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Desenvolvimento de Fármacos I. FONTES DE FÁRMACOS A. Introdução A saúde, "estado de completo bem-estar fí- sico, mental e social- e não apenas a ausência de desconforto ou de enfermidade", é uma das ne- cessidades básicas do homem e tem sido sua cons- tante preocupação. Para conservá-Ia ou restaurá- Ia vem o homem, desde priscas eras, lançando mão dos mais variados recursos, mormente aque- les destinados a evitar e combater as doenças, sobretudo por meio de drogas e medicamentos. O enorme progresso no setor de fármacos de origem sintética, que se verificou nos últimos trinta anos, tende a fazer olvidar o extraordinário papel que as drogas de origem natural desempe- nharam, desempenham e desempenharão na tera- pêutica. Séculos antes que se cogitasse de prepa- rar por via química compostos úteis no tratamento e profilaxia das mais variadas doenças, já se usa- vam extensivamenfe inúmeros produtos biológi- cos. Outros foram introduzidos no século passado e neste, contemporaneamente com o notável de- senvolvimento das ciências biológicas - como a Medicina - e principalmente da Química, em especial no campo de síntese de substâncias orgâ- nicas. É de se presumir que, com o prossegui- mento das pesquisas, dezenas ou centenas de princípios ativos extraídos de microrganismos, plantas e animais irão enriquecer o arsenal tera- pêutico e, por sua vez, estimular os químicos a sintetizar produtos iguais ou análogos, sobretudo considerando-se que até agora apenas menos de 10% das plantas terrestres foram estudadas sob o ponto de vista fitoquímico e que a flora e fauna marinhas só recentemente estão recebendo, sob o aspecto químico, a atenção que merecem. B. Fontes antigas de medicamentos Analogamente ao que ocorre hoje em dia, em que, ao lado de uma elite esclareci da coexis- tem massas profundamente ignorantes, as cama- das incultas de alguns dos povos antigos tinham opiniões extravagantes e absurdas sobre a etiolo- gia das moléstias. Acreditavam, por exemplo, que a doença fosse causada por espíritos maus, ou demônios, e que o único meio de eliminá-Ia era submeter a habitação do demônio - o corpo do paciente - a toda sorte de desconforto e sofri- mento; o demônio, não suportando os maus tra- tos, abandonaria o corpo do doente e este ficaria são. Para isto untavam-no com substâncias de odor e aparência repugnantes, tais como urina, fezes, plantas malcheirosas; ou então usavam fumigações nauseativas. Apesar dessa e de outras terapêuticas arrai- gadas no misticismo, em que entravam amuletos e encantamentos, exorcismo e danças cerimoniais, a base do tratamento das doenças consistia em drogas de origem vegetal e animal. Desconhe- cendo, porém, tanto a causa da doença como a maneira pela qual essas drogas faziam desapare- cer os seus sintomas e procurando estabelecer uma relação entre ambas, alguns estudiosos - entre eles o famoso Paracelso, que viveu de 1493a 1541 e foi o pai da farmacoquímica ou iatroquí- mica e fundador da medicina moderna - acaba- ram adotando a "doutrina da assinatura", se- gundo a qual Deus indicara qual o agente medici- nal adequado para o tratamento do órgão afetado ou dos sintomas de uma certa doença conferindo- lhe um "sinal", na forma de uma semelhança, ainda que superficial, daquele agente com este órgão ou sintomas. Em conformidade com essa doutrina, os talos da hepática, cuja forma é seme- lhante à do fígado, seriam úteis no tratamento de doenças hepáticas; o açafrão e a celidônia, por terem cor amarela, curariam a icterícia; as raízes vermiformes seriam eficientes medicamentos contra vermes intestinais; a flor de verônica, que se assemelha a um olho, debelaria as doenças oculares; a sanguinária, devido à sua cor verme- lha. estancaria as hemorragias: a sagitária, mercê de seu formato característico, medicaria os feri- mentos causados por flecha: as folhas de erva- cidreira, cordiformes, ajudariam nas moléstias cardíacas; a mucosa do estômago de carneiro eli- minaria as perturbações gástricas. A "doutrina da assinatura", embora fundada em crenças populares e na superstição, contri- buiu, de certa forma, para o progresso das ciên- cias médicas. Observando casualmente os efeitos curativos produzidos por partes de determinadas plantas ou certos órgãos animais, o homem com- provou que as raízes do ruibarbo tinham ação purgativa: que a mandrágora possuía proprieda- des analgésicas: que o fígado de peixe fazia desa- parecer a cegueira noturna; que as glândulas adrenais preveniam as hemorragias; que se- mentes de determinadas plantas - café, chá, mate, noz, cola, guaraná, cacau - eram estimu- lantes psíquicos. Selecionando racionalmente os remédios para seus males, foi ampliando paula- tina, mas constantemente, o número de medica- mentos naturais à sua disposição. Não obstante, foi só com a descoberta de alcalóides, entre 1803 e 1920, que o estudo das drogas recebeu grande impulso, passando os far- macêuticos - pioneiros no progresso da Química Farmacêutica - a preocupar-se menos com as plantas e as drogas brutas e mais com os seus constituintes químicos. Concomitantemente, a adoção de métodos cada vez mais racionais de seleção de medicamentos biológicos enriqueceu e continua a enriquecer o arsenal terapêutico. De fato, até 1930as drogas usadas na Medicina eram, em sua maioria, de origem natural: vegetal, ani- mal e mineral. A descoberta acidental de que determinados fungos e outros microrganismos produzem subs- tâncias - ditas antibióticos - que podem inibir processos vitais de outros organismos, mesmo em concentrações diminutas, levou os pesquisado- res, sobretudo depois de 1940, a uma busca inten- siva de novos antibióticos. Ora se procuram anti- bióticos não só entre microrganismos, mas tam- bém entre vegetais e animais superiores. Essa investigação resultou na descoberta, isolamento e identificação de mais de 3.100 antibióticos, dos quais, entretanto, menos de cem são empregados na terapêutica, pois os outros são demasiada- mente tóxicos. Por outro lado, graças ao enorme progresso da Química Orgânica a partir do fim do século passado, no arsenal terapêutico predominam atualmente os fármacos de origem sintética. A síntese química vem contribuindo cada vez mais com novos fármacos, mormente depois que pas- sou a aplicar os conhecimentos dos mecanismos de reações químicas e bioquímicas e dispor de eficientes e rápidos métodos analíticos, princi- palmente cromatografia, espectrofotometria, es- pectroscopia e difração de raios X. Ao lado dos produtos de origem microbiana (antibióticos e vitaminas principalmente), de novos alcalóides e daqueles obtidos totalmente por síntese química, o arsenal terapêutico foi também enriquecido por muitos fármacos semi- sintéticos, introduzidos mediante modificação química de produtos vegetais, animais ou micro- bianos, como alcalóides, hormônios e antibióti- cos, respectivamente. Outrossim, o progresso EiaMicrobiologia e da Imunologia possibilitou,. já desde o fim do sé- culo passado, a fabricação de soros e vacinas.· Esses imunoterápicos são armas eficientíssimas e não raro únicas ou na profilaxia ou no tratamento de determinadas doenças, sobretudo aquelas de etiologia vira!. Calcula-se que atualmente se conhecem aproximadamente 5.000.000 de substâncias quí- micas, perfeitamente identificadas e caracteriza- Fig. 2.1 Percentagens das fontes dos medicamentos mais usados atualmente. l:aS ...A. este número se acrescentam anualmente ::::::-:'"de 100.000 compostos novos. São de uso .:;~a:um aproximadamente 63.000 substâncias m::=i.::as. das quais 4.000 são fármacos e 2.000 iiK ",ditivos de medicamentos: outras 2 .500 a ~ ))1) são aditivos alimentares e mais 1.500 se em- ::r~m como ingredientes em agrotóxicos (tam- ~ denominados, embora erroneamente. pesti- .::~. praguicidas e defensivos agrícolas). .-\ percentagem de medicamentos de origem 1a:LI!ldl(vegetal+ animal - mineral - micro- :"I;}"";1,' vem declinando paulatinamente. ao passo JIlr a daqueles de origem sintética aumenta cons- :a.r:!:emente.A situação hoje em dia. grosso modo. :::~ :iepresentada na Fig. 2.1. isto é. dos medica- DeDJtosmais usados na terapêutica 509é são de r~m sintética, 189é de origem vegetal. 109é de Jr~m animal, 99é de origem mineral. 5,59é de r~m rnicrobiana, 3.59é de origem semi-sinté- 10..Yé são vacinas e 19é soros. 11. CUSTO E LOCAL DE DESENVOLVIME:\"TO DE FÁR.'IACOS '" os últimos anos. o arsenal terapêu tico foi lre.::o enriquecido. De 1940 a 1975. no mercado lICr...e-americano, foram introduzidos 971 fárma- .:~ :]ovos (Tabela 2.1). sendo estes os mais utili- .:::a:.oshoje em dia na terapêutica. Os países que na:5 .::oncorreram para isso foram: Estados Uni- Il:-s. com 622 (64,09é do total): Suíça. com 68 " -:-C-c do total); Inglaterra. com 51.5 (5.49é do ~":l:::"~': Alemanha, com 48 (4,99é do total): e :=:-:l::ça.com 27 (2.9o/c do total) (Tabela 2.2). O hsiJ. infelizmente. não contribuiu. neste pe- o P& D PARA PRODUTOS ÉTICOS HUMANOS O P& D ADICIONAIS PARA PRODUTOS ÉTICOS VETERINÁRIOS...i '""l1- < 815 62 677 753 48 629 351 238 282 ;~ 11 15 197 m 1fJ7 540 34 447 506 35 412 ríodo. com nenhum fármaco novo. A introdução de novos fármacos é atual- mente muito onerosa. Na década passada custava 6.000.000 de dólares na França e 8.000.000 na Inglaterra. Os Estados Unidos, por sua vez, vêm despendendo cada vez mais em suas pesquisas. Com base nos dados da Fig. 2.2, poder-se-ia afir- mar que. em 1975, a introdução de cada fármaco n01·o. desde a sua concepção até a comercializa- ção, custou cerca de 60.000.000 de dólares, pois naquele ano a indústria farmacêutica norte- americana só introduziu 15 fármacos novos, em- bora tiHsse investido cerca de 1.000.000.000 de dólares em pesquisas e desenvolvimento. Toda- via. nesse total estão incluídos os gastos com todas as pesquisas da indústria. Conseqüente- mente. é mais prudente considerar que o desen- volvimento de um fármaco novo custa, nos Esta- dos ·Cnidos. cerca de 12 milhões de dólares. É fácil entender o motivo desse alto custo quando se consideram as várias e dispendiosas fases compreendidas na gênese de um medica- mento (Fig. 2.3), gênese esta que leva em média 7 a 10 anos. Há ainda outras razões para a introdução de um novo fármaco na clínica médica ser tão cara. Uma delas é o fato de ser cada vez mais difícil desenvolver novos fármacos. Em 1958, das 14.600 substâncias sintetizadas e ensaiadas como fármacos potenciais, 47 encontraram emprego clínico. Hoje em dia, calcula-se que é necessário sintetizar ou extrair de fontes naturais e ensaiar de 3.000 a 5.000 compostos químicos para que, desta triagem longa e onerosa, resulte um fármaco de uso terapêu tico. 1.0"..s' 84 944 Fig. 2.2 Despesas com pesquisa e desenvolvimento CP & D) para produtos éticos no período de 1951 a 1975nos Estados Unidos (Pharmaceutical Manufac- turers Association. Factbook 76, Washington, D.e.. 1977). Tabela 2.1 Novos fármacos introduzidos no mercado norte-americano 1940-1975 Número de 70 fármacos i 1940 11111111111111111111 14 1941 111I1111111111111111111 17 1942 11111111111111111111 13 1943 111111111111111 10 1944 11111111111111111111 13 1945 11111111111111111111 13 1946 111111111111111111111111111 19 1947 111111111111111111111111111111111111 26 1948 111111111111111111111111111111111111111111 29 1949 1111111111111111111111111111111111111111111111111111 38 1950 1111111111111111111111111111111111111111111 32 1951 11111111111111111111111111111111111111111111111111111 .38 1952 11111111111111111111111111111111111111111111111111111111 40 1953 111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111 53 1954 1111111111111111111111111111111111111/1111111111111111/111 42 1955 1111111111111111111111111111111111111111111111111 36 1956 111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111 48 1957 11111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111 52 1958 1111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111 47 1959 1111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111 65 1960 111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111 50 1%1 111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111 45 1962 1111111111111111111111111111111111 24 1963 11111111111111111111 16 1964 1111111111111111111111 17 1965 11111111111111111111111111111111111 25 1966 11111111111111111111 13 1967 11111111111111111111111111111111111 25 1968 1111111111111111 12 1969 11111111111111 9 1970 11111111111111111111111 16 1971 1111111111111111111 14 1972 111111111111111 10 1973 11111111111111111111111 17 1974 11111111111111111111111 18 1975 111111111111111111111 15 Total 971 Tabela 2.2 Novos fármacos introduzidos no mercado dos Estados Unidos no período de 1940 a 1975, segundo o país de origem Origem unicamente nacional (A) Produtos partilhados (B)a Número equivalente Crédito (C)b (Cal. A+C) Percentagem do total de 971 fármacos novos Estados Unidos Suíça lJJgIaterra Alemanha França Dinamarca Bélgica Suécia Bolanda Japão México lIáIia Áustria Canadá Austrália Bungria Tcheco- Eslováquia Argentina Índia Europa (desconhecido o país específico) Fonte indeterminada 622,0 64,0% 68,0 7,0 51,5 5,4 48,0 4,9 27,0 2,9 14,5 1,5 12,0 1,2 12,0 1,2 10,0 1,0 10,0 1,0 10,0 1,0 5,0 0,5 3,0 0,3 3,0 0,3 2,0 0,2 2,0 0,2 1,5 0,1 1,0 0,1 1,0 0,1 0,5 c 67,0 7,1 971,0 100,0% -A coluna B arrola o número de fármacos pelos quais um pais partilhou o crédito com um ou mais paises na geração de um composto químico, "Para fins de "crédito", a coluna C representa o crédito equivalente a um produto único atribuído a um país pelo papel que desempenhou na Fação do composto quínúco (isto é, a coluna B dividida por 2). <"Menosde 0,1O/C. Fonte: Pharmacy Times, março de 1976 (com base nos dados de Paul de Haen, Inc.). Nos últimos vint~anos, 90% dos novos fár- macos foram desenvolvidos em firmas indus- triais, 9% nas universidades e outras instituições acadêmicas e 1% nos laboratórios de pesquisas oficiais. Estes dados contrastam com os das dé- cadas anteriores, quando as universidades contri- buíam com cerca de 50%. Com o objetivo de descobrir novos agentes terapêuticos úteis, muitas substâncias estão sendo sintetizadas e ensaiadas todos os anos. Calcula-se que até hoje foram ensaiadas mais de 15.000 sulfas, 40.000 tuberculostáticos poten- ciais, 220.000 antimaláricos potenciais, 50.000 compostos organofosforados como inseticidas potenciais, 250.000 esquistossomicidas poten- ciais e, só nos Estados Unidos, mais de 300.000 antineoplásicos potenciais. O arsenal terapêutico está agora relativa- mente bem suprido com diversos tipos de medi- camentos, tais como anti-histamínicos, anties- pasmódicos. ganglioplégicos, miorrelaxantes e barbitúricos. Por esta razão, novos fármacos per- tencentes a um destes tipos atraem pouco inte- resse. Por outro lado, devido à situação atual da terapêutica, grande esforço está sendo efetuado para introduzir novos agentes antiinfecciosos, agentes antineoplásicos, agentes cardiovascula- res, fármacos para sistemas endócrinos e fárma- cos que atuem no sistema nervoso central. Os fármacos são introduzidos na terapêutica principalmente por um dos seguintes processos: acaso, triagem empírica, extração de princípios ativos de fontes naturais, modificação molecular de medicamentos conhecidos e planejamento ra- cional. I Recognição do Problema Programação da Pesquisa PLANEJAMENTO QUÍMICO ..•_---- --- ... -- .... ----- PESQUISA BIBLIOGRÁFICA Desenvolvimento de Desenvolvimento métodos de e avaliação de síntese técnicas de ensaios I I Síntese de análogos .--------- ------PATENTE ----- ------ -- -. Triagem preliminar I Ensaios pormenorizados Seleção de compostos mais promissores I _ Desenvolvímento Pesquisas Farmacologia - do processo --------- ------- bioquí~cas ----- - --- -- ---(i;cfu~~~~~~~i~o~~gia) I i ---------_ I Produção : --- FI' r'semí-industrial Estudos físico-químicos - -. armaco ogia c lruca Controle analítico e desenvolvimento farmacotécnico Estudos farmacocinéticos Ensaios clínicos gerais Mcr~doto."',com",/ Informação médica Fig. 2.3 Gênese planejada de medicamentos (adapta- ção de R. Slack & A. W. Nineham, Medical and Vete- rinary Chemicals, Pergamon, Oxford, 1968). Alguns fármacos ou empregos novos de fár- macos conhecidos foram descobertos em labora- tório ou clínica por farmacêuticos, químicos, mé- dicos e outros pesquisadores por mero acidente. Foi a observação alerta que resultou, por exem- plo, na introdução, na prática médica, da acetani- lida e fenilbutazona como antipiréticos, da penici- lina como agente antibacteriano, do dissulfiram para o tratamento de alcoolismo crônico, da pipe- razina como anti-helmíntico, da imipramina e ini- bidores da amino oxidase (tais como ipronia- zida) como antidepressivos, da clorotiazida como diurético, da mecamilamina como o primeiro agente anti-hipertensivo de um novo grupo, das sulfoniluréias como hipoglicemiantes por via oral, das benzodiazepinas (tais como clordiazepóxido) como ansiolíticos. As propriedades antipiréticas da acetanilida foram descobertas por dois médicos de Stras- bourg, Cahn e Hepp, em 1886, quaI1do se cometeu um erro numa farmácia que aviou sua receita: em vez do receitado naftaleno, o paciente tratado de parasitose intestinal recebeu acetanilida e este medicamento causou abaixamento na sua tempe- ratura elevada. As atividades antiinflamatória, analgésica e antipirética da fenilbutazona foram encontradas enquanto ela estava sendo utilizada unicamente como agente solubilizante da amino- fenazona. A ação antibacteriana da penicilina foi primeiramente notada por Fleming, em 1929, numa cultura de bactérias que estava contami- nada por um fungo. A atividade hipoglicemiante de uma sulfa foi observada primeiro por Janbon e colegas, em 1942. e a utilidade da carbutamida no tratamento de diabetes mellitlls conduziu ao de- senvolvimento das sulfoniluréias. nova classe de agentes hipoglicemiantes por via oral. A eficácia do dissulfiram no tratamento do alcoolismo foi vislumbrada por Hald e Jacobsen. em 1948, durante uma pesquisa de novos anti- helmínticos. A ação anti-helmíntica da piperazina foi descoberta pela primeira vez por Boismaré. farmacêutico de Rouen. que a usou para o trata- mento da gota. antes de 1949. As propriedades antidepressivas da iproniazida foram observadas por Fox, em 1952. durante seus ensaios deste composto como agente tuberculostático: esta descoberta resultou no desenvolvimento dos ini- bidores da MAO. A mecamilamina foi planejada para ser medi- camento hipertensor, mas verificou-se que. em vez disso, apresentava atividade hipotensora, primeiramente observada por Stone e colabora- dores, em 1955. O benéfico efeito antidepressivo da imipramina foi notado casualmente por Kuhn, em 1958, durante uma investigação clínica de t,lIOVOS hipnóticos potenciais da classe de análogos ~tia fenotiazina. A clorotiazida foi produto inesperado da sín- lese orgânica planejada por Sprague e Beyer, em 1958, para obter novos compostos relacionados com a diclorfenamida (1). potente inibidor da ani- *ase carbônica usado como diurético. Tentativas para formilar um derivado aminado da diclorfe- -.nida, a saber, 5-cloro-2,4-dissulfamoilanilina (11), não lograram êxito. mas conduziram direta- mente à clorotiazida (lII). o primeiro membro das liazidas e hidrotiazidas. duas novas classes de diuréticos administrados por via oral (Fig. 2.4). O clordiazepóxido, primeiro membro dos agentes ansiolíticos benzodiazepínicos. foi obtido por Sternbach e colaboradores, os quais estavam empenhados num programa de pesquisa cujo pro- pósito era preparar um composto químico dife- rente. tendo tipo diverso de ação. Eles estavam realmente tentando sintetizar 3,1 ,4-benzo- xadiazepinas, tais como a representada pela fórmula 11. como anticonvulsivantes potenciais. Na síntese planejada desta nova classe de subs- tâncias surgiram dois resultados inesperados: (a) a desidratação de o-acilaminoaldoximas ou ceto- ximas (1) não forneceu 3,1 ,4-benzoxadiazepinas (II). conforme eles queriam e esperavam que for- necesse, mas sim quinazolina-N-óxidos (lU), que eles confirmaram; (b) a aminação por metilamina de 6-cloro-2-clorometil-4-fenilquinazolina-N- óxido (lV) não ocorreu como eles desejavam, mas resultou na expansão do anel, dando um benzodiazepina-N-óxido (V), que foi chamado clordiazepóxido e cujas propriedades sedativas, miorrelaxantes e anticonvulsivantes semelhantes às dos barbitúricos são agora utilizadas para o aiívio da tensão, apreensão, ansiedade, angústia e outros sintomas das neuroses (Fig. 2.5). . Neste processo de descobrir novos fármacos todas as substâncias químicas disponíveis são submetidas a uma variedade de ensaios biológicos na esperança de que algumas manifestem ativi- dade útil. Sendo essencialmente método empí- rico, não é de se surpreender que esta maneira de descobrir novos fármacos não seja muito recom- pensadora. Calculou-se que um fármaco novo re- sulta. em média, de 200.000 compostos novos. Estimou-se também que, para introduzir na tera- pêutica um novo anticonvulsivante mediante este processo. seria preciso submeter à triagem Cl'rAfO N]~ ~/NHHoNOoS S- - ,... ....•• (IlI)O O 500.000 compostos químicos. A introdução de um antineoplásico, por sua vez, exige, segundo Spinks, 400.000.000 de compostos, isto é, cerca de 80 vezes o número de substâncias conhecidas. À primeira vista isto parece absurdo, já que na clínica se usam cerca de 40 compostos como anti- neoplásicos; entretanto, nenhum deles é tão efi- ciente como o são os antibióticos nas infecções bacterianas. Portanto, a estimativa de Spinks não deixa de ter a sua lógica. Uma variante deste método é a triagem empí- rica racionalmente dirigida. Ela foi usada durante a Segunda Guerra Mundial para descobrir novos antimaláricos: de mais de 14.000 compostos e produtos químicos preparados e ensaiados por diversas instituições em onze países, apenas pou- cos - todos eles já conhecidos - foram selecio- nados para ensaios clínicos. Outro exemplo é a procura de novos antibióticos oriundos de diver- sos microrganismos e plantas superiores. Desde 1940, tão logo a comunidade científica ficou ciente (111) ICICH,C~CI da ação antibacteriana da penicilina, esta ampla triagem empírica em grande escala resultou na descoberta de muitas centenas de antibióticos, mas somente menos de cem são usados em medi- cina humana ou veterinária. Um terceiro exemplo de triagem empírica racionalmente dirigida é o isolamento e identifica- ção de produtos do metabolismo de medicamen- tos. Verificou-se que diversos fármacos são em si mesmos inativos, mas devem a sua ação aos me- OH oJ y .- o~ ~°YH °iNH °iNH acetanilida paracetamol fenacetina Fig. 2.6 Paracetamol e seus precursores. tabólitos. Tal é o caso. por exemplo. da acetani- lida e fenacetina: estes dois fármacos são metabo- lizados a paracetamol. que exerce a principal ação analgésica. Por esta razão o paracetamol foi in- rroduzido na terapêutica. ao lado da acetanilida e fenacetina. há muito conhecidas. mas hoje pouco usadas (Fig. 2.6). Produtos de metabolismo de medicamentos são também diversos outros fármacos. tais como: oxofenarsina. da arsfenamina: oxifembutazona. da fenilbutazona: desipramina. da imipramina: bicantona, da lucantona: cicloguanila. da progua- nila. Durante séculos a humanidade usou extratos de partes vegetais ou de órgãos animais para o tratamentode várias doenças. Devido aos bons efeitos produzidos por estes e semelhantes remé- dios, a medicina folclórica em todo o mundo tem sido extensivamente explorada. Diversos medi- camentos usados hoje em dia - especialmente alcalóides, antibióticos. vitaminas e hormônios- resultaram da purificação destes extratos e do isolamento e identificação de seus princípios ati- vos: Cento e setenta drogas que são (ou eram) oficializadas na United States Pharmacopoeia ou DO National Formular:; eram empregadas pelos índios norte-americanos. Em 1960. 47lfr dos &nnacos receitados pelos médicos nos Estados Unidos provinham de fontes naturais. sendo, em sua maioria. antibióticos. Em 1973, 25,2% dos produtos medicamentosos que apareceram, quer por nome genérico. quer por nome comercial, nas 1.532.000.000 de receitas aviadas nos Estados Unidos continham um ou mais princípios ativos extraídos de plantas superiores, isto é, plantas que produzem sementes. Alguns destes fármacos estão arrolados na Tabela 2.3. Todavia. quão fidedigna é a medicina folcló- rica no que diz respeito a ser fonte de novas dro- gas? O seguinte fato ilustrará a questão. Os nati- vos de determinadas ilhas do Pacífico afirmam que cerca de 200 plantas locais diferentes apresen- tam propriedades anticoncepcionais. Pesquisa cientificamente orientada de extratos de 80 dessas plantas. contudo. deu resultado completamente negativo. Entretanto. considerando que na Terra exis- tem aproximadamente 600.000 espécies vegetais (das quais 250.000 a 500.000 são plantas superio- res) e que somente cerca de 5% foram investiga- das especificamente sob os aspectos químico e farmacológico. é de se esperar que o arsenal tera- pêutico irá paulatinamente enriquecendo-se com novas drogas de origem vegetal. Ressalte-se que. segundo Gottlieb e Mors, das 120.000 espécies vegetais brasileiras até hoje foram estudados somente alguns dos constituin- tes químicos de cerca de 470 (0,4%) dessas plan- tas. nada se sabendo sobre a constituição química dos 99.6lfr restantes da flora nacional. - Tabela 2.3 Exemplos de fármacos extraídos de fontes naturais Fármaco Isolado por Ano Sintetizado por Ano .,rfina Sertürner 1805 Gates e Tschudi 1956 anetina Pelletier e Magendie 1817 Evstigneeva et ai. 1950 .uni na Pelletier e Caventou 1820 Woodward e Doering 1944 lIIIropina ~lein 1831 Ladenburg 1883 papaverina 'vIerck 1848 Pictet e Gams 1909 axaína Wóhler 1859 Willstatter e Iglauer 1901 fisostigmina Jobst e Hesse 1864 Julian e Pikl 1935 JiIocarpina Gerrard 1875 Preobrashenski et ai. 1933 escopolamina Ladenburg 1881 Fodor et ai. 1956 áedrina Nagai 1885 Schmidt 1908 ~urarina Boehm 1895 Veronin et ai. 1958 cpinefrina Takamine 1901 Stolz 1903 azotamina Stoll 1918 Hofmann et ai. 1961 illsulina AbeI 1926 Wang et ai. 1965 ~cilina Fleming 1929 Sheehan 1957 azometrina Stoll e Burckhardt 1935 Kornfeld et ai. 1954 6:umarol Link et ai. 1941 Link 1943 alreptomicina Waksman et ai. 1943 Umezawa et ai. 1974 cIoranfenicol BurkhQlder 1947 Controu1is et aI. 1949 RSerpina Müller et ai. 1952 Woodward et ai. 1956 fIOStaglandinas Bergstróm et ai. 1962 Corey 1969 llasfomicina Hendlin et ai. 1969 Christensen et ai. 1969 --=efalinas Hughes et ai. 1975 Voelter et ai. 1976 Outrossim, os animais marinhos foram, até agora, pouco explorados como fontes potenciais de novas drogas. É provável que deles também se possam extrair princípios ativos de interesse tera- pêutica. o II HO-As-OH /~'- NH2 Este método de obter novos fármacos, tam- bém chamado manipulação molecular, método da variação, método mecanístico eprocesso sele- o Cl /Cl II "- ~N~~N~ OH OH arsanilato sódi co (1905) l ~.... As=As /HNyNH, H'~ ~NH' HO OH oxofenarsina (1908) + diclorofenarsina (1921) carbarsona arsfenarnina T 'T O ~..... As As H,NJv-NH H'N~ Ql~~SO'-Na' tnparsarnlda HO OH (1919) ~ ....O ~~A OH acetarsol (1920) rnelarsen (1944) r-r0H S s "'-/ As 6 NH,Y N~HN-<ON N~ NH2 rnelarsoprol (1947) l- r-r--0H S S" ,/ As Ql~~ OH arstinol (1952) ---- As=As Na'-O.S/'-N 6 6 N/'o,. SO-N + 3 HAf ~H 3 a HO OH O " /OH HO~_O-Bi"OH HN ~OH I1 O sulfarsfenamina (1919) glicobiarsol (1928) Fig.2.7 Modificação molecular de arsenicais com vis- tas a obter novos e melhores agentes quimioterápicos. Iiro. é o mais usado e. até agora. o mais recom- pensador. Constitui um desenvolvimento natural •• química orgânica. Basicamente consiste em lDmar uma substância química bem determinada e • ação biológica conhecida. como modelo ou potótipo e daí sintetizar e ensaiar novos compos- lDs que sejam congêneres. homólogos ou análo- &OS estruturais do fármaco matriz. Exemplos dos n:sultados da aplicação deste método estão ex- postos nas Figs. 2.7 a 2.10. Schueler indicou as diversas vantagens deste / I O~N",- método: 1. Maior probabilidade de os congêneres, homólogos e análogos apresentarem proprieda- des farmacológicas semelhantes às do protótipo do que aqueles compostos selecionados ou sinte- tizados a esmo; 2. Possibilidade de obter produtos farmaco- logicamente superiores; 3. Probabilidade de a produção dos novos fármacos ser mais econômica; 4. Síntese semelhante à do protótipo, com derivado do benzodioxano (1937) I h1. I ~o~N",- ©{"" J~j \ 2325 RP (1942) economia de tempo e dinheiro; 5. Os dados obtidos poderão elucidar a rela- ção entre estrutura e atividade; 6. Emprego dos mesmos métodos de ensaios biológicos utilizados para o protótipo. São dois os objetivos deste método: (a) des- cobrir o grupamentofarmacofórico essencial, isto é, a característica da molécula que confere ação farmacológica ao medicamento (Tabela 2.4); (b) obter fármacos que apresentem propriedades mais desejáveis que o protótipo em potência, es- pecificidade, duração de ação, facilidade de apli- cação ou administração ou manejo, estabilidade e custo de produção. 1. PROCESSOS GERAIS Dois processos gerais podem ser utilizados no método da modificação: (a) disjunção, dissec- ~~N CI ) H Fig.2.9 Variação estrutural feita na molécula da fisos- tigmina. Isolada de uma planta como alcalóide puro, em 1864, por Jobst e Hesse, a estrutura química da fisos- tigmina foi elucidada somente em 1925, por Stedman e Barger. A dissociação e a associação de seu grupo farmacofórico resultaram em diversos novos e melho- res agentes anticolinesterásicos, alguns dos quais são mostrados acima. ~SÔL~(_ H ~ H --- derivado pirimidínico 119461 ~ j C'lêJr61ôí / Cl 61 ~ONH :\ (H:\ :\ .'©-NJl.NJ..Q ,~'V' ~ l.. H H H mepacrina (193~) ;'~rls'rAr-'hy ~N~ ~N-"'- derivado do cloreto de metiltionínio l \ ( HN~N •••••••.•:------------~-~13'1§---i I~O/I I-. ...J _~T~'êY'~~ ·~OH til. 2.10 Gênese dos fármacos antirnaláricos através • modificação rnolecular do cloreto de rnetiltionínio e •. incorporação de gruparnentos da quinina e de e-dialquilarnino-o-cresóis. pamaquina (1927) t HN~N~~ro-~lH L JL..J ~N- ~ o l" R N R' rO Antiinflamatórios pirazolônicos Z-Ar >-X~jR" Ar \ R'" x = 0, NH, CH2 Anti-histamínicos H, x~ I R' Salicilatos ~OHAr---\ R 6-1::(~6Ácidos arilalcanóicosantiinflamatórios Antiinflamatórios pirazolidinodiônicos ~~;~_R R /fi Neurolépticos fenotiazínicos R' ~-(Or-R" N ~0~A;}J X=N,CH ~N/ R = H, CH3 I R Ansiolíticos benzodiazepínicos Antidepressivos tricíclicos R"ror--< \-R' \::::J Oro\.-! O f Ar-S-NH2 ! O O t H R Ar-S-N /! L0i O rH O OHH@-)-l R' Hipoglicemiantes biguanídicos Nitrofuranos quimi oterápicos R' ( 02N-CNyR N Tricomonicidas nítroimidazólicos R@-t...-~" /'\l(N\ ' H y ""P"; OH Ot RH,N-@-j-1 O . I:;I H Arn~+-rX:l. 0rN...... R OH OR' I R- P-+o I OR' Inseticidas organofosforadosI ° ° \<O>--(~ \ I o°L:) O-(~ a-eucaína (1897) 1 oJ j ~o~\ °H2N-O--<OJ ~ ° I H N---fi ///1 N 2 ~O-.r- "- Fig. 2.11 Gênese dos anestésicos locais através da simplificação da molécula da cocaína. siste na síntese e ensaio sistemáticos de análogos cada vez mais simples do composto modelo. Estes análogos são réplicas parciais ou virtuais de fármaco protótipo. Este protótipo é geralmente um produto natural de estrutura química muito complexa. Como exemplos deste processo de dis- ção ou simplificação ou dissociação molecular; (b) conjunção ou associação molecular. O processo de dissociação molecular con- IH~: N~ HO HO~ ~N~ N~ 1iK·2.12 Gênese de novos hipnoanalgésicos e antago- .astas mediante modificação molecular da morfina. pamentos diferentes mediante forças fracas (tais como atração eletrostática e ponte de hidrogênio); 2. Replicação molecular - associação de grupamentos idênticos através de formação de ligação covalente; se a associação for de dois gru- pos. teremos duplicação molecular; se for de três, triplicação molecular; e, de maneira análoga, te- remos tetraplicação, pentaplicação e hexaplica- / ção moleculares; 3. Hibridação molecular - associação de grupamentos diferentes ou mistos através de for- mação de ligação covalente. jlmção citam-se as variações estruturais indicadas-.s Figs. 2.11 a 2.14. O processo de associação molecular consta • síntese e ensaio de análogos cada vez mais complexos do protótipo. Esses análogos incorpo- am determinadas características do composto 8Odelo ou todas elas. Distinguem-se três tipos Iriocipais de associação: I. Adição molecular - associação de gru- I ~ElJ_ N// ! o \ I o o \ElJ ~.. \~/ ............ElJ! ~O~ElJ/ N~O O~\ N~O N _/\ I -.J O -I I suxame~nio (1940) Fig. 2.13 A simplificação gradativa da molécula da tu- bocurarina resultou em novos bloqueadores neuromus- culares (adaptada de Schueler). Alguns dos muitos compostos de adição mo- lecular usados na terapêutica aparecem na Fig. 2.15. Outros exemplos podem ser citados: acetil- triptofanato de cafeína (N-acetiltriptofano + ca- feína), dibunato de dextropropoxifeno (dibunato sódico + dextropropoxifeno), fembutamidol (oxi· fembutazona + feniramidol), fitato de colina (fos- fato de inositol + colina), guaitilina (guaiacolato de glicerila + teofilina), naftoclizina (dibunato Só- dico + clorciclizina), orotato de carnitina (ácido orótico + carnitina), piprinidrinato (cloroteofilina I estradioll1933JOH FIg.2.14 O processo de disjunção no método da varia- ção aplicado à molécula do estradiol resultou no trans- lietilestilbestrol. que apresenta a mesma potência es- Irogênica que o seu protótipo estradiol e pode ser admi- listrado por via oral (adaptada de Schueler). + difenilpiralina). piridofilina (piridoxina + sul- fato de etofilina). prednazato (succinato de pred------ llÍsolona + perfenazina). quinalbital (hidroquini- dina + amobarbital). Exemplos de duplicação molecular podem ser encontrados entre vários princípios ativos na- IDrais: actinorodina. cactinomicina. j3-caroteno. carpaína, cinarina. coumetarol. dicumarol. espar- leína, hipericina. índigo, isocondodendrina. lobe- lanina, pantetina, xantocilina. xantofila. A Fig. 2.16 mostra exemplos de produtos de replicação molecular obtidos por síntese. Outros exemplos já foram vistos: (a) arsfenamina. constituída pela condensação de duas moléculas de oxofenarsina com a retirada de um átomo de oxigênio de cada qual (Fig. 2.7): (b) demecário, produto de asso- ciação de duas moléculas de neostigmina através de ponte decametilênica (Fig. 2.9); (c) suxametô- nio. formado por conjunção de duas moléculas de acetilcolina (Fig. 2.13). A dapsona é também exemplo deste processo porque pode ser conside- rada como produto de condensação de duas molé- culas de sulfanilamida com a perda da sulfamida (Fig. 2.17). Entre muitos outros exemplos de re- plicação molecular contam-se os seguintes: (a) duplicação: adipiodona. alverina. bialamicol, bi- clotimol. bisbentiamina. bisobrina, bitionol, ci- clarbamato. clofibrato de magnésio, cloreto de bisdequalínio. diclorofeno. dilazep, dimorfola- mina. dipiridamol. dissulfiram, distigmina, esti- bocaptato. estilbamidina, fenticloro, forbiseno, hexaclorofeno. hexadistigmina, hexaflurônio, hexobendina. hexoprenalina, hidrargafeno, iosu- o o~ OH o o~ ~ Cl OH Io-p o I OH Fig. 2.15 Exemplos de fármacos obtidos por adição molecular: (a) mandelato de metenamina (metenamina + ácido mandélico); (b) xantifibrato (xantinol + ácido clofíbrico); (c) prednazolina (prednisolona + fenoxazo- lina); (d) aminoclotenoxiciclina (tetraciclina + amino- clortenoxazina) . lamida, rnetazida, nafiverina, obidoxima, oxeta- caína, pentamidina, salsalato, sinfibrato" teclo- zan, terizidona, tiofanato; (b) triplicação: hepro- nicato, tribenósido; (c) tetraplicação: manossul- fano, niceritrol, nicofuranose, nicofurato, nico- moI; (d) hexaplicação: polimelfalano; (e) n-plicação: policarbofila cálcica, resina de coles- tiramina. Há, também, diversos exemplos de hibrida- ção molecular, alguns dos quais aparecem na Fig. 2.18. Entre muitos outros citam-se os seguintes: acetaminossalol (ácido salicílico com paraceta- mol), cloracetadol (clorálio com paracetamol). co- limeciclina (colistina com três moléculas de tetra- ciclina), diniprofilina (etofilina com duas molécu- las de ácido nicotínico), estramustina (estradiol com agente alquilante), febarbamato (fenobarbi- tal com meprobamato), fenetilina (cafeína com metanfetamina), nicodicodina (ácido nicotínico com codeína), nicotinato de etofilina (ácido nico- tínico com etofilina), nifenazona (ácido nicotínico com aminofenazona), penimociclina (ampicilina com tetraciclina), tecofenoxato (ácido clofíbrico com vitamina E). 2. PROCESSOS ESPECIAIS Além dos dois processos gerais, o método da modificação molecular utiliza diversos processos especiais, que Schueler agrupou em duas classes: (a) alterações que aumentam ou diminuem as di- mensões e a flexibilidade de uma molécula: (b) alterações de propriedades físicas e químicas @-N \ N r6J o o'N.7' o ' \_o~l /1 O O O-N/? ~ N OO--? ......•0 ig.2.16 Exemplos de fármacos obtidos por replicação IOlecular: (a) fentic1oro (duplicação da molécula do arac1orofenol): (b) tripirafeno (triplicação das mesmas aracterísticas estruturais da fenilbutazona): (c) tetrani- rato de pentaeritritila (tetraplicação do nitrato): (d) imeticona (dimetilpolissiloxana. em que n = 200 a 50); (e) sorbinicato (hexaplicação da molécula do rido nicotínico). ----- ilravés da introdução de novos grupos ou substi- uição de determinados grupamentos por grupos Iiferentes. A primeira classe compreende processos :orno: fechamento ou abertura de anel; formação Iehomólogos mais baixos ou mais altos; introdu- ;ão de ligações duplas; introdução de centros op- ticamente ativos: introdução, retirada ou substi- tuição de grupos volumosos. A segunda classe inclui substituição isosté- rica, mudança de posição ou orientação de deter- minados grupos. introdução de grupos alquilantes e modific, ;ões visando à inibição ou promoção de estados eletrônicos diversos. Fechamento ou abertura de anel Encontram-se vários exemplos de novos fármacos planejados. quer por fechamento, quer por abertura de anel. Alguns são vistos nas Figs. 2.9 (fisostigmina e neostigmina), 2.10 (cloroquina e amodiaquina, amodiaquina e amopiroquina, proguanila e cicloguanila), 2.1) (cocaína e a maio- oH'N-o-i-NHz o Fig.2.17 Dapsona como produto de duplicação da mo- lécula da sulfanilamida. ria dos anestésicos locais sintéticos), 2.14 (estra- diol e dietilestilbestrol). Outros exemplos são in- dicados na Fig. 2.19. Formação de homólogos mais baixos ou mais altos Podem ser facilmente formadas séries alcâ- nicas,polimetilênicas e ciclopolimetilênicas de homólogos. Infelizment~, não é possível estabe- lecer regras rígidas para as propriedades farmaco- o ~ó-{---o-~ Ca) )=o Fig. 2.18 Exemplos de fármacos planejados por asso- ciação molecular de grupos mistos: (a) benorilato (hi- bridação do ácido acetilsalicílico com paracetamol); (b) etofibrato (hibridação da etofilina com ácido clofíbri- l OHzN-Q-{-{}-NH2 O dapsona + O tH?N-S-NH?- I .• O lógicas de compostos homólogos. Contudo, nas séries alcânicas e polimetilênicas Ing encontrou os seguintes tipos gerais de alterações: 1. A atividade aumenta regularmente, até atingir um máximo, sendo os membros mais altos quase ou totalmente inativos. Isso se observa es- pecialmente nos fármacos estruturalmente ines- pecíficos, tais como alguns hipnóticos, anestési- cos gerais, inseticidas voláteIs e desinfetantes. O mesmo fenômeno também ocorre, ainda que ra- ramente, em compostos estruturalmente específi- cos, como é o caso dos anestésicos locais e dos espasmolíticos; O CO/0 N co); (c) salicilamidofenazona (hibridação da salicilami- da com fenazona); (d) nicomorfina (hibridação de duas moléculas de ácido nicotínico com morfina). O~ ~ \.-ó i\\ o \ ~NH' lfK. 2.19 Exemplos de novos fármacos obtidos por ~ra ou fechamento de anéis. ~t. I l.. 2. A atividade aumenta irregularmente, ....-ioge um valor máximo e, em seguida, diminui, : _bém irregularmente. Exemplo típico é forne- ; cído pelos ésteres benzílicos com propriedades ...-opínicas; 3. A atividade aumenta (ou diminui), atinge •• valor relativamente alto (ou baixo) e, então, ..-manece mais ou menos constante para alguns _ muitos dos membros superiores. Um exemplo i fornecido pelos homólogos muscarínicos de liinnula geral RNMe3' cujas propriedades farma- . GlIógicas são maiores quando o número de áto- , ~ na cadeia R é igual a 5. Em compostos gan- + -:- ·lIIioPlégicos de fórmula geral R3N(CH2)nNR3, a ~.widade é maior naqueles em que n é 4, 5 ou 6. ; Na_série polimeti~ênica correspondente à fórmula '; "NC6H4(CH2)nNR3, a atividade é máxima nos GJIJlpostos em que n = 2; 4. A atividade alterna, sendo os membros~..-e têm número par de átomos de carbono consis- IaItemente mais ativos que os membros vizinhos.-e têm número ímpar de átomos de carbono, ou W:e-versa. É o que se observa com os anti- ,~áricos derivados da 6-metoxi-8-aminoqui- _inf e nos esquistossomicidas da série dos .4".'-dimetilaminodifenoxialcanes; 0---." 1\ "-O N, O (\ 5. A atividade se modifica, tendo os membros mais baixos um tipo e os mais altos outro tipo de ação ~dominante. Não raro, os membros mais altos são antagonistas do efeito farmacológico dos membros mais baixos, e vice-versa. Isso ocorre na série dos derivados N-alquilados do levartere- nol, em que a alquilação reduz a atividade hiper- tensora da molécula na ordem -NH2, -NHMe, -NHEt, NHPr-n, aparecendo os efeitos hipo- tensores quando o grupo terminal é -NHPr-í ou -NHBu. Essa anomalia se deve à complexação desses compostos com receptores diferentes: no primeiro caso, tanto com os a quanto com os {3;no segundo, principalmente com os {3. Introdução de ligações duplas Pode causar dois efeitos principais: I. Modificando a estereoquímica do fármaco, poderá dar origem a composto de ativi- dade diferente daquela apresentada pelo com- posto saturado. Isso sucede no ácido cis- cinâmico; ao contrário do que ocorre com seu diidroderivado, ácido {3-fenilpropiônico, exerce atividade reguladora no crescimento de plantas; 2. Alterando as propriedades físico- químicas, pode modificar a atividade biológica. Observa-se isso nos hipnóticos: os hidrocarbone- tos etilênicos são ligeiramente mais ativos que os saturados. Quanto ao grupo vinila e sistemas poliviníli- cos, eles estão presentes em vários fármacos que, não raro, foram introduzidos a fim de obter novos fármacos pela aplicação doprincípio da vinilogia. Por exemplo, alguns derivados da procaína com atividade anestésica local semelhante foram pre- parados pela aplicação daquele princípio (Fig. 2.20). A vinilogia tem sido aplicada também no sen- tido inverso. Assim, a retirada do anel benzênico da dulcina, que é edulcorante, resultou na etoxiu- réia, substância igualmente doce. Introdução de centros opticamente ativos Modificando-se a estereoquímica da molé- cula do fármaco, esta mudança pode alterar, às vezes drasticamente, sua atividade farmacóló- gica. Por exemplo, dos quatro isômeros do clo- ranfenicol, somente a forma D-( - )-treo é ativa; a D-( - )-isoprenalina é 50 a 800 vezes mais ativa como broncodilatadora que a L-(+)-isoprenalina; o (- )-levarterenol é 70 vezes mais ativo como broncodilatador do que o (+ )-levarterenol; a L-(+)-acetil-,8-metilcolina é cerca de 200 vezes mais ativa no intestino do que a L-( - )-acetil-,8- metilcolina; a (- )-hiosciamina é 15 a 20 vezes mais ativa como midriático que a (+)- hiosciamina; a (+ )-muscarina tem 700 vezes a atividade muscarínica da (- )-muscarina; o ácido L-( - )-ascórbico apresenta propriedades anties- corbúticas, ao passo que o ácido (+ )-ascórbico não; os (- )-aminoácidos são ou insípidos ou amargos, mas os (+ )-aminoácidos são doces; a (+ )-cortisona é ativa, mas a (- )-cortisona é ina- tiva. Introdução, retirada ou substituição de grupos volumosos apoiares Este processo especial é usado principal- mente para converter agonistas em antagonistas, e vice-versa. Observando-se a Fig. 2.21 pode-se notar que a diferença entre agonistas e antagonis- tas é a presença de grupos volumosos apoIares nos antagonistas. Outro exemplo interessante encontra-se nas penicilinas resistentes à,8-lactamase. Sabe-se que as penicilinas perdem atividade quando se rompe o anel ,8-lactâmico. Esta ruptura do anel pod ocorrer pela ação catalítica da ,8-lactamase, ant gamente chamad~penicilinase. Grupos volume sos introduzidos na proximidade daquele anel irr pedem por obstrução estérica a!aproximação d enzima, tornando as penicilinas assim formada resistentes a ela (Fig. 2.22). Substituição isostérica Grupos isostéricos e bioisostéricos são eJ! tensivamente aplicados no planejamento d fármacos, não apenas na modificação molecula de medicamentos conhecidos, mas também nl planejamento racional de antimetabólitos. Em 1919, Langmuir definiu isósteros com sendo compostos ou grupos de átomos que têm I mesmo número e disposição de elétrons. Po exemplo, N2 eCO, N20 e CO2, N3- e NCO-. O isósteros caracterizam-se por propriedades fisi cas semelhantes. Ao introduzir a sua lei relativa ao desloca mento de hidreto, em 1925, Grimm ampliou.( conceito de isosterismo. A adição de um átomo di hidrogênio com o seu elétron solitário a outn átomo resulta no que se convencionou chama "pseudo-átomo". Algumas das propriedades fi sicas deste pseudo-átomo são análogas às de átomo que apresenta um elétron mais do qw aquele do qual o pseudo-átomo proveio. Mais tarde, Erlenmeyer redefiniu isóstero como sendo "átomos, íons ou moléculas em qut as camadas periféricas de elétrons podem ser con sideradas idênticas" (Tabela 2.5). Atualmente, consideram-se como isóstero: também os grupos que possuem configuraçõe~ estéricas e eletrônicas semelhantes, a despeito de número de elétrons compreendidos. É o caso do~ seguintes grupos: carboxilato,-COO-, e sulfamido,-S02NR- cetônico, -CO-, e sulfônico, -S02~ cloro, -Cl, e trifluormetila, -CF3• Por exemplo, a estrutura geral dos anti histamínicos é a seguinte: R'---R - X - CH2 - CH2 - N ~R' em que X pode ser qualquer dos grupos isásteros a saber, O, -NH ou -CH2. Outro exemplo é e dos agentes anticolinérgicos, cuja fórmula geral { a mesma acima, mas X pode ser um dos seguinte~ grupos: -COo-, -CONH-, -COS-. Devido à grande aplicação do conceito dE isosterismo em planejar fármacos, Friedman in· TOla! de elé- 6 7 8 9 10 11 bUns C :\ O F :\e :\a-CH :\H OH FH CH, :\H, OH, FH,- CH3 :\H3 OH3- CH4 :\H4- ..\.tomos e grupos de átomos com o mesmo número de détrons periféricos &trons perifé- 4 5 6 7 8 DooS N- P S CI CIR P+ As Se Br BrH S~ Sb Te I IR Aç PH SH SH, Sb~ PH, PH3 troduziu O termo bioisósteros para significar -·compostos que preenchem a mais ampla defini- ção de isósteros e têm o mesmo tipo de atividade IIiológica", mesmo que antagônica. No sentido mais amplo. portanto. o termo ãósteros pode ser aplicado a grupos que apresen- tam meramente semelhança nas camadas eletrô- lIÍCas externas ou. mais restritamente. a grupos axn localização semelhante de regiões de densi- dade eletrônica alta ou baixa em moléculas de tamanho e formato semelhantes. De acordo com este critério há, no mínimo. dois tipos de isóste- 105: y.x-b x-{H}-Y !j ~ ~. 2.20 Derivados da procaína obtidos pela aplicação*» princípio da vinilogia. I. !sósteros clássicos - aqueles abrangidos pela definição de Erlenmeyer, vale dizer, os re- presentados na lei de deslocamento de hidreto, os elementos de cada um dos grupos da classificação periódica e equivalentes anelares como -S- e -CH=CH- (Tabela 2.6); 2. !sósteros não-clássicos - os que, substi- tuídos numa determinada molécula, dão origem a um composto com disposição estérica e configu- ração eletrônica semelhantes às do composto ma- triz: exemplos de pares desses isósteros são: H e F. -CO- e -S02-' -S02NH2 e -PO(OH)NH2 (Tabela 2.7). Ainda que não seja possível o isosterismo puro. os princípios do isosterismo e bioisoste- rismo são muito empregados para modificar a es- trutura de compostos biologicamente ativos. Me- diante essa subStituição obtêm-se não só produtos de ação idêntica à dos compostos que serviram de modelo. mas também antagonistas. Podem ser citados vários exemplos de equivalentes de pro- dutos naturais. parametabólitos, paravitaminas, para-hormônios e miméticos, bem como seus an- tagonistas específicos, antimetabólitos, antivita- minas, anti-hormônios e líticos, obtidos aplicando-se o conceito de isosterismo (Fig. 2.23). Ultimamente, está sendo estudada a possibi- lidade de substituir o C por Si em alguns fárma- coso Os resultados foram promissores em muitos casos. como nos derivados de colina, barbitúri- x-o- Y X --(HC=CH)n-Y Colinérgicos o I -{ r-~- 0-/ I HO H- B jNH2 ~OH H0-)Q>-{~ HO isoprenalina 'I- HO~NH' HO HN~NH2 '=N HO~ H ~O O 0-0 OH<O "-(~ propranolol r- Q s N~Q l- eI o ~ N- I HN~OH Fig. 2.21 A introdução de grupos volumosos pode converter agonistas em an- tagonistas. Atomos Equivalentes Monovalentes Bivalentes Trivalentes tetrassu bstituídos anelares F, OH, NH2, CH3 -o- -N= =C= -CH=CH- =Si= CI, SH, PH2 -S- -P= =N-= -S- Br -Se- -A= =P7= -0- I -Te- -S\= =As-= -NH- -CH= =Sb~= Tabela 2.7 Isósteros não·clássicos -CO- -COOH -S02NH2 H Estruturas O -OH anelares I1 -o-C- -S02- -S03H -PO(OH)NH2 F Estruturas O -NH2 abertas II -C-O- somente o o-hidroxi é ativo, porque pode formar ponte de hidrogênio intramolecular e, deste modo, agir como quelante (Fig. 2.25). Outro exemplo ocorre nos monoclorofenóis. Eles têm propriedades anti-sépticas diferentes: o p-clorofenol é o mais ativo, em conseqüência da posição do átomo de cloro que, por estar adequa- damente situado, pode exercer seu efeito indutivo cos, penicilina, cloranfenicol, meprobamato e in- seticidas (Fig. 2.24). Mudança de posição ou orientação de certos ,upos A posição de certos grupos é às vezes essen- cial para uma dada atividade biológica. Por exem- Po, dos três isômeros do ácido hidroxibenzóico Ri()+(H j ~s CH3 a I N CH3 I I : aH a z~ CH3%:}- (o (yCl Cl oxacilina cloxacilina dicloxacilina __ 2.22 Penicilinas resistentes à beta-lactamase obti- 65 pela anexação de grupo volumoso nas proximida- tII:s do local de ação da enzima. negativo no sentido de realçar a acidez do fenol (Fig. 2.26). Introdução de grupamentos alqui/antes Quando adequadamente situados, estes gru- pos podem conferir ação prolongada aos fármacos H Oo~t5 Hisóstero trimetilsilílicoda colina (hipotensor) sialbarbitúricos (hipnótico) "'" Fig. 2.24 Exemplos de fármacos em que o carbono foi substituído pelo isóstero silício. devido à formação de ligação covalente com um grupamento apropriado no local de ação (DNA ou enzima, por exemplo). Eles são empregadJs / Fig. 2.25 Ação quelante do ácido salicílico. em decor- rência da posição adequada dos seus grupos funcionais. 0-<-, O(O; H •••.• :;.' 2 especialmente em alguns agentes antineoplásicos. Recentemente, foram introduzidos em determi- nados agentes farmacodinâmicos. Estes grupos são indicados na Tabela 2.8. Formam um íon car- bônio, que pode sofrer ataque nucleofílico por parte de tióis, aminas, fosfatos e ácidos carboxíli- cos (Fig. 2.27). Modificações no sentido de inibir ou promover estados eletrônicos diversos Determinados grupos químicos produzem dois efeitos eletrônicos importantes: indutivos e conjugativos. Estes efeitos podem alterar profun- damente as propriedades físicas e químicas e, ipso facto, a atividade biológica. Os efeitos indutivos (ou eletrostáticos) resul- tam de migrações eletrônicas ao longo de ligações simples, em virtude da atração exerci da por de- terminados grupos, em razão de sua eletronegati- vidade. Assim, os grupos que atraem elétrons mais fortemente que o hidrogênio exercem efeitos indutivos negativos (- I), ao passo que aqueles
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