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O Ato Médico Alunos: Izabela Luíza e Paulo Edson Professor: Armando Bezerra Disciplina: Deontologia – Curso de Medicina Histórico Em março de 1989, houve a apresentação por um Deputado Federal, Pedro Chaves Canedo, à Câmara dos Deputados, de um projeto de lei tentando delegar ao CFM a função de definir o que seria o ato médico. A tentativa foi frustrada por falta de apoio da própria categoria. Em março de 1998, o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro definiu o ato médico como sendo “toda ação desenvolvida visando à prevenção, ao diagnóstico, tratamento e à reabilitação das alterações que possam comprometer a saúde física e psíquica do ser humano”. Em dezembro de 1998, novo estatuto do CFM é aprovado atribuindo-lhe o poder de definir e normatizar o ato médico. O CFM aprovou, em dezembro de 2001 uma definição do ato profissional de médico: Todo procedimento técnico-profissional praticado por médico legalmente habilitado e dirigido para: a promoção da saúde e prevenção da ocorrência de enfermidades ou profilaxia (prevenção primária); a prevenção da evolução das enfermidades ou execução de procedimentos diagnósticos ou terapêuticos (prevenção secundária); a prevenção da invalidez ou reabilitação dos enfermos (prevenção terciária).” Em fevereiro de 2002, o Projeto de Lei do Ato Médico foi apresentado, mas sofreu forte oposição de outras profissões da saúde. Em dezembro de 2002, o projeto foi aprovado, porém com emendas, após receber inúmeras críticas. O PL 2002 tinha uma redação semelhante a da resolução de 2001, acrescentando um parágrafo único no artigo 1º que: “As atividades de prevenção de que trata este artigo, que envolvam procedimentos diagnósticos de enfermidades ou impliquem em indicação terapêutica, são atos privativos do profissional médico.” Em 2003, foi elaborado o Projeto de Lei 268 Substitutivo, que trata do exercício da medicina, regula o trabalho médico, define o campo de atuação do médico e trata dos Conselhos profissionais de medicina. Os projetos de lei de 2002 e de 2003 foram rejeitados. Houve a confecção de um ofício dos Presidentes dos Conselhos profissionais de biomédicos, de educação física, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, biólogos, fonoaudiólogos, nutricionistas, cirurgiões-dentistas, assistentes sociais, técnicos em radiologia e psicólogos, que encaminharam um abaixo-assinado de 500 mil assinaturas contra a lei do “ato médico”. Em 2004 surgiu a Frente Nacional Contra o PLS 25/2002, com representação das 13 profissões da área da saúde; Em 2005, o projeto de Lei de regulamentação do Exercício da medicina foi aprovado na Comissão de Assuntos Sociais e no Senado por unanimidade dos parlamentares presentes. O texto elaborado após as discussões foi aprovado sem modificações. Seguindo o trâmite para aprovação da lei, o projeto foi encaminhado à Câmara dos Deputados, recebendo o número 7703/2006. Em 2009 o projeto encontrava-se na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público e foram solicitadas algumas alterações. Por exemplo, foram solicitadas alterações, a fim de que a acupuntura não fosse realização exclusiva de médicos, bem como para que a indicação de órteses e próteses também pudesse continuar sendo feita por terapeutas ocupacionais. Discussão A polêmica em torno da definição do que seria o ato médico está principalmente relacionada ao fato de que o PL 25/02 Substitutivo dispõe sobre o que seriam atos privativos do médico, como a formulação do diagnóstico médico e a prescrição terapêutica das doenças, respeitando o livre exercício das profissões de saúde nos termos de suas legislações específicas. O disposto nesta lei não se aplica ao exercício da Odontologia e da Medicina Veterinária, nem as outras profissões de saúde regulamentadas por lei, ressalvados os limites de atuação de cada uma delas. O Projeto de Lei visa regulamentar a profissão do médico, mas gera polêmica por limitar a área de atuação de outros profissionais de saúde, estabelecer exclusividade para o exercício da chefia e ensino, a divisão de competências, a prescrição terapêutica e o direito ao diagnóstico. No entanto, o projeto de lei substitutivo tem se mostrado mais flexível. Estabelece que os atos de prevenção secundária e terciária e os que impliquem em procedimentos diagnósticos de enfermidades e de indicação terapêutica constituem atos privativos dos médicos. Fica aberta para as outras profissões da área da Saúde a porta da prevenção primária e terciária sem diagnóstico ou terapêutica. Prevê a possibilidade de atividades administrativas poderem ficar a cargo de qualquer profissional, médico ou não médico. No entanto, a chefia de atividades clínicas continua com a previsão de exclusividade para o médico. Os grandes motivos que os profissionais de saúde contra esse projeto de lei apresentam são: centralização das ações nas mãos dos médicos, redução da autonomia das demais profissões de saúde, perdas no trabalho em equipe e prejuízo para o modelo de atenção proposto pelo SUS – multidisciplinaridade -, uma potencial perda para as demais áreas da saúde os meios de diagnóstico ficarem exclusivamente nas mãos dos médicos. LEI Nº 12.842, DE 10 DE JULHO DE 2013. Dispõe sobre o exercício da Medicina. Foram transcritos os pontos mais importantes e questionados do projeto de lei (PLS 25/2002) após a sanção e vetos da Presidente da República. Os pontos vetados tiveram como justificativa o risco de gerar conflitos com os Programas Nacionais de Saúde e inviabilizar serviços do SUS. Os pontos mais importantes a saber: Art. 2º O médico desenvolverá suas ações profissionais no campo da atenção à saúde para: I - a promoção, a proteção e a recuperação da saúde; II - a prevenção, o diagnóstico e o tratamento das doenças; III - a reabilitação dos enfermos e portadores de deficiências. Art. 3o O médico integrante da equipe de saúde que assiste o indivíduo ou a coletividade atuará em mútua colaboração com os demais profissionais de saúde que a compõem. Art. 4o São atividades privativas do médico: I - (VETADO) formulação do diagnóstico nosológico e respectiva prescrição terapêutica; II - indicação e execução da intervenção cirúrgica e prescrição dos cuidados médicos pré e pós-operatórios; III - indicação da execução e execução de procedimentos invasivos, sejam diagnósticos, terapêuticos ou estéticos, incluindo os acessos vasculares profundos, as biópsias e as endoscopias; VIII - (VETADO) indicação do uso de órteses e próteses, exceto as órteses de uso temporário; IX - (VETADO) prescrição de órteses e próteses oftalmológicas; XI - indicação de internação e alta médica nos serviços de atenção à saúde; XII - realização de perícia médica e exames médico-legais, excetuados os exames laboratoriais de análises clínicas, toxicológicas, genéticas e de biologia molecular; XIII - atestação médica de condições de saúde, doenças e possíveis sequelas; XIV - atestação do óbito, exceto em casos de morte natural em localidade em que não haja médico. §1o Dispõem sobre a definição diagnóstico nosológico; §2o (VETADO) Não são privativos do médico os diagnósticos funcional, cinésio-funcional, psicológico, nutricional e ambiental, e as avaliações comportamental e das capacidades mental, sensorial e perceptocognitiva. §4o Procedimentos invasivos, para os efeitos desta Lei, são os caracterizados por quaisquer das seguintes situações: I - (VETADO) invasão da epiderme e derme com o uso de produtos químicos ou abrasivos; II - (VETADO) invasão da pele atingindo o tecido subcutâneo para injeção, sucção, punção, insuflação, drenagem, instilação ou enxertia, com ou sem o uso de agentes químicos ou físicos; III - invasão dos orifícios naturais do corpo, atingindo órgãos internos. § 5o Excetuam-se do rol de atividades privativas do médico: I - (VETADO) aplicação de injeções subcutâneas, intradérmicas, intramusculares e intravenosas, de acordo com a prescrição médica; II - (VETADO) cateterização nasofaringeana,orotraqueal, esofágica, gástrica, enteral, anal, vesical, e venosa periférica, de acordo com a prescrição médica; III - aspiração nasofaringeana ou orotraqueal; IV - (VETADO) punções venosa e arterial periféricas, de acordo com a prescrição médica; VI - atendimento à pessoa sob risco de morte iminente; VII - realização de exames citopatológicos e seus respectivos laudos; VIII - coleta de material biológico para realização de análises clínico- laboratoriais; Art. 5o São privativos de médico: I - (VETADO) direção e chefia de serviços médicos; II - perícia e auditoria médicas; III - ensino de disciplinas especificamente médicas; IV - coordenação dos cursos de graduação em Medicina, dos programas de residência médica e dos cursos de pós-graduação específicos para médicos. Parágrafo único. A direção administrativa de serviços de saúde não constitui função privativa de médico. Art. 6º A denominação ‘médico’ é privativa do graduado em curso superior de Medicina reconhecido e deverá constar obrigatoriamente dos diplomas emitidos por instituições de educação superior credenciadas na forma doart. 46 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), vedada a denominação ‘bacharel em Medicina. Parágrafo único. A competência fiscalizadora dos Conselhos Regionais de Medicina abrange a fiscalização e o controle dos procedimentos especificados no caput, bem como a aplicação das sanções pertinentes em caso de inobservância das normas determinadas pelo Conselho Federal. Referências TRAVASSOS, Denise Vieira. Ato Médico: Histórico e Reflexão. Arq Odontol, Belo Horizonte, 48(2): 102-108, abr/jun 2012. LEI Nº 12.842, DE 10 DE JULHO DE 2013. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12842.htm#art8
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