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Aula 12 – Projeto de Cames Análise Gráfica Prof.: Ricardo Humberto de Oliveira Filho CAMES Definição Came é um elemento mecânico usado para acionar outro elemento, chamado seguidor, por meio de contato direto. CAMES Funcionamento Normalmente os cames são empregados para a transformação do movimento de rotação de um elemento em movimento alternado de outro elemento. A peça fixada ao elemento de rotação, o came é sempre o elemento motor; ao elemento comandado é dado o nome de seguidor, que, por sua vez, pode ser chamado de haste oscilante, quando o movimento é angular, ou haste guiada, quando o movimento é retilíneo. CAMES CAMES Aplicações Os mecanismos de came são simples, de projeto fácil e ocupam um espaço muito pequeno. Além disso, os movimentos dos seguidores podem ter todas as características desejadas e não são de difícil obtenção. Por tais razões, os mecanismos de came são largamente utilizados em máquinas, sendo encontrados em motores de combustão interna, máquinas tipográficas, máquinas têxteis, máquinas ferramentas, máquinas automáticas de embalar, armas automáticas, dispositivos de comandos etc. CAMES Terminologia para cames Os cames podem ser classificado de muitas maneiras: • Quanto ao tipo de deslocamento do seguidor: CAMES • De acordo com sua forma: CAMES • Quanto ao tipo de fechamento da junta: por forma ou por força; CAMES • Pelo tipo de seguidor: CAMES • Quanto à posição em relação ao eixo de giro do came: CAMES • Quanto ao tipo de retorno do seguidor: CAMES • Pelo tipo de restrições de movimento: PEC - posição extrema crítica: Refere-se ao caso em que as especificações do projeto definem a posição inicial e final do seguidor, mas não especificam qualquer restrição no percurso entre as duas posições extremas. PMC - percurso de movimento crítico: O percurso do movimento e/ou uma ou mais de suas derivadas precisam ser definidos em todo ou em parte do intervalo do movimento. CAMES • Pelo tipo de programa de movimentação: SD – sobe-desce; SDP – sobre-desce-para; SPDP – sobe-para-desce-para; NOMENCLATURA Cames de Disco • Circunferência de base - É a menor circunferência com o mesmo centro do came e tangente internamente a ele. NOMENCLATURA • Ponto de traçado - É um ponto convenientemente escolhido sobre o seguidor, utilizado para determinar o perfil primitivo do came; corresponde ao centro do rolete ou à arresta do seguidor de ponta. No caso dos seguidores de ponta, o ponto de traçado também é o ponto de contato. NOMENCLATURA • Perfil primitivo - É aquele descrito pelo ponto de traçado. • Ângulo de pressão α - É o ângulo entre a normal à curva primitiva e o deslocamento do seguidor. Esse ângulo é variável ao longo do perfil do came. NOMENCLATURA • Perfil do came - É a curva limite de seu contorno. No caso do seguidor de ponta, é o próprio perfil primitivo. • Circunferência principal - É a menor circunferência com o mesmo centro do came e tangente ao perfil primitivo. NOMENCLATURA • Ponto primitivo - É o ponto do perfil primitivo onde o ângulo de pressão é máximo. • Ângulo de ação β - É o ângulo de rotação do came para realização de um evento qualquer. NOMENCLATURA • Circunferência primitiva - É uma circunferência com o mesmo centro do came e que passa pelo ponto primitivo. PROJETO DE CAMES Considerações gerais De um modo geral deseja-se na prática, determinar o perfil de um came para um movimento conhecido ou escolhido do seguidor. O came é dotado de uma determinada velocidade de rotação, geralmente uniforme. O problema consiste então em determinar, algébrica ou graficamente, um perfil para o came, o qual promova o movimento especificado para o seguidor. A solução algébrica exige que o movimento do seguidor obedeça a uma equação, enquanto a solução gráfica se aplica a qualquer caso. Por esta razão e pela sua simplicidade, o processo gráfico se impõe, na maioria dos casos. PROJETO DE CAMES Para se obter graficamente o perfil do came, dois processos são empregados, o primeiro para cames de disco e o segundo para cames cilíndricos ou cônicos. Para os cames de disco, utiliza-se o processo de inversão do movimento, isto é estuda-se o movimento relativo; para isso, supõe-se o came imóvel, enquanto o seguidor é suposto girando em torno do eixo do came, em sentido contrário ao giro do came. No caso dos demais cames, desenvolve-se a sua superfície lateral em um plano, por exemplo, no came cilíndrico. PROJETO DE CAMES Dados básicos para traçado gráfico do came de disco PROJETO DE CAMES Na realidade, o processo de concepção de um came inicia-se pela traçagem do referido diagrama, em que: - a abscissa corresponde aos 360º de rotação completa do came, (devendo ter o perímetro da circunferência principal) - a ordenada representa o deslocamento linear pretendido do seguidor. PROJETO DE CAMES Neste diagrama pode-se identificar facilmente os períodos de subida, de retorno e de parada ‘superior’ ou ‘inferior’ do seguidor, salientando que um came pode apresentar vários destes estágios ao longo de uma única rotação. Nota-se também a existência de pontos de inflexão das curvas, que correspondem aos pontos primitivos do traçado do came e que, coincidindo com a maior inclinação da curva primitiva, se traduzem nos pontos de ângulo de pressão máximo. A abscissa do diagrama divide-se num número conveniente de partes, dependendo unicamente da precisão requerida para a traçagem, correspondendo a setores angulares de rotação do próprio came. PROJETO DE CAMES PROJETO DE CAMES PROJETO DE CAMES Diagramas de deslocamento Diagrama de deslocamento é um gráfico representativo, do deslocamento do ponto de traçado em função de β que é o ângulo de ação do came. O diagrama é traçado para uma rotação completa do came e representa as diversas posições do seguidor em um ciclo de seu movimento. Utiliza-se o mínimo de 6 (seis) pontos de traçado, colocados na ordenada (y) para o deslocamento do seguidor, correspondendo respectivamente a 6 (seis) divisões na abscissa (x) do respectivo deslocamento do came, para cada movimento considerado. PROJETO DE CAMES Movimento Uniforme - MU O movimento uniforme corresponde a um deslocamento regido por uma equação do tipo , em que y é o deslocamento do seguidor e θ o ângulo de rotação do came. Por sua vez, a velocidade e a aceleração do seguidor serão dadas por: em que ω é a velocidade angular (constante) do came. d y dy d d d v dt dt 2 2 0 d y d d a dt dt PROJETO DE CAMES a) Características PROJETO DE CAMES b) Construção do diagrama do MU Dividir as ordenadas e abscissas na mesma quantidade de pontos e ligar os pontos correspondentes. PROJETO DE CAMES Movimento uniforme modificado Pelo fato de implicar uma passagem abrupta da condição de repouso à de velocidade constante (e vice-versa) tornam-se óbvios os inconvenientes da utilização de um movimento uniforme puro. A situação, que se traduz na existência de acelerações teoricamente infinitas na zona de transição, levaria à geração de forças muito elevadas no início do movimento, além da impossibilidade do seguidor se manter em contato com a superfície do came no fim da subida. Questões similares acontecem no retorno (descida) do seguidor. PROJETO DE CAMES Assim, uma solução simples seria o “arredondamento” das zonas de transição, com o auxílio de arcos de raio igual à elevação total (d). PROJETO DE CAMES Movimento Harmônico Simples - MHS a) Características PROJETO DE CAMESb) Equações do diagrama do MHS A curva para este tipo de movimento pode ser obtida conforme mostra a figura, sendo o deslocamento do seguidor dado por: Para a velocidade e a aceleração: 1 cos 2 d y 2 2 dy d d d v sen sen dt dt 22 2 cos 2 d y d a dt PROJETO DE CAMES c) Modo de construção Traçar um arco com raio igual metade do curso do seguidor (r=d/2). Divide-se o arco em n segmentos de ângulos. Projeta-se os pontos de cada segmento de ângulo do arco na linha das ordenadas. Cada ponto é ligado ao seu correspondente ângulo nas abscissas. PROJETO DE CAMES Movimento Parabólico –MP a) Características PROJETO DE CAMES b) Equações do movimento parabólico A equação do movimento é divida em duas partes, definidas pelo ponto de inflexão. Na primeira parte do movimento: 0 ≤ θ ≤ ponto de inflexão. Sendo a velocidade e aceleração dadas por: 2 2y d 2 4dy d v dt 2 2 2 2 4d y d a dt PROJETO DE CAMES Na segunda parte do movimento: ponto de inflexão ≤ θ ≤ β. Sendo a velocidade e aceleração dadas por: 2 1 2 1y d 4 1 dy d v dt 2 2 2 2 4d y d a dt PROJETO DE CAMES c) Modo de construção do diagrama do MP 1 - Pela origem do diagrama de deslocamento, traçamos uma reta com um ângulo menor que 90° em relação à ordenada. PROJETO DE CAMES 2 - Em função da precisão escolhida (mínimo de 6 pontos de traçado), devemos dividir esta reta em partes proporcionais conforme somatório dos números ímpares da tabela. PROJETO DE CAMES 3 - Unir a última divisão da reta ao curso máximo do seguidor. 4 - Traçar retas paralelas à reta gerada no passo 3 para cada uma das divisões proporcionais, com isto obtemos os pontos das ordenadas para o traçado do came. PROJETO DE CAMES Movimento Cicloidal - MC a) Características PROJETO DE CAMES b) Equações do movimento cicloidal: O deslocamento do seguidor é dado por: Sendo a velocidade e a aceleração dadas por: 1 2 2 y d sen 2 1 cos dy v d dt 22 2 2 2 d y a d sen dt PROJETO DE CAMES c) Construção do diagrama MC 1 - Montar a estrutura do diagrama, com a elevação do seguidor e o correspondente deslocamento angular do came no movimento considerado (mínimo de 6 pontos de traçado). 2 - Desenhar no canto superior direito um círculo com raio r=d/2π. PROJETO DE CAMES 3 - Dividir o circulo do passo 2 em um número igual aos deslocamentos angulares adotados para o came (pontos de traçado) no movimento. Considere o zero em 3 horas e sentido horário para 1-2-3-4-5-6. 4 - Projetar as divisões do circulo ortogonalmente no diâmetro vertical do circulo. PROJETO DE CAMES 5 – Traçar uma diagonal no diagrama de acordo com seu movimento, seja de subida ou de descida. Para 6 pontos de traçado esta diagonal define os pontos 0, 3 e 6 do deslocamento do seguidor. PROJETO DE CAMES 6 - Projetar os outros pontos obtidos no diâmetro vertical com retas paralelas à diagonal do passo 5. Com isto são obtidos os pontos de traçado 1 e 2 para a paralela inferior e os pontos 4 e 5 para a paralela superior. PROJETO DE CAMES Determinação gráfica do perfil do came Inicia-se o procedimento dividindo o diagrama de deslocamento num número conveniente de partes, tendo em consideração os pontos mais relevantes do movimento: início e fim de subida, descida, etc. Em seguida, divide-se a circunferência de base do came nos setores angulares equivalentes à divisão efetuada no diagrama de deslocamentos. Partindo de um diagrama de deslocamentos, o valor da ordenada de cada ponto pode ser transferido para o correspondente raio do setor angular no desenho do came, adicionando-o à circunferência principal. PROJETO DE CAMES Perfil do came de disco com seguidor de translação (haste guiada) 1 - Dividir a circunferência base (Rm) em β1, β2, β3, β4.... βn conforme número de movimentos considerados. 2 - Considerar o came como fixo e girar o seguidor no sentido contrário ao giro real do came. 3 - Com a ponta seca do compasso no centro da circunferência base, combina-se os pontos de traçado em “d” com as divisões angulares do item 1, observando a lógica do diagrama de deslocamento. Com isto encontramos os pontos de traçado do perfil do came. No caso de seguidor de rolete, encontramos os centros onde devemos desenhar os roletes, para traçar o perfil do came tangente a estes roletes. Came girando no sentido horário! No caso de seguidor de ponta, encontramos o próprio perfil do came. No caso de seguidor de face plana, o ponto de traçado corresponde ao ponto central da face de contato do seguidor. Esboçam-se todas as linhas da superfície de contato do prato. A curva do came é obtida pelo polígono definido pelas linhas tangentes à superfícies do seguidor, em todas as posições definidas. PROJETO DE CAMES Perfil do came de disco com seguidor de haste oscilante Para traçar este tipo de perfil, utilizam-se os mesmos princípios adotados no traçado do perfil do came de disco com seguidor de translação, a haste é suposta girando em torno do came no sentido contrário ao giro do mesmo. Ao mesmo tempo, a haste deverá girar em torno de seu próprio centro através do deslocamento angular especificado para cada posição. PROJETO DE CAMES Inicia-se o procedimento traçando a circunferência correspondente ao eixo de rotação do seguidor, com centro no eixo do came, dividindo-o depois no número de setores angulares previamente definido no diagrama de deslocamentos (0”, 1”, 2”, ...). Nota: nestes casos, a ordenada do diagrama de deslocamentos corresponde a variações angulares, e não lineares. PROJETO DE CAMES Em seguida, esboça-se o seguidor na sua posição de partida e sobrepõe-se o arco de oscilação pretendido, marcando as diferentes posições angulares (1, 2,...) constantes do diagrama de deslocamentos. PROJETO DE CAMES O perfil primitivo é então determinado pelas interseções do arco com centro no eixo do came, saído dos pontos que determinam o deslocamento do seguidor (1, 2, ...) (verde) com o arco de raio igual ao comprimento do seguidor com centro no eixo da posição considerada (1”, 2”, ...) (amarela). Por exemplo para o ponto 3: PROJETO DE CAMES Perfil do came cilíndrico com seguidor de rolete para MHS O perfil do came será determinado desenvolvendo-se a superfície lateral do cilindro em um plano. Considerando-se o ponto de traçado, o perfil primitivo será o próprio diagrama de deslocamento. PROJETO DE CAMES Desenhando-se sobre este diagrama círculos representativos das posições relativas dos roletes, pode-se facilmente determinar o perfil do came, ou seja, a forma de ranhura a abrir na superfície lateral do came.
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