Buscar

APOSTILA CONTRATOS UniChristus

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 86 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 86 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 86 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Disciplina: DIREITO CIVIL – CONTRATOS
Período 2016.2
Prof.: Alexander Perazo
• DIVISÃO DO DIREITO
O Direito pode ser dividido em dois grandes ramos, quais sejam: os direitos não
patrimoniais e direitos patrimoniais. 
Os direitos não patrimoniais são referentes à pessoa humana (direito à vida, à liberdade,
etc), enquanto os direitos patrimoniais se subdividem em obrigacionais e reais. 
• DIFERENÇA ENTRE DIREITOS OBRIGACIONAIS E REAIS
Segundo Sílvio de Salvo Venosa (2006), em sua obra Direito Civil, as principais distinções
entre os direitos obrigacionais, ou seja, direitos pessoais (jus ad rem) e os direitos reais (ius in
re) são:
1. O direito real é exercido e recai diretamente sobre a coisa, sobre um objeto basicamente
corpóreo (embora haja titularidade sobre bens imateriais), enquanto o direito
obrigacional tem em mira relações humanas. Sob tal aspecto o direito real é um direito
absoluto, exclusivo, oponível perante todos (erga omnes), enquanto o direito obrigacional é
relativo uma vez que a prestação, que é seu objeto, só pode ser exigida ao devedor.
2. Portanto, como conseqüência, o direito real não comporta mais do que um titular (não se
confunda, contudo, com a noção de condomínio, em que a propriedade sob esse aspecto
VERITAS
ET VITA
DIREITO CIVIL – CONTRATOS
continua a ser exclusiva, mas de vários titulares). Esse titular exerce seu poder sobre a
coisa objeto de seu direito de forma direta e imediata. O direito obrigacional comporta,
um sujeito ativo (credor), um sujeito passivo (devedor) e a prestação (objeto da relação
jurídica). 
3. O direito real concede o gozo e a fruição de bens. Já o direito obrigacional concede
direito a uma ou mais prestações efetuadas por uma pessoa. 
4. O direito obrigacional tem caráter essencialmente transitório. O direito real tem sentido
de inconsumibilidade, de permanência.
5. O direito real, como corolário de seu caráter absoluto, possui o chamado direito de
seqüela: seu titular pode perseguir o exercício de seu poder perante quaisquer mãos nas
quais se encontre a coisa. O direito pessoal não possui essa faceta. O credor, quando
recorre á execução forçada, tem apenas uma garantia geral do patrimônio do devedor, não
podendo escolher determinados bens para recair a satisfação de seu crédito. 
6. Os direitos reais são numerus clausus, isto é, são só aqueles assim considerados
expressamente pela lei. São facilmente enunciáveis. Já os direitos obrigacionais
apresentam-se com um número indeterminado. As relações obrigacionais são infinitas, as
mais variadas possível, e as necessidades sociais estão, sempre e sempre, criando novas
fórmulas para atendê-las.
• CONCEITO DE OBRIGAÇÃO
Para Clóvis Beviláqua, “obrigação é a relação transitória de direito, que nos constrange a
dar, fazer ou não fazer alguma coisa, em regra economicamente apreciável, em proveito de alguém
que, por ato nosso ou de alguém conosco juridicamente relacionado, ou em virtude da lei, adquiriu
o direito de exigir de nós essa ação ou omissão”. 
Já para Washington de Barros Monteiro, “obrigação é a relação jurídica, de caráter
transitório, estabelecida entre devedor e credor e cujo objeto consiste numa prestação
econômica positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento
através de seu patrimônio”. 
FONTES DAS OBRIGAÇÕES:
FONTE MEDIATA
o CONTRATOS
o DECLARAÇÕES UNILATERAIS DE VONTADE 
o ATOS ILÍCITOS (DOLOSOS E CULPOSOS) 
FONTE IMEDIATA
o LEI
• CONCEITO DE CONTRATO
Segundo Carlos Roberto Gonçalves, em Direito Civil Brasileiro (2006), desde o tempo de
Beviláqua, “o contrato é comumente conceituado de forma sucinta, como o acordo de vontades
para o fim de adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direitos”. 
A própria origem etimológica da palavra contrato conduz ao vínculo jurídico das vontades,
tendo em vista um objetivo específico. Contractus, do verbo contrahere, no sentido de ajuste,
convenção, pacto ou transação, transmite a idéia de acordo entre duas ou mais pessoas para um
fim qualquer.
Contrato, portanto, é negócio jurídico bilateral, que exige consentimento válido, emanado
de vontades livres, pressupondo a conformidade com a ordem legal e tem por escopo objetivos
específicos.
FATOS JURÍDICOS:
NATURAIS
o ORDINÁRIOS
o EXTRAORDINÁRIOS
HUMANOS
o ATOS LÍCITOS
 - ATOS JURÍDICOS STICTO SENSU
 - NEGÓCIOS JURÍDICOS
 - ATOS-FATOS JURÍDICOS
o ATOS ILÍCITOS
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS
Quando o homem usa de sua manifestação de vontade com a intenção de gerar efeitos
jurídicos, a expressão dessa vontade constitui um negócio jurídico. Como dito anteriormente,
contrato é acordo de vontades com o fim de adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direitos.
O âmbito do contrato não se circunscreve apenas ao Direito das Obrigações, estendendo-se a
outros ramos do direito, privado e público também.
ANTECEDENTES HISTÓRICOS
No direito romano fazia-se distinção entre contrato e convenção. Convenção era gênero do qual
contrato e pacto eram espécies. A palavra contractus significa unir, contrair. Convenção, provém
de conventio,que significa vir junto e pacto provém de pacis si, ou seja, estar de acordo. Sílvio
Rodrigues faz certa distinção, estabelecida pelo Código Civil Francês, inspirado em Pothier, entre
convenção (acordo de duas ou mais pessoas sobre um objeto jurídico) e contrato (convenções
destinadas exclusivamente a criar obrigações).
No Direito Romano primitivo, os contratos tinham caráter rigoroso e sacramental. As
formas deviam ser obedecidas, ainda que não expressassem exatamente a vontade das partes.
Inclusive as obrigações deveriam ser cumpridas sob pena de o devedor dar a vida. Para cada
convenção (ou pacto), aplicando-se certas formalidades (stipulatio), criava-se um contractus, não
conhecendo, o Direito Romano, uma categoria geral de contrato, mas somente alguns contratos em
particular.
Na fase final da codificação, o que mais interessa não é mais as formalidades (stipulatio)
e sim o acordo de vontades (conventio).
As práticas medievais evoluem para transformar a stipulatio romana na traditio cartae, o
que indica a entrega de um documento, passando a forma escrita a ter predominância, aumentando
o sentido obrigatório dos contratos. 
Com os costumes mercantis dinamizam-se as relações e simplificaram-se as formas
contratuais. E com a escola do Direito Natural, assimilaram-se os pactos e as convenções aos
contratos.
 
Contrato no Código Francês – O Código de Napoleão foi a primeira grande codificação
moderna. Espelha a vitória obtida pela burguesia em 1789, sendo o contrato disciplinado no livro
terceiro sobre os diversos modos de aquisição de propriedade. Para o sistema francês, a
liberdade e a propriedade estão ligadas indissoluvelmente. Sem propriedade não pode haver
liberdade e vice-versa. O acordo de vontades representava uma garantia os burgueses e para as
classes proprietárias. 
Perceba que o contrato no sistema francês opera a transferência dos direitos reais,
porque está ligado à propriedade. Trata-se do contratualismo, levado ao extremo, baseando a
própria estrutura do Estado em um contrato, sob a influência de Rousseau.
Contrato no Código Alemão – O Código Alemão foi editado quase um século após o Código
Francês, fato que estampou um direito diferente tendo em vista o momento histórico. Embora
seja ainda um estatuto burguês (capitalista), suas conceituações técnicas mostraram-se mais
avançadas.
No BGB, o contrato passa a fazer parte do gênero negócio jurídico, sendo que este, por si
só, não transfere a propriedade (esse sistema, embora com suas características,fora adotado
pelo CC de 1916 e pelo atual).
Hoje, contrato, convenção e pacto são palavras sinônimas, apesar da praxe de se
designar os contratos acessórios de pactos (exemplos: pacto antenupcial, pacto comissório...).
FUNDAMENTO DA OBRIGATORIEDADE DOS CONTRATOS
Uma vez ultimado o acordo de vontades, estabelece-se um vínculo obrigacional entre as
partes contratantes, gerando, com o seu descumprimento, uma responsabilidade contratual
(perdas e danos – art. 389, CC). 
Vejamos o que diz o artigo 389 do Código Civil Brasileiro: “Não cumprida a obrigação,
responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices
oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado”.
A explicação da obrigatoriedade dos contratos afasta o interesse particular, atingindo o
âmbito social. Assim, uma vez que um indivíduo, por livre manifestação da vontade, promete dar,
fazer ou não fazer alguma coisa, cria uma expectativa no meio social, que a ordem jurídica deve
garantir. Com efeito, é a lei que torna obrigatório o cumprimento do contrato.
PRINCÍPIOS DO DIREITO CONTRATUAL
• Princípio da Autonomia da Vontade:
O Princípio da autonomia da vontade se alicerça na ampla liberdade contratual, no poder
dos contratantes de disciplinar seus interesses mediante acordo de vontades, suscitando efeitos
tutelados pela ordem jurídica. 
As partes têm a faculdade de celebrar ou não contratos, sem qualquer interferência do
Estado. Podem celebrar contratos nominados ou fazer combinações, dando origem a contratos
inominados. 
A liberdade contratual está prevista no artigo 421 do Código Civil, segundo o qual: “A
liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”. E o
artigo 425 do CC preceitua que: “É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as
normas gerais fixadas neste Código”. 
É importante ressaltar que, atualmente, têm aumentado consideravelmente as limitações à
liberdade de contratar em seus três aspectos: faculdade de contratar e de não contratar,
escolha do outro contraente e conteúdo do contrato.
Muitas vezes, há situações em que à parte não cabe a escolha de contratar ou não. Ela,
praticamente, se vê obrigada a contratar, como no caso do fornecimento de bens e serviços (água,
luz, energia elétrica). A liberdade de escolher o outro contratante também é limitada no caso de
contratação de serviços públicos concedidos sob regime de monopólio, por exemplo. E o conteúdo
do contrato sofre limitação, no tocante à função social do contrato, boa-fé objetiva e pelas
exigências e supremacia da ordem pública, além de outras eventuais limitações.
• Princípio da Relatividade dos Efeitos do Contrato:
Os efeitos do contrato só se manifestam perante as partes, àqueles que manifestaram sua
vontade, vinculando-os ao seu conteúdo e não perante terceiros, os quais não podem ser atingidos
em seu patrimônio. 
Embora ainda subsista, este princípio foi bastante atenuado pelo reconhecimento de que
as cláusulas gerais (inclusive, a função social do contrato), por conterem normas de ordem pública,
não se destinam unicamente a proteger os direitos individuais das partes, mas a tutelar o
interesse da coletividade, que deve prevalecer quando em conflitos com os interesses individuais. 
• Princípio da Obrigatoriedade dos Contratos (Princípio da Intangibilidade dos
Contratos ou Força Vinculante das Convenções):
Significa a irreversibilidade da palavra empenhada e tem por fundamentos: a necessidade
de segurança dos negócios e a imutabilidade ou intangibilidade do contrato, personificada
pela máxima pacta sunt servanda (os pactos devem ser cumpridos),enfim, resumido na
máxima quid contractuel, quid juste!
Segundo este princípio, qualquer modificação ou revogação deve ser bilateral, sob
pena de, em caso contrário, o seu inadimplemento conferir à parte lesada o direito de
fazer uso dos instrumentos judiciários para obrigar a outra parte a cumpri-lo ou a
indenizar pelas perdas e danos, podendo vir a sofrer execução de seu patrimônio. 
Aceita-se, em caráter excepcional, a possibilidade de intervenção do Poder
Judiciário para corrigir desequilíbrios de prestações, ou até mesmo liberar o contratante
lesado e, ainda, para intervir no contrato mediante a aplicação de normas de ordem
pública, quando o interesse coletivo se sobrepor aos interesses dos contratantes.
O Princípio da Obrigatoriedade dos Contratos é consagrado implicitamente no
artigo 389 do Código Civil.
Por fim, é importante que se entenda que essa suavização não significou
desaparecimento desse princípio. Simplesmente, o que não se tolera mais é a
obrigatoriedade quando as partes se encontram em patamares diversos e dessa
disparidade ocorra proveito injustificado. 
• Princípio do Consensualismo
Para o aperfeiçoamento do contrato, basta o acordo de vontades. Esse princípio
decorre da moderna concepção de que o contrato resulta do consenso,independentemente
da entrega da coisa. 
No direito brasileiro, a forma é, em regra, livre. Podendo as partes celebrar contrato
por escrito, público ou particular, ou, ainda, verbalmente. Com exceção dos casos em que a
própria lei, para dar maior seriedade e segurança ao negócio jurídico, exige a forma
escrita ou pública (de acordo com o artigo 107 do Código Civil).
Portanto, o consensualismo é a regra, enquanto que o formalismo é a exceção. 
• Princípio da Supremacia da Ordem Pública
O interesse da coletividade deve sempre prevalecer quando colide com o interesse
individual.
De acordo com Silvio Rodrigues, a “idéia de ordem pública é constituída por aquele
conjunto de interesses jurídicos e morais que incumbe à sociedade preservar. Por conseguinte, os
princípios de ordem pública não podem ser alterados por convenção entre os particulares. Jus
publicum privatorum pactis derrogare non potest”.
O Código Civil, em seu artigo 2.035 proclama: “Nenhuma convenção prevalecerá se
contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar
a função social da propriedade e dos contratos”. 
• Princípio da Boa-fé nos contratos:
De acordo com o artigo 422 do Código Civil, “os contratantes são obrigados a guardar,
assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé”.
 Exige que as partes se comportem de forma correta não só durante as tratativas, como
durante a formação e o cumprimento do contrato. Guarda relação com o princípio de direito
segundo o qual ninguém pode beneficiar-se da própria torpeza. 
O juiz, ao julgar uma demanda em que se discute relação contratual, deve dar por
pressuposta a boa-fé objetiva, a qual impõe ao contratante um padrão de conduta de acordo com
a probidade, a honestidade e a lealdade, nos moldes do homem comum, atendidas as
peculiaridades dos usos e costumes do lugar. 
O princípio da boa-fé se biparte em boa-fé subjetiva, ou concepção psicológica da boa-fé,
e boa-fé objetiva, concepção ética da boa-fé. 
A boa-fé subjetiva diz respeito ao conhecimento ou à ignorância da pessoa relativamente
a certos fatos, sendo levada em consideração pelo direito, para os fins específicos da situação
regulada. Serve de proteção daquele que tem a consciência de estar agindo conforme o direito,
apesar de ser outra a realidade. 
Já a boa-fé objetiva está fundada na honestidade, na retidão, na lealdade e na
consideração para com os interesses do outro contraente, especialmente no sentido de não lhe
negar informações importantes a respeito do objeto e conteúdo do negócio.Portanto, percebe-se que a boa-fé tanto é forma de conduta (subjetiva ou psicológica),
como é norma de comportamento (objetiva). 
• Princípio da Revisão dos Contratos ou da Onerosidade Excessiva
Opõe-se ao Princípio da Obrigatoriedade, pois permite que os contratantes recorram ao
Poder Judiciário, para obterem alteração da convenção e condições mais humanas, em
determinadas situações. Isso ocorre porque, quando da execução da avença, situação diversa
daquela que existia no momento da celebração pode onerar excessivamente o devedor. 
Portanto, com base na Teoria da Imprevisão, há a possibilidade de desfazimento do
contrato, ou simplesmente sua revisão, quando, por eventos imprevisíveis e extraordinários, a
prestação de uma das partes se torna exageradamente onerosa – o que, na prática, é viabilizado
pela aplicação da cláusula rebuc sic stantibus.
INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS
Em direito, a questão da interpretação tem a ver com a lei e o contrato. Embora a
interpretação da lei e do negócio jurídico busquem a mesma finalidade, os princípios que governam
as duas modalidades interpretativas são diversos. Isto porque a lei opera erga omnes enquanto
que o contrato, regra geral, atinge somente os participantes do negócio.
Assim, na interpretação da lei busca-se a intenção do legislador ao disciplinar, indistintamente, a
questão, enquanto que na interpretação do contrato há de se questionar o sentido que as partes
procuraram para gerar os efeitos determinados e por elas pretendidos. Interpretar o negócio
jurídico é precisar o sentido e alcance do conteúdo da declaração de vontade. 
Na relação contratual existem dois elementos que integram qualquer manifestação da vontade.
Um elemento externo que se traduz na declaração contratual propriamente dita e um elemento
interno, ou seja, o que foi realmente pensado, raciocinado e pretendido pelos contratantes.
Deve-se apurar a vontade concreta das partes, não a vontade interna, psicológica, mas a
vontade objetiva, o conteúdo, as normas que nascem de sua declaração. 
Para que tenha efeitos concretos, a vontade contratual não prescinde do trabalho de
hermenêutica realizado pelas próprias partes, nas suas relações jurídicas, e pelo magistrado, na
hipótese de conflito de interesse. 
As regras de interpretação dos contratos contidas no Código Civil (artigos 112, 114 e 819),
primeiramente dirigem-se às partes, principais interessadas no cumprimento do negócio jurídico.
Porém, não havendo entendimento entre elas, a interpretação deve ser realizada pelo juiz. 
A interpretação do contrato pode ser declaratória ou construtiva (integrativa). É
declaratória quando tem como único fim a descoberta da intenção comum dos contratantes no
momento da celebração do contrato. E é construtiva (ou integrativa) quando objetiva o
aproveitamento do contrato, mediante o suprimento de lacunas e pontos omissos deixados pelas
partes. 
A integração contratual se dá por meio de normas supletivas, especialmente as que dizem
respeito à sua função social, ao princípio da boa-fé, aos usos e costumes do local, assim como
buscando encontrar a verdadeira intenção das partes, muitas vezes reveladas nas entrelinhas. 
Na interpretação do contrato, a melhor maneira de apurar a intenção dos contratantes é
verificar o modo pelo qual o vinham executando, de comum acordo. Na dúvida, o contrato deve ser
interpretado da forma menos onerosa para o devedor (in dubiis quod minimum est sequimur).
Todas as cláusulas constantes do contrato devem ser interpretadas sistematicamente. Qualquer
obscuridade deve ser imputada a quem redigiu a estipulação, pois, podendo ser claro, não o foi
(ambiguitas contra stipulatorem est). E, havendo dois ou mais significados para uma mesma
cláusula, interpretar-se-á em atenção ao que pode ser exeqüível, em atendimento ao Princípio da
Conservação ou Aproveitamento do Contrato. 
CRISE DO CONTRATO
A idéia de um contrato absolutamente paritário é aquela ínsita ao direito privado. Duas
pessoas ao tratarem de um objeto a ser contratado, discutem todas as suas cláusulas
minudentemente até chegarem ao momento culminante que é a conclusão do contrato. Este tipo de
contrato, sobreleva a autonomia da vontade, pois existe a igualdade de condições entre as
partes. Não se diga, desde já, que esta forma de contratar desapareceu. Assim, o pacta sunt
servanda, continua a ser o princípio basilar da teoria contratual.
Porém, como podemos perceber, a atual dinâmica social relega a plano secundário esse
contrato paritário. A pessoa jurídica, a empresa, pequena, média ou grande, os grandes
detentores de capital e o próprio Estado são os que fornecem os bens e serviços para o
consumidor final. Os contratos passam a ser negócios de massa, sendo o mesmo contrato, com
idênticas cláusulas, imposto a número indeterminado de pessoas que necessitam de certos bens e
serviços. Em verdade, não há outra solução para a economia de massa e para a sociedade de
consumo. Assim, passou a ser constante o uso do contrato de adesão. 
INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
As regras que ditam as relações de consumo, normalmente, são elaboradas pelo
fornecedor, fazendo com que o consumidor figure no pólo mais fraco da relação. Em vista disso, o
Código de Defesa do Consumidor visa à proteção do hipossuficiente, em todas as relações que
tenham por base uma relação de consumo. 
Segundo o Código de Defesa do Consumidor (lei nº 8.078/90), em seu artigo 47, “as
cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor”. 
Há ainda, no CDC, norma que constitui a um só tempo regra de interpretação e garantia de
prévio conhecimento e entendimento do conteúdo do contrato por parte do consumidor, qual seja,
o artigo 46, que assim dispõe:
Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os
consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar
conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos
forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e
alcance.
E, por fim, diz o seu artigo 54, quanto aos contratos de adesão:
Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela
autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo
fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa
discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. 
Do breve exposto, podemos notar que as regras do CDC estão dispostas de forma a
favorecer o consumidor, figura que por tanto tempo ficou sem proteção ante os fornecedores,
detentores do poder econômico. 
FORMAÇÃO DO CONTRATO
Como negócio jurídico, o contrato necessita, primordialmente, da manifestação da
vontade. Dita vontade negocial constitui-se de um elemento interno (psíquico, que deve ser
exteriorizado para ganhar efeitos jurídicos) e de um elemento externo (declaração da vontade
propriamente dita). A manifestação da vontade (consentimento) seria, em última análise, a adesão
que uma parte dá à outra perante uma oferta.
A partir da existência do consentimento são examinados os outros elementos do contrato: o
objeto, a forma prescrita em lei, a entrega da coisa nos contratos reais, etc.
Na formação dos contratos, a vontade pode ser manifestada de várias formas.
Geralmente, utilizamos a palavra, porém, pode a vontade ser manifestada por uma gesto como, por
exemplo, nos leilões em que a comprador oferece um lance com um simples aceno.
O silêncio, para a manifestação da vontade, funciona tão somente como um silêncio, ou
seja, quem cala não nega, mas também não afirma. Assim,totalmente despropositada a
afirmação “quem cala consente”, a não ser em determinadas situações em que o silêncio,
acompanhado de outras manifestações ou circunstâncias, pode envolver a aquiescência do
contratante. Neste sentido, o art. 111 do CC/2002.
Verdade é que, nos dizeres de Venosa “em qualquer situação em que pretenda examinar o
silêncio como manifestação da vontade, o intérprete deve levar em conta o princípio da boa-fé,
orientador da conduta dos participantes” (In, Direito Civil, Vol II, p. 528).
No capítulo I do título Do Negócio Jurídico do CC, temos o artigo 104, o qual dita alguns
requisitos para que um negócio jurídico tenha validade:
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
Os requisitos ou condições de validade dos contratos são de duas espécies:
• de ordem geral, comuns a todos os atos e negócios jurídicos, como a capacidade do
agente, o objeto lícito, possível, determinado ou determinável, e a forma prescrita
ou não defesa em lei (do artigo 104 CC);
• de ordem especial, específico dos contratos, qual seja, o consentimento recíproco
ou acordo de vontades.
Os requisitos de validade do contrato podem ser divididos em: subjetivos, objetivos e
formais. 
 
• SUBJETIVOS
o Existência de duas ou mais pessoas;
o capacidade das partes;
o aptidão específica para contratar; e
o consentimento ou acordo de vontades entre os contratantes.
• OBJETIVOS
o Licitude do objeto e
o possibilidade física e jurídica do objeto.
OBS: REQUISITO FORMAL
O elemento formal diz respeito à forma do contrato. Atualmente, não há rigor de forma,
pois a declaração de vontade estabelece o liame obrigacional entre os contratantes, gerando
efeitos jurídicos independentemente da forma que se utiliza (seja oral ou escrita). 
A exigência do elemento formal constitui uma exceção, visto que a regra é a liberalidade
de forma, sendo o contrato celebrado pelo livre consentimento das partes. Portanto, só há o rigor
de forma quando a lei o exigir. 
Portanto, para que um contrato seja válido é preciso que se conjuguem requisitos
subjetivos e objetivos, e, ainda, o requisito formal, desde que assim seja exigido pela lei. 
Caso falte algum dos requisitos necessários, o negócio é inválido, não produz o efeito
jurídico em questão e é nulo ou anulável. 
Formação da vontade contratual 
O período de formação dos contratos pode ser mais ou menos longo. Geralmente, os
contratos de maior complexidade exigem um longo período de tratativas e discussões. 
As negociações preliminares são conversações prévias, sondagens e estudos sobre os
interesses de cada contratante. Esta fase não cria direitos, nem gera obrigações e tem por
objeto o preparo do consentimento das partes, por isso não estabelece qualquer vínculo
contratual. São meras negociações preparatórias, não sendo elemento de formação da relação
contratual. Nas negociações preliminares são estudadas probabilidades. O iniciador não é
proponente. 
A depender das promessas que são feitas ainda nesta fase de negociações - perceba que
não existe sequer uma promessa de contratar -, eventuais responsabilidades serão
extracontratuais ou aquilianas, uma vez que contrato ainda não há. Nesta fase pode surgir a
minuta, que é um esboço de um futuro contrato, a qual, apesar de não obrigar, pode ser levada em
conta na interpretação contratual.
Diferente em se tratando de oferta que não pode ter o mesmo tratamento jurídico das
meras tratativas. Perceba que a minuta assinada por uma das partes pode ter o condão de
equiparar-se à oferta.
A oferta, também denominada de policitação, é a primeira fase efetiva do contrato. Na
proposta existe uma declaração de vontade pela qual uma pessoa (proponente) propõe a outra
(oblato) os termos para a conclusão de um contrato, bastando a mera aceitação do oblato para que
o contrato se aperfeiçoe.
 Assim dispõe o artigo 427 do Código Civil: “A proposta de contrato obriga o proponente,
se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do
caso”.
A OFERTA NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
A proposta nos contratos que envolvem relação de consumo é regulamentada nos artigos
30 a 35 do Código de Defesa do Consumidor (lei nº 8.078/90).
Assim como o Código Civil, o CDC também exige que a proposta seja séria, clara e precisa,
além de definitiva. A distinção básica é que no CDC a oferta destina-se á contratação em massa,
como regra geral. 
Quanto aos efeitos, a recusa indevida de dar cumprimento à proposta enseja execução
específica, com base nos artigos 35, I e 84, consistindo opção exclusiva do consumidor a
resolução em perdas e danos. 
Vejamos o que diz os referidos artigos:
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar
cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor
poderá, alternativamente e à sua livre escolha:
 I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da
oferta, apresentação ou publicidade;
 II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
 III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia
eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e
danos.
Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de
fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação
ou determinará providências que assegurem o resultado prático
equivalente ao do adimplemento.
 § 1° A conversão da obrigação em perdas e danos somente
será admissível se por elas optar o autor ou se impossível a tutela
específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.
 § 2° A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da
multa (art. 287, do Código de Processo Civil).
 § 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo
justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz
conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu.
 § 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, impor multa
diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente
ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o
cumprimento do preceito.
 § 5° Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado
prático equivalente, poderá o juiz determinar as medidas necessárias,
tais como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas, desfazimento
de obra, impedimento de atividade nociva, além de requisição de força
policial.
Como se observa, o artigo 35 do CDC, além de dar ao consumidor a opção de poder
preferir a execução específica (inciso I), preceitua que ele pode optar por aceitar um outro
produto ou prestação de serviço equivalente (inciso II) ou, ainda, por rescindir o contrato, com
restituição da quantia eventualmente paga, monetariamente atualizada, e perdas e danos (inciso
III). 
Segundo o artigo 34 do CDC, há solidariedade entre o fornecedor e seus prepostos ou
representantes autônomos.
E toda informação ou publicidade, desde que suficientemente precisa, veiculada por
qualquer forma ou meio de comunicação, com relação a produtos ou serviços oferecidos ou
apresentados, obriga o fornecedor, integrando o contrato. 
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa,
veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a
produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que
a fizer veicular ou dela se utilizare integra o contrato que vier a ser
celebrado.
Portanto, se certa propaganda, menciona claramente que o produto terá determinadas
características, estas informações erigem-se à condição de verdadeiras cláusulas contratuais. 
Propostas feitas por meio de exibição de mercadorias em vitrinas, catálogos e anúncios
nos diversos meios de divulgação vinculam o ofertante, que deve assegurar não apenas o preço e
as características dos produtos, mas também as quantidades disponíveis em estoque, sob pena de
responsabilidade. 
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
No direito romano – Nas Institutas de Gaio, os contratos eram classificados em reais
(que implicam na entrega de uma coisa), verbais (aqueles que se formam com o pronunciamento de
certas palavras – stipulatio), literais (aqueles que necessitam da escrita) e consensuais (dependem
somente do consentimento das partes, independentemente de qualquer forma oral ou escrita).
Contratos unilaterais e bilaterais – no que tange ao momento de formação do ato jurídico, todo
contrato é bilateral. Porém, a distinção que aqui se faz é em relação ao acordo de vontades
entre as partes que pode criar obrigações recíprocas ou não. Assim, contrato bilateral é aquele
em que há prestações para ambas as partes, como numa compra e venda em que o vendedor
entrega a coisa e o comprador paga o preço. Outros exemplos são a troca, a locação, a
empreitada, a sociedade, a doação com encargo, etc.
Os contratos unilaterais são aqueles que, embora envolvam duas partes e duas declarações de
vontade, apenas um contratante fica na posição de devedor. O mandato, doação, fiança, comodato,
mútuo e o depósito, por exemplo.
PS – na verdade, não é a nomenclatura do contrato que vai dizer se ele é sinalagmático ou
não, pois mesmo o mandato, v.g., pode ser remunerado. Por outro lado, perceba a importância
dessa distinção, pois a exceptio non adimpleti contractus é peculiar às convenções
sinalagmáticas; por outro lado, os riscos também irão variar de acordo com a natureza dos
contratos. (art. 392) 
A doutrina critica os chamados contratos bilaterais imperfeitos, ou seja, aqueles que
começam unilaterais e depois surgem obrigações para a parte não onerada, em razão de
acontecimentos acidentais. É o caso do depósito em que o depositante é obrigado a pagar ao
depositário as despesas feitas com as coisas e os prejuízos que do depósito advierem (art. 643).
Outros exemplos seriam o mandato retribuído ou o depósito remunerado, porém esses contratos
são simplesmente eventuais. (assim, os contratos bilaterais imperfeitos não deixam de ser
unilaterais)
Ver art. 476. Exceptio non adimpleti contractus (a propósito esse princípio não é de
origem romana, mas posterior). Esse princípio é uma aplicação do princípio da boa-fé dos
contratos. Na mesma mão desse princípio, existe o non rite adimpleti contractus que é, não o
descumprimento, mas uma inexecução parcial, incompleta ou defeituosa. Diga-se que as
conseqüências são praticamente as mesmas, a depender do juiz da causa, que analisará o caso
concreto
Por sua vez, o art. 475 dispõe que “a parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do
contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização
por perdas e danos”. É a chamada cláusula resolutória implícita, presente nos contratos
bilaterais.
PS – as partes podem fixar (cláusula resolutória explícita – pacto comissório explícito) outras
indenizações, porém a resolução em caso de descumprimento só pode ocorrer por uma decisão
judicial.
Há ainda a chamada cláusula solve et repete que é quando, dentro do princípio da autonomia da
vontade, as partes abrem mão do direito assegurado pelo art. 476 para, somente pleitear perdas
e danos. Não precisa lembrar que dita cláusula é totalmente absurda na relação de consumo, mas
perfeita na relação civil.
Contratos gratuitos (ou benéficos) e onerosos – Nos contratos gratuitos toda a carga
contratual fica por conta de um dos contratantes, sendo que o outro só pode auferir benefícios
do negócio (daí a denominação de contratos benéficos). Como exemplo, temos o encargo, o
comodato, o mútuo sem juros, o depósito e o mandato gratuito.
Perceba que não deixa de ser gratuito o contrato que circunstancialmente impõe deveres
à parte beneficiado, como é o caso do mandato gratuito, quando o mandante deve reembolsar o
mandatário das despesas para o desempenho do mandato (arts. 675 e 678). Isto porque esta
obrigação não retira o caráter de gratuito do mandado, diferente de uma remuneração por seu
desempenho.
Nos contratos onerosos, ambos os contratantes têm direitos e deveres, vantagens e
obrigações, estando a carga contratual repartida entre eles. Como exemplos temos a permuta,
compra e venda, locação, empreitada, etc.
PS – todo contrato bilateral é oneroso, porém pode haver contrato unilateral que também
o seja, como é o caso do mútuo feneratício (empréstimo em dinheiro), quando se convenciona o
pagamento de juros.
A importância dessa classificação está na interpretação, pois os contratos benéficos (gratuitos)
sofrem interpretação restritiva (art. 114). Assim, em sede de ato ilícito, a conduta do onerado no
contrato gratuito deve ser vista com maior cautela, pois somente responderá se agir como dolo.
Outras situações são: no caso de revogação do negócio por fraude, os atos gratuitos são vistos
com maior rigor, presumindo a lei o consilium fraudis (art. 158 e 159); o doador não está sujeito à
evicção (art. 552), nem responderá aos vícios redibitórios. Por exemplo ninguém pode pedir
indenização por ter recebido a coisa doada com defeito, a não ser que tenha ocorrido dolo.
Contratos comutativos e aleatórios – Esta divisão é específica dos contratos bilaterais e
onerosos. Assim, os contratos bilaterais e onerosos podem ser comutativos ou aleatórios. 
É comutativo o contrato em que os contraentes conhecem desde logo suas respectivas
prestações. Na ideia de comutatividade, se insere a de equivalência das prestações, pois, em tese,
cada um se obriga a um sacrifício se obtém em troca aquilo que lhe for equivalente.
Aleatório é o contrato bilateral e oneroso em que ao menos uma das partes não antecipar
o montante da prestação que receberá, em troca da que fornece. Compra-se um risco, como no
contrato de seguro em que o segurado, em troca do prêmio, pode vir a receber a indenização, se
advier o sinistro, ou nada receber, se este inocorrer. Assim, o contrato aleatório funda-se na
álea, sorte, ao menos para uma das partes.
O contrato aleatório poderá ser por sua própria natureza (seguro, jogo, aposta e
constituição de renda), ou a álea pode resultar da vontade das partes, como por exemplo, numa
compra e venda (comutativo) ser transformado em aleatório por convenção das partes, como a
aquisição de uma colheita futura.
Em princípio, a distinção é importante, pois somente os contratos comutativos estão
sujeitos à lesão, porém alguns contratos aleatórios (principalmente aqueles regulados pelo CDC)
podem ser aplicados o instituto da lesão. A evicção e os vícios redibitórios, por sua vez,
restringem-se ao campo dos contratos comutativos 
PS – ver nota de aula acerca dos contratos aleatórios no CC/2002. 
Contratos típicos e atípicos – nominados e inominados – a distinção agora é a de saber
se estamos diante de um contrato pré-definido pelo Código Civil (nominados ou típicos) ou não.
Logicamente, pela autonomia da vontade, infinitos contratos podem surgir, desde que lícitos, que
não estejam previamente tipificados no Código. São os atípicos ou inominados. Veja a dicção do
art.425, CC.
Em verdade, existem contratos típicos em desuso (constituição de renda, por exemplo) e
atípicos em pleno vigor (leasing, franquia, etc). O que importa é indagarmos qual a intenção das
partes na confecção do contrato, pois a grande maioria dos contratos são atípicos, com diversas
nuances. Imagine uma compra e venda de equipamentos de informática com cessão gratuita de
software (a cessão depende da compra e venda).
Para a disciplina jurídica dos contratos atípicos, temos três teorias: teoria da absorção,
em que o intérprete deve procurar a categoria do contrato típico mais próxima e aplicar sues
princípios; teoria da extensão analógica, aplicam os princípios dos contratos que guardam certa
semelhança; teoria da combinação, procura aplicar os princípios de cada contrato típico
envolvido.
Temos como certo que a interpretação dos contratos atípicos, a despeito dessas teorias,
deve ser feita perscrutando a real intenção das partes e os princípios gerais que regem os
negócios jurídicos e os contratos em particular.
Apenas como exemplo, podemos citar como contratos atípicos os de hospedagem, garagem,
publicidade, excursão turística, espetáculos artísticos, feiras e exposições, serviços de buffet,
manutenção de equipamentos, diversos contratos bancários, etc.
Contratos consensuais e reais – são consensuais os contratos que se aperfeiçoam pelo
mero consentimento, seja este formal ou não. São reais os contratos que só se aperfeiçoam com a
entrega da coisa que constitui seu objeto.
São reais o comodato, o mútuo, o depósito, contrato estimatório, constituição de renda e
penhor. São consensuais a compra e venda, a locação ou mandato, dentre outros.
Perceba que nessa distinção, nos contratos reais pode gerar uma obrigação de restituir. 
Contratos solenes e não solenes – via de regra, o contrato só deverá conter uma fórmula
se assim for determinado por lei. Na omissão legal, o contrato vale e é eficaz qualquer que seja a
sua forma.
Assim, são formais os contratos cuja validade depender da observância de uma forma
preestabelecida pela lei. Os contratos, além de formais podem ser também solenes, ou seja, a
formalidade do contrato tem caráter constitutivo, devendo rigorosamente ser obedecida a sua
formalidade (exigem, inclusive escritura pública). Outros, meramente solenes, a forma é exigida
por lei ad probationem. (a exigência é de que sejam escritos).
É bem verdade que a forma sempre será excepcional somente decorrendo de imposição pela lei
(art. 107, CC). Porém, a liberdade sofre importante restrição, pois a prova exclusivamente
testemunhal só se admite nos contratos cujo valor não exceda a dez vezes o salário mínimo (art.
401, CC).
No que tange aos direitos reais, convém lembrar que o art. 108 do CC dispõe que a escritura
pública é indispensável aos direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o salário
mínimo vigente.
Contratos principais e acessórios – um contrato é principal quando não depende juridicamente
de outro. Por oposição, será acessório o contrato que existe dependência jurídica de outro. A
fiança é contrato tipicamente acessório, pois só existe para garantir o cumprimento de outro
contrato.
Geralmente, os contratos acessórios servem de garantia (hipoteca, penhor, caução, fiança, etc).
EFEITOS DOS CONTRATOS COM RELAÇÃO A TERCEIROS – regra geral, pelo princípio da
relatividade, os contratos não beneficiam nem prejudicam terceiros, pois somente vinculam as
partes envolvidas. Estes “terceiros” são pessoas que não participam do contrato, sendo a relação
jurídica absolutamente alheia a ele. Nada impede, porém, que haja nos contratos, repercussões
em relação a terceiros, até mesmo porque em sociedade não existe uma previsão exclusivamente
individual, pois seus membros interagem permanentemente.
Contratos em favor de terceiros – aqui temos a previsão de pessoas que não participam
da relação jurídica, mas podem ser chamados a fazê-lo. Há estipulações em favor de terceiros
quando uma das partes contrata em seu próprio nome com a outra, que se obriga a cumprir
determinada obrigação em relação a um terceiro (beneficiário). O mais comum é atribuir ao
terceiro um direito de crédito, como é geralmente feito nos seguros de vida.
Perceba que parte no contrato é o estipulante (aquele que estipula em favor do terceiro) e
este pode exigir o cumprimento do contrato (art. 436). O terceiro beneficiário, nos termos do
art. 438 também possui a legitimidade para exigir o cumprimento do contrato.
Contrato com pessoa a declarar – Dá-se quando o contratante se reserva o direito de
fazer figurar outra pessoa em sua posição contratual. O instituo é comum em contrato de
promessa de compra e venda de imóveis quando o promissário-comprador atribui-se a faculdade
de indicar terceira pessoa na escritura definitiva. 
Perceba que não se trata de cessão da posição contratual (já estudada em Direito das
Obrigações), na qual exigiria um negócio trilateral. Aqui há mera faculdade de o contratante
indicar um terceiro, que poderá acontecer ou não, sendo sua característica a indeterminação. A
previsão encontra-se no art. 467: “no momento da conclusão do contrato, pode uma das partes
reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos a assumir as obrigações
dele decorrentes”. Seguindo nos demais artigos.
“Assim, no contrato com pessoa a declarar o agente contrata em seu próprio nome, mas se
reserva o direito de indicar um outro sujeito para figurar como parte contratual, que pode ser
denominado ‘contraente in eligendo’.
Contudo, se a nomeação não for idônea, no prazo e na forma corretos, o contratante
originário permanece na relação contratual, assim como se o indicado era insolvente, com
desconhecimento da outra parte. Da mesma forma ocorrerá, se o nomeado era incapaz no
momento da nomeação ou ao menos quando da assunção da posição contratual. Também
permanecerão os partícipes originários, se o nomeado não aceitar a posição contratual” (Venosa)
Promessa de fato de terceiro – Nesta hipótese, o contratante não beneficia terceiro, mas se
responsabiliza por uma prestação de terceiro. Óbvio que, como o terceiro não pode ser
responsabilizado pela avença, se o contratante não obtiver o fato prometido, responderá por
perdas e danos.
A situação mais corriqueira é a de um empresário que se compromete a apresentar um
espetáculo de um determinado artista. Não cumprida a obrigação, responderá por perdas e danos
(art. 439).
A obrigação do promitente nestes casos é de resultado, ou seja, ele se compromete a
tecer todos os esforços para conseguir a prestação. O novo Código Civil faz ressalva acerca do
tema no p.u. art. 439 e 440.
VÍCIOS REDIBITÓRIOS – A obrigação do vendedor ou do transmitente da coisa não
termina com a entrega da res. O alienante deve garantir ao adquirente que ele possa usufruir da
coisa, conforme sua natureza e destinação. Assim, deve o alienante abster-se de praticar
qualquer ato que implique turbação do direito adquirido, deve, também, evitar que terceiros
turbem o exercício desse direito e assegurar a materialidade idônea da coisa, garantindo o
adquirente dos vícios ocultos. 
A garantia dos vícios redibitórios está presente não só nos contratos de compra e venda,
mas em todos aqueles em que há a transferência da posse. Deriva do próprio princípio da boa-fé
dos contratantes.
Na doutrina, os vícios de fato são os vícios redibitórios, enquanto que os vícios de direito
é a evicção.
Conceito – o art. 441 do CC, encarrega-se de conceituar os vícios ocultos: a coisa
recebida em virtude de contrato comutativopode ser enjeitada por vícios ou defeitos
ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que se destina ou lhe diminuam o valor. 
Perceba de antemão de somente nos contratos comutativos é possível o vício redibitório,
pois o contrato aleatório é incompatível com essa modalidade, pelo menos no que tange à parte
sujeita à álea. 
Por outro lado, fez bem a nossa lei ao disciplinar os vícios redibitórios de forma
generalizada e não dentro da compra e venda, pois tal instituto aplica-se aos contratos
comutativos em geral.
A garantia refere-se a vícios ocultos na coisa, no tempo da transmissão, pois infere-se que
o negócio não teria se realizado caso o adquirente soubesse da existência do defeito na coisa.
A noção aplicas-se aos contratos comutativos, porém poderá ser aplicada também à
doação onerosa.
Contudo, não é todo e qualquer vício que se traduz em redibitório, mas tão somente aquele
que torne a coisa imprópria ao uso ou diminua o seu valor. Quem compra um cavalo de corridas,
com uma doença no coração que o impede de correr, adquire o semovente com vício oculto que o
torna impróprio ao uso a que se destina. Porém esse mesmo cavalo pode ser adquirido para puxar
carroça (ou para o abate, sendo um boi, por exemplo) e a doença em nada afeta o animal.
Por fim, podemos dizer que os vícios devem ser analisados pela noção do homem médio, não
podendo reclamar pelo vício quem adquire produto usado e avariado com a ressalva do vendedor
de que a coisa é entregue no estado em que se encontra.
Distinção entre vício redibitório e inadimplemento contratual – No vício redibitório o
contrato é cumprido de maneira imperfeita, enquanto no inadimplemento contratual é ele
descumprido. Assim, se alguém compra café de um tipo e recebe de outro, não há vício
redibitório, mas inadimplemento, pois o vendedor prometeu entregar uma coisa e entregou outra.
Da mesma forma se alguém adquire um automóvel ano 2003 e quando recebe, percebe que o
modelo era 2002/2003. O negócio pode ser desfeito, com perdas e danos, nos termos do art.
389, CC/2002.
No vício redibitório o defeito além de oculto é excepcional em mercadorias semelhantes
não podendo o adquirente, ordinariamente, contar com a presença de tal defeito na coisa
comprada.
Distinção entre vício redibitório e erro essencial – quando o erro essencial diz respeito
à qualidade essencial do objeto principal da declaração (art. 139, I), em muito se assemelha ao
vício redibitório. Porém no erro sobre o objeto da declaração ou qualidade a ele essencial, a coisa
objeto da declaração é outra, diferente da que o declarante tinha em mente. O exemplo clássico é
o dos candelabros prateados que o adquirente pensa ser de prata. O fato de o mesmo ser apenas
prateado não representa um defeito ou um vício, apensa existe uma disparidade entre a vontade
do comprador e o propósito do vendedor, suscetível de anulação.
No vício redibitório, o negócio é ultimado tendo em vista um objeto com aquelas
qualidades que todos esperam que ele possua. Porém, o objeto, fugindo da sua normalidade,
apresenta um vício particular e não comum aos demais bens de sua espécie. Desta forma, se
alguém adquire ovelhas para reprodução, logicamente as imagina férteis. Se descobre depois a sua
infertilidade, seria o caso de vício oculto.
No erro essencial, o defeito é subjetivo, pois existe um ato volitivo que não teria se
externado caso o adquirente tivesse exata noção do que estava adquirindo; enquanto que no vício
redibitório, o defeito é objetivo, pois a coisa apresenta uma imperfeição a ela peculiar, mas que
não é encontrável na maioria das coisas semelhantes.
A diferença reveste-se de caráter prático, pois no erro essencial a competente ação é a
ação anulatória, com prazo prescricional de 04 anos (art. 178, II), enquanto que no vício
redibitório, a ação será a ação redibitória ou a quanti minoris e o prazo será aquele ditado
pelo art. 445. 
Efeitos – duas são as ações que poderão ser intentadas, a critério do credor: a ação
redibitória e a ação de quanti minoris (art. 442). Escolhida uma ação, não caberá ao adquirente
mudar posteriormente. Em defesa, poderá o réu alegar que o defeito era do conhecimento do
autor, ou que o mesmo se originou após a transferência, podendo, ainda, ter ocorrido a renúncia
da garantia ou a decadência do prazo de reclamação.
Se a coisa não mais existe, remanesce o direito de redibição, porém se a coisa foi
transformada, não pode o contratante ser compelido a receber coisa diversa da que entregou,
havendo neste caso somente a ação estimatória (também denominada edilícias, tendo em vista as
suas origens).
Há uma aplicação da teoria do dolo no que tange ao vício redibitório: se o alienante sabia
do defeito e mesmo assim o vendeu, responderá pelo defeito mais as perdas e danos; se não
houve culpa, restituirá o valor singelamente, além das despesas de contrato. 
Na relação civil, podem as partes, diante da autonomia da vontade, renunciar, ampliar ou
diminuir a garantia redibitória, não sendo permitida tal situação no que tange às relações de
consumo.
Prazos – O prazo para a redibitória e para a estimativa é prazo decadencial e começa com
a entrega do bem (nem sempre a entrega do bem se dá com a assinatura do contrato).
No CC/1916 o prazo era de 15 dias para coisas móveis e seis meses para coisas imóveis
(art.178, §§ 2° e 5°).
No atual Código, pecou o Código por não acompanhar o CDC, criando duas situações. Assim,
no art. 445, estabelece o prazo de 30 dias para o adquirente obter a redibição ou o abatimento no
preço, se a coisa for móvel e um ano em se tratando de coisa móvel. Referido dispositivo
acrescenta ainda que se o adquirente já estava de posse da coisa, o prazo conta-se da alienação,
mas reduzido da metade. (melhor seria se o legislador mantivesse os prazos, contando-os a partir
da posse).
Para os casos em que os vícios só podem ser percebidos mais tarde, dispõe o parágrafo
primeiro do art. 445 que: quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais
tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele se tiver ciência, até o prazo máximo
de cento e oitenta dias em se tratando de bens móveis; e de um ano para os imóveis. 
Em relação aos animais, há previsão específica no art. 445, § 2° a ser disciplinada em lei
especial.
Por fim, o art. 446, em verdadeiro confusão, por demonstra não conhecer o CDC,
determina: não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de
garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes
aos seu descobrimento, sob pena de decadência.
Perceba que esse prazo de trinta dias não é para o ingresso judicial (que se mantém o
mesmo), mas sim para a comunicação formal ao fornecedor do defeito no produto, solicitando
providências. Feito isto, o prazo decadencial para a ação continua o mesmo. 
EVICÇÃO – Como já vimos, existe um conjunto de garantias que o alienante, por força de lei, está
obrigado na transferência da coisa ao adquirente. Na evicção, o dever de garantia refere-se a
eventual perda da coisa, total ou parcial, cuja causa seja anterior ao ato de transferência.
Assim, a evicção garante contra os defeitos de direito, da mesma forma que os vícios redibitórios
garantem contra os defeitos materiais.
Regra geral, todos os contratos onerosos possuem essa garantia, não sendo existente nos
contratos gratuitos, pois nestes não existe um prejuízo. Porém nada impede que as partes
estipulem a garantia também nos contratos gratuitos.
“Desse modo, para que se torne operativa essa garantia, é necessário que exista uma
turbaçãode direito com relação à propriedade ou posse do adquirente e que esse terceiro
invoque um título anterior ou contemporâneo ao negócio que atribuiu a coisa ao adquirente. A
perda da posse ou da propriedade põe em marcha o direito de evicção. O termo vem de
evincere, ex vincere, vencer, colocar de lado, excluir. Nossa língua possui o verbo evencer,
com sentido técnico. Evictor é o que se vence, o vencedor que fica com a coisa; evicto é o
que se vê despojado dela, o excluído, o perdedor. No caso, o evicto está intitulado aos
direitos decorrentes da evicção. (Venosa, Sílvio de Salvo. Direito Civil. Atlas, 2004. p. 580).
Na evicção existem o adquirente (que será evicto), o evictor (terceiro que reivindica a
coisa) e o alienante (que responderá pela evicção perante o adquirente. Havendo ação possessória,
que possui caráter dúplice, tanto o réu quanto o autor poderão ser evictos, por isso o CPC estipula
que haverá obrigatoriedade da denunciação da lide para a proteção dos direitos de evicção ao
autor e ao réu.
Requisitos – Inicialmente, é mister que ocorra uma perturbação de direito fundada em
causa jurídica. Uma turbação de fato provenientes de terceiros devem ser protegidas pelo
próprio adquirente, que tem à sua disposição os remédios possessórios. Essa perturbação pode
fundar-se em direito real (propriedade, usufruto, etc) ou pessoal (arrendamento, etc) arvorado
pelo terceiro em relação à coisa.
Em segundo, o vício deve ser anterior ou concomitante à alienação, pois se o vício tem
origem posterior ao negócio, a responsabilidade é do novo dono. Nos vícios redibitórios, o
momento em que se examina sua existência é a tradição; na evicção, é o momento da
transferência da posse ou da propriedade, a data, enfim, da formalização do negócio
jurídico.
Por último, há a necessidade de existir uma sentença, pelo qual o adquirente perde o uso,
posse ou propriedade, para que haja o instituto da tradição.
Requisitos da existência de sentença judicial (segundo Venosa) – a doutrina,
sistematicamente, vem adotando essa exigência para a possibilidade de evicção. Sílvio Rodrigues é
categórico acerca da existência da sentença judicial. Washington de Barros também.
Porém, a realidade do mundo contratual já não permite uma posição estanque. Segundo
Venosa, qual a diferença entre o adquirente de imóvel que o perde por decisão judicial, porque o
alienante não era proprietário, e o adquirente de veículo, que o perde porque a autoridade policial
o apreende por se tratar de coisa furtada com documentação falsificada, mas emitida pelo
Estado? Ora, a decisão administrativa, nesse sentido, eqüivale a uma decisão judicial.
É bem verdade, contudo, que o direito de terceiro deve apresentar-se de forma precisa e
cristalina. Na dúvida, a mais remota que seja, haverá a necessidade de sentença judicial
transitada em julgado. Até mesmo porque o alienante pode defender-se (e por isso é obrigatória a
denunciação da lide), sustentando que a posição do terceiro não é pacífica. Convém lembrar ainda
– como vermos a seguir – que não haverá responsabilidade pela evicção quando o evicto sabia que a
coisa era alheia ou litigiosa (art. 457), até mesmo porque paira em todas as modalidades de
garantia a boa-fé nos contratos.
Obrigatoriedade de denunciação da lide – Dispõe o art. 456 que o adquirente deverá
notificar do litígio o alienante, para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta. Assim,
sem a denunciação da lide (art. 70, CPC), o adquirente decai do direito à evicção.
Pode acontecer que o vício jurídico no título seja anterior ao próprio alienante e este
tenha que também exercer a denunciação, sob pena de perder seu próprio direito de evicção,
formando uma cadeia de litisdenunciados. Porém, segundo o art. 73 do CPC, prevê que o
denunciado poderá intimar o responsável pela indenização. Assim, não se estabelecerá uma cadeia
de lides secundárias, pois a lei ao determinar a intimação e não a citação do segundo denunciado,
não o coloca automaticamente em parte. Assim, o denunciado poderá, depois, se haver da ação
regressiva, porém em nada obsta que o segundo denunciado atue como assistente, pois tem
interesse (e muito) na causa.
Concordamos, também, com Venosa quando afirma que a exigência absoluta da
litisdenunciação não inibe, sem sua falta, a ação de indenização decorrente dos princípios
gerais, do inadimplemento dos contratos, ação essa transmissível aos herdeiros e legatários.
A evicção, por fim, pode ser total ou parcial, podendo haver exclusão contratual,
diminuição ou aumento da responsabilidade, existente, inclusive, nas aquisições judiciais,
conforme se demonstra com a leitura dos artigos correspondentes.
Contratos aleatórios no Código Civil – artigos 458 a 461. O art. 458, CC, trata dos
contratos aleatórios cujos riscos sejam assumidos por um dos contratantes. Nesse caso, o outro
contratante terá direito a todo o preço ou o que foi prometido no contrato, salvo culpa sua.
Trata-se de contrato emptio espei (ou emptio rei), ou seja, venda de esperança. Exemplo
clássico é o da compra da rede do pescador. Pode ocorrer de o arremesso da rede nada captar,
mas, mesmo assim, será devido o preço combinado, pois foi uma esperança que se adquiriu.
O art. 459, CC, trata da emptio rei esperatae (venda de coisa esperada). O risco nesse
caso diz respeito apenas à quantidade que pode ser maior ou menor. Nada impede porém que as
partes assegurem uma quantidade mínima ou um pagamento mínimo. Como exemplo, tomemos a
compra de uma colheita em que se garante uma quantidade mínima. Diferente do artigo anterior,
se nada vier a existir, o alienante é obrigado a restituir o preço.
Para concluir podemos dizer que nas vendas futuras há duas espécies de áleas descritas
pelo Código. Na emptio spei (art.458), a álea diz respeito à própria existência da coisa objeto do
contrato; na emptio rei esperatae (art. 459), a álea diz respeito apenas à quantidade da coisa
esperada. Na verdade, somente os usos e costumes da localidade onde o contrato foi feito,
poderá determinar, com certeza, a intenção das partes na contratação.
Orlando Gomes aduz que haverá venda de esperança, se a existência de coisas futuras
depender do acaso e haverá venda de coisa esperada se a existência de coisas futuras está
na ordem natural. Assim, uma colheita, por exemplo, será objeto de emptio rei esperatae, pois é
de se esperar normalmente que haja frutificação. Na dúvida, prefere-se a emptio rei esperatae
por ser mais favorável ao comprador.
O art. 460, por sua vez, trata da venda de coisas expostas à risco. Daremos um exemplo:
imagine a compra de uma mercadoria situada em zona de guerra ou em uma região em estado de
calamidade pública. O adquirente ao contratar, assume o risco de a coisa não mais existir quando
da tradição. Assim, a álea desse contrato reside exatamente na assunção do risco por parte do
comprador, risco este que, evidentemente, influi nas condições do contrato.
Pelo art. 461, agirá com dolo aquele que já sabia que as mercadorias contratadas já não
correm mais risco ou o alienante que sabe não existir as mercadorias. Perceba que os riscos
aqui tratados são em função da existência total ou parcial das coisas, não se confundindo
com os vícios redibitórios, próprios dos contratos comutativos.
Contrato preliminar – A conclusão de um contrato representa, indiscutivelmente, um acréscimo
patrimonial para uma das partes. Ocorre, assim, que os contratos devem ser frutos de infindáveis
tratativas com viagens, estudos preliminares, desgastes psicológicos, pareceres, etc. Podemos
dizer que o contrato – como acordo de vontades – adquire umvalor que extravasa pura e
simplesmente seu objeto.
Em razão disso, pode às partes não parecer oportuno, possível ou conveniente contratar de forma
definitiva, mas por outro lado, pode parecer inconveniente também nada contratar, pois pode se
perder toda essa custosa fase preparatória.
Nessas premissas, partem as partes para uma contratação preliminar, antevendo um futuro
contrato, gerando deveres e obrigações a uma ou ambas as partes. Terminologicamente, podemos
dizer que com o contrato preliminar as partes buscam a conclusão de um contrato principal ou
definitivo.
Em verdade, embora tenha cunho preliminar ou preparatório, esse negócio possui todas as
características de um verdadeiro contrato, não se confundindo com as negociações preliminares
que, por sua vez, não geram direitos nem deveres (à exceção da responsabilidade pré-contratual).
Assim, o contrato preliminar já possui res, pretium et consentium, gozando de todos os requisitos
de um contrato. As partes querem um contrato, mas não querem que todos os sues efeitos operem
de imediato, mas como negócio jurídico que é goza de autonomia.
No contrato preliminar o promitente se compromete a uma obrigação de fazer
(apresentar o contrato definitivo) que, em caso de impossibilidade de execução específica do pré-
contrato, ainda se resolverá em perdas e danos.
Diante do exposto, quando se trata de compromisso de compra e venda de imóveis,
por exemplo, na recusa do promitente vendedor em outorgar a escritura definitiva, a lei
confere, sob determinadas condições, a permissão ao adquirente de obter uma sentença que
substitua a escritura, por meio da ação de adjudicação compulsória. (ver art. 463, CC).
Contrato com pessoa a declarar – Inicialmente, devemos ter em mente que o contrato,
fonte dos direitos pessoais, regra geral, só ata os participantes não podendo beneficiar ou
prejudicar terceiros, como aplicação do princípio res inter alios acta, aliis neque nocet neque
potest. 
Mas determinadas situações (contratos em favor de terceiros, promessa de fato de
terceiro e contrato com pessoa a declarar), podem contemplar o benefício ou o prejuízo em
relação a terceiros. Vejamos, por ser a parte que nos cabe, o contrato com pessoa a declarar,
previsto nos artigos 467 a 471 do CC.
O contratante pode reservar-se o direito de fazer figurar uma outra pessoa em sua
posição contratual, sendo muito comum, prefalada situação, nos compromissos de compra e venda
de imóveis, nos quais ao promissário comprador atribui-se a faculdade de indicar terceiro para
figurar na escritura definitiva. Essa cláusula especial, que pode existir em qualquer contrato,
principalmente nos onerosos, e denominada pro amico eligendo. 
Podemos salientar desde já que, por óbvio, o terceiro deve aceitar a posição que está
assumindo, sob pena de responder o contratante original.
A característica do contrato de pessoa a declarar é a indeterminação, que durante algum
tempo se mantém, com relação a uma das partes, facilmente perceptível com a leitura acurada do
art. 467.
A forma como se dá a contratação está discriminada nos artigos 468 e ss, sendo certo que
se a nomeação não for idônea, no prazo e na forma corretos, o contratante originário permanece
na relação contratual, assim como se o indicado era insolvente, com desconhecimento da
outra parte. Da mesma forma ocorrerá, se o nomeado era incapaz no momento da nomeação
ou ao menos quando da assunção da posição contratual, também permanecendo os partícipes
originários se o nomeado não aceitar a posição contratual.
 
EXTINÇÃO DOS CONTRATOS – A obrigação, como direito pessoal, possui como característica
o seu caráter transitório. Atingida a finalidade para a qual foi criada, a obrigação extingue-se. No
que tange à extinção dos contratos, a doutrina diverge quanto à denominação de seus institutos.
Assim, a extinção contratual se dá de forma normal, pelo pagamento e suas nuances, ou de forma
anormal, como passaremos a disciplinar.
Resilição dos contratos – a resilição, expressão importada do direito francês, é a cessação
do vínculo contratual pela vontade das partes, ou por vezes, de uma das partes. É portanto, termo
reservado para o desfazimento voluntário do contrato.
A rescisão, por sua vez, traz a ideia de extinção contratual por culpa, sendo
originariamente associada ao instituto da lesão. Assim, geralmente, quando uma parte imputa à
outra o descumprimento de um contrato, pede a rescisão em juízo e o juiz a decreta.
O distrato, por sua vez, é espécie bilateral de resilição. Assim, a extinção do contrato, ou
melhor, a resilição do contrato por ambas as partes denomina-se distrato.
Perceba que em alguns contratos, por sua natureza, pode umas das partes,
unilateralmente, por fim ao mesmo. Isso ocorre no depósito, no mandato, enfim, em contratos
onde a confiança é fundamental. Os contratos de trato sucessivo, por sua vez, permitem também
(se bem que aqui deverá haver uma notificação premonitória), que sejam resilidos unilateralmente.
É o que sucede na locação, na empreitada, nos contratos de fornecimento, etc. 
A denúncia unilateral do contrato, ou em outras palavras, a resilição unilateral do
contrato, recebe o nome de revogação. Assim, por esse ato unilateral são retirados os efeitos do
ato jurídico que foram previamente outorgados.
O atual CC, traz importante inovação quanto à resilição unilateral – a denominada denúncia vazia –
no art. 473, aduzindo que se uma das partes houver feito consideráveis investimentos, a denúncia
unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto
dos investimentos. Tal acepção é corolário direito da função social do contrato., além de ser de
caráter cogente. É o caso de quem se estrutura para efetuar determinado serviço, contrata
muitos funcionários, adquire veículos, contrata publicidade, faz reformas e, em pouco tempo, se
vê, através de uma singela notificação premonitória, a abandonar seu ramo de negócio. Veja que o
juiz (que já julgava de acordo com o estabelecido, mesmo antes da previsão legal), deverá se ater
muito ao princípio da boa-fé objetiva.
Resolução – o termo resolução refere-se, como já dito, para as hipóteses de inexecução do
contrato por uma das partes, embora seja utilizada, usualmente, a palavra rescisão. Em termos
técnicos, segundo Orlando Gomes, a resolução é um remédio concedido à parte para romper o
vínculo contratual mediante ação judicial.
A inexecução pode ser culposa ou não. Nos casos de inexecução culposa o demandante pode
pleitear a resolução do contrato ou a execução em espécie, quando a natureza da obrigação assim
o permitir. Quando existe a inexecução culposa, como dito, o termo rescisão parece, prima
facie, mais apropriado. Deveras, o termo rescisão traz a idéia de rasgar, dilacerar, destruir o
que está feito e não simplesmente finalizar um acordo.
A figura jurídica que permite a resolução por descumprimento imputável a uma das partes é
conhecida pela denominação de pacto comissório ou cláusula resolutória, que pode ser expressa
ou tácita. Assim o pacto comissório é a cláusula pelo qual se estipula que qualquer das partes
opte pela resolução do contrato, se o outro contratante não cumpre com a obrigação que lhe
compete. A cláusula resolutória tácita (que existe em todos os contratos) é a exceptio non
adimpleti contractus. 
Resolução por inexecução voluntária – com frequência surgem situações maiores que autorizam a
inexecução da obrigação. Estaremos diante do caso fortuito ou da força maior, além de outros
institutos como a excessiva onerosidade ou a cláusula resolutiva ou o pacto comissório.
Nessas hipóteses, há uma causa supervenienteao contrato que inviabiliza o seu cumprimento. O
seu estudo, melhor se situa na Teoria Geral das Obrigações, pelo qual remetemos o leitor às
leituras das aulas anteriores.
Resolução por inadimplemento antecipado – antes de tornar-se exigível uma prestação, em
algumas situações, podemos denotar que por parte do devedor não haverá o seu cumprimento.
Assim se dá quando o devedor expressa a sua intenção em não cumprir o avençado ou quando ele
se frustra, materialmente, de sua prestação.
Desta forma, a questão central seria cogitar se, diante dessas situações, poderia o credor
pleitear, aprioristicamente, os efeitos de sua potencial (mas certa) inexecução. 
Ora, se forem suficientemente fortes as razões alegadas, será desnecessário o credor aguardar
a época da respectiva exigibilidade para, só assim, caracterizar o seu inadimplemento. Existe,
neste caso, uma derrogação do princípio geral que rege a exigibilidade das obrigações, pois a
situação é justa e lógica, não contrariando a lei positiva.
Se é bem verdade que o credor não necessita, diante de situações concretas, aguardar o fim do
prazo de avença contratual, certo que a outra parte vai descumpri-la, como se pisa, ainda, no
terreno da dúvida, deve o contratante pedir a intervenção judicial, para que se declare resolvido
o contrato, desatando, assim, antecipadamente o vínculo contratual. Perceba que a hipótese em
nada tem a ver com a exigência antecipada da obrigação, só excepcionalmente admitida. 
Toda essa situação será importante para caracterizar a extensão das perdas e danos. 
Para melhor fixação imagine a hipótese do promitente vendedor que seu comprometeu a outorgar
a escritura definitiva do imóvel em certo prazo e, deliberadamente, manifesta-se, expressamente
que não irá emitir essa vontade (estando a exigir uma prestação maior, v.g.). Poderá, nesse caso,
e nos termos do art. 639 do CPC, o credor pleitear de imediato, a manifestação da vontade. É a
manifestação da doutrina do anticipatory breach, requerendo, a bem da verdade, extrema
cautela por parte do juiz. Assim a aplicação da doutrina do adimplemento antecipado, nada mais é
do que a aplicação da exceptio non adimpleti contractus, já por nós estudada.
TEORIA DA IMPREVISÃO – Segundo a concepção pura dos contratos, o mesmo, depois
de concluído, deve permanecer incólume, imutável em sua disposições. É a aplicação do princípio
basilar do pacta sunt servanda.. Essa obrigatoriedade forma todo o alicerce do direito contratual,
pois sem essa força obrigacional a sociedade estaria fadada ao caos. Assim, o contrato faz lei
entre as partes, na época liberal e ainda hoje, mesmo com todas as inovações a seguir estudadas.
 No entanto, hoje em dia e como já salientamos inúmeras vezes, a nova concepção do
contrato exige, por exceção, uma atenuação ao princípio supra.
Note que o princípio da obrigatoriedade contratual não pode ser violado perante
dificuldades comezinhas de cumprimento ou por fatores externos que são (e eram) perfeitamente
previsíveis. Desta forma, a imprevisão, que pode gerar uma intervenção judicial na vontade
contratual é somente aquela que refoge totalmente às possibilidades de previsibilidade. Diante de
tal situação, percebemos que nos contratos instantâneos é impossível a aplicação de mencionado
princípio.
Segundo Venosa, “questões meramente subjetivas do contratante não podem nunca servir
de pano de fundo para pretender uma revisão nos contratos. A imprevisão deve ser um fenômeno
global, que atinja a sociedade em geral, ou um segmento palpável de toda essa sociedade. É a
guerra, a revolução, o golpe de Estado, totalmente imprevistos. (Venosa, Sílvio de Salvo. Direito
Civil, vol. II, Atlas. p. 479).
A revisão contratual será sempre judicial. Portanto, o devedor onerado deverá ingressar
em juízo requerendo o reconhecimento da teoria da imprevisão. O pedido, a despeito do art. 479
do CC que fala em resolução contratual, poderá ser tanto de liberação do devedor quanto de
redução, ou adequação, do montante devido. Perceba que seu o autor pede, exclusivamente, a
resolução contratual, não poderá o juiz, se for o caso, conceder solução alternativa. Porém denota
boa-fé o devedor que deseja pagar o justo, diferente daquela que simplesmente deseja
livrar-se da obrigação. 
O pedido, por sua vez, somente terá em mira as prestações ainda não cumpridas, pois
aquelas cumpridas já estão devidamente extintas. 
Para o estudo da teoria da imprevisão no âmbito do Direito Civil, devemos ter em mira os
artigos 478 e seguintes, bem como o art. 317, sabendo, de antemão, que o CC/1916 nada
estipulava sobre o assunto.
 
CONTRATOS EM ESPÉCIE
COMPRA E VENDA – Em grupos primitivos quando ainda não era conhecido o valor da
moeda, a troca era o contrato mais difundido. A partir da criação da moeda, passa a ser a compra
e venda (e é até hoje) o contrato mais importante no que tange ao direito contratual.
Assim, a compra e venda pode ser definida como a troca de uma coisa por dinheiro. Por
se tratar do contrato mais importante e mais freqüente, a codificação civil lhe destina diversos
artigos.
A principal característica que aprioristicamente se lhe faz é a de que o contrato de
compra e venda, por si só, não transfere a propriedade, sendo certo que o vendedor obriga-
se a transferir a coisa, enquanto que o comprador obriga-se a pagar o preço avençado, tendo,
desta forma, o direito e a obrigação de recebê-la. 
Esse é o sentido do art. 481 quando aduz que “pelo contrato de compra e venda, um dos
contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço
em dinheiro”. 
Em outras passagens, o CC/2002 estabelece de igual forma, ex vi do art. 1226, 1245 e
1227.
No que diz respeito à estrutura, a compra e venda é contrato oneroso, translativo,
bilateral e comutativo (geralmente, haja vista as vendas aleatórias).
Elementos constitutivos – podemos detectar, ab initio, três elementos no contrato de
compra e venda: res (coisa), pretius (o preço) e consensus (o consentimento). Analisaremos, a
seguir, cada um dos elementos.
Res (ou merx) – é qualquer coisa suscetível de apreciação econômica que, por sua vez,
saia do patrimônio do vendedor e ingressa no patrimônio do comprador. Tanto podem ser bens
corpóreos ou incorpóreos, embora nesse caso, haveria cessão de crédito (disciplinado da mesma
forma que a compra e venda).
As coisas foras do comércio não podem ser objeto de compra e venda. No direito romano,
as coisas sacras, religiosas ou públicas inseriam-se no rol das coisas inalienáveis. No direito
moderno, os bens públicos, como regra (desafetação), não podem ser alvo de alienação. Por fim, há
cláusulas de inalienabilidade impostas por doadores ou testadores, bem como a herança de pessoa
viva que também não pode ser.
A coisa vendida, por sua vez, pode não ser exatamente conhecida por ocasião da compra e
venda, haja vista as venda aleatórias, em que há uma álea de incerteza na conclusão dos mesmos.
É nula, por outro lado, a compra e venda de coisa que nunca existiu e que não venha a existir ou
que já tinha deixado de existir quando do negócio (exceção das coisas expostas a risco,
lembram?).
Quanto à disposição do art. 483, aplica-se as questões atinentes às obrigações de dar
(coisa certa, incerta e de restituir).
Regra geral é de que ninguém pode transferir mais direitos do que tem. É admitida,
entretanto, a venda de coisa alheia quando o vendedor, de boa-fé, vem a adquiri-la
posteriormente.
A coisa litigiosa também pode ser objeto de compra e venda, porém o adquirente perderá
o direito à evicção se sabedor do litígio. 
Pretium – o preço deve ser em

Outros materiais