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Nota de Aula de Responsabilidade Civil

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Responsabilidade Civil
NOTA DE AULA 01 
1 – Responsabilidade Civil e Obrigação Civil: 
A responsabilidade civil diverge da obrigação civil. Desse modo, não podemos confundir responsabilidade civil com obrigação civil.
A obrigação civil se define como sendo o direito do credor exigir do devedor o pagamento do débito oriundo da obrigação. Sendo assim, considera-se a obrigação civil como um dever jurídico originário.
 	 Débito/Dívida
Devedor
Credor
A responsabilidade civil, regra geral, decorre do descumprimento do dever jurídico originário, ou seja, do descumprimento da obrigação civil. Consubstancia-se, portanto, em um dever jurídico secundário, culminando/corroborando no dever de indenizar.
2 – Responsabilidade Civil:
Como outrora mencionado, a responsabilidade civil é considerada como um dever jurídico secundário, pressupondo a violação/descumprimento de um dever jurídico preexistente, no caso, a obrigação civil. 
A responsabilidade civil visa equilibrar a situação patrimonial das partes. Desse modo, a reparação do dano se constitui como objetivo principal da responsabilidade civil, vez que viabiliza o equilíbrio patrimonial.
A obrigação de indenizar é oriunda do descumprimento do dever jurídico originário, tratando-se de uma consequência gerada pelo ato ilícito mais o dano, trazendo algumas características próprias. Vejamos:
- Legal;
- Sucessiva.
* Obs.: pode haver responsabilidade civil sem obrigação, por exemplo, fiador de aluguel.
2.1 - Espécies de Responsabilidade:
2.1.1 – Reponsabilidade Civil e Responsabilidade Penal:
A responsabilidade civil se constitui por meio de uma conduta que repercute na esfera de direitos civis, culminando em uma sanção estritamente patrimonial. Desse modo, o agente responderá com o patrimônio.
A responsabilidade penal se constitui por meio de uma conduta que repercute na esfera de bens jurídicos essenciais à vida, ou seja, possuem relevante valor social e, desse modo, devem ser regulados por um ramo de direito público. Desse modo, ao violar bens jurídicos elencados no Código Penal, o agente responderá, regra geral, com a restrição de sua liberdade, podendo responder com o patrimônio, por exemplo, pena de multa ou penas restritivas de direitos.
Ressalta-se que ambas as espécies de responsabilidade civil são independentes. Sendo assim, não se pode discutir sobre a existência do fato ou sobre a autoria, desde que estes já estejam decididos em âmbito/juízo criminal, nos moldes do art. 935, CC. Vide:
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.
* PERGUNTA:PODE HAVER, NO MESMO CASO, CONCOMITÂNCIA DE RESPONSABILIDADE CIVIL E CRIMINAL?
Sim, por exemplo, no caso de homicídio do provedor de sustento da família ou pensão alimentícia. Nesse caso, além de responder pela morte do indivíduo com restrição da liberdade, o agente responderá também civilmente, encarregando-se de garantir o pagamento de pensões para quem tem direito, até o tempo de expectativa de vida da vítima, além das despesas com medicamentos, internação, conforme art. 948, I e II, CC.
Outro exemplo seria o da lesão corporal, conforme art. 949, CC e 129, CP.
2.1.2 – RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL (QUANTO À QUALIDADE DA VIOLAÇÃO):
A responsabilidade contratual pressupõe a existência de uma relação jurídica contratual ou de um negócio jurídico individual. Nesse sentido, ressalta-se aqui a necessidade de uma obrigação preexistente de uma parte para com a outra. Possui como consequência a responsabilidade objetiva (próximo tópico).
Entretanto, devemos ter cuidado, pois a responsabilidade contratual não pode ser vislumbrada de forma clara em determinados casos, por exemplo, transportes gratuitos e algumas situações médicas. Restando uma dubiedade se há ou não relação contratual, mas tal dúvida não pode repercutir negativamente no dever de indenizar.
A responsabilidade extracontratual ou aquiliana não pressupõe nenhuma relação jurídica entre as partes. Desse modo, não é necessário que haja negócio jurídico entre as partes. Possui como consequência a responsabilidade subjetiva (próximo tópico).
Podemos observar uma responsabilidade extracontratual, por exemplo, em um abalroamento de veículos por ultrapassagem em sinal vermelho. Situação em que as partes não se conheciam e tampouco existia uma obrigação preexistente. A responsabilidade civil surgiu da colisão causada por um ato ilícito.
2.1.3 – RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA E SUBJETIVA:
A responsabilidade subjetiva está calcada na culpa. Culpa em sentido amplo, abrangendo o dolo e a culpa em sentido estrito. Desse modo, torna-se necessária a análise minuciosa da conduta do agente, observando se o agente agiu com culpa ou não.
Pressupostos da Responsabilidade Civil Subjetiva:
- Conduta (Ação ou Omissão);
- Nexo causal;
- Dano;
- Culpa (Culpa ou Dolo).
Conforme art. 186, Código Civil
A responsabilidade civil objetiva é calcada na teoria do risco, resultando na presunção de culpa. Nesse sentido, para sua configuração, prescinde a comprovação de culpa do agente. Do mesmo modo, a culpa aqui mencionada é em seu sentido amplo, albergando a culpa em sentido estrito e o dolo.
O agente responderá pelo risco que sua conduta e os meios adotados produzem, independentemente se adota ou não métodos de segurança, pois, de toda forma, apresenta um risco às pessoas.
A responsabilidade objetiva vem crescendo no âmbito da jurisprudência e da doutrina, inclusive autores defendem a sua aplicação como regra, vez que prescinde de demonstração de culpa. A demonstração da culpa na responsabilidade subjetiva inviabiliza em alguns casos o direito de indenização, pois restringe esta à comprovação de culpa, culminando em uma possível prova diabólica, ou seja, de extrema onerosidade.
A responsabilidade objetiva já é adotada como regra geral no Código de Defesa do Consumidor.
Torna-se válido distinguir a teoria do risco criado e a teoria do risco integral. Enquanto a teoria do risco criado permite excludentes de responsabilidade, por exemplo, caso fortuito ou força maior. A teoria do risco integral não admite excludentes de responsabilidade, obrigando o agente a indenizar ainda que ocorra por caso fortuito ou força maior. Adota-se a teoria do risco integral no caso de danos ambientais, por exemplo.
Trata-se de um julgado antigo, mas de relevância para entender o assunto:
APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO ADESIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO. ROMPIMENTO DO POLIDUTO (OLAPA). DERRAMAMENTO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO E HIDROCARBONETOS NAS BAÍAS DE PARANAGUÁ E ANTONINA. DANO AMBIENTAL COM REPERCUSSÃO INDIVIDUAL. NULIDADE DA SENTENÇA. CERCEAMENTO DE DEFESA. PRELIMINAR AFASTADA. FATOS PÚBLICOS E NOTÓRIOS. DESNECESSIDADE DE PROVA. DOCUMENTOS ANEXADOS SUFICIENTES PARA O DESLINDE DA QUESTÃO. PRECEDENTES DESTA CORTE. RESPONSABILIDADE OBJETIVA FUNDADA NA TEORIA DO RISCO INTEGRAL E NÃO NA TEORIA DO RISCO CRIADO. INADMISSÍVEL A EXCLUSÃO DE RESPONSABILIDADE POR FORÇA MAIOR. EFETIVA INTERDIÇÃO DA PESCA E PROIBIÇÃO DE COMERCIALIZAÇÃO. LUCROS CESSANTES. SALÁRIO MÍNIMO DA ÉPOCA DO ACIDENTE, POR 24 MESES. SENTENÇA MANTIDA. DANO MORAL. OCORRÊNCIA. QUANTUM MAJORADO. VALOR SUFICIENTE PARA ARCAR COM A FUNÇÃO RESSARCITÓRIA. JUROS DE MORA APLICÁVEIS À INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. TERMO INICIAL. DATA DO EVENTO DANOSO. SÚMULA 54 DO STJ. CORREÇÃO MONETÁRIA APLICAÇÃO SÚMULA 362 STJ. RECURSO DE APELAÇÃO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO E RECURSO ADESIVO PROVIDO.
(TJ-PR 8467843 PR 846784-3 (Acórdão), Relator: D’artagnan Serpa Sa, Data de Julgamento: 19/04/2012, 9ª Câmara Cível, )
Pressupostos da Responsabilidade Objetiva:
- Conduta (Ação ou Omissão);
- Nexo Causal;
- Dano.
Conforme art. 927, p. u., CC/02
3 – Atos Ilícitos e a ResponsabilidadeCivil:
O ato ilícito se define como uma conduta que infringe/viola direitos, produzindo efeitos relevantes do ponto de vista jurídico. Por isso, configura-se como uma espécie de fato jurídico.
O ato ilícito poderá ser visualizado por dois aspectos: objetivo e subjetivo:
- Aspecto objetivo: observa apenas o fato de ser uma conduta contrária ao direito, deixando de lado a intenção do agente que pratica a conduta.
- Aspecto Subjetivo: valora-se a vontade do agente, pois para ser considerado ato ilícito a conduta deverá ser voluntária, conforme art. 186, CC.
Vide art. 186, CC:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
3.1 – Excludentes de Ilicitude:
Há condutas que, pelas circunstâncias, são admitidas sob a perspectiva do direito. Desse modo, ao praticá-las o agente não cometerá ato ilícito e, consequentemente, não possuirá o dever de indenizar a outra parte. 
I – Legitima defesa ou exercício regular do direito;
II – Estado de necessidade.
A legítima defesa é definida como uma conduta para repelir injusta agressão atual ou iminente contra direito seu ou de terceiro. Ressalta-se que o agente deverá utilizar os meios necessários e de forma moderada para repelir injusta agressão. Nesse caso, do mesmo modo do direito penal, recebe o status de excludente de ilicitude. 
O exercício regular do direito se constitui em usufruir de maneira moderada do direito que a mim é concedido mediante lei. Desse modo, devo usufruir de forma ponderada, vez que posso responder pelos excessos, por exemplo, resposta proporcional ao agravo. Se eu fujo dessa proporcionalidade, eu responderei pelos excessos, ou seja, não sou mais albergado pela excludente de ilicitude.
O estado de necessidade pressupõe que haja um conflito entre bens jurídicos, sendo um sacrificado em benefício do outro. Em suma, um bem jurídico irá prevalecer e subsistir, sendo o outro sacrificado. A finalidade é afastar perigo iminente, conforme art. 188, II, CC.
O estado de necessidade somente será admitido se a situação de perigo não for criada de forma voluntaria e se for inevitável, ou seja, as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, conforme art. 188, p. u., CC
Regra que serve para todos os tipos de excludentes: proporcionalidade! Se houver excesso, o agente responderá.
3.1.1 – Demais Excludentes de Responsabilidade:
Caso fortuito: há autores que defendem que caso fortuito se reflete em acontecimentos humanos, por exemplo, greve, guerra. Seria um acontecimento imprevisível.
 Força maior: há doutrinadores que defendem que a força maior se reflete em acontecimentos naturais, por exemplo, tsunami, tempestade. A força maior seria um evento previsível, mas inevitável.
Tais conceitos são defendidos por Carlos Roberto Gonçalves, mas Caio Mário entende justamente o contrário. 
Culpa Exclusiva da Vítima: a responsabilidade ficará afastada quando se comprovar a responsabilidade exclusiva da vítima. Desse modo, por exemplo, se a vítima está andando de bicicleta e se joga em cima do meu carro, minha responsabilidade será eximida, vez que a culpa do ocorrido fora exclusivamente da própria lesada/vítima.
QUESTÕES
1) João e Rodrigo entraram em luta corporal depois de uma discussão no trânsito. Sem que Rodrigo pudesse se defender, João desferiu-lhe socos e pontapés, causando lesões corporais. Muito machucado, Rodrigo representou pela persecução criminal e ajuizou ação de indenização. A responsabilidade civil: (FCC – TRT 23ª Região (MT) – Analista Judiciário - 2016)
Parte superior do formulário
a) independe da criminal, podendo ser rediscutida no juízo civil qualquer questão já decidida no juízo criminal.
b) independe da criminal, mas, se João for absolvido, na ação penal, por falta de provas, Rodrigo não poderá pleitear indenização na esfera civil. 
c) depende da criminal, devendo o juiz extinguir a ação de indenização, sem resolução de mérito, se ainda não tiver havido trânsito em julgado da decisão proferida na ação penal.
d) depende da criminal, devendo sempre o juiz suspender a ação de indenização até o julgamento definitivo da ação penal.
e) independe da criminal, mas, se a existência do fato for decidida, em definitivo, no juízo criminal, não poderá ser discutida novamente no juízo civil.
2) Maria, trabalhadora autônoma, foi atropelada por um ônibus da Viação XYZ S.A. quando atravessava movimentada rua da cidade, sofrendo traumatismo craniano. No caminho do hospital, Maria veio a falecer, deixando o marido, João, e o filho, Daniel, menor impúbere, que dela dependiam economicamente. (XX Exame Unificado – OAB)
Sobre o caso, assinale a afirmativa correta.
	a)
	João não poderá cobrar compensação por danos morais, em nome próprio, da Viação XYZ S.A., porque o dano direto e imediato foi causado exclusivamente a Maria.
	b)
	Ainda que reste comprovado que Maria atravessou a rua fora da faixa e com o sinal de pedestres fechado, tal fato em nada influenciará a responsabilidade da Viação XYZ
S.A..
	c)
	João poderá cobrar pensão alimentícia apenas em nome de Daniel, por se tratar de pessoa incapaz.
	d)
	Daniel poderá cobrar pensão alimentícia da Viação XYZ S.A., ainda que não reste comprovado que Maria exercia atividade laborativa, se preenchido o critério da necessidade.
Gabarito
	1- E
	2 – D

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