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Guia Monitora Aves Vegetacao Texto

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MonitoraMento de aves e vegetação
monitoring Birds and Vegetation 
projeto cachoeira 
expediente
The Nature Conservancy (TNC)
SRTVS, Qd.701, Conj.D, Bl.B, Sala 246, 
Edifício Brasília Design Center
Brasília DF – CEP: 70340-907
nature.org/brasil
Diretor regional da TNC para a América Latina/
Vice President and Managing Director, Latin America Region
Joe Keenan
Diretor da TNC para o Programa de Conservação da Mata 
Atlântica e das Savanas Centrais (AFCS)/Atlantic Forest and 
Central Savannas Conservation Program Director (AFCS) 
João Campari
Gerente de Agricultura e Áreas Protegidas do AFCS/
Protected Areas and Agriculture manager
Henrique Garcia dos Santos
Gerente de Serviços Ambientais do AFCS/
AFCS Environmental Services Manager 
Fernando Veiga
Gerente de Marketing do Brasil/
Marketing Manager Brazil
Alexander Rose
Especialista de Marketing do AFCS/
AFCS Marketing Specialist
Marli Santos
Assistente de Marketing do AFCS/ 
AFCS Marketing Assistant
Grazielle Dib
Equipe técnica da TNC/TNC Supervisory Team
Anita Diederichsen (Cientista Senior/TNC Science reviewer)
Aurélio Padovezi (Coordenador de Restauração Ecológica/Forest 
Restoration)
Revisão/Editing
Alessandro Mendes (Azimute Comunicação)
Ayla Tiago (Especialista de marketing/Marketing Specialist)
Foto da Capa/Cover photo
Haroldo Palo Jr.
Edição de Imagens/Photo treatment
Ana Flávia Andrade (Estagiária de Marketing TNC/
Marketing Intern)
Ribamar Fonseca (Supernova Design)
Projeto gráfico e editoração eletrônica/Layout
Mayra Fernandes (Supernova Design)
Tradução/Translation
Rodrigo Fray Cucolo
Execução/Project management
TNC
Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp)
Parceria institucional/Institutional partnership
Prefeitura de Piracaia
Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo
Apoio e patrocínio/Sponsor
Fundação Dow - Dow Chemical Company Foundation
M744 Monitoramento de Aves e Vegetação: Guia metodológico para 
monitoramento de aves e vegetação em restaurações 
ecológicas de acordo com o delineamento padrão dos 
projetos Clima, Comunidade e Biodiversidade/ Alexandre de 
Almeida, Aurélio Padovezi e Renato A. Ferreira de Lima - 
Brasília, DF: The Nature Conservancy do Brasil, 2011. 
110 p.-(Série Água, Clima e Floresta, Projeto Cachoeira- 
v. III - 1a edição)
1. Mata Atlântica 2. Metodologia para monitoramento de 
aves e vegetação 3. Restauração Ecológica
 
 
 CDD – 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
MonitoraMento de aves e vegetação
monitoring Birds and Vegetation 
série água, cliMa e floresta 
voluMe iii – 1ª edição 
projeto cachoeira 
Guia metodológico para monitoramento de aves e vegetação em 
restaurações ecológicas de acordo com o delineamento padrão dos 
projetos ‘Clima, Comunidade e Biodiversidade’ (CCB)
Methodological Guide for Monitoring Birds and Vegetation in 
Ecological Restoration Areas According to the ‘Climate, Community 
and Biodiversity Project Design Standards’ (CCB Standards)
autores/Authors
Alexandre de Almeida
Aurélio Padovezi 
Renato A. Ferreira de Lima
responsável técnico/ 
technicAl supervisor
Fernando Veiga
editor/edit
The Nature Conservancy do Brasil
BRASíLiA – DF
2011
apresentação
Prezados leitores,
A série Água, Clima e Floresta foi elaborada com muita dedicação da equipe técnica da The Nature Conservancy (TNC), parceiros e consultores, unidos em prol de um objetivo em comum: contribuir para a conservação do meio ambiente e o sucesso na execução de 
projetos ambientais. Suas publicações visam expor, de forma didática, técnicas, métodos, proce-
dimentos e ideias acumulados pela vasta experiência da TNC em projetos de campo, para que a 
conservação se torne um tema cada vez mais importante no Brasil e no mundo. 
O terceiro volume da série descreve o monitoramento de aves e vegetação da região do Projeto 
“Cachoeira” em Piracaia (SP). O estudo foca a biodiversidade, englobando informações de alta im-
portância que auxiliam o desenvolvimento das atividades de campo e, posteriormente, o monitora-
mento ecológico. Esperamos que esse livro colabore para que outros trabalhos sigam os padrões 
de planejamento propostos pelo “Climate, Community and Biodiversity Project Design Standards” 
(CCB Standards).
O Programa de Conservação da Mata Atlântica e Savanas Centrais agradece a todos que colabora-
ram com a elaboração deste valioso registro.
Boa leitura!
joão campari
Diretor do Programa de Conservação 
da Mata Atlântica e Savanas Centrais
monitoramento de aves e vegetação . série água, clima e floresta . v. iii
M
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TN
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sumário
12
22
50
28
prefácio 14
introdução
obtendo informações 
de referência
18
monitoramento da 
biodiversidade
estudo de caso
delineamento 
experimental antes 
de ir a campo
56
referências
bibliográficas
66
58
62
106
80
70
102
74
summary
introduction
presentation
preface
bibliographic 
references
experimental 
outlining prior to 
starting fieldwork
monitoring 
biodiversity
case study
gathering reference 
information
monitoramento de aves e vegetação  português
prefácio
Para reduzir as concentrações de gases do efeito estufa na atmosfera, a Climate, Community & Biodiversity Alliance (CCBA) 
desenvolveu padrões básicos para o planejamen-
to de projetos destinados à conversão de dióxido 
de carbono atmosférico em créditos de carbono, 
que ao serem comercializados geram renda desti-
nada à conservação de recursos naturais.
Esses padrões encontram-se no documen-
to Climate, Community & Biodiversity (CCB) 
Standards, cujo objetivo é incentivar a execução 
de projetos de fixação de carbono atmosférico 
que tragam benefícios às comunidades locais e 
à conservação da biodiversidade local. Projetos 
baseados nos CCB Standards, ou padrões CCB, 
têm sido aplicados em diferentes continentes 
com bons resultados, sendo atraentes aos in-
vestidores por envolverem benefícios múltiplos e 
grandes chances de sucesso. Detalhes sobre a 
história e evolução desses princípios podem ser 
encontrados em CCBA (2008). 
Este guia foi desenvolvido a partir do Climate, 
Community, and Biodiversity (CCB) Project Design 
Standards (CCBA 2008) para auxiliar a aplicação 
dos padrões CCB no bioma da Mata Atlântica. 
Trata-se de uma iniciativa da The Nature Con-
servancy (TNC) que visa estimular e dar suporte 
técnico-científico à difusão de projetos CCB 
nesse bioma tão ameaçado.
Parte das discussões apresentadas neste 
documento resulta do levantamento de informa-
ções de referência para o projeto ‘Restauração 
de 350 ha do Entorno do reservatório do rio 
Cachoeira – Piracaia (SP)’, fruto de parceria 
entre a TNC e a Companhia de Saneamento 
Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para a 
restauração dos mananciais do Sistema Can-
tareira, que abastece cerca de 50% da Grande 
São Paulo. Em anexo encontra-se uma síntese 
desse levantamento pioneiro da biodiversidade 
para restaurações ecológicas, servindo como 
exemplo para iniciativas futuras.
O guia traz elementos metodológicos básicos 
para aumentar as chances de sucesso de certi-
ficação dos projetos de carbono desenvolvidos 
por meio dos padrões CCB, especificamente 
contemplando a Seção Geral e a Seção de 
Biodiversidade do documento CCBA (2008). O 
foco do guia são projetos em que a restauração 
florestal seja o método adotado para fixação de 
dióxido de carbono da atmosfera. 
Projetos baseados em métodos sólidos e bem 
planejados facilitam sua execução e o processo 
10
monitoramento de aves e vegetação . série água, clima e floresta . v. iii
de auditoria. Por isso, o guia traz detalhes de como levantar 
informações de referência que darão suporte ao planejamentoda restauração florestal e serão fundamentais para o monitora-
mento subsequente da biodiversidade.
Remanescentes florestais são as fontes de colonização de 
espécies florestais em paisagens fragmentadas (GASCON et 
al., 1999), mas vêm se degradando e se transformando em 
capoeiras devido ao efeito de borda, às extinções locais de 
espécies e às extinções ecológicas (LAURANCE et al., 2002; 
TABARELLi et al., 2008). Esse panorama torna muito impor-
tante a conservação das espécies de floresta, determinantes 
para a perpetuação dos remanescentes e para o sucesso das 
iniciativas de restauração florestal.
Como uma pequena fábrica interagindo menos que o neces-
sário tem produtividade e sobrevivência reduzidas, um trecho 
de floresta implantada, sem as interações intraespecíficas e 
interespecíficas de organismos florestais, também terá sobre-
vivência reduzida e limitada ao período de vida das árvores 
plantadas por mãos humanas, restringindo as atividades de 
créditos de carbono, tornando-as insustentáveis ao longo dos 
anos e não promovendo a conservação da biodiversidade.
Dessa forma, este guia foi delineado para focar a integridade 
biológica de comunidades florestais, permitindo inferências sobre 
a efetividade das suas interações ecológicas e dos seus serviços 
ambientais em áreas restauradas, com o objetivo de buscar o 
sucesso a longo prazo das ações de restauração. 
1111
introdução
Em iniciativas de restauração florestal para conservação biológica, a documentação do cenário ambiental anterior às inicia-
tivas é imprescindível para a avaliação dos 
resultados parciais ao longo de sua realização, 
mediante análises dos resultados do monito-
ramento. Dados que caracterizam o cenário 
ambiental – estabelecendo o marco inicial do 
projeto de restauração – são chamados de 
‘informações de Referência’.
O monitoramento das informações de referência 
deve verificar mudanças positivas que não exis-
tiriam sem a execução do projeto, possibilitando 
alterações metodológicas na restauração.
Dentro dos padrões CCB, o objetivo principal da 
atividade de restauração florestal é gerar impac-
tos positivos na zona de abrangência do projeto. 
Mais especificamente, um projeto CCB deve ser 
capaz de manter ou aumentar os atributos com 
alto valor de conservação, que são (CCBA 2008): 
(i) áreas protegidas (i.e. unidades de conserva-
ção); (ii) espécies ameaçadas e/ou endêmicas; 
(iii) áreas relevantes para a migração, alimentação 
ou procriação das espécies; (iv) grandes paisa-
gens capazes de manter populações viáveis de 
muitas, se não todas, as espécies nativas locais; e 
(v) ecossistemas raros ou ameaçados. 
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14
monitoramento de aves e vegetação . série água, clima e floresta . v. iii
Com base nos atributos presentes em sua zona 
de abrangência, o projeto deverá definir e explici-
tar seus objetivos e quais impactos são espera-
dos nesses atributos. Assim, cada projeto CCB 
terá seus próprios objetivos, definidos a partir 
das particularidades da própria zona do projeto.
 
O principal objetivo deste guia é fornecer infor-
mações que subsidiem o levantamento de infor-
mações de referência destinadas à restauração 
florestal e orientem o monitoramento quantitativo 
dos projetos, de acordo com os moldes CCB.
Nesse sentido, os métodos propostos visam 
integrar a coleta de informações de referência 
e o monitoramento em si, de modo que as 
informações iniciais sirvam como uma referên-
cia comparável das condições anteriores ao 
projeto de restauração.
Alguns aspectos a serem mensurados ainda 
podem ser extensíveis para a estimativa da 
quantidade de carbono estocado após a exe-
cução do projeto. Dessa forma, tais aspectos 
(e.g. variáveis, tamanho e forma da parcela, 
tamanho e disposição das amostras) devem 
ser basicamente os mesmos para facilitar fu-
turas comparações e avaliações dos impactos 
gerados pelo projeto.
o principal 
objetivo deste 
guia é fornecer 
informações que 
subsidiem o 
levantamento de 
informações de 
referência destina-
das à restauração 
florestal
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Solanum lycocarpum
15
monitoramento
da biodiversidade
De acordo com o CCB, a fauna e a flora devem ser monitoradas para que sejam detectados impactos positivos ou negativos em sua estru-
tura e funções, possibilitando a tomada de ações para 
maximizar ou anular tais efeitos. Além disso, o monitora-
mento deve focar interações ecológicas entre espécies, 
caracterizando o incremento das funções ecológicas 
decorrentes do trabalho de restauração. 
O monitoramento pode ser segmentado em etapas:
etapa 1. Coleta das informações de referência, com a 
caracterização do marco zero do panorama ambiental, 
que corresponde ao estado anterior ao reflorestamento 
ou restauração ecológica.
etapa 2. Monitoramento propriamente dito, que se 
caracteriza pela coleta sistemática e por análises de 
aspectos quantitativos da biodiversidade ao longo do 
trabalho de restauração.
 
etapa 3. Análise final e divulgação dos resultados do 
monitoramento.
Com a etapa 1, deve-se determinar o delineamento 
experimental do programa de monitoramento, que inclui: 
i) estabelecimento de repetições espaciais; ii) aspectos a 
serem mensurados (parâmetros e variáveis); iii) frequên-
cia das campanhas de amostragens e de relatórios; iv) 
métodos e escalas de amostragem que serão adotados 
definitivamente e v) tamanho mínimo das amostras para 
que haja segurança estatística na rejeição da hipótese 
nula, a qual prediz não haver diferenças ecológicas signi-
ficativas resultantes da restauração.
Durante a etapa 2, devem ser estabelecidas as estações 
de monitoramentos espacialmente independentes nas 
quais serão obtidas as informações biológicas. Elas se-
rão marcadas e georrefenciadas para que sejam amos-
tradas em campanhas subsequentes. Essas campanhas 
devem contemplar possíveis efeitos sazonais nas 
comunidades estudadas, portanto, é recomendado que 
sejam realizadas no mínimo nos períodos de inverno e 
de verão ou em época de chuvas e na época seca. 
18
monitoramento de aves e vegetação . série água, clima e floresta . v. iii
o monitoramento 
deve focar inte-
rações ecológicas 
entre espécies, 
caracterizando o 
incremento das 
funções ecológicas 
decorrentes do 
trabalho de 
restauração
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Vista de fragmento florestal próximo ao Projeto Cachoeira. 
Piracaia (SP)
Coereba flaveola
Chloroceryle amazona
19
obtendo informações 
de referência
i nformações de referência são conhecimentos que caracte-rizam o cenário ambiental anterior ao início do projeto de restauração. Trata-se de um diagnóstico detalhado, essencial 
para o planejamento e para aumentar as chances de sucesso 
da restauração. 
investigações em campo devem ser conduzidas para gerar dados 
de referência fundamentais para o monitoramento. Além disso, 
mais conhecimento sobre a biodiversidade local deve ser obtido a 
partir de múltiplas fontes, como será visto abaixo.
No decorrer do projeto de restauração, informações de referên-
cia deverão ser avaliadas periodicamente em monitoramentos. 
Informações coletadas em remanescentes florestais melhor 
conservados e próximos à área do projeto são importantes para 
comparação e avaliação dos possíveis impactos positivos sobre a 
biodiversidade local.
Informações de referência devem auxiliar a definir os objetivos 
do projeto de restauração e orientar o planejamento das ativi-
dades. Como se encontrava a biodiversidade antes do projeto? 
Quais espécies nativas que ocorrem de fato na área devem ser 
plantadas? Qual a densidade de indivíduos que se pretende 
obter ao término do projeto? Quais espéciesanimais utilizam a 
área restaurada e seu entorno? Quais espécies botânicas são 
importantes para a fauna? Quais as características da estrutura 
populacional da fauna nos remanescentes florestais mais bem 
conservados e quão perto as comunidades das áreas restaura-
das se aproximarão dessas características?
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monitoramento de aves e vegetação . série água, clima e floresta . v. iii
Geralmente, existem três situações em que 
informações iniciais podem ser necessárias 
(WHiTE; WALKER, 1997).
i) no mesmo local e no mesmo tempo: 
quando são avaliadas informações sobre a 
condição atual da área a ser restaurada e sobre 
seu potencial de recuperação.
Como os padrões CCB exigem o monitora-
mento dos impactos do projeto, bem como a 
projeção de um cenário caso o projeto não seja 
executado (CCBA 2008), avaliações feitas na 
própria área do projeto antes da restauração 
podem servir como uma situação de controle 
local ou testemunho.
Nesse caso, partes da área que não irão receber 
as atividades de restauração podem ser avaliadas 
periodicamente visando prever qual seria o futuro 
da área caso o projeto não fosse instalado. Com a 
adoção de metodologias comparativas, é possível 
avaliar se as estratégias de restauração adotadas 
tiveram os impactos esperados.
inicialmente, deve ser feita a descrição geral 
da zona de abrangência do projeto, envolven-
do clima local, topografia predominante, tipos 
de solos, rochas e regime pluviométrico, entre 
outras características ambientais relevantes. A 
presença de unidades de conservação próximas 
ou de habitats raros ou ameaçados também 
deve ser destacada (CCBA 2008).
Para descrições adequadas, além de visitas 
de campo, fotos aéreas, imagens de satélite e 
cartas topográficas (IBGE) podem ser utilizadas 
para avaliar aspectos da paisagem (ambientes 
predominantes, topografia, tamanho, forma, co-
nectividade e entorno dos fragmentos florestais 
existentes) e padrões de uso do solo locais.
Essas são informações básicas que irão auxi-
liar o zoneamento da área de acordo com as 
atividades de restauração mais adequadas para 
cada situação (GANDOLFi; RODRiGUES, 2007; 
BUSATO et. al, 2007), pois diferentes partes de 
uma mesma área podem requerer estratégias 
diferentes de restauração. 
ii) no mesmo local, mas em tempos 
diferentes: correspondendo a dados históricos 
da área do projeto. Esse tipo de conhecimento é 
relevante em casos nos quais houve mudanças 
drásticas de uso do solo (e.g. florestas transfor-
madas em pastos ou plantações). Nessas cir-
cunstâncias, procuram-se informações históricas 
confiáveis sobre a biodiversidade, incluindo a 
intervenção humana na área do projeto. 
23
Geralmente, essas informações são escassas ou difíceis de obter. Algumas fontes são 
histórias escritas e/ou faladas, fotos aéreas ou imagens de satélite antigas, o histórico de 
manejo e uso do solo, registros da ocorrência de fogo e/ou eventos climáticos relevantes 
(e.g. tempestades, geadas).
A compilação desses dados deve ser feita por meio de pesquisa bibliográfica, busca por 
imagens antigas e consulta a museus ou arquivos históricos locais, além de entrevistas 
com moradores locais.
iii) locais diferentes, mas no mesmo tempo: quando conhecimentos são obti-
dos em diferentes fragmentos florestais remanescentes na região, que podem fornecer 
informações aproximadas de quais eram as características da floresta que predominava 
antes no local. 
O estudo desses remanescentes pode identificar quais espécies são típicas e qual a 
densidade de suas populações, além de outros aspectos úteis para se definir objetivos 
plausíveis para a restauração. A seleção desses fragmentos florestais é feita com base na 
distância espacial, no histórico de perturbação e nas características ambientais da área a 
ser restaurada (WHiTE; WALKER, 1997). Devem ser selecionados fragmentos relativa-
mente próximos e com contexto espacial (paisagístico) e ambiental (fertilidade, topogra-
fia) o mais semelhante possível à área do projeto.
Para obter informações mais confiáveis e completas a respeito da grande diversidade am-
biental existente entre e dentre fragmentos florestais, a seleção e a avaliação de fragmen-
tos podem ser estratificadas em função de tamanhos, estágios sucessionais e estados de 
conservação, conforme será visto adiante no segmento sobre ‘delineamento experimental’.
A avaliação de fragmentos em diferentes estágios sucessionais pode também fornecer 
subsídios para compreender as tendências da sucessão ecológica na área de estudo e, 
consequentemente, avaliar os possíveis caminhos que a restauração poderá seguir.
24
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Vista da estrada do entorno da represa do Cachoeira
25
delineamento experimental 
antes de ir a campo
Antes de se preocupar com as informações de referência, é preciso definir os objetivos do projeto de restauração. Iniciar a coleta de informações de referência sem uma definição 
clara desses objetivos e de aspectos relacionados aos métodos, no 
que diz respeito à teoria de amostragem, provavelmente resultará 
em conhecimentos insuficientes e desperdício de tempo e recursos. 
Recomenda-se a ponderação prévia sobre os aspectos a seguir:
Identificar objetivos específicos do projeto. Apesar de os pa-
drões CCB definirem que o objetivo de qualquer projeto é manter e/
ou aumentar atributos de elevado valor de conservação, cada projeto 
terá particularidades em relação aos atributos e à magnitude do seu 
impacto. Assim, é importante definir quais serão os impactos e que 
informações devem ser levantadas para avaliar de maneira eficiente 
as alterações decorrentes do projeto de restauração.
Delimitar o objeto de estudo. É fundamental estabelecer quais 
grupos biológicos (plantas, aves, mamíferos etc.) serão monitorados. 
É importante saber se será avaliada apenas uma espécie ou toda 
a comunidade e conhecer as principais características dessa(s) 
espécie(s), como hábito de crescimento e abundância na área de 
estudo, entre outras. No caso de plantas, por exemplo, é importante 
definir previamente quais formas de vida (i.e. árvores, arbusto, epífita, 
erva, cipó) serão estudadas. 
diagnóstico preliminar. Grande parte dos aspectos de plane-
jamento e definição da metodologia de um projeto é resolvida com 
visitas prévias à área de estudo. Nelas avalia-se a dimensão da área 
de estudo, como é o acesso, onde será a hospedagem e alimenta-
ção da equipe, quantas pessoas serão necessárias etc. Todas essas 
28
monitoramento de aves e vegetação . série água, clima e floresta . v. iii
informações são fundamentais para dimensio-
nar a quantidade de trabalho necessária para 
o levantamento das informações desejadas e 
se há tempo e recursos (humanos e financei-
ros) para iniciar e, principalmente, terminar o 
estudo. Para ser possível obter inferências em 
grandes áreas, por exemplo, haverá necessida-
de de mais dias de amostragem, mais técnicos 
e mais recursos. Mapas são especialmente 
bem-vindos para selecionar áreas potenciais 
de amostragem e para definir qual a melhor 
metodologia a ser adotada.
conhecer os métodos. É muito importante 
conhecer detalhes e pré-suposições dos mé-
todos de amostragem e das análises de dados. 
Alguns métodos possuem condicionantes que, 
se não forem respeitadas, podem resultar em 
inferências inapropriadas. Também é muito 
importante que o pesquisador apresente em 
detalhes a metodologia utilizada. Quais os cri-
térios usados? Como o método de amostragem 
foi desenvolvido em campo? Onde? Quantas 
repetições foram feitas? isso ajuda no futuro 
monitoramento, facilita a replicação do estudo, 
possibilita comparações e atribui maior credibili-
dade aos resultados apresentados.
Definir a metodologia. Peculiaridades 
frequentesem paisagens degradadas e diretri-
zes do CCB permitem certas generalizações em 
relação aos projetos de restauração florestal, 
as quais podem ajudar a definir o delineamento 
experimental da pesquisa sobre informações de 
referência e o monitoramento propriamente dito:
i) A cobertura vegetal original da área encontra-
-se fragmentada ou até completamente 
destruída. Fragmentos florestais remanescen-
tes servirão como fontes de colonização da 
biodiversidade, deverão fornecer informações 
de referência e poderão ser alvos de monitora-
mento, servindo como repetições espaciais de 
amostragens.
ii) Devido ao elevado custo, projetos de restau-
ração serão maiores do que uma centena de 
hectares. É um tamanho mínimo, que já pode 
viabilizar a intenção de se comercializar créditos 
de carbono. Assim, projetos de restauração 
serão, em geral, da ordem de centenas a poucos 
milhares de hectares, abarcando alguns tipos de 
variações do ambiente original, sendo comum 
que, em paisagens fragmentadas, gradações en-
tre ambientes originais tenham sido suprimidas.
iii) Monitoramentos de restauração devem ser 
ajustados à velocidade da regeneração da flora, 
ou seja, o trabalho exigirá anos de acompanha-
mento, talvez até dezenas deles.
2929
iv) Monitoramentos deverão verificar incrementos em funções ecológi-
cas e em serviços ambientais. Para isso, devem focar interações ecológi-
cas, sendo considerados estudos sinecológicos.
v) A agregação de valores ecológicos advindos da restauração deverá 
ser provada rigorosamente mediante níveis aceitáveis de significância 
estatística dos resultados. Portanto, devem ser estabelecidas repetições 
espaciais de monitoramento, permitindo obtenção de amostras repre-
sentativas e inferências acuradas a partir dos tratamentos e controles.
Inferência estatística é uma afirmação sobre aspectos da população com 
base em informações obtidas das amostras. Restaurações experimen-
tais exigem repetições espaciais dos tratamentos e outras repetições 
de controle para que inferências sejam confiáveis. Erros comuns nesses 
experimentos decorrem do número insuficiente de repetições espaciais ou 
mesmo devido à ausência delas (BLOCK et al., 2001). 
vi) Deve ser adotada a amostragem estratificada, pois os organismos 
legitimamente florestais de maior interesse estarão concentrados nos frag-
mentos florestais dispersos na paisagem antrópica. Assim, tais fragmentos 
podem ser estratificados por classes de tamanho e/ou por estado de con-
servação (ou regeneração). Além disso, esse tipo de amostragem tende a 
ser menos heterogênea dentro dos estratos semelhantes e mais heterogê-
nea entre os estratos diferentes, o que é bom para que sejam detectadas 
alterações decorrentes da restauração, permitindo, também, estimativas 
para cada estrato (dentro) e para a amostragem como um todo.
vii) Amostras obtidas nos monitoramentos devem ser grandes o suficien-
te, permitindo a detecção de alterações dentro do nível de significância 
estatística escolhido.
viii) Como amostras serão tomadas ao longo de muitos anos, parcelas, 
trilhas, fragmentos e matrizes arbóreas devem ser referenciados em 
coordenadas geográficas, permitindo que sempre as mesmas unidades 
de amostragem sejam visitadas no monitoramento.
ix) Os métodos de coleta de dados devem ser os mais precisos possí-
veis, considerando a escala de amostragem e o objetivo sinecológico do 
monitoramento.
x) O monitoramento deve seguir padrões no que diz respeito a repetições 
espaciais, estratos, métodos de coleta de dados, unidades de amostragem 
e esforço nas campanhas. Se possível, a mesma equipe deve coletar os 
dados, sobretudo quando forem utilizados métodos observacionais. Nesse 
sentido, tratando-se de fauna, são importantes métodos que dependam 
30
menos de habilidades pessoais dos pesquisadores, como 
armadilhas e redes, ao invés de observações.
Para mais informações sobre planejamento de trabalhos 
de campo, recomenda-se Sayre (2003), e sobre teoria 
de amostragem, recomendam-se fontes tais como Krebs 
(1999) e Sutherland (2006).
4.1 Quais informações obter
As informações de referência podem ter diferentes nature-
zas. Algumas delas são quantitativas, enquanto outras são 
qualitativas ou descritivas. Existem também vários métodos 
e técnicas para obter cada tipo de informação, que geral-
mente variam de acordo com o grupo da biodiversidade em 
estudo. Assim, é importante conhecer esses métodos, suas 
limitações e pressuposições. 
Algumas informações são básicas e geralmente necessárias 
para todos os grupos. Elas podem ser obtidas para a área de 
estudo como um todo, para cada sítio de referência ou mes-
mo para cada amostra ou trilha dentro de um mesmo sítio. 
Exemplos dessas informações básicas são: i) data da co-
leta das informações e nome dos coletores; ii) localização 
geográfica; iii) informações do ambiente (altitude, topogra-
fia, solos, inclinação e exposição/orientação da encosta; iv) 
formação vegetacional (Floresta Ombrófila ou Estacional, 
Cerrado, Campo etc.); v) presença de espécies exóticas ou 
invasoras; e vi) presença de intervenções humanas (fogo, 
gado, corte seletivo, caça etc.).
as informações 
de referência 
podem ter 
diferentes 
naturezas. 
algumas delas 
são quantitati-
vas, enquanto 
outras são 
qualitativas ou 
descritivas
Ju
lio
 C
es
ar
 C
os
ta
Ju
lio
 C
es
ar
 C
os
ta
Tangara desmaresti Thamnophilus doliatus jovem
31
4.2 Métodos de amostragem e de 
monitoramento da avifauna
Devido à escala de amostragem relativamente 
grande em unidade de área, à necessidade de 
haver certo nível de precisão na coleta dos dados, 
à economia de recursos (financeiros e humanos), 
ao ambiente florestal e ao longo prazo do monito-
ramento, o uso de métodos como trajetos lineares 
(line transect), trajetos irregulares, mapeamento 
de território (spot mapping) e contagens pontuais 
em colônias pode ser considerado inadequa-
do, ou, eventualmente, apenas acessório. Os 
métodos mais adequados para monitoramento 
no contexto do CCB são inventários em pontos 
e amostragens com redes ornitológicas, como 
justificado a seguir.
Trajetos lineares estimam a densidade de 
populações, mas abarcam poucas espécies 
de grandes animais, que geralmente são raras 
nessas paisagens degradadas; além disso, para 
que resultados sejam acurados, o método deve 
ser realizado em ambientes abertos, nos quais o 
campo de visão é maior e os trajetos podem ser 
rigorosamente retilíneos (BURNHAN et al., 1980; 
BUCKLAND et al., 1993; WiLSON, 1996).
Em ambientes florestais, o erro de amostragem 
é grande e há necessidade de dois pesquisado-
res, um observando e outro anotando ângulos 
e distâncias do trajeto linear aos animais. São 
imprescindíveis equipamentos como bússola, 
podômetro e telêmetro a laser. Os preceitos 
desse método de resultados absolutos trazem 
sérias restrições, que não devem ser negligen-
ciadas e, por isso, limitam o seu uso.
Trajetos irregulares fornecem resultados 
apenas relativos que possibilitam inferências 
sobre abundância, frequência e diversidade. 
Contudo, como o observador registra animais 
enquanto se desloca, o percurso geralmente 
inclui muitas variações ambientais. Logo, esse 
método proporciona resultados de inferências 
menos localizadas em relação a um ambiente 
específico que ocorra disjuntamente no mosaico 
da paisagem (ALMEiDA et al., 2004), como no 
caso de florestas fragmentadas e dispersas em 
matrizes agropecuárias.
Variáveis ambientais indesejadas são potenciali-
zadas quando substituem-se pesquisadores em 
monitoramentos de longo termo, pois dificilmen-
te os trajetos serão sempre os mesmos. Além 
disso, há outros aspectos negativos: geralmente 
fragmentos florestais são pequenos, impossibili-
tando longos trajetos, e a abertura e a manuten-
çãode longas trilhas é onerosa.
É possível estabelecer faixas de áreas conheci-
das ao longo dos trajetos, o que permite cálcu-
Ju
lio
 C
es
ar
 C
os
ta
Campephilus robustus
32
los de densidade populacional para certas espécies, em particular as 
mais abundantes. Entretanto, esse procedimento torna o inventário 
mais oneroso e se adapta melhor a áreas abertas.
Mapeamentos de territórios (ROBBiNS, 1978; BiBBY et al., 
1993) estimam a densidade e a área de uso de espécies, além de 
quantificar aves em reprodução. Entretanto, o método foca poucas 
espécies em áreas de tamanho limitado. Devem ser consideradas as 
seguintes desvantagens: i) Se as parcelas forem grandes, as medidas 
ficam pouco precisas. ii) Ocorrem grandes variações nos territórios 
de um ano para outro. iii) São necessárias de 10 a 20 visitas por 
parcela em cada estação reprodutiva. iv) Algumas espécies não 
vocalizam regularmente. v) Certas espécies não têm territórios bem 
definidos. vi) Há espécies com territórios maiores que as parcelas.
contagens pontuais em bandos e colônias (BiBBY et al., 
1993) estimam abundância relativa e são adequadas quando há 
grandes concentrações de aves em decorrência de atividades repro-
dutivas, alimentares ou deslocamentos, como migrações. Concen-
trações reprodutivas e migrações geralmente não ocorrem em áreas 
de restaurações ecológicas, mas, eventualmente, grandes bandos de 
aves, alimentando-se de sementes, néctar, frutos ou insetos (lagartas 
lepidóteras, gafanhotos ou revoadas de formigas cortadeiras como 
Attas e Psedomyrmex), podem ocorrer em áreas restauradas. Nessas 
circunstâncias, contagens pontuais podem ser utilizadas, sendo 
importante registrar tais agregações alimentares em áreas de restau-
ração, pois evidenciam interações ecológicas; mas, em geral, esses 
fenômenos são esporádicos e sazonais.
inventários em pontos (ROBBiNS, 1978) permitem direcionar, 
com maior facilidade, a amostragem apenas a condições ambientais 
bem específicas, como é interesse desses estudos, sendo um método 
que permite inferências mais específicas a tais condições, pois os 
pontos de amostragem podem ser estabelecidos com base em cri-
térios. Nesse sentido, comparando com métodos de trajetos, pontos 
eliminam mais variáveis ambientais indesejadas que poderiam gerar 
erros de amostragem. Esse método recruta grande parte da comu-
nidade e pontos podem ser distribuídos satisfatoriamente dentro do 
universo de amostragem, desde que haja vias de acesso.
Para aumentar a precisão do método, deve-se utilizar ficha de campo 
em formato de quadrantes, que permite melhor controle dos indivídu-
os que estão sendo contados. Além disso, o observador permanece 
parado enquanto faz o inventário, atentando-se mais às aves, o que 
minimiza erros de contagens.
33
Resultados desse método são relativos, permitindo avaliar abundân-
cia, frequência e densidade. Para o cômputo da densidade populacio-
nal, deve-se estabelecer pelo menos um círculo de raio conhecido ao 
redor do observador, no qual é possível ver e contar aves com segu-
rança na área (BIBBY et al., 1993). O raio desse círculo em florestas 
secundárias de sub-bosque denso varia entre 15 e 20 m. Em estágios 
mais avançados de sucessão, a menor densidade do sub-bosque 
possibilita visualizações em raios de 25 m.
infelizmente, esse método recruta menos indivíduos do que o método 
de trajetos irregulares, logo, é necessário um maior número de dias 
para reunir uma amostra representativa da abundância, que seja sufi-
ciente para haver detecção de efeitos da restauração em níveis mais 
exigentes de significância estatística. 
Deve-se estar ciente de que o número de recrutamentos dentro da 
faixa de estimativa de densidade é um subconjunto muito menor do 
total de registros obtidos sem limitação de distância. Assim, embora 
o método de pontos seja mais preciso e permita o refinado cálculo 
de densidade, há maior custo em sua execução quando amostras 
representativas são necessárias. 
Esse método exige que o executor tenha notável habilidade na 
identificação em campo e grande conhecimento de vocalizações de 
aves, pois cerca de 80% ou mais dos registros efetuados em habitats 
florestais são auditivos. O investigador precisa ter experiência com 
o método e deve preocupar-se com a credibilidade dos resultados, 
registrando apenas quando tem certeza da identificação correta da 
espécie e contando somente o número mínimo de indivíduos, sem 
fazer extrapolações, evitando estimativas exacerbadas. Nesses aspec-
tos de capacidade pessoal, encontram-se fontes de erros de amos-
tragem quando pesquisadores de níveis diferentes de conhecimentos 
são trocados durante o monitoramento, fato que deve ser evitado.
Outros problemas práticos que devem ser ponderados na escolha 
desse método são decorrentes do fato de remanescentes florestais 
serem mais comuns em áreas de aclive acentuado, dificultando o 
deslocamento do pesquisador, ou serem faixas muito estreitas de 
vegetação ao longo de rios e riachos, cujos ruídos atrapalham consi-
deravelmente a audição das vocalizações das aves.
Pontos com círculos concêntricos (variable circular plots) 
possuem exatamente as mesmas características do método ante-
rior. Entretanto, vários círculos de raios conhecidos ao entorno do 
observador são utilizados para estimar a função de detecção de 
34
cada espécie, o que permite cálculos absolutos de densidade populacional 
(BUCKLAND et al., 1993). Contudo, para haver intervalos de confiança restritos 
e erros aceitáveis de densidade, muitas horas de inventário são necessárias, 
tornando esse método muito oneroso em recursos humanos e financeiros.
redes ornitológicas são consideradas excelentes instrumentos para inven-
tariar aves de sub-bosque por meio de captura, marcação e recaptura. Embora 
um número muito inferior de recrutamentos seja obtido com esse método, se o 
compararmos aos inventários observacionais, existe controle mais rigoroso dos 
registros devido à marcação individualizada e permanente (com anilhas) de cada 
ave capturada.
Métodos de captura são mais precisos e adequados em longos monitoramentos, 
pois os resultados dependem menos de conhecimentos e habilidades pessoais 
dos investigadores. Logo, mudanças de equipe ao longo dos anos de trabalho 
podem gerar menos erros de amostragens.
Redes-neblina têm sido importantes instrumentos para amostrar aves, possibili-
tando investigações sobre temas de interesse no contexto do CCB, como diversi-
dade e abundância, uso de habitats, sobrevivência, produtividade, reprodução, 
impactos ambientais, sucessão, sazonalidade, alimentação e mudanças climáti-
cas. Resultados comumente são relativos, mas podem ser absolutos, utilizando-
-se o modelo de Jolly-Seber para cálculos de tamanho populacional.
Formas adequadas de utilização, análise e interpretação dos dados evoluíram, 
tornando válido o uso de redes-neblina como instrumento de monitoramento, 
destacando-se grandes programas como o Monitoring Avian Productivity and 
Survivorship (MAPS), nos EUA; o Constant Effort Sites, na Grã-Bretanha e irlan-
da; e o Programa de Longo Termo Europeu, coordenado na Alemanha.
Jo
sé
 T
ez
za
Observação de aves no campo
35
Monitoring birds populations using mist-nets (RALPH; DUNN, 2004)
propõe a utilização de redes-neblina, fornecendo formas de minimi-
zar alguns erros de amostragem e falsas interpretações. Além disso, 
a utilização de redes possui vantagens como: detecção de espécies 
pobremente registradas por métodos visuais e/ou auditivos e aquisição 
de dados morfométricos, idade, sexo e tecido para análise de material 
genético (ANJOS, 2005).
Uma estação padronizada de monitoramento do programa MAPS 
representa cerca de 20 ha de área, contendo uma região central de 7 a 
8 ha, na qual são distribuídas 10 redes-neblina de maneira sistemática, 
uniformee oportuna (‘onde aves serão capturadas’). Assim, a amostra-
gem proporciona inferências localizadas espacialmente em considerável 
unidade de área na paisagem a ser restaurada.
Desvantagens desse método são: o maior tempo necessário para 
obtenção de amostras representativas e o custo elevado, decorrente da 
aquisição de material e da mão de obra especializada, sendo necessárias 
pelo menos duas pessoas experientes para operar quinze ou vinte redes 
dispostas em linha.
A literatura a respeito dos métodos de amostragem e monitoramento de 
aves é vasta, entretanto, poucas pesquisas metodológicas e padroniza-
ções têm surgido no Brasil. Desse modo, aprofundamentos adequados 
devem ser principalmente balizados em fontes estrangeiras, como Karr 
(1981a, 1981b), Bibby et al. (1993), Buckland et al. (1993), Sutherland 
(1996), Ralph et al. (1996, 1997), Krebs (1997), Mac Nally (1997), 
Ralph e Dunn (2004).
O médoto de amostragem por redes ornitológicas envolve a captura em 
rede, anilhamento e posterior soltura, o pode ocasionar ferimento nos 
pássaros. Por esse motivo, o trabalho de campo deve ser realizado por 
profissionais treinados e em número suficiente para efetuar a correta e 
rápida liberação dos animais.
4.3 Métodos de amostragem e de 
monitoramento da vegetação
Existem muitos métodos para o levantamento de informações quantitati-
vas sobre a vegetação. Não se pretende aqui citar e detalhar todos eles, 
mas sim fornecer subsídios para o entendimento dos métodos fitosso-
ciológicos mais usados no estudo da vegetação.
Todas as informações fornecidas aqui são bastante simplificadas e leitu-
ras adicionais são recomendadas para que se possa conhecer todos os 
36
pressupostos e especificidades de cada método 
antes de aplicá-los em campo.
parcelas representam o método mais ampla-
mente utilizado para amostrar plantas terrestres 
em estudos fitossociológicos (aproximadamente 
81% dos casos). O método consiste na insta-
lação de parcelas geralmente quadradas ou 
retangulares, mas que também podem ter outras 
formas (p.ex.: circular).
O tamanho da parcela varia de acordo com a 
forma de vida em estudo (árvores, arbustos ou 
ervas) ou com a fase de vida (plântulas, jovens ou 
adultos). Mas, para indivíduos arbóreos acima de 
5 cm de DAP, parcelas de 100 m2 a 200 m2 são 
as mais indicadas (MOREiRA, 2007). 
Para plântulas e ervas, parcelas menores, de 1 m2 
a 2 m2, são suficientes. Estudos sugerem que o 
método estime bem a densidade, frequência, área 
basal e distribuição espacial das espécies, mas que 
pode não descrever adequadamente a flora local 
(principalmente no caso de parcelas contíguas), 
além de tomar mais tempo em campo pela neces-
sidade da instalação das parcelas.
Na prática, parcelas de área conhecida são insta-
ladas de maneira disjunta (separadas) ou contí-
gua, dentro das quais são contados, mensurados 
e identificados todos os indivíduos de plantas que 
caiam dentro do critério de inclusão de indivíduos 
preestabelecido.
Para uma mesma área de amostragem de 10 
ha, por exemplo, é preferível instalar 20 par-
celas disjuntas de 0,5 ha do que 5 parcelas 
de 2 ha (SUTHERLAND, 2006). Parcelas de 
áreas menores distribuídas por uma grande 
área levantam um número maior de espécies 
e, provavelmente, serão mais representativas 
da comunidade (MOREiRA, 2007). Assim, por 
exemplo, se a unidade de amostragem tiver 100 
m2, é melhor optar por fazer parcelas de 2 x 5 m 
ao invés de uma parcela de 10 x 10 m.
A
ur
él
io
 P
ad
ov
ez
i/T
N
C
Medição do CAP (circunferência a altura do peito) de 
indivíduo de pau-jacaré (Piptadenia gonoacantha)
37
A
le
xa
nd
er
 R
os
e/
TN
C
Reservatório do Cachoeira. Piracaia (SP)
38
Métodos de distância são variados e recebem esse nome por basearem 
suas estimativas em medidas de distância (planta-ponto ou planta-planta). Alguns 
desses métodos são: método do indivíduo mais próximo, do vizinho mais próximo, 
pares ao acaso e pontos quadrantes (COTTAN; CURTiS, 1956). 
Como não são métodos de área fixa, eliminam questões como a influência do ta-
manho e a forma das parcelas. São métodos simples e rápidos de aplicar e, geral-
mente, menos custosos. Outra vantagem é que são capazes de cobrir grandes áreas 
de terreno em pouco tempo, o que geralmente caracteriza a flora local com maior 
eficiência. Contudo, são métodos que levantam poucos indivíduos por amostra (até 
quatro), havendo a necessidade de realizar muitas amostras.
Outro empecilho ocorre quando as árvores não estão distribuídas de maneira aleatória; 
nesse caso, estimativas de densidade podem não ser acuradas e o uso do método é 
desaconselhável. Esse problema, contudo, pode ser menor em áreas de restauração nas 
quais o plantio foi realizado por meio de um espaçamento fixo. O método de distância 
mais usado em fitossociologia é o método de pontos quadrantes. Detalhes sobre esse 
método podem ser encontrados em Cottan e Curtis (1956) e em Martins (1979).
transectos podem ser muito úteis quando há pouco tempo para a realização de 
um estudo. Eles são mais rápidos e especialmente eficientes para estudar gradien-
tes ecológicos. A orientação do transecto deve ser determinada de acordo com 
os objetivos do estudo, para que se mantenha dentro de um mesmo ambiente 
ou para que cruze o gradiente todo.
Basicamente, existem dois tipos de amostragem por transectos. Ao utilizar 
transectos lineares, os dados são obtidos por meio de uma linha reta que 
cruza a área em estudo. Todos os indivíduos que tocam a linha são incluídos 
na amostragem. Também conhecido como método de interceptação em linha 
(line intercept method), o método pode dar estimativas indiretas de densida-
de e cobertura. Essa técnica é geralmente usada para avaliar comunidades 
herbáceas em que geralmente é difícil distinguir indivíduos de uma mesma 
espécie. Contudo, avaliar o número de toques ou comprimento em vegetações 
muito fechadas pode ser bastante complicado. Outro aspecto negativo é que não 
são obtidos valores de densidade ou de cobertura por área, apenas proporções. 
Para tal fim, sugere-se o uso de outros tipos de amostragem.
O segundo tipo de amostragem por transectos é o transecto em faixa, que 
consiste numa longa faixa de lados paralelos na qual se registra a vegetação em 
seu interior. Conhecendo sua largura e comprimento, pode-se obter a sua área, 
que pode ser usada para calcular cobertura, biomassa, densidade ou frequência 
de uma ou mais espécies. A largura da faixa é estabelecida de acordo com os 
objetivos do estudo e com o grupo estudado, mas geralmente é bem menor que 
o comprimento.
39
4.5 Suficiência de amostragem e poder de análise
Segundo CCBA (2008), o plano de monitoramento deve explicitar 
quais aspectos biológicos serão mensurados e qual será a estratégia 
de amostragem adotada. Este guia enfatiza que o esforço de amos-
tragem e a periodicidade das campanhas também sejam incluídos no 
delineamento experimental, sendo calculados a partir do pré-inventário 
de informações de referência, tendo por base a variação das amostras 
e o critério de significância estatística escolhido.
Para avaliar a efetividade das restaurações, a hipótese nula deverá 
predizer que inexistem diferenças ecológicas significativas resultantes 
da restauração. O poder estatístico de um teste (Gráfico 1) representa 
a probabilidade de se rejeitar corretamente a hipótese nula, aceitando-
-se um resultado estatístico significante.
O poder é proporcional ao tamanho da amostragem; ao critério de 
significância (nível) e tamanho do efeito (de significado biológico); e 
inversamente proporcional à variação na população.
O poder analítico deve ser usado para determinar se o experimento 
tem uma boa chance de produzir um resultado de significado estatís-
tico, desde que haja uma diferença significativa napopulação, sendo 
útil no planejamento de um experimento e precursor imprescindível na 
interpretação de resultados não significativos.
4
0,0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
Número de repetições
Po
d
er
 e
st
at
ís
ti
co
efeito pequeno
efeito médio
efeito grande
6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30
gráfico 1. A influência do número de repetições no poder estatístico do teste para detectar 
pequenos, médios e grandes efeitos – adaptado de Thomas e Juanes (1996).
40
A utilidade do poder analítico no planejamento 
de experimento reside no fato de, a partir de 
um pré-inventário, ser possível determinar o 
tamanho mínimo da amostragem para haver 
poder estatístico aceitável e precisão.
Para calcular o tamanho da amostragem 
em função do poder estatístico, utilizam-se 
softwares e literatura específica encontrada nos 
próprios pacotes estatísticos, como G3 Power 
(FAUL et al., 2007) e SAS.
4.6 Aspectos ecológicos como 
indicadores da restauração
Considerando que o objetivo principal do 
monitoramento é a avaliação do impacto das 
atividades de restauração sobre a biodiversi-
dade local, diversos aspectos da estrutura das 
comunidades podem ser investigados, incluindo 
possíveis interações ecológicas entre espécies, 
de maneira que o esperado incremento de fun-
ções ecológicas seja comprovado. 
Alguns aspectos da estrutura das comunidades, 
adaptados de Ruiz-Jaen e Aide (2005), que 
podem ser analisados em monitoramentos:
composição, diversidade e atributos eco-
lógicos das espécies. Além da identidade e do 
número total das espécies, é importante atentar 
para as funções ecológicas dos organismos moni-
torados (e.g. guildas ecológicas, estado de conser-
vação) visando avaliar o sucesso da restauração. 
Por exemplo, formas de provar o sucesso de 
restaurações podem ser constatações de 
aumentos populacionais em espécies que se 
interagem ecologicamente, como beija-flores 
florestais e arbustos de sub-bosque, ambos 
colonizando áreas em restauração, ou, ainda, a 
utilização crescente de espécies botânicas pio-
neiras e secundárias por pica-paus florestais, 
que são aves ‘cavadoras primárias de cavida-
des de árvores mortas em pé’ (snags) e deter-
minam teias de interações com outras espécies 
de aves e mamíferos, cavadores secundários 
(Pscittacidade), usuários obrigatórios e usuá-
rios facultativos de cavidades em árvores.
No caso de espécies vegetais, o incremento de 
diversas formas de vida e o acompanhamento 
da regeneração também são bons indicadores 
de sucesso da restauração. indicadores de bio-
diversidade também devem ser utilizados, como 
riqueza de espécies e índices de heterogeneida-
de, uniformidade e dominância.
Entre os índices de heterogeneidade, o de Shan-
non (H’) é o mais famoso e mais usado no Brasil, 
tanto para aves quanto para vegetação. Ele possui 
moderada capacidade de discriminação, é media-
namente sensível ao tamanho das amostras, seu 
cálculo é simples e seus valores são determinados, 
sobremaneira, pela riqueza de espécies.
O índice de Simpson (D), apesar de menos 
usado, é o mais recomendado por Magurran 
(2004), sendo moderado em sua capacidade 
de discriminação e pouco influenciado pelo 
tamanho de amostras. A dominância é o aspecto 
que mais influencia os valores desse índice, fácil 
de calcular.
Shannon e Simpson combinam riqueza de 
espécies e uniformidade nos seus valores, e a 
interpretação correta – e nem sempre simples! 
– desses índices requer a avaliação de cada um 
de seus componentes em separado.
Quanto aos índices de uniformidade, os mais 
usados são os índices equivalentes de Simpson 
(E1/D), Shannon (H’) e Pielou (J’). Quanto à 
dominância, o índice mais simples e indicado é o 
de Berger-Parker (d).
Deve-se lembrar que esses indicadores não 
são identificadores, ou seja, espécies podem 
se substituir em decorrência da restauração e 
valores numéricos podem permanecer seme-
41
lhantes, portanto, é importante checar altera-
ções populacionais significativas (aumentos ou 
declínios) de espécies separadamente.
estrutura da vegetação. Esse aspecto certa-
mente corresponde a uma das abordagens mais 
comuns na avaliação de restaurações, porque 
a complexidade estrutural da floresta propor-
ciona abrigo e recursos às espécies vegetais e 
animais, havendo assim uma forte relação entre 
diversidade estrutural e biológica.
informações comuns sobre a estrutura vege-
tal são: percentagem de cobertura do dossel, 
densidade de indivíduos, biomassa (área basal 
e/ou volume de madeira) e altura da vegetação. 
A cobertura do solo por espécies lenhosas é um 
bom indicador do sucesso da restauração, capaz 
de sombrear o solo permanentemente.
Aspectos da estrutura da vegetação que 
têm sido correlacionados com comunidades 
de aves são: i) a densidade do sub-bosque, 
medida com prancha de Wigth (1938); ii) a 
diversidade vertical, mensurada pelo método 
de MacArthur e MacArthur (1961) com uma 
mira tubular (e atualmente com auxílio de uma 
trena laser); iii) e a luz incidente no sub-bos-
que, que pode ser avaliada com um fotômetro 
ou luxímetro.
dinâmica da comunidade e de populações. 
Campanhas periódicas de monitoramento per-
mitirão que sejam avaliados aspectos dinâmicos 
da estrutura de comunidades e populações 
nas áreas restauradas, permitindo análises que 
comparem taxas de mortalidade e recrutamento, 
bem como crescimento dos indivíduos (incre-
mento em altura e área basal). 
Enfoques de abordagens em dinâmica de 
populações podem ser feitos em espécies 
identificadas como boas indicadoras ao longo 
do levantamento de informações de referência, 
tais como espécies ameaçadas de extinção, 
espécies-chave ou espécies invasoras. De 
acordo com os padrões CCB, as populações de 
espécies invasoras não podem crescer após a 
instalação do projeto.
Essas avaliações podem ser combinadas com as 
metodologias propostas para o monitoramento do 
incremento de estoques de carbono, relacionadas 
na Seção de Clima dos padrões CCB. O tamanho, 
a estrutura, a distribuição e as tendências de po-
pulações de espécies focadas são aspectos que 
podem ser acompanhados ao longo do tempo.
analisando populações. Existem diversas 
maneiras de analisar as informações levantadas 
durante o monitoramento da restauração, e as 
o tamanho, a estrutura, a 
distribuição e as tendências 
de populações de espécies 
focadas são aspectos que 
podem ser acompanhados 
ao longo do tempo
42
análises mais apropriadas dependerão dos objetivos do estudo, de 
seu delineamento experimental e da natureza e da distribuição das 
variáveis mensuradas.
Análises úteis para avifauna e vegetação serão apresentadas abaixo e 
se baseiam em indicadores que avaliam aspectos da estrutura popu-
lacional ao longo do monitoramento.
1) abundância (n): número total de indivíduos da amostra. Em 
estudos fitossociológicos, geralmente representa a soma dos indiví-
duos de todas as espécies. Se for necessário representar o número 
de indivíduos de uma única espécie, o que é comum para aves e 
vegetação, é usual a notação ‘n’. 
índices usuais de abundância para fauna incluem o índice pontual de 
abundância (iPA), número de indivíduos de uma espécie dividido pelo 
número de pontos de inventário, gerando um valor de abundância para 
cada população, ou número de indivíduos de todas as espécies dividi-
do pelo total de pontos, resultando em um valor para a comunidade.
Em trajetos, pode ser aplicado de forma similar o iKA, índice quilo-
métrico de abundância, com números de indivíduos de populações 
ou da comunidade corrigidos pela distância percorrida, geralmente 
registrada com podômetros digitais.
2) abundância relativa (ar): número de indivíduos de uma dada 
espécie (n), ou grupo de espécies, pelo numero total de indivíduos 
da amostra (N). Expressa a contribuiçãode cada espécie vegetal ou 
animal em relação ao restante da comunidade, em termos de número 
de indivíduos. 
Ju
lio
 C
es
ar
 C
os
ta
Lochmias nematura
43
3) densidade. O conceito de densidade aplica-se ao número 
de indivíduos dividido por alguma unidade de área empregada na 
amostragem, como a área das parcelas de vegetação, superfície de 
captura de redes ornitológicas ou área de contagem visual de aves 
florestais, delimitada por um raio estabelecido a partir de um ponto de 
observação. 
Resultados de densidade podem ser absolutos quando interpreta-
dos utilizando intervalos de confiança e erros de amostragem, sendo 
informações muito valiosas para monitoramento, manejo e conserva-
ção de populações em particular. O método de trajetos lineares (line 
transect) foi desenvolvido para estimativas de densidade e pode ser 
aplicado para espécies botânicas ou animais.
4) densidade absoluta (da): número de indivíduos por unidade 
de área (geralmente hectares), por unidade de volume ou por qual-
quer unidade de amostragem (p.ex.: epífitos por árvore). Pode ser 
calculada para toda a comunidade, para cada espécie ou para cada 
grupo de espécies separadamente. Permite comparar diretamente 
a densidade da abundância das espécies entre diferentes áreas ou 
estudos. É mais comum em estudos de vegetação.
5) Frequência absoluta (Fa): número de unidades amostrais nas 
quais uma dada espécie ocorre. Geralmente é expressa pela propor-
ção entre o número de amostras que contém a espécie e o número 
total de amostras. É fortemente influenciado pela densidade da espé-
cie, por seu padrão de distribuição (agregado, aleatório ou regular) e 
pelo número e tamanho das amostras (i.e. número de indivíduos por 
unidade de amostragem).
Pode ser aplicada para comunidades animais ou vegetais, mas não ne-
cessariamente se trata de um resultado absoluto a ser interpretado por 
meio de intervalos de confiança e estimativas do erro de amostragem.
6) Frequência relativa (Fr): Em estudos de vegetação, é a 
frequência absoluta de uma dada espécie dividida pela soma das 
frequências de todas as espécies da amostra; de forma geral, a FR 
expressa a frequência de uma dada espécie animal ou vegetal em 
relação às demais espécies da comunidade em questão.
Frequências também podem ser relativas aos dias de amostragem, como 
no caso do índice de Linsdale, desenvolvido para aves, que resulta do nú-
mero de dias em que uma espécie foi registrada dividido pelo número de 
dias de amostragem, multiplicando-se por 100 para haver porcentagens.
4444
A frequência de ocorrência pontual (FOP) é utilizada quando o inventário for 
realizado em pontos e expressa a ocorrência espacial de espécies, geralmente 
aves, na área amostrada. Obtém-se a FOP pela divisão do total de ocorrências 
de cada espécie pelo total de pontos de observação, multiplicando-se por 100 
para haver porcentagens. A presença das espécies nas amostras (pontos) 
deve ser computada e não a quantidade de contatos ou indivíduos.
7) Biomassa: é a quantidade de matéria viva que compõe os indivíduos de 
uma espécie ou comunidade. Geralmente, é expressa por unidade de área ou 
volume e é especialmente importante quando as espécies variam muito em ta-
manho. Sua estimativa direta (coleta, secagem e pesagem) é um método des-
trutivo e letal para a maioria dos indivíduos e, por isso, praticamente inviável 
(no caso de árvores). Por isso, é comum o uso de estimativas indiretas, como 
a cobertura, área basal e volume. É mais comum em estudos de vegetação.
8) cobertura (c): proporção de solo ocupada pela projeção vertical dos 
membros (caule, ramos, folhas) de uma espécie vegetal. Geralmente expres-
sa em valores percentuais, o cálculo da cobertura é obtido pela divisão da 
área coberta pela espécie (ou grupo de espécies) pela área total amostrada. 
Pode ser estimada diretamente, por meio do cálculo da área coberta por cada 
indivíduo, de classes de cobertura (0 a 5%, 5 a 15%,..., 50 a 75%, >75%), 
da frequência de toques pontuais (cobertura repetida) ou comprimento de 
interceptação em linha. 
9) área Basal (aB): é a área da seção transversal do caule de um indiví-
duo, a uma altura do solo preestabelecida, expressa em metros ou centíme-
tros quadrados. Em árvores, é geralmente obtida a 1,3 m acima do solo (i.e. 
altura do peito). Em indivíduos menores, como ervas ou plântulas de árvores, 
é geralmente feita rente ao solo. Geralmente, assume-se que os caules pos-
suem formato cilíndrico e utiliza-se a formula da área do círculo (A= π.raio2) 
para obter a área basal. Outras fórmulas mais sofisticadas e precisas podem 
ser usadas.
10) volume (v): outra estimativa indireta de biomassa que, no caso de 
árvores, é obtida pela multiplicação simples entre a área basal e a altura dos 
indivíduos. Novamente assume-se que os indivíduos têm formato cilíndrico. 
Para estimar o volume aproveitável de madeira, usa-se apenas a altura do 
tronco (antes das primeiras ramificações significativas do tronco).
11) dominância (do): em fitossociologia, geralmente expressa a área 
basal por área, ou quaisquer estimativas diretas ou indiretas de biomassa por 
área de amostragem. Assim como a ‘Densidade Absoluta’, pode ser calculada 
para a comunidade como um todo, para cada espécie ou para cada grupo de 
espécies separadamente. 
4545
12) dominância relativa (dor): área basal 
de uma dada espécie pela área basal total dos 
indivíduos da amostra. Expressa a contribuição 
de cada espécie em relação ao restante da co-
munidade, em termos de número de indivíduos.
13) Índice de valor de importância (ivi): 
índice que procura expressar a importância das 
espécies dentro de uma dada comunidade pela 
combinação de diferentes parâmetros. A forma 
mais comum de obter esse índice foi proposta 
por Cottan (1956), sendo obtida pela soma 
simples de densidade, dominância e frequência 
relativas (iVi = DR + DoR + FR). Alguns estu-
dos de vegetação calculam também o chamado 
índice de valor de cobertura (iVC = DR + DoR).
 
Para fauna, principalmente aves, por meio 
do índice de valor de importância de 
Kendeigh (iK), faz-se uma ponderação entre 
abundância e frequência. O iK é expresso pela 
raiz quadrada da frequência de ocorrência de 
uma espécie ‘x’ (índice de Linsdale) multiplicada 
pelo número médio de indivíduos dessa espécie 
‘x’, como se segue:
IK = √FO * Ni, em que:
FO = frequência de ocorrência; Ni = ni/naX; ni = 
número de indivíduos observados da espécie ‘x’; 
nai = número de amostras nas quais a espécie ‘x’ 
foi registrada. As amostras podem ser números 
de dias de amostragem, de trajetos ou de pontos.
4.6 Análises estatísticas
Abordagens comuns para testar hipóteses sobre o 
sucesso da restauração são as comparações entre 
tratamentos, como análises de variância (Anova, 
Kruskal-Wallis), Chi-quadrado e o teste t-Student. 
Análises de ordenação, como análise de com-
ponentes principais, análise de correspondência 
retificada e análise de cluster, são descritivas 
e apenas exploratórias, mas permitem avaliar 
graus de associações entre diversas variáveis.
Correlações (Pearson, Spearman) e regressões 
são úteis para avaliar associações entre aspec-
tos da fauna, estrutura do habitat, e flora nas 
áreas em restauração.
A suficiência de amostragem pode ser avalia-
da com curvas de rarefação. Para análises de 
poder e suficiência de amostragem, podem ser 
usados programas como ‘Monitor’, que executa 
a análise baseando-se na variação nas unida-
des amostrais quando se realizam contagens 
ou levantamentos repetidos em cada uma 
delas, e ‘Trends’, que avalia a variância entre 
unidades amostrais (NUR et al., 1999). Outros 
programas, como G3 Power, SAS e Bioestat, 
também avaliam o tamanho da amostragem e 
o poder analítico, havendo diversos algoritmos 
para essa função.
Ju
lio
 C
es
ar
 C
os
taJu
lio
 C
es
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 C
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Thamnophilus caerulescens Chiroxiphia cauadata
46
Finalidades, detalhes e pressuposições das análises acima estão além do escopo deste guia e 
podem ser obtidos na literatura especializada (NUR et al., 1999; CALLEGARi-JACQUES, 2003).
4.7 Material necessário
A falta de material ou seu uso inapropriado pode resultar em dados pouco precisos ou em 
desperdício de tempo. Em casos mais extremos, a falta de determinados itens pode inviabilizar 
a coleta de dados. O material necessário irá depender da área de estudo e do grupo estuda-
do, mas, geralmente, trabalhos em campo exigem cartas-imagem, mapas topográficos, facão, 
bota ou perneira, capa de chuva, cantil, esterilizador de água, máquina fotográfica, lanterna, 
GPS e kit de primeiros socorros. 
Para o levantamento da vegetação, exemplos de itens indispensáveis são: fita métrica, suta ou 
paquímetro, trena, fita para marcação de trilhas e/ou parcelas, fichas de campo, prancheta, 
lápis, borracha e apontador. No caso de parcelas permanentes: estacas, martelo de borracha, 
plaquetas numeradas, pregos e martelo. Para a coleta de material botânico, será necessário: 
tesoura de poda e de poda alta, prensa de madeira, jornal, papelão, estufa elétrica, a gás ou 
a álcool, saco de coleta, fita crepe e caneta. Também pode ser necessário um escalador, que 
deverá usar os equipamentos e procedimentos adequados de técnicas verticais para realizar a 
coleta com segurança.
Para o trabalho com avifauna, no caso de métodos observacionais, os equipamentos 
necessários são: binóculos 8x30 ou 8x40 (um sobressalente), gravadores com capacidade 
de playback, fichas e cadernetas de campo, além de vasta literatura entre guias de campo e 
livros textos. Quando se utilizam redes ornitológicas, melhores resultados são obtidos para 
aves de sub-bosque com as seguintes características: cor negra, malha de 3,6 cm entre 
nós opostos, comprimento de 12 m e altura de 2,5 ou 3 m. Geralmente são utilizadas 15 
ou 20 redes por repetição espacial em cinco dias de atividades. Outros itens podem ser 
citados: fichas de campo, paquímetro, balanças, sacos de algodão de cores claras, hastes 
de bambu, cavadeira, foice, barbante, vasta literatura e água com açúcar para beija-flores 
que ficarem combalidos.
a falta de mate-
rial ou seu uso 
inapropriado 
pode resultar 
em dados pouco 
precisos ou em 
desperdício de 
tempo
47
estudo de caso
5.1 Levantamento e avaliação de informações de 
referência para o projeto ‘Restauração de 350 ha 
do entorno do Reservatório do rio Cachoeira 
– Piracaia (SP)’
O estudo apresenta os principais resultados, além dos ensi-namentos práticos advindos do trabalho pioneiro, com o objetivo de auxiliar outras iniciativas de restauração florestal.
O objetivo foi levantar informações de referência sobre vegetação, flo-
ra, avifauna e habitats para subsidiar o planejamento e monitoramento 
da restauração florestal de uma área de 350 ha nas margens da 
represa do rio Cachoeira, Piracaia (SP). Para tanto, foram seleciona-
dos diferentes fragmentos florestais próximos à área de abrangência 
do projeto, nos quais foram medidos parâmetros bioindicadores para 
caracterizar os estágios de conservação dos remanescentes na área 
do projeto.
A área escolhida restringiu-se à propriedade da Sabesp, no 
entorno do reservatório do Cachoeira, fazendo parte do Sistema 
Cantareira. Fragmentos florestais remanescentes são formações 
secundárias de Floresta Estacional Semidecidual Montana e, no 
que concerne à avifauna, a região encontra-se sobre influência do 
‘Centro de Endemismos da Serra do Mar’. Trata-se de uma área 
de provável importância biológica, mas o conhecimento científico 
tem sido insuficiente para que ela seja prioridade em termos de 
conservação de biodiversidade no estado de São Paulo. Portanto, 
as informações geradas no projeto foram muito importantes para 
preencher essa lacuna.
o estudo apresenta os 
principais resultados, além 
dos ensinamentos práticos 
advindos do trabalho 
pioneiro, com o objetivo de 
auxiliar outras iniciativas de 
restauração florestal
50
monitoramento de aves e vegetação . série água, clima e floresta . v. iii
5.2 Metodologia adotada e sua breve justificativa
A metodologia foi escolhida de forma a contemplar os objetivos citados anterior-
mente e ainda poder ser empregada no futuro monitoramento das atividades de 
restauração. As aves e a flora (incluindo sua estrutura florestal) foram grupos bioló-
gicos escolhidos, pois são indicadores reconhecidos e ecologicamente interativos, 
o que possibilita inferências sobre funções ecológicas e serviços ambientais.
Como se pretende restaurar a floresta gerando créditos de carbono, foram realiza-
dos inventários contemplando o nível de precisão necessário para que, durante o 
monitoramento, haja segurança estatística para se constatar diferenças ecológicas 
significativas resultantes da restauração. 
Foi adotada a amostragem estratificada, pois espécies florestais de maior interesse 
estariam concentradas nos fragmentos de matas dispersos na matriz de pastagens 
a ser restaurada. Os fragmentos foram estratificados por tamanho, sendo escolhi-
dos também com base em suas distâncias (cerca de 1 km entre eles para promo-
ver independência entre amostras) e as vias de acesso. Assim, foram eleitos seis 
fragmentos: três pequenos e três médios.
Aurélio Padovezi/TNC
Vernonia sp. 
51
Foram feitas amostras da composição florística e 
da fitossociologia de espécies arbustivo-arbóreas 
em duas fases de vida: plântulas (altura até 1 m) 
e adultos (PAP > 15 cm). As plântulas foram ava-
liadas em parcelas de 1×1 m enquanto os adultos 
foram avaliados em parcelas de 10×20 m. Foram 
avaliadas, ainda, a cobertura do solo por gramí-
neas exóticas e a presença de espécies exóticas, 
endêmicas e ameaçadas de extinção. 
Nos mesmos fragmentos, para inventariar 
as aves, foram estabelecidos pontos fixos no 
interior e nas bordas florestais e também foram 
obtidas amostras da estrutura do habitat, como 
densidade do sub-bosque, complexidade verti-
cal da floresta e intensidade luminosa.
Trilhas, parcelas e pontos de amostragem foram 
estabelecidos no interior e nas bordas dos 
fragmentos, permitindo registros de espécies 
florestais e do ambiente aberto e, possibilitando 
inferências ecológicas em aspectos da estrutura 
dos ambientes e ao nível de comunidades, prin-
cipalmente sobre populações mais abundantes.
Em cada fragmento foram instaladas seis 
parcelas para amostragem da vegetação de 
10x20 m, totalizando 24 parcelas. A disposição 
das parcelas dentro de cada fragmento foi feita 
sistematicamente, ao longo de trilhas. Procurou-
-se manter uma distância mínima de 20 m entre 
elas. Buscou-se ainda avaliar o maior número 
de situações possíveis (áreas planas e inclina-
das, secas e úmidas, próximas e distantes da 
borda), visando abranger a heterogeneidade 
ambiental existente.
Foram estabelecidos em cada área de três a seis 
pontos fixos para inventário das assembleias de 
aves. Tais pontos foram dispostos ao longo de 
trilhas a pelo menos 200 m de distância uns dos 
outros. O inventário totalizou 16,4 horas, com 
vinte minutos de permanência em cada ponto 
sorteado sem reposição, até que todos os pontos 
tivessem sido amostrados. O esforço foi distri-
buído em 29 pontos estabelecidos em bordas 
florestais e em 20 pontos no interior da floresta.
5.3 Principais resultados
Foram levantadas 256 espécies vegetais, das 
quais oito apresentam algum grau de ameaça 
de extinção e seis são endêmicas. O uso dessas 
espécies ameaçadas e endêmicas nas atividades 
de restauração deve ser estimulado, visando 
aumentar o valor de conservação da área de es-
tudo. Foram encontradas, ainda, nove espécies 
exóticas, das quais a Tecoma stans deve receber 
maior atençãodevido ao alto potencial de inva-
são de áreas abertas.
O estudo fitossociológico da vegetação levan-
tou 875 indivíduos adultos pertencentes a 111 
espécies arbustivo-arbóreas e 1.466 plântulas 
de 83 espécies. Foram encontradas, respecti-
vamente, nove e 14 espécies indicadoras entre 
os adultos e entre as plântulas. Essas espécies 
são características de um ou outro estado de 
conservação e, portanto, podem ter suas popu-
lações monitoradas para avaliar o sucesso da 
restauração. Os resultados de algumas variáveis 
quantitativas foram diferentes entre os dois 
estados de conservação considerados.
Em relação ao habitat, amostras de densidade 
do sub-bosque e de estrutura vertical da floresta 
foram adequadas e apresentaram correlações 
significativas com a diversidade de aves, revelan-
do que tais características devem ser considera-
das na restauração florestal. 
A intensidade luminosa incidente no sub-bosque 
foi a variável menos adequada para caracterizar 
habitats, pois houve demasiada variação nos resul-
tados obtidos e não houve correlação significativa 
entre diversidade de aves e intensidade luminosa.
As florestas estudadas apresentam, de forma 
geral, altura máxima em torno de 20 m, com de-
créscimo vertiginoso da complexidade em torno 
52
de 10 e 15 m de altura. O sub-bosque foi sempre denso, apresentando, até os 5 m de 
altura, 80% ou mais de cobertura vegetal.
A avifauna apresentou 129 espécies de 42 famílias. Nenhuma espécie se encontra em risco 
de extinção e foram encontradas apenas nove espécies endêmicas do bioma Mata Atlântica. 
Os resultados mostram que essa comunidade encontra-se empobrecida e descaracterizada, 
sendo sub-conjunto de outras comunidades mais bem conservadas do estado de São Paulo.
O inventário, realizado por meio de pontos, encontrou 597 indivíduos e 78 espécies de 
32 famílias. Intervalos de confiança que foram obtidos para aspectos da diversidade 
de aves, como índice de Shannon-Wiener, uniformidade, riqueza e abundância, foram 
similares aos de outros trabalhos que utilizaram o mesmo método de amostragens em 
diversos fragmentos florestais no estado de São Paulo. Aves florestais apresentaram 
densidade populacional de 6,3 indivíduos por ha.
Não houve diferenças significativas na diversidade de aves encontradas no interior de 
fragmentos florestais em comparação com as localizadas em suas bordas.
Análises que objetivem monitoramentos capazes de detectar alterações populacionais 
de 5% com testes ‘t’ pareados para amostras dependentes indicam que, para obter-se 
nível alfa de 0,01 e poder de 0,8, é preciso realizar 43 amostras; com nível alfa de 0,05 e 
poder de 0,81, deverão ser amostrados 27 pontos fixos.
A seleção de espécies indicadoras para o futuro monitoramento foi feita ponderan-
do exigências ecológicas e a necessidade de serem aves abundantes e frequentes, 
tais como, dentre aves florestais, Basileuterus culicivorus, Basileuterus leucoblepharus, 
Thamnophilus caerulescens e Chiroxiphia caudata, e entre espécies de bordas e áreas 
abertas, Cychlarhis gujanensis, Vireo olivaceus, Colaptes campestris, Tolmomyias sulphu-
rescens, Pitangus sulphuratus e Turdus rufiventris.
De maneira geral, o projeto foi bem-sucedido e os métodos empregados se mostraram 
eficientes ao levantar informações de referência de qualidade. Como produtos impor-
tantes, a execução do projeto promoveu: i) descrições detalhadas dos fragmentos 
florestais; ii) listas representativas de flora e avifauna (com hábitos, guildas ecológicas, 
ameaça de extinção e endemismo); iii) parâmetros quantitativos de referência e a varia-
ção aceitável associada a eles e iv) determinação de espécies indicadoras. Com esses 
resultados, será possível planejar e executar as atividades de restauração, bem como 
auxiliar seu monitoramento a partir de informações claras e objetivas.
5.4 Dificuldades e lições aprendidas
A experimentação em Piracaia teve como principal dificuldade a ausência de sensoria-
mento remoto preliminar que possibilitasse estimativas mais precisas em unidade de 
área dos fragmentos e a classificação da cobertura florestal em estados de conservação, 
possibilitando estratificação mais eficiente da amostragem em função desses atributos.
53
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