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Os Atuais Direitos Trabalhistas dos Jornalistas (diplomados ou não) . A profissão de jornalista tem uma relevância social tão incomensurável, cuja atuação tem sido determinante nos vários aspectos de transformação cultural, social e, sobremaneira, política do Brasil. Nesse sentido, a sociedade brasileira e a comunidade jurídica ficaram estarrecidas com a decisão do STF, em 2009, no qual o diploma de jornalismo não seria obrigatório para o exercício da profissão. . Dentre os argumentos utilizados, o Ministro Gilmar Mendes lembrou que o Decreto-lei 972/69, que até hoje regulamenta a profissão, foi instituído pelo regime militar e tinha clara finalidade de afastar do jornalismo intelectuais contrários ao regime. Com a devida vênia, penso que esse argumento foi completamente descontextualizado e incabível para a situação em apreço. . Essa decisão fez com que as empresas de comunicação tivessem o talante de estabelecer quais seriam os seus critérios de contratação. Já o outro Ministro Ricardo Lewandowski admoestou que a exigência do diploma demonstraria um resquício do regime de exceção o que enfatizaria o caráter de censura ao livre exercício da profissão. . Nessa lógica insipiente, daqui a pouco vão permitir que bacharéis em direito advoguem mesmo sem terem sido aprovados no Exame de Ordem, visto que a aptidão para prática da advocacia adquiri-se na graduação e não pela aprovação no exame. Convenhamos, outro argumento estúpido que, somados a outros tantos, compuseram a maioria dos votos daquela decisão do Egrégio Tribunal. . É necessário entender, dentro dessa conjuntura legal, que o jornalista tem vários direitos salvaguardados na CLT e que, embora escancaradamente vilipendiados, merecem ser conhecidos de todos esses trabalhadores. Dentro deste compasso, abordarei alguns mais relevantes. Anime-se e vamos juntos ! . Consoante preceitua as normas da CLT, especificamente no seu art. 302, §2º, e não alteradas pela Reforma Trabalhista, a jornada de trabalho normal de um jornalista empregado NÃO deverá exceder a 5(cinco) horas, tanto de dia como de noite. Observe que, por essa sistemática, é possível que o jornalista tenha mais de um vínculo empregatício. No entanto, vamos a algumas observações: 1) Se o jornalista trabalhar para mais de uma empresa de comunicação do mesmo grupo econômico, ele terá direito as horas extras quando exceder do limite legal supramencionado. Vamos ao exemplo: um jornalista trabalha na redação de um jornal pela manhã e na rádio de outra empresa à tarde do mesmo grupo econômico. Dessa forma, a jornada de trabalho excedida será paga como extra; 2) O tempo à disposição da empresa para elaboração de uma matéria ou cobertura de um fato também será contado como hora extra caso exceda o tempo mencionado no dispositivo legal. A viagem para um lugar dura X horas, para prepara a equipe e conversar previamente com as pessoas que serão entrevistadas Y horas, gravar a matéria W horas e voltar para a sede mais Z horas. Se o somatório de X, Y, W e Z exceder 5 horas, vai ter que pagar hora extra ; 3) Essa regra vale somente para os jornalistas que possuem carteira assinada com a pessoa jurídica. Aqueles que trabalham como freelancers ou autônomos e ganham por trabalho, precisam acordar o valor de todo o tempo desprendido no trabalho previamente. 4) . A grande maioria desses profissionais têm um contrato de prestação de serviço firmado com uma empresa no qual ficam a mercê da mesma para convocação por demanda e ganham SOMENTE por esses chamados. Para compensar essa instabilidade financeira, muitos acabam prestando serviços para mais de uma empresa nesse estilo, comprometendo sua própria qualidade de vida. . É interessante ressaltar que esses contratos de prestação de serviços devem ser analisados por um advogado especialista para evitar certos abusos contra o jornalista. Em outras linhas, o conteúdo art. 304 da CLT assevera que a duração normal do trabalho poderá ser elevada a 7 (sete) horas, mediante acordo escrito. No entanto, o referido aumento de tempo deverá ser contrabalançado com um aumento do ordenado e a fixação de um intervalo destinado à repouso ou a refeição. . O profissional da comunicação que atua como freelancer ou autônomo deve ter o cuidado no sentido de não exceder os ditames legais em contrato particular. Nesse sentido, é relevante ressaltar que qualquer abuso ou exploração por parte do contratante caracterizará responsabilização do mesmo perante a justiça do trabalho por fraude as leis trabalhistas. Logo, o jornalista contratado deverá ater-se aos prazos legais de formalização de denúncia, cujo tempo é de 5 dias (art. 304, parágrafo único, CLT) para comunicação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, dentre outras entidades do ramo, cujas orientações somente podem ser dadas pelo sindicato da categoria ou advogado trabalhista. . Certas realidades são muito tristes, mas precisam ser externalizadas, a fim de que possam ser combatidas da melhor forma possível. Nesse contexto, quero mencionar que a CLT prevê que as relações contratuais de trabalho pode ser objeto de livre estipulação das partes interessadas conforme prevê o art. 444, caput, da CLT. Porém, esse mesmo dispositivo que tais negociações não contravenham às disposições legais e coletivas de proteção ao trabalho. . Com a Reforma Trabalhista, QUALQUER contrato particular firmado entre empregador e empregado se sobrepujará aos ditames legais. Logo, não haverá remediação a um contrato maleficioso dessa estirpe, sendo a prevenção a única forma de salvaguardar os direitos de um jornalista freelancer, autônomo ou contratado por prazo determinado. . Nesse ponto, gostaria de fazer um alerta para os jornalistas que trabalham ou são coagidos/induzidos/instigados a trabalhar como pessoa jurídica: é necessário constar as despesas referentes aos impostos que você terá nessa condição. Muitos empregadores (de vários ramos do comércio) contratam pessoas como entidades jurídicas para não se responsabilizarem com os encargos trabalhistas o que não é (pasmem) caracterizado como fraude as leis laborais no Brasil. . Por outro lado, a pessoa que atua como física não tem as mesmas despesas como jurídica. Sendo que, ao sopesar suas atribuições profissionais e custos modo operandi, terá por uma questão de acuidade sopesar nas negociações uma margem de lucro maior para compensar a referida situação. . Como se dar esse tipo de contratação? Qual a margem de lucro para se contratar um jornalista como pessoa jurídica numa empresa de comunicação como a Globo, SBT e afins? Como pessoas jurídicas de porte e recursos financeiros tão discrepantes podem chegar a um consenso salutar? Compreendo que surja uma ansiedade para obter as respostas dessas perguntas, inobstante elas advirão com uma outra análise dessa situação peculiar posta a parte. . O escopo deste artigo consiste na legislação trabalhista para com a pessoa física. Portanto, continue lendo. . Ao contrário dos demais trabalhadores, cujo intervalo interjornada de trabalho destinados ao repouso é de, no mínimo, 11 (onze) horas, para os jornalistas esse espaço de tempo é de 10(dez) horas. Não vejo o porquê dessa redução a não ser para complicar a vida dos concurseiros que pretendem fazer provas na área trabalhista para se aterem a esses detalhes nas questões. . Em contrapartida, lembro-lhe do seguinte: o tempo que o jornalista fica à disposição da emissora, rádio ou tv para a cobertura de uma matéria com um celular ou computador conectadosa empresa TAMBÉM contam como horas de trabalho. Sendo assim, qualquer hora excedida do seu tempo de trabalho e que não respeitem esse período de repouso contam como horas extras, conforme preceitua o art. 309 da CLT. . É óbvio que nenhuma empresa jornalística tem o interesse de se tornar inadimplente com suas obrigações trabalhista sob o risco de ter suas funções suspensas, visto que há previsão legal para isso na própria CLT. Todavia, há dívidas que não são de ordem trabalhista tais como os direitos autorais do conteúdo intelectual das matérias e direito de imagens referentes aos profissionais que criam conteúdo e atuam na área. . Sendo assim, cada jornalista deverá ter o mínimo de cuidado ao vender seus serviços, visto que certos bordões, modos de elaboração de matérias e até estilos de vestimentas podem vir a ser objeto de propriedade intelectual da empresa contratante. . Para exemplificar vou citar um exemplo prático disso que ocorreu há um tempo. Uma jornalista tinha o hábito de terminar a matéria falando uma frase que rimava com o nome da emissora que trabalhava. Ao sair, ela reivindicou o direito ao uso desse “bordão” e uma indenização pelo uso indevido do mesmo, visto que a outra jornalista que a substituiu continuou usando o mesmo. Inclusive alegou que o referido bordão tornou-a mais conhecida e ajudou a promover muito à empregadora. . No entanto, esse pedido não foi deferido, visto que estava no contrato de trabalho que todo conteúdo informativo veiculado no canal era de propriedade da emissora (no caso da empresa jornalística contratante). Portanto, ela só fez jus aos direitos trabalhistas pleiteados na ação e não a referida indenização pleiteada. . Antes de findar, gostaria de deixar claro que as informações postas aqui são meramente informativas e que não substituem uma consulta jurídica com um(a) advogado(a). Cada profissional do jornalismo que atue como pessoa física ou, mormente, jurídica deve procurar um(a) advogado(a) para melhor verificar as suas necessidades e direitos. . Estou à disposição para confabular sobre esses e outros assuntos jurídicos com quem tiver interesse e educação para tal. . Meus cordiais cumprimentos a todos. . Escritório HM Advocacia (em João Pessoa) Dr. Hertúlio Medeiros OAB/PB: 24315 Contatos: 83-98729.7001 / dr.hertulio.adv@gmail.com
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