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18/04/2016 Revista Cult O que o feminismo ensina à política Revista Cult http://revistacult.uol.com.br/home/2015/05/oqueofeminismoensinaapolitica/ 1/3 Edições Berenice Bento Marcia Tiburi Renan Quinalha Welington Andrade Ricardo Goldenberg Oficina Literária Espaço CULT Loja CULT na Cult na Web O que o feminismo ensina à política Publicado no Zero Hora em 10 de maio de 2015 Martha Rosler, ‘Nature Girls (Jumping Janes)’, uit de serie ‘Body Beautiful or Body Knows No Pain’, 196672, fotomontage A democracia brasileira não está consolidada, ao contrário, ela parece ameaçada. Os prejuízos da ditadura militar ainda se fazem sentir nas marcas autoritárias visíveis no parlamento atual, assim como nas esferas micrológicas da vida cotidiana, bem como em todas as instituições. Camadas da sociedade vivem amedrontadas, outras tantas pagam todos os preços sociais da humilhação e da exploração. A violência partilhada por todos e, e em seu profundo lastro políticoeconômico, provocada por poucos, parece insuperável tanto ao nível simbólico quanto material e físico. Apesar da precariedade concreta de nossa democracia, o desejo que a mantém viva – e que impulsiona várias de suas realizações na contramão do autoritarismo como tendência dominante – é sinal de que podemos avançar. Numa aliança entre trabalho e conhecimento, dizer que um outro mundo é possível é bem mais do que utopia abstrata. A criação de um novo partido político na cena brasileira atual é efeito do profundo desejo de democracia que anima nossos pensamentos e ações na intenção de uma sociedade justa, aquela em que a igualdade de direitos se torna concreta para todos os excluídos enquanto, ao mesmo tempo, são respeitadas suas singularidades. Metade da humanidade (no sentido de conjunto concreto de seres humanos e não no sentido de uma ideia abstrata) é composta de mulheres que, ao mesmo tempo, foram excluídas de direitos historicamente. Na política, na economia, na educação, na saúde, nas ciências e nas artes, a participação das mulheres foi proibida ou controlada, tendo como cenário o vasto espectro da dominação masculina. As mulheres deveriam ficar em casa alienadas da esfera Marcia Tiburi é filósofa Marcia Tiburi é graduada em filosofia e artes e mestre e doutora em filosofia. Publicou diversos livros de filosofia, entre eles “As Mulheres e a Filosofia” (Ed. Unisinos, 2002), Filosofia Cinza – a melancolia e o corpo nas dobras da escrita (Escritos, 2004); “Mulheres, Filosofia ou Coisas do Gênero” (EDUNISC, 2008), “Filosofia em Comum” (Ed. Record, 2008), “Filosofia Brincante” (Record, 2010), “Olho de Vidro” (Record 2011), “Filosofia Pop” (Ed. Bregantini, 2011) e Sociedade Fissurada (Record, 2013). Publicou também romances: Magnólia (2005), A Mulher de Costas (2006) e O Manto (2009), Era meu esse Rosto (Record, 2012). É autora ainda dos livros Diálogo/desenho, Diálogo/dança, Diálogo/Fotografia e Diálogo/Cinema (ed. SENACSP). É professora do programa de pósgraduação em Educação, Arte e História da Cultura da Universidade Mackenzie e colunista da revista Cult. EDIÇÃO 211 Engenharia EAD Anhanguera Faça Engenharia a Distância e Estude Onde e Quando Quiser! 18/04/2016 Revista Cult O que o feminismo ensina à política Revista Cult http://revistacult.uol.com.br/home/2015/05/oqueofeminismoensinaapolitica/ 2/3 Comente Compartilhar Imprimir ARTIGOS RELACIONADOS 18/04 Psicanálise em tempos de intolerância 14/04 Tornarse mulher, devir feminista 13/04 Golpe, democracia e barbárie 08/04 Dilma, Janaína e “gaslighting” pública. A posição subalterna de tantas pessoas imposta pela dominação masculina não trouxe nada de bom a ninguém. As mulheres atravessaram a história como sujeitos de reivindicações. Aviltadas, violentadas, impedidas de participar da vida pública, as mulheres lutaram pelo direito à educação, ao trabalho, ao voto. Lutam ainda hoje por direitos que vão da representação política à equiparação salarial, da liberdade relativa ao próprio corpo ao direito à singularidade. A essa luta que tem início com as mulheres, luta experimentada em todas as culturas, deuse o nome de feminismo. Esse nome ainda assusta algumas pessoas que não percebem que a luta feminista poderia não ter nome algum e que, mesmo assim, continuaria produzindo os melhores frutos que a árvore da emancipação poderia dar. O feminismo é luta por emancipação sem violência. Como método de transformação política, o feminismo tem muito a nos ensinar. As mulheres foram desconsideradas em muitos âmbitos das atividades humanas. No entanto, hoje, quando ocupam os espaços do trabalho e do conhecimento, sabemos que sua força é desejada enquanto, ao mesmo tempo, não é reconhecida. Sabemos que grande parte das famílias em todas as classes sociais é sustentada por mulheres. Em palavras muito simples, podemos dizer que as mulheres são a mais profunda força de sustentação social. Nas mais diversas crises, as mulheres estão sempre prontas e disponíveis para todos os tipos de esforços na proteção das bases da sociedade. Apesar de não serem reconhecidas como deveriam, e de não terem direitos necessários garantidos, as mulheres seguem como uma espécie de força que se recria em silêncio. Ora, por que não dar a elas o poder? Por que não poderiam representar ai mesmas na esfera pública, sobretudo, no governo? A criação de um Partido Feminista Democrático é capaz de contemplar todos os sujeitos silenciados para que tragam sua contribuição à construção de um outro poder. Um poder compreensivo e participativo. Um poder voltado ao diálogo. Um poder crítico do próprio poder. Um poder capaz de criar democracia contra toda forma de opressão, mas também contra toda forma de engodo e cegueira social. Um poder emancipatório que possa integrar a todos de maneira lúcida contra jogos de dominação e exploração e, assim, extirpálos. O partido feminista é um partido que contempla as mulheres e todos os que se reconhecem como mulheres, mas também de todos os que lutam a partir da éticopolítica feminista. É, sobretudo, um partido de singularidades que pretende a produção do comum como esfera da partilha democrática do poder. O partido feminista é o lugar da prática lúcida e aberta a todas as pessoas independentemente de suas raças, crenças, sexualidades e classes sociais que busca, por diversos caminhos, mudanças na ordem das mentalidades e das práticas sociais injustas. A criação do partido é um passo decisivo nessa transformação que se torna a cada dia mais urgente. A aposta é na criação de um poder livre de ressentimento. Aposta na amizade filosófica entre mulheres e todos aqueles que desejam um mundo ecológica e socialmente viável para todos os seres que existem. Na base, o feminismo é éticopolítica ecologista. Visa um mundo melhor em que cada pessoa como ser social responda pela humanidade concreta. Home > Blog Marcia Tiburi > O que o feminismo ensina à política EDIÇÕES ANTERIORES TWITTER Tweets by @revistacult 18/04/2016 Revista Cult O que o feminismo ensina à política Revista Cult http://revistacult.uol.com.br/home/2015/05/oqueofeminismoensinaapolitica/ 3/3 1 Comentário Revista Cult Entrar1 Compartilhar⤤ Ordenar por Melhor avaliado Join the discussion… • Responder • Fatima Dias • um ano atrás Márcia, brilhante reflexão sobre a condição da mulher na nossa sociedade. O Partido Feminista Democrático será um marco na historia das mulheres, no sentido do seu reconhecimento como protagonistas das mudanças na ordem das mentalidades e das praticas sociais desiguais. Vamos a luta!!!! A sororidade entre as mulheres fara toda a diferença... Avançar é preciso. Saudações a você por ser a idealizadora dessa vontade criadora!!! Estou nessa luta com vocês e continuarei acompanhando todo o processo. Avante!!!!! 1 △ ▽ Assinar feed✉ Adicione o Disqus no seu site Add Disqus Addd Privacidadeὑ� Recommend Compartilhar › Quem somos Assine ou compre a CULT Anuncie Equipe Pç. Santo Agostinho, 70 | 10º andar | Paraíso | São Paulo, SP | CEP 01533070 | Tel.: (11) 33853385 Fax.: (11) 33853386 Copyright © 2015 Editora Bregantini. Todos os direitos reservados.
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