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Acesse chocoladesign.com e tenha acesso aos posts mais deliciosos da internet. Mergulhe de cabeça no melhor conteúdo de Design da web! EDITORIAL 2 A relação entre mercado e design é muito debatida. Na Universi- dade, por exemplo, os alunos clamam por um ensino voltado à prática mercadológica, enquanto os acadêmicos advertem que o assunto não deveria ser a prioridade na grade dos cursos de design. De fato não o é, aqueles que já passaram pela Gradua- ção puderam perceber que a teoria é bastante discutida. Mas o design é para todos. Na prática, a teoria academicista não é sinônimo de qualificação. Nesta primeira edição da Revista C+, tentamos apresentar os dois lados da moeda, através de textos, perguntas e questiona- mentos que podem esclarecer as principais dúvidas que tornam a nossa profissão um parodoxo. Alguém já se questionou por que o design é tão valorizado e o designer não? Se ainda não se perguntou, tenho certeza que ao aproveitar todo o conteúdo da Revista você se perguntará. Nossa pretensão, por mais ambiciosa que seja, é de tornar o designer independente. Por isso a teoria é tão importante. Quem faz sua marca é você!, Obrigação e satisfação e Muito além do design são os 3 textos que discutem exatamente isso. Mercado e design C+ Revista do Choco la Design A Entrevista com o Estúdio Ao Lado mostra que é possível tri- lhar caminhos diferentes. Acredito que o principal motivo para que isso se torne realidade é nos tornarmos empreendedores, por isso fizemos a seguinte pergunta: Qual a importância da disciplina de empreededorismo no curso de design? e para respondê-la pedimos ajuda de alguns designers que já estão no mercado há muito tempo. A Revista é uma extensão do blog: um canal pelo qual você poderá participar de maneira ativa e contribuir efetivamente para a construção de uma publicação na qual discutiremos assuntos importantes para a teoria e a prática da profissão que tanto gostamos. Agradeço por ter acreditado no nosso projeto e comprado a Re- vista. Aproveite o contéudo e tenha uma ótima leitura. Se inspire nas ilustrações e nos ótimos portfolios que selecionamos. Obrigado! Guilherme Hummelgen guilherme@chocoladesign.com EDIÇÃO #01 OUT/NOV/DEZ 2013 3 C+ Revista do Choco la Design ÍNDICE 4 6 Quem faz sua marca é você! 10 Obrigação e satisfação C+ Revista do Choco la Design 5 ÍNDICE 27 ENTREVISTA com o Estúdio Ao Lad0 15 Muito além do design 36 Opinião de especialistas 32 Perguntas dos leitores 40 Portfolios C+ Revista do Choco la Design 6 MERCADO C+ Revista do Choco la Design Quem faz sua marca é você! Antes de começarmos essa conversa, vamos deixar claro al- guns conceitos. Logo, logotipo, ou como muitos conhecem er- roneamente como “logomarca”, é o seu ícone, seu símbolo, algo que representa você ou sua empresa visualmente, como por exemplo o passarinho do Twitter ou lettering da Coca-Cola. Já a marca, é como as pessoas veem aquele produto, é um con- junto de sensações que é transmitido para nós através deste produto. Um exemplo, quando vemos o cavalo preto no fundo amarelo representando o logotipo da Ferrari logo pensamos em velocidade, Fórmula 1, esporte, etc. O mesmo vale para mar- cas pessoais. Quando vemos o rosto do Michael Jackson, por exemplo, na mesma hora pensamos em música, dança, festa, diversão. Já quan- do vemos o Papa, vem um sentimento de paz, autruismo, bondade e por aí vai. Ilustração Henrique Mantovani Petrus Texto Filipe Fernandes 7 C+ Revista do Choco la Design Tom Peters, um escritor norte-americano que fala sobre as prá- ticas de gestão de negócios, foi a primeira pessoa a falar no ter- mo “personal branding” em meados de 1997. O autor defen- de que nós mesmos devemos cuidar da nossa marca pessoal, adaptando os conceitos da comunicação e do marketing para garantir nossa própria evolução profissional. Quem trabalha com vendas já deve conhecer aquela frase “o primeiro produto que o cliente compra é você”, e é verdade. Querendo ou não, todos nós temos a nossa marca pessoal. Essa marca segue o mesmo conceito que falamos à pouco, é como as pessoas te veem, é um conjunto de sensações que você transmite para os outros através das seus discursos, das suas atitudes. E é trabalhando bem sua marca pessoal que você vai conseguir vender seu maior produto: você. Apesar de todos nós já carregarmos nossa marca pessoal ela pode, e deve, ser otimizada. Mas para isso precisamos definir uma série de fatores que vão nos ajudar com o princípio fundamental de uma marca pessoal de peso que é o autoconhecimento. 7 C+ Revista do Choco la Design 8 C+ Revista do Choco la Design Mas porque precisamos nos conhecer para nos tornarmos pro- fissionais melhores? Bom, se você se questionou dessa forma antes de cair neste parágrafo, parabéns, você está no caminho certo. O primeiro passo para criar uma base sólida para sua mar- ca pessoal é levantar os “porquês” da sua vida, como, “quem é você?”, “por que você trabalha?”, “pelo que você trabalha?”. Precisamos definir nossa motivação e nossos objetivos, só as- sim seremos profissionais de sucesso. Se você entende o seu “porquê”, a sua motivação, você se torna mais qualificado, se sente mais importante e se torna cada vez mais fácil decidir o rumo da sua carreira, com que tipo de tra- balho você se identifica e de encontrar uma empresa que tenha as mesmas motivações que você. Com isso você consegue criar um ambiente de trabalho em que a cada dia conseguirá se sen- tir mais inspirado e mais motivado a fazer aquilo que você quer fazer, aquilo que você ama fazer. Em sua palestra feita no TED, Simon Sinek disse: “Quando esta- mos rodeados de pessoas que acreditam no que acreditamos, algo memorável acontece.” E é exatamente assim que aconte- ce. Por que você acha que são necessárias reuniões de brains- torm com toda a equipe envolvida no projeto? Várias pessoas, reunidas com foco em um objetivo comum, o cliente. Naquele 9 C+ Revista do Choco la Design momento todos ali estão acreditando no mesmo objetivo que é o sucesso e satisfação do cliente. Para dar um gás na nossa car- reira ou mesmo na nossa vida pessoal, funciona da mesma for- ma, devemos buscar e nos rodear daqueles que tem motivações semelhantes as nossas. Assim começamos a criar conexões e vamos tecendo nossa rede de contatos que, mais cedo ou mais tarde, vai nos ajudar nessa escalada profissional. MERCADO 10 C+ Revista do Choco la Design Obrigação e satisfação Ilustração Ivana Amarante Bombana Nosso maior dilema está na dicotomia entre obrigação e satisfa- ção. Entende-se dicotomia como a divisão de um elemento em duas partes, em geral contraditórias: trabalhar para ganhar di- nheiro e trabalhar por prazer. É possível trabalhar para ganhar dinheiro e se satisfazer, como é possível trabalhar com o que gos- ta e ganhar dinheiro. O que nos intriga, porém, é a porcentagem bastante relevante de designers descontentes com a rotina de trabalho que lhes é imposta, independente do quanto ganham. Quem nunca se questionou sobre o motivo pelo qual passa- mos tantas horas trabalhando? O mercado no qual estamos inseridos nos exige uma rotina de compromissos inesgotá- veis, diante de um carga horária demasiadamente alta, geran- do inaptidão para diversas outras atividades profissionais e pessoais. O desejo da maioria é de se emancipar de tal forma que possamos, enfim, nos tornar livres. Quando o trabalho se torna uma obrigação, é mais sensato não fazê-lo. Texto Guilherme Hummelgen 11 C+ Revista do Choco la Design Como entãodriblar esta armadilha deixada pelas gerações que nos antecederam? O trabalho como conhecemos teve início na Revolução Indus- trial. A introdução das máquinas aumentou a capacidade de produção tornando a ambição da burguesia tão grande quan- to a jornada que impunham aos empregados, ultrapassando 14 horas diárias. Anos se passaram e percebemos uma grande evolução, entretanto, nossa geração parece se incomodar com o modo como as coisas funcionam atualmente, assim como aqueles que não se contentaram com o fato de não existir qualquer lei trabalhista que os defendesse e lutaram por elas. Não é difícil encontrar pessoas que trabalharam a vida toda numa mesma empresa e têm orgulho disso. Também não é difícil encon- trar pessoas que ainda tenham esse conceito em mente e queiram implementá-lo, mesmo que o pensamento da maioria seja outro. Será mesmo? Se encararmos a carreira como um projeto, como qualquer outro, com começo, meio e um fim, mas que de fato não possui nenhum fim em si mesmo, perceberemos que nosso pen- samento está tão ultrapassado quanto. 12 C+ Revista do Choco la Design 13 C+ Revista do Choco la Design Algumas empresas nos dão uma esperança e acabam por nos vender uma ideia até então bastante ilusória: é possível traba- lhar e se sentir realizado? Como? E se não existisse mais che- fe? E se cada um decidisse em que projeto quer entrar? E se o horário fosse livre e ir ao escritório se tornasse opcional? Todas essas perguntas podem possuir respostas animadoras. O que parece ser uma grande vitória, ainda é privilégio de poucos, está reservado às grandes companhias e às empresas de seto- res mais livres. Imaginar que essa realidade irá nos bater à porta imediatamente é um pouco ingênuo. As leis que regem o mercado ainda são outras e tendem a perdurar por muito tempo. Embora almejamos um presente melhor, ao nosso redor, o que se vê é uma destruição lenta dos ideais da nossa geração, em troca de um es- boço de felicidade que nos mantém em constante alienação. Emancipar-se pode ter diversos significados. O número de agências de design cresceu substancialmente, fruto, não ape- nas do aumento do número de profissionais e de demanda, mas como consequência do descontentamento de alguns e da busca incessante por independência. A solução para distanciar-se do entrave que nos detém é tor- nando-se gerentes do nosso próprio umbigo. Ao encararmos esta solução como redenção, passaríamos, então, a questionar 14 C+ Revista do Choco la Design Para que as melhorias que desejamos sejam colocadas em pauta, devemos questionar o que é vigente. a que ponto essa liberdade nos deixaria satisfeitos. O que signi- fica tornar-se livres? Liberdade criativa ou liberdade para fazer- mos o que quisermos sem nos preocuparmos com as contas no final do mês? Talvez a mais palpável seja a liberdade criativa, facilmente atribuída às perguntas apresentadas anteriormente. Mas não basta apenas dissolver o chefe, escolher em que pro- jeto quer entrar e tornar o horário ou a ida ao escritório flexível. Para que os ideias de uma geração não se percam, devemos pri- meiro resgatá-los. Para que as melhorias que desejamos sejam co- locadas em pauta, devemos questionar o que é vigente. A resposta para todas as perguntas é simples: estamos na verdade atacando o problema por um viés equivocado, ou seja, apresentando uma perspectiva parcial em detrimento de outras alternativas. Por mais que o trabalho faça parte da nossa vida, infelizmente o encaramos como estorvo, algo que nos faz repensar cons- tantemente o caminho que escolhemos. Trabalhar com o que gosta pode ser a solução perfeita para resolver todos os pro- blemas, mas lutar para que todos possam se sentir satisfeitos também deveria ser a nossa batalha. MERCADO 15 C+ Revista do Choco la Design Muito além do design Como designers e profissionais de criação podem investir em habilidades mais estratégicas e se diferenciar em um mercado tão específico, competitivo e saturado? Ao analisar a situação do mercado de design gráfico no Brasil sempre me deparo com contradições que me deixam um pouco confusa. Enquanto vejo um mercado aquecido, cheio de opor- tunidades e empresas buscando serviços de design, percebo também salários cada vez mais baixos, desrespeito e desvalori- zação destes profissionais, por parte do próprio mercado e das empresas também. Um número crescente das empresas demandam serviços de identidade visual, por exemplo, mas na realidade não entendem bem o que é isso e desconhecem a natureza deste trabalho. Na mesma curva crescente, um número gigante de agências sur- ge, algumas com propostas mais específicas, e outras “fazem- -tudo”, contribuindo para o aumento da oferta no mercado. Ao Ilustração Alexandre Mauro Texto Carolina Sangiovanni 16 C+ Revista do Choco la Design 17 C+ Revista do Choco la Design mesmo tempo que um grande número de agências agrega mui- to na democratização do design (meu sonho é ver todas as pa- darias e motéis de São Paulo com um programa de identidade visual coerente e bem-feito), muitas se dispõe a prestar serviços nos quais não são especializadas, desvalorizando o trabalho (e valor) do mercado como um todo. Existe uma demanda de profissionais capacitados, e isso pode ser percebido facilmente por qualquer um que está na luta por uma vaga fixa: além de todas as habilidades oriundas de um designer, deve-se dominar todos os programas do Crea- tive Suit, programar, ilustrar, fotografar, dar piruetas e saber dançar salsa. Os salários, entretanto não são tão empolgantes quanto uma aula de dança do ritmo latino. Segundo parciais do censo de 2012 da ADG Brasil (Associação dos Designers Gráficos do Brasil), 25% dos profissionais da área no país ganham de R$850,00 a R$1.500,00; os que ganham mais de R$8.000,00, entretanto, não passam de 5%. Obviamente, este cenário muda a cada região: no Sudeste, 26% ganham entre R$2.500,00 a R$5.000,00, enquanto no Nordeste 30% ganham entre R$850,00 e R$1.500,00. Muitos comentam dos micreiros e operadores de mouse, mas podemos ler nas entrelinhas destes dados que esta é a reali- dade de muitos. 18 C+ Revista do Choco la Design Fora do Brasil o panorama também é pouco animador. A revista Forbes rankeou as dez profissões menos promissoras, pesqui- sando recém formados com idade entre 22 e 26 anos, e profis- sionais com idades entre 30 e 54 anos. Considerando o salário dos recém formados, salários dos profissionais mais experien- tes, taxa de desemprego entre recém formados e taxa de de- semprego entre profissionais mais experientes, a profissão de designer gráfico ganhou a oitava posição. Mas calma meu jovem, o objetivo aqui não é desmotivar nin- guém, mas sim mostrar que existem maneiras de se diferen- ciar nesse mercado de trabalho. Em um dos meus artigos de maior repercurssão no blog Choco La Design, “Você é Designer e Pode Ser o que Quiser”, além de defender que nós designers temos uma linha de pensamento diferente para a resolução de um problema, e isso pode ser útil em diversas áreas de atuação profissional, defendo que alguns conhecimentos teóricos realmente fazem a diferença. No mencionado artigo, argumentei que disciplinas como me- todologia de design, semiótica e gestalt são tão importantes, tanto para quem estuda design no nível acadêmico quanto para aqueles que são autodidatas. Saber usar bem a ferramenta ou o software é algo importante, porém secundário. Você pode ima- 19 C+ Revista do Choco la Design ginar que na década de 50, Alexandre Wollner, um dos grandes designers brasileiros, não tinhana manga nenhum software como Illustrator ou Photoshop para realizar seus projetos. Um designer gráfico normalmente está associado a função de dar forma a uma ideia abstrata, solucionando assim um proble- ma de comunicação, através de diagramação, design de emba- lagens, programação de identidades visuais, entre outras mil possibilidades. Através destes vários caminhos é possível en- contrar ainda outros, que podem ser muito mais interessantes. 20 C+ Revista do Choco la Design Novas oportunidades e Novas habilidades Nunca deixe de estudar. Não faça cursos apenas esperando um retorno profissional ou financeiro imediato, pense no seu de- senvolvimento pessoal. O que mais tenho percebido são currí- culos iguais, além de uma homogenidade de estilos. Percebo que as pessoas buscam apenas o que lhes é exigido pelo mercado, e este é o caminho mais breve para alcançar a mediocridade. Afinal, para que, por exemplo, estudar chinês, se você já sabe inglês - e é isso que o mercado exige? Para que estudar softwares de 3D e animação, se você já manda bem no combo Photoshop, Indesign e Illustrator - e é isso que o mer- cado exige? Para que estudar cinema ou fotografia se ninguém exige estes conhecimentos de você no trabalho? Para você ser diferente e conseguir oferecer mais, muito mais, do que a média do mercado. A partir deste ponto é que as me- lhores oportunidades aparecem. Não faça cursos apenas esperando um retorno profissional. 21 C+ Revista do Choco la Design Busque cursos além dos básicos de design, como, por exem- plo, marketing, ciências do consumo, filosofia, cinema, foto- grafia, história, gerenciamento de pessoas e fator humano nas organizações, gestão de projetos, psicologia, estudo de ten- dências, economia, teoria da comunicação, enfim, qualquer coisa que lhe interessar de maneira genuína. Conforme comentei no início do texto, muitas empresas ainda não entendem o trabalho de um designer. E vamos combinar que nosso trabalho depende destes clientes. Uma maneira de se tornar relevante para empresas é levar soluções de fato efi- cientes, estratégias que tragam retornos (lucro) mensuráveis. 22 C+ Revista do Choco la Design Muitas vezes os designers trabalham a partir de uma estraté- gia já existente, então, imagine o quanto um profissional pode ser valorizado se for capaz de traçar estratégias, em vez de apenas executá-las. Essa capacidade pode ser alcançada através do estudo e desen- volvimento de principalmente três áreas, muito próximas ao design: o Design Estratégico, Design Thinking e Branding. Resumidamente, Design Estratégico é pensar de forma estratégi- ca ao se conceber objetos e ideias de design, elevando o design a uma categoria mais alta, deixando de ser apenas uma ferramenta estética para encarar um papel imprescindível para o sucesso de produtos, marcas e empresas. Exercer estas capacidades exige co- nhecimentos amplos culturais (tendências e pesquisa de design, história do design, cool hunting), técnicos (metodologia, comuni- cação verbal, gestão, comunicação integrada) e projetuais (bran- ding, conceitualização). Sendo assim, um profisssional que desenvolve projetos de de- sign estratégico desenvolve uma função ativa para a estratégia de uma marca, e isso envolve também mensuração de resultados Design Estratégico, Design Thinking e Branding 23 C+ Revista do Choco la Design e o raciocínio do projeto como um todo, do seu desenvolvimento à sua entrega, e não apenas por partes separadas. Já o Branding é o ato de gerenciar uma marca e todas as ações compreendidas nesse processo para que a mesma tenha o maior valor percebido possível. Uma marca é, ao mesmo tempo, um nome de produto ou serviço, um logotipo e uma série de valores tangíveis e intangíveis percebidos pelo consumidor, e marcados em sua mente, fazendo com que o trabalho de gerenciamento exija esforços de publicidade e propaganda, design, marketing, relações públicas e da maneira como o cliente é servido ou aten- dido e o local onde isso ocorre. O processo de desenvolvimento de marca pode ser dividido em etapas básicas, que podem va- riar de acordo com o projeto: pesquisa de mercado, prospecção de futuro, estratégia e observação. A última etapa básica leva de volta à primeira, formando um processo contínuo. Então, o processo de Branding tem sempre duas mãos e para ter um bom resultado, exige um diálogo entre empresa e con- sumidor. Uma marca é o que o consumidor pensa que ela é, ou o que você faz o seu consumidor pensar que ela é. Por exemplo, se um produto tem uma embalagem legal, será per- cebido como um melhor produto em relação àquele que tem uma embalagem horrível. Entretanto, se essa linda embala- gem não for entendida pelo consumidor, tudo estará perdido. 24 C+ Revista do Choco la Design Quando alguém compra um produto, é sugado – mesmo que inconscientemente, para um universo de auto-afirmação e emoções. Cabe ao Branding, utilizando recursos que já foram citados acima, construir esse universo. O consumidor deve en- tender claramente os conceitos da empresa e aquilo que ela defende. Isso será compreendido através do posicionamento da marca, design, preço e relacionamento com o cliente, crian- do um elo entre a empresa e o consumidor. Por isso que um trabalho de criação de logotipo para uma mar- ca ou produto, ou um redesign de logo, não podem ser consi- derados Branding, mas sim apenas uma parte dele. O profissi- nal que desenvolver habilidades de Branding e se especializar nisso, pode se tornar importante para marcas e empresas, já que ajudará na definição do posicionamento geral das mes- mas, e não apenas em criações pontuais. xº 25 C+ Revista do Choco la Design O Design Thinking, por sua vez, pode também se tornar uma grande vantagem competitiva para profissionais de diversas áreas, principalmente designers. Trata-se dos conjuntos de metodologias e processos para abordar problemas, relacio- nados à aquisição de informações, análise de conhecimento e propostas de soluções. A partir da compreensão de métodos e processos utilizados e dominados por designers em suas criações, empresas e pro- fissionais de outras áreas seriam capazes de aperfeiçoar suas atividades elevando o nível de inovação. O design thinking busca diversas perspectivas para solucionar situações não ne- cessariamente relacionadas ao design, priorizando o trabalho colaborativo em equipes multidisciplinares em busca de solu- ções inovadoras. E a vantagem disso? Nós designers já conhe- cemos alguns destes métodos (metodologia do design) e os aplicamos naturalmente em nosso dia a dia. 26 C+ Revista do Choco la Design O livro Design Thinking – Inovação em Negócios aborda inte- ressantes questões a respeito de o design “(…) ser frequen- temente associado a qualidade e/ou aparência estética de produtos, mas que como disciplina tem por objetivo máximo promover bem-estar na vida das pessoas. No entanto, a ma- neira como o designer percebe as coisas e age sobre elas que chamou a atenção de gestores, abrindo novos caminhos para a inovação empresarial.” Não se conformar apenas com as habilidades exigidas pelo mercado, buscar cursos e especializações que tragam satis- fação pessoal e o diferenciem no mercado e aprender como pensar e atuar na sua função de forma estratégica são manei- ras de não ser mais uma infeliz estatística do nosso mercado super competivo. O conselho que fica é sempre buscar se dife- renciar, fazer o que gosta e não desistir de seus objetivos. *VIANNA,MAURICIO.DESIGN THINKING - INOVAÇÃO EM NEGÓCIOS. MJV (2012). C+ Revista do Choco la DesignEstúdio Ao Lado Entrevista com Entrevistamos os cabeças por trás do Estúdio Ao Lado. Arley Ronan, Guilherme Guedes e Luiz Melo foram responsáveis pela adaptação do Logotipo do Choco la Design para a Re- vista C+ e pela capa desta pri- meira edição. Se você ainda não os conhece, leia a matéria e entre no site dos caras para se inspirar com o trabalho deles. O Estúdio Ao Lado é um ótimo exemplo para quem deseja abrir seu escritório, tirar as ideias do papel e se emancipar. Por Willian Matiola 27 28 C+ Revista do Choco la Design A partir de qual momento surgiu a ideia de criar o Estúdio Ao Lado? Qual a história por trás do nome “Ao Lado”? Nos formamos na mesma faculdade e optamos pela mesma grade: Gráfico/Web. O destino nos levou a trabalhar em uma agência local, dividindo um setor de criação, nesta época já sen- tíamos uma afinidade profissional legal, e já falávamos sobre ter um negócio pra chamar de nosso, ter mais liberdade criati- va, trabalhar de maneira correta e negociar abertamente com os clientes. Fomos saindo aos poucos da agência e trabalhando em conjunto até que abrimos realmente o Estúdio Ao Lado. No início da empresa tivemos sorte em dividir alguns serviços com vários bons parceiros que nos ajudaram bastante. Nossa primeira locação foi em um edifício bem central da nossa cidade e sempre nos preocupamos muito em estar próximo aos nos- sos clientes, então era comum escutarmos algo como “Estou no estúdio aqui ao Lado”, “Pode falar com os caras aqui ao lado”. Acho que pela repetição acabamos adotando a ideia. 29 C+ Revista do Choco la Design Quem forma a equipe? Design Gráfico em geral, com foco em desenvolvimento de Iden- tidades Visuais e direção de arte. Apesar de termos um foco de- finido, procuramos não nos limitar muito no que diz respeito as nossas disciplinas. Seja qual for o projeto, desde campanhas pu- blicitárias, videos, eventos, web, até confecção de produtos, se pudermos usar nossas habilidades e contribuir de forma positiva ficaremos satisfeitos. Em que área vocês atuam? Arley Ronan, Guilherme Guedes e Luiz Melo são os sócios e dire- tores de arte, Fred Oliveira setor de produção, e uma equipe de atendimento terceirizada, que facilita nosso contato com clientes de fora. Somos uma equipe que trabalha sério mas sempre com ar descontraído e criativo, estamos sempre em um estado cres- cente e com certeza teremos mais colaboradores para fazer parte desse time e jogar ao lado. 30 C+ Revista do Choco la Design Como empreendedores de primeira viajem, no início tivemos algu- mas dificuldades com a administração. Contratamos uma empre- sa que nos deu uma assessoria de gestão e contábil. Atendimen- to, defesa de projetos, negociação, prazos, acompanhamento, ainda continuam se desenvolvendo e se adaptando ao perfil de cada cliente. Acho que a palavra pra isso é coragem e acreditar em nosso potencial. Com o aumento da demanda por projetos de qualidade nota- mos a necessidade de formalizar o nosso negócio para atender de forma ainda mais profissional. Na verdade foi tudo um pro- cesso, algo que estava e continua crescendo gradativamente e esperamos ir além disso. O que é preciso para alguém larguar seu emprego ou sua vida de freelancer par montar seu prórprio negócio? Qual a maior dificuldade que você encontraram, ou ainda encontram, com o estúdio? 31 C+ Revista do Choco la Design A base de tudo é prestar um bom serviço com honestidade. Tentar explicar, de maneira clara, como o projeto vai contribuir positiva- mente para o negócio do cliente e deixá-lo satisfeito com a qua- lidade. Manter atualizado também é um ponto essencial, pois o mundo do design é muito rápido e dinâmico, quem não acompa- nha fica para traz. Somos mentes criativas que contribuem, cada uma com sua bagagem e conhecimento, nas soluções de cada projeto. Com formação e anos de experiência no mercado espe- ramos poder oferecer os melhores projetos gráficos e soluções para os negócios dos nossos clientes. Guilherme Guedes Luiz MeloArley Ronan Na opinião de vocês, de que forma é possível se destacar da concorrência? PERGUNTAS DOS LEITORES 32 C+ Revista do Choco la Design Isabella de Lião, Quero me especializar na criação de Fontes, Caligrafia e Lettering. Por onde começo? Como qualquer especialização, tornar-se um tipógrafo também exige es- forço. Buscar referências é um ótimo começo, porém, o estudo não se re- sumo a isso. Participe de palestras e de eventos relacionados a tipografia, estude o trabalho dos principais tipógrafos brasileiros e do mundo, saiba quais são suas inspirações. Pratique, faça suas próprios fontes. Débora Lima, Apesar de uma demanda extensa na área de mídias sociais, algumas agências digitais não possuem designers. Como a situação vem evoluindo e o que os designers esperam que aconteça? Acreditamos que o profissional de design é indispensável na área de mí- dias sociais. O grande problema é que a relação com mídias sociais e ges- tão de marca ainda é algo recente. A tendência é que os designers estejam cada vez mais inseridos nesse nicho de mercado. Bons exemplos nos dão a certeza disso: quem não perceber a importância do designer na elaboração de estratégias e conceitos visuais, perderá espaço e deixará de concorrer com quem percebe. 33 C+ Revista do Choco la Design Wellington da Silva Sias, Quais as habilidades técnicas um bom designer precisa ter? Quais as ferramentas (programas) ele precisa dominar? Um bom designer precisa ser versátil, o ideal é que domine diversas fer- ramentas, como por exemplo: Photoshop, Illustrator e InDesign. O Pho- toshop serve basicamente para a edição de imagens, o Illustrator trabalha com vetores e o InDesign serve para a diagramação de livros, revistas, ma- teriais editoriais em geral. Além disso, existem outros softwares de anima- ção, programação e modelagem em 3D que são muito utilizados. Enio Maciel, Qual a melhor forma de fazer um orçamento? A melhor forma de se fazer um orçamento é avaliar quais são seus custos de vida e de trabalho. A concepção do orçamento também gira em torno da quantidade de experiência que o designer possui. As tabelas de referência de preço servem apenas para referência, na verdade, elas não abrangem o todo e, portanto, não deve ser seguidas à risca. Cada trabalho possui um tempo específico e demanda uma energia diferente. C+ Revista do Choco la Design 34 Pedro Ramon Soares Pinheiro, As pessoas que não possuem formação em Design, mas que desempenham nosso papel no mercado podem ser considerados designers? Não podemos definir o design, se o definirmos por completo, deixaríamos de lado todas as discussões possíveis. A princípio, o debate acerca deste assunto gira muito em torno das opiniões. De forma taxativa, a resposta é sim, mesmo aqueles que não são graduados no curso superior de design podem ser considerados designers. O papel da Universidade não é inútil, pelo contrário, o debate jamais deve- ria se resumir à qualidade de trabalho, na verdade, o papel da Universida- de permanece sendo o mesmo: a formação de indivíduos não apenas para o mercado, mas principalmente para a carreira acadêmica. Existem inúmeros designers não graduados espalhados por diversas agências do país ou freelancer que decidiram empreender a partir do de- sign sem ao menos concluir um curso superior. A realidade exigida pelo mercado é muito diferente do que aprendemos na faculdade, quanto mais rápido isso for percebido, melhor. Somente assim todos terão capa- cidade de efrentá-la. C+ Revista do Choco la Design ChocoLeitor Você pode ser um dos escritoresdo Choco La Design! Para colaborar conosco é fácil, basta seguir as dicas que estão no link abaixo e enviar seu artigo. :) bit.ly/18EC5g6 www.chocoladesign.com OPINIÃO DE ESPECIALISTAS 36 C+ Revista do Choco la Design Qual a importância da disciplina de empreendedorismo no curso de design? Segundo o SEBRAE, uma das qualidades fundamentais de um empreendedor é seu espírito criativo e a capacidade de iden- tificar e buscar novos negócios e oportunidades. A partir des- ta pequena definição, já é possível reconhecer que nós desig- ners, possuímos perfis de empreendedores. Somos criativos, proativos, atentos às tendências e acostumados a lidar com etapas projetuais: o designer empreendedor é aquele que as- socia seus conhecimentos de design ao mundo dos negócios (business design). Tendo em vista a importância do empren- dedorismo para a nossa profissão, é essencial que as institui- ções de ensino abordem o tema. Assim, a Revista C+ buscou depoimentos para compreender as opiniões de profissionais e acadêmicos experientes sobre a relevância de tal assunto no aprendizado de design. Por Kátia Keiko Takahashi Sonoda 37 C+ Revista do Choco la Design “Está no DNA do designer resolver problemas reais das pes- soas através de produtos excelentes, e esse é o marco inicial da criação de uma empresa de sucesso. Entretanto, isso muitas vezes não é suficiente: é preciso formar e liderar times, estabe- lecer parcerias e articular recursos financeiros. É aí que entra o papel de uma disciplina como a de Empreendedorismo.” Guilherme Sebastiany Paulo Floriano “Aprender a empreender não significa apenas a possibilida- de de ter ou gerenciar o próprio escritório. Significa abrir um ho- rizonte de possibilidades que vão além dos limites da simples prática profissional ou da vida acadêmica, já contempladas no modelo de ensino atual. Empreender não no design, mas a partir dele, pode ajudar no desenvolvimento de novos produtos, no- vos modelos de negócios e na criação de serviços inovadores.” C+ Revista do Choco la Design 38 “Empreendedorismo não é uma novidade para o mercado de design, diferente de outras áreas o design de forma geral sempre foi e é uma atividade visionária, sendo praticamente uma ação implícita no projetar, já a disciplina hoje em dia, veio de uma evolução dentro da academia, alguns cursos ofereciam disciplinas como gestão ou administração, para a área de de- sign, e foi natural a essa discussão a implementação de uma ação empreendedora nos cursos de design. Atualmente o que pode-se perceber é um enorme volume de jo- vens designers saindo das faculdades e seus cursos, e montan- do seu próprio negócio, e mais importante reinventando alguns modelos de negócio, construindo de forma participativa, coleti- va e desburocratizada novas formas de negócio em design, com tudo isso acredito ser extremamente importante a disciplina.” Kito Castanha 39 C+ Revista do Choco la Design “Total importância. Infelizmente a educação brasileira não incentiva o empreendedorismo. Em minha opinião, não deveria ser apenas tema de terceiro grau, mas começar no ensino fundamental. No Brasil acreditamos no acaso, no empirismo, na sorte e ta- lentos individuais. Mas para gerar conhecimento, evolução, ino- vação e resultados eficazes, necessita de uma grande dose de disciplina e bases teóricas. Na área de design, tão repleta de oportunidades, essa necessidade se torna mais latente. Precisa- mos aprender com USA, Inglaterra, Japão e Alemanha a organizar nosso pensamento educacional de modo a gerar profissionais mais preparados para entender e encarar o mundo dos negó- cios. Ficamos reféns de grandes corporações internacionais e extremamente dependentes de mão-de-obra estrangeira.” Zé Henrique Rodrigues 40 PORTFOLIOS C+ Revista do Choco la Design Davi Augusto www.behance.net/daviaugusto Mayra Magalhães www.behance.net/mayramagalhaes 41 C+ Revista do Choco la Design Henrique Mantovani Petrus www.behance.net/hmpetrus 42 C+ Revista do Choco la Design Alexandre Mauro www.alexandremauro.com 43 C+ Revista do Choco la Design Dimitri Bastos www.dimitribastos.com Cris Amorim www.flickr.com/trakamorim C+ Revista do Choco la Design 44 Quantas horas passamos em frente ao computador? Sabemos que a utilização das ferramentas digitais e sociais são de suma importância para o nosso trabalho. Vamos imaginar que passamos, em média, cerca de 10 horas diárias em frente ao computador. O que poderíamos fazer durante esse tempo? CURIOSIDADES Ler 200 páginas de um livro Em média, se lê 20 páginas por hora. Alguns são mais rápidos, outros mais lentos, porém, vamos considerar esse número. Propor- cionalmente, daria para ler pelo menos 1 livro por semana. 45 C+ Revista do Choco la Design Levando em consideração que cada partida tenha, em média, 90 minutos de duração, em 10 horas daria para assistir a 6 jogos por dia. Assistir a 6 jogos de futebol Assistir a 5 filmes Levando em consideração que cada filme te- nha, em média, 2 horas de duração, em 10 horas daria para assistir a 5 filmes por dia. 01 35 74 01 35 74 INGRESSO Considerando a velocidade média de 20 km/h, teremos uma média de 200 km a cada 10 horas. Equivale a metade do per- curso entre Curitiba e São Paulo, cujo o total é de cerca de 400 km de distância. Andar 200 km de bicicleta 46 FICHA TÉCNICA Editor Guilherme Hummelgen Fundador e Diretor Filipe Fernandes Sócio - Fundador Willian Matiola Colunistas e colaboradores Carolina Sangiovanni, Kátia Keiko Takashiba Sonoda, Mariella Vito Pastre, Guilherme Sebastiany, Paulo Floriano, Kito Castanha e Zé Henrique. Ilustradores Henrique Mantovani Petrus, Ivana Amarante Bombana e Alexandre Mauro. Capa Estúdio Ao Lado Projeto gráfico Guilherme Hummelgen Fontes utilizadas Meta Plus, Serifa e PF Handbook Pro Contato revista@chocoladesign.com Realização Choco la Design www.chocoladesign.com C+ Revista do Choco la Design
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