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Competência Jurisdicional no Brasil

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Competência 
Conceito
A competência se relaciona intimamente com a jurisdição, pois é a distribuição da jurisdição entre os diversos órgãos do Judiciário que origina a competência. Assim, competência nada mais é do que a “medida da jurisdição”, sendo definida por alguns autores como “a quantidade de jurisdição definida por lei ao exercício de cada juiz”. Nem todo juiz que tem jurisdição é competente para julgar todas as causas, embora todo juiz competente para julgar todas as causas tenha jurisdição. A restrição ao exercício da jurisdição provém da lei, que traça os limites dentro dos quais ela pode ser exercida. Se a lei não restringe a jurisdição de um juiz, ele pode julgar tudo. Mas se a lei lhe atribui poderes para julgar apenas determinados casos, a jurisdição fica demarcada pela competência. Para cada causa, há pelo menos 1 juiz competente. Se existir mais de 1 juiz competente para uma determinada causa, a competência será concorrente. Cada juiz só pode julgar as causas que, segundo a lei, estão incluídas no âmbito de sua jurisdição, pois fora desse âmbito o juiz é considerado incompetente. Em outras palavras, cada juiz tem sua jurisdição determinada pela competência. Sendo a competência um dos pressupostos de validade do processo, deve o juiz examinar, de ofício (por conta própria), se é ou não competente para julgar a causa. Não devemos confundir “juízo” com “juiz”. 
Juízo - Também chamado de vara, é o órgão judicial dentro do qual se posiciona o juiz. 
Juiz - É o órgão jurisdicional (se o juízo for competente, essa competência se estende ao juiz). 
Competência Nacional e Internacional 
A competência Nacional se desdobra em duas espécies: exclusiva e concorrente.
Exclusiva (art. 23 CPC/15)
Para o processo surtir efeito só poderá ser julgada pelo poder Judiciário Brasileiro. Existem hipóteses que à autoridade judiciaria brasileira compete exclusivamente, com exclusão de qualquer outra, são elas: 
I- relativo a imóveis no Brasil, ou seja, só o judiciário brasileiro pode julgar mesmo que seja de estrangeiro. 
II- quando o divórcio, separação, união estável diante de bens (imóveis ou moveis) situados no Brasil. 
III- diante da sucessão, quando inventario ou partilha de bens, situados no Brasil. Ex: Espanhol morre e abre-se um inventario na Espanha com seus bens, mas ele também tem um casa de praia na linha verde. Porém o inventário da Espanha só recairá sobre os imóveis de lá, o da linha verde será preciso que tenha um inventario no Brasil 
Concorrente (arts. 21 e 22)
Ação poderá ser julgada tanto pelo Poder Judiciário brasileiro, quanto pelo Poder Judiciário estrangeiro. E se sentença for proferida pelo judiciário estrangeiro poderá ser proferida. Mas se for proferida pelo Tribunal estrangeiro para surtir efeito no Brasil precisa ser homologada pelo STJ. Antes era pelo STF, mas com a emenda Constitucional de 2004 passou a ser do STJ. Existem hipóteses para esse tipo de competências, são elas: 
Art. 21 Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: 
I- quando o réu estiver domiciliado no Brasil, qualquer que seja sua nacionalidade. OBS: RESIDÊNCIA 
É o local onde a pessoa se estabelece com habitualidade. DOMICÍLIO Envolve elemento objetivo (fixação da residência) e elemento subjetivo (ânimo definitivo, que é a intenção de fixar-se permanentemente).
II - quando a obrigação tiver que ser cumprida no Brasil. Ex: Uma empresa de Lauro de Freitas fecha um contrato em SSA, cuja obrigação tem que ser cumprida em SSA não se tem discursão. Porém, quando ocorre em que uma empresa brasileira estiver situada em Osasco faz uma compra na empresa americana situada na Califórnia o adimplemento dessa obrigação tem que ser entregue no Brasil na sede da empresa de Osasco. Caso ocorra um inadimplemento a obrigação tem que ser cumprida no Brasil. 
III- De ato ou fato praticado no Brasil. Ex: um jogador da Nigéria vem para o Brasil jogar em salvador na fonte nova, e sofre um ato racista. Este deve ajuizar uma ação no Brasil onde o fato aconteceu. 
O Art. 22 é inovação do CPC/15 em partes, porque o CPC/73 aborda as causas gerais no art. 21 e este especificas, ou seja, o antigo código já previa essas hipóteses na qual o novo código deu destaque nesse artigo, logo o artigo diz, “Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações”:
I- quando da ação de alimentos pode ser proposta no Brasil, quando o credor estiver domiciliado ou residente no Brasil ou se o devedor tiver vínculos jurídicos e financeiros no Brasil, isto é, posse, propriedade relacionados a títulos no Brasil porque ele tem que pagar. 
II- diante da relação de consumo, quando o consumidor tem residência ou domicilio no Brasil. Ex: Maria compra no Ali Express que é um site internacional, mas não chega sua encomenda e é domiciliada no brasil ela deve entrar com uma ação no Brasil. Isso ocorre da mesma forma quando a compra é feita pessoalmente em país estrangeiro e meu domicilio for no Brasil, na qual o art. 21 relata que a obrigação deve ser cumprida no Brasil. 
III- quando as partes convencionarem de modo expresso ou tacitamente, o foro (território) brasileiro. Através do foro de eleição onde as partes convencionam onde responderá pela obrigação.
Litispendência (ar.24) 
Ocorre litispendência quando existe dois ou mais processos concomitantemente, com as mesmas partes, o mesmo pedido e idêntica causa de pedir. Não se aplica a jurisdição concorrente, ambos os processo seguem tanto no Judiciário do Brasil, quanto do estrangeiro. Se os dois processos tramitarem no BR, aplica-se litispendência. Caso seja no estrangeiro não se aplicará 
Art.24 - A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta (impede) a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil. 
Parágrafo único.  A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil.
Competência interna 
Perpetuação da Jurisdição – art. 43 CPC/15
No momento da propositura da ação ocorre a fixação da competência. Determina-se a competência no momento do registro (comarca única) ou da distribuição da petição inicial, uma vez perpetuada à jurisdição nenhuma alteração de fato (ex: mudança de domicilio do réu) ou de direito (ex: ampliação do teto da competência do órgão em razão do valor da causa) que venha acontecer altera essa competência. O juízo prevento é aquele juízo ao qual a jurisdição se perpetuou. Quando houver uma litispendência analisa o juízo prevento através do registro ou distribuição do processo. Existe duas exceções de quebra da perpetuação da jurisdição: supressão do órgão judiciário, é quando a comarca ao qual tramitava o processo existia, mas no curso da tramitação do processo deixou de existir ou diante de uma incompetência absoluta.
Ex: O processo foi protocolado em salvador pôr o domicilio do réu ser em salvador, posteriormente o réu passa em um concurso público e vai em outro município ou estado o processo não pode acompanhar vez que nenhuma alteração pode ser feita após perpetuação da ação. 
Competência absoluta e relativa
Relativa
Criada para atender o interesse particular. Não pode ser arguido pelas partes a qualquer tempo, de modo que, uma vez escoado o prazo dentro do qual essa arguição pode ser feita, a questão fica acoberta pela preclusão, ou seja, perde-se o direito de agir. Também não pode o juiz conhecer tal matéria de oficio. A parte deve se manifestar contra a situação de a demanda ter sido movida em juízo competente em preliminar de contestação na própria contestação. Não tendo a parte alegado a incompetência relativa nesse momento processual, ocorre a prorrogação da competência, tornando-se competente o juízo que antes era incompetente, não havendo mais oportunidade para que, durante o processo, se levantasse
esse defeito, conservando os efeitos eventuais das decisões anteriores até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente. O MP pode requerer relativa no processo em que ele atuar. 
Absoluta
É determinada por regras imperativas ou de ordem pública, sendo, portanto inderrogáveis, já que essas normas incidem independentemente da vontade das partes. Pode ser arguido a qualquer tempo pelo réu, ou seja, não ocorre a prorrogação, embora o momento mais adequado seja o da resposta e o meio mais apropriado seja a preliminar da contestação. Não alegando o réu a incompetência absoluta no momento oportuno, poderá posteriormente faze-lo por meio de simples petição, ou poderá o juiz conhecer de oficio, durante o procedimento em primeiro grau de jurisdição, na fase de apelação e durante o julgamento de todos os recursos ordinários. O processo não se extingue só haverá nulidade de todos os atos decisórios. Competência em razão da matéria, da pessoa e funcional. A competência em razão do valor da causa também pode ser absoluta, quando extrapolar os limites estabelecidos pelo legislador. Em alguns casos, a competência territorial também é absoluta.
Ex: o Magistrado da vara de família se deparar com uma ação referente a consumo, não viola só viola o interesse da parte, mas também o do juiz, tornando-se interesse público. 
Competência originaria e derivada 
Originária
É aquela atribuída ao órgão jurisdicional onde ocorreu a propositura da ação, pode ser atribuída tanto ao juízo singular, em primeiro grau, que é regra, como ao tribunal, excepcionalmente.
Derivada/recursal
É atribuída ao órgão jurisdicional destinado a rever a decisão já proferida. Normalmente, atribui-se a competência derivada ao tribunal, mas há casos em que o próprio magistrado de primeira instância possui competência recursal. 
Critérios de competência 
A competência é distribuída de acordo com vários critérios. São divididos em três espécies: objetivo, funcional e territorial. Em toda causa os três critérios devem ser observados. Ex: em uma causa de ação de alimentos proposta em salvador, observa-se o critério territorial (salvador), objetivo (vara de família) e o funcional (competência originaria do juízo monocrático de primeira instancia). 
Objetivo
É aquele pelo qual se leva em consideração a demanda apresentada ao Poder Judiciário com o dado relevante para a distribuição da competência. 
É fundamental o conhecimento dos elementos da demanda para a correta compreensão destes critérios: partes, pedido e causa de pedir. Com base nos elementos da demanda, distribui-se a competência. Assim, é possível identificar três subcritérios objetivos de distribuição de competência.
Competência em razão da pessoa: a fixação da competência tem em conta as partes envolvidas. A qualidade das pessoas interfere na distribuição da competência, pois algumas pessoas jurídicas (União, autarquias, fundações públicas e empresas públicas), por motivo de interesse público, gozam do privilégio de foro e de juízo, nesse caso encaixa-se em juízo federal. 
Ex: Lula quando se tornou ministro deixou de ser julgado pelo Juiz Sergio Moro e foi para o STF por conta da prerrogativa do exercício de sua função. Houve uma quebra de perpetuação da jurisdição pôr o juiz Sergio Morto ser absolutamente incompetente. 
Competência em razão do valor da causa: há regras de competência que são criadas a partir do valor da causa. O valor da causa é definido a partir do valor do pedido, um dos elementos da demanda. Ex: no art. 291 do CPC/15 diz que toda causa deverá ser atribuída o valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediatamente aferível. Por exemplo, uma pessoa inconformada com seu nome decide entrar com ação para modificar o nome, em tese essa ação não tem valor, mas o código exige que tenha uma amostragem, que é um valor, em regra um salário mínimo. 
O valor da causa é analisado para saber qual o Juizado Especial é competente para a determinada causa. 
Na justiça comum, tem-se o Juizado Especial que tem um teto de ATÉ 40 salários mínimos a questão de 20 salários mínimos é quando a parte não é representada por um advogado. A incompetência em razão do valor da causa no juizado estadual é relativa. Ex: causa comum no valor de 40 mil reais (ultrapassa o valor do juizado), por ser relativa prorroga-se a competência, mas a condenação ainda assim não pode ultrapassar o valor de 40 salários mínimos. Apesar de prorrogar. 
Na justiça especial, tem-se o Juizado Especial federal que tem o teto de ATÉ 60 salários mínimos. A incompetência federal é absoluta, onde houver. Ou seja, se tiver o JEF deverá a ação ser tramitada lá, mas se ocorrer o contrário poderá ser feita na justiça federal. 
Competência em razão da matéria: é determinada pela natureza da relação jurídica controvertida, definida pelo fato jurídico que lhe dá a causa, ou seja, a causa de pedir, que contém a afirmação do direito discutido, a dado a ser levado em consideração para a identificação do juízo competente. É com base neste critério que as varas de família, consumo, cível, penal, são criada. 
Funcional 
Relaciona-se com a distribuição das funções que devem ser exercidas em um mesmo processo, relacionados ao exercício das diversas atribuições que são exigidas do magistrado durante todo a marcha processual. Subdivide-se em duas outras competências:
Vertical: está atrelada aos órgãos recursais, por isso existe hierarquia entre eles. Pode ser originaria (onde ocorre a propositura da ação) e derivada (destina o órgão a rever a decisão já proferida). 
Horizontal: não há hierarquia entre os juízos, é exercida sobre órgãos da mesma hierarquia. 
Territorial 
A regra geral a cerca desse critério é a que resulta da interpretação do art. 46, por força do qual demandas fundadas em direito pessoal ou em direito real sobre bens imóveis deverão ser propostas, em regra, no foro de domicílio do réu. Se forem dois ou mais réus, tendo eles domicílios diferentes, pode ser demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor (art.46 §4º). Sendo incapaz o réu, a competência será do foro do domicílio do representante ou assistente (art.50). 
Pessoa Jurídica
A competência territorial será do foro de sua sede (art. 53, III,a) e, versando a causa sobre obrigações contraídas por abrangência ou sucursais, o foro de onde estas se acham localizadas (art.53,III,b). Já no caso de ser demandadas sociedade ou associações sem personalidade jurídica, a demanda será proposta no lugar onde ela exerça suas atividades (art.53,III,c). E na hipótese de demanda em que se postula reparação de dano praticado em razão do oficio notarial ou registral, a competencia será do foro da sede da serventia (art. 53,III,f).
Caso o demandando tenha mais de um domicílio, poderá o demandante livremente escolher entre os foros concorrentemente competentes (art.46, § 1º). E no caso de ser incerto ou desconhecido o domicílio do réu, poderá a demanda ser proposta onde quer que ele seja encontrado ou no foro de domicílio do autor (art. 46, § 2ª).
Quando o demandado não tiver domicilio ou residência no Brasil, a demandada deverá ser proposta em domicílio do autor. E se ambas as partes residirem fora do País, todos os foros brasileiro serão concorrentemente competentes para a causa (art.46,§3º).
A regra geral (do foro de domicilio), porém, comporta exceções. De todas, a mais importante é a que vem do disposto no art. 47, por força da qual, “ Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa.”, isto é, o foro onde esteja situado o imovel. Pode o autor, todavia, optar pelo foro do domicilio do réu ou por foro de eleição se a causa não versar sobre propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras ou nunciação de obra nova. 
Art. 48.  O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para
todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
Parágrafo único.  Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente:
I - o foro de situação dos bens imóveis;
II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;
III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio.
Art. 49.  A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu último domicílio, também competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições testamentárias.
Art. 50.  A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu representante ou assistente.
Art. 51.  É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a União.
Parágrafo único.  Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou no Distrito Federal.
Art. 52.  É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autor Estado ou o Distrito Federal.
Parágrafo único.  Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou na capital do respectivo ente federado.
Art. 53.  É competente o foro:
I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável:
a) de domicílio do guardião de filho incapaz;
b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz;
c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal;
II - de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos;
III - do lugar:
a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica;
b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa jurídica contraiu;
c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou associação sem personalidade jurídica;
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento;
e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no respectivo estatuto;
f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de dano por ato praticado em razão do ofício;
IV - do lugar do ato ou fato para a ação:
a) de reparação de dano;
b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios;
V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves.

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