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APOSTILA UNIDADE III DIREITO TRIBUTÁRIO

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Direito Aplicado
aos Negócios
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Texto digitado
Unidade III
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Tercius Zychan de Moraes
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Direito Tributário
• Direito Tributário
• Conceito de Tributo
• Nascimento do Tributo
• Hipótese de Incidência Tributária
• Tributos em Espécie
• Contribuição de Melhoria
• Princípios Constitucionais Tributários
Ao final desta Unidade, o aluno será capaz de: 
 · Entender o que vem a ser Direito Tributário.
 · Saber quando nasce a obrigação tributária.
 · Entender os conceitos das espécies tributárias.
 · Compreender quais são os princípios ligados ao Direito Tributário.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Direito Tributário
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
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de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Direito Tributário
Direito Tributário
Figura 1
Fonte: iStock/Getty Images
Importante!
Você já se perguntou para onde deve ir o dinheiro recolhido por intermédio dos tributos?
O Estado possui uma série de atribuições, todas elas previstas em nossa Constituição, 
para financiar de modo eficaz suas missões, garantindo sua real concretização. Busca 
como a principal forma de financiamento a arrecadação de recursos mediante o 
recolhimento de tributos. Assim, a sociedade financia o Estado para que esse garanta 
direitos aos indivíduos e à sociedade de modo geral.
Trocando ideias...
As regras de como tributar – como quem, quanto e quando alguém deve arcar 
tributos – formam uma série de parâmetros de cunho legal que passam a ser 
estudados por um ramo específico do direito, denominado Direito Tributário.
Para Rubens Gomes de Sousa (1975, p. 40), pode-se conceituar o Direito 
Tributário: 
É o ramo do direito público que rege as relações jurídicas entre o Estado 
e os particulares, decorrentes da atividade financeira do Estado no que se 
refere à obtenção de receitas que correspondam ao conceito de tributos.
Ou seja, o Direito Tributário é o ramo do direito que cuida da forma de criação, 
responsabilidade pela obrigação e de tudo relacionado à relação tributária.
Ramo do direito – o Direito é formado por uma série de normas jurídicas que se 
destinam a regular diferentes esferas da vida social. Por isso, costumam formar-se 
subsistemas jurídicos, com princípios específicos e dotados de uma estrutura interna 
que os define como ramos autônomos em relação a outros setores da atividade jurídica.
Ex
pl
or
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9
Características do Direito Tributário:
 · Ramo do Direito Público;
 · Relação jurídica: Estado x Particulares;
 · Receitas que correspondam ao conceito de tributo – artigo. 3° do Código 
Tributário Nacional.
Dessa forma, a tributação no Brasil só pode ser realizada pelo Poder Público, no 
sentido de criação de tributos. Os tributos só podem ser criados por lei estabelecidas 
por quem tem o poder de legislar para tributar.
Em suma, o Direito Tributário estuda a ação estatal de exigir tributo.
O tributo atinge de perto a propriedade e a liberdade das pessoas, tanto físicas 
como jurídicas.
Não no sentido de expropriatório, mas sim um objetivo contributivo, para 
garantia e materialização das obrigações do Estado.
 
Importante!
Você consegue imaginar quais obrigações do Estado devem ser fi nanciadas pela 
arrecadação tributária?
Bem, podemos dar como exemplo a construção de escolas e hospitais, as atividades de 
segurança desempenhadas pelos policiais e bombeiros, assistência social, pagamento 
de salário para os agentes públicos etc.
Trocando ideias...
Conceito de Tributo
O conceito do que vem a ser tributo pode se retirado da própria interpretação 
da lei, ou seja, do artigo 3º do Código Tributário Nacional, o qual dispõe:
Artigo. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda 
ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato 
ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plena-
mente vinculada.
O Código Tributário Nacional (Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966) é uma lei 
brasileira que institui as normas gerais de direito tributário exigidas pelo art. 146, 
inciso III da constituição brasileira.
Agora que já temos um conceito do que vem a ser um tributo, vamos avançar e 
conhecê-lo melhor.
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UNIDADE Direito Tributário
O tributo é uma obrigação ex lege, pois deriva, direta e imediatamente, da 
vontade da lei. Nasce quando ocorre o fato, previamente descrito na lei, e por ela 
considerado, pronto a desencadear a obrigação tributárias.
Importante!
Uma medida provisória ou um decreto de um governante podem criar um tributo?
Não somente a lei, seja ordinária ou complementar, criada pelo Congresso Nacional, 
pode criar um tributo previsto na Constituição.
Trocando ideias...
Obrigações ex lege são diferentes das obrigações ex voluntate, pois nessas 
últimas a vontade das partes é levada em consideração.
Exemplo: se um menor de três anos obtiver renda, deverá pagar o imposto de 
renda, caso de alguma forma vier auferir renda.
Sendo o tributo uma obrigação ex lege, a capacidade tributária passiva, ou seja, 
a capacidade de pagar tributos independe da capacidade civil do contribuinte, ou 
ainda, sendo ele pessoa jurídica do fato de estar regu larmente constituído.
A lei, a princípio, indica que somente se pode a pagar o tributo em moeda, quer 
dizer que se trata de uma obrigação de dar – de dar dinheiro.
Contudo, pode o contribuinte oferecer para o pagamento algo que em moeda 
possa se converter (artigo. 3º do Código Tributário Nacional – CTN) – como, por 
exemplo, títulos da dívida pública.
A lei não pode obrigar o contribuinte a adotar tal prática, mas esse é um ato 
voluntário do contribuinte. Assim, caso queira poderá oferecer outro bem, nas 
citadas condições, para o pagamento.
O tributo não se constitui em sanção por ato ilícito. Um tributo nasce da prática 
de um fato lícito; ao contrário da multa de trânsito, por exemplo, que surge da 
prática de uma ilicitude.
Importante!
Tributo e Obrigação tributáriasão a mesma coisa?
Pode-se utilizar a expressão tributo como sinônimo de obrigação tributária, que por sua 
vez forma uma relação jurídica, que de um lado faz surgir a figura de um credor e de 
outro, um devedor.
Trocando ideias...
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+
+
Pagamento
Obrigatório
Em
Dinheiro
Instituido
em Lei
Tributo=
Figura 2
O sujeito ativo dessa relação é o credor do tributo, a pessoa que tem o direito 
subjetivo de cobrar o tributo, ou seja, detentora da denominada capacidade tribu-
tária ativa.
Normalmente, o sujeito ativo da obrigação tributária é a pessoa política (União, 
Estado, Município ou o Distrito Federal) que criou o tributo através do exercício de 
sua competência tributária, que lhe foi dada pela Constituição Federal.
Ocorre que a capacidade tributária ativa é delegável, através de lei editada pela 
pessoa política tributante (quem criou o tributo), mas nada impede que uma terceira 
pessoa seja encarregada de cobrar esse tributo. Essa terceira pessoa pode ser uma 
autarquia, sociedade de economia mista, uma concessionária de serviços públicos.
A competência tributária de criar o tributo é indelegável; somente a capacidade 
de exigir o tributo (capacidade tributária ativa) é delegável. Essa delegação da 
capacidade tributária ativa é denominada pela doutrina de parafiscalidade.
Para que exista a parafiscalidade é necessário que a terceira pessoa fique com 
o produto da arrecadação do tributo. Essa terceira pessoa pode ser:
 · de direito público
 · de direito privado, perseguidora de finalidades públicas (são os chamados 
entes para estatais).
Exemplo: autarquias e fundações públicas, sindicatos, Sesi, Sesc, Senai etc.
Importante!
Uma concessionária de rodovia seria um exemplo de parafi scalidade?
Uma empresa privada que se torna concessionária de uma rodovia é um exemplo de 
parafiscalidade, pois, geralmente, essas concessões atribuem à empresa privada as 
obrigações de manutenção da via, assistência aos usuários, quando não a ampliação 
da própria rodovia, entre outros. Para cumprir essas obrigações, a empresa privada 
é remunerada por intermédio de tributos, como, por exemplo, as taxas de pedágio 
e de publicidade.
Trocando ideias...
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UNIDADE Direito Tributário
O sujeito passivo da obrigação tributária é o devedor do tributo, ou seja, a pessoa 
que tem o dever jurídico de efetuar o pagamento do tributo. É a pessoa dotada de 
capacidade tributária passiva.
Qualquer pessoa, in tese, tem a capacidade tributária passiva. Nessa afirmação, 
inclui-se inclusive as pessoas políticas.
Fato Gerador
Tributo
Sujeito PassivoSujeito Ativo Lei
Figura 3
Nascimento do Tributo
Figura 4
Fonte: iStock/Getty Images
O tributo nasce quando ocorre, no mundo real (fenomênico), o fato lícito e não 
voluntário, descrito na hipótese de incidência da norma jurídica tributária. 
Assim, temos os seguintes elementos que garantem o nascimento de um tributo:
1. Mundo fenomênico (“mundo em que vivemos”);
2. Fato lícito (tributo não é multa, tributo é obrigação ex lege);
3. Por força do princípio da legalidade, a norma jurídica tributária deve ser 
veiculada por lei, editada pela pessoa política competente.
A Constituição Federal delimita as competências das pessoas políticas para a 
tributação, criação do tributo, conforme o seu artigo 145.
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Artigo. 145. A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios 
poderão instituir os seguintes tributos:
I - impostos;
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, 
efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados 
ao contribuinte ou postos a sua disposição;
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
Via de regra, a criação de um tributo se dá pela edição de uma lei ordinária; há, 
contudo, dois tipos de tributos que devem ser criados por lei complementar, são 
eles: empréstimos compulsórios e impostos residuais da União.
No tocante às medidas provisórias, essas não podem criar ou aumentar tributos, 
devido à sua própria natureza ser precária, não se adequando à segurança que deve 
ter a atividade tributária.
Hipótese de Incidência Tributária
A chamada Hipótese de Indecência Tributária refere-se ao fato descrito em lei 
que, quando acontecido, faz nascer, para alguém, o dever de pagar um dado tributo.
Não se deve confundir a hipótese de incidência tributária com o fato imponível do 
tributo, pois este último é ocorrência no mundo real do fato previsto in tese na lei.
A expressão fato gerador é equívoca, pois pode ser entendida como sinônimo 
de hipótese de incidência ou como sinônimo de fato imponível, o que pode gerar 
mal-entendidos. Para solução dessa equivocidade, alguns tributaristas empregam 
as expressões:
1. Fato gerador in abstrato = hipótese de incidência tributária;
2. Fato gerador in concreto = fato imponível.
O tributo nasce quando o fato se ajusta rigorosamente a uma hipótese de 
incidência tributária, ou seja, pratica no mundo o fato descrito na lei como tributo, 
surgindo consequentemente a obrigação de pagá-lo, ou seja, a obrigação tributária.
Como exemplos de fatos geradores pode-se citar: o obter de renda, que faz surgir 
a obrigação de pagar o imposto de renda; ser proprietário de veículo automotor, 
quando nasce a obrigação tributária de pagar imposto sobre a Propriedade de 
Veículos Automotores.
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UNIDADE Direito Tributário
Vale aqui mencionar os ensinamentos do jurista alemão Albert Hensel (1956, 
p. 148) que no ano de 1956 traçou esta frase mencionada em grandes obras de 
Direto Tributário: 
 Só deves pagar tributo se realizas o fato imponível.
Importante para determinar o quanto pagar de tributo é importante à utilização 
de dois instrumentos a base de cálculo e a alíquota.
Para Geraldo Ataliba (1973, p. 139), a base de cálculo recebe a denominação 
de base imponível: 
[...] é uma perspectiva dimensível do aspecto material da hipótese de in-
cidência, que a lei qualifica com a finalidade de fixar critério para deter-
minação, em cada obrigação tributária concreta, do quantum debeatur. 
Quer dizer que a base de cálculo trata da dimensão legal da hipótese de incidência 
tributária, ela deve estar contida na hipótese de incidência tributária. 
Ex.: Hipótese de incidência tributária – auferir rendimentos. Base de cálculos – 
renda líquida (dimensão legal da incidência).
Agregada à base de cálculo, para definir o quanto se deve pagar de tributo 
(quantum debeatur), é necessária a utilização de uma alíquota, ou seja, de um 
critério apontado na lei que, conjugado à base de cálculo, permite que se chegue à 
quantia devida a título de tributo (quantum debeatur).
A alíquota pode variar, inclusive dentro do mesmo tributo, como no caso do 
imposto sobre a renda das pessoas físicas, cuja alíquota pode variar entre 7,5% a 
27,5%, de tal modo aplicando-se a alíquota sobre determinada base de cálculo que 
se chega ao valor do imposto a ser pago.
Tributos em Espécie
O já mencionado artigo 145 da Constituição Federal autoriza as pessoas políticas 
(União, estados, Distrito Federal e municípios) a criarem os seguintes tributos:
 · Impostos; 
 · Taxas; e
 · Contribuição de melhoria.
Da leitura desse, pode-se presumir que tributo é o gênero, sendo os impostos, 
as taxas e as contribuições de melhoria, as espécies. 
No que tange às denominadas contribuições sociais e os empréstimos 
compulsórios, esses se tratam de espécies distintas do gênero tributo, em razão 
do que se dispõe à Constituição Federal de 1998. 
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Imposto – é a espécie de tributo no qual a obrigação tributária tem por fato 
gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa 
ao contribuinte.
Taxa – trata-se do tributo que tem por fato gerador o exercício regular do poder 
de polícia oua utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e 
divisível, prestado ao contribuinte.
Contribuição de melhoria – é o tributo onde o fato gerador surge em virtude 
da valorização de imóvel causado por uma determinada obra pública.
Os empréstimos compulsórios sob o aspecto doutrinário têm natureza contratual. 
Contudo, sob a ótica do direito vigente, ele é um verdadeiro tributo. Ele pode ser 
instituído em situações de caráter urgente.
Impostos
São os tributos economicamente mais importantes. Trata-se da espécie de 
tributo que tem por hipótese de incidência um fato qualquer não consistente numa 
atuação estatal.
Imposto é um tributo não vinculado a uma atuação estatal.
Normalmente, nascem de fato regido pelo Direito Privado.
Importante!
Diante das informações apresentadas até aqui, você já consegue identifi car alguns 
impostos que fazem parte do nosso cotidiano?
Trocando ideias...
Os impostos classificam-se em:
 · Imposto de Renda – fato de alguém auferir rendimentos;
 · Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS – fato de 
alguém vender mercadorias; 
 · Imposto Sobre Serviços – ISS – fato de alguém prestar um serviço;
 · Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana – IPTU – fato de alguém ser 
proprietário de imóvel urbano.
1. Pessoais: incidem sobre pessoas. Exemplo: Imposto de Renda – IR;
2. Reais: incidem sobre coisas. Exemplo: Imposto sobre Propriedade Territorial 
Urbana – IPTU;
3. Diretos (ou que não repercutem): são aqueles cuja carga econômica é su-
portada pelo próprio realizador do fato imponível (pelo próprio contribuin-
te). Exemplo: Imposto de Renda;
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UNIDADE Direito Tributário
4. Indiretos (ou que repercutem): são aqueles cuja carga econômica é 
suportada por terceira pessoa, diversa daquela que realizou o fato imponível: 
é o consumidor final. Exemplo: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e 
Serviços – ICMS; Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI;
Classificação jurídica de impostos: 
 · No artigo 153 da Constituição Federal encontram-se à competência da 
União instituir impostos sobre:
a) importação de produtos estrangeiros;
b) exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;
c) renda e proventos de qualquer natureza;
d) produtos industrializados;
e) operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores 
mobiliários;
f) propriedade territorial rural;
g) grandes fortunas, nos termos de lei complementar.
 · No artigo. 155 da Constituição Federal encontram-se os impostos 
estaduais:
a) imposto sobre doações;
b) imposto sobre operações mercantis;
c) imposto sobre a propriedade de veículos automotores etc.
 · No artigo 156 da Constituição Federal, encontram-se os impostos municipais:
a) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana.;
b) imposto sobre a transmissão de bens imóveis – ITBI;
c) imposto sobre serviços.
O Distrito Federal pode criar os impostos estaduais e os impostos municipais 
(artigo. 155 caput e artigo. 147, parte final – Constituição Federal).
Todos esses impostos devem ser criados através de lei ordinária.
A União, além dos impostos arrolados no artigo 153, poderá criar quaisquer 
outros impostos (artigo. 154 I da Constituição Federal) – desde que não se 
confundam com os previstos nos artigos. 153, 155 e 156 da Constituição Federal. 
A União desfruta da competência impositiva residual. Essa competência só pode 
ser exercida através de Lei Complementar.
Os novos impostos criados em razão dessa competência estão sujeitos às 
seguintes condições:
 · O princípio da não cumulatividade com a mesma base de cálculo e fato 
gerador de imposto já existente de competência de qualquer pessoa política.
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 · 20% do arrecadado com esse novo imposto deverá ser repartido entre os 
estados e o Distrito Federal.
Taxas
Figura 5
Fontes: iStock/Getty Images
As Taxas subdividem-se em duas espécies tributárias:
 · Taxas de Serviços – é o tipo de tributo que tem como hipótese de incidência 
tributária um serviço Público diretamente referido ao contribuinte (nasce 
da prestação de um serviço Público).
 · Serviço Público – é a prestação de utilidade material de usufruto indi-
vidual sob regime de Direito Público – cabe ressaltar que o serviço não é 
considerado público por ser essencial, mas sim porque é prestado por de-
terminação legal. Ex.: o serviço de correios não é essencial, mas é público.
Os serviços públicos dividem-se em:
 · Gerais (universais) – são aqueles que alcançam a comunidade como 
um todo, não se referem especificadamente a ninguém e beneficiam um 
número indeterminado de pessoas.
Ex.: serviço de Segurança Pública.
Esses serviços não são tributados através de taxas, eles são custeados através das 
receitas gerais das pessoas políticas que os prestam.
 · Específi cos – Nasce da prestação de serviço público específico (ou singular) 
e indivisíveis, que alcançam os contribuintes de uma forma individual, 
referindo-se diretamente a alguém.
São dotados de divisibilidade, são prestados UTI SINGOLI.
Ex.: serviço de fornecimento domiciliar de água potável. Esses serviços são 
remunerados através de taxas.
 · Divisibilidade – É a possibilidade de aferir a utilização efetiva ou potencial 
individualmente considerada.
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UNIDADE Direito Tributário
Podemos dar como exemplo:
Exemplos de taxas de Polícia Federal: Taxa de Inspeção e fiscalização de bebi-
das alcoólicas;
Exemplos de taxas de Polícia Estadual: Taxa de vistoria em anúncios em rodovias;
Exemplos de taxas de Polícia Federal: Taxa de licença para construir, para demolir, 
para reformar.
A taxa pode ser cobrada de quem efetivamente utilizou o serviço ou, ainda, 
daquele que tem o serviço colocado a sua disposição – é uma característica do 
Direito Positivo Brasileiro.
Ex.: mesmo quem não usa a água encanada paga pelo serviço uma taxa mínima.
Assim podemos dizer que, no Brasil, existem dois tipos de taxas de serviços, as 
fruíveis (colocadas à disposição) e as fruídas (efetivamente utilizadas).
Taxas de Polícia – Tipo de tributo que tem por hipótese de incidência tributária 
um ato de Polícia, diretamente referido ao contribuinte.
Está atrelada ao chamado Poder de Polícia.
 
Poder de Polícia – Faculdade que o Estado tem de baixar regras de nível legal ou infra 
legal para disciplinar a liberdade e a propriedade das pessoas.Ex
pl
or
A taxa de Polícia deve ser paga para custear as diligências dos atos decorrentes 
do Poder de Polícia. Ex.: pago taxa para obter uma licença de reforma e se a 
licença não for concedida não, receberei meu dinheiro de volta. 
Importante!
As taxas fazem parte de nosso cotidiano, você consegue identificá-las?
Trocando ideias...
No Brasil, existem as denominadas taxas de uso e de obras que já foram 
consideradas pela justiça como inconstitucionais, pois não encontram fundamento 
de validade no artigo. 145, II da Constituição Federal.
 Na prática, existem algumas dessas taxas que são cobradas. Ex.: Ttaxa paga 
para visitar o museu de Petrópolis (taxa de uso).
Outra taxa cobrada de modo indevido é a taxa de pavimentação (taxa de obra).
Zona Azul – É uma taxa de Polícia, que tem por objetivo regularizar o 
estacionamento em uma área com grande fluxo de veículos. O valor da zona azul 
é fixado por Decreto, no entanto, deveria ser feito através de Lei (princípio da 
legalidade), essa é a única incorreção observada nesse tipo de taxa.
Pedágio – Trata-se de uma taxa de serviço cuja previsão está disposta no artigo. 
150, V, in fine da Constituição Federal.
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Destina-se ao serviço de conservação da rodovia e abre espaço para a cobrança 
da taxa.
As taxas de polícia, para existir, dependem da existência do ato de polícia. Para 
tanto, considera este:
Ato de polícia: é o que envolve o exercíciodo chamado Poder de Polícia;
Poder de Polícia: é a faculdade que o Estado tem de, dentro dos limites nor-
mativos, baixar regras de nível legal ou infra legal, para disciplinar o exercício 
dos direitos, a liberdade ou a propriedade das pessoas, compatibilizando com o 
bem comum.
Exemplo: as pessoas têm o direito de dirigir autos, mas esse direito é limitado 
pelo Poder Público, e todas as regras que limitam esse direito são manifestações 
do Poder de polícia.
Taxa de Polícia: não remunera o ato de polícia, mas as diligências à prática do 
ato de polícia. Em consequência, a taxa será devida, quer tenha sido concedido ou 
não o almejado.
Exemplo: Uma empresa requer um alvará para construir, pagando uma taxa. 
No caso de o Poder Público não conceder o alvará, não poderá requerer o valor 
da taxa de volta.
Como vimos, o que dá sentido à existência e cobrança das taxas é o que se 
costuma denominar de Princípio da Retributividade. A taxa não serve para aumentar 
a contribuição do Estado, mas para uma compensação para a prestação do serviço 
público ou para praticar o ato de polícia. Deve haver uma correlação entre o custo 
da atuação estatal e o montante cobrado a título de taxa.
Trata o artigo 145, § 2º, da Constituição Federal, que as taxas não poderão 
ter base de cálculo própria dos impostos. Exemplo: a taxa da comissão de valores 
mobiliários (ou taxa de Comissão de Valores Mobiliários – CVM), criada pela lei n. 
7940/89. O artigo 2º estabelece que a CVM pode cobrar a taxa das empresas que 
fiscaliza. O artigo. 4º estabelece que a base de cálculo da taxa é o patrimônio líquido 
da empresa fiscalizada, que não mede os custos das diligências, mas sim é base de 
cálculo de impostos sobre o patrimônio. Portanto, essa taxa é inconstitucional.
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UNIDADE Direito Tributário
Contribuição de Melhoria
Figura 6
Fonte: iStock/Getty Images
É o tipo de tributo que tem por hipótese de incidência uma atuação estatal, 
indiretamente referida ao contribuinte.
Essa atuação estatal só pode ser uma obra pública – artigo. 145 III da Constitui-
ção Federal.
Obra pública: é a edificação, a ampliação ou a total reforma de um bem imóvel pert-
encente ou incorporado ao patrimônio público. Exemplo: ponte, viaduto, o fórum, etc.Exp
lo
r
Importante!
Mas será que qualquer obra pública gera a possibilidade da cobrança da Contribuição 
de Melhoria?
Não, é necessário que da obra pública cause a valorização imobiliária. Deve haver uma 
relação de causalidade entre a obra pública e a valorização imobiliária.
Trocando ideias...
A contribuição de melhoria é o tipo de tributo, que tem por hipótese de 
incidência a valorização imobiliária causada por obra pública. Não se pode cobrar 
a contribuição de melhoria sobre obra não encerrada. A base de cálculo deve ser 
o quantum da valorização experimentada pelo imóvel, em decorrência da obra 
pública realizada em suas imediações. A alíquota é um percentual desse quantum.
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Princípios Constitucionais Tributários
Vamos tratar aqui de alguns princípios que interferem e regulam as atividades 
tributárias do Estado e consequentemente repercutem no âmbito do Direito Tributário.
Os princípios constituem-se em fontes basilares para qualquer ramo do direito, in-
fluindo tanto em sua formação como em sua aplicação. Em relação ao Direito Admi-
nistrativo, e mais especificamente às Licitações, também os princípios as norteiam.
Para Miguel Reale (1993, p. 300):
Os princípios são certos enunciados lógicos admitidos como condição ou 
base de validade das demais asserções que compõem dado campo do saber.
Em sua lição, De Plácido e Silva (1991, p. 447), estudiosos dos vocábulos 
jurídicos, ensinam que: 
Os princípios são o conjunto de regras ou preceitos que se fixam para 
servir de norma a toda espécie de ação jurídica, traçando a conduta a ser 
tida em uma operação jurídica.
A título de ilustração, expõe-se o comentário tecido por Celso Antônio Bandeira 
de Mello (2005, p. 888-889) acerca dos princípios em geral:
Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, 
verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre 
diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo de critério para 
a sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica 
e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe 
dá sentido harmônico. É o conhecimento dos princípios que presidem a 
intelecção das diferentes partes componentes do todo unitário que há por 
nome sistema jurídico positivo.
A importância dos princípios para a aplicação do direito está expressa no próprio 
ordenamento jurídico. O artigo 4º, da Lei de Introdução ao Código Civil, dispõe 
que: “quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os 
costumes e os princípios gerais do direito”.
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UNIDADE Direito Tributário
Princípio da Legalidade 
O artigo 5º, inciso II, da Constituição Federal, bem como, no âmbito das normas 
tributárias, haja tratamento específico no artigo 150, inciso I, o qual traz a ideia de 
que somente a lei pode criar tributo.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é 
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
Para se criar tributos, é necessário editar a norma jurídica tributária em todos os 
seus elementos essenciais (hipótese de incidência tributária, sujeito ativo e passivo, 
base de cálculo, alíquotas). Mesmo a base de cálculo e a alíquota só podem ser 
fixadas por intermédio de lei, nunca por decretos ou outras fontes diversas.
Aumentar Tributos – É a alteração, para maior, da alíquota e das bases de cálculo 
dos tributos.
Não são somente os tributos que devem ser criados por lei, a mesma se dá 
para as denominadas obrigações acessórias, também denominadas de deve-
res instrumentais.
Esses deveres instrumentais impõem-se ao contribuinte ou a uma terceira pessoa 
a ele ligada, tendo em vista o perfeito funcionamento do sistema arrecadador. Tal 
dever pode se constituir em comportamentos positivos ou negativos. Ex.: fazer 
declaração, extrair notas fiscais, escriturar livros etc.
Não há exceções ao princípio da Legalidade Tributária; existe apenas uma 
aparente exceção, que se encontra no artigo 153 § 1º da Constituição Federal, 
nesse caso as alterações só podem ocorrer dentro dos parâmetros fixados pela lei, 
nunca fora deles. 
Princípio da Anterioridade
 É um princípio exclusivamente Tributário e encontra-se disciplinado no Artigo 
150, inciso III, alínea b, da Constituição Federal.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é 
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
[...]
III - cobrar tributos:
[...]
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os 
instituiu ou aumentou;
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Assim, a lei que cria ou aumenta o tributo, ao entrar em vigor, fica com sua 
eficácia suspensa até o início do próximo exercício financeiro, quando incidirá. 
Dessa forma, entrará em vigor em um exercício financeiro, mas só se tornará 
eficaz (produzirá efeitos) no próximo exercício.
A Constituição Federal confere o direito subjetivo ao contribuinte, no sentido de 
ser tributado pelas leis que vigoravam até o dia 31 de dezembro do ano imediata-
mente anterior.
Exceções ao Princípio da Anterioridade 
O artigo 150, § 1º, da Constituição Federal, estabelece que não são dependentes 
do Princípio da Anterioridade os impostos sobre a importação, exportação, 
produtos industrializados, operações financeiras e os impostos lançados por motivos 
de guerra. Contudo, o rol do referido artigo é meramente exemplificativo, pois, 
além dos aqui previstos, existe também o empréstimo compulsório para atender às 
despesas extraordinárias decorrentesde calamidades públicas, guerra externa ou 
sua eminência.
O Princípio da Anterioridade não permite a criação de novos casos, pois se trata 
de uma garantia, e as garantias são consideradas causas pétreas, que não podem 
ser alteradas, nem por Emendas à Constituição.
Caso de Anterioridade Especial – Contribuições Sociais para a Seguridade 
Social (antiga contribuição previdenciária), por força do disposto no Artigo 195, 
§ 6º, da Constituição Federal. Nesse caso, a eficácia só ocorrerá 90 dias após sua 
publicação, independente do exercício financeiro.
Princípio da Segurança Jurídica – Tal princípio estabelece a certeza do direito 
e a proibição do arbítrio, prevendo que a lei orçamentária seja irretroativa. Além 
de tal princípio, existe também o disposto no Artigo 150, inciso III, alínea a da 
Constituição Federal.
O Princípio da legalidade já traz expressamente a proibição da retroatividade da 
Lei Tributária, que deve ser sempre anterior ao fato imponível. 
Importante!
Uma lei tributária que seja mais benéfi ca ao contribuinte poderá atingi-lo, até para uma 
obrigação tributária que surgiu em seu passado?
Sim, as leis tributárias benéfi cas podem retroagir (exemplo: as que concedem isenção, 
parcela débitos, aumenta prazo para pagamentos etc.) 
Trocando ideias...
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UNIDADE Direito Tributário
Princípio da Capacidade Contributiva 
Previsto o presente no Artigo 145 parágrafo 1º da Constituição Federal: 
[...] sempre que possível, os impostos terão o caráter pessoal e serão 
graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte.
Trata-se aqui da adoção de um republicano de tratamento igual na medida 
das desigualdades.
Como exemplo de tal princípio, podemos mencionar o Imposto de Renda, que 
tem como base de cálculo a renda de um trabalhador. Sua alíquota é dividida em 
quatro espécies, distribuídas de acordo com a faixa de renda do contribuinte.
Assim, terá uma alíquota maior quem mais aufere renda e menor quem menos 
auferi, chegando inclusive à isenção dessa espécie de imposto.
Exemplo: imposto sobre a renda – possui 4 alíquotas, de 27,5%, 22,5%, 15% 
e 7,5%.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
A Competência Tributária e a Capacidade Tributária Ativa
https://goo.gl/D0uL22
O princípio da capacidade tributária
https://goo.gl/Uh19jJ
Muitos consumidores desconhecem o valor da carga tributária dos presentes de fim de ano 
https://goo.gl/QXa38f
 Leitura
Direito Tributário e Políticas Públicas
https://goo.gl/eGCGlO
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UNIDADE Direito Tributário
Referências
ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 1973.
BRASIL, Código Civil Brasileiro, de 10 jan. 2002. Brasília, DF: Senado Federal, 
2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>.
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 out. 1988. 
Brasília, DF: Senado Federal, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>.
HENSEL, Albert. Diritto Tributário. Milano: Dott. Giuffrè Editore, 1956.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo.19. ed. 
São Paulo: Malheiros, 2005.
________. Elementos de direito administrativo. São Paulo: Revista dos Tribu-
nais, 1981.
MONTENEGRO FILHO, Misael. Curso de direito processual civil. Teoria geral 
do processo e processo de conhecimento. 2. ed. Atlas São Paulo:.2015.
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 1993. 
SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991.
SOUSA, Rubens Gomes de. Compendio de legislação tributária. São Paulo: 
Resenha Tributária, 1975.
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