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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 0 LICENCIATURA EM GEOGRAFIA PROFESSOR FLAVIO BIASUTTI VALADARES PROFESSORA ANDRÉA MONTEIRO UGLAR PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I DISCENTE: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 1 PLANEJAMENTO INICIAL MAT. DESCRIÇÃO DO CONTEÚDO NOT. 08/02 Apresentação da disciplina e do sistema de avaliação. Diagnóstico de conteúdo. Levantamento de interesses temáticos. 06/02 22/02 Comunicação e linguagem na contemporaneidade. 20/02 1º/03 Características dos textos oral e escrito. Gêneros e tipos textuais. 27/02 08/03 Fatores de textualidade. 06/03 15/03 Técnicas de produção textual escrita e oral. 13/03 22/03 Interpretação de textos com abordagem interdisciplinar e a Geografia. 20/03 05/04 Interpretação de textos com abordagem interdisciplinar e a Geografia. 27/03 12/04 Orientações específicas sobre as mesas redondas. 03/04 19/04 Mesa redonda. Tema: Infraestrutura na cidade de São Paulo. 10/04 26/04 Mesa redonda. Tema: Lazer e Trabalho na cidade de São Paulo. 17/04 03/05 Mesa redonda. Tema: Violência na cidade de São Paulo. 24/04 10/05 Mesa redonda. Tema: Segurança na cidade de São Paulo. 08/05 17/05 Mesa redonda. Tema: Cultura na cidade de São Paulo. 15/05 24/05 O papel social do geógrafo como agente da comunicação. 22/05 31/05 O papel social do geógrafo como agente da comunicação. 29/05 07/06 Variações linguísticas. 05/06 14/06 Variações linguísticas. 12/06 21/06 Avaliação escrita individual sem consulta [valor = 10,0] 19/06 AVALIAÇÕES 1 Mesa redonda – Nota 1 = 10,0 2 Avaliação escrita individual sem consulta – Nota 2 = 10,0 ATENÇÃO! ESTE MATERIAL APOSTILADO É DESTINADO AOS ALUNOS DO CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA, DO IFSP/CAMPUS SÃO PAULO, NA DISCIPLINA PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I, MINISTRADA PELOS DOCENTES FLAVIO BIASUTTI VALADARES E ANDRÉA MONTEIRO UGLAR, EM 2013/1. TRATA-SE DE UM ROTEIRO DE AULA, DIVIDIDO EM TÓPICOS, COM MATERIAL ELABORADO PELOS PROFESSORES DA DISCIPLINA, BASEADO EM LEITURA DE LIVROS E DE ARTIGOS CIENTÍFICOS. AO FINAL DE CADA TÓPICO ESTUDADO, HÁ INDICAÇÕES DA BIBLIOGRAFIA CONSULTADA PELO DOCENTE PARA A PRODUÇÃO DO MATERIAL. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 2 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM NA CONTEMPORANEIDADE Bakhtin 1 (1997, p. 295) afirma que a língua é um dos importantes meios de significação da ação humana, é através dela que as pessoas das mais diversas maneiras e das mais complexas formas se relacionam umas com as outras. O exercício da linguagem é um processo que acontece no interior da singularidade de cada pessoa juntamente na relação que estas estabelecem umas com as outras compondo uma estrutura dialógica de construção da comunicação. (BAKHTIN, 1997, p. 295) O autor complementa: O diálogo por sua clareza e simplicidade é a forma clássica da comunicação verbal. Neste sentido, a construção da comunicação ocorre no interior das relações entre os indivíduos e, através da fala, os mesmos pretendem compreender e serem compreendidos, exercendo mutuamente os papéis de ouvinte e interlocutor. (BAKHTIN, 1997, p. 295) Do ponto de vista do uso da linguagem, embora, popularmente, a maioria das pessoas utilize as palavras linguagem, língua e fala para designar a mesma realidade, do ponto de vista linguístico, esses termos não devem ser confundidos. É claro que a distinção que se faz entre linguagem, língua e fala tem caráter meramente metodológico, uma vez que esses três conceitos revelam aspectos diferentes de um processo amplo, que é o da comunicação humana. Isso, provavelmente, explique a razão pela qual a maioria das pessoas emprega essas três palavras para designar uma mesma realidade. Dá-se o nome de linguagem a todo sistema de sinais convencionais que nos permite realizar atos de comunicação. Existem inúmeras linguagens: a linguagem dos surdos-mudos, a linguagem das bandeiras em corridas de automóveis, a linguagem dos sinais de trânsito, a língua que falamos etc. De acordo com o sistema de sinais que utiliza, costuma-se dividir a linguagem em: Verbal — aquela cujos sinais utilizados para atos de comunicação são as palavras, tanto escritas quanto faladas. Não-verbal — aquela que utiliza para atos de comunicação outros sinais que não as palavras. A língua é a linguagem que utiliza a palavra como sinal de comunicação. Portanto, a língua é um aspecto da linguagem. Trata-se de um sistema de natureza gramatical, pertencente a um grupo de indivíduos, formado por um conjunto de sinais (as palavras) e por um conjunto de regras para a 1 BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1997. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 3 combinação destes. É, assim, uma instituição social de caráter abstrato, exterior aos indivíduos que a utilizam, que somente se concretiza por meio da fala, que é um ato individual. O caráter social da língua é facilmente percebido quando levamos em consideração que ela existe antes mesmo de nós termos nascido: cada um de nós já encontra a língua formada e em funcionamento, pronta para ser usada. E, mesmo quando deixarmos de existir, a língua subsistirá independentemente de nós. Também não devemos confundir língua com escrita, já que são dois sistemas distintos. A escrita representa um estágio posterior de uma língua, tanto que muitas pessoas utilizam a língua sem saber utilizar a forma escrita. Basta lembrar os analfabetos. Há, ainda, muitas línguas ágrafas no mundo. Apesar da grande invasão das imagens no mundo da comunicação, ainda somos uma civilização da escrita. Não é sem razão que, por cautela, fazemos por escrito o registro de negócios importantes. Observemos, também, que o número de publicações escritas, como jornais, revistas e livros é cada vez maior, no entanto não podemos deixar de considerar os avanços dos meios de comunicação eletrônicos. Numa língua, podemos observar a atuação de duas forças que se opõem: de um lado, uma tendência à uniformidade e, de outro, a variedade decorrente dos usos individuais. Essa tendência à uniformidade não é dada só pela escola, que procura impor aos falantes um uso padrão. É preciso ressaltarmos que os meios de comunicação de massa, dada a sua grande penetração e aceitação, acabam exercendo uma grande força em relação à uniformização do uso da língua. É interessante ainda notarmos que os próprios falantes, que são os responsáveis pela diversificação do uso, exercem também poder unificador, quando, em muitos casos, rejeitam frases que fujam a um determinado padrão do qual possuem alguma expectativa. BILIOGRAFIA UTILIZADA BAGNO, Marco. Preconceito linguístico. São Paulo: Loyola, 2000. BERNARDO, Gustavo. Redação inquieta. Rio de Janeiro: Globo, 1985. EPSTEIN, Isaac. O signo. São Paulo: Ática, 1999. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. GARCIA, Othon. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1984. GUIMARÃES, Elisa. A articulação do texto. São Paulo: Ática, 1993. HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. KOCH, Ingedore G.V. Otexto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 2000. ORLANDI, Eni Pulcinelli. A linguagem e seu funcionamento. Campinas/SP: Pontes, 1987. TERRA, Ernani. Linguagem, língua e fala. São Paulo: Scipione, 1999. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 4 EXERCÍCIOS Após a leitura dos textos abaixo, será feita uma discussão sobre comunicação e linguagem na contemporaneidade. MUNDO ANIMAL — SÁBIOS ORANGOTANGOS [Revista Isto É, n. 1786, de 08/01/2003, p. 21] Cientistas americanos da Universidade de Duke descobriram evidências de que os orangotangos possuem traços de cultura, ou seja, adotaram comportamentos que não são fruto do instinto animal, mas sim de aprendizado. “Achávamos que a cultura era algo específico do homem, dos chimpanzés e dos bonobos”, disse o antropólogo Carel van Schaik, chefe da equipe que fez o estudo, publicado na revista Science. Entre outras características, os pesquisadores observaram que os orangotangos de Sumatra e Bornéu fazem um som parecido com “pppffffttt” para dizer boa noite, utilizam folhas como luvas para mexer em frutos espinhentos, apelam para pedaços de galhos para auto-estimulação sexual e constroem ninhos não só para dormir mas também como forma de diversão. “Eles sugam informação de qualquer um que se aproxime”, diz van Schaik. A LINGUAGEM É UMA CARACTERÍSTICA BIOLÓGICA [Adaptado de SOUZA, L., FREITAS, M. F. Q. e RODRIGUES, M. M. Psicologia: reflexões (im)pertinentes. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1998. p. 180-1] Sinais associados ao desenvolvimento de uma linguagem extensiva aparecem especialmente com o Homo sapiens. Dentre outros, destaca-se a presença de um aparelho fonador especializado que permite gerar sons contrastantes com facilidade (LAITMAN, 1984). É claro que para falar, não basta um aparelho fonador eficiente. [...] inúmeras outras capacidades são requeridas: perceptuais, cognitivas, interacionais, tudo isto evoluindo dentro de um modo de vida em que falar seja vantajoso. A linguagem é, aliás, uma excelente evidência para a ação decisiva da evolução sobre os comportamentos culturais, fato que não tem escapado aos diversos estudiosos do assunto (PASSINGHAN, 1982; FOLEY, 1996). Se de um lado ela pode ser entendida como essencial à cultura, como fruto desta, por outro, está fortemente enraizada em propriedades biológicas ligadas à estrutura cerebral, à anatomia do sistema fonador e à herança da capacidade linguística. A aquisição da linguagem pelo recém-nascido não é a imposição de um sistema arbitrário ou convencional de códigos por parte dos adultos a um aprendiz inteligente. Não se trata de um processo de ensaio- e-erro com reforçamento dos acertos. O talento do recém-nascido humano para adquirir a linguagem é uma habilidade específica dotada de motivação própria. O ser humano é biologicamente linguístico: nasce com os recursos cognitivos, motivacionais, fisiológicos e anatômicos para entender e usar a linguagem humana que se INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 5 estiver falando em seu ambiente. Por sua vez, as línguas humanas são construídas, mantidas e transformadas por esses mesmos seres humanos que as adquirem a cada geração. E todos os seus aspectos — sonoros, rítmicos, melódicos, léxicos, sintáticos etc — decorrem das características dos indivíduos que as produzem. Para entender as línguas — suas características e evolução — é preciso entender o ser psico-biológico que as inventou. A diversidade linguística — o fato de milhares de elas terem sido criadas — não nos deve confundir. Não apenas o que é comum a todas elas mas também a própria variedade constitui indicadores importantes sobre o curso da evolução biológica da habilidade linguística. Ao lado das especializações anatômicas e fisiológicas, exemplificadas pela especialização do cérebro e do aparelho fonador, ao longo do processo de hominização, os indicadores culturais foram ficando mais complexos. Pode-se dizer que uma coisa puxou a outra: um cérebro maior permitia novos desenvolvimentos culturais: um contexto cultural mais desenvolvido promovia a seleção de nova especialização cerebral. Não indefinidamente, nem ponto a ponto, convém dizer. Há uma relação de custos e benefícios a ser considerada. Há limites para o crescimento da cauda do pavão. Há ainda descompassos. Todavia, tomados alguns cuidados para não simplificar indevidamente o processo, pode-se dizer que biologia e cultura caminharam juntas. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 6 CARACTERÍSTICAS DOS TEXTOS ORAL E ESCRITO Não devemos confundir língua com escrita, já que são dois sistemas distintos. A escrita representa um estágio posterior de uma língua, tanto que muitas pessoas utilizam a língua sem saber utilizá-la na forma escrita. Basta lembrar os analfabetos, sem contar as muitas línguas ágrafas no mundo. Nós aprendemos primeiro a fazer uso da fala para posteriormente fazer uso da escrita. A única razão de ser da escrita é a de representar graficamente, e ainda de modo imperfeito, a língua. Mesmo que a linguagem falada seja muito mais largamente utilizada que a linguagem escrita, as teorias gramaticais sempre se basearam nesta, por considerar que ela possui um aspecto mais permanente que aquela. A língua falada mantém uma profunda vinculação com as situações em que é usada. A comunicação oral normalmente se desenvolve em situações nas quais o contato entre os interlocutores é direto: na maioria dos casos, eles estão em presença um do outro, num lugar e momento que, por isso, são claramente conhecidos. Dessa forma, quando conversam sobre determinado assunto, elaboram mensagens marcadas por fatos da língua falada. A língua escrita demanda um esforço maior de precisão: devem ser indicadas datas, descritos lugares e objetos, bem como identificados claramente os interlocutores no caso da representação de diálogos. Toda essa elaboração gera textos cuja compreensão não depende do lugar e do tempo em que são produzidos ou lidos. Algumas estruturas sintáticas são marcadamente da oralidade, da língua falada no Brasil. Por exemplo: uso de próclises; uso do pronome você no lugar do tu, alterando concordância; posição de sujeito na oração; deslocamento de adjuntos adverbiais; função de adjetivo e de advérbio entre outras. QUADRO COMPARATIVO ENTRE A FALA E A ESCRITA LÍNGUA ESCRITA LÍNGUA ORAL Meio visual: permanência e durabilidade posteriores ao momento de expressão; Os participantes do ato de comunicação, geralmente, não estão na presença um do outro e o contexto situacional imediato não é tão relevante; Permite planejamento e organização mais cuidadosos e estruturados, subdividindo-se em períodos, parágrafos e apoiando-se em sinais de pontuação; Não conta com recursos extra-linguísticos, como gestos, expressões faciais, tons de voz; É mais sujeita a convenções prescritivas. Meio auditivo: transitoriedade, estando, geralmente, restrita ao momento da expressão; Os participantes estão interagindo diretamente um com o outro, havendo maior dependência do contexto situacional; É mais espontânea e sua estrutura menos convencional e planejada, incluindo mais improvisações, repetições, hesitações; Conta com recursos extra-linguísticos, como gestos, expressões faciais, tons de voz; É menos sujeita a convenções prescritivas. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAE TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 7 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA FÁVERO, Leonor Lopes e KOCH, Ingedore G.V. Linguística textual. São Paulo: Cortez, 1998. GUIMARÃES, Elisa. A articulação do texto. São Paulo: Ática, 1993. KOCH, Ingedore G.V. A inter-ação pela linguagem. São Paulo: Contexto, 1992. KOCH, Ingedore G.V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 2000. ORLANDI, Eni Pulcinelli. A linguagem e seu funcionamento. Campinas/SP: Pontes, 1987. PINTO, Edith Pimentel. A língua escrita no Brasil. São Paulo: Ática, 1986. TERRA, Ernani. Linguagem, língua e fala. São Paulo: Scipione, 1999. EXERCÍCIOS Em relação ao texto A vida dura de um jovem trabalhador, liste as palavras que não estão de acordo com a norma culta e analise se isso prejudica a produção de sentido do texto. Após isso, passe o texto para o padrão culto escrito. Por último, explique as características presentes no texto da língua oral. A vida dura de um jovem trabalhador [José Wellington da Silva] Eu tinha oito anos, e já começei a trabalhar, eu vendia picole no bairro interlagos, no Centro de Linhares, e outros bairros. Vendi picolé até os déz anos. Depois eu entrei em uma fábrica de fazer caichote para embalar manão. era muito ruim lá, mesmo assim fiquei até os onze anos lá, estudava de manhã, e trabalhava à tarde. Depois inverteu, trabalhei de manhã e estudei à tarde. Depois eu trabalhei em um abatedouro de Frangos, lá eu aprendi muitas coisas, não ganhava bem mas eu trabalhava assim mesmo, eu trabalhava os dias de semana de manhã e estudava a tarde, e no sábado o dia todo, e as vezes até os domingos também. Era longe, eu demorava trinta minutos de bicicleta, e à pé cinquênta minutos. Depois surgiu outro abatedouro para mim trabalhar era mais perto demorava só cinco minutos a pé, lá eu fiquei por seis meses. Depois eu vendia salgados para uma vizinha eu ganhava por salgado. Hoje em dia eu trabalho em uma marcenaria trabalho de manhã e estudo à tarde. Eu tenho quatorze anos agora, e o dinheiro que recebo eu dou metade para minha mãe. Quando eu pegar mais idade eu vou estudar à noite e trabalhar o dia inteiro, e até ganhar salário, como ajudante de marceneiro, e depois eu posso ser tratado como homem e ser um bom marceneiro de carteira assinada. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 8 GÊNEROS E TIPOS TEXTUAIS Gêneros textuais são realizações linguísticas concretas orais ou escritas, surgem da nossa necessidade, são empíricos. Ex.: certidão de nascimento, resenha, telefonema, notícia jornalística, crônica, novela, horóscopo, receita, ofício, e-mail, bilhete, aula, monografia, parlenda, rótulos, música. Tipos textuais são sequências linguísticas e não textos materializados, a rigor, são modos textuais, não são empíricos; servem para a produção dos gêneros, estão no interior desses. Os tipos textuais são cinco: Narração: indica uma ação, tempo, espaço, personagem. Descrição: é estática, caracteriza lugares, pessoas, objetos. Injunção: ordens, perguntas, incita a uma ação. Exposição: define, conceitua. Argumentação: defende ideias, atribui qualidade. QUADRO (Adaptado de MARCUSCHI, 2002) TIPOS TEXTUAIS GÊNEROS TEXTUAIS constructos teóricos definidos por propriedades linguísticas intrínsecas; constituem sequências linguísticas ou sequências de enunciados e não são textos empíricos; sua nomeação abrange um conjunto limitado de categorias teóricas determinadas por aspectos lexicais, sintáticos, relações lógicas, tempo verbal; designações teóricas dos tipos: narração, argumentação, descrição, injunção e exposição. realizações linguísticas concretas definidas por propriedades sociocomunicativas; constituem textos empiricamente realizados cumprindo funções em situações comunicativas; sua nomeação abrange um conjunto aberto e praticamente ilimitado de designações concretas determinadas pelo canal, estilo, conteúdo, composição e função; exemplos de gêneros: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, aula expositiva, reunião de condomínio, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio, instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo virtual, aulas virtuais etc. QUADRO DE ALGUNS GÊNEROS TEXTUAIS POR DOMÍNIOS DISCURSIVOS E MODALIDADES Domínios discursivos Modalidades de uso da língua Escrita Oralidade Científico Artigo científico Verbete de enciclopédia Notas de aula Conferências Debates Discussões INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 9 Notas de rodapé Tese Dissertação Tabelas Mapas Gráficos Resumo Resenha Biografia Cronograma de trabalho Autobiografia Manuais de ensino Curriculum vitae Exposições Comunicações Aulas Seminários Jornalístico Editoriais Notícias Reportagens Artigo de opinião Entrevista Anúncios Cartas ao leitor Resumo de novela Reclamações Capa de revista Expediente Errata Charge Programação semanal Agenda de viagem Roteiro de viagem Entrevistas Notícias de rádio e TV Reportagem ao vivo Comentários Discussões Debates Apresentações Religioso Orações Rezas Catecismo Homilias Cânticos religiosos Sermões Confissões Rezas Cantorias e Orações Lamentações Saúde Receita médica Bula de remédio Parecer médico Consulta Entrevista médica Conselho médico Comercial Rótulo Nota de venda Fatura Nota de compra Anúncio Comprovante de pagamento Nota promissória Nota fiscal Boleto Logomarca Comprovante de renda Industrial Instruções de montagem Descrição de obras Código de barras Avisos Ordens INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 10 Instrucional Receitas caseiras Receitas culinárias Manuais de instrução Regras de jogo Regulamentos Contratos Horóscopos Formulários Editais Advertência Glossário Verbete Placa Mapa Catálogo Papel timbrado Diploma Certificado de curso Aulas em vídeo Jurídico Contratos Leis Regimentos Estatutos Certidões Atestados Certificados Diplomas Parecer Boletim de ocorrência Edital de convocação Aviso de licitação Documentos pessoais Requerimentos Autorização de funcionamento Tomada de depoimento Declarações Publicitário Propagandas Publicidades Anúncios Cartazes Folhetos Logomarca Endereço postal Endereço eletrônico Publicidade na TV Publicidade no rádio Lazer Piadas Jogos Adivinhas Histórias em quadrinhos Palavras cruzadas Caça-palavras Fofoca Piadas Adivinhas Jogos teatrais Interpessoal Cartas pessoais Cartas comerciais Cartas abertas Cartas do leitor Cartas oficiais Recados Conversações espontâneas Telefonemas Bate-papo Convites INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 11 Carta-convite Bilhetes Atas Telegramas MemorandosBoletins Relatos Agradecimentos Convites Informes Advertências Agradecimentos Advertências Avisos Ameaças Militar Advertência Ordem do dia Ficcional Poemas Contos Mito Peça de teatro Lenda Parlenda Fábula Romances Dramas Crônicas Fábulas Contos Lendas Poemas Encenações BIBLIOGRAFIA UTILIZADA CARNEIRO, Agostinho Dias. Redação em construção. São Paulo: Moderna, 1999. CITELLI, Adilson. O texto argumentativo. São Paulo: Scipione, 2000. EPSTEIN, Isaac. O signo. São Paulo: Ática, 1999. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. GARCIA, Othon. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1984. GUIMARÃES, Elisa. A articulação do texto. São Paulo: Ática, 1993. HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. KOCH, Ingedore G.V. A inter-ação pela linguagem. São Paulo: Contexto, 1992. KOCH, Ingedore G.V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 2000. MAINGUENEAU, Dominique. Análise de textos em comunicação. São Paulo: Cortez, 2001. ORLANDI, Eni Pulcinelli. A linguagem e seu funcionamento. Campinas/SP: Pontes, 1987. PINTO, Edith Pimentel. A língua escrita no Brasil. São Paulo: Ática, 1986. POSSENTI, Sírio. Discurso, estilo e subjetividade. São Paulo: Martins Fontes, 1993. TERRA, Ernani. Linguagem, língua e fala. São Paulo: Scipione, 1999. EXERCÍCIOS 1] Analise a tirinha abaixo: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 12 Você entendeu o sentido da historinha em quadrinho? Comprove isso, relacionando as informações abaixo com os quadrinhos da tirinha: Som que demonstra agressão física. Fala da personagem. Vocativo que demonstra raiva. Pensamento da personagem. [Adaptado de http://www.educacao.org.br/eja/bibliotecadigital/codigoselinguagens/exercicios] 2] Leia o texto abaixo: Câncer 21/06 a 21/07 O eclipse em seu signo vai desencadear mudanças na sua autoestima e no seu modo de agir. O corpo indicará onde você falha – se anda engolindo sapos, a área gástrica se ressentirá. O que ficou guardado virá à tona, pois este novo ciclo exige uma “desintoxicação”. Seja comedida em suas ações, já que precisará de energia para se recompor. Há preocupação com a família, e a comunicação entre os irmãos trava. Lembre-se: palavra preciosa é palavra dita na hora certa. Isso ajuda também na vida amorosa, que será testada. Melhor conter as expectativas e ter calma, avaliando as próprias carências de modo maduro. Sentirá vontade de olhar além das questões materiais – sua confiança virá da intimidade com os assuntos da alma. [Revista Cláudia. nº 7, ano 48, jul. 2009] O reconhecimento dos diferentes gêneros textuais, seu contexto de uso, sua função específica, seu objetivo comunicativo e seu formato mais comum relacionam-se aos conhecimentos construídos socioculturalmente. A análise dos elementos constitutivos desse texto demonstra que sua função é a) vender um produto anunciado. b) informar sobre astronomia. c) ensinar os cuidados com a saúde. d) expor a opinião de leitores em um jornal. e) aconselhar sobre amor, família, saúde, trabalho. 3] Leia: MOSTRE QUE SUA MEMÓRIA É MELHOR DO QUE A DE COMPUTADOR E GUARDE ESTA CONDIÇÃO: 12X SEM JUROS. [Revista Época. N° 424, 03 jul. 2006] Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como práticas de linguagem, assumindo funções específicas, formais e de conteúdo. Considerando o contexto em que circula o texto publicitário, seu objetivo básico é a) definir regras de comportamento social pautadas no combate ao consumismo exagerado. b) influenciar o comportamento do leitor, por meio de apelos que visam à adesão ao consumo. c) defender a importância do conhecimento de informática pela população de baixo poder aquisitivo. d) facilitar o uso de equipamentos de informática pelas classes sociais economicamente desfavorecidas. e) questionar o fato de o homem ser mais inteligente que a máquina, mesmo a mais moderna. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 13 4] Leia: O Chat e sua linguagem virtual O significado da palavra chat vem do inglês e quer dizer “conversa”. Essa conversa acontece em tempo real, e, para isso, é necessário que duas ou mais pessoas estejam conectadas ao mesmo tempo, o que chamamos de comunicação síncrona. São muitos os sites que oferecem a opção de bate-papo na internet, basta escolher a sala que deseja “entrar”, salas são divididas por assuntos, como educação, cinema, esporte, música, sexo, entre outros. Para entrar, é necessário escolher um nick, uma espécie de apelido que identificará o participante durante a conversa. Algumas salas restringem a idade, mas não existe nenhum controle para verificar se a idade informada é realmente a idade de quem está acessando, facilitando que crianças e adolescentes acessem salas com conteúdos inadequados para sua faixa etária. Segundo o texto, o chat proporciona a ocorrência de diálogos instantâneos com linguagem específica, uma vez que nesses ambientes interativos faz-se uso de protocolos diferenciados de interação. O chat, nessa perspectiva, cria uma nova forma de comunicação porque a) possibilita que ocorra diálogo sem a exposição da identidade real dos indivíduos, que podem recorrer a apelidos fictícios sem comprometer o fluxo da comunicação em tempo real. b) disponibiliza salas de bate-papo sobre diferentes assuntos com pessoas pré-selecionadas por meio de um sistema de busca monitorado e atualizado por autoridades no assunto. c) seleciona previamente conteúdos adequados à faixa etária dos usuários que serão distribuídos nas faixas de idade organizadas pelo site que disponibiliza a ferramenta. d) garante a gravação das conversas, o que possibilita que um diálogo permaneça aberto, independente da disposição de cada participante. e) limita a quantidade de participantes conectados nas salas de bate-papo, a fim de garantir qualidade e eficiência dos diálogos, evitando mal-entendidos. [Adaptado ENEM] 5] Em grupo, escolha 1 dos tipos de domínio discursivo científico e selecione textos na modalidade escrita que tenham relação com a área de Geografia. Na sequência, o grupo fará uma análise da aplicabilidade dos textos selecionados em uma aula de Geografia para alunos do Ensino Médio. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 14 FATORES DE TEXTUALIDADE COESÃO E COERÊNCIA: TEXTO E TEXTUALIDADE TEXTO — É uma unidade de significação. — Organiza-se a partir de uma introdução, que se apoia num saber partilhado. — Com base nesse saber partilhado, acrescenta uma informação nova e, assim, expande-se. — Manifestação verbal constituída de elementos linguísticos selecionados e ordenados pelos falantes durante a atividade verbal. — Considera-se que o sentido não está no texto, mas é construído a partir dele, na interação. TEXTUALIDADE É o conjunto de características que fazem com que um texto seja considerado como tal, e não um amontoado de palavras e frases. CONHECIMENTO LINGUÍSTICO E DE MUNDO O conhecimento linguístico é o conhecimento das estruturas gramaticais e do significado das palavras. Na verdade, esse conhecimento é necessário, mas pode não ser suficiente para a coerência deum texto. O conhecimento de mundo é o conhecimento prévio que nos permite ler o texto, relacionar seus elementos por meio de inferências, dar continuidade de sentido aos segmentos textuais etc. Corresponde à soma de todos os conhecimentos adquiridos à medida que vivemos e que são armazenados em blocos, denominados modelos cognitivos. Vários são os aspectos que devemos observar para a construção da textualidade. A seguir, alguns deles: COESÃO REFERENCIAL — Por substituição: Tenho um automóvel. Ele é cinza. — Por reiteração: João viu uma moto. O veículo estava na calçada. COERÊNCIA Um texto possui coerência quando é um conjunto harmônico, em que todas as partes se encaixam de maneira complementar de modo que não haja nada ilógico, nada contraditório, nada desconexo. As informações devem estar bem relacionadas tanto sintaticamente quanto ao sentido. Exemplo: Maria é minha filha, mas ela gosta de cantar. [incoerente] Maria é minha filha. Ela gosta de cantar. [coerente] INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 15 COERÊNCIA ARGUMENTATIVA Num esquema argumentativo, “joga-se” com certos pressupostos ou certos dados e deles se fazem inferências ou se tiram conclusões que estejam verdadeiramente implicados nos elementos lançados como base do raciocínio que se quer montar. Se os pressupostos ou os dados de base não permitem tirar as conclusões que foram tiradas, comete-se a incoerência de nível argumentativo. FATORES DE COESÃO E DE COERÊNCIA Coesão = plano linguístico Coerência = plano conceitual Um texto coeso e coerente satisfaz a 04 (quatro) requisitos: — Continuidade: necessária retomada de elementos no decorrer do discurso, permanência de elementos constantes. Na coesão: emprego de recursos linguísticos — repetição de palavras, uso de anafóricos, elipse. Na coerência: retomada de conceitos e de ideias. — Progressão: apresentação de novas informações, acréscimos semânticos. Na coesão: dado+novo. Na coerência: soma de ideias novas às já tratadas. — Não-contradição: interna [o texto não pode afirmar A e contrariar A] e externa [afirmação do mundo a que se refere/conceitos de verdade e de realidade]. — Articulação: maneira como fatos e conceitos se encadeiam, organizam-se, valores e papéis entre si [uso de conectivos e de operadores argumentativos]. INTENCIONALIDADE A intencionalidade concerne ao empenho do produtor em construir um discurso coerente, coeso e capaz de satisfazer os objetivos que têm em mente numa determinada situação comunicativa. A meta pode ser informar, impressionar, alarmar, convencer, pedir, ofender etc. ACEITABILIDADE A aceitabilidade diz respeito à expectativa do receptor de que o conjunto de ocorrências com que se defronta seja um texto coerente, coeso, útil e relevante, capaz de levá-lo a adquirir conhecimentos ou a cooperar com os objetivos do produtor. SITUACIONALIDADE A situacionalidade refere-se aos elementos responsáveis pela pertinência e relevância do texto quanto ao contexto em que ocorre. É a adequação do texto à situação comunicativa. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 16 INFORMATIVIDADE A informatividade é relativa à medida na qual as ocorrências de um texto são esperadas ou não, conhecidas ou não, no plano conceitual e no formal. COESÃO E COERÊNCIA: QUALIDADES E PROBLEMAS DE UM TEXTO Não existem fórmulas prontas para que uma pessoa se torne capaz de escrever bem. O exercício contínuo, aliado à prática da leitura de bons autores, e a reflexão são indispensáveis para a produção de textos. Um produtor de texto deve observar a finalidade do texto que está produzindo. Em razão disso, para um texto dissertativo, por exemplo, são consideradas qualidades: a concisão, a correção e a clareza. CONCISÃO — ser conciso significa que não devemos abusar das palavras para exprimir uma ideia. Deve-se “ir direto ao assunto”, não ficar “enrolando”, “enchendo linguiça”. Significa, enfim, eliminar tudo aquilo que é desnecessário, sem perder, evidentemente, a textualidade. CORREÇÃO — a linguagem utilizada no texto deve estar de acordo com a norma culta, ou seja, deve obedecer aos princípios estabelecidos pela gramática normativa. Desse modo, conhecer as normas que regem o uso da língua é fundamental para a produção de um texto correto. A maioria das pessoas, normalmente, não tem conhecimento elaborado das regras gramaticais; por isso, em caso de dúvidas durante a produção de um texto, a consulta a uma boa gramática e a um bom dicionário é imprescindível para quem pretende ser um produtor de texto eficiente. Alguns cuidados em relação a desvios de linguagem devem ser tomados, como grafia das palavras, flexão das palavras, concordância, regência, colocação dos pronomes, sinais de pontuação, crase, entre outros. CLAREZA — consiste na expressão da ideia de forma que possa ser rapidamente compreendida pelo leitor. Ser claro e ser coerente, não se contradizer, não confundir o leitor. A clareza torna-se comprometida principalmente quando há desobediência às normas da língua, períodos longos, paragrafação mal distribuída, vocabulário rebuscado ou impreciso. Além de concisão, correção e clareza, um texto deve apresentar um conteúdo consistente, alguma originalidade e criatividade. Também, deve ser escrito sem rasuras e com letra legível. É fundamental que uma revisão seja realizada para ratificar as qualidades que um texto deve apresentar. De outra maneira, os textos podem apresentar certos defeitos que comprometerão sua qualidade e, consequentemente, sua textualidade. São alguns deles: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 17 AMBIGUIDADE — ocorre quando a frase apresenta mais de um sentido. Geralmente, por má pontuação ou mau emprego de palavras ou expressões. Exemplos: a) João ficou com Mariana em sua casa. b) Alice saiu com sua irmã. OBSCURIDADE — significa “falta de clareza”. Vários motivos podem determinar a obscuridade de um texto: períodos excessivamente longos, linguagem rebuscada, má pontuação. Exemplo: Encontrar a mesma ideia vertida em expressões antigas mais claras, expressiva e elegantemente tem-me acontecido inúmeras vezes na minha prática longa, aturada e contínua do escrever depois de considerar necessária e insuprível uma locução nova por muito tempo. PLEONASMO — o pleonasmo (ou redundância) consiste na repetição desnecessária de um termo. Exemplos: A brisa matinal da manhã enchia-o de alegria. Ele teve uma hemorragia de sangue. No entanto, bons autores costumam empregar o pleonasmo com função estilística, a fim de tornar a mensagem mais expressiva: “A mim, ensinou-me tudo.” (Fernando Pessoa). Ou ainda, no dia a dia: Vi com meus próprios olhos. Abracei-o com força com estes braços. “Por que você compraria uma enciclopédia se pode ganhar uma grátis?” (propaganda da Enciclopédia Compacta/Revista ISTO É) CACOFONIA — a cacofonia (ou cacófato) consiste na produção de som desagradável pela união das sílabas finais de uma palavra com as iniciais de outra. Exemplos: a) Nunca gaste dinheiro com bobagens. b) Uma herdeira confisca gado em Goiás. c) Estas ideias, como as concebo, são irrealizáveis. ECO — consiste na repetição de palavras terminadas pelo mesmo som. Exemplos:a) A decisão da eleição não causou comoção na população. b) O aluno repetente mente repetidamente. PROLIXIDADE — refere-se à utilização de mais palavras que o necessário para exprimir uma ideia. Ser prolixo é ficar “enrolando”, “enchendo linguiça”, não “ir direto ao assunto”. O uso de cacoetes, expressões que não acrescentam nada ao texto, servindo tão-somente para prolongar o discurso, também pode tornar um texto prolixo. Expressões do tipo: “antes de mais nada”, “pelo contrário”, “por outro lado”, “por sua vez” são, muitas vezes, utilizadas só para prolongar o discurso. Exemplos: Os jovens têm algo a transmitir aos mais velhos? Antes de mais nada, não saberia responder com exatidão. Grosso modo, há sempre uma eterna divergência entre as gerações. Os jovens pensam de um jeito, às vezes, estranho, que chega a escandalizar os mais velhos... Já os mais velhos, por outro lado, costumam, na maioria das vezes, achar que os mais jovens, em alguns casos, não têm absolutamente nada a transmitir aos mais idosos. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 18 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA ABREU, Antônio Suarez. Curso de redação. São Paulo: Ática, 1999. BARBOSA, Severino Antônio. Escrever é desvendar o mundo. Campinas/SP: Papirus, 1990. BERNARDO, Gustavo. Redação inquieta. Rio de Janeiro: Globo, 1985. CARNEIRO, Agostinho Dias. Redação em construção. São Paulo: Moderna, 1999. CITELLI, Adilson. O texto argumentativo. São Paulo: Scipione, 2000. FERREIRA, Mauro. Aprender e praticar gramática. São Paulo: FTD, 1992. GARCIA, Othon. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1984. GUIMARÃES, Elisa. A articulação do texto. São Paulo: Ática, 1993. KOCH, Ingedore G. V. e TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Texto e coerência. São Paulo: Cortez, 1999. KOCH, Ingedore G.V. A coesão textual. São Paulo: Contexto, NICOLA, José de e TERRA, Ernani. 1001 dúvidas de português. São Paulo: Saraiva, 1998. TERRA, Ernani. Linguagem, língua e fala. São Paulo: Scipione, 1999. VAL, Maria da Graça Costa. Redação e textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1994. EXERCÍCIOS 1] O texto abaixo está sem coesão. Reescreva-o, tornando-o coeso, mantendo sua coerência. São Paulo é uma das maiores metrópoles do mundo, devido ao enorme contingente de habitantes de São Paulo e ao parque industrial de São Paulo. É em São Paulo que todos podem, de uma forma ou de outra, encontrar atividades rentáveis. Saliente-se, ainda, que a população de São Paulo é uma grande mistura de raças. Por isso, São Paulo apresenta, ao mesmo tempo, características de várias nações e os elementos culturais de São Paulo são muito variados. Assim, as necessidades culturais dos habitantes de São Paulo são também satisfeitas. Apesar desses pontos favoráveis de São Paulo, muitos dos habitantes de São Paulo não gostam de São Paulo, por causa das condições de vida de São Paulo. Nesse aspecto, para os habitantes de São Paulo, as maiores críticas a São Paulo referem-se ao clima de São Paulo, à violência de São Paulo, aos meios de transportes de São Paulo e às condições de moradia de São Paulo. Os problemas de São Paulo, porém, não assustam as pessoas que buscam São Paulo, pois as possibilidades de trabalho em São Paulo trazem esperança de melhoria de vida em São Paulo. Dessa maneira, São Paulo continua sendo uma espécie de solução para aqueles que procuram São Paulo. São Paulo, por si mesma, justifica a vinda dos imigrantes de São Paulo. 2] Os trechos de textos abaixo apresentam problemas de coesão e/ou de coerência, além de desvios gramaticais. Reescreva-os de modo que os problemas sejam eliminados. Obs.: Os trechos foram retirados de revistas, de jornais, de depoimentos, de redações e da internet. Eu sou um jogador onde que sempre sei que vou fazer muito. Fazem cinco anos que estou na seleção brasileira. Eu sou um jogador e aí é o problema, todos os jogos que joguei lutei muito para marcar. Numa copa do mundo falta pouquíssimo tempo. Acho que estou dentro desse grupo, não sei se vou entrar lá, essa copa é para o meu pai. Eu sou uma pessoa que, desde cedo, eu sabia que eu ia lá estar jogando, defendendo o meu país, onde que se nós quiséssemos nenhuma vez a copa estaria perdida... O mundo anda muito violento e nós sofremos muito com isso. Para acabar com essa violência seria necessário matar todos bandidos, pois só matando esses bandidos é que se acaba com a violência A guerra que está acabando com a vida de inocentes, que não têm nada haver com essa guerra... INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 19 Aumenta o número de mulheres no mundo, a cada dia nasce mais mulheres. Hoje os homens podem escolher, ter um ou várias mulheres, pois ele estão sendo a minoria. Depois os idosos crescem, têm seus filhos, envelhecem e são muitas vezes rejeitados pela família. Este Sistema Operacional é fornecido por vários fabricantes, onde inclusive boa parte deles são fabricantes dos próprios computadores. 3] Substitua o segmento fazer+verbo por um só verbo de sentido equivalente: A] O reduzido aumento de salário fez surgir um movimento de protesto. B] O vento fez renascer o fogo. C] O movimento fez ressurgir a monarquia. D] A música fez renascer a lembrança da dor. E] A explicação fez terminar as dúvidas. F] As dificuldades fizeram parar a produção. G] O balanço do ônibus o fez cair. 4] Observe: Acreditou que venceria facilmente = Acreditou em fácil vitória. Agora, faça o mesmo com as orações abaixo: A] O problema precisa ser resolvido urgentemente. B] Mais vale morrer gloriosamente que viver vergonhosamente. C] Chegou em primeiro, depois de haver caminhado sacrificadamente. D] Esta questão merece ser examinada minuciosamente. E] Anuncia-se que o túnel será inaugurado brevemente. 5] Indique os possíveis sentidos das palavras/expressões em destaque nas orações abaixo: A] Havia uma lima sobre a mesa. B] A caixa caiu no pátio do estacionamento. C] No dia de São Cosme e São Damião deu bolo. D] Fez a cama logo depois de acordar. E] Meteu a mão na massa para fazer a comida. F] O artista pintou o sete no comício. G] O homem levou tempo para tirar a mesa. H] Sempre gostei do preto no branco. I] Não consegui a linha que desejava. J] A empregada botou as mãos nas cadeiras. L] A saída era difícil. M] A entrada custou uma fortuna. N] Suas ações lhe trouxeram riqueza. O] Comprou balas perto de casa. P] Depois de dois meses, perdeu os óculos. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 20 6] Preencha cada espaço com o verbo que melhor se adeque ao contexto: COMUNICAR — INFORMAR — DECLARAR — AVISAR — PARTICIPAR A] O diretor decidiu ___________ a resolução a todos. B] A enfermeira achou melhor _____________ sobre os riscos da operação. C] Queremos _____________ a todos o nosso casamento. D] A testemunha resolveu _____________ o que havia ouvido. E] Desejamos _____________ aos empregados que o salário deste mês será pago com atraso. F] É bom _____________ que há risco de incêndio. G] Ele veio _______________ aos jornalistas a consideração por todos os outros artistas. H] Ninguém deve _____________ a vítima sobre as consequências do desastre. I] O presidente foi à TV para _____________ a população sobre suas últimas decisões. J] Nada tinham a ______________ sobre os fatos da última semana.7] Preencha cada espaço com o verbo que melhor se adeque ao contexto: OBSERVAR — CONTEMPLAR — AVISTAR — ENXERGAR — DISTINGUIR — VER — OLHAR — FITAR — ESPIONAR A] Tentava ___________ na escuridão alguma forma, mas nada conseguia ___________. B] Cabral chegou a ____________ alguns montes de terra. C] O artista quis _____________ a bela pintura. D] Nada conseguia ____________ na escuridão. E] Pretendia seguir o criminoso, tentaria ___________ os seus passos. F] O namorado queria _________ os olhos da namorada. G] O oculista mandou-o __________ para o quadro de letras na parede. H] Apesar das dificuldades, procurava _____________ as fotos. I] Do avião tentou _________ sua casa. J] O céu escuro mal deixava _____________ a pista de pouso. 8] Preencha cada espaço com o verbo que melhor se adeque ao contexto: TROCAR — MUDAR — ALTERAR A] Você pretende _____________ os móveis de lugar? B] O diretor pretende _____________ as regras do concurso. C] O químico queria ____________ as fórmulas. D] Vou __________ o disco. E] Devemos ____________ de casa mês que vem. 9] Preencha com a palavra mais adequada: A] Minha irmã, por ser muito ___________, chorou bastante ontem. (emotiva/emocionante) B] Como era uma pessoa muito ____________, suas opiniões foram consideradas. (sentimental/sensível) C] Suas dúvidas ficaram ___________ após as explicações. (claras/esclarecidas) D] Era considerado um funcionário _____________, pois resolvi tudo. (eficiente/eficaz) E] A medida era ____________ a todos. (benéfica/beneficente) INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 21 10] Substitua o verbo fazer por outro verbo mais específico para o contexto em que está inserido abaixo: A] A árvore faz sombra na parede. B] Ontem meu irmão fez dez anos. C] O governo vai fazer as escolas prometidas. D] Faz frio em São Paulo. E] O ministério fez a carta em pedacinhos. F] Ele se fez de bobo. G] Maria fez o jantar. H] A empregada fez a cama bem cedo. I] Não devemos fazer mal a ninguém. J] Fizemos seis pontos na loteria. L] Fez a barba de manhã. M] O policial fez o assaltante recuar. N] Ela fez fama entre os cantores. 11] Substitua o verbo pôr por outro verbo mais específico para o contexto em que está inserido abaixo: A] Deve-se pôr um pouco mais de sal na comida. B] O médico lhe pôs uma sonda no ferimento. C] O sacerdote pôs a batina. D] Temos de pôr um anúncio no jornal. E] Sobre este tema, puseram um aviso no quadro. F] Vamos pôr os quadros na parede. G] Pôs as mãos nas costas da cadeira. H] A assaltante se pôs atrás da porta. I] Maria pôs a panela no fogo. J] Não ponha essa palavra na frase. L] Resolveu pôr o dinheiro no banco. M] Pôs os livros no armário. N] Os amigos sempre lhe põem a culpa. O] Sua obra o pôs na Academia Brasileira de Letras. P] O governo põe a economia em primeiro lugar. 12] Preencha com um adjetivo adequado: A] A água que se pode beber é água ______________. B] Uma fortaleza que não pode ser destruída é ________________. C] Uma ação que merece condenação é ________________. D] Uma lei em que não se pode mexer é ________________. E] Um terreno que não se pode medir é ________________. F] Uma carta que não se consegue ler é _______________. G] Uma planta que pode servir de alimento é _______________. H] Uma obra que pode ser feita é ________________. I] Um erro que não pode ser esquecido é ________________. J] Um aparelho que pode ser jogado fora após o uso é _________________. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 22 TÉCNICAS DE PRODUÇÃO TEXTUAL ESCRITA E ORAL APRESENTAÇÃO ORAL ACADÊMICA Uma apresentação oral acadêmica necessita de alguns requisitos para ser bem realizada. O auditório de hoje solicita uma fala mais natural e objetiva, sem os adornos de linguagem e a rigidez da técnica empregada até o final do século passado. O uso da palavra falada deixou de ser um privilégio dos religiosos, dos políticos e dos advogados, e alastrou-se para todos os setores de atividades. Todos precisam falar bem para enfrentar as mais diversas situações: comandar subordinados, dirigir ou participar de reuniões, apresentar relatórios, presidir solenidades, vender ou apresentar produtos ou serviços, negociar com grevistas e líderes sindicais, dar entrevistas para emissoras de rádio e de televisão, fazer palestras, ministrar cursos, fazer homenagens e agradecer a elas, desenvolver contatos sociais, representar a empresa, o clube ou a entidade a que pertence, nos mais diversos acontecimentos. O aprendizado dessa antiga arte conta hoje com extraordinários recursos que facilitam a assimilação e a prática das técnicas. Os modernos microfones dispensam o excesso de intensidade da voz dos oradores, permitindo que se apresentem de maneira espontânea, sem exageros. Os aparelhos de videoteipe permitem a visualização instantânea dos treinamentos, possibilitando a rápida correção das distorções da fala e da imperfeição da postura e da gesticulação. Em uma apresentação oral acadêmica, alguns requisitos são fundamentais para a obtenção de sucesso em apresentações para os colegas e para os professores. Normalmente, quando se apresenta um trabalho, tem-se sempre o receio de errar, de não se conseguir “passar” o conteúdo, de desagradar ao professor, de os colegas rirem etc. Para que uma apresentação oral se torne adequada, devem ser seguidos alguns passos: 1] preparar a apresentação de acordo com o tempo que se tem disponível. 2] planejar o tempo para cada parte da apresentação. 3] pensar a que tipo de público se destina a apresentação. 4] sabendo o perfil do público, adequar o vocabulário a ser utilizado. 5] preparar um roteiro para a apresentação. 6] no início da apresentação, cumprimentar a plateia e dizer o tema da apresentação. 7] em seguida, ainda que todos se conheçam, dizer o nome completo [quando a apresentação for em grupo, fazê-lo com cada componente do grupo] e qual a formação que possui(em). 8] após a apresentação pessoal, falar os objetivos da apresentação. 9] Iniciando a apresentação do conteúdo: 9.1] não se esqueça de seguir o roteiro elaborado. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 23 9.2] observe se sua dicção está boa. 9.3] preste muita atenção em sua expressividade. 9.4] o volume de sua voz precisa estar condizente com o ambiente. 9.5] sua postura deve ser séria e formal [não se admite apresentação muito despojada, mas é claro que você não precisa parecer um robô]. 9.6] mantenha seu olhar seguro, “olhando as pessoas nos olhos”, sem medo, sem insegurança. Uma boa estratégia e basear-se em três pontos [frente e laterais]. 9.7] o conteúdo apresentado deve conter informatividade, isto é, deve ser relevante para a plateia, caso contrário, sua explanação não causará interesse e poderá provocar conversas paralelas. 9.8] é fundamental demonstrar total domínio de conteúdo. Para isso, podem ser utilizadas citações de autores renomados, o que conferirá legitimidade a sua exposição. 10] Marque bem as partes de sua apresentação, para não dar a impressão de que não terminará nunca ou de que de repente terminou. 11] As considerações finais devem ser delimitadas, e a plateia deve saber quando elas se iniciam. 12] Agradeça ao público ouvinte. 13] Abra a possibilidade de perguntas, discussões e debates. MESA REDONDAA mesa redonda é um tipo de apresentação oral, bastante comum em congressos, com o objetivo de promover uma discussão sobre determinada temática. Normalmente, uma mesa redonda possui dois ou três especialistas que apresentam seu texto sobre a temática em foco. Há, também, uma pessoa que participa como mediadora. Cada componente da mesa redonda apresenta seu texto em um determinado tempo estipulado pela organização do congresso ou similar. Após as exposições, é aberto o debate com o público presente. A mesa redonda, nesta turma, será organizada da seguinte maneira: ETAPAS DE ORGANIZAÇÃO 1] Selecionar um tema para funcionar como título da mesa redonda. 2] Preparar os tópicos a serem abordados na apresentação. 3] Verificar a adequação do tempo em relação aos tópicos. 4] Distribuir as funções de cada componente do grupo responsável pela organização da mesa redonda. 5] Sistematizar um roteiro de apresentação, especificando o tempo de cada participante. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 24 6] Convidar um especialista na temática escolhida para compor a mesa. 7] Elaborar um resumo sobre o tema da mesa redonda. 8] Elaborar questões sobre o tema da mesa redonda, para posterior debate. OBSERVAÇÕES 1] A mesa redonda, nesta turma, será composta por 9 pessoas, das quais 5 serão os debatedores (4 alunos + 1 convidado/especialista), a sexta fará a introdução da mesa redonda, a sétima será a mediadora (que cuidará, entre outras coisas, do encaminhamento do debate e do controle de tempo), a oitava fará as considerações finais (após o debate) e a nona elaborará um relatório escrito de todo o processo de produção e de execução da mesa redonda. 2] O tempo de duração da mesa redonda, nesta turma, será de 110 minutos, assim distribuídos: 2.1] 5 minutos para a apresentação do tema, dos objetivos e dos expositores+convidado, pela mediadora. 2.2] 10 minutos para o 1º expositor. 2.3] 10 minutos para o 2º expositor. 2.4] 10 minutos para o 3º expositor. 2.5] 10 minutos para o 4º expositor. 2.6] 30 minutos para o 5º expositor (especialista convidado). 2.7] 30 minutos para o debate, conduzido pela mediadora. 2.8] 5 minutos para as considerações finais. TÉCNICAS DE PRODUÇÃO TEXTUAL ESCRITA FICHAMENTO Fichamento: transcrever anotações em fichas ou em folhas avulsas para fins de estudo ou de pesquisa. 1] FICHAS DE INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS As fichas de indicações bibliográficas referem-se às informações sobre a obra: Último sobrenome do autor em letras maiúsculas, nome do autor, nome da obra (livro), cidade de edição da obra (livro), editora e ano de publicação. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2001. 2] FICHAS DE TRANSCRIÇÃO As fichas de transcrição destinam-se à reprodução fiel de trechos de artigos, de livros ou de capítulos. É importante abrir a ficha com indicações necessárias à identificação da obra, do autor e dos trechos transcritos. Os trechos transcritos devem ser colocados entre aspas, por respeito ao autor da obra. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2001. “Ao dar início a essa nova etapa de sua formação escolar, a etapa do ensino superior, o estudante dar- se-á conta de que se encontra diante de exigências específicas para a continuidade de sua vida de estudos”. (1º parágrafo, p. 23). INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 25 3] FICHAS DE IDEIAS SUGERIDAS PELA LEITURA As fichas de ideias sugeridas pela leitura devem conter dados sobre a obra que foi lida, bem como ideias para um futuro aproveitamento. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2001. Entender os instrumentos de trabalho do universitário. Compreender métodos de estudos. Traçar diretrizes para leitura, análise e interpretação de textos. Fundamentar os pré-requisitos lógicos do trabalho científico. 4] FICHAS DE APRECIAÇÃO As fichas de apreciação consistem na anotação de comentários, de críticas ou de opiniões sobre o que se leu. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2001. A obra é relevante para universitários, em razão de dar os subsídios necessários à elaboração de trabalhos acadêmicos bem como iniciar o aluno na perspectiva das atividades do ensino superior. Por isso, é indicada sua leitura para esse tipo de público primordialmente. 5] FICHAS DE RESUMO As fichas de resumo são elaboradas para auxiliar a memória a reter informações necessárias ao desenvolvimento de um trabalho posterior ou estudo de qualquer disciplina. De modo geral, a ficha de resumo refere-se a um assunto, a um artigo, a um capítulo ou a uma parte de um livro. O resumo lançado em fichas contém uma síntese das ideias do autor, redigida de forma própria, sem transcrições. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2001. A obra trata de como funciona a metodologia do trabalho científico na universidade. Divide-se em oito capítulos, dos quais o capítulo 1 e o 2 expõem questões de estudo, o 3, o 4 e o 5 explicitam as diretrizes básicas para o estudo na universidade, o 6, o 7 e o 8 direcionam para a pesquisa científica na graduação e na pós-graduação. RESENHA Resenhar significa fazer uma relação das propriedades de um objeto, enumerar cuidadosamente seus aspectos relevantes, descrever as circunstâncias que o envolvem. O objeto resenhado pode ser um acontecimento qualquer da realidade (um jogo de futebol, uma comemoração solene, uma feira de livros) ou textos e obras culturais (um romance, uma peça de teatro, um filme, um artigo científico etc). A resenha, como qualquer modalidade de discurso descritivo, nunca pode ser completa e exaustiva, posto que são infinitas as propriedades e circunstâncias que envolvem o objeto descrito. O resenhador deve proceder seletivamente, filtrando apenas os aspectos pertinentes ao objeto. Em média, a resenha tem uma extensão de uma ou uma página e meia. Um esquema de produção de resenha pode auxiliar bastante em sua composição: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 26 No 1º parágrafo: indicações bibliográficas em forma de texto. No 2º parágrafo: exposição do assunto global da obra = resumo. No 3º parágrafo: ponto de vista adotado pelo autor + principais ideias expostas por ele. No 4º parágrafo: opinião, comentários e julgamentos do resenhador. No 5º parágrafo: recomendação ou não da obra pelo resenhador. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA ABREU, Antônio Suarez. Curso de redação. São Paulo: Ática, 1999. BARBOSA, Severino Antônio. Escrever é desvendar o mundo. Campinas/SP: Papirus, 1990. BERNARDO, Gustavo. Redação inquieta. Rio de Janeiro: Globo, 1985. CARNEIRO, Agostinho Dias. Redação em construção. São Paulo: Moderna, 1999. CITELLI, Adilson. O texto argumentativo. São Paulo: Scipione, 2000. GUIMARÃES, Elisa. A articulação do texto. São Paulo: Ática, 1993. HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. KOCH, Ingedore G.V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 2000. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2001. VAL, Maria da Graça Costa. Redação e textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1994. EXERCÍCIOS 1] Selecione 1 capítulo de livro de uma das disciplinas que você esteja cursando neste semestree produza um fichamento de indicações bibliográficas, de transcrição (5, no mínimo), de ideias sugeridas pela leitura (5, no mínimo), de resumo e de apreciação. 2] Escolha um filme cuja temática seja relacionada a sua área de estudo e produza uma resenha crítica. INTERPRETAÇÃO DE TEXTO COM ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR E A GEOGRAFIA O tópico “Interpretação de texto com abordagem interdisciplinar e a geografia” terá suas discussões baseadas no seguinte texto: CAVALCANTI, L. de S. Geografia e educação no cenário do pensamento complexo e interdisciplinar. In: Boletim Goiano de Geografia, Goiânia, Ed. da UFG, v. 22, n.2, p. 123-136, 2002. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 27 ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS SOBRE AS MESAS REDONDAS TEMA: INFRAESTRUTURA NA CIDADE DE SÃO PAULO. TEMA: LAZER E TRABALHO NA CIDADE DE SÃO PAULO. TEMA: VIOLÊNCIA NA CIDADE DE SÃO PAULO. TEMA: SEGURANÇA NA CIDADE DE SÃO PAULO. TEMA: CULTURA NA CIDADE DE SÃO PAULO. OBSERVAÇÕES 1] A mesa redonda, nesta turma, será composta por 9 pessoas, das quais 5 serão os debatedores (4 alunos + 1 convidado/especialista), a sexta fará a introdução da mesa redonda, a sétima será a mediadora (que cuidará, entre outras coisas, do encaminhamento do debate e do controle de tempo), a oitava fará as considerações finais (após o debate) e a nona elaborará um relatório escrito de todo o processo de produção e de execução da mesa redonda. 2] O tempo de duração da mesa redonda, nesta turma, será de 110 minutos, assim distribuídos: 2.1] 5 minutos para a apresentação do tema, dos objetivos e dos expositores+convidado, pela mediadora. 2.2] 10 minutos para o 1º expositor. 2.3] 10 minutos para o 2º expositor. 2.4] 10 minutos para o 3º expositor. 2.5] 10 minutos para o 4º expositor. 2.6] 30 minutos para o 5º expositor (especialista convidado). 2.7] 30 minutos para o debate, conduzido pela mediadora. 2.8] 5 minutos para as considerações finais. MESA REDONDA 1 MESA REDONDA 2 TEMA: INFRAESTRUTURA NA CIDADE TEMA: LAZER E TRABALHO NA CIDADE COMPONENTES: 1 2 3 4 5 6 7 8 Convidado(a): COMPONENTES: 1 2 3 4 5 6 7 8 Convidado(a): MESA REDONDA 3 MESA REDONDA 4 TEMA: VIOLÊNCIA NA CIDADE TEMA: SEGURANÇA NA CIDADE COMPONENTES: 1 2 3 4 5 6 7 8 Convidado(a): COMPONENTES: 1 2 3 4 5 6 7 8 Convidado(a): MESA REDONDA 5 TEMA: CULTURA NA CIDADE COMPONENTES: 1 2 3 4 5 6 7 8 Convidado(a): INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 28 AVALIAÇÃO/MESAS REDONDAS MESA REDONDA: COMPONENTES DO GRUPO: 1 2 3 4 5 6 7 8 Convidado(a): PONTUAÇÃO INICIAL ........................................................................................................... 10,0 AVALIAÇÃO RELATIVA A ASPECTOS TÉCNICOS [VALOR = 4,0] O(A) MEDIDADOR(A) CUMPRIU OS REQUISITOS PREVISTOS EM SUA EXPOSIÇÃO? ........ OS(AS) EXPOSITORES(AS) APRESENTARAM-SE ADEQUADAMENTE? ................................. O VOCABULÁRIO UTILIZADO DURANTE AS EXPOSIÇÕES FOI ACADÊMICO- CIENTÍFICO? ............................................................................................................................... HOUVE O USO ADEQUADO DA NORMA CULTA NAS EXPOSIÇÕES? ..................................... OCORREU ADEQUADA PRONÚNCIA DAS PALAVRAS NAS EXPOSIÇÕES (VOLUME, CLAREZA, DICÇÃO)? ........................................................................................................................ A POSTURA ACADÊMICO-CIENTÍFICA FOI ADEQUADA? ........................................................ A UTILIZAÇÃO DO TEMPO EM CADA PARTE FOI CUMPRIDA? .............................................. OS TÓPICOS DA APRESENTAÇÃO FORAM BEM ORGANIZADOS? .......................................... AVALIAÇÃO RELATIVA AO CONTEÚDO [VALOR = 6,0] O TEMA APRESENTADO FOI ADEQUADO A UMA MESA REDONDA? ................................... O GRUPO DEMONSTROU CONHECIMENTO SOBRE O ASSUNTO? .......................................... NO DEBATE, O GRUPO RESPONDEU ÀS QUESTÕES DE FORMA CLARA E CONSISTENTE? ........................................................................................................................... NOTA OBTIDA .......................................................................................................................... OBSERVAÇÕES: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 29 O PAPEL SOCIAL DO GEÓGRAFO COMO AGENTE DA COMUNICAÇÃO O tópico “O papel social do geógrafo como agente da comunicação” terá suas discussões baseadas nos seguintes textos: KAISER, B. O Geógrafo e a Pesquisa de Campo. In: Boletim Paulista de Geografia, nº 84, jul/2006. LACOSTE, Yves. Pesquisa e o trabalho de campo: um problema político. In: Boletim Paulista de Geografia, nº 84, jul/2006. SANTOS, Milton. A Responsabilidade social do geógrafo. Disponível em: < http://miltonsantos.com.br/site/de-milton-santos/>. Acesso em: 12/01/2013. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 30 VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS A linguagem humana é a condensação de todas as experiências históricas de uma dada comunidade; é, nesse sentido, que nós temos de perceber a língua: a condensação de um homem historicamente situado. Qualquer língua apresenta vários níveis de linguagem. A seguir, alguns deles: Os regionalismos representam o que acontece entre pessoas de diferentes regiões em que se fala a mesma língua. Essa variação acontece, normalmente, pelas influências que cada região sofreu durante sua formação e porque os falantes de uma dada região constituem uma comunidade linguística geograficamente limitada, em função de estarem polarizados em termos políticos e/ou econômicos e/ou culturais, e desenvolverem então um comportamento linguístico comum que os identifica e os distingue. Evidentemente, não existem limites precisos entre os diferentes dialetos regionais. Os dialetos na dimensão social representam as variações que ocorrem de acordo com a classe social a que pertencem os usuários da língua, isso porque há uma “tendência para maior semelhança entre os atos verbais dos membros de um mesmo setor sociocultural da comunidade” (CAMACHO, 1988, p. 32), geralmente com relações bastante estreitas e interesses comuns. Além desses dois tipos de dialetos, há subclassificações relacionadas à idade, a sexo e à história: 1] Idade — variações decorrentes da diferença no modo de usar a língua de pessoas de idades diferentes, normalmente em faixas etárias diversas: crianças, jovens, adultos jovens, adultos e idosos. Por exemplo, um adolescente falar Vou pra balada e um idoso dizer a mesma coisa. 2] Sexo — variações de acordo com o sexo de quem fala. Algumas diferenças são determinadas por razões gramaticais. No entanto, há diferenças mais sutis no que se refere ao uso do léxico e de certas construções, o que provavelmente seja determinado por restrições sociais quanto à imagem que se faz do comportamento apropriado para homens e para mulheres. Por exemplo, a mãe normalmente diz filhinho enquanto o pai apenasfilho. 3] História — variações que dificilmente coexistem e são mais percebidas na língua escrita. Por exemplo, epístola e carta. É importante observar a variação nos níveis fonológico, morfossintático e lexical: 1] Variação fonológica — por exemplo, o l final de sílaba é pronunciado como consoante pelos gaúchos, enquanto em quase todo o restante do Brasil é vocalizado, ou seja, pronunciado como um u. O s chiado do carioca e o r caipira são outros exemplos desse tipo de variação. 2] Variação morfossintática — muitas vezes, por analogia, por exemplo, algumas pessoas conjugam verbos irregulares como se fossem regulares: “manteu” em vez de “manteve”, “ansio” em vez de “anseio”; certos segmentos sociais não realizam a concordância entre sujeito e verbo, e isto ocorre com mais frequência se o sujeito está posposto ao verbo. 3] Variação lexical — algumas palavras são empregadas em um sentido específico de acordo com a localidade. Exemplos: em Portugal, diz-se “miúdo”, ao passo que, no Brasil, usa-se “moleque”, “garoto”, “menino”, “guri”; as gírias são, tipicamente, um processo de variação lexical. Tipos de variação de linguagem ou de fala: 1] Coloquial-popular: é o que a maioria das pessoas utiliza em seu cotidiano, sobretudo nas situações informais; é caracterizado pela espontaneidade. Nesse caso, o falante não está preocupado com o que é “certo” ou “errado” segundo as regras gramaticais da norma culta. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 31 2] Formal-culto: é utilizado pelas pessoas escolarizadas em situações formais; caracteriza-se por um maior cuidado com o vocabulário e com as regras de utilização da gramática culta. 3] Gíria: é uma variante da língua utilizada em circunstâncias específicas relacionadas a grupos, geralmente, fechados. 4] Técnico ou profissional: trata-se de uma linguagem específica de alguns grupos profissionais. 5] Artístico ou literário: ocorre quando se utiliza a língua com objetivos estéticos. Não se pode, então, confundir níveis de linguagem com língua culta. É necessário ter-se a consciência de que a língua culta, regida pela gramática normativa, é um dos possíveis níveis de linguagem. Nesse sentido, é relevante destacar as concepções de erro, gramatical e linguístico, a fim de se entender os vários processos de uso que uma língua possibilita. O erro gramatical é baseado na concepção de regras prescritas pela gramática normativa; ele está inserido no ideal de uma língua que não varia. Dessa forma, qualquer uso realizado que não siga o que está prescrito como regra é considerado erro. Há alguns questionamentos acerca do erro quanto ao que o caracterizaria. Assim, deve-se pensar que, quando o “erro” já se tornou uma regra na língua falada pelos cidadãos mais letrados, ele passa despercebido e não provoca “arrepios nem dores de ouvido” — muito embora contrarie as regras da gramática normativa, aquelas que, teoricamente, deveriam ser seguidas pelas pessoas “cultas”, sobretudo quando escrevem textos que exigem mais “cuidado”. Na concepção de Bagno (2002), parece haver erros mais “errados” do que outros. A escala é inversamente proporcional: quanto menor o prestígio social, mais erros são indicados pela classe privilegiada na língua dessas pessoas. Para Bagno (2002), deve ser destacado como é curioso o comportamento das pessoas quanto à língua. Elas tendem a pensamentos dicotômicos do tipo “isso é certo” e “isso é errado”, “isso pode” e “isso não pode”, “isso é português” e “isso não é português”. Na concepção de erro linguístico, há uma espécie de inadequação da variedade linguística utilizada em uma determinada situação de interação comunicativa por não atendimento às normas sociais de uso da língua, ou a inadequação do uso de um determinado recurso linguístico para a consecução de uma determinada intenção comunicativa que seria mais bem alcançada usando-se outro(s) recurso(s). É o que se observa nos exemplos a seguir: 1] Meus sentimentos porque sua mãe bateu as botas. 2] Então, a velha bateu as botas?! INADEQUADAS 3] Meus sentimentos pela perda de sua mãe. ADEQUADA No caso de um texto publicado em um jornal sensacionalista e popular, que trata com certo descaso a perda da vida humana, não há como afirmar que esteja inadequado: 4] José S. V., conhecido traficante de drogas, com mais de 50 mortes nas costas, abotoou ontem o paletó de madeira em um tiroteio com a polícia, quando recebia mais um carregamento de drogas. Tudo isso é reflexo de um contexto sócio-histórico-ideológico, de um modo de nossa sociedade ver os fatos em determinado momento de sua história, que regula e afeta o uso da linguagem. O erro linguístico, nesse caso, está condicionado às várias situações de uso em determinados contextos. Por exemplo: em uma reunião de empresários, não é adequado utilizar termos coloquiais ou mesmo gírias. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFSP, CAMPUS SÃO PAULO PRODUÇÃO E LEITURA DE TEXTO I 32 Portanto, erro gramatical está relacionado ao acerto gramatical e erro linguístico, na verdade, mantém uma relação entre o que é adequado e o que é inadequado nas situações de uso concreto da língua. Quanto à norma culta, deve-se salientar sua importância para a unidade nacional, isto é, para que uma determinada língua permaneça ao alcance de seus cidadãos, é necessário haver uma regulamentação de uso. Tal regulamentação está na gramática de normas de uma língua. No entanto, não se pode afirmar que esta normatização siga as regras de uso geral; ao contrário, a sua tendência é a de legitimar os usos das elites. Porém, deve ser resguardada a sua importância. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA BAGNO, Marco. Preconceito linguístico. São Paulo: Loyola, 2000. BERNARDO, Gustavo. Redação inquieta. Rio de Janeiro: Globo, 1985. CARNEIRO, Agostinho Dias. Redação em construção. São Paulo: Moderna, 1999. CITELLI, Adilson. O texto argumentativo. São Paulo: Scipione, 2000. EPSTEIN, Isaac. O signo. São Paulo: Ática, 1999. FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática, FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. GARCIA, Othon. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1984. GUIMARÃES, Elisa. A articulação do texto. São Paulo: Ática, 1993. HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. INFANTE, Ulisses. Do texto ao texto. São Paulo: Scipione, 1998. KOCH, Ingedore G. V. e TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Texto e coerência. São Paulo: Cortez, 1999. KOCH, Ingedore G.V. A inter-ação pela linguagem. São Paulo: Contexto, 1992. KOCH, Ingedore G.V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 2000. MACEDO, Alzira Tavares de et al. Variação e discurso. 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