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Da Cirurgia a Medicina. A evolução do ensino das artes de curar na Bahia Oitocentistas

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Fábio Freitas et al (orgs.). Anais do II Encontro Nacional de Pesquisadores em História das ciências – ENAPEHC 2011. 
Salvador: UFBa / UEFS / UFMG, 2012. ISBN: 978-85-62707-30-8 
 
 
140 
 
DA CIRURGIA À MEDICINA: A EVOLUÇÃO DO ENSINO DAS ARTES DE CURAR 
NA BAHIA OITOCENTISTA 
 
 
 
João Batista de Cerqueira 
Professor Adjunto da UEFS 
Mestre em Ciências Morfológicas – UFRJ 
Doutorando em Ensino, Filosofia e História das 
Ciências - UEFS e UFBA 
jbc@uefs.br 
 
Resumo 
 
A Escola de Anatomia e Cirurgia da Bahia, instalada em 1808, transformada em 1815 no 
Colégio Médico-Cirúrgico, apresentava como objetivo inicial de ensino formar apenas 
cirurgiões. Na época, o curso implantado na colônia brasileira seguia o modelo de ensino 
vigente em Portugal, onde cirurgiões e médicos eram indivíduos de formação, conceito social 
e práticas profissionais distintas. O objetivo do presente trabalho é analisar como se processou 
a evolução e quais os fatores sociais e políticos que contribuíram para as mudanças na escola 
da Bahia oitocentista que culminaram, em 1832, com a ampliação dos objetivos pedagógicos, 
união do ensino de cirurgia e medicina em um único curso e fundação da Faculdade de 
Medicina da Bahia. 
Palavras-chave: ensino, cirurgia, medicina 
 
 
 
1 – INTRODUÇÃO 
 
 A história da Bahia é marcada por acontecimentos sócio-políticos de grande 
significado para o seu desenvolvimento. Após o descobrimento do Brasil pelos navegantes 
portugueses, a capitania recebeu o primeiro governador geral Tomé de Souza (1503-1579), 
Salvador foi escolhida como a primeira capital (ROCHA PITA, 1952, p. 111-113) e o litoral 
baiano tornou-se o principal espaço geográfico no povoamento da então colônia ultramarina 
lusitana (FREIRE, 1998. p. 15-23). 
A economia eminentemente agrária e baseada no trabalho escravo teve na área do 
Recôncavo baiano, que compreende uma região de férteis terras no entorno da Baía de Todos 
os Santos, propícias para a cultura da Cana-de-açúcar e do tabaco1, um dos polos de 
desenvolvimento do primeiro ciclo econômico na colônia brasileira (TAVARES, 2008. p. 
194-195). Por outro lado, na direção do litoral norte, em terras nas quais se situam as 
 
1 Sobre o tema consultar André João Antonil: Cultura e Opulência do Brasil. 3 ed, Belo Horizonte: 
Editora Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1982 
Fábio Freitas et al (orgs.). Anais do II Encontro Nacional de Pesquisadores em História das ciências – ENAPEHC 2011. 
Salvador: UFBa / UEFS / UFMG, 2012. ISBN: 978-85-62707-30-8 
 
 
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nascentes e bacias dos rios que correm dos sertões, o português Garcia d’Ávila (1528-1609), 
construiu os primeiros currais de gado vacum, iniciando, assim, a exploração da pecuária na 
colônia brasileira (CALMON, 1983. p. 23-24). 
Em 1808, novamente a Bahia retorna com destaque ao cenário político-colonial ao 
receber a naus capitania Príncipe Real e Afonso de Albuquerque, parte da esquadra que 
transportou a Corte portuguesa para o Brasil e que fora conduzida e protegida na travessia 
oceânica de quase dois meses por navios da Marinha britânica, comandados pelo Almirante 
Sidney Smith (1764-1840). Embora tenham chegado dia 28 de janeiro de 1808, somente dois 
dias depois, desembarcaram em Salvador o Príncipe Regente D. João (1767-1826), D. Carlota 
Joaquina (1775-1830), a Rainha D. Maria I (1734-1816), além de outros membros e vassalos 
da Corte Portuguesa (GOMES, p. 72, 107). 
Em Salvador, onde a família real permaneceu somente até 26 de fevereiro, dois 
eventos marcaram definitivamente a história brasileira: no dia 28 de janeiro de 1808, foi 
assinada a Carta Régia que determinava a abertura dos portos brasileiros às Nações amigas 
(BARROS, 1918. p. 93-96) e em 18 de fevereiro, é publicada a “Decisão N. 2” na qual o 
Príncipe Regente determina que seja criada uma Escola de Cirurgia no Hospital Real da 
Cidade da Bahia (BRASIL, 1808, p. 2). 
A Escola de Anatomia e Cirurgia da Bahia que, em 1815, passou a ser 
denominada de Colégio Médico-Cirúrgico e, em 1832, foi transformada na Faculdade de 
Medicina da Bahia, tornou-se um centro importante do ensino das artes de curar (TEIXEIRA, 
2001. p. 84), contribuindo decisivamente para minorar as carências da assistência à população 
no campo da saúde, bem como, para o desenvolvimento da medicina clínica e dos setores da 
medicina social e biológica, dentro do conceito definido por Pinell (2010, p. 182). 
Mas, afinal, naquela época, qual a legislação da Assistência Sanitária do Reino de 
Portugal vigente no Brasil colônia e quais os tipos de terapeutas que, legalmente, atuavam na 
prestação de serviço à saúde da população? 
Qual o referencial de ensino que norteou a implantação da pioneira escola baiana 
e quais os títulos conferidos aos alunos graduados pela Escola de Anatomia e Cirurgia, 
posteriormente Colégio Médico-Cirúrgico e por fim, Faculdade de Medicina da Bahia? 
Quais os principais acontecimentos políticos e sociais que contribuíram para as 
mudanças do objetivo inicial de ensino e como se processou essa evolução? 
Fábio Freitas et al (orgs.). Anais do II Encontro Nacional de Pesquisadores em História das ciências – ENAPEHC 2011. 
Salvador: UFBa / UEFS / UFMG, 2012. ISBN: 978-85-62707-30-8 
 
 
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As respostas a esses questionamentos que serão esclarecidas ao longo do texto 
constituem o objetivo principal desse estudo historiográfico, que apresenta assim outro olhar 
sobre o início e evolução do ensino das artes de curar no Brasil. 
 
2 – A ASSISTÊNCIA SANITÁRIA NO REINO DE PORTUGAL 
 
Desde a Idade Média, Portugal já dispunha de um organismo para fiscalizar o 
exercício das artes de curar. A Fisicatura-Mor foi criada em 1260 por Afonso III (1210-1279), 
aperfeiçoada em 1392 por D. João I (1347-1433), confirmada em 1440 por D. Afonso V 
(1432-1481) e ampliada por D. Manoel, em 1521 (ARAUJO, 1952. p. 40). 
Na estrutura do órgão que funcionava em Lisboa existiam os cargos de Físico-
Mor e Cirurgião-Mor, cujas funções eram examinar os candidatos a terapeutas, exigindo dos 
mesmos como requisitos a formação em universidade ou em hospital-escola ou simplesmente 
à experiência adquirida pelo postulante junto a profissional já licenciado. Se aprovado no 
exame, liberava-se para o candidato a carta de licenciamento que autoriza legalmente o 
exercício profissional (SALES, 2004, p.28-9). 
Segundo Plácido Barbosa e Cássio Barbosa de Resende, apud Ribeiro (1971, 
p.71) durante o reinado de D. Manuel (1469-1521), o Regimento da Fisicatura foi 
aperfeiçoado ampliando as suas funções conforme explicitado: 
 
“O Cirurgião-mor dos Exércitos, e os cirurgiões, juízes comissários, seus 
delegados nas capitanias, superintendiam no que era relativo ao ensino e 
exercício da cirurgia aos sangradores, parteiras, dentistas, aos que ocupavam 
em aplicar bichas e ventosas, aos que locavam ossos deslocados (algebristas), 
aos hospitais, médicos e serviços médico-militares”. 
“Ao Físico-mor do Reino e aos seus delegado, nas capitanias, competia tudo o 
que se referia ao ensino e exercício de medicina, às questões entre médicos e 
clientes, ao exercício de farmácia, a boticários, droguistas, curandeiros, a 
cirurgiões que tratassem de moléstias internas, à profilaxia das moléstias 
epidêmicas, ao saneamento das cidades”. 
 
No Brasil, ao tempo da colônia, as atribuições da Fisicatura eram desempenhadas 
pelos Delegados, continuando de forma similar com a fundação da Junta do Proto-Medicato, 
em 17 de junho de 1782 (ARAUJO, 1952, p. 40). Em 23 de novembro de 1808, através de 
alvará, o Príncipe Regente ratificou a independência da autoridade do Físico e Cirurgião-mor 
em relação a outrasrepresentações da Corte e definiu as atribuições e funções dos 
representantes do órgão de fiscalização nas províncias e colônias do Reino (BRASIL, 1874. p. 
163-164). 
Fábio Freitas et al (orgs.). Anais do II Encontro Nacional de Pesquisadores em História das ciências – ENAPEHC 2011. 
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Em 7 de janeiro de 1809, através de Carta Régia foi extinta a Junta do Proto-
Medicato, retornando a Fisicatura permanecendo, entretanto, os cargos de Físico e Cirurgião-
mor com as mesmas atribuições. Já em 1832, a Lei de 3 de outubro, além de determinar uma 
drástica redução no quadro oficial de terapeutas legalmente autorizados a exercer as artes de 
curar, determinou em seu artigo 14, que a responsabilidade na verificação dos títulos de 
médicos, cirurgiões, boticários e parteiras, a partir de então, seria da competência dos lentes 
das Faculdades de Medicina do Rio de Janeiro e da Bahia (BRASIL, 1874. p. 89). 
Durante o Império, entretanto, outro dispositivo legal conflitava com a Lei de 3 de 
outubro de 1832. Apesar do protesto nas academias, a lei que regulamentava a Guarda 
Nacional manteve a prerrogativa dos presidentes das províncias de nomear leigos e práticos, 
ou seja, pessoas não habilitadas nas Faculdades de Medicina ou com título não reconhecido 
por essas instituições, para as funções de “cirurgião-aprovado” da milícia, fato que se manteve 
até a promulgação da República (PEREIRA, 1870. p. 1, 2, 3). 
 
3 – OS TERAPEUTAS 
 
 
 Os terapeutas que exerciam atividades no Brasil no início dos oitocentos, de 
forma similar a todo Reino de Portugal, podem ser subdivididos em dois grupos ou ramos. No 
primeiro, licenciados pelo Físico-Mor para atuarem na manipulação e prescrição de remédios, 
estavam os médicos (também chamados físicos), boticários, curadores de morfeia (lepra), 
curandeiros e licenciados para curar da medicina prática. Já o segundo grupo, licenciados pelo 
Cirurgião-Mor para atuarem em procedimentos invasivos, era formado pelo cirurgião, 
cirurgião-barbeiro ou barbeiro-sangrador e parteira (PIMENTA, 1998. p. 349-353). 
Os médicos formavam-se em universidades. As preferidas pelos brasileiros foram 
as de Montpellier e Coimbra onde, entre os anos de 1615 a 1863, 205 brasileiros estudaram 
medicina (SOARES, 2001. p. 412-414). Já os cirurgiões, dependendo do local de formação, 
eram subdivididos em dois grupos: os cirurgiões-diplomados, que se formavam frequentando 
aulas e praticando a arte em hospitais e os cirurgiões-aprovados e barbeiros de formação 
apenas prática, adquirida na ajuda a um cirurgião habilitado e que, profissionalmente, se 
limitavam ao emprego de ventosas (sangrias), sarjaduras, extração de dentes e atividades de 
menor importância (SALES, 2004. p. 28, 29). 
Na Bahia, eram poucos os terapeutas que serviam à população cujo censo 
realizado em 1780, registra que em Salvador, incluindo os subúrbios, habitavam um total de 
Fábio Freitas et al (orgs.). Anais do II Encontro Nacional de Pesquisadores em História das ciências – ENAPEHC 2011. 
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64.285 pessoas (SILVA, 1931. p. 83) Na medicina, encontram-se registros das atuações dos 
doutores Luis Fernandes de Alvarenga, Manoel Luís Álvares de Carvalho e Manoel Joaquim 
Henrique Paiva enquanto que na cirurgia, os documentos acusam a presença dos cirurgiões 
José Soares de Castro, Manoel José Estrela e Cipriano Barata. 
Atuando no Hospital Real Militar da Bahia destacam-se os Cirurgiões-Mor José 
Soares de Castro (1772-1849), futuro docente do Curso de Anatomia e Cirurgia e Gonçalo de 
Jesus da Silva. Os registros dão conta de uma conferência realizada entre os dois cirurgiões e 
o médico Luís Fernandes de Alvarenga, em 21 de fevereiro de 1806, para discutir o caso do 
soldado e paciente Luis Manoel (BRITTO, 2002. p. 56). 
Na coletividade e com participação destacada na vida social e política da colônia 
atuava o plantador de canas no Recôncavo e cirurgião Cipriano José Barata de Almeida 
(1762-1838), que gozava de grande popularidade pela assistência aos humildes. Certa feita, 
insatisfeito com a realidade social e política da Bahia, em carta, desabafou a um amigo: “Aqui 
fico curando uns, e matando outros, sem dinheiro agoniado pelos desordeiros da terra.” 
(MOREL, 2001. p. 38). 
Quando da prisão de Cipriano Barata por suposta participação no Movimento 
Democrático Baiano de 1798, se percebe a influência da cultura francesa na literatura política 
e das artes de curar. No Auto do Sequestro, consta que foram apreendidos da Biblioteca do 
cirurgião, livros editados na França de conteúdo político, além daqueles que versavam sobre 
as artes de curar como o “Princípios de cirurgia por M. Jorge de La Fay, Traité dês maladies 
venériennes, Cours complet de Metaphysique sacree et profane e Traité élementaire de 
chimie” (MATTOSO, 1969. p. 14, 21-27). 
 
4– AS ARTES DE CURAR ATRAVÉS DOS TEMPOS 
 
 
Na Antiguidade, as concepções filosóficas e religiosas se refletiam diretamente 
nas doutrinas das artes de curar. Dessa forma, na medicina arcaica (Egito e Mesopotâmia), a 
doença era interpretada como um fenômeno sobrenatural e as terapias situavam-se no campo 
das representações mágico-religiosas (SOUZA MELO, 1989. p. 11-19). Já, na medicina 
grega, a interpretação da doença e suas terapias, podem ser caracterizadas por uma abordagem 
racional do mundo, própria de uma civilização marcada pelas idéias dos filósofos-médicos 
jônicos (MARGOTTA, 1998. p. 22-26). 
Fábio Freitas et al (orgs.). Anais do II Encontro Nacional de Pesquisadores em História das ciências – ENAPEHC 2011. 
Salvador: UFBa / UEFS / UFMG, 2012. ISBN: 978-85-62707-30-8 
 
 
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 Durante cerca de vinte séculos, as doutrinas oriundas da escola Greco-latina 
dominaram o campo das artes de curar. Os conceitos e orientações contidos nos volumes da 
“Coleção Hipocrática” cuja autoria é atribuída ao médico grego Hipócrates de Cós (460-365 
a.C), e os ensinamentos da vasta coleção de escritos do cirurgião romano Cláudio Galeno 
(130-200), que permaneceu, por quatro anos, na função de cirurgião dos gladiadores, 
marcaram a civilização ocidental (SINGER, 1996. p. 28, 66). 
 Ao médico Hipócrates, reverenciado como Pai da Medicina, é creditado o 
rompimento com o pensamento mitológico anterior e a interpretação da doença e das práticas 
médicas em bases racionais. É na obra da Coleção Hipocrática denominada “Sobre a Natureza 
do Homem”, que se encontra a doutrina dos quatro humores que formam o corpo vivo: 
sangue, fleuma, bile negra e bile amarela, bem como, dos quatro elementos que formam a 
matéria não viva: fogo, água, terra e ar (CASTIGLIONI, 1947. p. 189-211). 
 O cirurgião Cláudio Galeno, começou estudando filosofia em Pérgamo, onde 
nasceu. Em seguida, foi para Esmirna, depois Corinto e, finalmente, Alexandria, importante 
escola na qual concluiu sua formação nas artes de curar. Foi nessa escola egípcia onde 
floresceu um centro de estudos e pesquisa durante o período ptolomaico (BAIARDI, 1996. 
p. 69) que os gregos Herófilo da Calcedônia (cerca de 300 a.C), reconhecido pai da Anatomia 
e Erasístrato de Quíos (cerca de 290 a.C), realizaram as primeiras dissecações de corpos 
humanos. Em Alexandria, Galeno ampliou sua formação em anatomia, base fundamental para 
o exercício da atividade cirúrgica (SINGER, 1996. p. 48-72 ). 
 Iniciou-se a Idade Média, e a formação dos médicos e cirurgiões permanecia 
influenciada diretamente pelas obras de Hipócrates e Galeno, preservadas pelos árabes e 
copiadas pelos Monges copistas nos Mosteiros cristãos. Entretanto, lentamente, ganhou 
impulso o movimento de renascimento urbano,o desenvolvimento das cidades, a formação 
das corporações de ofício, a transformação dos clérigos em intelectuais e mediante 
autorização da Igreja, foram fundadas as primeiras universidades (LE GOFF, 1973. p. 12-31). 
A Europa, até o final da Idade Média, verá funcionando um total de 80 (oitenta) centros 
universitários (CASTIGLIONI, 1947. p. 382). 
Assim, progressivamente, aconteceu a transferência do saber dos Conventos, 
Mosteiros e antigas escolas latinas para as nascentes universidades das novas cidades 
medievais. Nas universidades, inicialmente, ensinavam-se apenas as sete artes liberais 
contidas no trivium: Aritmética, Gramática e Música e no quadrivium: Astronomia, 
Geometria, Retórica e Dialética. Entretanto, nas antigas escolas-catedrais de “Paris, Lião, 
Fábio Freitas et al (orgs.). Anais do II Encontro Nacional de Pesquisadores em História das ciências – ENAPEHC 2011. 
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Fulda, Itália etc” desde o ano de 805, por determinação de Imperador Carlo Magno (747-
814), a medicina, sob o nome de física, já havia sido incluída nos programas de ensino 
(CASTIGLIONI, 1947. p. 345). 
 As cidades, reinos e repúblicas da península itálica foram locais onde 
aconteceu grande desenvolvimento cultural, comercial e político nesse período da Idade 
Média (BERTONHA, 2005. p. 33). Nelas, em decorrência das mudanças econômicas que 
determinaram o fim gradual do feudalismo, desmantelando a vida das classes sociais mais 
desprotegidas, floresceram as confrarias, as irmandades e as corporações de ofício (RUSSEL-
WOOD, 1981. p. 2-4) como a guilda dos médicos de Florença na qual o poeta, médico e 
Dante Alighieri (1265-1321) era filiado (ALIGHIERI, 1998. p. 237). 
 Foi no alvorecer desse tempo no qual o Cristianismo tornou-se a religião 
hegemônica no Ocidente, determinando uma nova ordem social, que se estabeleceu a 
repugnância ao esperma e ao sangue, humores do corpo vinculados à sexualidade e à guerra 
(LE GOFF, 2010, p. 38, 39). Na nova ordem teológica, a repulsa ao esperma será um dos 
fundamentos determinantes para a obrigatoriedade do celibato entre os clérigos (oratores). 
Por sua vez, a necessidade da separação dessa ordem de pregadores da paz com a dos 
guerreiros (bellatores), vinculados à guerra e ao sangue, foi determinante para a separação da 
cirurgia e da medicina (LE GOFF, 2010, p. 38, 39). 
Na época, os Clérigos seculares e Monges que aprendiam a medicina nos 
Mosteiros, Conventos e Hospitais, foram proibidos de exercer as artes de curar, especialmente 
a cirurgia, sucessivamente pelos Concílios de Reims, Tours e Paris (CORREIA, 1999. p. 
220). Particularmente no Concilio de Reims, em 1131, foi determinado que os Monges 
somente exercessem a medicina no interior dos Mosteiros (LE GOFF, 1973. p. 30) e, por sua 
vez, o Concílio de Tours, em 1163, determinou a separação entre a medicina e da cirurgia, 
passando essa a ser progressivamente rebaixada ao nível dos ofícios manuais (LE GOFF, 
2010, p. 115). 
Desde então, segundo Santos Filho (1977. p. 291), a cirurgia passou a ser uma 
atividade considerada indigna dos médicos, razão por que era exercida por gente de baixa 
condição social, por não passar de simples ofício manual. Já a medicina era considerada uma 
prática liberal, que exigia maior estudo e menor grau de trabalho manual (WITTER, 2005. p. 
20). 
Na Inglaterra, no início do século XIV, a separação entre médicos e cirurgiões 
fazia-se desde a formação exigida para cada profissão, à filiação da corporação ou guilda na 
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qual cada um deles era obrigado a estar vinculado, bem como pela separação das atribuições 
profissionais a que cada grupo estava autorizado a desenvolver (MELO, 2011, p. 53). 
Os médicos formavam a elite da elite, usavam beca e sentiam-se superiores aos 
cirurgiões. Esses, por sua vez, sofriam a concorrência dos barbeiros, que realizavam 
drenagem de abscesso, sangria, extração de dentes e pequenas cirurgias. Em 1540, Henrique 
VIII (1491-1547) promulgou uma lei que unia as profissões de barbeiros e cirurgiões, 
nascendo assim Companhia de Cirurgiões-barbeiros de Londres e em 1558, objetivando a 
formação acadêmica dos médicos, criou o Real Colégio dos Físicos (MELO, 2011, p. 54-55). 
Na França, mantendo a tradição medieval nela iniciada, o ensino de cirurgia e 
medicina era realizado em cursos e instituições distintas. O contraste era tão grande que em 
Paris, o estudante de medicina tinha que jurar que não faria nenhuma cirurgia 
(CASTIGLIONI, 1947. p. 474). Entretanto, uma mudança radical estava em curso, como 
resultado da Revolução de 1789. Após o fechamento das universidades ao longo da fase de 
radicalização comandada por François Robespierre (1758-1794), em 1795, com o golpe de 
Estado do Thermidor, começou a fase de reconstrução das instituições quando então foi 
abolida a separação e promovida a união no ensino da cirurgia e da medicina em um mesmo 
curso (PINELI, 2010. p. 180). 
Em Portugal, o ensino de Medicina começou no Mosteiro de Santa Cruz de 
Coimbra, em 1130 (PIRES DE LIMA, 1943, p. 18) continuando na Universidade de 
Lisboa/Coimbra, fundada em 1290 (FARINA, 1996. p. 8). Nos séculos que se seguiram, 
apesar dos avanços dos descobrimentos, o isolamento cultural de Portugal determinado pela 
Inquisição, instalada em 1536 e extinta somente em 1821(SOUZA, 1986. p. 381), foi uma das 
causas do atraso no desenvolvimento da medicina portuguesa que, até o final do século XVII, 
permaneceu submetida à doutrina escolástica, utilizando-se, como recurso didático para a 
formação dos médicos leituras e discussões acerca de textos de Hipócrates, Galeno e Avicena 
(GREEN, 2011. p. 130-145). 
Na segunda metade do século XVIII, entretanto, graças às reformas iniciadas na 
metrópole e lideradas por Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-1782), Marquês de 
Pombal, as mudanças ultrapassaram os âmbitos administrativos, econômicos e políticos, 
alcançando também o universo das ciências, difundindo, em Portugal, a racionalidade 
científica iluminista (ABREU, 2007. P. 761). 
As reformas na Universidade de Coimbra foram iniciadas em 1772. Em 1786, 
passou-se a ministrar aulas de Física, Química, Botânica, Farmacologia e Anatomia no curso 
Fábio Freitas et al (orgs.). Anais do II Encontro Nacional de Pesquisadores em História das ciências – ENAPEHC 2011. 
Salvador: UFBa / UEFS / UFMG, 2012. ISBN: 978-85-62707-30-8 
 
 
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de medicina (MOREL, 2001. p. 34-36). Formavam-se como Licenciados os alunos que 
cursassem quatro anos; Bacharel em Medicina aqueles que cursassem cinco anos e fizessem 
defesa de “conclusões magnas”, e Doutores em Medicina aqueles que fizessem defesa de tese 
(SALES, 2004. p. 28). 
Ainda em Portugal, com relação à cirurgia, a opção inicial para formação do aluno 
ou aprendiz era que o mesmo acompanhasse no treinamento um profissional já licenciado 
(SANTOS FILHO, 1979, p. 291-294). O ensino oficial de cirurgia somente começou em 
1504, no Hospital de Todos os Santos (PIRES DE LIMA, p. 25), atual Hospital São José de 
Lisboa, continuando em 1825, com a implantação das Academias Régias de Cirurgia nas 
cidades de Porto e Lisboa (BARRETO, 2005. p. 16, 68). 
 
5 – O ENSINO DAS ARTES DE CURAR NO BRASIL 
 
 
No período colonial, a política do império português, para o Brasil, pode ser 
caracterizada pela tentativa de isolamento e monopólio sobre o território e as riquezas da 
colônia onde a Corte portuguesa e seus representantes tudo determinava (ARRUDA, 2000. p.168). No campo do ensino dominado pelos padres da Companhia de Jesus até 1759, o 
governo absolutista do Marquês de Pombal, apesar das propostas da “reforma ilustrada”, 
impunha censura à circulação de livros e obras, especialmente estrangeiras e, sobretudo de 
natureza hostis ao regime absolutista (FALCON, 2000. p. 157). 
Entretanto, em 1808, com a transferência da Família Real portuguesa para o Brasil 
era necessário dotar a colônia das mínimas condições sanitárias para, assim, propiciar bem-
estar e assistência aos vassalos e demais membros da Corte. Assim, em 18 de fevereiro de 
1808, foi instalada a “Escola de Anatomia e Cirurgia da Bahia” com a missão de formar 
“cirurgiões” para suprir as carências da colônia (TAVARES-NETO, 2004. p. 9). 
No presente estudo, a evolução histórica desse primeiro curso de ensino das artes 
de curar no Brasil, será analisada dividindo-se o período a ser estudado em três etapas ou 
fases: a primeira, começa com a fundação da Escola de Anatomia e Cirurgia da Bahia; a 
segunda, inicia-se com a implantação do Colégio Médico-cirúrgico e, finalmente, a terceira 
fase começa com a instalação da Faculdade de Medicina da Bahia. 
 
 
 
Fábio Freitas et al (orgs.). Anais do II Encontro Nacional de Pesquisadores em História das ciências – ENAPEHC 2011. 
Salvador: UFBa / UEFS / UFMG, 2012. ISBN: 978-85-62707-30-8 
 
 
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5.1 A Escola de Anatomia e Cirurgia da Bahia: 1808-1815 
 
 
A primeira fase começou com a Decisão Régia N. 2 expedida pelo Ministro do 
Reino, D. Fernando José de Portugal (1752-1817), ao Capitão-general da Bahia, D. João 
Saldanha da Gama (1773-1809), atendendo aos conselhos e recomendações do 
pernambucano, Cirurgião-mor do Reino e Lente da Universidade de Coimbra, Dr. José 
Correia Picanço (BRASIL, 1874. p. 2). 
O local escolhido para funcionamento da escola foi o Hospital Real Militar da 
Bahia, que, em 1754, instalado como uma enfermaria no Convento da Palma dos Frades 
Agostinianos Descalço, durante um surto de “bexiga” em Salvador, em 4 de outubro de 1779, 
passou, oficialmente, a funcionar no antigo prédio do Colégio dos Jesuítas, situado no Largo 
do Terreiro de Jesus, em Salvador (BRITTO, 2002. p.51, 52, 62). 
Os dois primeiros e únicos professores da escola já atuavam no Hospital Real 
Militar como cirurgiões e foram nomeados como docentes por ato do Dr. José Correia 
Picanço (1745-1824/1826). Foram eles: o Cirurgião-mor português José Soares de Castro 
(1772-1849), docente da cadeira de “Lições teóricas e práticas de Anatomia e Operações 
Cirúrgicas” e o Cirurgião-mor brasileiro, também formado no mesmo colégio, Manuel José 
Estrela2 (1760-1840), docente da cadeira de “Cirurgia especulativa e prática” (NAVA, 2003. 
p. 50). 
As condições iniciais de funcionamento da escola eram precárias e isso se refletiu 
inclusive no número de alunos e na quantidade de concluinte do curso. Entre 1812 e 1818, 
como alunos da 1ª a 7ª turmas, os registros mostram que se formaram apenas cinco cirurgiões: 
Antonio José de Souza e Aguiar, Francisco Gomes Brandão, Francisco Sabino Alves da 
Rocha Vieira, José Álvares do Amaral e Manoel José Bahia (TAVARES-NETO, 2008, p. 48). 
Na área social, a agitação tomava conta da capitania e em decorrência da 
declaração de guerra à França, determinada por D. João através do Decreto de 10 de junho de 
1808, franceses em trânsito ou residentes em Salvador foram hostilizados por suspeita de 
espionagem. Na época, até jovens brasileiros que retornaram da Europa foram presos 
acusados de expandirem ideias subversivas e viajarem em companhia de emissário de 
Napoleão Bonaparte (1769-1821), imperador da França (CARDOSO, 1997. p. 243, 244). 
 
2 Maria Renilda Nery Barreto (2005. p. 42) não confirma a informação de Ribeiro (1971) e Nava (2003) 
de que Manoel José Estrela tenha se formado em Lisboa, onde no Hospital São José formavam-se cirurgiões. A 
pesquisadora identificou um atestado de matrícula do mesmo como aluno da Universidade de Coimbra. 
 
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Entretanto, apesar da guerra e das questões políticas era evidente a influência da 
cultura francesa na vida baiana. Dois exemplos são ilustrativos: a relação de livros políticos e 
da área da saúde, editados na França, pertencentes a Biblioteca do político e cirurgião 
Cipriano Barata (MATTOSO, 1969. p. 18) e os compêndios também da literatura francesa 
adotados pelo Cirurgião-mor e docente Manoel José Estrela na Escola de Anatomia e 
Cirurgia: Princípios de cirurgia por M. Jorge de La Fay e Recherches physiologiques sur la 
vie et la mort de M Francisco Xavier Bichat (OLIVEIRA, p. 114). 
Na área cultural e política, após a instalação da Corte portuguesa no Brasil o clima 
era de transformação. Em 13 de maio de 1811, funda-se, em Salvador, a primeira Biblioteca 
Pública brasileira e D. João assina a Carta Régia pela qual o Brasil é elevado à condição de 
Reino Unido a Portugal e Algarves (CARDOSO, 1997. p. 243). 
No mesmo período outro acontecimento de grande importância materializou-se na 
Bahia. Em 14 de maio de 1811, começou a circular em Salvador a primeira Gazeta da Bahia 
denominada de “Idade d’Ouro do Brazil”, impresso na tipografia do comerciante português 
Manoel Antonio da Silva Serva. A Gazeta, cuja última edição circulou em 18 de abril de 
1823, através das notícias veiculadas nas suas edições, promoveu o intercâmbio cultural com 
os países da Europa, propiciando assim a divulgação das novas ideias políticas, sociais e 
científicas (BAHIA, 2011). 
É nesse contexto de mudanças que acontece a primeira reforma do ensino da 
Escola Baiana, orientada pelo Dr. Manoel Luís Álvares de Carvalho (1751-1825), nascido na 
Bahia e formado em medicina pela Universidade de Coimbra, em 1782. Após acompanhar a 
Corte portuguesa na viagem para o Brasil, em 1812, foi nomeado Diretor dos Estudos 
Médico-Cirúrgicos da Corte e do Estado do Brasil, função na qual elaborou o primeiro Plano 
de Reforma de Ensino de Cirurgia, aprovado e colocado em prática por determinação de D. 
João VI (RIBEIRO, 1971. p. 134). 
 
5.2 O Colégio Médico-cirúrgico: 1816-1832 
 
 
A segunda fase se inicia com a Carta Régia de 29 de dezembro de 1815, que 
implanta a reforma e transforma a Escola de Anatomia e Cirurgia no “Collegio Medico-
Chirurgica da Bahia” (BRASIL, 1890. p. 30). O período escolar foi ampliado para cinco 
anos, o curso foi transferido do Hospital Real Militar para o Hospital São Cristóvão, de 
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propriedade da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, aumentou o número de cadeiras ou 
disciplinas e foram nomeados novos professores (OLIVEIRA, 1992, p. 47-49). 
A escola passou a oferecer as cadeiras de Anatomia, Fisiologia, Química, 
Etiologia, Patologia, Terapêutica, Operações, Obstetrícia e Clínica Médica. Mesmo 
ampliando as cadeiras e o tempo de estudo, a escola continuou formando apenas “cirurgiões”, 
deferindo o título de “cirurgião-aprovado” aos alunos que cursassem por cinco anos e de 
“cirurgião-diplomado” para aqueles que repetissem por mais um ano as disciplinas das duas 
últimas séries (SANTOS FILHO, 1979, p. 202). 
Quanto aos docentes, além dos dois professores que já ensinavam, atuaram na 
escola mais 12 (doze) docentes: Antônio Ferreira França, Antônio Policarpo Cabral, Fernando 
Cândido da Costa Dormund, Francisco de Paula Araújo e Almeida,Francisco Marcelino 
Gesteira, João Baptista dos Anjos, Jônatas Abbott, José Álvares do Amaral, José Avelino 
Barbosa, José Lino Coutinho, Manoel da Silveira Rodrigues e Manoel Joaquim Henrique de 
Paiva (TEIXEIRA, 2001. p. 268). 
Essa fase é repleta de acontecimentos cruciais para a história da Bahia e do Brasil. 
Além da costumeira agitação social interna, a Revolução Constitucionalista de 1821 em 
Portugal e a eleição dos deputados baianos às Cortes em Lisboa entre os quais o cirurgião 
Cipriano Barata e o médico Dr. Lino Coutinho, muito contribuíram para a crise política que 
culminou com a Independência do Brasil, consolidada na Bahia somente no dia 2 de julho de 
1823 (CARDOSO, 1997. p. 242-246). 
O estado brasileiro já nasceu sob forte influência das ideias liberais. Mesmo 
mantendo o regime monárquico, na escolha do nome preferiu “Império” a “Reino”, pois assim 
aproximava-se da imagem do regime comandado por Napoleão Bonaparte (MOTTA, 2008, p. 
31). Segundo Barreto (2005. p. 12), na construção do Estado Nacional Brasileiro era 
necessário renegar o passado colonial e aproximar-se de estados nacionais já consolidados 
como a Inglaterra e a França. 
 O interesse de aproximação com a França parece ter sido recíproco. É dessa 
forma que se pode interpretar o ofício do cônsul da França na Bahia, Mr. Guinebaud, 
endereçado ao Presidente da Província da Bahia, Francisco Vicente Viana (1754-1828). No 
oficio, datado de 12 de março de 1824, o cônsul Francês discorre sobre as facilidades que o 
governo de S. M. Cristianíssima resolveu oferecer, para transporte de estudantes brasileiros 
para a França (BRASIL, 1948. p. 254). 
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Proclamada a independência, em 3 de maio de 1823 foi instalada a Assembléia 
Constituinte, oportunidade na qual foram discutidas diversas propostas referentes ao ensino 
no Império. Após a promulgação da primeira Carta Magna, D. Pedro I posicionou-se frente à 
graduação dos alunos do Colégio Médico-cirúrgico, então em pleno funcionamento 
(MOACYR, 1936. p. 71). Essa posição oficial veio através da Lei de 9 de setembro de 1826 
(BRASIL, 1890. p. 8, 9, 10) que “manda passar cartas de cirurgião, e de cirurgião formado 
aos que concluírem os cursos das escolas de cirurgia do Rio de Janeiro e da Bahia. Dita o 
texto: 
Art. 1º Haverão cartas de cirurgião, ou cirurgião formado, todos 
aquelles, que nas escolas de cirurgia do Rio de Janeiro, e Bahia, já têm 
concluído com approvação, ou concluírem em diante, o curso de cinco, 
ou seis annos, na conformidade dos seus estatutos. 
Art. 5º Os que conseguirem a carta de cirurgião poderão livremente 
curar de cirurgia em qualquer parte do Império, depois que com ella se 
apresentarem à autoridade local. 
 
Assim se posicionou o estado brasileiro frente à questão: ratificou que o aluno 
graduado seria titulado como cirurgião, entretanto, já sinalizava com novos tempos para o 
restrito ensino das artes de curar no Brasil. Em 1832, último ano de funcionamento do 
Colégio Médico-cirúrgico da Bahia, encerou-se a segunda fase do ensino de cirurgia no 
Brasil. Até aquele ano formaram-se da 1ª a 17ª turmas, apenas 27 cirurgiões, inclusive com os 
cinco graduados, inicialmente pela Escola de Anatomia e Cirurgia (TAVARES-NETO, 2008, 
p. 48). 
Em 1833, um novo ciclo começa nas escolas do Rio de Janeiro e da Bahia. A 
reforma instituída pela Lei de 3 de outubro mudou radicalmente o modelo pedagógico e os 
objetivos de ensino. Na mudança foi abandonado o modelo fragmentado de ensino português, 
inicialmente adotado pela escola brasileira, e implantado o modelo de ensino unificado 
originalmente francês. A partir de então, no Brasil, a cirurgia e a medicina estavam reunidas 
em um único curso e, em decorrência, os formados passaram a receber a titulação e o diploma 
de doutor em medicina. 
 
5.3 A Faculdade de Medicina: 1833... 
 
 
Portanto, a terceira fase começa com a Lei de 3 de outubro de 1832 que “Dá nova 
organização às actuais Academias Medico-cirurgicas das cidades do Rio de Janeiro, e Bahia 
(BRASIL, 1874. P. 87-92). Essa Lei que criou as Faculdades de Medicina foi discutida e 
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aprovada pela Câmara e Senado, e sancionada pelos membros da Regência Trina Permanente 
e assinada pelo Senador Nicolau Pereira Campos Vergueiro (1778-1859), ministro do Império 
(BRITTO, 2003. p. 3, 4). 
O Projeto inicial seguia o modelo francês e foi elaborado pela Sociedade de 
Medicina do Rio de Janeiro, embrião da Academia Imperial de Medicina (EDLER, 2022. p. 
364). Encaminhado à Câmara, com pequenas modificações, principalmente de autoria dos 
professores Dr. José Lino Coutinho e Paula de Araújo, foi transformada em Lei. A nova 
legislação era de orientação liberal “inspirara-se, nos pormenores da organização no modelo 
Frances. Nem disso se fez segredo, tanto que em um de seus artigos se mandava adaptar, 
para os casos omissos, os estatutos da Faculdade de Paris (FREIRE, 1968. p. 93). 
O novo curso continuou a funcionar no Hospital da Santa Casa, mas ambos, curso 
e hospital, foram transferidos para o prédio do Colégio dos Jesuítas, fundado em 1556 
(CARDIM, 1933, p.184). Foram ampliados os objetivos de ensino, as disciplinas e o período 
de formação que passou para seis anos, mudando-se, também, a designação da escola para 
Faculdade de Medicina da Bahia (OLIVEIRA, 1992, p. 90). 
Ao tempo em que a lei reuniu cirurgia e medicina em um único curso passando a 
titular doutores em medicina, com exigência de defesa de tese para graduação, também 
implantou nas mesmas Faculdades o curso de Farmácia, com duração de três anos. As 
disciplinas do curso de medicina foram divididas em três blocos: Ciências Acessórias - Física, 
Botânica e Zoologia, Química e Mineralogia; Ciências Médicas - Fisiologia, Patologia 
Interna, Matéria Médica e Farmácia, Higiene e História da Medicina e Clínica Interna; 
Ciências Cirúrgicas - Anatomia Geral e Descritiva, Patologia Externa, Partos, Medicina 
Operatória e Aparelhos e Clínica Externa (BRASIL, 1874. P. 87-92) 
Nessa fase, mais uma vez, foi ampliado o quadro de professores, entre os quais 
continuou figurando o atuante Dr. José Lino Coutinho (1784-1836), formado pela 
Universidade de Coimbra, professor, político, Ministro da Justiça, autor do “Plano Geral de 
Saúde Pública” e primeiro Diretor da Faculdade de Medicina (OLIVEIRA, 1992, p, 389-90). 
 
6 - CONCLUSÕES 
 
 
A Escola de Anatomia e Cirurgia implantada em 1808, cujas atividades eram 
desenvolvidas no Hospital Real Militar da Bahia, tinha como objetivo pedagógico graduar 
cirurgiões e seguia o modelo de ensino português pelo qual a formação do cirurgião poderia 
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ser realizada acompanhando as atividades de um cirurgião-mestre ou em um hospital, como o 
Hospital São José de Lisboa, referencial para a Escola Baiana. 
 Na época, ainda vigorava em Portugal e suas colônias uma legislação que 
mantinha a tradição medieval pela qual, cirurgiões e médicos, eram terapeutas de formação, 
conceito social e práticas profissionais distintas. A medicina era vinculada a atividade 
intelectual, à filosofia, e ao raciocínio clínico. Por sua vez, a cirurgia era apenas um ofício 
manual, geralmenteexercida por indivíduos de classe social subalterna. 
Naquele contexto, a diferenciação entre médicos e cirurgiões se estabelecia pelo 
local de estudo para formação: medicina em universidade e cirurgia em hospital; pela 
quantidade e conteúdos das cadeiras; pelo período do curso; pelos requisitos para graduação: 
medicina com “carta magna” ou “tese” e cirurgia sem defesa de trabalho intelectual e pelas 
atividades nas artes de curar que os profissionais estavam legalmente autorizados a 
desenvolver: médico tratava doenças internas enquanto que cirurgião realizava procedimentos 
externos e invasivos. 
Portanto, implantada em 1808, tivemos apenas a Escola e o curso de Anatomia e 
Cirurgia, formando cirurgiões, titulação essa foi que ratificada após a Independência, através 
da Lei de 9 de setembro de 1826. Somente em 1832, com a Lei de 3 de outubro, inspirada no 
modelo de ensino originalmente Francês, foi que aconteceu a evolução do ensino da cirurgia à 
medicina que começou pela Escola de Anatomia e Cirurgia, para, enfim, chegar a Faculdade 
de Medicina da Bahia. 
 
 
 
 
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