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69 Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano X – No 10 - 2013 O SESQUICENTENÁRIO DE FUNDAÇÃO DO HOSPITAL D. PEDRO DE ALCÂNTARA DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE FEIRA DE SANTANA Dr. João Batista de Cerqueira Professor Adjunto de Urologia da UEFS A assistência médico-hospitalar de Feira de Santana viverá no próximo ano de 2015 um momento de glória, festa e agradecimento. O motivo é que nessa data a comunidade feirense irá comemorar o sesquicentenário de fundação do Hospital D. Pedro de Alcântara, unidade operacional da Santa Casa de Misericórdia da cidade. O hospital, denominado inicialmente de D. Pedro II,1 foi inaugurado no dia 25 de março de 1865, com celebração na qual a Irmandade, vestindo o seu traje solene e sob o comando do Juiz de Direito Dr. Luis Antonio Pereira Franco (1826-1902), compareceu a uma missa na Igreja Matriz de Senhora Santana na sede da Villa de Feira de Sant’Anna.2 Os primeiros passos, para fundação de um hospital na vila, foram dados, em 1852, por iniciativa e proposição do Dr. Antonio Luiz Affonso de Carvalho, ex-juiz do Termo.3 Em 1855, essa proposição ganhou força com a chegada à vila do Dr. Luiz Antonio Pereira Franco, nomeado para o cargo de Juiz de Direito, função na qual aqui permaneceu por 16 anos. Formado em Ciências Jurídicas pela Faculdade de Direito de Olinda, em 1847, logo em 1848 foi nomeado Juiz Municipal dos Órfãos do Termo da Purificação e em 1850 foi transferido para a Vila de Nazaré onde, além da função de Juiz de Direito, em 1851, exerceu o cargo de Provedor da Santa Casa de Misericórdia, instituição mantenedora do Hospital Gonçalves Martins.4 Foto 1. Dr. Luiz Antonio Pereira Franco Fonte: Galeria do Supremo Tribunal Federal 1 NOTA: A mudança do nome do Hospital de D. Pedro II para Hospital D. Pedro de Alcântara somente viria acontecer por proposta do Procurador-Geral, Coronel Juvencio Erudilho da Silva Lima, apresentada e aprovada na sessão da Mesa Administrativa da Santa Casa de Misericórdia, realizada no dia 2 de fevereiro de 1890. 2 Franco L. A P. Relatório da Meza Administrativa da Santa Caza de Misericórdia da Villa da Feira de Sant´Anna, ano Compromissal 1865. Bahia: Tip. Constitucional de França Guerra. 1866, p. 3. 3 Jornal Folha do Norte. Feira de Santana: 15 de outubro de 1938. N.1527, p.1. 4 Cerqueira, J. B. Assistência e Caridade. A história da Santa Casa de Misericórdia de Feira de Santana – 1859 a 2009. 2 ed. Gráfica Radami Editora: Feira de Santana, 2009. 187. 70 Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano X – No 10 - 2013 A visita da Corte Imperial Um evento marcante para a história política e social de Feira viria a acontecer no final do ano de 1859. Em viagem às províncias do norte do Brasil, o Imperador D. Pedro II (1825- 1891), acompanhado da Imperatriz Tereza Cristina e uma grande comitiva visitaram a Província da Bahia, onde permaneceram entre 6 de outubro a 19 de Novembro.5 Na Bahia, a corte dedicou parte do tempo para conhecer o Recôncavo baiano oportunidade na qual a a comitiva visitou as cidades de Santo Amaro, Nazareth e Cachoeira, além das vilas de Jaguaripe e Feira de Sant’Anna. 6 Recebida em Feira, com pompa e festas, a comitiva imperial se dirigiu ao Te Deum na Igreja Matriz de Senhora Santana, após instalação do Paço Imperial na residência do Coronel Joaquim Pedreira de Cerqueira situada na Rua Direita, atual Conselheiro Franco. Nesse mesmo dia, o monarca recebeu a comissão composta pelos Drs. Luiz Antonio Pereira Franco, João Ladislau Japiassu, Antero Assis e Sinfrônio Bacelar, Coronel Joaquim Pedreira de Cerqueira, Tenente-coronel Manoel Joaquim Pedreira Sampaio, Capitães Leonardo José Pereira Borges e Vitorino José Fernandes Gouveia e o Padre José Cupertino. Essa comissão “suplicou a S. M. a graça de tomar sob sua Imperial Proteção, um asilo de Enfermos, que se pretendia criar na vila...” 7 O pleito, apresentado pela comissão, foi bem recebido pelo soberano que, além de permitir que o estabelecimento fosse designado com o seu nome e para demonstrar o seu efetivo apoio à iniciativa, fez doação de um óbolo, em moeda, no valor de 2:OOO$OOO (dois contos de réis). Demonstrando interesse, o Imperador D. Pedro II visitou um terreno e determinou ao Dr. Bonifácio de Abreu, médico que acompanhava e assistia a Corte na viagem, que ele, além de vistoriar a área, designasse nessa, o exato local onde se deveria construir o nosocômio da Villa de Feira de Sant’Anna, a ser denominado de Imperial Asilo de Enfermos D. Pedro II.8 5 Leite, G. F. Aspectos históricos da visita do Imperador D. Pedro a Feira de Santana. Feira de Santana: UEFS, 2009. p. 7 6 D. Pedro II. Diário de viagem ao Norte do Brasil. Livraria Progresso Editora: Salvador, Bahia, 1959. p. 30 7 D. Pedro II. Ob. Cit. p. 185. 8 D. Pedro II. Ob. Cit. p. 185. CRM 5377 71 Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano X – No 10 - 2013 Foto 2. D. Pedro II e D. Tereza Cristina Fonte: Galeria da Associação Comercial da Bahia Um fato relevante é que, anteriormente à visita do imperador brasileiro, desde 25 de março daquele ano, esse mesmo grupo de cidadãos havia fundado a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia da Villa de Feira de Sant’Anna. Conforme destacado no Compromisso da fraternidade, o objetivo da instituição era exercer a caridade “Fazendo curar em seu hospital os enfermos pobres e desvalidos, e prestando-lhes os soccorros espirituaes de que precisarem” como também “Dando sepultura no Cemitterio, que tratará de estabelecer, quando não possa obter o que já existe nesta Villa, a cargo da Câmara Municipal, os cadáveres, não só dos enfermos de que trata o $ antecedente, mas também de quaesquer indivíduos absolutamente miseráveis e desamparados 9 2. A primeira sede do hospital Após a aprovação do Compromisso da Santa Casa pelo Arcebispo D. Romualdo Seixas Dórea (1787-1860), em 19 de abril de 1860 e pelo Presidente da Província, Desembargador Dr. Antonio da Costa Pinto (1802-1880).10 em 13 de maio de 1860, foi dada a largada em prol da construção do hospital. Inicialmente, o provedor Dr. Luiz Antonio Pereira Franco solicitou ao Governo Imperial, em conformidade com a Lei no. 1099 de 1o de setembro de 1860, a concessão de quatro loterias destinadas a arrecadar fundos objetivando a construção do edifício cuja planta foi elaborada pelo engenheiro Trajano da Silva Rego. De acordo com a proposta apresentada os custos estimados com a construção eram da ordem de 26:905$780 (vinte e seis contos, novecentos e cinco mil e setecentos e oitenta réis).11 9 Franco L.A P. Compromisso da Irmandade da Santa Misericórdia da Feira de Sant´Anna. Bahia: Tip. de Antonio Olavo da França Guerra. 1860, p.3. 10 Wildberger, A. Os Presidentes da Província da Bahia 1824-89. Salvador, Bahia: Tipografia Beneditina, 1949. p. 421-428. 11 Franco L.A p. Ob. cit. p. 3-13. 72 Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano X – No 10 - 2013 Foto 3. D. Romualdo Seixas Dórea Foto 4. Dr. Antonio da Costa Pinto Fonte: Biblioteca Pública do E. da Bahia Fonte: Biblioteca Pública do E. da Bahia O pedido ao Governo Provincial, entretanto, não obteve o resultado esperado. Na lei no. 844 de 3 de agosto de 1860, sancionada pelo presidente da província, que fixou em 1.350;016$123 (um mil trezentos e cinquenta contos, dezesseis mil e cento e vinte e três reis) oorçamento da Província da Bahia para o ano de 1861, foram destinados, somente, para a construção do hospital da Villa de Feira de Sant’Anna, apenas a quantia de 2:000$000 (dois contos de réis).12 Preocupados com a saúde da comunidade, os dirigentes da entidade insistiram em encontrar alternativa. Finalmente, concluíram que o mais viável era fazer adaptações em uma casa, situada na área da antiga Fazenda Cerca de Pedras, já pertencente à Irmandade, por doação do Governo Imperial. Essa casa recebida em ruínas localizava-se no lado norte, oposto ao lodo do terreno onde fora construído o cemitério da vila.13 Foto 5. Planta de situação: em negrito, área retangular da Fazenda Cerca de Pedras. Autor: Engenheiro André Fernandes Dórea A velha casa, em mau estado de conservação era uma construção de adobes, coberta de telha, subdividida, internamente, em duas salas e cinco quartos e com uma fachada de frente na qual foram colocadas quatro janelas e uma porta. Para instalar o hospital, foram realizadas obras de ampliação e reforma que, ao final, custaram 956$269 (novecentos e 12 NOTA: Cópia de documento do Núcleo de Estudos Feirense da Universidade Estadual de Feira de Santana. 13 Franco L. A P. Ob. cit. p. 16. 73 Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano X – No 10 - 2013 cinquenta e seis mil, duzentos e sessenta e nove réis) a Santa Casa14 e o imóvel passou a ter uma fachada com 88 palmos, aproximadamente 20 (vinte) metros, na qual foram instaladas seis espaçosas janelas e duas portas simetricamente colocadas. Internamente, a casa passou a dispor de uma sala para as reuniões da Mesa Administrativa, um Oratório e duas enfermarias, uma masculina e outra feminina, cada uma com três leitos.15 Externamente, a primeira sede do Hospital D. Pedro também recebeu melhorias para propiciar bem-estar e “um lugar de recreio aos pacientes em estado de convalescência”. Para tal, por um custo de 77$100 (setenta e sete mil e cem réis) foi anexado ao edifício um amplo quintal com cerca de 850 m2. Esse espaço foi incorporado ao hospital por um cercado de madeira, que, por sua vez, foram retiradas, sem custos, das matas da Fazenda São João mediante autorização e apoio do Prior do Convento do Carmo de Cachoeira. Das cercas construídas para formar o quintal as que eram paralelas às paredes laterais do prédio tinham 93 palmos de frente a fundo e as que eram paralelas à frente do prédio em direção ao oeste alcançava uma largura de 170 palmos.16 Foto 6. Rua da Misericórdia e Praça Padre Ovídio17 Fonte: Gama, R. G (coord.). Memória Fotográfica de Feira de Santana, 1994. Inaugurado o hospital em 25 de março de 1865, dia festivo para a Igreja Católica que o consagra como o dia da Anunciação, e festivo para o Império que comemora a promulgação da primeira Constituição do Brasil, logo começou o tratamento de pacientes internados nas 14 Franco L. A P. Ob. cit. pp. 10-1. 15 Franco L. A P. Ob. cit. p. 11. 16 Franco L. A P. Ob. cit. p. 12. 17 NOTA. A análise da fotografia permite identificar: na parte inferior e próximo ao centro o monumento construído em homenagem ao Padre Ovídio, inaugurado na Gestão do Intendente Municipal Joaquim de Mello Sampaio, doador da estátua, inaugurada em 25 de março de 1892. No canto superior direito, identifica-se o prédio onde a época da fotografia já funcionava o Hospital D. Pedro cuja frente estava para a Rua da Misericórdia. Quase que em frente ao hospital e com as frentes voltadas para a Rua da Misericórdia, vêem-se os telhados de casas construídas em fila ainda hoje pertencentes a Santa Casa. Finalmente, pode-se observar que a primeira dessas casas conserva um muro lateral cujo comprimento corresponde ao mesmo da cerca homônima que formava o quintal da primeira sede do hospital. Provavelmente, foi a casa que aparece com as palmeiras imperiais em frente que serviu como primeira sede do Hospital D. Pedro. 74 Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano X – No 10 - 2013 duas enfermarias: a masculina colocada sob a proteção de Nossa Senhora da Piedade e a feminina colocada sob a proteção de Senhora Santana. De 1o de abril a 30 de novembro de 1865, um total de 20 (vinte) pacientes estiveram internados no hospital: 9 (nove) do sexo masculino e 11(onze) do sexo feminino. Desse total, apenas faleceu 1 (um) paciente do sexo masculino; foram tratados e curados 8 (oito) do sexo feminino e 5 (cinco) do masculino. Ao final do ano, permaneceram internados ocupando todos os leitos disponíveis 3 (três) homens e 3 (três) mulheres, devidamente identificados nos quadros 1 e 2 abaixo: 18 Quadro 1. Relação de pacientes: nome, etnia, idade, naturalidade e residência. Fonte: Relatório da Santa Casa de Misericórdia referente ao ano Compromissal de 1865 Nome Etnia Idade Naturalidade Residência Anselmo de Abreu S/Ident. 22 Vila da Barra Vila da Barra Joaquim José Macedo Branca 42 Monte Alegre Feira de Sant’Anna Maria Gonçalves da Conceição Parda 25 Lençóis Feira de Sant’Anna Maria Joaquina da Pureza Parda 21 Santo Amaro Feira de Sant’Anna Maria Sebastiana Creoula 38 Purificação Feira de Sant’Anna Olimpio José de Souza Branca 26 F. de Sant’Anna Feira de Sant’Anna Quadro 2. Relação de pacientes: nome, mês e dias de internamento; profissão e patologias. Fonte: Relatório da Santa Casa de Misericórdia referente ao ano Compromissal de 1865 Nomes Mês Dias Profissão Moléstia Anselmo de Abreu Novembro 27 Agricultor Ascitis Joaquim José Macedo Abril 17 Agricultor Rheumatismo Maria Gonçalves da Conceição Setembro 14 Costureira Ulceras síphiliticas Maria Joaquina da Pureza Junho 18 Costureira Ulceras síphiliticas Maria Sebastiana Novembro 29 Costureira Amenorrheia e nefrite Olimpio José de Souza Agosto 18 Alfaiate Splenite chronica No relatório referente ao ano Compromissal de 1866, segundo ano de atividades do hospital, aumentou, consideravelmente, o número de pacientes internados para tratamento. De 1o de dezembro de 1865 a 30 de novembro de 1866, foram internados um total de 35 (trinta e cinco) pacientes: 21 (vinte e um) do sexo masculino e 14 (quatorze) do sexo feminino. Desse total, faleceram 6 (seis) paciente do sexo masculino e 4 (quatro) do sexo feminino. Foram tratados e curados 7 (sete) pacientes do sexo feminino e 11 (onze) do masculino e 1 paciente masculino recebeu alta por não aceitar as admoestações. Da mesma forma que no primeiro período de funcionamento, ao final, todos os leitos das duas 18 Franco L. A P. Ob. cit. p. 7, 8. 75 Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano X – No 10 - 2013 enfermarias permaneceram com pacientes internados: 3 (três) do sexo masculino e 3 (três) do sexo feminino. 19 A assistência aos pacientes do hospital nessa primeira sede era exercida por médicos formados pela Faculdade de Medicina da Bahia. O primeiro foi o Dr. João Vicente Sapucaia, formado em 185320, que foi nomeado para a missão em 1865 e que se afastou para servir ao Exército Imperial. O segundo, nomeado em 14 de outubro de 1866, foi o Dr. João Pinheiro de Lemos21, formado no ano de 1851 ao defender a tese doutoral “Breves considerações acerca do celibato professado pelas mulheres”22. O terceiro foi Dr. Manoel Marcelino da Silva Pimentel23, formado 186024 e que atuou no hospital pelo menos a partir de 1874. O quarto foi o Dr. Macário Gomes de Cerqueira25, formado em 1873, oportunidade na qual defendeu a tese doutoral “Hemorrhagia uterinadurante o delivramento e suas indicações”. 26 Dr. João Vicente Sapucaia nasceu na Villa da Cachoeira em 23 de julho de 1828, filho de Alexandrina Angélica Sapucaia e do Tabelião João Vicente Sapucaia, esse, por diversas vezes, membro da Mesa Administrativa da Santa Casa de Misericórdia daquela vila. Nomeado para a função de médico, em abril de 1865, permaneceu na atividade até se afastar para servir nos hospitais do Exercito Imperial brasileiro em guerra contra as forças do Paraguai. Foi genitor de um filho batizado com o seu nome, fruto do casamento com Maria Augusta Viana Sapucaia que faleceu em Feira de Sant’Anna no dia 22 de março de 1866.27 Foi o primeiro médico do Hospital D. Pedro e ao falecer no dia 28 de julho de 1874, clinicava na vila de Camisão, atual cidade de Ipirá, onde passara a atuar ao retornar da Guerra da Tríplice Aliança.28 Dr. Macário Gomes de Cerqueira iniciou como Irmão Visitador da Santa Casa de Misericórdia em 24 de novembro de 1878. A partir de 1884 foi nomeado para a função de 19 Franco L. A P. Relatório da Meza Administrativa da Santa Caza de Misericórdia da Villa da Feira de Sant´ Anna ano Compromissal 1866. Bahia: Tipographia de Tourinho & C.a. 1867, p. 8. 20 Tavares-Neto, J. Formados de 1812 a 2008 pela Faculdade de Medicina da Bahia. Feira de Santana, Bahia: Academia de Medicina de Feira de Santana, 2008. p. 256. 21 Franco L. A P. Relatório da Meza Administrativa da Santa Caza de Misericórdia da Villa da Feira de Sant´ Anna ano Compromissal 1866. Bahia: Tipographia de Tourinho & C.a. 1867, p. 7, 8. 22 Tavares-Neto, J. (ed.) Gazeta Médica da Bahia. Volume 74, Número 1. Universidade Federal da Bahia: Salvador, Bahia, 2004. p. 14. 23 PLASCMFS, p. 24, 49 24 Tavares-Neto. Ob. Cit. p. 256 25 PLASCMFS, p. 24, 49 26 Tavares-Neto, J. (ed.) Gazeta Médica da Bahia. Volume 74, Número 1. Universidade Federal da Bahia: Salvador, Bahia, 2004. p. 24. 27 NOTA: Depoimento prestado ao autor por Jaime Sapucaia Bandeira, descendente do Dr. João Vicente Sapucaia, em 23/03/2013. 28 Milton, A. Ephemerides Cachoeiranas. Coleção Cachoeira, Volume I. Universidade Federal da Bahia: Salvador, Bahia, 1979. p. 253. 76 Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano X – No 10 - 2013 médico do Hospital D. Pedro que funcionava ainda em sua primeira sede, em substituição ao Dr. Manoel Marcelino da Silva Pimentel. Permaneceu clinicando até 1912, quando pediu afastamento por problemas de saúde continuando, entretanto, atuando como Irmão Visitador até o exercício de ano Compromissal de 1916. Pelos inúmeros serviços prestados, em 16 de fevereiro de 1913, na gestão do Provedor Coronel Bernardino da Silva Bahia, Dr. Macário Cerqueira teve a sua fotografia colocada na Galeria dos Provedores e Benfeitores da Santa Casa de Misericórdia de Feira de Santana29. Foto 7. Dr. Macário Gomes de Cerqueira30. Fonte: Galeria da Santa Casa 3. A segunda sede do hospital A determinação de dotar a Vila de Feira de Sant’Anna de um hospital que atendesse as necessidades futuras da população não cessou diante da festiva inauguração do nosocômio em uma sede provisória. Em seguida ao evento foram solicitados os serviços do engenheiro húngaro Ladisláu de Videki no sentido de que esse profissional fizesse os estudos técnicos referentes ao projeto arquitetônico e orçamentário de um novo prédio para sede do hospital. Depois de concluídos os trabalhos, tanto a planta arquitetônica quanto o orçamento para construção do imóvel, estimada em 17:000$000 (dezessete contos de réis), foram apresentados à Mesa Administrativa da Santa Casa para as providências cabíveis.31 O tempo passava, mas a mobilização, em prol da construção, não cessava e era desenvolvida em várias frentes. Na sede da vila, no primeiro semestre de 1874, atendendo a uma solicitação do Provedor Dr. Quintino Ferreira da Silva, o Secretário da Mesa Tenente- Coronel Leonardo José Pereira Borges e o Procurador Geral Major Victorino José Fernandes 29 SLASCMFS, p. 157 v. 30 NOTA: A fotografia do Dr. Macário Cerqueira faz parte da foto da Galeria de Provedores e Benfeitores da Santa Casa de Misericórdia de Feira de Santana, publicado no Relatório do ano Compromissal de 1933, na gestão do provedor João Marinho Falcão. A identificação da foto do Dr. Macário Gomes de Cerqueira somente foi possível com a ajuda do Arquiteto e Artista Plástico Juraci Dórea Falcão. 31 Cerqueira, J. B. (org). Memorial Histórico da Santa Casa de Misericórdia de 1859 a 1954. Print Mídia Editora: Feira de Santana, Bahia. 2009. p. 71. 77 Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano X – No 10 - 2013 Gouvêa, trabalharam com êxito no preenchimento de lista de subscritores do projeto.32 Em nível de governo da Província da Bahia, coube ao Conselheiro Franco, apresentar o projeto de subvenção do Tesouro da Província para concessão de quatro loterias para a Irmandade feirense, objetivando garantir financeiramente o empreendimento.33 Ainda em 1874, surgiu uma nova alternativa com a possível venda de parte do terreno da Irmandade para a construção de uma oficina e uma Estação Ferroviária.34 A proposta chegou a ser apresentada pelo Sr. Hugh Wilson, engenheiro civil contratado pelo Governo da Província da Bahia, presidida, à época, por Joaquim Pires de Machado Portella (1827-1907), para a conclusão do ramal da estrada de ferro entre Cachoeira e Feira de Santana.35 Entretanto, apresentada a proposta ao Provedor Dr. Quintino Ferreira da Silva para deliberação da Mesa Administrativa, a mesma foi inviabilizada diante da preocupação de que, com a proximidade da estrada de ferro e da estação, poderia haver prejuízos à saúde dos pacientes internados.36 As providências para a construção do novo edifício não cessaram e, na reunião da Mesa Administrativa da Santa Casa de 26 de outubro de 1876, foi nomeada uma comissão composta pelo Provedor Dr. Estevão Vaz Ferreira, Tenente-Coronel Raymundo Barbosa de Sousa, Capitão Francisco Gonsalves Pedreira França e Alferes Targino Ribeiro de Macedo, para promover o início das obras.37 Os trabalhos da edificação continuaram nos anos de 1877 e 1878, mas, por falta de recursos financeiros, o projeto teve que ser abandonado e, em três de abril de 1879, a construção foi interrompida38. Por um breve período, um sonho coletivo seria adiado. Suspensa a obra, a colher e o martelo que serviram para colocação da pedra angular do edifício foram entregues pelo Tesoureiro Prof. Lupério Leolindo Pitombo ao Secretário Dr. Francisco Benedicto de Souza Barboza, que repassou as ferramentas para a guarda do enfermeiro. Posteriormente, em 31 de agosto de 1881, a parte do prédio que até então fora construída, foi coberta, para servir de depósito39 e na sessão ordinária de 29 de abril de 1886, a Mesa Administrativa autorizou ao Irmão mesário, Capitão Francisco Gonçalves Pedreira França, que dividisse o depósito em casinhas para serem alugadas e servir como fonte de manutenção para a Santa Casa.40 32 PLASCMFS, Ob. cit. p 27. 33 PLASCMFS, Ob. cit. p 28. 34 PLASCMFS, p 32. 35 Wildberger, A. Ob. cit. p. 607. 36 PLASCMFS. Ob. cit. pp. 32-3. 37 PLASCMFS, Ob. cit. p. 38. 38 PLASCMFS., Ob. cit. p. 47. 39 PLASCMFS, Ob. cit. p. 50 e 59. 40 PLASCMFS, Ob. cit. p. 57. 78 Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano X – No 10 - 2013 Foto 8. Foto atual das casas na Rua da Misericórdia ainda pertencentes à Santa Casa.41 Fonte: Pesquisa de Campo Autor: João Batista de Cerqueira3.1 A opção do casarão para sede do hospital Em meio às dificuldades financeiras que frustraram o projeto de construção da nova sede para o hospital, surgiu uma alternativa para dotar a comunidade de um nosocômio em condições de ampliar os serviços oferecidos. Essa possibilidade foi formulada através da proposta de um Irmão da Santa Casa, o Coronel João Pedreira de Cerqueira (1839-1906), de vender à Irmandade um casarão de sua propriedade, situada na Rua da Misericórdia, quase em frente ao prédio que, reformado, servia de sede para o Hospital D. Pedro. Na reunião da Mesa Administrativa, realizada em 4 de maio de 1879, a proposta de venda do casarão no valor de 40:000$00 (quarenta contos de réis) dos quais 15:000$000 (quinze contos de réis) seriam doados pelo vendedor à Santa Casa, foi analisada, sendo aprovado que, por cautela, se deveria primeiro vistoriar o prédio.42 Tratava-se de um imponente casarão, em uma área elevada, próximo à Igreja Matriz de Senhora Sant’Anna, um dos melhores edifícios da vila.43 Foi projetado em uma planta retangular e construído sobre um porão alto, alternativa arquitetônica que deu, à casa térrea, o conforto próprio de um sobrado. A fachada, voltada para a Rua da Misericórdia44, apresenta nove janelas, separadas entre si por arcos ogivais. Pelo lado posterior, era possível o acesso para as dependências situadas no porão. Cada fachada lateral apresenta uma porta central e três janelas. A porta do lado direito servia de acesso principal ao prédio. A porta do lado 41 NOTA: Desse conjunto de casas que ainda hoje pertencem a Santa Casa de Misericórdia fazem parte o prédio que serviu como primeira sede do hospital e o prédio que, originalmente seria destinado à sede definitiva do Hospital D. Pedro de Alcântara e que, em 1886, foi reformada para uso residencial. 42 PLASCMFS, Ob. cit. p. 50. 43 Bastos, F.J.F. Recordações e Votos. Bahia: Officinas das Duas Américas. 1917, p 25. 44 NOTA: A localização do casarão, quase em frente ao terreno da antiga Fazenda Cerca de Pedras, onde se localizava a casa que foi reformada e ampliada para servir de primeira sede do Hospital D. Pedro, foi determinante para que a rua em que o imóvel se situava fosse denominada de Rua da Misericórdia. Esse é o nome do logradouro utilizado pelo Coronel João Pedreira de Cerqueira (1839-1904) para situar geograficamente o prédio que, em quatro de maio de 1879, ele propôs vender a Santa Casa, conforme registrado na página 50 do Primeiro Livro de Atas da Santa Casa de Misericórdia de Feira de Santana. 79 Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano X – No 10 - 2013 esquerdo permitia o acesso a um pátio de onde se descortina uma das mais belas vistas da vila para as colinas situadas no poente. Após impasses nas negociações, finalmente, em sete de abril de 1884, o Provedor Dr. José Lustosa de Sousa, recebeu nova proposta de venda do Tenente-Coronel João Pedreira de Cerqueira, pelo mesmo valor inicial de 40:000$000 (quarenta contos de réis). Desse total 15:000$000 (quinze contos de réis) seriam doados à Santa Casa e os 25:000$000 (vinte e cinco contos de réis), restantes seriam pagos em três parcelas. A primeira parcela de 10:000$000 (dez contos de réis), paga no ato da venda, a segunda, também de 10:000$000 (dez contos de réis), a vencer com o prazo de um ano e a terceira a ser paga no prazo de dois anos a partir da data em que o negócio fosse fechado.45 Com essa proposta, as negociações avançaram e, rapidamente, foram concluídas e, em 10 de julho, a Mesa da Santa Casa nomeia a comissão para receber o casarão.46 Após tomar posse do prédio, a Mesa Administrativa operou adaptações para que o casarão pudesse ser utilizado como hospital. Entretanto, somente na reunião de 14 de março de 1885, teve lugar a nomeação de uma Comissão para fazer a mudança dos pacientes internados para o novo espaço. Nessa data, efetivamente, a mudança aconteceu, pois na reunião da Mesa Administrativa, de 6 de junho do mesmo ano, consta a autorização para que os doentes das enfermarias que já funcionavam no térreo (sótão), fossem transferidos para as mais arejadas, situadas no pavimento superior.47 A inauguração ocorreu com uma festa realizada no dia 28 de fevereiro de 1886 quando administrava a cidade como Presidente da Câmara o médico Dr. Joaquim dos Remédios Monteiro (1827-1901) e a Província da Bahia era presidida por Theodoro Machado Freire Pereira da Silva (1832-1910). O evento foi abrilhantado pela Filarmônica 25 de Março, e a Missa, com a bênção do prédio do novo Hospital, foi celebrada pelo Padre Fermino de Sousa Estrela, devidamente autorizado pelo Arcebispo da Bahia. Na mesma data, foi empossada a nova Mesa Administrativa, tendo como Provedor, reeleito, o Dr. José Lustosa de Souza.48 45 PLASCMFS, Ob. cit. p. 72. 46 PLASCMFS, Ob. cit. pp. 74 e 76. 47 PLASCMFS, Ob. cit. pp. 76 e 81. 48 NOTA: Dr. José Lustosa de Souza, nascido em Lustosa no Piauí, foi o último da série de Juízes de Direito da Comarca da Villa de Feira de Santana a assumir a provedoria da Santa Casa de Misericórdia. Transferido para Salvador, foi promovido a Desembargador do Tribunal de Justiça da Bahia, vindo a falecer na capital baiana em 23 de março de 1906. 80 Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano X – No 10 - 2013 Foto 9. Coronel João Pedreira de Cerqueira Foto 10. Dr. Remédios Monteiro Fonte: Bastos, F. J. F. Recordações e Votos. Fonte: Gama, R. Ob. Cit Na nova sede do Hospital D. Pedro ampliou de 6 para 32 o número de leitos disponibilizados aos pacientes, distribuídos por 4 enfermarias. Duas dessas, cada uma delas com 4 (quatro) leitos, situavam-se no pavimento do térreo: São Luiz, destinada ao sexo masculino e São Bernardo, ao sexo feminino. Já no pavimento superior, situavam-se as duas outras enfermarias cada uma delas com 12 leitos: Nossa Senhora da Piedade, destinada para os internamentos masculinos e Nossa Senhora Sant’Anna, destinada aos internamentos femininos. 49 Foto 11. Filarmônica 25 de Março Foto 12. Juvêncio Erudilho da S. Lima Fonte: Clube de Fotografia de F. de Santana Fonte: Gama, R. Ob. Cit. Fatos marcantes continuariam a acontecer na trajetória do hospital: a mudança do nome de Hospital D. Pedro II para D. Pedro de Alcântara foi proposta pelo Procurador-Geral, Juvêncio Erudilho da Silva Lima e aprovado na sessão realizada no dia dois de fevereiro de 1890.50 Com o crescimento da cidade e da população, houve época, na qual o fluxo de pacientes chegou a ameaçar a sobrevivência da Instituição. Em 1919, apesar de médico, o Provedor Dr. Joaquim Raul dos Reis Gordilho51, propôs à Mesa Administrativa a redução do número de leitos, diante da escassez de recursos. A proposta foi derrotada por interferência do 49 Cerqueira, J. B. (org). Memorial Histórico da Santa Casa de Misericórdia de 1859 a 1954. Print Mídia Editora: Feira de Santana, Bahia. 2009. p. 346. 50 SLASCMFS, p.8. 51 NOTA: Dr. Joaquim Raul dos Reis Gordilho foi o primeiro médico a assumir o cargo de Provedor da Santa Casa de Misericórdia. Fazendeiro na região de Tanquinho residiu na atual Av. Senhor dos Passos, em um belo casarão que posteriormente foi sede do Hotel Solar Santana. 81 Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano X – No 10 - 2013 Procurador Geral, Manoel Mathias d’Azevedo, ao sugerir manter o número de leitos e buscar novas fontes de custeio.52 O novo edifício do hospital tornou-se uma atração turísticada cidade, uma passagem obrigatória para os visitantes ilustres. Pelas suas dependências, passaram, além dos pacientes de Feira e de toda a região, políticos de projeção nacional, juristas, religiosos e autoridades militares. Muitos deixaram sua mensagem registrada em um Livro de Visitas, cujo termo de abertura, datado de 8 de outubro de 1917, foi redigido e assinado pelo provedor Arnold Ferreira da Silva. A leitura das declarações dos ilustres visitantes permite-nos acompanhar a evolução política, religiosa e social da nossa terra e aquilatar a forma carinhosa, o respeito, a admiração e a gratidão que eram devotados a todos que, com amor, dedicação e sacrifício, mantinham a pia instituição.53 Foto 13. Vista anterior do prédio do Hospital D. Pedro de Alcântara Fonte: Álbum Fotográfico do acervo da Fundação Casa de Ruy Barbosa54 Foto 14. Vista posterior do prédio do Hospital D. Pedro de Alcântara 55 Fonte: Clube de Fotografia de F. de Santana 52 SLASCMFS, p. 189. 53 LVISCMFS, p 1. 54 NOTA: A foto do prédio da Santa Casa faz parte do Álbum fotográfico sobre Feira de Santana, entregue ao então candidato à presidência da Republica, Dr. Ruy Barbosa de Oliveira, quando da sua visita em campanha à Feira de Santana, onde permaneceu do dia 23 a 26 de dezembro de 1919. 55 NOTA: A visão posterior do prédio permite identificar as portas que davam acesso aos cômodos situados no sótão do Casarão transformado na segunda sede do hospital D. Pedro. Dois deles foram utilizados como enfermarias cada uma delas com 4 (quatro) leitos: São Luiz, destinada ao sexo masculino e São Bernardo destinada ao sexo feminino. 82 Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano X – No 10 - 2013 Até o ano de 1957, o hospital continuaria a funcionar na sua segunda sede e os registros a serem feitos no Livro de Visitas. Entretanto, poucas imagens restaram dessa fase áurea na vida da organização, exceto àquelas imortalizadas ao serem incluídas no relatório de gestão do Provedor João Marinho Falcão referente ao ano Compromissal de 1932, quatro delas abaixo destacadas: Foto 15. Enfermaria São José Foto 16. Enfermaria Santa Úrsula56 Foto 17. Farmácia e Laboratório Foto 18. Sala de operações 57 56 NOTA: Os nomes de Enfermaria São José e Santa Úrsula em substituição aos originais Nossa Senhora da Piedade e Nossa Senhora Santana aparecem no relatório do ano Compromissal de 1932. Na sessão da Mesa Administrativa de 14 de junho de 1953, foi aprovada a proposta do Irmão Visitador Manoel Mathias d’Azevedo designando essas mesmas enfermarias com os nomes de Dr. Macário Gomes de Cerqueira e Honorato Manoel do Bomfim Filho (CERQUEIRA, J.B. Assistência e Caridade. A História da Santa Casa de Feira de Santana – 1859-2009, 2 ed. p. 260). 57 NOTA: Os equipamentos que aparecem nessa foto da Sala de Operações foram doados pelo Dr. Eduardo Fróes da Mota, em 1926. Em visita às ruínas do prédio no final do ano de 1987, o autor ainda identificou fixada a uma das paredes do prédio, o lavatório em mármore que fazia parte dessa que, conforme depoimento ao Dr. Eduardo Fróes da Motta ao autor em 1982, foi realmente a primeira Sala de Operações do Hospital D. Pedro de Alcântara. 83 Na medicina, muitos profissionais atuaram na assistência aos pacientes durante os 71 anos em que o Hospital D. Pedro funcionou em sua segunda sede. Aos Drs. Manoel M. de Souza Pimentel e Macário G. de Cerqueira que serviram no hospital desde a sua primeira sede somaram-se os médicos Francisco Joaquim da S. Ramos, formado em 1879; Antonio Joaquim Ramos, em 1886; Joaquim Raul dos R. Gordilho, em 1893; Auto Esmeraldo dos Reis, em 1906; Pedro Américo de Brito, em 1907; Eduardo Fróes da Motta e Gastão Clovis de Souza Guimarães, em 1912; Joaquim de Almeida Couto, em 1913; Honorato Manoel do Bomfim Filho, em 1919; Renato dos Santos Silva, em 1933; Antonio Sallustio de Azevedo e Mario Lustosa de Aragão, em 1936; Augusto Mathias da Silva, em 1940; Wilson da Costa Falcão, em 1945; Waldy da Silva Pitombo, em 1948, Geraldo Leite e Felix R. Santana58, em 1950 e Almir de Oliveira Dias, formado em 1953.59 Foto 19. Dr. Gastão Guimarães Foto 20. Dr Honorato Bomfim Foto 21. Dr. Waldy Pitombo Fonte: Gama, R. Ob. Cit. Fonte: Gama, R. Ob. Cit. Fonte: Ferreira, O. T. 4. A sede atual do hospital A cidade continuava a crescer e a se expandir. O censo realizado pelo IBGE 1940, na virada do século, registrou uma população de 83.268 habitantes no município60. Com o aumento da população, aumentava a carência de leitos e serviços para atender aos pacientes da cidade e da região. Divisa-se, então, a necessidade de um novo hospital e, em 1939, na gestão do provedor Heráclito Dias de Carvalho, a ideia é lançada e começam as negociações61 que culminaram, após a reeleição desse mesmo provedor, em 20 de fevereiro de 1940, com a 58 Paula, M. M. O médico nos sertões da Bahia. Empresa Gráfica da Bahia: Salvador, Bahia, 1998. p. 125. 59 NOTA: Formados em escolas fora da Bahia atuaram no Hospital D. Pedro, pelo menos nos anos registrados em seguida aos nomes, os médicos Joaquim Remédios Monteiro, em 1886; João da Silva Paranhos, em 1924; Pedro Olinda Soares em 1928 e Demerval Bastos, em 1954. 60 Pinto, R. A. C. Pequena história de Feira de Santana. SICLA – Sociedade Impressora Comercial: Feira de Santana, Bahia. 1971. p. 99. 61 TLASCMFS, p. 29. 84 proposta de a Santa Casa comprar um terreno na Avenida Sampaio, objetivando a construção de uma nova sede para o hospital D. Pedro de Alcântara.62 Entretanto, somente em 1943, o propósito de construção de um novo prédio, efetivamente, começou a ter encaminhamentos práticos. Na sessão realizada no dia nove de outubro desse ano, o Provedor Álvaro dos Santos Rubem nomeou uma comissão composta por João Barbosa de Carvalho, Iderval José Alves, Francisco Caribé, Padre Mário Pessoa e Anacleto Figueiredo para efetivar os encaminhamentos necessários.63 Os trabalhos dessa comissão inicial foram sequenciados em 30 de julho de 1944, na provedoria de Luiz Azevêdo e Souza, com a eleição de um grupo maior de Irmãos da Santa Casa e personalidades do meio político e social, indicados para ocupar as denominadas “Comissão Efetiva, Comissão de Honra e Comissão Auxiliadora” 64. Finalmente, em 1946, a proposta de construção ganhou um novo impulso na gestão do Provedor Joaltino Rodrigues da Silva que a época, também presidia o Rotary Clube de Feira de Santana. Foi esse clube de serviços o responsável pela aquisição do terreno de propriedade do Sr. Enésio Freitas de Cerqueira e sua esposa Maria Luiza Boaventura Cerqueira no bairro da Kalilandia 65 no valor de CR$ 25.000,00 (vinte e cinco mil cruzeiros). Em 2 de fevereiro de 1947, foi benta e lançada a “Primeira Pedra”, após missa festiva celebrada pelo Padre Mário Bahiense Pessoa da Silva66 e, por fim, em 23 de setembro de 1947, com as obras em andamento, foi assinada a escritura pública em nome Santa Casa de Misericórdia pela compra do terreno.67 Foto 22. Joaltino Rodrigues Foto 23. Dr. Renato S. Silva Foto 24. Pe. Mário Pessoa Fonte: Galeria da Santa Casa Fonte: Galeria da Santa Casa Fonte: Galeria da Santa Casa 62 TLASCMFS, p. 32. 63 LAMASCMFS, p.19. 64 TLASCMFS, p. 42. 65 Costa, E.T. 50 Anos do Rotary Club de Feira de Santana. Feira de Santana: Bahia ArtesGráficas. 1991, p 15, 29 e 50. 66 TLASCMFS, p. 50. 67 NOTA: Escritura Pública de compras e vendas. Cartório de Notas do 1 Ofício. Livro 100, pp. 93-5. 85 Em 1951, quando era novamente Provedor o Sr. Álvaro dos Santos Rubem, na reunião da Mesa Administrativa do dia 25 de fevereiro, é aprovada a Campanha da Telha, para cobrir o Hospital em construção. Na reunião, também foi informado que a continuidade das obras seria possível em face dos recursos do Fundo Hospitalar do Governo Federal, conseguidos pelo Dr. Eduardo Fróes da Mota, então Deputado Federal.68 Durante construção do novo prédio do hospital a Santa Casa sempre contou com ajuda financeira da Prefeitura Municipal, independente do partido político que estivesse no poder.69 No período, ocuparam o cargo de Prefeito do Município Francisco Barbosa Caribé, entre 1947 e 1948, Agnaldo Barbosa Boaventura, entre 1948 a 1951, Almachio Soares Boaventura, entre 1951 e 195570 e João Marinho Falcão, entre 1955 e 1959.71 Foto 25. Dr. Geraldo Leite Foto 26. Dr. Mário de Paula Foto 27. Eduardo F. Mota Fonte: UEFS. Fonte: Paula, M. M. Fonte: Galeria da S. Casa Foto 28. HDPA: prédio em construção, ano de 1951 Fonte: Santa Casa de Misericórdia de Feira de Santana 68 LAMASCMFS, p. 28. 69 NOTA. Depoimento do Dr. Wilson da Costa Falcão ao autor em 05/01/2007. 70 Pinto, R. A. C. Pequena história de Feira de Santana. SICLA – Sociedade Impressora Comercial: Feira de Santana, Bahia. 1971. p. 54. 71 Falcão, J. A vida de João Marinho Falcão. Vitória do Trabalho e da Honra. Brasília, DF: Pax Editora Gráfica e Fotolito, 1993. p. 99. 86 Foto 29. HDPA: vista lateral do prédio, ano de 1956. Fonte: Santa Casa de Misericórdia de Feira de Santana No dia primeiro de janeiro de 1957, com missa festiva celebrada pelo Padre Mário Pessôa, foi dada posse à Mesa Administrativa comandada pelo Provedor reeleito, Dr. Wilson da Costa Falcão, e realizada a bênção das instalações do novo prédio do Hospital D. Pedro de Alcântara72 com um total de 120 leitos.73 A inauguração oficial aconteceu no dia 4 de janeiro, quando a Bahia era governada por Antonio Balbino de Carvalho Filho. A festa contou com a presença de autoridades, dentre essas, o Prefeito João Marinho Falcão, o Deputado Federal Manoel Novais e o Ministro da Saúde Maurício de Medeiros.74 Foto 30. Min. da S. Maurício de Medeiros Foto 31. Discurso do Dr. Wilson Falcão Fonte: Santa Casa de Misericórdia de Feira de Santana Foto 32. Discurso do Prof. Áureo Filho Foto 33. Dep. Manoel Novaes... Fonte: Santa Casa de Misericórdia de Feira de Santana 72 TLASCMFS, p.107. 73 Leite, G. Reminiscência. Feira de Santana: UEFS, 2009. p. 270. 74 LVSCMFS, p.18. 87 Em 30 de dezembro de 1960, final da gestão da Mesa Administrativa que tinha como Provedor o Dr. Augusto Matias da Silva, foi inaugurado o serviço de Pronto-Socorro viabilizado através de convênio assinado em 1959, com a Secretaria da Saúde do Estado, governado à época pelo General Juracy Montenegro Magalhães, então no exercício do seu último mandato.75 O prefeito do município era o ex-provedor Arnold Ferreira da Silva. Posteriormente, através do financiamento da Organização Filantrópica Misérium, viabilizado mediante um projeto da autoria da Irmã Deodata Lopes dos Santos, sob orientação do Frei Hildebrando, foi concluída a ala destinada à Maternidade.76 Assim, fruto do empenho, da dedicação e eivada de sentimentos caritativos começou uma nova fase na assistência médico-hospitalar em Feira de Santana. Foto 34. Dr. Augusto Mathias Foto 35. Irmã Deodata Lopes Foto 36. Dr. Almir Dias Fonte: Galeria da Santa Casa Autor: João Batista de Cerqueira Fonte: Gama, R. Ob. Cit. Foto 37. Vista lateral do prédio do Hospital D. Pedro de Alcântara. Fonte: Pesquisa de Campo Autor: João Batista de Cerqueira 75 LVISCMFS, p.19. 76 NOTA. Texto e depoimento ao autor da Irmã Deodata Lopes dos Santos em 04/12/2006. 88 REFERÊNCIAS: BASTOS, F. J. F. Recordações e Votos. Bahia: Officinas Duas Américas, 1917. CERQUEIRA, J. B. (org). Memorial Histórico da Santa Casa de Misericórdia de 1859 a 1954. Print Mídia Editora: Feira de Santana, Bahia. 2009. CERQUEIRA, J. B. Assistência e Caridade. A História da Santa Casa de Misericórdia de Feira de Santana – 1859 a 2009. Feira de Santana, Bahia: Print Mídia, 2009 COSTA, E.T. 50 Anos do Rotary Club de Feira de Santana. Feira de Santana: Bahia Artes Gráficas. 1991. D. PEDRO II. Diário de viagem ao Norte do Brasil. Livraria Progresso Editora: Salvador, Bahia, 1959. FALCÃO, J. A vida de João Marinho Falcão. Vitória do Trabalho e da Honra. Brasília, DF: Pax Editora Gráfica e Fotolito, 1993. FERREIRA, O. T. Retalhos da Minha Cidade. Fundação Senhor dos Passos, Núcleo de Estudos Feirenses. Feira de Santana, Bahia, 2010. FRANCO L.A P. Compromisso da Irmandade da Santa Misericórdia da Feira de Sant´Anna. Bahia: Tip. de Antonio Olavo da França Guerra, 1860. FRANCO L. A P. Relatório da Meza Administrativa da Santa Caza de Misericórdia da Villa da Feira de Sant´ Anna, ano Compromissal 1865. Bahia: Tip. Constitucional de França Guerra, 1866. 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