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JUSTIÇA DO TRABALHO

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JUSTIÇA DO TRABALHO - Tribunais e juízes do trabalho 
A Justiça do Trabalho exerce atividade especializada, em razão da matéria. Foi constitucionalizada pela Carta de 1934 (art. 122) e criada, em 1942, como órgão do Executivo, ligado ao Ministério do Trabalho.
Da Constituição de 1946, recebeu os contornos constitucionais que hoje conhecemos, transformando-se num órgão jurisdicional, compelido a solver lides laborais, decorrentes das relações de emprego, excluído as hipóteses em que o patrão ou empregador é o Poder Público.
a) Organização da justiça do Trabalho
A Justiça do Trabalho organiza-se com base nos seguintes órgãos (CF, art. 111 , I a III):
• Tribunal Superior do Trabalho;
• Tribunais Regionais do Trabalho; e
• Juízes do Trabalho.
a. 1 ) Tribunal Superior do Trabalho
O Tribunal Superior do Trabalho é o órgão de cúpula da Justiça Laboral.
Suas decisões são irrecorríveis, exceto as que denegarem mandado de segurança, habeas data e mandado de injunção, bem como as que contrariarem a Constituição da República ou declararem a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal, hipótese em que caberão os recursos ordinário e extraordinário para a Corte Suprema. Vale lembrar que o Superior Tribunal de Justiça não possui competência para rever as decisões da Justiça do Trabalho, pois o art. 105, II e III, da Carta Maior excluiu tal matéria do campo de suas atribuições.
O Tribunal Superior do Trabalho compõe-se de vinte e sete Ministros (CF, art. 111 -A, caput - acrescido pela EC n. 45/2004).
Restabelecimento da composição anterior: A EC n. 45/2004, ao determinar que o Tribunal Superior do Trabalho será composto ele 27 Ministros, reestabeleceu a composição anterior à EC n. 24/99.
Tais Ministros devem ser escolhidos dentre brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos de idade, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
• um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94 (CF, art. 111 -A, I - acrescido pela EC n. 45/2004);
• os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior (CF, art. 111 -A, II – acrescido pela EC n. 45/2004). 
A competência do Tribunal Superior do Trabalho deve ser prevista em lei ordinária, e não em medidas provisórias ou outras modalidades normativas (CF, art. 111 -A, § 1 º- - acrescido pela EC n. 45/2004). 
Competência da Seção de Dissídios Individuais do TST: "A Lei 7.701 /1 988, ao outorgar competência à Seção de Dissídios Individuais do TST para julgar, em ultima instância, no âmbito trabalhista, os embargos em que se alegue violação literal do dispositivo da Constituição da República, não alçou esse órgão ao mesmo plano do Supremo Tribunal Federal, para que se possa sustentar que a atribuição dessa competência é inconstitucional por concorrer com a competência da Suprema Corte" (STF, Agi 1 76.2 77-AgRg, Rei. Min. Moreira Alves, DJ ele 1 2-4-1996).
Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho:
• a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira (CF, art. 111-A, § 2º-, I - acrescido pela EC n. 45/2004); e 
Art. 6º da EC n. 45/2004: "O Conselho Superior ela Justiça cio Trabalho será instalado no prazo de cento e oitenta dias, cabendo ao Tribunal Superior do Trabalho regulamentar seu funcionamento por resolução, enquanto não promulgada a lei a que se refere o art. 111-A, § 22, lI" .
• o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante (CF, art. 111 -A, § 2º-, II - acrescido pela EC n. 45/2004).
 PEDRO LENZA: Estrutura da composição: dos 27 Ministros togados e vitalícios, 1/5 será escolhido dentre advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de 10 anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; os demais, quais sejam, os 4/5 dos 27 Ministros do TST, serão escolhidos dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da Magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.
Em relação ao sistema de composição, percebe-se a nítida redução das vagas de Ministros do TST oriundos da advocacia e Ministério Público do Trabalho. E mais, como o restante das vagas é preenchido por juízes dos TRTs oriundos da Magistratura da carreira, isso significa que juízes dos TRTs que subiram pelo quinto não poderão estar entre esses 4/5 de Ministros do TST, já que, repita-se, o texto fala em juízes dos TRTs oriundos da Magistratura da carreira!
■ requisitos para o cargo: a) ser brasileiro nato ou naturalizado; b) ter mais de 35 e menos de 65 anos de idade;
■ sabatina do Senado Federal: igualando-se ao STF e STJ, a sabatina no Senado passa a ser pela maioria absoluta, e não mais maioria simples ou relativa, sendo os Ministros nomeados pelo Presidente da República;
■ competência do TST: será fixada por lei, nos termos do art. 111-A, §1º.
a.2) Tribunais Regionais do Trabalho
Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região (CF, art. 115 , caput- redação dada pela EC n. 45/2004).
Desembargador federal do trabalho: os juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho são conhecidos como desembargadores federais do trabalho. A denominação é correta, afinal eles julgam em grau ele recurso. O Supremo Tribunal Federal a reconhece (STF, MS 24.575, Rei. Min. Eros Grau, O/ ele 4-3-2005). Registre-se que o Senado aprovou o Parecer n. 1 .748, e, depois, em dois turnos, a Proposta de Emenda à Constituição n . 29, ele 2 000, formalizando a nomeclatura desembargador federal do trabalho (art. 1 03-B).
Tais juízes são nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de 30 e menos de 65 anos de idade, sendo:
Regra de proporcionalidade do art. 111, § 1 2, da CF: "Não procede a pretensão da impetrante de aplicar aos Tribunais Regionais do Trabalho a regra especial de proporcionalidade estatuída pelo § 12 do art. 111 da Constituição, alusiva ao Tribunal Superior do Trabalho" (STF, MS 23 . 769, Rei. Min . Ellen Gracie, 0/ de 30-4-2004).
• um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94 da Constituição;
Alteração de entendimento do STF: inicialmente o Supremo Tribunal Federal havia entendido que seria inconstitucional ato normativo do Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho, que consagra a possibilidade de dispensa do requisito temporal exigido para o acesso de Procuradores aos Tribunais Regionais do Trabalho. Argumentou-se que "somente quando não houver, entre os Membros do Ministério Público do Trabalho, candidato com mais de dez anos de carreira, será lícita a inclusão em lista, para a investidura no cargo de Juiz de Tribunal Regional do Trabalho, de quem não preencha aquele requisito temporal " (STF, Pleno, A D l n 1 .2 89-4/DF, Rei . Min . Octavio Gallotti, 0/, 1 , de 29-5-1 998, p. 2 ) . Mas a Corte Excelsa, noutro julgado, concluiu: " Embargos infringentes. Cabimento, na hipótese de recurso interposto antes da vigência da Lei n. 9.868, de 10 de novembro de 1999. Cargos vagos de juízes do TRT. Composição de lista. Requisitos dos arts. 94 e 115 da Constituição: quinto constitucional e lista sêxtupla. Ato normativo que menos se distancia do sistema constitucional, ao assegurar aos órgãos participantes do processo a margem de escolha necessária. Salvaguarda simultânea de princípios constitucionais em l ugar ela prevalência de um sobre o outro. Interpretação constitucional aberta que tem como pressuposto e limite o chamado 'pensamento jurídico do possível'. Lacuna constitucional. Embargos acolhidos para que seja reformado o acórdão e julgada improcedente a ADI 1 .289, declarando-se a constitucional idade da norma impugnada" (STF, ADln 1 .289-EI, Rei . Min. Gil mar Mendes, O/ de 2 7-2-2004).
• os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente.
Mandado de segurança contra ato de nomeação: "O Presidente da República é parte legítima para figurar como autoridade coatora em mandado de segurança preventivo contra ato de nomeação de juiz para o Tribunal Regional do Trabalho, na qualidade de litisconsorte necessário com o Presidente do Tribunal. A nomeação de juiz para os cargos de Desembargador dos Tribunais Federais, pelo critério de merecimento, é ato administrativo complexo, para o qual concorrem atos de vontade dos membros do tribunal de origem - que compõem a lista tríplice a partir da quinta parte dos juízes com dois anos de judicatura na mesma entrância - e do Presidente da República, que procede à escolha a partir do rol previamente determinado. A lista tríplice elaborada pelo Tribunal deve obedecer aos dois requisitos previstos no art. 93, II , b , da Constituição do Brasil (redação anterior à Emenda Constitucional n . 45/04)" (STF, MS 24.575, Rei. M i n . Eros Grau, DJ de 4-3 -2 005).
Os Tribunais Regionais do Trabalho devem instalar a justiça itinerante, para realizar audiências e outras funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários (CF, art. 115 , § lº, acrescido pela EC n. 45/2004) .
Esses Tribunais também podem funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, para assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à Justiça em todas as fases do processo (CF, art. 1 1 5 , § 2Q, acrescido pela EC n. 45/2004).
PEDRO LENZA : ■ composição: os Tribunais Regionais do Trabalho serão compostos de, no mínimo, 7 juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de 30 e menos de 65 anos;
■ estrutura da composição: a) 1/5 dentre advogados com mais de 10
anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do
Trabalho com mais de 10 anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; b) os demais, vale dizer 4/5, mediante promoção de juízes do
trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente.
a.3) Juízes do trabalho
Juízes do trabalho são os membros da Justiça Laboral de primeiro grau de jurisdição, que ingressam na carreira mediante concurso público de provas e títulos, para ocupar o cargo de juiz substituto (CF, art. 93, I).
Súmula 225 do STJ : "Compete ao Tribunal Regional do Trabalho apreciar recurso contra sentença proferida por órgão de primeiro grau da Justiça Trabalhista, ainda que para declarar-lhe a nulidade de incompetência".
 Vale lembrar que a partir da Emenda Constitucional n. 24/99, a representação classista na Justiça do Trabalho foi extinta e as Juntas de Conciliação e Julgamento transformadas em varas do Trabalho, cuja jurisdição passou a ser exercida por um juiz singular (CF, art. 116).
Cumprimento do mandato dos antigos classistas: o art. 22 da EC n. 2 4/99 assegurou o cumprimento dos mandatos dos ministros classistas temporários do Tribunal Superior do Trabalho e dos juízes classistas temporários dos Tribunais Regionais do Trabalho e das Juntas de Conciliação e Julgamento. Com base nessa norma transitória, o Supremo Tribunal Federal concluiu que não há qualquer ofensa a o princípio da paridade na Justiça do Trabalho por parte da EC n. 24/99 (STF, A D l n 2 . 1 49/DF, Rei . Min. Moreira Alves, decisão de 22-3-2 000).
Cumpre à lei ordinária criar varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho (CF, art. 112 - redação da EC n. 45/2004).
Súmula 222 do STF: "O princípio da identidade física do juiz não é aplicável às juntas de conciliação e julgamento da justiça do trabalho".
Mas a lei ordinária também deverá dispor sobre a constituição, investidura, jurisdição, competência, garantias e condições de exercício dos órgãos da Justiça do Trabalho (CF, art. 113 - redação da EC n. 24/99).
Súmula 628 do STF - "Integrante de lista de candidatos a determinada vaga da composição de tribunal é parte legítima para impugnar a va l idade da nomeação de concorrente".
b) Competência da justiça do Trabalho
A competência da Justiça do Trabalho vem delimitada no art. 114 da Constituição de 1988, cujos incisos e parágrafos convém serem interpretados sistematicamente e com bom senso.
Essa norma constitucional é de observância obrigatória por parte de todos os órgãos e autoridades laborais. Do Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, passando pelo desembargador federal do trabalho e chegando ao juiz substituto, recém-concursado, todos, sem exceção, sujeitam-se aos ditames imperativos da superioridade hierárquica do art. 114.
Na realidade, o art. 114 traz quatro regras distintas de competência ratione materiae da Justiça do Trabalho:
• Competência material natural ou específica - compete à Justiça Laboral decidir as questões entre empregados e empregadores, seja qual for o tipo da relação de emprego: urbana, rural, doméstica, domiciliar, temporária etc. Não é preciso lei para regular esse encargo normativo-constitucional. Sua eficácia é plena e a aplicabilidade imediata, porquanto independe de medida legislativa posterior.
• Competência material decorrente - compete à Justiça Laboral decidir causas decorrentes de relações jurídicas diversas das de emprego. É o caso dos litígios previdenciários que derivem de uma relação empregatícia. Porém, é imprescindível a existência de lei formal, atributiva dessa tarefa, pois a cláusula "outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei", prevista no art. 114, IX, remete o intérprete a um enunciado de eficácia contida e aplicabilidade dependente da edição de providência legislativa ulterior. Existindo lei específica para satisfazer tal exigência, evidente que é possível, e plausível, a Justiça do Trabalho apreciar e julgar controvérsias inominadas, travadas entre sujeitos que não se enquadrem no nomen juris "empregado" ou "empregadores".
• Competência material residual - os dissídios entre trabalhadores e Administração Pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios devem ser examinados à luz das normas constitucionais que conferem autonomia a esses entes políticos. Significa que os litígios, regidos pelos estatutos do funcionalismo público dessas entidades, não se submetem ao crivo da Justiça do Trabalho. Só assim se pode entender a cláusula "abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios", do art. 114, I.
• Competência material executória - compete à Justiça Laboral executar suas próprias sentenças, inclusive as coletivas, nas lides que envolvam matérias cíveis, comerciais, administrativas, previdenciárias etc. Abre-se, nesse particular, uma perspectiva muito ampla para a Justiça do Trabalho resolver cerras pendências que lhe são levadas à apreciação. Cumpre-lhe, nesse particular, adentrar nas diversas áreas do fenômeno jurídico, que se interagem à semelhança do sistema de vasos comunicantes. Todavia, para que assim seja é fundamental que os prováveis conflitos interdisciplinares estejam atrelados à relação de emprego. Sem isso, não há falar em competência material executória.
PEDRO LENZA: Nos termos do art. 114 da CF/88, introduzido pela EC n. 45/2004, compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
■ as ações oriundas da relaçãode trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da Administração Pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
■ as ações que envolvam exercício do direito de greve;
■ as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;
■ os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o atoquestionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;
■ os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, “o”;
■ as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho;
■ as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;
■ a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, “a”, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;
■ outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.
O STF já interpretou algumas das novidades introduzidas pela Reforma do Judiciário, motivo pelo qual se mostra importante a sua esquematização:
A) A Justiça do Trabalho não é competente para apreciar as causas instauradas entre o Poder Público e seus servidores, a ele vinculados por típica relação de ordem estatutária ou de caráter jurídico-administrativo
Conforme alertamos, a AJUFE (Associação dos Juízes Federais do Brasil) ajuizou, em 25.01.2005, a ADI 3.395, combatendo a nova regra que suprimiu a autonomia da Justiça Federal para julgar ações envolvendo as relações de trabalho dos servidores estatutários. Alegou vício formal no que respeita à tramitação e interpretação conforme.
No julgamento da medida cautelar da ADI 3.395-6, o então Presidente do STF, Ministro Nelson Jobim, concedeu liminar com efeito ex tunc para dar interpretação conforme a CF ao inciso I do art. 114, suspendendo, “... ‘ad referendum’, toda e qualquer interpretação dada ao inciso I do art. 114 da CF, na redação trazida pela EC 45/2004, que inclua, na competência da Justiça do Trabalho, a ‘... apreciação de causas que sejam instauradas entre o Poder Público e seus servidores, a ele vinculados por típica relação de ordem estatutária ou de caráter jurídico-administrativo’”.
Em 05.04.2006, o STF, por maioria, referendou a liminar concedida. “Salientou-se, no ponto, a decisão do STF no julgamento da ADI n. 492/DF (DJU de 12.03.93), na qual se concluíra pela inconstitucionalidade da inclusão, no âmbito da competência da Justiça do Trabalho, das causas que envolvam o Poder Público e seus servidores estatutários, em razão de ser estranho ao conceito de relação de trabalho o vínculo jurídico de natureza estatutária existente entre servidores públicos e a Administração” (Inf. 422/STF, DJ de 10.11.2006 — Ata n. 37/2006).
No julgamento da Rcl 6.568, em 20.05.2009, o STF novamente confirmou o entendimento fixado na ADI 3.395, ao determinar que a apreciação de greve deflagrada por policiais civis do Estado de São Paulo e que estava sendo apreciada pela Justiça do Trabalho (ato da Vice-Presidente Judicial Regimental do TRT da 2.ª Região, nos autos de dissídio coletivo de greve), deveria ser analisada pelo Tribunal de Justiça (Justiça Comum).
Dessa forma, o STF reforça a ideia de afastar “a competência da Justiça do Trabalho para dirimir os conflitos decorrentes das relações travadas entre servidores públicos e entes da Administração à qual estão vinculados” por típica relação de ordem estatutária ou de caráter jurídico-administrativo (sobre a proibição do exercício de greve por policiais civis e servidores que exercem atividade essencial, cf. item 13.7.9).
B) Ação de indenização por danos morais e materiais decorrentes de acidente de trabalho — competência da Justiça do Trabalho.
A jurisprudência do STF estabeleceu ser competente a Justiça do Trabalho para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador. 
Por outro lado, na hipótese de ações acidentárias propostas pelo segurado em face do INSS e havendo interesse da União, entidade autárquica ou empresa pública federal, discutindo controvérsia acerca de benefício previdenciário, a competência é da Justiça comum estadual, tendo em vista o critério residual de distribuição de competência (S. 501/STF e art. 109, I, da CF/88).
Resta analisar qual seria o momento para aplicar o novo entendimento do STF, já que, antes da EC n. 45/2004, a posição era outra, qual seja, a competência da Justiça Comum.
Segundo o STF, o marco para fixar a (nova) competência da Justiça do Trabalho (art. 87 do CPC/73 — correspondente ao art. 43, CPC/2015) é a existência ou não de sentença de mérito. Havendo sentença de mérito proferida pela Justiça estadual ou federal (art. 109, I), mesmo sem trânsito em julgado, a competência não será deslocada para a Justiça obreira, por uma questão de política judiciária, tendo em vista o significativo número de ações que ainda tramitavam, quando do advento da EC n. 45/2004, na Justiça comum. Nesse sentido:
“Compete à Justiça do Trabalho apreciar e julgar pedido de indenização por danos morais e patrimoniais, decorrentes de acidente do trabalho (...). As ações em trâmite na Justiça comum estadual e com sentença de mérito anterior à promulgação da EC 45/04 lá continuam até o trânsito em julgado e correspondente execução. Quanto àquelas cujo mérito ainda não fora apreciado, devem ser remetidas à Justiça laboral, no estado em que se encontram, com total aproveitamento dos atos já praticados. ‘Consideram-se de interesse público as disposições atinentes à competência em lides contenciosas; por este motivo, aplicam-se imediatamente; atingem as ações em curso. Excetuam-se os casos de haver pelo menos uma sentença concernente ao mérito; o veredictum firma o direito do Autor no sentido de prosseguir perante a Justiça que tomara, de início, conhecimento da causa’ (Carlos Maximiliano). Precedente plenário: CC 7.204. Outros precedentes: RE 461.925-AgR, RE 485.636-AgR, RE 486.966-AgR, RE 502.342-AgR, RE 450.504-AgR, RE 466.696-AgR e RE 495.095-AgR. Agravo regimental desprovido”.
Nessa linha pacificou o STJ na S. 367: “a competência estabelecida pela EC n. 45/2004 não alcança os processos já sentenciados” (Corte Especial, j. 19.11.2008, DJE de 26.11.2008).
Finalmente, o STF, em 02.12.2009, aprovou a SV 22, com o seguinte teor: “a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional n. 45/04”.
C) Ação de indenização proposta por viúva e filhos de empregado morto em serviço — Justiça do Trabalho
Em um primeiro momento, o STJ firmou o entendimento de que a competência seria da Justiça Comum Estadual ou Federal por ter a ação natureza civil, chegando, até, a editar a S. 366 (Corte Especial, j. 19.11.2008, DJE de 26.11.2008).
Contudo, o STF, ao julgar o CC 7.545/SC, em 03.06.2009, determinou que a competência era da Justiça do Trabalho, na medida em que a origem do direito decorreria das relações de trabalho. Nesse sentido:
“EMENTA: (...) A competência para julgar ações de indenização por danos morais e materiais decorrentes de acidente de trabalho, após a edição da EC 45/04, é da Justiça do Trabalho. (...) O ajuizamento da ação de indenização pelos sucessores não altera a competência da Justiça especializada. A transferência do direito patrimonial em decorrência do óbito do empregado é irrelevante” (CC 7.545, Rel. Min. Eros Grau, j. 03.06.2009, Plenário, DJE de 14.08.2009). 
Em razão desse novo entendimento proferido pelo STF, em 16.09.2009, no julgamento do CC 101.977-SP, o STJ determinou o cancelamento da S. 366, adequando-se, assim, ao novo posicionamento da Suprema Corte,intérprete final da Constituição.
D) A Justiça do Trabalho não tem competência para julgar ações penais
“EMENTA: O Tribunal deferiu pedido de liminar formulado em ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo Procurador-Geral da República para, com efeito ex tunc, dar interpretação conforme à Constituição Federal aos incisos I, IV e IX do seu art. 114 no sentido de que neles a Constituição não atribuiu, por si sós, competência criminal genérica à Justiça do Trabalho (...). Entendeu-se que seria incompatível com as garantias constitucionais da legalidade e do juiz natural inferir-se, por meio de interpretação arbitrária e expansiva, competência criminal genérica da Justiça do Trabalho, aos termos do art. 114, I, IV e IX da CF” (ADI 3.684-MC/DF, Rel. Min. Cezar Peluso, 1.º.02.2007).
Mesmo que se fixe a competência para o julgamento de habeas corpus, cabe lembrar que é possível a determinação de prisão civil alimentar por decisão do juízo trabalhista, motivo pelo qual se prescreveu o remédio para tutelar a liberdade de ir e vir. 
E) Segundo o STJ, a Justiça do Trabalho não tem competência para julgar ação alusiva a relações contratuais de caráter eminentemente civil, diversa da relação de trabalho
Sobre esse tema, a Corte Especial do STJ pacificou diversos conflitos de competência nos termos da S. 363: “compete à Justiça estadual processar e julgar a ação de cobrança ajuizada por profissional liberal contra cliente” (j. 15.10.2008, DJE de 03.11.2008). 
O STF ainda não analisou com muita profundidade o assunto. Contudo, no julgamento de ação de cobrança de honorários advocatícios de advogada dativa contra o Estado de Minas Gerais, a Corte, por maioria de votos (vencidos o Min. Marco Aurélio e o Min. Ayres Britto), entendeu como competente a Justiça estadual comum (RE 607.520, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 25.05.2011, Plenário, DJE 21.06.2011, com repercussão geral).
F) Ação possessória decorrente do exercício do direito de greve: Justiça do Trabalho
Muitas vezes quando os bancários realizam greve, têm ocorrido o fechamento das agências e a proibição de clientes e mesmo dos trabalhadores de entrarem nos estabelecimentos (“piquete”).
Assim, em razão desses bloqueios, que o próprio movimento grevista vem realizando, alguns bancos propuseram ações possessórias, por exemplo, o interdito proibitório, em razão, nos termos do art. 932 do CPC/73 (art. 567, CPC/2015), de justo receio de serem molestados na posse (turbação ou esbulho iminente).
A dúvida era saber se a competência seria da Justiça Comum ou do Trabalho.
O STF entendeu, partindo do precedente materializado no CJ 6.959/DF, como competente a Justiça do Trabalho na medida em que, ainda que a solução dependesse da apreciação de questões de direito civil, o seu fundamento decorre da relação trabalhista e, no caso, do exercício do direito de greve, aplicando-se, por consequência, o disposto no art. 114, II, da CF/88.
Nesse sentido, o STF editou a SV 23: “a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercíciodo direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada”.
G) Súmula Vinculante 53 (j. 18.06.2015)
Após o julgamento do RE 569.056, o STF sedimentou o seguinte entendimento, editando a SV 53: “a competência da Justiça do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da Constituição Federal, alcança a execução de ofício das contribuições previdenciárias relativas ao objeto da condenação constante das sentenças que proferir e acordos por ela homologados”.
b.1 ) Amplitude do art. 114 da Constituição Federal
A Emenda Constitucional n. 45/2004 ampliou a competência da Justiça do Trabalho, prevista no art. 114 da Constituição Federal.
Resta saber até que ponto o constituinte reformador chegou.
Certamente, todos os litígios decorrentes da relação empregatícia enquadram-se nessa competência, como já havia dito o Supremo Tribunal Federal antes mesmo do advento da reforma do Judiciário.
Precedente: numa ação de empregado contra empregador, visando à observação das condições negociais de contratar, formulada pela empresa em decorrência do vínculo de emprego, decidiu o Pretório Excelso: "À determinação da competência da Justiça do Trabalho não importa que dependa a solução da lide de questões de direito civil, mas sim, no caso, que a promessa de contratar, cujo alegado conteúdo é o fundamento do pedido, tenha sido feita em razão da relação de emprego, inserindo-se no contrato de trabalho" (STF, P leno, CJ 6.959/6, Rei. Min . Sepúlveda Pertence, DJU d e 22-2-1 991 ).
Entendeu a Corte que, para saber se a lide decorre ou não do vínculo empregatício, pouco importa se a sua composição judicial envolve temas jurídicos de Direito comum. Nada tem que ver, pois, se a questão versa sobre Direito Civil ou Direito Previdenciário, por exemplo. O que importa, apenas, é a comprovação da relação de emprego.
Nesse sentido: STF, P leno, CJ 6.959/6, Rei . Min . Sepúlveda Pertence, OJU de 22-2-1 991.
Mas isso não é o bastante. Tem de haver bom senso, sob pena de transferir para a Justiça Laboral competências que, em rigor, não são suas.
As relações que envolvam direito do consumidor, por exemplo, podem misturar-se com vínculos empregatícios, o que não significa que estejam submetidas à competência constitucional da Justiça do Trabalho. É que os depositários da Emenda Constitucional n. 45/2004 não pretenderam acabar com os órgãos especializados da Justiça Comum, encarregados de apreciar e julgar litígios consumeristas. No momento que se admirem juízes laborais adentrando nessa seara, esvazia-se a competência daqueles órgãos especiais. Ora, a bandeira da reforma do Judiciário foi a celeridade. Não é razoável sobrecarregar a Justiça do Trabalho com demandas que, em tese, competem aos Juizados de Defesa do Consumidor, criados, de modo específico, para essa finalidade.
Como se vê, o art. 114 deve ser compreendido nos lindes da razoabilidade, porque de nada adianta resolver um problema e criar outro. As normas constitucionais não existem para plantar dificuldades a fim de vender facilidades. Embora a exegese delas seja um ato de vontade associado a um ato de conhecimento, isso não autoriza o intérprete a renegar o contexto social e a repercussão do fato na sociedade.

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