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1. Avaliação segundo o ACLS® A - Parada cardiorrespiratória Responsividade: - Chame-o pelo nome, vigorosamente: - Observe se ele acorda, respira ou responde; - Se ele estiver com respiração normal e es- tabilidade hemodinâmica e não houver trau- ma, coloque-o em posição de recuperação: • Dobre um dos braços do paciente: • Coloque o outro braço ao redor do pesco- ço dele: Habilidades em Clínica Médica 1 • Cruze uma das pernas do paciente sobre a outra: • Role-o para o lado contrário ao da perna dobrada: MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS2 • Coloque-o em posição de recuperação: - Se não apresentar nenhum movimento es- pontâneo, respiração ou resposta, chame ajuda: ligue 192 (sempre solicite um desfi- brilador): • Comece o CAB da ressuscitação. Circulação: - Cheque o pulso e a respiração, simultanea- mente, em menos de 10 segundos: • Dê preferência sempre pelo pulso caro- tídeo: - Na ausência de pulso: • Inicie a compressão torácica: - Durante compressão torácica: • Mantenha o paciente sobre superfície rí- gida; • A posição deve ser na linha intermamilar, sobre o esterno: • Uma das mãos deve ficar espalmada, com a outra sobre ela (note que apenas a região hipotenar da mão de baixo entra em contato com o tórax do paciente): • A profundidade da compressão deve ser de 5 a 6cm; • Permita o retorno do tórax entre as com- pressões; • A frequência deve estar entre 100 e 120bpm; • Comprima forte e rapidamente, sem do- brar os cotovelos. HABILIDADES EM CLÍNICA MÉDICA 3 - Em coordenação: • 30 compressões e 2 ventilações; • Com via aérea avançada, máscara larín- gea, tubo endotraqueal (IOT) etc.: assín- crona (compressões contínuas) e 1 venti- lação a cada 6 segundos. Vias aéreas: Desobstrua as vias aéreas: - Sem trauma, com leve hiperextensão da cabeça: - Com trauma, eleve a mandíbula (manobra de jaw thrust): • Apoie a região tênar da mão sobre a re- gião zigomática da vítima, bilateralmente; • Coloque a ponta dos dedos indicador e médio atrás do ângulo da mandíbula, bi- lateralmente, exercendo força suficiente para deslocá-Ia anteriormente; • Apoie os polegares na região mentonia- na, imediatamente abaixo do lábio infe- rior, e promova a abertura da boca. Respiração: Realize 2 ventilações assistidas (1 a cada se- gundo): - Utilize máscara facial ou dispositivo bolsa– valva–máscara (AMBU®) para as ventilações assistidas. • Retorne à compressão torácica (relação 30:2); • Assim que um Desfibrilador Externo Au- tomático (DEA) estiver disponível, conec- te-o à vítima e siga as orientações dadas pelo dispositivo; • Aperte o botão de choque, se recomen- dado: As pás do DEA têm indicação para o seu po- sicionamento correto (infraclavicular direita e inframamária esquerda): MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS4 B - Identificação do tipo de parada cardiorrespiratória Monitorização em parada cardiorrespi- ratória: Identificação do tipo de parada: - Ritmos chocáveis: • Fibrilação Ventricular (FV): • Taquicardia Ventricular (TV): - Ritmos não chocáveis: • Assistolia: • Atividade Elétrica Sem Pulso (AESP): Conduta em FV/TV: - Inicie ressuscitação cardiopulmonar (RCP) 30:2; - Assim que o desfibrilador estiver disponí- vel, aplique o choque: - Tipos de desfibrilador: • Monofásico: carga de 360J; • Bifásico: carga de 150 a 220J (dependen- do do fabricante). HABILIDADES EM CLÍNICA MÉDICA 5 - Coloque gel nas pás do desfibrilador: - Aplique o choque e reinicie RCP por 2 mi- nutos (após, verifique o ritmo): - Logo que o acesso venoso estiver disponí- vel, administre: • Adrenalina: 1mg IV, bolus, com flush de soro fisiológico a cada 3 a 5 minutos; • Amiodarona: 1ª dose de 300mg IV, bolus, 2ª dose de 150mg IV, bolus. - Administre as drogas a cada 3 a 5 minutos, sempre elevando o membro do paciente; - Administre o choque a cada 2 minutos. Conduta em assistolia e AESP: Verifique se o caso, realmente, é de uma as- sistolia: - Protocolo da linha reta: • Cheque os cabos: • Aumente o ganho ou a sensibilidade do registro: MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS6 • Altere as derivações: - Foque na qualidade da RCP (compressões torácicas efetivas); - Administre a droga logo que o acesso ve- noso estiver disponível: • Adrenalina de 1ª escolha: 1mg IV, bolus, com flush de soro fisiológico, repetindo a cada 3 a 5 minutos; - Verifique e trate as possíveis causas da pa- rada: • Atente-se para os “5 Hs e 5 Ts”: Cuidados imediatos pós-parada: - Mantenha saturação >94%; - Considere a via aérea avançada; - Não hiperventile; - Trate a hipotensão; - Evitar hiper ou hipoglicemia; - Evitar hipertermia; - Infunda o vasopressor: • Norepinefrina ou epinefrina: 0,1 a 0,5µg/ kg/min; • Dopamina: 5 a 10µg/kg/min. - ECG de 12 derivações; - Utilize capnografia (a via aérea avançada pode ser considerada durante o atendi- mento da RCP, visando tratar a hipóxia, além de permitir compressões torácicas contínuas. Portanto, a capnografia deve ser utilizada, visto que avalia a posição do tubo orotraqueal e a qualidade da RCP, de acordo com a forma da onda apresentada, buscando valor acima de 10mmHg): • Capnógrafo: • Curvas: * Paciente com pulso (boa perfusão) e in- tubado adequadamente: * Paciente com intubação sem sucesso (ausência de curvas): * Paciente sem pulso (em PCR) e intubado adequadamente. A compressão torácica eficaz deve manter CO2 >10mmHg: * Elevação abrupta de ETCO2 sugestiva de retorno à circulação espontânea: HABILIDADES EM CLÍNICA MÉDICA 7 C - Cardioversão elétrica sincronizada Procedimento: A seguir, acompanhe o procedimento para converter uma taquiarritmia instável (com pulso) em ritmo sinusal, utilizando o choque elétrico de maneira sincronizada: - Se o procedimento for eletivo: • Jejum de, no mínimo, 6 horas; • Em caso de paciente diabético, indique a suspensão de medicações orais para o diabetes. - Mantenha anticoagulante e cheque o TAP com INR antes de programar a cardiover- são; - Se o procedimento for de urgência/emer- gência: • Sem necessidade de preparo. Início do procedimento: - Informe o paciente: - Obtenha acesso venoso periférico: • Nunca retarde a cardioversão de emer- gência. - Monitorize o paciente com eletrodos au- toadesivos, oxímetro de pulso e pressão arterial não invasiva: - Sede o paciente consciente, exceto o he- modinamicamente instável ou com pro- gressiva deterioração clínica: - Ventile o paciente sob pressão positiva com dispositivo bolsa–valva–máscara (AMBU®): - Ligue o desfibrilador/cardioversor: mono- fásico ou bifásico; - Conecte os eletrodos ao tórax do paciente de forma correta, escolhendo a derivação com melhor registro eletrocardiográfico na tela do monitor; - Aperte o botão SYNC ou SINCR do apa- relho para acionar o modo sincronizado, MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS8 sendo evidenciado na tela quando estiver ativado e com captura adequada do QRS: - Selecione o nível de energia de choque a ser utilizado respeitando a sequência para: Desfibriladores monofásicos - Fibrilação atrial: 200J, 300J, 360J; - TV monomórfica: 100J, 200J, 300J, 360J; - Flutter e outras taquicardias supraventricula- res: 100J, 200J, 300J, 360J; - TV polimórfica: lidar como FV (desfibrilação de alta energia – carga máxima). Desfibriladores bifásicos Podem-se usar doses menores de energia, sempre de forma escalonada (100 a 200J). - Aplique gel de condução nas pás do desfi- brilador; - Coloque corretamente as pás sobre o tórax do paciente, uma na região apical e a ou- tra na borda esternal direita infraclavicular (posição anterolateral): • Em portadores de marca-passo e CDI, deve-se observar se oeixo do choque é perpendicular ao eixo dos eletrodos des- ses dispositivos e manter à distância de 10cm entre a pá e o dispositivo (o gerador é subcutâneo). - Aperte o botão de carregar, escute o tom de carregado emitido pelo aparelho e veri- fique se a energia está apropriada; - Certifique-se de que todos estejam afas- tados do paciente no momento em que o desfibrilador esteja carregado com a ener- gia selecionada; - Coloque pressão sobre o tórax do paciente com as pás, assegurando um bom contato entre as superfícies: - Aperte simultaneamente os botões SHOCK nas pás para que seja liberado o choque; - Aguarde alguns segundos com as pás so- bre o tórax do paciente para ter certeza de que o choque sincronizado seja efetiva- mente liberado; - Cheque o monitor para observar o ritmo eletrocardiográfico após a cardioversão elétrica; caso a taquiarritmia persista, se- lecione um nível de energia maior: HABILIDADES EM CLÍNICA MÉDICA 9 - Para choques subsequentes, assegure-se sempre de que o modo SYNC está nova- mente ativado, pois a maioria dos modelos de desfibriladores retorna ao modo não sincronizado após cada choque; - Observe a PA e mantenha o paciente mo- nitorado enquanto estiver sob efeito da sedação, podendo esta ser antagonizada quando indicado; - Solicite um eletrocardiograma de 12 deri- vações para a documentação da reversão do ritmo; resumidamente, siga esta dica: ISASC - Informe o paciente; - Sede; - Ambuze; - Sincronize; - Choque escalonado. D - Intubação orotraqueal Preparação: - Posicione o paciente em decúbito dorsal; - Posicione-se atrás da cabeça da vítima: - Solicite a um auxiliar que estabilize a cabe- ça e o pescoço do paciente nos casos com suspeita de trauma cervical; - Se o paciente estiver consciente, pré-oxi- gene espontaneamente (sob pressão posi- tiva com bolsa–valva–máscara): - Efetue a monitorização com oxímetro de pulso, cardioscópio e pressão não invasiva; - Obtenha acesso venoso periférico antes do procedimento; - Sede o paciente pela via intravenosa: • Avalie a necessidade de bloqueador neu- romuscular de ação rápida. - Teste o equipamento a ser utilizado; - Prepare o tubo traqueal; - Introduza o guia (mandril) no tubo (verifi- que se ele não ultrapassa a extremidade distal do tubo): - Posicione o tubo orotraqueal para introdu- ção: MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS10 Laringoscopia: - Realize-a de forma tranquila, sempre atrás da cabeça do paciente; - Introduza a lâmina pela margem direita da boca do paciente; - Desloque a língua para o lado esquerdo da boca do paciente; - A lâmina do laringoscópio deve ser tracio- nada em direção caudal com relação ao pa- ciente, evitando o movimento de báscula com a lâmina, pois há o risco de trauma em dentes incisivos superiores: - Ao afastar a língua lateralmente, visualize a epiglote; - Desloque a epiglote para que as cordas vo- cais sejam bem visualizadas: - Avance o tubo orotraqueal até aproxima- damente 22 a 24cm (ponto de inserção do balonete): - Retire o mandril; - Insufle o balonete com 5 a 10mL de ar: - Verifique a posição do tubo por meio da ausculta dos 5 pontos: • Epigástrio: • Bases esquerda e direita: HABILIDADES EM CLÍNICA MÉDICA 11 • Ápices esquerdo e direito: - Capnografia (conecte ao tubo e ao AMBU®; cheque curva no monitor): - Fixe o tubo com um dispositivo apropriado: - Radiografe para verificar se a posição do tubo está adequada (pelo menos a 2cm da carina da traqueia). Observações: - A luz da lâmpada do laringoscópio deve es- tar branca, pois a luz amarela indica bate- ria fraca: - Ao introduzir o laringoscópio, escolha a lâ- mina com as dimensões adequadas ao pa- ciente. Lembre-se de que é possível utilizar lâmina grande para intubar um paciente pequeno, mas não lâmina pequena para intubar um paciente grande; - A manobra da laringoscopia não deve du- rar mais do que 30 segundos; - Ventile o paciente por 30 segundos antes da próxima tentativa, no caso de insucesso; - Pode-se usar a manobra de Sellick, que permite melhor visualização das estrutu- ras pela laringoscopia, prevenindo a regur- gitação gástrica e a broncoaspiração. MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS12 2. Acesso venoso central Veia jugular interna: Localize anatomicamente a veia: - Identifique uma linha que percorra o pro- cesso mastoide até a inserção do músculo esternocleidomastóideo (ECM) no esterno – a veia jugular interna percorre parale- lamente essa linha, partindo do ápice do triângulo formado pelas 2 bordas do ECM, lateralmente à artéria carótida: - Localize o ápice do triângulo formado pelas 2 cabeças do ECM, tendo a clavícula como base: - Palpe a pulsação da artéria carótida (me- dial à borda interna do ECM) e identifique a veia jugular externa, para evitar sua pun- ção acidental: - Realize o procedimento: • Antissepsia, com colocação de campos ci- rúrgicos: • Coloque o paciente na posição de Trende- lenburg; • Infiltre a pele com solução anestésica: HABILIDADES EM CLÍNICA MÉDICA 13 - Introduza a agulha próximo ao ápice do triângulo, num ângulo de 30°, com uma seringa contendo solução salina fisiológica, aplicando-se uma leve força de aspiração. Avance, apontando-a para o mamilo ipsila- teral, lembrando que a veia jugular interna é superficial em relação à pele (2 a 3cm de profundidade). Deve-se localizar a caróti- da e introduzir a agulha lateral para evitar punção acidental. O sangue deve fluir fácil e livremente para dentro da seringa: - Reduza o ângulo de inclinação da agulha, mantendo-a mais alinhada com a veia. Desconecte a seringa, de modo que o san- gue venoso flua de maneira contínua, e não pulsátil: - Mantenha o orifício externo da agulha ocluído com o dedo, para evitar uma em- bolia gasosa: - Insira o fio-guia no vaso, que deve progre- dir sem qualquer resistência: - Retire a agulha: MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS14 - Com o fio-guia em posição, faça uma inci- são na pele (±3mm), com uma lâmina de bisturi, para facilitar a passagem do dilata- dor venoso: - Vista o fio-guia com o dilatador e empurre o dilatador para dentro da veia. Após, re- mova o dilatador, mantendo o fio-guia em posição. Comprima o orifício de entrada na pele, para evitar sangramentos; - Cubra o fio-guia com o cateter e introduza o conjunto todo para dentro do vaso. Em seguida, retire o fio-guia; - Finalmente, realize o teste do refluxo de sangue por meio dos lumens do cateter, que deve ser livre e fácil. Fixe-o à pele e aplique o curativo apropriado. Veia subclávia: Localize-a anatomicamente: - Localize a clavícula, dividindo-a em 3 ter- ços. Na transição do terço medial com o terço intermédio, na região subclavicular, encontra-se o local adequado para a pun- ção. A agulha deve ser sempre direcionada à fúrcula esternal: Realize o procedimento: - Proceda à antissepsia da pele e ponha os campos cirúrgicos: • Coloque o paciente em posição de Tren- delenburg; • Infiltre a pele com solução anestésica: HABILIDADES EM CLÍNICA MÉDICA 15 - Adapte a agulha à seringa preenchida com solução salina e introduza-a rente à borda inferior da clavícula em direção à fúrcula esternal. A veia subclávia é relativamente profunda. Não deve haver fluxo sanguíneo pulsátil, devendo o sangue fluir de maneira contínua: - Desconecte a seringa e mantenha o orifí- cio externo da agulha ocluído com o dedo, para evitar o risco de embolia: - Insira o fio-guia, que deve progredir sem qualquer resistência: - Retire a agulha: - Com o fio-guia em posição, faça uma inci- são na pele (±3mm), com uma lâmina de bisturi, para facilitar a passagem do dilata- dor venoso: MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS16 - Vistao fio-guia com o dilatador e empurre o dilatador para dentro da veia. Depois, re- mova o dilatador, mantendo o fio-guia em posição, e comprima o orifício de entrada na pele, para evitar sangramentos; - Cubra o fio-guia com o cateter e progrida o cateter pelo fio guia para dentro do vaso. Em seguida, retire o fio-guia; - Finalmente, realize o teste do refluxo de sangue por meio dos lumens do cateter, que deve ser livre e fácil. Fixe-o à pele e aplique o curativo apropriado. Veia femoral: Localize-a anatomicamente: - Palpe a artéria femoral: - A veia femoral corre logo medialmente à artéria. Realize o procedimento: - Abduza levemente o membro inferior; - Introduza a agulha adaptada à seringa pre- enchida com solução salina cranialmente, num ângulo de 45° em relação à pele, cerca de 0,5cm medialmente à artéria femoral: - Ao obter um fluxo livre e fácil de sangue por intermédio da agulha, reduza o seu grau de inclinação em relação à pele e in- troduza o fio-guia: - Retire a agulha: - Com o fio-guia em posição, faça uma pe- quena incisão (±3mm), com uma lâmina de bisturi, junto à entrada da pele, para facili- tar a passagem do dilatador venoso: HABILIDADES EM CLÍNICA MÉDICA 17 - Vista o fio-guia com o dilatador e empur- re-o para dentro da veia. Depois, remova o dilatador, mantendo o fio-guia em posição, e comprima o orifício de entrada na pele, para evitar sangramentos; - Cubra o fio-guia com o cateter e progrida o cateter pelo fio guia para dentro do vaso. Em seguida, retire o fio-guia; - Finalmente, realize o teste do refluxo de sangue por meio dos lumens do cateter, que deve ser livre e fácil. Fixe-o à pele e aplique o curativo apropriado. A - Avaliação do pé diabético Realize a correta avaliação de sensibilidade, perfusão e pulsos: Teste de sensibilidade tátil: - Com algodão, e sem o paciente ver, toque em diversos locais do pé, como dedos e planta, e verifique se ele consegue notar: Teste de sensibilidade térmica: - Toque com o cabo de diapasão para que o paciente note a diferença de temperatura: Teste de sensibilidade dolorosa: - Com um palito, toque em diversos pontos do dorso do pé, sem penetrar a pele: MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS18 Utilização do monofilamento de Semmes-Weinstein (10g): Fontes: www.muromachi.com e www.futurasaude.com.br. - Aplique monofilamento na mão, ou no cotovelo, ou, ainda, na fronte do paciente para que ele saiba o que será testado; - O paciente não deve ver quando o exami- nador aplica o filamento; - Há 3 locais de teste em ambos os pés: - Aplique o monofilamento perpendicular à superfície da pele, com força suficiente para encurvar o monofilamento: Fonte: clinical.diabetesjournals.org. - A duração total do procedimento, do con- tato com a pele e da remoção do mono- filamento não deve ser maior do que 2 segundos; - Se houver úlcera, cicatriz, calo ou necrose, aplique o monofilamento em torno do pe- rímetro da lesão; - Pressione o monofilamento sobre a pele e pergunte ao paciente se ele sente a pres- são aplicada (sim/não) e onde ela está sen- do aplicada (pé direito/pé esquerdo); - Repita a aplicação 2 vezes no mesmo lo- cal e alterne com pelo menos 1 aplicação simulada quando o monofilamento não é aplicado; faça 3 perguntas por local de apli- cação; - A sensação protetora está presente se o paciente responde corretamente a 2 das 3 aplicações; - A sensação é considerada ausente diante de 2 das 3 respostas incorretas, então o pa- ciente é considerado em risco de ulceração. Teste de sensibilidade vibratória: - Utilize diapasão a 128Hz: Fonte: www.medicineto.pt. HABILIDADES EM CLÍNICA MÉDICA 19 - Aplique o diapasão sobre o pulso ou sobre o cotovelo para o paciente saber o que será realizado; - O paciente não deve ver o local onde o exa- minador aplicará o diapasão; - Aplique o diapasão sobre a parte óssea dorsal da falange distal do hálux; - A aplicação é perpendicular, com uma pressão constante: Fonte: sydney.edu.au. - Repita a aplicação 2 vezes, alternando com 1 simulação, na qual o diapasão não vibre; - O teste é positivo caso o paciente respon- da corretamente a pelo menos 2 das 3 apli- cações, e negativo, com 2 de 3 respostas incorretas; - Caso o paciente seja incapaz de perceber a vibração no hálux, repita o teste em seg- mentos mais próximos, como o maléolo ou a tuberosidade da tíbia. Palpação de pulsos pedioso e tibial posterior: - Pedioso: posicione os dedos lateralmente ao tendão do músculo extensor longo do hálux; - Tibial posterior: coloque os dedos poste- riormente ao maléolo medial. B - Orientação ao paciente para o uso de insulina Oriente o paciente sobre o uso correto da insulina: - Gire o frasco de insulina leitosa (NPH), sem agitar ou permitir espumar: - Desinfete a tampa emborrachada do fras- co com gaze embebida em álcool: - Insira a seringa no frasco, virando-o para baixo e puxando o êmbolo até atingir a dose prescrita – não deixe bolhas na seringa: MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS20 - Retire a seringa com a agulha do frasco, preparando-a para a aplicação: Locais de aplicação de insulina: - Regiões lateral direita e esquerda do abdo- me, distante 4 a 6cm da cicatriz umbilical: - Face anterior da coxa: - Face lateral externa da coxa: - Face posterior do braço: HABILIDADES EM CLÍNICA MÉDICA 21 - Quadrante superior lateral externo das ná- degas: - Rodizie o local de aplicação para melhor absorção da insulina e prevenção de com- plicações, como lipodistrofia. Técnica de aplicação de insulina: - Limpe o local escolhido para aplicação com algodão ou gaze: - Faça uma prega cutânea e introduza a agu- lha em um ângulo de 90°, soltando a prega logo após: - Injete a insulina vagarosamente: - Retire a agulha da pele. C - Gasometria arterial Pode-se colher gasometria arterial das arté- rias radial, femoral ou braquial. Tomaremos como exemplo a arterial radial, pois, nas de- mais, os procedimentos são basicamente os mesmos: - Pode-se usar seringa específica de gaso- metria ou seringa comum: - Para seringa comum, apenas impregne seu interior com heparina sódica a uma escala de 1:10; MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS22 - Para seringa de gasometria (já vem hepari- nizada), remova a tampa e não a despreze; - Encaixe a agulha no calibre necessário (adultos: agulha 25x8; crianças: agulha 25x7); - A artéria é palpada com uma das mãos, en- quanto a outra empunha a seringa: - Afaste os dedos que estão fazendo a pal- pação, impedindo que a artéria “dance”, e introduza a agulha entre eles: - A agulha deve fazer ângulo de, no míni- mo, 30° com a pele, com bisel voltado para cima: - Alcançada a luz da artéria, observe o fluxo sanguíneo no interior da seringa, que, em geral, impulsiona o êmbolo. Comumente, é necessário puxar levemente o êmbolo para estabelecer o fluxo sanguíneo para o inte- rior da seringa: - Se a artéria for transfixada, a agulha deve ser retirada vagarosamente, até que a sua ponta alcance a luz do vaso, quando se es- tabelecerá o fluxo sanguíneo; - Aspire o sangue suavemente; - Após remover 2mL de sangue, retire a agu- lha e comprima o local da punção com al- godão embebido em álcool, por 3 minutos, para evitar a formação de hematomas no local da punção. Em crianças, pode-se co- letar um mínimo de 0,5mL: - Retire as bolhas de ar existentes, empurran- do cuidadosamente o êmbolo da seringa; - Despreze com cuidado a agulha: HABILIDADES EM CLÍNICA MÉDICA 23 - Coloque a tampa alaranjada para a seringa de gasometria ou o Luer Cap para a seringa comum, vedando, assim, o tubo: - Identifique a seringa com a etiqueta do có- digo de barras: 3. Aferição da pressão arterialA correta aferição de PA é realizada seguin- do diversos passos, descritos a seguir: Antes de iniciar, verificar se o paciente: - Está de bexiga vazia; - Não praticou exercícios físicos até 60 mi- nutos antes do procedimento; - Não ingeriu bebidas alcoólicas, café ou ali- mentos e não fumou até 30 minutos antes do procedimento; - Está de repouso de pelo menos 5 minutos, em ambiente calmo. Verificadas as condições anteriores, iniciar o procedimento: - Mantenha as pernas descruzadas, os pés apoiados no chão e o dorso recostado na cadeira e relaxado: - Posicione o braço na altura do coração (ní- vel do ponto médio do esterno ou 4º es- paço intercostal), apoiado, com a palma da mão voltada para cima e o cotovelo ligeira- mente fletido: MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS24 - Remova as roupas do braço no qual será colocado o manguito; - Meça a circunferência do braço do paciente: - Selecione o manguito de tamanho adequa- do ao braço: a largura da bolsa de borracha do manguito deve corresponder a 40% da circunferência do braço, e seu comprimen- to, pelo menos 80%: - Coloque o manguito, sem deixar folgas, acima da fossa cubital, cerca de 2 a 3cm: - Centralize o meio da parte compressiva do manguito sobre a artéria braquial: - Solicite para que não fale durante a me- dida; - Palpe o pulso radial e infle o manguito até o seu desaparecimento, além de desinflar rapidamente: - Aguarde 1 minuto antes da medida; - Palpe a artéria braquial na fossa cubital e coloque a campânula do estetoscópio sem compressão excessiva: - Infle rapidamente até ultrapassar de 20 a 30mmHg o nível estimado da pressão sis- tólica: HABILIDADES EM CLÍNICA MÉDICA 25 - Proceda à deflação lentamente (velocidade de 2 a 4mmHg/s); - Determine a pressão sistólica na ausculta do 1º som de Korotkoff: - Determine a pressão diastólica no desapa- recimento do som V de Korotkoff: - Informe os valores de PA obtidos para o paciente; - Anote os valores e o membro; - Meça a PA nos 2 membros e faça as demais medições no membro de maior pressão, desde que a diferença entre os membros não ultrapasse 4mmHg; - Faça mais 2 medidas com intervalos de 1 a 2 minutos entre elas; - Considere a média das 2 últimas medidas como o valor da PA do paciente. 4. Sonda nasoenteral - Posicione o paciente em posição de decú- bito elevado: - Coloque máscara e luvas de procedimento; - Avalie se há obstrução nasal e/ou desvio de septo: - Inspecione a cavidade oral do paciente e o uso de prótese dentária: MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS26 - Coloque toalha ou proteção sobre o tórax do paciente; - Higienize a narina com soro fisiológico a 0,9%, se necessário: - Mensure a sonda do ápice do nariz ao ló- bulo da orelha e desça até o apêndice xi- foide, adicionando de 15 a 20cm e marcan- do com fita: - Lubrifique a sonda com gel hidrossolúvel: - Introduza a sonda na narina do paciente até sentir uma pequena resistência: - Peça ao paciente para fletir ligeiramente a cabeça: - Quando possível, solicite ao paciente que faça movimentos de deglutição: - Continue a introduzir a sonda, acompa- nhando os movimentos de deglutição do paciente até o ponto pré-marcado: HABILIDADES EM CLÍNICA MÉDICA 27 - Teste o posicionamento, injetando 20mL de ar com seringa de bico. Ausculte com estetoscópio simultaneamente a região epigástrica e aspire o conteúdo gástrico: - A sonda deve ser fixada adicionalmente na face, do mesmo lado da narina utilizada, com fita adesiva fina: - Após confirmar a localização da sonda pela radiografia, inicie a nutrição/medicação: 1. Avaliação primária segundo o ATLS® ABCDE do trauma Esta sequência foi estabelecida a fim de padronizar o atendimento de pacientes traumatizados, baseada nas lesões poten- cialmente mais graves, e consiste nos se- guintes itens: A - Via aérea com proteção da coluna cer- vical. B - Ventilação e respiração. C - Circulação com controle da hemorragia. D - Avaliação do estado neurológico. E - Exposição/controle do ambiente. A - Vias aéreas Avaliação - Garanta que a via aérea esteja pérvia; - Diagnostique a obstrução da via aérea. Tratamento - Evite a movimentação excessiva da coluna cervical, mantendo-se em posição neutra durante procedimentos necessários, e reinstale dispositivos de imobilização ade- quados (colar cervical e head blocks late- rais) após a permeabilidade da via aérea. Habilidades em Cirurgia Geral 2 As fotos a seguir estarão sem o colar cer- vical, para melhor visualização dos pro- cedimentos, porém ele deve permanecer durante todo o processo, até uma possível lesão cervical ser descartada. - Remova corpos estranhos, caso existam, com dispositivos adequados como a pin- ça de Magyl (apenas com visualização di- reta): - Manobras para permeabilizar a via aérea: • Eleve o queixo (chin lift): HABILIDADES EM CIRURGIA GERAL 29 • Anteriorize a mandíbula (jaw thrust): - Coloque tubo oro ou nasofaríngeo, se neces- sário: • Lembre-se de que, no adulto, a forma cor- reta de colocar o tubo orofaríngeo é com a ponta raspando no palato, e girando até a posição adequada: - Estabeleça via aérea definitiva, se neces- sário: • Materiais para intubação: * (A) AMBU® com máscara e reservató- rio; * (B) Cabo de laringoscópio; * (C) Lâminas curvas de intubação; * (D) Fio-guia para intubação; * (E) Cânulas traqueais de diversos tama- nhos; * (G) Estetoscópio. 30 MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS Intubação orotraqueal - Monitorizar, pré-oxigenar e administrar as medicações necessárias; - Introduza o laringoscópio: - Visualize a epiglote e as cordas vocais: - Passe a cânula simultaneamente com a re- alização da manobra de Sellick (caso haja outro socorrista): - Ventile e confirme a posição do tubo pela ausculta: - Há, também, a possibilidade de intubação nasotraqueal, que não deve ser utilizada na suspeita de trauma de base do crânio: Cricotireoidostomia - Por punção: • Realize assepsia e antissepsia da área e botão anestésico no local; • Palpe a membrana cricotireóidea, entre as cartilagens tireoide e cricoide da la- ringe; • Insira o Jelco® na laringe, em sentido cau- dal, por meio da membrana cricotireóidea: HABILIDADES EM CIRURGIA GERAL 31 - Cirúrgica: • Realize assepsia e antissepsia da área e botão anestésico no local; • Palpe a membrana cricotireóidea, entre as cartilagens tireoide e cricoide da la- ringe; • Incida transversalmente com bisturi em, aproximadamente, 3cm no local delimi- tado: • Proceda a abertura com uma pinça tipo Kelly curvo onde será inserido o tubo: • Por fim, passe a cânula de pequeno ca- libre (5 a 7mm) pela abertura, insufle o cuff e oxigene o paciente: B - Ventilação e respiração Avaliação - Exponha o pescoço e o tórax do paciente para avaliação adequada: - Inspecione em busca de lesões e verifique movimentos torácicos anormais: - Percuta o tórax, bilateralmente, avaliando macicez ou timpanismo: 32 MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS - Realize ausculta pulmonar em ambos os ápices, ambas as bases e em epigástrio: Tratamento - Administre O2; - Ventile: • Com máscara com válvula e balão (caso não tenha sido necessária via aérea defi- nitiva): • Pelo tubo endotraqueal. Nesse caso, o ventilador mecânico deve ser utilizado assim que possível: - Medidas específicas: • Descomprima pneumotórax hipertensivo, oclua pneumotórax aberto etc. - Conecte monitor de CO2 no tubo e oxíme- tro de pulso no paciente: Drenagem pleural - Com o paciente em posição supina, deli- mite o local para a realização do procedi- mento (linha axilar média, entre o 4º e o 5º espaços intercostais): HABILIDADES EM CIRURGIAGERAL 33 - Proceda a assepsia e antissepsia; - Coloque os campos cirúrgicos e estabeleça novamente o local, utilizando como refe- rência a borda superior da costela inferior; - Anestesie o local até a pleura: - Incise previamente, delimitando cerca de 2 a 3cm em sentido paralelo ao espaço in- tercostal. A incisão deverá ser realizada na borda superior da costela inferior: - Divulsione, com instrumental adequado, as camadas musculares do espaço inter- costal até alcançar a pleura: - Explore, com o dedo, a cavidade da pleura no espaço intercostal. A polpa digital deve sentir o diafragma e o pulmão: - Introduza o dreno em direção ao ápice do pulmão (sentidos cranial e posterior): - Prossiga com a introdução em toda exten- são multiperfurada e com boa distância do último furo, ou até a marca de segurança; - Suture em bolsa para fixação do dreno; - Fixe o ponto em “U”, pegando pele e sub- cutâneo e abraçando o dreno: 34 MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS - Em seguida, dê um nó frouxo. O fio deverá ser trançado ao redor do tubo (técnica co- nhecida como “bailarina”): - Conecte ao “selo d’água”. Este deve ter cerca de 500mL de solução fisiológica, de modo que a ponta do dreno esteja total- mente submersa: - Então, radiografe o tórax após a realização do processo, para avaliar a correta coloca- ção do dreno e a expansão pulmonar. Pericardiocentese - A pericardiocentese é um procedimento de urgência, diagnóstico e terapêutico não definitivo, indicado em casos de tampona- mento cardíaco agudo, em geral por conta de ferimentos penetrantes ou não; - A indicação principal é o choque hipovo- lêmico com sinais de tamponamento sem resposta às medidas de reanimação. Pode cursar com a tríade de Beck (abafamento de bulhas, estase jugular e pinçamento da pressão arterial) e pulso paradoxal. Avaliação e preparação do paciente: - Monitorize sinais vitais, pressão venosa central, ECG; - Descarte outros diagnósticos, como pneu- motórax: - Confirme diagnóstico: • Ecocardiograma; • FAST. - Reposição de fluidos intravenosos; - A posição ideal é semirrecostada; - Antissepsia: HABILIDADES EM CIRURGIA GERAL 35 - Localize o local da punção: • 1 a 2cm à esquerda da junção xifocondral: - Botão anestésico no local: - Utilize agulha de calibre 16 ou 18, longa, adaptada a uma torneira de 3 vias e a uma seringa de 20mL: - Introduza a agulha: • Avance a agulha lentamente na direção cefálica, apontando para a ponta da es- cápula esquerda (ou para o ombro es- querdo), sempre aspirando: • Caso a agulha penetre o músculo car- díaco, surgirá sinal de lesão no moni- tor cardíaco, aumento de voltagem da onda T e arritmias. Se isso acontecer, recolha a agulha até o traço inicial res- surgir: - Quando a agulha estiver no saco pericárdi- co, haverá aspiração do seu conteúdo: 36 MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS - Aspire até observar melhora do estado do paciente; - Feche a torneira e mantenha a seringa no local, caso nova aspiração seja necessária. C - Circulação com controle da hemorragia Avaliação - Identifique possíveis fontes de sangra- mentos externos e internos; - Avalie pulso: - Avalie cor da pele: - Meça a pressão arterial: Tratamento - Comprima locais de sangramento externo: - Caso haja suspeita de hemorragia interna, considere conduta cirúrgica; - Obtenha 2 acessos venosos periféricos e ca- librosos. Aproveite esse momento para co- leta de exames, tipagem sanguínea e dosa- gem de BHCG (em mulheres em idade fértil): - Inicie reposição volêmica vigorosa: - Realize hidratação com 2.000mL de soro fisiológico ou Ringer lactato preferencial- mente; - Previna hipotermia. HABILIDADES EM CIRURGIA GERAL 37 Lavado peritoneal diagnóstico - Com o paciente em posição supina, proce- da a assepsia e antissepsia; - Observe o local do lavado peritoneal diagnóstico infraumbilical (em gestantes, a incisão deve ser supraumbilical): - Aplique anestesia local: - Realize incisão longitudinal de pele: - Abra por planos até a cavidade peritoneal com hemostasia rigorosa: - Suture em bolsa: - Passe o cateter ou a sonda perfurada: - Proceda a infusão de soro na cavidade ab- dominal: 38 MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS - Então, drene o soro infundido. A avaliação do líquido deve ser macroscópica (sangue) e microscópica (presença de fibras alimen- tares, contagem de células e dosagem de amilase): D - Disfunção neurológica, estado neurológico Avaliação - Determine o nível de consciência pela es- cala de Glasgow: Abertura ocular 4 - Espontânea 3 - Ao comando verbal 2 - À dor Abertura ocular 1 - Ausência de resposta Resposta verbal 5 - Orientado 4 - Confuso 3 - Palavras inapropriadas 2 - Palavras incompreensíveis 1 - Ausência de resposta Resposta motora 6 - Obediência a comandos HABILIDADES EM CIRURGIA GERAL 39 Resposta motora 5 - Localização da dor 4 - Movimento de retirada 3 - Flexão anormal (decorticação) 2 - Flexão anormal (descerebração) 1 - Ausência de resposta - Avalie tamanho e resposta pupilar: • Relacione a simetria e o diâmetro, bilate- ralmente: • Compare a resposta ao estímulo lumino- so, também bilateralmente: E - Exposição/controle do ambiente Avaliação - Dispa completamente o paciente, com o cuidado de prevenir hipotermia: 40 MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS - A avaliação do dorso deve ser feita movi- mentando o paciente em bloco: 2. Circulação com controle da hemorragia - Conecte o paciente ao monitor de fre- quência cardíaca; manguito no braço para medida de pressão arterial, 2 cateteres de grosso calibre em veias periféricas e re- posição volêmica (Ringer lactato ou soro fisiológico); - Realize acesso venoso periférico calibroso em fossa cubital: - Infunda solução cristaloide aquecida (39°C): 3. Lavagem e escovação das mãos - Mantenha as unhas curtas e, a rigor, sem esmalte; - Retire pulseiras e anéis; - Lave e ensaboe as mãos e os antebraços com solução de clorexidina degermante ou PVPI degermante: - Utilize escova esterilizada e de cerdas mo- les: - A escovação das mãos deve iniciar-se pelo dorso e, depois, estender-se à face palmar: HABILIDADES EM CIRURGIA GERAL 41 - Os dedos devem ser escovados, iniciando- se pela face ulnar de cada dedo e, a seguir, estendendo-se à face radial de cada um: - As unhas devem ser escovadas energica- mente sob água corrente: - A seguir, enxágue os membros, fazendo a água escorrer no sentido das mãos para os cotovelos. Este aparente paradoxo faz que a sujeira – agora retirada das mãos e unhas – seja enviada para as regiões que estão mais distantes do campo operatório: - As mãos devem ser mantidas acima do ní- vel dos cotovelos, a fim de impedir que a água escorra de volta para elas, e perma- necer assim até que sejam enxutas; - O tempo total de escovação gira em torno de 5 minutos para a 1ª cirurgia do dia e em torno de 3 minutos para os procedimentos seguintes. 4. Montagem da mesa cirúrgica (1) Materiais de exérese: - (A) Cabos e lâminas de bisturi; - (B) Tesouras de Mayo e Metzenbaum retas e curvas. (2) Materiais de síntese: - (C) Pinças anatômicas e “dente de rato”; - (D) Porta-agulhas. (3) Materiais de hemostasia: - (E) Pinça Kelly curva (ou mosquito); - (F) Pinça Kelly reta (ou reparo); - (G) Pinça Mixter. (4) Materiais de preensão: - (H) Kocher; - (I) Allis; - (J) Duval; - (K) Collins (ou pinça coração). (5) Afastadores: - (L) Válvula de Doyen; - (M) Afastador de Gosset; - (N) Afastador de Farabeuf; - (O) Pinças de Backaus. 42 MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS A montagem da mesa deve sempre ser fei- ta por membroda equipe cirúrgica após a adequada limpeza das mãos e paramenta- ção com gorro, máscara, aventais e luvas estéreis. 5. Suturas A - Ponto simples - Assepsia, antissepsia e anestesia local; - Passe o fio pelas bordas da incisão: - Prepare o nó com porta-agulha: - Dê origem ao nó “verdadeiro”: - Atenção para não realizar nó “falso”: - Observe a realização do 1º nó: - Proceda mais 2 ou 3 nós: - Corte o fio: - Observe o aspecto final do ponto simples: B - Ponto de Donatti - Passe o fio voltando pela borda da incisão: HABILIDADES EM CIRURGIA GERAL 43 - Observe o fio passado: - Observe a tração da pele: - Observe o aspecto final do ponto de Do- natti: C - Pontos em X - Observe a forma: - Observe o aspecto final do ponto em X: D - Sutura contínua ou chuleio - Observe a forma: - Observe o aspecto final da sutura contí- nua: E - Pontos intradérmicos - Passe o fio para sutura intradérmica: 44 MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS - Observe o aspecto final da sutura intra- dérmica: 6. Toracocentese - Solicite que o paciente fique sentado na borda da cama formando um ângulo de 90° entre o quadril e os pés. Um apoio pode ser utilizado para que o paciente coloque e repouse os braços; - Delimite o local da punção, preferencial- mente abaixo da ponta da escápula, borda superior da costela inferior (sempre que possível, peça a demarcação por ultrasso- nografia): - Realize assepsia e antissepsia; - Coloque os campos cirúrgicos; - Anestesie o local até a pleura parietal: - Puncione com Jelco®, sempre na borda superior da costela inferior da área onde houver derrame pleural; com isso, evita-se a lesão iatrogênica do feixe vasculonervo- so intercostal; - A ultrassonografia pode auxiliar na de- marcação do local para punção; - Aspire o líquido: - Conecte o sistema de drenagem: - Interrompa o procedimento quando parar de drenar líquido, se perceber a entrada de ar no sistema, ou se o paciente come- çar a tossir; HABILIDADES EM CIRURGIA GERAL 45 - Solicite radiografia de controle após o pro- cedimento. 7. Paracentese - Deixe o paciente deitado em uma posição semielevada com inclinação de, aproxima- damente, 30° para o lado da paracentese; - Delimite o local da punção: terço distal en- tre a cicatriz umbilical e a espinha ilíaca, preferencialmente à esquerda (sempre que possível, solicite demarcação por ul- trassonografia): - Coloque o campo cirúrgico; - Anestesie o local até o peritônio parietal: - Insira o Jelco® na pele do abdome e avance até a obtenção do aspirado de líquidos: - Conecte o equipo com o reservatório ou sistema a vácuo para a retirada do volume ascítico: • Interrompa o procedimento quando pa- rar de drenar líquido; • Considere a reposição de albumina após o procedimento, especialmente em pa- cientes cirróticos ou em drenagem de grandes volumes de ascite (em geral, aci- ma de 5L implica necessidade de repor albumina). 8. Sondagem vesical - Realize assepsia e antissepsia da região pubiana masculina e feminina; - Coloque o campo fenestrado: 46 MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS - Por meio de uma seringa, anestesie o local com introdução de xilocaína em gel: - Introduza a sonda de Foley até a saída de urina: - Insufle o balão usando outra seringa com água destilada: - Conecte a sonda ao sistema coletor: - Observe o aspecto final pós-sondagem: HABILIDADES EM CIRURGIA GERAL 47 9. Toque retal - Antes do exame, o paciente deverá esva- ziar a bexiga o máximo que puder; - Atente-se ao uso de luvas, comuns ou des- cartáveis; - 3 posições possíveis: • Posição de Sims ou lateral esquerda: mantenha o membro inferior esquerdo em semiextensão e o direito flexionado: • Posição genupeitoral ou em decúbito ventral: mais adequada, preferida pela maioria dos examinadores: • Em pé: inclinado e apoiando os cotovelos sobre a mesa de exame: - Inspecione cuidadosamente a região ano- perineal, examinando a pele em volta do ânus em busca de sinais inflamatórios, alterações provocadas pelo ato de coçar, fissuras, pertuitos fistulosos, condilomas e abscessos: - Inspecione o orifício anal, que pode revelar a presença de mamilos hemorroidários; - Antes de proceder ao toque retal, o pa- ciente deverá ser informado sobre o que será feito (inclusive quanto à possibilidade de, durante o exame, sentir a sensação de estar evacuando); - Posicione-se à esquerda do paciente e peça para que ele relaxe o máximo que puder: 48 MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS - Lubrifique: - Exponha o ânus com o dedo indicador e polegar da mão esquerda: - Coloque a polpa do indicador direito sobre a margem anal e faça uma compressão continuada e firme para baixo, com o in- tuito de relaxar o esfíncter externo: - Em seguida, introduza o dedo, lenta e sua- vemente, por meio de movimentos rotató- rios, e observe o tônus esfincteriano anal: - Inspecione as seguintes estruturas: • Parede anterior, através da qual se avaliam a próstata, as vesículas seminais e o fundo de saco vesicorretal; • Parede lateral esquerda; • Parede lateral direita; • Parede posterior (sacro e cóccix); • Para cima (até onde alcançar o dedo). - No exame da próstata, analise: • Tamanho; • Consistência; • Superfície; • Contornos; • Sulcos medianos; • Mobilidade da glândula. - A próstata normal é palpável na parede anterior do reto como uma estrutura em forma de coração (pirâmide invertida), com a base voltada para cima e o vértice para baixo; HABILIDADES EM CIRURGIA GERAL 49 - Separando os lobos laterais da próstata, encontra-se o sulco mediano (septo verti- cal ou sulco interlobular). Em condições normais, a próstata tem o ta- manho de uma castanha grande, é regular, simétrica, depressível, apresenta superfície lisa, consistência elástica (similar à de bor- racha), contornos precisos e mobilidade discreta. 1. Exame ginecológico A - Exame das mamas Inspeção estática: - Oriente a paciente a estar preferencial- mente sentada, com os membros superio- res dispostos ao longo do tronco; - Observe as mamas com relação ao tama- nho, à forma, à simetria, ao abaulamento e a retrações; atente-se também à pigmen- tação areolar, à morfologia da papila etc.: Inspeção dinâmica: - Com a paciente sentada, oriente-a a colo- car as mãos sobre os joelhos e então len- tamente elevar os membros superiores; - Observe as mamas com relação ao tama- nho, à forma, à simetria, ao abaulamento e a retrações; atente-se também à pigmen- tação areolar, à morfologia da papila etc.; - Conduza a paciente, agora, a estender os membros para frente e inclinar o tronco de modo que as mamas fiquem pêndulas, sem o apoio da musculatura; - Repita o procedimento de observação das mamas; - Peça para que a paciente apoie as mãos na cintura e pressione as asas do ilíaco para, assim, realçar possíveis retrações e abau- lamentos, verificando, ainda, um possível comprometimento dos planos musculares, cutâneo e gradil costal. Habilidades em Ginecologia e Obstetrícia 3 Palpação: - Oriente a paciente a estar sentada; - Realize a palpação das cadeias linfáticas axilares, cervicais, supra e infraclavicu- lares: • Para a palpação das cadeias linfáticas, a mão direita do examinador palpa a região axilar esquerda da paciente, que está com o membro superior homolate- ral à axila palpada apoiado no braço es- querdo do examinador, deixando, desta forma, a musculatura peitoral relaxada. Para a axila oposta, o examinador utiliza a mão esquerda para a palpação e o bra- ço direito para o apoio do membro supe- rior da paciente: HABILIDADES EM GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 51 - Agora, conduza a paciente a estar em de- cúbitodorsal, colocando a mão da paciente em correspondência ao lado a ser palpado, sob a cabeça; - Realize a palpação dos diversos quadran- tes da mama, utilizando os dedos e as pal- mas das mãos, podendo ser de forma ra- dial, realizando movimentos afastando-se da aréola: - Para a finalização do exame, realize a ex- pressão de toda a glândula, desde a sua base até o mamilo: B - Exame das genitálias - Inicie o exame físico com a inspeção está- tica da região genital e observe a norma- lidade da vulva, observando o monte de Vênus, grandes e pequenos lábios, vestí- bulo vulvar, clitóris, meato uretral externo, glândulas de Bartholin, fúrcula vaginal, hí- men e períneo: - Prossiga a avaliação com a inspeção dinâ- mica. Solicite à paciente que realize mano- bra de Valsalva e observe se há perda uri- nária ou procidência de paredes vaginais; - Realize o toque bidigital bimanual, aten- tando-se ao uso de luvas e lubrificação (com gel ou vaselina líquida): • Os 2 dedos que fazem o toque devem es- tar em extensão, permanecendo os ou- tros em flexão; • Desvie o polegar da região do clitóris. - Exponha o introito vaginal, com a abertura dos grandes lábios: - Introduza primeiramente um dos dedos, para diminuir o incômodo da paciente: - Durante o toque vaginal, avalie o tônus da região perineal e das paredes vaginais e se 52 MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS há rotura da musculatura provocada, por exemplo, por parto traumático: - Superiormente, faça a exploração da bexi- ga, posteriormente, do reto e, lateralmen- te, das paredes pélvicas: - Palpe o fórnice vaginal posterior e ante- rior, procurando massas; - Toque o colo do útero, atentando-se para situação, direção, forma, comprimento, consistência e superfície; - Posteriormente, examine o corpo uterino, com toque bimanual abdominovaginal: • Realize a movimentação do colo com os dedos, juntamente com a mão sobre o abdome, e identifique o corpo do útero: • Investigue aspectos como situação, orientação (anteversão, retroversão, an- teversoflexão ou retroversoflexão), for- ma, volume, consistência e sensibilidade do útero. - A avaliação dos anexos deve ser realizada, também, por meio do toque vaginal bima- nual. Os dedos devem ser posicionados no fórnice vaginal lateral esquerdo ou direito, e a mão sobre o abdome deve ser desli- zada em direção à sínfise púbica. O ovário será palpado se deslocando sob a mão que se encontra no abdome da paciente. Ob- serve se há dor durante o exame, o volume e a consistência do anexo. Esse momento do exame físico poderá ser prejudicado em paciente com IMC elevado devido à es- pessura do tecido celular subcutâneo: HABILIDADES EM GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 53 Observação Normalmente, os ovários podem ser pal- pados, ao contrário das tubas uterinas. C - Coleta da citologia oncótica (Papanicolaou) Materiais necessários: - (A) Lápis para a identificação da lâmina; - (B) Espéculo; - (C) Espátula de Ayre; - (D) Escova cervical; - (E) Recipiente para o acondicionamento das lâminas; - (F) Fixador apropriado; - (G) Lâmina; - (H) Luvas. Alguns cuidados: - A paciente que será submetida a coleta da citologia cervicovaginal deverá ser orien- tada quanto ao período mínimo de absti- nência sexual de 72h, quanto a impossi- bilidade de se realizar o exame durante o período menstrual ou durante o uso de cremes vaginais. - A coleta deverá ser realizada previamente ao toque vaginal bimanual. - O espéculo não deve conter lubrificante, podendo ser apenas umedecido com soro fisiológico, para facilitar sua colocação. Procedimentos: - Identifique corretamente a lâmina: - Oriente a paciente a ficar em posição gi- necológica; sente-se à frente, em altura adequada, com iluminação correta; - Use um espéculo bivalvar, sem lubrifican- te, umedecido com água ou soro fisiológi- co a 0,9%; - Exponha o introito vaginal, com a abertura dos grandes lábios: - Introduza o espéculo a 45°, realizando a abertura e a rotação para a posição hori- zontal ao longo do procedimento: - Identifique o colo uterino e seu orifício ex- terno e centralize o colo e reduza a aber- tura do espéculo para minimizar o descon- forto da paciente. Utilizando a espátula de 54 MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS Ayre, inicie a coleta das células da região ectocervical. Coloque o lado que apresen- ta reentrância: - Encaixe a ponta mais longa da espátula no orifício externo do colo, apoiando-a firme- mente e, com movimento rotativo em 360°, raspe a mucosa ectocervical, em torno de todo o orifício, sem agredir o colo, para não prejudicar a qualidade da amostra: - Estenda o material ectocervical na lâ- mina, no sentido vertical, ocupando 1/3 da parte transparente da lâmina, em um movimento único, esfregando a espátu- la com suave pressão, garantindo uma amostra uniforme: - Com a extremidade oposta da espátula, recolha o material, raspando suavemente o fórnice vaginal posterior: - Estire o material na lâmina paralelamente ao 1º esfregaço: HABILIDADES EM GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 55 - Usando a escova de coleta endocervical, recolha o material, introduzindo-a delica- damente no canal endocervical, girando-a a 360°: - Ocupando o terço restante da lâmina, alongue o material rolando a escova de cima para baixo: - Realize a fixação imediata desse material, com a lâmina em tubo com polietilenogli- col, álcool a 95% e propinilglicol: - Por fim, aplique fixador spray a uma dis- tância suficiente para evitar que o mate- rial seja varrido pelo jato. 2. Assistência pré-natal A - Palpação obstétrica Utilização: - Identifique o crescimento fetal; - Diagnostique os desvios da normalidade a partir da relação entre a altura uterina e a idade gestacional; - Reconheça a situação e a apresentação fetal. Avaliação pela Escola Francesa: - Palpação do fundo uterino, seguido de pal- pação da escava e posteriormente palpa- ção do dorso. 56 MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS Avaliação pela Escola Alemã: - Palpação do fundo uterino, seguido de pal- pação do dorso fetal e, por fim, avaliação da insinuação do feto através da manobra de Leopold e palpação da escava. Palpação do fundo uterino: - Palpe a região a fim de delimitar o fundo uterino e avaliar o seu conteúdo: Avaliação do dorso fetal: - Palpe para verificar se o dorso está à es- querda ou à direita da mãe: Avaliação da escava: - Dividida em 2 tempos: • Na região do pube, realize o movimento de lateralização do polo cefálico (mano- bra de Leopold) para verificar a altura da insinuação: HABILIDADES EM GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 57 • Com as mãos espalmadas, proceda à pal- pação e verifique se a escava encontra- -se ocupada (apresentação cefálica), parcialmente ocupada (apresentação pélvica) ou desocupada (apresentação córmica): B - Medida da altura uterina Utilização: - Estima o crescimento fetal, correlacionan- do a medida da altura uterina com o nú- mero de semanas de gestação. Procedimentos: - Posicione a gestante em decúbito dorsal; - Localize a borda superior da sínfise púbica e o fundo uterino: - Por meio da palpação, procure corrigir uma possível dextroversão uterina; - Fixe a extremidade inicial da fita métrica, flexível e não extensível, na borda superior da sínfise púbica, passando-a entre os de- dos indicador e médio: - Realize leitura quando a borda da mão atingir o fundo uterino: - Anote a medida, em cm, e marque o ponto na curva da altura uterina: 58 MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS C - Ausculta dos batimentos cardíacos fetais Utilização: - Registre a presença, o ritmo, a frequência e a normalidade dos batimentos cardíacos fetais; - Realize ausculta de Batimento Cardíaco Fetal (BCF)com sonar Doppler ou, na sua ausência, com estetoscópio de Pinard: Procedimentos: - Posicione a gestante em decúbito dorsal; - Identifique o dorso fetal e a apresentação fetal através da palpação: - Para a apresentação cefálica, trace uma linha imaginária entre a cicatriz umbilical e a crista ilíaca anterossuperior, no lado correspondente ao dorso – o terço medial desta linha é o melhor local para a auscul- ta (linha de Ribemont-Dessaignes). Linhas demarcatórias do ventre materno: (traço cheio) linha de Ribemont e (pontilhado) linha umbilicoespi- nhosa. Os círculos correspondem ao foco máximo de auscultação, migratório durante o trabalho de parto - Para a apresentação pélvica, o ponto de melhor ausculta dos batimentos cardíacos fetais encontra-se, em geral, acima da ci- catriz umbilical, no lado correspondente ao dorso do feto; - O aparelho de sonar poderá ser utilizado ligado a uma fonte de energia ou através de bateria. Ele deve ser ligado e seu trans- dutor, umedecido com gel condutor. Bas- ta posicioná-lo sobre o ponto estimado e identificar os BCF no visor; HABILIDADES EM GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 59 - O estetoscópio de Pinard, por sua vez, deve ser utilizado segurando-se o tubo e encostando a extremidade de abertura mais ampla no ponto correspondente ao dorso fetal: - Encoste o pavilhão da orelha na outra ex- tremidade do estetoscópio: - Faça uma leve pressão com a cabeça sobre o estetoscópio e retire a mão que segura o tubo: - Procure o ponto de melhor ausculta dos BCFs, na região do dorso fetal; - Controle o pulso da gestante, para certifi- car-se de que os batimentos ouvidos são os do feto, pelo fato de as frequências se- rem diferentes; - Conte a quantidade dos BCFs por minuto, observando a frequência e o ritmo; - Anote-os na ficha perinatal e no cartão da gestante. 1. Atendimento ao recém-nas- cido na sala do parto A - Assistência ao recém-nascido a termo com boa vitalidade ao nascer - Avalie se o Recém-Nascido (RN) a termo tem boa vitalidade ao nascer; - Verifique se o RN apresenta as seguintes características: • Nascimento a termo (idade gestacional de 37 a 41 semanas); • Respirando ou chorando; • Tônus muscular em flexão: na sala de parto, enquanto o RN está junto à mãe, prover calor, manter as vias aéreas pér- vias e avaliar a sua vitalidade de maneira continuada. Nesse período, para man- ter a temperatura corpórea entre 36,5 e 37,5°C (normotermia), garantir a tempe- ratura ambiente na sala de parto entre 23 e 26°C, secar o corpo e o segmento cefálico com compressas aquecidas e deixar o RN em contato pele a pele com a mãe, coberto com tecido de algodão seco e aquecido. A amamentação na 1ª hora pós-parto asse- gura que o RN receba o colostro, rico em fa- tores protetores. O contato pele a pele entre mãe e bebê ao nascimento favorece o início precoce da amamentação e aumenta a chan- ce de o aleitamento materno exclusivo ser bem-sucedido nos primeiros meses de vida. Habilidades em Pediatria 4 B - Assistência ao recém-nascido com líquido amniótico meconial - Caso haja líquido amniótico meconial, veri- fique a vitalidade do RN; - Se houver boa vitalidade, com movimen- tos respiratórios rítmicos e regulares, tô- nus muscular adequado e FC >100bpm, leve-o para a mesa de reanimação e: • Coloque-o sob fonte de calor radiante; • Posicione sua cabeça com uma leve ex- tensão do pescoço; • Aspire o excesso de secreções da boca e do nariz com sonda de aspiração traque- al nº 10; • Seque e despreze os campos úmidos; • Confira novamente a posição da cabeça e, portanto, avalie a respiração e a frequên- cia cardíaca. - Caso o neonato apresente ritmo respira- tório irregular e/ou tônus muscular flácido e/ou FC <100bpm: • Retire o mecônio residual da hipofaringe e da traqueia sob visualização direta e sob fonte de calor radiante: HABILIDADES EM PEDIATRIA 61 • Para a aspiração traqueal, utilize a cânula traqueal conectada a um dispositivo para aspiração de mecônio e ao aspirador a vá- cuo, com pressão máxima de 100mmHg; • Caso o RN permaneça com ritmo respi- ratório irregular, tônus muscular flácido ou FC <100bpm, inicie Ventilação com Pressão Positiva (VPP) nos primeiros 60 segundos de vida. C - Assistência ao recém-nascido com necessidade de reanimação - Identifique as condições para as possíveis necessidades de ressuscitação; - Atente-se caso 1 ou mais das afirmações a seguir sejam verdadeiras: • Neonato pré-termo ou pós-termo; • Líquido amniótico com mecônio ou sinais de infecção; • Ausência de respiração ou choro; • Sem tônus muscular adequado. Detectadas as condições, em um período de 30 segundos: - Clampeie o cordão umbilical imediata- mente: - Forneça calor ao neonato: • Sala de parto pré-aquecida; • Coloque-o em campos aquecidos e sob calor radiante (berço aquecido): 62 MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS - Mantenha a via aérea permeável com leve extensão da cabeça: - Aspire-a, se houver excesso de secreções obstruindo a respiração espontânea ou se o RN necessitar de VPP: • Primeiramente na boca (canto da boca) e posteriormente na narina; • Use a sonda traqueal conectada ao aspi- rador a vácuo, com pressão máxima de 100mmHg: - Seque o bebê; - Verifique respirações rítmica e regular e FC >100bpm; - Caso não estejam adequadas, inicie ABC de ressuscitação neonatal: Avaliação simultânea de FR e FC: HABILIDADES EM PEDIATRIA 63 - Em um berço aquecido, a ausculta de pre- córdio ou a palpação de pulso devem ser realizadas na base do cordão umbilical: - A presença de apneia, respiração irregular e/ou FC <100bpm indica a VPP – tudo isso deve ser realizado nos primeiros 60 se- gundos de vida (the golden minute). Ventilação com pressão positiva: As ventilações devem ser iniciadas com ar ambiente, trocando-se para O2 suplementar (inicialmente a 40%) caso seja necessário para o alcance de SatO2 e FC desejáveis, am- bas determinadas pela oximetria de pulso: - Inicie ventilação com balão autoinflável e máscara facial; esta deve cobrir a ponta do queixo, a boca e o nariz: 64 MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS - Empregue de 40 a 60 movimentos por mi- nuto: - Observe a adaptação da máscara à face do RN, a permeabilidade das vias aéreas e a expansibilidade pulmonar; - Mantenha por 30 segundos e verifique se apresenta FC >100bpm e respiração es- pontânea e regular; - Se sim, suspenda a ventilação e forneça oxigênio inalatório a 5L/min, com cateter próximo à face do paciente, afastando-o gradativamente, de acordo com a SatO2; - Se falhar, verifique se a técnica está corre- ta. Caso a falha persista, inicie a ventilação com balão e cânula traqueal; - Dê início à ventilação com balão autoinflá- vel e cânula traqueal: • As cânulas traqueais devem ser de diâ- metro uniforme sem balão, com linha ra- diopaca e marcador de corda vocal: HABILIDADES EM PEDIATRIA 65 • A intubação deve ser realizada em 20 segundos (se insucesso, voltar VPP com máscara); realize confirmação da posição da cânula: Observação O último passo é muito importante, já que a ventilação do paciente deve ser sempre garan- tida, independente da via. - Empregue de 40 a 60 movimentos por mi- nuto com balão autoinflável: - Mantenha durante 30 segundos e verifi- que se apresenta FC >100bpm e respira- ção espontânea e regular; - Se sim, suspenda a ventilação e estoque o paciente. Forneça oxigênio inalatório a 5L/min, com cateter próximo à face, afas- tando-o gradativamente, de acordo com a SatO2; - Em caso de falha, cheque se a técnica está correta. Caso a falha persista, a intubação ea ventilação devem ser mantidas e, em seguida, o paciente é levado à UTI neona- tal em incubadora própria para o trans- porte; - Se o RN mantém a FC <60bpm, está indi- cada a massagem cardíaca. Massagem cardíaca: - Inicie a massagem cardíaca se, após 30 segundos de VPP com oxigênio suplemen- tar, o RN apresentar ou persistir com FC <60bpm; - Localize o terço inferior do esterno, 1 dedo abaixo da linha intermamilar, fugindo-se do apêndice xifoide; - Posicione os 2 polegares na região espe- cificada anteriormente (é a técnica mais eficiente); - Circuncide o tórax do RN com a palma e os demais dedos: 66 MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS - Eventualmente, aplique a técnica dos 2 de- dos, posicionando-se o dedo indicador e o médio no terço inferior do esterno. - A compressão deve ser do terço do tórax do RN, sempre permitindo a reexpansão completa do tórax, sem retirar os dedos do local posicionado; - No RN, a ventilação e a massagem cardíaca são realizadas de forma sincronizada, mantendo-se uma relação de 3:1, ou seja, 3 movimentos de massagem cardíaca para 1 movimento de ventilação, à frequência de 120 eventos por minuto (90 movimentos de massagem e 30 ventilações); - Durante a massagem cardíaca, a VPP sem- pre será por cânula traqueal; - Mantenha por 30 segundos. Se o RN apre- senta FC >60bpm, interrompe-se apenas a massagem; - Se o RN apresenta respirações regulares e a FC atinge valores >100bpm, a ventilação também é suspensa, administrando-se, então, oxigênio inalatório por meio de ca- teter, com retirada gradual de acordo com a SatO2 verificada na oximetria de pulso; - Em caso de falha, verifique se a técnica está correta. Caso a falha persista, indique adrenalina. Medicações (adrenalina): - A via de escolha é a intravenosa, sendo a umbilical a mais indicada; - Corte o cordão e verifique 3 vasos, 2 com parede espessa e luz pequena (artérias) e a veia, com parede delgada e diâmetro in- terno maior: - Prenda a parede da veia com pinça Kelly para evidenciar luz da veia umbilical e in- troduza o cateter com a outra pinça: HABILIDADES EM PEDIATRIA 67 - O cateter deve estar conectado a uma se- ringa; introduza-o aspirando. Quando ini- ciar a aspiração de sangue, a posição esta- rá adequada; - O cateter venoso na veia umbilical deve ser inserido apenas 1 a 2cm após o ânulo, mantendo-o periférico, de modo a evitar a sua localização em nível hepático; - A via traqueal não é recomendada, e, caso seja usada, administre uma única dose de adrenalina (0,05 a 0,1mg/kg); - A dose de adrenalina intravenosa deve ser de 0,01 a 0,03mg/kg, com diluição de 1:10.000. Quando não há reversão da bra- dicardia com o uso da adrenalina, pode- -se repeti-la a cada 3 a 5 minutos. Não empregue doses elevadas de adrenalina (>0,1mg/kg), pois levam a hipertensão ar- terial grave; - Considere o uso de expansores de volume caso o paciente esteja pálido ou com evi- dências de choque. Expansores de volume: - O uso de expansor de volume deve ser fei- to quando há perda de sangue ou se exis- tem sinais de choque hipovolêmico, como palidez, má perfusão e pulsos débeis, e não há resposta adequada da FC às de- mais medidas de reanimação; - Utilize solução cristaloide isotônica ou sangue total, na dose de 10mL/kg; - Administre o volume de forma lenta, prin- cipalmente em prematuros, já que a ex- pansão rápida da volemia pode associar- -se a hemorragia intracraniana; - Com o uso de expansor de volume, espe- ram-se o aumento da pressão arterial e a melhora dos pulsos e da palidez. 2. Exame neonatal Após o nascimento, deve-se seguir uma sé- rie de eventos para a correta avaliação do RN. Ao nascer, realize as seguintes medidas: Peso: Comprimento: - Deite o RN sobre a régua e realize a medi- da do calcanhar à protuberância occipital: 68 MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS Perímetro cefálico: - Posicione a fita sobre a proeminência occi- pital e o arco das sobrancelhas: Exame físico: Avalie o estado geral, a coloração da pele, o esforço respiratório e os sinais vitais: - Pele: atentar para textura, cianose, icterí- cia ou palidez, além de outras patologias; - Crânio: alterações de formato, tamanho, consistência ou outras alterações: - Fontanelas: a anterior (bregma) deve me- dir entre 1 e 4cm. A posterior (lambda), presente em aproximadamente 3% dos RNs normais, deve medir até 0,5cm; - Face: observe simetria e aspecto geral; - Olhos: verifique alguma anormalidade, abrindo as pálpebras, palpando o globo ocular e verificando as pregas epicânticas; reflexo vermelho: exame obrigatório, im- portante para diagnosticar precocemente situações que levam à ausência do refle- xo vermelho – como a leucocoria (pupila branca) –, causada pela presença de ca- tarata congênita, opacidade congênita de córnea, glaucoma congênito e outras: • Deixe a sala escurecida; • Oftalmoscópio direto à distância de 50cm; • Ilumine os olhos da criança com a luz do oftalmoscópio em direção à pupila; • Olhe pelo orifício existente na cabeça do oftalmoscópio; • Observe um brilho por intermédio da pu- pila, que geralmente é laranja-averme- lhado; HABILIDADES EM PEDIATRIA 69 • O oftalmoscópio pode ser utilizado com a lente em +4 ou ajustado a uma graduação que facilite a observação do reflexo ver- melho; • Inicie a conduta caso o reflexo vermelho seja duvidoso ou ausente. - Ouvidos: forma, tamanho, audição, altera- ções na forma etc.; - Nariz: forma, tamanho, permeabilidade, canal nasolacrimal, secreção nasal; - Boca: aspectos gerais internos e externos: - Pescoço: pesquise massas e outras altera- ções: - Tórax: verifique simetria ou outras altera- ções: • Realize medida do diâmetro torácico: para medir o perímetro torácico, utilize a fita métrica na altura dos mamilos, com a criança deitada e em respiração média, entre inspiração e expiração. O períme- tro torácico em RN a termo é de, em mé- dia, 1 a 2cm menor do que o cefálico: - Mamas: cheque a assimetria e a distância intermamilar. Também pode haver aumen- to da glândula mamária, com secreção ou, ainda, mamilos extranumerários. Exame cardiovascular: - Inspeção: abaulamento precordial e ictus; - Palpação: pulsos nos 4 membros e compa- ração dos superiores com os inferiores: 70 MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS - Pressão arterial: braço e perna direitos: - Ausculta: • Identifique B1: na Borda Esternal Esquer- da (BEE) superior e na inferior, verifique se o padrão está adequado; • Identifique B2: na BEE superior, verifique se o padrão está adequado; • Identifique B3 e B4: na base ou no ápi- ce; há B3 quando há aumento de fluxo pela valva atrioventricular, PCA e ICC; já B4 acontece quando há miocardiopatias com menor elasticidade do Ventrículo Es- querdo (VE); • Sopro: verifique se é sistólico, diastólico ou contínuo. Cheque, também, demais características do sopro. Exame pulmonar: - Inspeção: verifique o padrão respiratório, atentando-se à frequência, à amplitude dos movimentos, à tiragem, à retração xi- foidiana, aos batimentos de asas do nariz, ao estridor expiratório e ao gemido: - Ausculta: bilateral e comparativa. Auscul- te, também, as regiões axilares e avalie a presença de crepitações, roncos e diminui- ção do murmúrio vesicular. Exame abdominal: - Inspeção: atente-se para a forma; se for escavada (hérnia diafragmática), e se hou- ver abaulamentos supraumbilical (atre- sia duodenal ou distensão gástrica) e in- fraumbilical (distensão de bexiga e graves retardos de crescimento intrauterino): HABILIDADES EM PEDIATRIA 71 - Ausculta: procure ruídos hidroaéreos. Quan- do não há nenhumaausculta, desconfie de íleo paralítico: - Palpação: verifique se há ascite, viscero- megalias ou distensão gasosa: • Palpação de fígado e baço: • Palpação dos rins: - Genitália: verifique se as genitálias (mas- culina e feminina) estão adequadas quanto ao tamanho, à presença de anormalidades etc. Quando masculina, verifique a presen- ça de fimose, hidrocele, ectopia etc.; quan- do feminina, verifique se há imperfuração himenal: - Anomalias anorretais: ânus perineal an- terior, estenose anal, fístula anocutânea, ânus vulvar, atresia retal, imperfuração anal, dentre outras; - Coluna: coloque o neonato em decúbito ventral; corra os dedos pela coluna e ve- rifique a presença de massas, hipertricose, mielomeningocele etc.: 72 MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS - Membros: realize o exame com o RN em decúbito dorsal; cheque a simetria e pro- porções, fraturas, paralisias, luxações, lu- xação congênita do quadril e manobras de Ortolani e Barlow: - Proceda ao diagnóstico o mais precocemen- te possível, pela boa resposta ao tratamen- to; verifique os aspectos anteriores em to- dos os exames físicos do RN, pois pode ha- ver alterações em algumas circunstâncias. Reflexos: - Primitivos: refletem RN sadio. Persistindo reflexos após determinado período, indi- cam a patologia; - Sucção: com o próprio dedo na boca da criança, sinta uma sucção. Observe-o até o 8º mês de vida; - Rotação ou procura: estimule os cantos da boca e faça a rotação da cabeça e o desvio da boca, procurando o estímulo. Observe- -o até o 2º mês de vida: HABILIDADES EM PEDIATRIA 73 - Preensão palmar: coloque o dedo na pal- ma da mão da criança, observando-se, as- sim, uma preensão. Obtido até o 6º mês de vida; - Preensão plantar: ponha o dedo na planta do pé da criança, observando-se, assim, uma preensão. Obtido até o 6º mês de vida: - Moro: coloque o RN em decúbito dorsal em superfície macia. Tracione os braços da criança, levantando-se levemente o bebê da superfície, e solte-o; ele deverá dispor os braços flexionando os polegares e as palmas voltadas para cima. Após isso, o RN fechará os braços. Observe-o até o 6º mês de vida: - Tônico-cervical assimétrico: vire a cabeça do bebê para um lado, com ele deitado em decúbito dorsal e acordado. O bebê assu- me, então, uma postura de esgrima, com extensão de braço e perna, no lado para o qual está voltada a face, enquanto os membros do lado correspondente à região occipital entram em flexão. Observe-o até o final do 3º mês de vida; - Cutâneo-plantar: estimule as bordas ex- ternas do pé, obtendo a extensão do 1º pododáctilo e/ou a abertura em leque dos demais. Obtido até o 9º mês de vida; - Marcha: segure o RN pelas axilas e colo- que-o em pé, observando, então, os pe- quenos passos. Bem estruturada no 1º mês, é observada até o 4º mês de vida. 3. Ressuscitação pediátrica A - Suporte básico de vida pré- hospitalar em Pediatria Atente-se aos seguintes pontos: - Oriente a evitar os acidentes; não permita que a criança fique desprotegida (andar de carro sem cinto de segurança, ficar so- zinha na cozinha com o fogão ligado, pró- xima a piscinas sem proteção etc.); - Inicie a massagem cardíaca; - Chame pelo serviço de emergência. Procedimentos iniciais: - Analise a responsividade: • Chame pelo nome, vigorosamente. - Observe se acorda, respira ou responde; - Se estiver respirando e não tiver trauma, coloque-o em posição de recuperação; - Se não apresentar nenhum tipo de res- posta: • Comece o CAB da ressuscitação antes de chamar ajuda; • Chame o serviço de emergência. Circulação: - Checar pulsos em menos de 10 segundos: nos RNs checar pulso nas artérias bra- 74 MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS quiais e femorais; nas crianças maiores e nos adultos, checar nas artérias carótidas e femorais. - Se apresentar FC <60bpm e má perfusão, inicie a massagem cardíaca. Massagem cardíaca: Coordenação: - 1 socorrista: 30 compressões e 1 ventila- ção; - 2 socorristas: 15 compressões e 1 ventila- ção; HABILIDADES EM PEDIATRIA 75 - Com via aérea avançada, máscara larín- gea, tubo endotraqueal (IOT) etc.: sem ne- cessidade de coordenação. Vias aéreas Desobstrua as vias aéreas: - Sem trauma, com leve hiperextensão da cabeça; - Com trauma, tracione a mandíbula: • Apoie a região tênar da mão sobre a re- gião zigomática da vítima, bilateralmente; • Coloque a ponta dos dedos indicador e médio atrás do ângulo da mandíbula, bi- lateralmente, exercendo força suficiente para deslocá-Ia anteriormente; • Apoie os polegares na região mentonia- na, imediatamente abaixo do lábio infe- rior, e promova a abertura da boca: Respiração - Realize 2 respirações de salvamento: • Com a máscara de respiração, cubra a ponta do queixo, a boca e o nariz; • Com a máscara protetora, obstrua as na- rinas. - Retome a massagem cardíaca. B - Intraóssea 76 MANUAL DE HABILIDADES MÉDICAS O acesso intraósseo deve ser utilizado em situações de emergência, como na parada cardiorrespiratória e no choque (na impos- sibilidade do acesso periférico ou central). Podem-se administrar medicações, hemo- derivados, realizar coleta de exames, por exemplo. O local preferencial para inserir uma in- traóssea é a face interna da tíbia (1 a 3cm abaixo da tuberosidade tibial) e, como al- ternativa, parte distal do fêmur, tíbia distal próximo ao maléolo medial e crista ilíaca. Posicione a perna da criança em uma super- fície firme e realize uma leve rotação exter- na da perna. Coloque luva estéril, localize a tuberosidade tibial e 1 a 3cm abaixo em direção medial e realize a assepsia do local com solução antisséptica. Administre anestésico local caso a criança esteja consciente (choque, por exemplo). Estabilize a perna em uma superfície e, com a ajuda de uma 2ª pessoa, segure as 2 ex- tremidades da perna (nunca coloque a mão atrás da perna). Posicione e insira a agulha intraóssea num ângulo de 90° com a pele, utilizando movimentos rotatórios firmes e delicados. Pare de avançar com agulha no momento em que sentir uma súbita dimi- nuição da resistência, indicando que a agu- lha está posicionada na medula óssea. Se estiver correta, a agulha ficará firme sem suporte. Remova o mandril e coloque uma seringa no local e aspire; verificada a saída de san- gue, confirma-se a localização. Infunda um pequeno volume de solução salina e observe se surge edema no local de inserção ou posteriormente, na extre- midade oposta ao local de inserção, o que caracterizaria inadequação da posição da agulha. São contraindicações fratura, osteomie- lite e osteogênese imperfeita e osteope- trose. Manter a intraóssea até, no máximo, 12 a 24 horas. Assim que a paciente se estabilizar, realizar um acesso venoso e retirar a intra- óssea. C - Obstrução de via aérea superior por corpo estranho Lactentes Golpes no dorso e compressões torácicas: - Sente-se, segurando a criança em decúbi- to ventral com a mão abrindo a mandíbu- la, repousando o tronco da criança sobre o antebraço do socorrista; - Examine as vias aéreas: HABILIDADES EM PEDIATRIA 77 - Mantenha a cabeça da criança mais baixa do que o tronco; - Efetue 5 compressões torácicas com a téc- nica dos 2 dedos: - Aplique 5 golpes entre as escápulas: - Gire o bebê para decúbito ventral; • Se visível, retire o corpo estranho (nunca tente retirá-los “às cegas”); • Repita a técnica até a desobstrução. Criança Manobra de Heimlich: - Coloque-se atrás do paciente, com a perna de apoio sob as pernas dele: - Posicione uma mão fechada entre a região umbilical e o apêndice
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