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Michel Foucault

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INTRODUÇÃO
Filósofo francês, Michel Foucault é conhecido por suas teorias acerca da relação entre poder e conhecimento, e como estes são usados para o controle social através das instituições. Iniciou seu trabalho com uma aproximação do movimento teórico em antropologia social conhecido como estruturalismo, do qual veio a se distanciar mais tarde, que lhe rendeu o desenvolvimento de uma técnica historiográfica própria, a qual chamou "arqueologia".
Foucault procurou colocar sua posição filosófica em prática, tornando-se membro ativo de diversos grupos envolvendo campanhas anti-racismo, anti-abusos de direitos humanos e lutas por reformas do sistema penal. Entre seus trabalho mais relevantes estão A Arqueologia do Conhecimento, Vigiar e Punir, e História da Sexualidade, nos quais desenvolveu seus métodos arqueológicos e genealógicos de leitura histórica, através dos quais enfatizava o papel do poder na evolução do discurso em sociedade.
BIOGRAFIA
Há 91 anos, em 15 outubro de 1926, nascia em Poitiers, na França, Paul-Michel Foucault, Um pensador do século XX que inventou certo modo de pensar, que atravessa toda uma geração, Filho de Paul Foucault, cirurgião e professor de anatomia em Poitiers, e Anna Malapert, Michel pertencia a uma família onde a medicina era tradição, pois tanto o avô paterno quanto o materno eram cirurgiões, mas Michel traçou o próprio caminho. Desde cedo demonstrou interesse pela história influenciado por um professor que teve ainda na escola, padre De Montsabert, Seus estudos foram fundamentais para os movimentos de contestação política e social e para todos aqueles que desejam “saber como e até onde seria possível pensar de modo diferente”.
O fato de pertencer a uma família burguesa possibilitou a Foucault um auxilio frente as suas necessidades econômicas. Mudou-se para Paris em 1945, e entrou em contato com Jean Hyppolite, professor que lhe ensinou Hegel e reforçou seu encanto e sua vocação para a filosofia, marcando-o profundamente. Em 1946, iniciou seus estudos na École Normale da rue d’Ulm. Foucault trazia com ele a característica de ser uma pessoa solitária e fechada, o que foi tornando-se cada vez mais forte, pois as relações e a competitividade por parte dos alunos desta escola fizeram com que ele recuasse ainda mais do contato social. Tornou-se uma pessoa agressiva e irônica, características estas que se mantiveram por toda sua vida.
Em 1948 Foucault tentou suicídio, o que acabou levando-o a um tratamento psiquiátrico. Esta experiência colocou-o pela primeira vez em contato com a psiquiatria, psicologia e psicanálise, o que marcou profundamente a sua obra. Foi leitor de Platão, Hegel, Kant, Marx, Nietzsche, Husserl, Heidegger, Freud, Bachelard, Lacan, etc. Foucault aprofundou-se nos estudos de Kant. Considerava que sua filosofia era uma crítica a Kant, no que diz respeito a noção do sujeito enquanto mediador e referência de todas as coisas, já que para Foucault o homem é produto das práticas discursivas. Admitia grande influência de Heidegger em sua obra, chegando a afirmar: “Todo o meu devir filosófico foi determinado por minha leitura de Heidegger.” É influenciado também por Nietzsche, por quem apaixonou-se, e por Bachelard. Leu também autores como Kafka, Faulkner, Gide, Genet, Sade, René Char, etc. Este filósofo tornou-se grande amigo de Louis Althusser, que o levou a aderir ao partido comunista. Por toda a vida esteve às voltas com a política.
Licenciado em filosofia pela Sorbone em 1948, em 1949 licenciou-se em psicologia. No ano de 1952 cursou o Instituto de Psychologie e obteve diploma de Psicologia Patológica. No mesmo ano tornou-se assistente na Universidade de Lille. Foucault lecionou psicologia e filosofia em diversas universidades, em países como: Alemanha, Suécia, Tunísia, EUA, etc. 
Trabalhou durante muito tempo como psicólogo em hospitais psiquiátricos e prisões. Escreveu para diversos jornais. Viajou o mundo apresentando conferências. Em 1955 mudou-se para Suécia, conviveu com pessoas importantes da intelectualidade de sua época, como Jean-Paul Sartre, Jean Genet, Canguilhem, Gilles Deleuze, Merlau-Ponty, Henri Ey, Lacan, Binswanger, etc. Em 1961 defendeu tese de Doutorado intitulada: “Loucura e Desrazão”. Esteve no Brasil em 1965 para conferência a convite de Gerard Lebrun, seu aluno na rue d’Ulm. Foucault faleceu no dia 25 de junho de 1984, em plena produção intelectual, o que fez com que sua morte fosse muito sentida. A causa da morte foi questão de muitas discussões, sendo levantada a hipótese AIDS.
CORRENTE FILOSÓFICA
O pensamento de Foucault poderia ser localizado como parte do debate sobre modernidade, onde a razão iluminista ocupa o local de destaque. O homem, para este filósofo, ocupa um papel importante, uma vez que é sujeito e objeto de conhecimento, considera o homem enquanto resultado de uma produção de sentido, de uma prática discursiva e de intervenções de poder.
 Foucault discute o homem, enquanto sujeito e objeto do conhecimento, através de três procedimentos em domínios diferentes: a arqueologia, a genealogia e a ética também conhecida como fase hermenêutica. Estes procedimentos constituem momentos do método. Para este autor o método dá-se diante do objeto à ser estudado e não ao contrário. Através do método arqueológico, este filósofo aborda os saberes que falam sobre o homem, as práticas discursivas, e não verdades em relação a este homem.
Reivindica uma independência de qualquer ciência, pois acredita não poder localizar o homem através do que ela pode oferecer. Estabelece sim, inter-relações conceituais dos diferentes saberes e não de uma ciência. 
A genealogia, segundo este autor, possibilita pensar na questão do poder como uma rede onde o homem é visto como objeto e sujeito das práticas do poder. A genealogia não se opõe à história e sim aos desdobramentos meta-históricos das significações ideais e das indefinidas teleologia. Opõe-se apenas à pesquisa de origem. Este método encontra-se principalmente em sua obra “Vigiar e Punir”. 
A terceira fase de Foucault, a hermenêutica, é a possibilidade de apontar o sujeito que constitui à si próprio como sujeito das práticas sociais. É o momento para refletir o motivo pelo qual o homem moderno constitui critérios de um modo de subjetivação em que tenha espaço a liberdade. Encontra-se este método principalmente em “O uso dos prazeres” e “O cuidado de si”. Há, portanto, nessa fase, uma análise das relações éticas entre os indivíduos que nascem no cerne de formas de saber e instituem padrões normais de subjetividade em face de tipos diversos de sujeitos. Foucault passa a investigar as relações do indivíduo de si para consigo, introjetando ou repelindo os padrões exigidos de comportamento, conformando-se ou resistindo.
Ele dizia que suas pesquisas nasciam de problemas que o inquietavam na atualidade: evidências que poderiam ser destruídas se soubéssemos como foram produzidas historicamente; por isso fez da ontologia (o estudo do ser, um modo de reflexão geralmente desligado da realidade histórica, uma vez que busca princípios – as ideias, para Platão; o cogito, para Descartes; o sujeito transcendental, para Kant – que antecedem e, por assim dizer, fundam a história) uma reflexão em cujo cerne está o presente e, portanto, a investigação histórica.
OBRAS
Com os livros subsequentes, O nascimento da clínica (1963), As palavras e as coisas (1966) e Arqueologia do saber (1969), consolida como grande tema da fase arqueológica, corresponde a sua primeira grande fase intelectual, o estudo efetivo do “saber”, ou seja, aquele conhecimento que termina por circular em determinados meios como científico. Seu objetivo não é mostrar a verdade ou a falsidade dos discursos que estuda, mas mostrar como eles, em si, são parciais e assumem uma forma de verdade absoluta que não possuem.
O texto A ordem do discurso (1970) pode ser apontado como de transição da fase arqueológica a genealogia. Foucault destaca o regime político de produção da “verdade” e desconstrói algunsmitos científicos e filosóficos ocidentais.
A terceira fase de Foucault, a hermenêutica, surge com os volumes dois e três da História da Sexualidade, já na virada da década de 1970 para a de 1980. Nos livros dessa coletânea, incompleta devido ao seu falecimento, vemos as três fases articuladas. Há a arqueologia dos discursos que querem produzir a verdade sobre o sexo; a genealogia que revela as redes de poder disciplinando os indivíduos para “normalizar” o sexo; a hermenêutica, enfatizando a constituição do indivíduo como sujeito do desejo, reformando ou conformando sua conduta conforme as ideias e formas de vida do seu presente.
Foucault participou teórica e praticamente dos movimento sociais que poderíamos chamar de vanguarda de seu tempo, sobretudo durante as décadas de sessenta e setenta: a luta antimanicomial, sua experiência num hospital psiquiátrico foi uma das motivações que o levou a escrever História da Loucura, (1961), as revoltas nos presídios franceses, junto com Gilles Deleuze criou o GIP – Grupo de Informação sobre as Prisões, que buscava dar voz aos presos e às outras pessoas diretamente envolvidas no sistema prisional, com base nessa experiência escreveu Vigiar e Punir (1977), que caracteriza-se a um estudo sobre a disciplina na sociedade moderna que, para ele, é “uma técnica de produção de corpos dóceis”.
O filósofo acreditava que a prisão era uma forma de controle e dominação da burguesia, que era usada para fragilizar os meios de cooperação e solidariedade do proletariado. Criticava, ainda, a psiquiatria e a psicanálise que, para ele, eram instrumentos de controle e dominação de ideologias
O autor publicou ainda as seguintes obras: ”Doença mental e Psicologia” (1954); “Raymond Roussel” ( 1963 ); “O nascimento da clínica” (1963 ); “As palavras e as coisas”(1966); “A Arqueologia do saber” (1969); “A ordem do discurso” (1970 – aula inaugural do College de France); “A vontade de saber – História da sexualidade I” (1976); “O uso dos prazeres – História da sexualidade II” (1984); “O cuidado de si – História da sexualidade III” (1984).
FOUCAULT E O DIREITO
Produção Inquisitorial Da Verdade
A importância do pensamento de Foucault reside na desconstrução da ideia de verdade unívoca ao apontar a verdade como uma produção histórica e social, indicando a multiplicidade e heterogeneidade presentes nos diferentes objetos. Com isso, nega-se a possibilidade de apreendê-los de forma objetiva e neutra, e coloca-se em xeque qualquer conhecimento que se diz baseado em uma verdade, seja ela revelada ou apreendida da “realidade”. Para Foucault a aposta é nas multiplicidades, nas práticas sociais como produtoras dos objetos, saberes e sujeitos que estão no mundo. Aposta-se na possibilidade da criação e da invenção e na provisoriedade das coisas.
Em A Verdade e das Formas Jurídicas, Foucault realiza uma análise sobre a constituição do direito. Basicamente, traz um resgate das formas jurídicas que emergiram ao longo da história, realizando uma reconstituição de como o direito foi passando da ideia de justiça privada para a de justiça pública. Deve-se dizer, inicialmente, que o direito brasileiro recebe influencia direta do direito romano-germânico, o mesmo que influenciou o ordenamento jurídico da França, país de Foucault. Portanto a análise sociológica que este autor realiza, pode-se dizer, é diretamente aplicável ao nosso ordenamento, o que acentua a relevância do tema do direito para os estudos de sociólogos brasileiros. 
O Direito Germânico não opõe dessa luta a guerra à justiça, não identifica justiça e paz. Mas, ao contrário, supõe que o direito não seja diferente de uma forma singular e regulamentada de conduzir uma guerra entre os indivíduos e de encadear os atos de vingança. O direito é, pois, uma maneira regulamentada de fazer a guerra (FOUCAULT, 1999, p. 56-57)
Desta forma, o direito é essencialmente o espaço do conflito, que se desenrola de forma institucionalizada e mediante alguns procedimentos comuns às partes em litígio. Segundo Foucault, “Entrar no domínio do direito significa matar o assassino, mas matá-lo segundo certas regras, certas formas” (idem, p. 57). Temos, então, o direito como a manifestação institucionalizada da guerra; entretanto não se trata de uma guerra que produz danos físicos a outrem, mas sim uma guerra de procedimentos, de argumentos, de fatos, de direitos.
Na guerra o vencedor é nitidamente visível, pois é aquele que sobrevive à luta. No direito não há como determinar o vencedor a partir das duas partes, pois estamos no embate de duas verdades. Então, faz-se mister uma terceira pessoa, alheia à controvérsia, que servirá como mediadora e, em seguida, proferirá um veredicto sobre qual verdade prevaleceu. Observe que não se trata de determinar qual verdade é efetivamente verdadeira, mas sim de determinar qual verdade efetivamente prevalece.
Neste sentido, os indivíduos não terão mais o direito de resolver seus litígios, pois será um poder exterior a eles que se imporá: o soberano (em sentido amplo entendido também como o Estado) é não somente a parte lesada, mas a que exige reparação. A lesão simbólica ao soberano é comparável à comissão de um pecado, o qual deve receber a devida sanção.
Nota-se, assim, que a partir da possibilidade de um terceiro resolver a contenda entre as partes, e a partir da possibilidade do crime lesar o soberano, ocorre uma mudança na concepção de justiça. De uma justiça privada a qual não pressupunha um poder exterior, temos uma justiça pública que é realizada pelo terceiro alheio ao litígio e que detém a legitimidade para tal.
A Aproximação ao Direito
Foucault não estuda diretamente o direito, salvo em poucas observações laterais. Sua análise sobre a produção inquisitorial da verdade, por exemplo, relaciona-se com a perspectiva jurídica e com a formação do processo moderno. Mas há um problema ao tentarmos aproximá-lo dos temas jurídicos tradicionais: o direito pressupõe uma estrutura de poder centralizada pelo Estado rechaçada pelo autor como fundamental.
Seus estudos da fase genealógica revelam uma “microfísica” do poder, contraposta à “macrofísica” do poder soberano estatal. Sua perspectiva enfatiza as relações concretas nas quais aparecem estratégias, táticas, técnicas de poder e revela que ele se encontra diluído na sociedade, não concentrado nas mãos do Estado, da polícia e do exército.
A partir de Vigiar e Punir (1975), Foucault percebe que o poder soberano estatal que explicitamente se exerce sobre os corpos de criminosos, sobretudo no século XIX, torna-se improdutivo. O Estado, ao punir criminosos com o suplício (tortura e execuções públicas), mobiliza um gasto de poder desproporcionalmente elevado em relação ao corpo do réu.
A sociedade produz, então, mecanismos mais eficientes de exercício do poder, surgindo uma tecnologia de controle social discreta e calculada, atingindo não apenas o corpo, mas sobretudo a alma do indivíduo. Esse poder é a disciplina. Ela aparece nas prisões modernas, mas também nas fábricas, como mostra o autor no livro citado.
A partir de então, não há um gasto exorbitante do poder soberano do Estado para punir indivíduos desviantes, mas um gasto calculado de poder fragmentado na sociedade para produzir corpos dóceis, evitando os crimes e qualquer tipo de “anormalidade”. As técnicas do poder disciplinar espalham-se pelos espaços sociais, sempre “domesticando” e “adestrando” pessoas:
•	Os corpos são distribuídos no espaço em células individuais ou setorizadas, havendo um enclausuramento funcional dos indivíduos;
•	Há um minucioso controle do conteúdo das atividades realizadas pelos corpos em suas células, cuja execução exige determinados atos padronizados e previamente determinados;
•	Essas atividades são distribuídas em um tempo contínuo, subdivididas nesse cronograma em sequências menores de atividades;
•	Cada corpo será colocado num espaço para desempenhar, seguindo a linha temporal, uma série de atividades conforme o princípio da eficiência.
Essas técnicas aparecem na distribuiçãode criminosos por celas, conforme a periculosidade ou outros critérios, na distribuição dos alunos em carteiras na sala de aula ou na distribuição de funcionários na empresa. Todos recebem diretrizes comportamentais que podem ser sintetizadas em tarefas distribuídas no tempo. A essas técnicas se unem alguns mecanismos de exercício do poder disciplinar:
•	Observação hierárquica – o corpo alocado num espaço e com atividades a serem desempenhadas torna-se visível e transparente ao olhar do observador que controla;
•	Julgamento – a todo instante o corpo é avaliado no desempenho de suas funções ou nos atos de sua vida, devendo corresponder ao padrão “normal” que pode ser atingido por meio de eventuais exercícios corretivos;
•	Saberes – durante o processo avaliativo, vários saberes sobre o comportamento do corpo são produzidos e utilizados para transformar o indivíduo.
Podemos ilustrar esses meios em uma sala de aula. A posição dos alunos, distribuídos em carteiras, é tal que o professor pode observá-los no desempenho de suas tarefas, previamente distribuídas no tempo. Durante essa execução, os alunos são submetidos ao julgamento do professor, que os avalia e submete a novas atividades para corrigir as “deficiências de aprendizado”. Por fim, essa prática gera conhecimentos pedagógicos e de psicologia da educação, que serão reutilizados na turma e em outras turmas para aperfeiçoar a produção de alunos obedientes e que aprendem tudo que lhes for ensinado.
A sociedade do século XX transforma-se na sociedade disciplinar. Diversas de suas instâncias tornam-se espaços de exercício desse poder: academias de ginástica, asilos, consultórios, escolas, hospitais, prisões… No extremo, o próprio indivíduo, transformado em um corpo dócil e socialmente útil, aprende a se disciplinar, exercendo sobre si mesmo esse poder.
É importante destacar que Foucault considera o poder disciplinar algo produtivo e útil. Ao contrário da visão clássica que reputa o poder algo negativo, proibitivo, que apenas castiga o corpo, aquele poder é associado a saberes que o norteiam e a uma transformação da subjetividade em um novo ser.
Voltando à sociologia do direito, alguns estudos inspiram-se direta ou indiretamente no poder disciplinar. Estudos ligados à criminologia, à execução penal ou à constante observação das pessoas por meio de aparelhos eletrônicos articulam-se a ele.
Para finalizar, ainda se torna interessante, do ponto de vista jurídico, especialmente do direito público, ressaltar o conceito de governamentalidade, que emerge principalmente do livro Segurança, território, população, de 1978. Trata-se de um poder associado a um saber que analisa a população para desenvolver os territórios de uma nação.
Seus temas são a riqueza e fertilidade do solo, a saúde e a mobilidade da população, entre outros. Permite a formação de sistemas de conhecimento sobre o território e a população que permite a adoção de medidas públicas em nome de melhorias pontuais ou globais. Por exemplo, podemos ver essa governamentalidade quando analisam-se as condições de proliferação do mosquito da dengue, adotando-se medidas para sua erradicação; ou estudos de criminologia que associam altas taxas de criminalidade a condições sociais ou urbanas.
REFERENCIA BIBLIOGRAFICA
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Disponível em <http://www.unb.br/ fe/tef/filoesco/foucault/>. Acesso em 1 de agosto de 2017.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro, Graal, 1979.
FRAZÃO, Dilva. Michel Foucault. Disponível em <https://www.ebiografia.com/michel_foucault/>. Acesso em 1 de agosto de 2017.
LORENZATTO, Bruno. Para compreender Michel Foucault. Disponível em <https://www.cartacapital.com.br/blogs/outras-palavras/para-compreender-michael-foucault-9711.html>. Acesso em 1 de agosto de 2017.
MACIEL, Willyans. Michel Foucault. Disponível em <http://www.infoescola.com/biografias/michel-foucault/>. Acesso em 1 de agosto de 2017
PETRIN, Natália. Biografia de Michel Foucault. Disponível em <https://www.estudopratico.com.br/biografia-de-michel-foucault/>. Acesso em 1 de agosto de 2017.

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