já no Brasil, o termo popularizou-se quando houve a divulgação da Declaração da Salamanca (UNESCO, 1994) e foi incorporado na legislação vigente, e incluído no Parecer 17/2001 como uma nova abordagem, o conceito de “necessidades educacionais especiais”, propondo a ampliação ao atendimento escolar, aos alunos que apresentassem necessidades educacionais especiais durante o processo de aprendizagem. Assim, o Parecer agrupa as pessoas com necessidades educativas em três grupos: 1) As que apresentam dificuldades acentuadasde aprendizagem, tanto as não vinculadas a uma causa orgânica específica quanto às necessidades relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências; 2) As que apresentam dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais estudantes, particularmente os portadores de surdez, cegueira, surdo-cegueira ou distúrbios acentuados de linguagem; 3) as que apresentam altas habilidades/superdotação e que, recebendo apoio específico, podem concluir em menor tempo a série ou a etapa escolar (BRASIL, 2001b, p. 19). A declaração de Salamanca não considera apenas as crianças com deficiências e as superdotadas, mas compreende também as que vivem nas ruas e já trabalham crianças de populações distantes ou que não tenham onde morar, de minorias linguísticas, étnicas ou culturais ou ainda crianças que são marginalizadas de alguma forma ou desfavorecida (UNESCO, 1994). È possível perceber, que há certa preocupação abrangente muito além da deficiência, onde são levados em conta grupos que são tratados como minoria ou excluídos do 4 O conceito de “necessidades educacionais especiais”, sobre a educação especial inglesa, foi utilizado no Relatório de Warnock publicado em 1978. 33 convívio social. A definição de necessidades e deficiências amplia a concepção de diferenças e diversifica o trabalho educacional, fazendo alusão a categorias e dimensões lógicas como: fisiológicas, psicológicas, sociológicas (classe), antropológicas nos mais variados domínios de conhecimento. 34 4 - A EDUCAÇÃO INCLUSIVA PARA AS CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN. Para entender o que é inclusão precisamos ter capacidade de compreender e reconhecer o outro, contudo ter privilégio de conviver e compartilhar com essas pessoas diferentes de nós. Todavia a educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção. A inclusão é interagir com o outro, é o estar com (MANTOAN, 2008). A educação inclusiva, que foi originada como full inclusion (STAINBACK; STAINBACK, 1992 apud FLEURI, 2009), institui que todas as crianças devem ser incluídas na vida social e educacional da escola e também do seu bairro. Esse movimento ficou sólido nos Estados Unidos e Canadá, presente na maioria dos países da Europa. Entretanto no Brasil essa integração está ocorrendo desde 1970, visando finalizar com a limitação dos alunos com deficiência e alunos sem deficiência, favorecendo assim essa integração. Podemos considerar uma luta ideológica e de constituição de identidades socioculturais as lutas por conceituação e definição dessas diferentes categorias de cidadãos por seus direitos. A integração é justificada na medida em que se for referida aos valores democráticos de igualdade, respeito, participação ativa e dos deveres estabelecidos socialmente (FÁVERO et al., 2009 apud FLEURI, 2009). Para Mantoan (2006), a integração e a inclusão são colocadas para expor situações de inserção diferentes, posicionando-se no teórico-metodológicos divergentes. A integração, neste contexto é da inserção de alunos com deficiência nas escolas comuns, mas podendo ser empregado também para designar alunos agrupados em escolas especiais para pessoas com deficiência. Para empregar o acesso as escolas utilizam-se diversos caminhos educacionais, começando desde inserção as salas de aula do ensino regular ao ensino em escolas especiais. Dentro de uma estrutura educacional, o processo de integração oferece oportunidade ao aluno de estar no sistema escola, vindo da classe regular ao ensino especial, independente do tipo de atendimento, se são ou não de escolas especiais, ensino itinerante, classes especiais em escolas comuns, classes hospitalares e outros, pois o sistema prevê esses serviços educacionais segregados. Mas nem sempre na integração escolar todos os alunos com deficiência cabem nas turmas de ensino regular, pois é realizada uma prévia para os aptos à inserção. Entretanto podemos considerar que os alunos que se migram para serviços da educação especial, dificilmente se deslocam e raramente voltam às salas de aulas, e se realmente houver a migração, são indicados programas escolares individualizados, com 35 avaliações especiais, currículos adaptativos e para compensar as dificuldades de aprender reduzir os objetivos educacionais (MANTOAN, 2006). Ao falarmos de inclusão podemos salientar que a mesma não questiona apenas as políticas e a organização da educação especial e regular, mas também do específico conceito de integração, pois a inclusão é inconciliável com a integração, pressupondo a inserção escolar de forma radical, completa e metódica. Onde todos os alunos, sem qualquer exceção, têm o dever de freqüentar as salas de aula. O objetivo na inclusão escolar é a construção de uma escola aceitadora, na qual não existam exigências e regras de nenhuma natureza, nem qualquer tipo de mecanismos de seleção ou discriminação para a iniciação e permanência dos alunos. Esse paradigma necessita de uma ressignificação dos conceitos e costumes, nas quais os professores possam perceber as diferenças humanas em suas dificuldades, não apenas com um caráter fixo, mas compreendendo que essas diferenças estão sempre sendo feitas e refeitas, presentes em cada indivíduo, mas também para compreender que esta realidade histórica de isolamento escolar e social das pessoas com qualquer tipo de deficiência, possa vir a se transformar definitivamente no direito de todos à educação (ALVES; BARBOSA, 2006). A integração tem como objetivo a inserção de um aluno ou até mesmo um grupo de alunos excluídos, e a inclusão, pelo contrário, não deixa ninguém no externo do ensino, desde o inicio da vida escolar. Podemos nomear as escolas inclusivas de uma organização do sistema educacional levando em conta, necessidades de todos os alunos, e mudanças em função dessas necessidades. Portanto podemos categorizar a inclusão como uma mudança de perspectiva educacional, que não se limita aos alunos com deficiência e nem com dificuldades de aprendizagem, mas sim a todos os demais, para que haja sucesso na educação em geral. Para finalizar sobre esse contexto podemos esboçar que a maioria dos alunos que fracassam na escola, não é do ensino especial, mas que provavelmente poderão acabar nele. (MANTOAN, 1999 apud MANTOAN, 2006) 36 4.1 - RETRATOS DE PRÁTICAS INCLUSIVAS E ALGUMAS REFLEXÕES Durante estes anos que decorreram após Salamanca, tem-se verificado uma intensa atividade em muitos países, visando a modificação das políticas e das práticas educativas numa direção mais inclusiva. Não restam dúvidas de que tem havido um progresso, embora se mantenha parcial e muitas vezes limitado a pequenos projetos. O progresso tem sido dificultado pela confusão generalizada ainda existente sobre o que de fato significa “inclusão”. Hoje se sabe, sem margem de dúvida, que a reforma educativa é particularmente difícil em contextos em que não existe uma compreensão comum sobre aquilo que significa este conceito. Alguns artigos ilustram o leque variado de perspectivas sobre educação inclusiva, a sua definição e a sua implementação, porém só se referem a crianças com “deficiências” ou aquelas que foram identificadas como tendo necessidades educativas especiais – que foi objeto da Conferência de Salamanca. Outros adotam uma visão mais ampla sobre inclusão e foca todos os grupos de crianças vulneráveis – no contexto particular em que trabalham – oque representa a nova perspectiva que Salamanca procurou estimular. Os artigos fazem-nos refletir, em particular, sobre a importância de se considerar a inclusão como uma forma de atingir a Educação para Todos, tal como se recomenda na Declaração de Salamanca: As escolas devem ajustar-se a todas as crianças, independentemente das suas condições físicas, sociais, linguísticas ou outras. Neste conceito devem incluir-se crianças com deficiência ou superdotadas, crianças da rua ou crianças que trabalham crianças de populações imigradas ou nômades, crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou marginais - Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994). Podemos citar o Projeto Roma, que foi desenvolvido em Málaga, na Espanha, coordenado pelo Professor Miguel Lopez Melero. Iniciou-se com a formação de uma equipe multidisciplinar para uma avaliação dos processos de ensino de aprendizagem das pessoas com Síndrome de Down. O Projeto Roma fundamentou-se no pensamento de Vygotsky, em que a criança se desenvolve com influências culturais. Referindo-se que existe uma interação entre o sujeito e o ambiente no processo de construção do conhecimento, e que se apreende a realidade diretamente, mas por reconstrução, e que ensinar é, então, muito mais do que transmitir informações. Implica em mobilizar nos educandos o prazer de aprender. Avaliar é 37 muito mais do simplesmente medir e comparar: implica em integrar, promover ações interativas e adaptativas a todas as crianças (VYGOTSKY, 1987) Um grupo de Campinas “Espaço XXI” procurou informações sobre o Projeto Roma e em 1998 inicia na mesma linha do Projeto Roma, com apenas cinco crianças em idade pré- escolar. Em 1999, a mãe de uma com Síndrome de Down e a diretora de uma escola em Belo Horizonte foram a Málaga participar de um congresso sobre o Projeto Roma e formaram um novo grupo na cidade. Em 2001, após saber das experiências de Campinas e Belo Horizonte, decidiu implantar também um projeto similar em São Paulo, chamando-o de “Educar Mais 1”. O Projeto “Educar Mais 1” tem como objetivo a inclusão escolar visando a inserção total das crianças a partir das condições físicas em classes comuns do ensino regular, para estabelecer ações de mediação de profissionais da Psicologia e da Pedagogia no contexto familiar e escolar, com participação em todas as atividades escolares e a parte social com aceitação da criança pela comunidade escolar e também pela sociedade, permitindo-se o desenvolvimento global e sua participação em seu meio social, e no contexto pedagógico afim de obter a possibilidade da criança realizar atividades pedagógicas iguais ou semelhantes das outras crianças, sem nenhuma mudança curricular. A idéia central era investigar pessoas com Síndrome de Down, para elaboração de uma nova teoria da inteligência, possibilitando o desenvolvimento cognitivo, aprendizagem e cultural para identificar intervenções em diferentes maneiras seguindo a caminho de estratégias mais adequadas, para averiguar o conhecimento cognitivo e como funciona, identificando resultados das estratégias desenvolvidas em contexto diversos como escola, sociedade, família (MELERO, 1997 apud VOIVODIC, 2008). Foi estabelecido um mediador, um pedagogo, que é o contato entre a família e os profissionais da escola, estando uma vez por semana observando a turma a qual será inserida, não interferindo nas aulas, e o professor sendo o condutor desse processo de aprendizagem. O mediador realiza reuniões com o professor e profissionais como (fonoaudiólogo e terapeuta) os quais acompanham a criança, e contatos semanais com os pais e com o coordenador do projeto (um psicólogo). Assim esse mediador auxilia a família, professor e indiretamente a criança. No entanto o coordenador auxilia o mediador. Esse projeto promove ações que facilitam o diálogo entre família, escola e os profissionais, tendo como objetivo a união de esforços a caminho da inclusão escolar de crianças com Síndrome de Down (VOLVODIC, 2008). Acredita-se que há uma confusão de papéis, já que as instituições não possuem profissionais especializados para diferentes funções que desenvolvam ações conjuntas com o 38 educando, como no caso do pedagogo como educador e com a inserção do psicólogo escolar como o mediador para realizar reuniões com o professor, pais e coordenadores, auxiliando indiretamente a criança. Facilitando a comunicação entre a escola, os responsáveis e a criança. 39 5 - O PAPEL DO PSICÓLOGO NA ATUAÇÃO PROFISSIONAL A psicologia estuda fenômenos psíquicos e o comportamento humano pela observação, análise e avaliação de emoções, necessidades interiores e capacidade motora e intelectual. O psicólogo pode atuar diversas formas com as pessoas com Síndrome de Down, avaliando, orientando nas mais diversas situações, e intervindo sempre que for necessário em diversos momentos. Podemos apontar que a principal influência para o desenvolvimento da personalidade da criança é a família, e uma vez que aconteça a relação-problema entre pais e filhos pode ocorrer um desajuste na mesma. Caso o fato aconteça é realizado uma prática ligado a atendimentos psicoterápicos com as crianças, adolescentes e famílias e que são constituídos em grupos e individualmente, para que valide as relações familiares, juntamente com o bem estar de cada aluno atendido, que tem como objetivos acompanhar o processo de aprendizagem para avaliação de qual é a intervenção necessária aos alunos, orientação aos professores em relação ao desenvolvimento dos alunos, e aos pais ou responsáveis orientação/aconselhamento sobre o desenvolvimento dos seus filhos, os incentivando também a participação desse processo. Os atendimentos clínicos, psicoterapia, psiquiatria e neurologia são para atendimentos complementares, realizar reuniões para orientações aos profissionais é de grande importância quanto às reavaliações dos alunos, fazer acompanhamento com alunos que foram encaminhados para o Ensino Regular, inserir grupo de pais e responsáveis, para a promoção do envolvimento desses com a escola, convívio social, trabalhando com a auto estima e havendo assim trocas de experiências. Já relacionando aos adolescentes e adultos com SD, realização de grupos com temas específicos as suas necessidades. A inserção da pessoa com SD no mercado de trabalho é de grande importância para seu desenvolvimento e inserir temas relacionados à inclusão nas escolas do Ensino Regular para promover capacitação dos mesmos. (APSDOWN, 2009) Psicologia Escolar é uma área da Psicologia que tem suscitado inúmeras reflexões a cerca da identidade dos profissionais que nela atuam havendo necessidade de uma redefinição do papel do psicólogo na escola e de reestruturação da formação acadêmica. A princípio o surgimento da área estava ligado à aplicação de testes num modelo clínico de atuação do psicólogo escolar. Para a Psicologia, a dinâmica institucional, vem 40 tornando-se um campo fundamental para se conhecer e estudar o impacto em suas vidas e seus efeitos psíquicos e psicossomáticos na vida do trabalhador (CONTINI, 2000). Há a necessidade de se refletir sobre esse profissional devido ao fato de existir vários papéis e funções dentro da escola, em que vários profissionais reivindicam o mesmo espaço. Dentro das escolas há uma mistura de papéis como psicólogo, o pedagogo e o psicólogo escolar e a atuação do psicólogo deve ser realizada de maneira crítica. As escolasainda solicitam de um trabalho clínico, terapêutico, individualizado e os psicólogos escolares sem essa consciência do seu papel enquanto profissionais ligados à educação, respondem a essa demanda clínica, deixando de lado o objetivo do psicólogo escolar. A finalidade do trabalho do psicólogo em uma instituição de ensino pode acontecer desde o ensino fundamental até as universidades, deve ser de contribuição para que se possa construir um processo educacional capaz de socializar todo o conhecimento que fora acumulado historicamente e contribuir para a formação dos sujeitos tanto ética como política (TANAMACHI; MEIRA, 2003). Cabe então ao psicólogo retirar os obstáculos que estão bloqueando os sujeitos e o conhecimento de se encontrarem impedindo a formação de cidadãos. A educação gera e guia o desenvolvimento, o qual resulta da aprendizagem social por meio da internalização das atividades culturais e sociais. As experiências sociais são apresentadas as crianças sob a forma de ferramentas psicológicas especiais, tais como a linguagem, conceitos, símbolos, signos, dentre outros. (NEVES, 2005) Cabe ao psicólogo prestar apoio psicológico aos familiares dessas crianças com algum tipo de deficiência antes, durante e depois da inclusão delas no meio social e escolar; prestar auxílio psicológico aos professores e orientadores para conseguirem lidar com as diferentes formas de ensinar e de assistência a essas crianças; e principalmente acompanhar o desenvolver desta inclusão junto com a pessoa com deficiência. O profissional da psicologia tem embasamento para lidar com as dificuldades encontradas durante este processo e será no convívio das pessoas com e sem deficiência que a prática se construirá. Conforme BOCK, 2002, p. 158 apud ARTIGONAL, 2009: Na escola ou nas instituições educacionais, o processo pedagógico vai se colocar como realidade principal. Todo o trabalho do psicólogo estará em função deste processo e para ele direcionado. E isso irá obrigá-lo a escolher técnicas em Psicologia que se adaptem aos limites que sua intervenção terá, dada a realidade educacional. 41 O papel do psicólogo na inclusão social das pessoas com deficiência é praticar o enfrentamento e a lidar com a exclusão tentando introduzir principalmente a afetividade no cotidiano dessas pessoas. Tentar deixar de lado a visão individualista dos narcísicos (ARTIGONAL, 2009) Segundo Machado (2010) a postura do profissional em uma atuação crítica pode gerar outros efeitos, já que: [...] ao agir nas relações estabelecidas na escola, trabalhar com as representações dos professores e somar, com os saberes da psicologia, no levantamento de hipóteses em relação à produção das dificuldades de leitura e escrita e das questões atitudinais pode-se ampliar o campo de análise e, portanto, as possibilidades de intervenção em relação aos problemas presentes no processo de escolarização (Machado, 2010, p. 29). Tanamachi e Meira (2003) mencionam que o lugar do psicólogo, é o lugar possível, onde haja a sinalização de elementos psicológicos que compõem a escola e agir onde seja possível a articulação, assumindo um empenho teórico e prático com os possíveis elementos presentes neste contexto, levando em conta as experiências diárias na instituição, e onde seja possível elaborar uma atuação crítica, competente e criativa. É notória a necessidade de a Psicologia Escolar repensar em maneiras de intervenção junto aos profissionais das instituições escolares, incluindo sempre os docentes e coordenadores responsáveis pelas atividades curriculares, estratégias de ensino, aprendizagem, e criar novas formas de potencialização nas características multifatoriais desses indivíduos que estão em processo de desenvolvimento. Almeida (2003) afirma que a experiência de formação de professores vem se apresentando como uma das práticas mais produtivas da atuação do psicólogo, já que vem mostrando excelente desenvolvimento do professor, inclusive no que diz respeito aos níveis de motivação e reflexão sobre sua atuação. É nesse sentido que a prática do psicólogo visa privilegiar uma atuação mais preventiva, na qual seja possível ser compreendida e consolidada na escola, para que possa vir a reduzir, possíveis demandas e solicitações limitadas à dimensão do problema e da doença (REI, 2003 apud MITJÁNS-MARTÍNEZ, 2005). 42 Para Araújo e Almeida (2005), o trabalho do psicólogo é reforçado na formação de professores por meio do estímulo de questionamentos desses profissionais, fazendo também que entrem em contato com sua própria história profissional, a fim de relembrar seus objetivos, limites e dificuldades na implantação das suas práticas. O Psicólogo pode usar as histórias desses profissionais, para nortear suas pesquisas e intervenções, desenvolvendo novas possibilidades e estratégias de comunicação, reflexões sobre as idéias do professor em relação a sua compreensão ao contexto educativo, a flexibilização diante das mudanças no contexto escolar, as habilidades de negociação, planejamento pedagógico, curricular e avaliativo. É importante ressaltar a importância da atuação como mediador entre o sujeito e o objeto dentro da sala de aula, nesse sentido, torna-se relevante que o psicólogo invista no trabalho com a qualidade desta relação configurada em sala de aula. Tanamachi e Meira (2003), pautadas nos pressupostos do pensamento crítico expressos na Pedagogia Histórico-Crítica e na Psicologia Sócio-Histórica, defendem que o objeto do psicólogo em uma instituição de ensino é: [...] o encontro entre os sujeitos e a educação e a finalidade central de seu trabalho deve ser contribuir para a construção de um processo educacional que seja capaz de socializar o conhecimento historicamente acumulado e de contribuir para a formação ética e política dos sujeitos (TANAMACHI E MEIRA, 2003, pp. 42-43). Assim, ao delimitar a área de intervenção em que a Psicologia e a direção da escola possam contribuir, para que cumpram a meta de socialização dos conhecimentos já produzidos pelos homens, conforme defende Saviani (2003). Segundo as mesmas autoras, partindo de uma concepção vigotskiana, o psicólogo pode contribuir para desvelar a ideologia implícita nas concepções que cristalizam a defesa de que os problemas educacionais estão no interior dos próprios alunos, combatendo, assim, as explicações que “psicologizam” esses problemas educacionais. 43 6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Os pais da criança com Síndrome de Down precisam entender as necessidades educativas especiais dos filhos, a fim de explorar suas potencialidades, respeitar seus limites e preservar seu espaço. A realidade da família da criança com Síndrome de Down surgirá com o tempo, por isso é de extrema importância o entendimento da Síndrome e as potenciladades que cada individuo têm para desenvolver. A educação inclusiva é uma possibilidade de romper as barreiras que inviabilizam a aceitação das diferenças entre as pessoas, mas, trata-se de um processo complexo, que exige capacitação, exercício da tolerância, conhecimento e que também necessita de avaliação permanente. Espera-se que os professores sejam capazes de acolher a diversidade e estejam abertos às práticas inovadoras em sala de aula, que incluem conteúdos e práticas de diferentes áreas do conhecimento, que exercitem a avaliação direcionada para a adaptação e para a interação social entre diferentes estilos e aptidões para aprender. Há necessidade de adotar uma postura crítica sobre a avaliação diante das novas Políticas Públicas. Vigotski, cita a ideia que o professor é umimportante mediador, e precisa refletir, durante seus planejamentos de aulas, para contribuir no desenvolvimento real dos alunos, como também sobre a possibilidade de se aperfeiçoar e alcançar os mais variados facilitadores de aprendizado. Percebe-se então a necessidade do auxílio na capacitação do professor, para que assim possa desenvolver habilidades, quando tiver que se confrontar com situações de explosões emocionais por conta de um específico aluno, de um determinado grupo ou de familiares. O psicólogo escolar é responsável pelo auxílio, trabalhando e desenvolvendo o professor para que não fique tão vulnerável nas situações estressadoras de contágio emocional, se tornando incapaz de perceber as nuances dessas situações e perdendo o controle das possíveis ações que aliviariam tais circunstâncias. O foco para o trabalho do psicólogo nas instituições de ensino deve ser ampliado, enriquecendo assim os processos evolutivos do indivíduo, tanto na parte cognitiva quanto na afetiva, já que existem publicações, principalmente na área pedagógica, que por vezes tentam conceber a afetividade presente nas salas de aulas. Segundo o autor, o estudo e o aprofundamento das questões por parte do psicólogo escolar não se esgotaram, mas certamente contribuíram para alimentar as discussões sobre as possíveis ligações e associações entre a Psicologia e a Educação. 44 Acreditamos que a inclusão das crianças com Síndrome de Down na escola regular, é de grande importância, visto que estimulam o processo de aprendizado e socialização, devemos também levar em conta os sonhos dos pais para o futuro do filho. Quando a sociedade estiver comprometida com a situação das pessoas com Síndrome de Down e não com preconceitos, a socialização e a inclusão acontecerão de uma forma mais natural. 45 REFERÊNCIAS ALMEIDA, S. Psicologia Escolar: ética e competências na formação e atuação profissional. São Paulo: Alínea, 2003. ALVES, S. D. O.; BARBOSA, K. A. M. Experiências educacionais inclusivas: refletindo sobre o cotidiano escolar. In: BRASIL. 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