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CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO

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O CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO
GOUVEA, Lucio Paulo de S.¹
² 
Resumo: O presente trabalho tem como escopo apresentar as recentes discussões sobre as alterações do Código Florestal Brasileiro, que tem trazido polêmica entre a bancada ruralista e a bancada ambientalista.
O Meio Ambiente tem interferido cada vez mais nas relações humanas e a preocupação com a preservação ambiental e com o desenvolvimento econômico tem trazido frequentes embates em todos os campos em relação à preservação e ao desenvolvimento sustentável. A existência do Código Florestal, cujo conteúdo tem sido tão debatido, e que, apesar do frequente descumprimento de seus dispositivos, tem sido essencial para proteger o pouco que restou da cobertura florestal brasileira. 
O objetivo deste artigo é realizar uma reflexão interpretativa e bibliográfica sobre o Código Florestal Brasileiro, para melhor compreender o seu real significado e propósito. 
Palavras chave: Código Florestal Brasileiro, Meio ambiente, 
INTRODUÇÃO
O Código Florestal é a lei brasileira que estabelece as normas gerais sobre onde e como a vegetação nativa do território brasileiro pode ser explorada. O código determina as áreas que devem ser preservadas e quais regiões são autorizadas a receber os diferentes tipos de produção agrícola. 
O primeiro Código Florestal do País foi lançado em 1934 pelo Decreto 23.793, em meio à forte expansão cafeeira que ocorria na época, especialmente na região Sudeste, e entre outras medidas, obrigava os proprietários a preservar 25% da área de suas terras com a cobertura de mata original, uma espécie de "reserva florestal". 
__________________________________________________________
¹ Pós graduado em Geografia.
Com o avanço das plantações, as florestas e mata nativa estavam sendo empurradas cada vez mais para longe das cidades. O código foi atualizado em 1965 (Lei nº 4.771), prevendo que metade dos imóveis rurais da Amazônia deveria ser preservada. 
A partir de 1996, o Código Florestal passou a ser modificado por diversas Medidas Provisórias, até ser totalmente reformulado em outubro de 2012, este foi objeto de intensa batalha no Congresso, que por fim, reduziu a proteção ambiental das versões anteriores. 
O código utiliza dois tipos de áreas de preservação: a Reserva Legal e a Área de Preservação Permanente.  Os conceitos de Reserva Legal (RL) e Áreas de Preservação Permanente (APP) são firmados na legislação, com o objetivo de preservar os diferentes biomas. Embora no Brasil, a Constituição da República garante a todos o direito tanto a um meio ambiente diverso e sustentável, como o direito ao desenvolvimento econômico, assim, não é difícil perceber que a busca da realização de um destes direitos pode vir a entrar em conflito com o outro. 
A RESERVA LEGAL (RL)
O atual Código Florestal define a Reserva Legal como:
Art. 3º - Para os efeitos desta Lei, entende-se por: 
III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa.
A reserva legal, portanto, é a área do imóvel rural coberta por vegetação natural e nativa, que pode ser explorada de modo sustentável, nos limites estabelecidos em lei para o bioma em que está a propriedade. O Instituto da Reserva Legal é mais um dos instrumentos pelos quais o legislador brasileiro busca criar uma ponte entre estes dois interesses fundamentais.
O primeiro conceito de Reserva Legal surgiu em 1934, com o primeiro Código Florestal. Foi atualizado em 1965, na Lei Federal nº 4.771 (o Código Florestal recentemente revogado) que dividia as áreas a serem protegidas de acordo com as regiões, e não pelo tipo de vegetação como é no atual Código.  O percentual da propriedade que deve ser registrado como Reserva Legal vai variar de acordo com o bioma e a região em questão, sendo: 80% em propriedades rurais localizadas em área de floresta na Amazônia Legal; 35% em propriedades situadas em áreas de Cerrado na Amazônia Legal, sendo no mínimo 20% na propriedade e 15% na forma de compensação ambiental em outra área, porém na mesma microbacia; 20% na propriedade situada em área de floresta, outras formas de vegetação nativa nas demais regiões do país; e 20% na propriedade em área de campos gerais em qualquer região do país, como mostra o mapa abaixo:
 Fonte: www.ebah.com.br
Cabe a todo proprietário rural o registro no órgão ambiental competente (estadual ou municipal) por meio de inscrição no Cadastro Ambiental Rural - CAR. As especificidades para o registro da reserva legal vão depender da legislação de cada Estado. O conceito de reserva florestal, instituído pelo Código Florestal de 1934 vigorou até 1986, quando foi publicada a Lei Federal 7.511/86 . Essa lei modificou o regime da reserva florestal. Até então, as áreas de reserva florestal podiam ser 100% desmatadas, desde que substituídas as matas nativas por plantio de espécies, inclusive exóticas. Embora essa lei tenha modificado o conceito de reserva florestal, não mais permitindo o desmatamento das áreas nativas, manteve a autorização para o proprietário repor as áreas desmatadas até o inicio da vigência dessa lei, com espécies exóticas e fazer uso econômico das mesmas.
Em geral, nas áreas de reserva legal é proibida a extração de recursos naturais, o corte raso, a alteração do uso do solo e a exploração comercial exceto nos casos autorizados pelo órgão ambiental via Plano de Manejo ou, em casos de sistemas agroflorestais e ecoturismo.
AS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP)
Já as áreas de preservação permanente (APP), assim como as Unidades de Conservação, visam atender ao direito fundamental de todo brasileiro a um "meio ambiente ecologicamente equilibrado", conforme assegurado no art. 225 da Constituição. 
Sobre as Áreas de Preservação Permanente, o atual Código Florestal, Lei nº12.651/12, define assim|:
Art. 3º- Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;
As APPs se destinam a proteger os solos e, principalmente, as matas ciliares. Este tipo de vegetação cumpre a função de proteger os rios e reservatórios de assoreamentos, evitar transformações negativas nos leitos, garantir o abastecimento dos lençóis freáticos e a preservação da vida aquática. Somente os órgãos ambientais podem abrir exceção à proibição e autorizar o uso e até mesmo o desmatamento da área de preservação permanente, seja ela rural ou urbana, porém, para fazê-lo, deve fundamentar as hipóteses de utilidade pública, interesse social do empreendimento ou baixo impacto ambiental, conforme o art. 8º do código florestal atual.
As atividades antrópicas, a urbanização crescente, e o crescimento demográfico, causam constantes pressões ao meio ambiente, degradando-o.
Assim, na busca de salvaguardar o meio ambiente e os recursos naturais existentes nas propriedades, a lei instituiu uma área especialmente protegida, onde é proibido construir, plantar ou explorar atividade econômica, ainda que seja para assentar famílias assistidas por programas de habitação ou mesmo de reforma agrária. A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável aprovou em 08 de dezembro de 2010, a proposta que estabelece os limites das Áreas de Preservação Permanente (APPs) localizadas às margens de lagos e lagoas naturais e artificiais, nos meios urbano e rural. A proposta, que altera o Código Florestal (Lei 4.771/65), também prevê as condições de ocupação dessas áreas.
A lei Federal7511/86 alterou os limites das APP’s, originariamente de 05 metros para 30 metros, sendo que nos rios com mais de 200 metros de largura a APP passou a ser equivalente à largura do rio.
Conforme o texto da referida lei, as áreas de preservação situadas às margens de lagoas e lagos naturais deverão ter largura mínima de 30 metros quando situadas em área urbana. No caso de área rural, a largura mínima será de 50 metros quando o lago ou lagoa tiver até 20 hectares de superfície, e de 100 metros quando tiver mais de 20 hectares.
Para os reservatórios artificiais cuja finalidade principal seja o abastecimento público de água, a largura mínima das APPs será de 30 metros quando situados em área urbana e de 100 metros em área rural. As larguras das últimas duas áreas poderão ser ampliadas ou reduzidas em 15 metros nas áreas urbanas e em 30 metros nas áreas rurais.
O CÓDIGO FLORESTAL NA ATUALIDADE
A justificativa para mudanças realizadas no Código Florestal por uma parcela da sociedade é o aumento na demanda de alimentos devido ao crescimento populacional, e esta “necessidade” de maior produção acaba por encarar o meio ambiente como um obstáculo. Como seria previsível, os principais defensores do novo Código Florestal Brasileiro são compostos pelos ruralistas e também pelos fazendeiros de um modo geral, estes, são a favor do novo Código Florestal, pois ele vai liberar novas áreas para plantar.
Os Ruralistas, Deputados que por sinal em grande parte são também Fazendeiros, são aqueles que estão na Câmara dos Deputados e Senado para defender os interesses dos Produtores Rurais. 
Os principais opositores do Novo Código Florestal são os Ambientalistas e também uma boa parte dos profissionais de Engenharia Ambiental. Estes profissionais afirmam que a nova proposta vai abrir caminho para que muita área verde seja destruída e também que a flexibilização das leis ambientais vai favorecer grandes Empresas do agronegócio financiadas por capital estrangeiro, e fazendeiros interessados somente em lucro.
Não há como negar a importância das modificações para assegurar a exploração econômica com equilíbrio ambiental, compensando erros cometidos no passado e evitando novos desmatamentos, porém, a questão dos pequenos produtores não precisarem mais de manter uma reserva legal, por exemplo, vai fazer que muitos deles, movidos pela ganância acabem destruindo toda a área verde de suas propriedades, causando um forte desequilíbrio.
A conservação das florestas de preservação permanente é a principal preocupação dos ambientalistas com as alterações do Código Florestal. Para os ruralistas, a principal preocupação é econômica, pois regularizar as propriedades rurais em conformidade com os percentuais e metragens exigidas para Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente tem um custo elevado, que pode inviabilizar a produção dos pequenos proprietários, além de reduzir consideravelmente as áreas hoje utilizadas para lavoura.
Uma novidade no Código Florestal foi a introdução dos Apicuns e Salgados, que não tinham previsão no Código anterior. Essas áreas são usadas para carcinicultura e salinas, tendo importância na preservação dos manguezais. O novo código possui o auxílio de satélites que poderão fazer a fiscalização de grandes áreas no interior da propriedade.
O Novo Código exige o licenciamento ambiental para a exploração de florestas nativas, que será feita com base em Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) que deverá prever mecanismos de controle de cortes, da regeneração e do estoque existente.
Nos topos de morros e montanhas devem ser conservadas todas as áreas com altura mínima de 100m e inclinação média maior que 25 graus, e nas encostas, todas as áreas com declividade superior a 45 graus. Para os tabuleiros ou chapadas, devem mantidas as bordas até a ruptura do relevo, como é o caso do Cristo Redentor, por exemplo, localizado em topo de morro, e edificações localizadas às margens de rio, terão um projeto de regularização aprovado, com a elaboração de um diagnóstico da região, indicando as unidades de conservação, as áreas de proteção de mananciais e as faixas de APP que devem ser recuperadas. 
Nas nascentes e olhos d’água, a mata ciliar mínima preservada deve ter raio de 50 metros de largura e os manguezais devem ter toda a sua extensão conservada. No caso das veredas, a largura mínima da faixa de vegetação a ser preservada é de 50 metros, a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado.
A LEI DE CRIMES AMBIENTAIS 
Essa lei mudou alguns dispositivos do Código Florestal, transformando diversas infrações administrativas em crimes, alterando a Lei de 1965 . Abriu possibilidade p ara a aplicação de pesadas multas pelos órgãos de fiscalização ambiental, criando novas infrações, inexistentes anteriormente. 
A referida lei, promulgada aos 12 de fevereiro de 1998, pelo então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, foi um marco na história das leis relativas ao meio ambiente, pois promulgou assertivas concernentes ao direito ambiental, inerentes à necessidade crescente dos cuidados necessários aos bens naturais de propriedade de todos os habitantes do planeta. 
Ficou entendido com a promulgação da lei dos crimes ambientais que a reparação do dano causado ao meio ambiente e a recuperação do ambiente natural pode eximir a pena de punição na forma de multas monetárias, e as penas de prisão no período inferior a quatro anos podem ser substituídas por penas alternativas seguidas de multa como, por exemplo, a obrigatoriedade da realização de trabalhos de auxílio à comunidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar do intenso debate, o código trouxe apenas alguns ajustes pontuais ao Código Florestal de 1965. A obrigação pela proteção do meio ambiente não foi alterada, estando, assim como antes, sob obrigação do proprietário. Ele deve proteger os espaços, que são divididos em Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal (RL).
 A novidade significativa do Novo Código Florestal Brasileiro é o Cadastro Ambiental Rural (CAR), órgão para facilitar a fiscalização dos espaços destinados à preservação ambiental. Os proprietários rurais deverão fazer o cadastro obrigatoriamente, onde estarão inscritas as propriedades delimitadas a partir de coordenadas geográficas. O proprietário rural que não tiver o registro no CAR até 2017, não poderá ter créditos em instituições financeiras a partir dessa data.
Por outro lado, não se pode exigir que o pequeno agricultor se responsabilize sozinho com os custos da preservação ambiental, já que, a recuperação das florestas é um processo longo e caro, pois isso pode inviabilizar por completo a sua atividade econômica, que é o sustento de sua família. Situações de degradação irregular se consolidaram ao longo dos anos, pela ausência ou má regulamentação, bem como pela falta de fiscalização.
Entretanto, o Código ainda continua sendo muito discutido, tanto em matéria de preservação, quanto em matéria de exploração ambiental sustentável.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EMBRAPA, Entenda o código florestal. Disponível em: https://www.embrapa.br/codigo-florestal/entenda-o-codigo-florestal. Acesso em: 25 nov. 2016.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Alcance territorial da legislação ambiental e indigenista. Pesquisa divulgada no sítio da EMBRAPA na internet, disponível em: http://www.alcance.cnpm.embrapa.br/conteudo/m_eletronica_2008.htm. Acesso em: 18 nov. 2016. 
FERNANDEZ, Fernando. O ataque à legislação ambiental e a atualidade da tragédia dos comuns. O Eco, Rio de Janeiro, 12 mar. 2012. Disponível em: http://www.oeco.com.br/fernando-fernandez/25795-o-ataque-a-legislacao-ambiental-e-aatualidade-da-tragedia-dos-comuns. Acesso em: 18 nov. 2016.

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