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Ensino de Arte na escola

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Porque o ensino da Arte é importante na escola:
 compreensão, desafios e possibilidades
Valéria Lazaro de Carvalho 
Refletir sobre o ensino da Arte na escola nos remete a alguns questionamentos acerca do nosso entendimento sobre o processo do ensino de Arte, as dimensões do seu contexto, do saber e do fazer artístico. Como entendemos o conceito de Arte? Como fazer para o ensino de Arte ser um ato de investigação e construção de conhecimento?
 Para se pensar sobre a Arte inserida no contexto da escola, partirmos do pressuposto de que o ensino de Arte está intimamente vinculado à cultura em que se insere. O que nos leva, como educadores, a pensar na implantação de um ensino de Arte que se inclua no processo de formação dos alunos. Nesse sentido, temos como referência o entendimento da Arte como produto social, como sistema de significação, e suas demais formas de compreensão dentro de uma perspectiva sociológica.
Razões históricas alimentam dificuldades para entender a Arte como área de conhecimento e construção cultural. A exclusão da arte do domínio cognitivo tem suas raízes na história da psicologia e na própria história da arte. Segundo Rocha (2006), temos o reconhecimento da capacidade criadora do ser humano ocorrida no renascimento, atribuída até então, somente a Deus, trazendo como decorrência, atribuições quase divinas ao artista, como ser iluminado, especial, gênio criador. Capacidade de poucos escolhidos e iluminados divinamente. 
No que diz respeito à psicologia, vinculou-se durante muito tempo a Arte ao domínio exclusivo da emoção. Por isso alguns “preconceitos” instalados, como por exemplo, a suposição de que a habilidade para pensar, nas disciplinas lógicas das ciências, exigia um nível intelectual mais elevado do que aquele exigido para a produção de trabalhos no campo da Arte. (Rocha, 2006)
Devido a esse contexto, por muitas décadas, o Ensino de Arte foi permeado por propostas de auto-expressão e livre expressão, como práticas não interventivas. Decorrendo-se daí o falso entendimento, de que o melhor ensino de Arte é o que nada ensina. Segundo pesquisas de Rocha (2006), essas distorções – históricas e duradouras – presentes no entendimento sobre o ensino de Arte têm dificultado o entendimento e o reconhecimento de que Arte se aprende e se ensina, e que o estudo da Arte implica em esforço cognitivo.
Nas últimas décadas, a área de Arte, no currículo escolar, conquistou espaços e avanços relativos à legislação, à organização de referenciais pedagógicos e à formação continuada, o que vem possibilitando refletir o lugar que essa disciplina ocupa ou deveria ocupar na Escola.
Durante a vigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação - 5692/71, que reformou o ensino de 1º e 2º graus no Brasil, a Arte era tratada como experiência de sensibilização e como conhecimento genérico. Nas escolas, a Arte era entendida como mera proposição de atividades artísticas, muitas vezes desconectadas de um projeto coletivo de educação escolar e os professores deveriam atender a todas as linguagens artísticas (mesmo aquelas para as quais não se formaram) com um sentido de prática polivalente, descuidando-se de sua capacitação e aprimoramento profissional.
Para ajudar no enfrentamento e superação dos problemas, ausências e distorções que dificultavam o ensino e aprendizagem da Arte foram organizadas, a partir de 1982, as Associações de Arte-Educadores em diversos Estados de nosso País, compostas por professores licenciados, educadores e artistas atuando em artes plásticas, música, teatro e dança.
A partir de Congressos Nacionais e Internacionais sobre Arte e Educação, organizados pelas Universidades e pela Federação Nacional dos Arte-Educadores do Brasil – FAEB (criada em 1987) passou-se então a discutir questões sobre cursos de Arte, nas diversas linguagens artísticas, da pré-escola até a universidade, incluindo a formação de profissionais educadores que trabalham com Arte. Em grupo, lutou-se para que a Arte se tornasse presente nos currículos das escolas de Educação Básica e fizesse parte da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, Lei 9394.
Na década de oitenta, a artista plástica e educadora Ana Mae Barbosa apresentou uma proposta de ensino para a Arte, intitulada “Proposta Triangular de Ensino da Arte”. Essa abordagem tem como eixos articuladores, o Fazer Artístico (produção), a História da Arte (contextualização) e a Leitura da Obra de Arte (apreciação), tendo como instrumento mediador o professor, o aluno e a cultura em que estão inseridos (Barbosa, 1998). Concebe Arte como expressão, como produção e cultura, sendo essa a percepção que vemos na contemporaneidade.
Dentro deste enfoque, é imprescindível a formação de professores capazes de exercer com competência o ensino e de assumir e garantir a formação do sujeito/cidadão do século XXI. O que nos remete a enfatizar a frase, proferida pelas educadoras Fusari e Ferraz (1992, p.49) – “No caso do professor de Arte ele precisa saber arte e saber ser professor de arte”. Ou seja, o professor a que nos referimos precisa conhecer as produções artísticas de diversas sociedades e atuar de forma que dê condições, ao educando, de se aproximar e refletir sobre as mesmas. Para tanto, verifica-se a eliminação da separação entre artes eruditas e não-eruditas, constituindo-se ambas, acessíveis à apreciação. Percebe-se, entretanto, que uma e outra, oferecem desafios ao educador, por requererem conhecimento especializado.
Ao compor a área Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, a Arte é considerada particularmente pelos aspectos estéticos e comunicacionais. O eixo estruturador desta proposta está fundamentado na interdisciplinaridade, na contextualização e no desenvolvimento de competências.
A perspectiva é refletir, descrever, analisar e avaliar o lugar que a produção artística ocupa no cotidiano escolar, buscando problematizar o seu contexto, tendo em vista uma abordagem mais contemporânea sobre a Arte e a Educação. 
Segundo a educadora Lima (2008), estão articulados os seguintes entendimentos: 
O estudante é o sujeito de sua aprendizagem; 
O professor é pesquisador, mediador e propositor do processo ensino-aprendizagem - o que o leva, portanto, a ensinar e aprender dialeticamente;
A construção de saberes no campo escolar exige constante interação com o contexto sociocultural; 
4. O professor de Arte deve saber essa disciplina e saber como ensiná-la.
As questões acima enunciadas conduzem a uma reflexão sobre a finalidade social da educação no sistema de ensino. Trata-se, portanto, de uma proposta de mudança de paradigma, como observamos no quadro a seguir:
 
	
	
Professor pesquisador, mediador e propositor
	
Problematização em sala de aula
	
Interdisciplinaridade
	
Contextualização
	
Sala de aula como ambiente de formação
	
Conteúdos apresentados sob forma de temas geradores.
	
Priorizar registro de resultados ao invés de registro de notas.
	
Aprender a aprender
Nessa perspectiva, podemos fundamentar a ação de ensinar com a citação de Paulo Freire (1996 p.25-26):
“Ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos, nem formar é ação pela qual um sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender...”.
Lemos nos Parâmetros Curriculares Nacionais, que conhecer e atuar com Arte nas suas diferentes linguagens (Artes Visuais, Dança, Música e Teatro) significa construir conceitos sobre a produção e experiência estética, atuar no contexto social, na produção cultural e histórica e no campo profissional. É o fazer/criar pressupondo níveis de análise e categorização dos elementos materiais e ideais a serem escolhidos e manipulados pelo aluno no processo criativo.
Nesse panorama, é significativo enfocar, como conhecimento básico, a concepção de visualidade gerada pelo próprio cotidiano cultural do estudante, ressaltando a importância de educar o olhar analítico, interpretativoe produtivo. Ou seja, “é preciso desenvolver concepções a respeito de como essas formas se configuram para nós e também organizar possibilidades de re-formar e trans-formar essas configurações, com significado cultural” (FUSARI, 1993, P.67). Será a habilidade interpretativa da produção artística – erudita, popular ou cotidiana – nos termos do seu contexto social e cultural, que se requer que seja inserida com competência, na educação escolar. 
Serão com as “imagens na cultura cotidiana”, veiculadas nas diferentes mídias, que os professores, forçosamente, terão que lidar. Afinal, é sob o impacto provocado pelas imagens que as crianças estarão construindo a sua visão de realidade, formação de valores e crenças. (Rocha, 2006)
Em síntese, a Arte na contemporaneidade é experimental, é crítica quanto à idéia de representação e contemplação. Sua identidade é marcada pelo convite ao diálogo, pela participação, pela permanente problematização, contextualização e reconstrução a partir das múltiplas informações. 
 Podemos possibilitar a construção do conhecimento da área de arte, considerando as produções artísticas, sua história e suas teorias, proporcionando, desta forma, uma alfabetização dos códigos artísticos e estéticos. Para tanto, faz-se necessário considerar o momento cognitivo do aluno no processo de ensino e aprendizagem, inter-relacionando experimentação, codificação/decodificação e informação.
Essas são questões pertinentes ao projeto de ensino de Arte que toma como referência os pressupostos contemporâneos. Nesta perspectiva, Lima (2008) formaliza uma proposta teórico-metodológica de ensino de Arte que consideramos bastante elucidativas, onde destacamos os seguintes pontos:
Favorecer a construção do conhecimento pelo processo de mediação, exercício da ação-reflexão-ação, por meio de uma educação crítica, dialógica e problematizadora;
Conhecer o contexto em que está inserido o aluno e a escola;
Considerar a arte como área de conhecimento e como sistema comunicativo;
Conceber a arte como sistema de representação/simbólico, construído culturalmente;
Nesse contexto, podemos responder com propriedade, o seguinte questionamento: Por que a Arte é importante na escola? 
Porque a Arte leva o estudante a compreender a diversidade cultural, os valores, significados e características de diferentes expressões humanas, conhecimento construído pelo homem no decorrer da história.
Concluo essa intervenção com a sugestão de que o professor de Arte, seja na linguagem musical, na linguagem cênica, na dança ou nas artes visuais, participe ativamente das programações artístico-culturais da sua cidade, para que possa ampliar suas possibilidades como professor mediador e propositor.
Segundo Hernandez (2000), essa proposta está fundamentada na importância da formação para o professor de Arte, tendo em vista que o conhecimento cultural contribui para uma formação crítica e consciente com relação à cultura do outro e na sua própria em particular.
Dessa forma, estaremos contribuindo para que o conhecimento da Arte no contexto da escola se faça como experiência cognitiva capaz de alfabetizar nossos estudantes com saberes artísticos e estéticos, desenvolvendo-os culturalmente. 
REFERÊNCIAS 
BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB. Lei nº 9.394, de 20/12/1996. Secretária de Estado da Educação, da Cultura e dos Desportos. Projeto Alvorada I, Natal, 2002.
BARBOSA, Ana Mae. Tópicos e Utópicos. Belo Horizonte: C/Arte, 1998.
FUSARI, Maria F. de Resende., FERRAZ, Heloisa. Arte na educação escolar. São Paulo:Cortez, 1993. (Coleção do Magistério 2º grau. Série Formação do Professor).
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
HERNÁNDEZ, Fernando. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Tradução Jussara Haubert Rodrigues. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
LIMA, Marght; ALVES, Jefferson, NAKAMURA, Helenita. O Ensino de Arte: desafios e mudanças. Coleção Cotidiano Escolar. Natal, RN: Paidéia, 2007.
LIMA, Marght. Diálogos Contemporâneos entre o cotidiano e a arte no universo escolar. Coleção Cotidiano Escolar. Natal, RN: Paidéia, 2008.
PERNAMBUCO, Marta. Pesquisando as expressões da linguagem corporal (Artes e Educação Física). Caderno Didático I. Natal, RN: PAIDÉIA, 2005.
ROCHA, Vera Lourdes Pestana. O Ensino de Arte na Contemporaneidade. Texto produzido para o Curso de Especialização em Ensino de Arte na Escola. DEART/UFRN, 2006.
Natal, 17 de março de 2014.
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