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Protocolo Desidratação Araguari 2014

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Terapia de Reidratação 
Protocolo Clínico de Pediatria 
 
 
 
2014 
UNIPAC-Araguari 
Santa Casa de Araguari 
2014 
2 
 
CONTEÚDO 
Introdução .......................................................................................................... 3 
Distribuição da Água .......................................................................................... 3 
Desidratação, Conceito e Classificação ............................................................. 3 
Necessidade hídrica e de eletrólitos diária ......................................................... 5 
Tratamento ......................................................................................................... 6 
A Terapia de Reidratação Oral ........................................................................... 6 
TRO na criança com desidratação não grave: ............................................. 6 
TRO por Gastróclise .................................................................................... 7 
 TRO na alta hospitalar (Plano A do Ministério da Saúde) ............................ 8 
Terapia de Reidratação Oral & Venosa .............................................................. 8 
Etapas (fases) da hidratação parenteral............................................................. 9 
 Fase de Reparação ou Expansão ............................................................... 9 
 Fase de Expansão no Choque .................................................................. 10 
 Fase de Manutenção ................................................................................. 10 
 Reposição de perdas ................................................................................. 12 
Referência ...................................................................................................... 133 
 
 
 
3 
 
INTRODUÇÃO 
 
Distribuição da Água 
A quantidade de água total é distribuída em dois grandes 
compartimentos: o extracelular (LEC) e o intracelular (LIC) através do equilíbrio 
osmótico. À medida que ocorre o crescimento e desenvolvimento do 
organismo, há aumento progressivo na quantidade de células e, por 
consequência do líquido intracelular como um todo. 
 
Tabela I. Porcentagem de água em relação ao peso, compartimento 
extracelular e compartimento intracelular de acordo com a faixa etária: 
 Água LEC LIC 
Prematuro 80 % 50 30 
RN 70 % 45 35 
Lactente 65 % 25 40 
1 a 6 anos 60 % 20 40 
Acima de 6 anos 55 % 20 40 
Principais 
componentes 
_ Na, Ca, Mg, Cl, 
Bicarbonato e 
ácidos orgânicos 
K, fosfatos 
orgânicos e 
proteínas, 
 
Desidratação, Conceito e Classificação 
Desidratação é a contração do volume extracelular secundária às perdas 
hidroeletrolíticas, cuja gravidade irá depender da magnitude do déficit em 
relação às reservas corpóreas e da relação entre o déficit de água e de 
eletrólitos, principalmente o sódio. Pode ser classificada de acordo com a 
magnitude do déficit de água, estimada através de sinais clínicos e pela perda 
ponderal (Tabela II), em: 
 
 
 
4 
 
Tabela II. Percentual de perda de peso e avaliação clínica na desidratação. 
 Desidratação leve Desidratação 
moderada 
Desidratação 
grave 
Lactentes < 5% 5-10% >10-15% 
Crianças e 
adultos 
< 3% 3-6% >6-9% 
Estado geral Irritada, com 
sede, dorme mal 
e pouco 
Mais agitada, 
muita sede, 
raramente dorme 
Deprimida, 
comatosa, não 
chora mais 
Sede Bebe normal, 
sem sede 
Sedento bebe 
avidamente e 
rapidamente 
Bebe com 
dificuldade ou 
incapaz de beber 
Boca Seca, lábios 
vermelhos, língua 
seca e saburrosa 
Muito seca, lábios 
às vezes 
cianóticos 
Lábios cianóticos 
Olhos Normais Fundos Muito fundos 
Lágrimas Presentes Ausentes Ausentes 
Fontanela Normal Deprimida Muito deprimida 
Pele Quente, seca, 
elasticidade 
normal 
Extremidades 
frias, elasticidade 
diminuída 
Pele fria, 
acinzentada, 
elasticidade muito 
diminuída 
Pulsos Normais Finos Muito finos 
Enchimento 
Capilar 
<2s 2-4s >4s 
 
Importante: Medir corretamente o peso da criança despida no momento 
inicial do atendimento é fundamental. O peso, em conjunto com a avaliação da 
densidade urinária e sinais clínicos, servirá como parâmetro no monitoramento 
dos resultados da reparação e ainda na tomada de decisão quanto ao início ou 
não da fase manutenção. O peso inicial servirá ainda para definir, 
retrospectivamente, a gravidade da desidratação. 
 
5 
 
Necessidade hídrica e de eletrólitos diária 
 
Tabela III .Correlação entre as faixas de peso e a Necessidade Hídrica Diária 
Peso corporal Quantidade necessária de líquido por dia 
0-10 kg 100 Kcal/kg = 100 ml/kg 
11-20 kg 1000 Kcal + 50 Kcal/kg para cada kg > 10 kg 
> 20 kg 1500 Kcal + 20 Kcal/kg para cada kg > 20 kg 
 
 
Tabela IV. Necessidade de Eletrólitos e Calórica Diária 
 Necessidade diária 
Sódio 3,0 mEq/100ml/dia (100cal) 
Potássio 2,5 mEq/100ml/dia (100cal) 
Glicose 8g glicose/100ml(100cal) 
 
 
Tabela V. Característica dos diferentes soros e ampolas. 
Soro Característica 
SF 0,9% 20ml ₌ 3 mEq de sódio 
SG 50% 100ml ₌ 50g de glicose 
KCl 19,1% 1ml ₌ 2,5 mEq de Potássio 
 
 
 
 
 
6 
 
TRATAMENTO 
A Terapia de Reidratação Oral 
 
A terapia de reidratação oral é considerada a modalidade 
terapêutica que salvou maior número de vidas em todo o 
século XX... 
Tabela VI. Indicação de Terapia de Reidratação Oral 
Prevenção: crianças com diarréia sem sinais de desidratação 
Criança com desidratação não grave, sem contra indicação (Tabela 
VIII) 
Na alta hospitalar, independente do tipo de desidratação que foi 
tratada no hospital 
 
TRO na criança com desidratação não grave (PLANO B) 
1º passo: Calcular o volume de SRO a ser ofertado de acordo com as perdas 
 50 ml/kg → Desidratação Leve 
 100 ml/kg→ Desidratação Moderada 
Exemplo: criança de 12k com desidratação leve por perdas diarréicas vai 
necessitar de 600ml de SRO (volume total). 
 
2º passo: Volume a ser ofertado a cada administração 
 O volume total deve ser oferecido em 4 horas dividido a cada 20 ou 15 
minutos 
Exemplo: usando a mesma criança, e optando por oferecer o SRO a cada 15 
minutos, divide-se o volume total por 16 e temos o valor a ser dado a cada 15 
minutos 
 Volume total/16 = volume de SRO a cada 15 minutos 
 600ml/16 = 37,5 ml de SRO a cada 15 minutos 
7 
 
3º passo: À prescrição: 
SRO ------------------ 1 envelope 37,5ml, VO, de 15 em 15 minutos 
Água filtrada --------1 litro 
Volume total: 16 ml 
Tempo: 4 horas 
Volume a cada 15 minutos: 37,5ml 
 
A efetividade da reparação realizada (REAVALIAÇÃO) com SHO pode 
ser mensurada: 
 Pelo desaparecimento ou melhora dos sinais clínicos de 
desidratação; 
 Pelo peso (sem perda de peso nas primeiras 2 horas ou sem 
ganho de peso ao final das 4 horas); 
 
Sinais de piora ou s/ melhora: - Mais de 3 episódios de vômitos em 1 hora; 
 - Sem ganho de peso ao final das 4 horas; 
 - Sem melhora clínica. 
 
TRO por Gastróclise 
 
 A Gastróclise está indicada quando a TRO não for bem sucedida ou 
houve piora ou sem melhora clínica. A velocidade de infusão na sonda 
nasogástrica varia de 20 a 30 ml/kg/hora, caso haja vômitos pode ser feita a 15 
ml/kg/hora ate melhora do sintoma, depois retornar a 30 ml/kg/hora. 
 A quantidade de liquido ingerido que a criança retém na circulação auxilia 
na tomada de decisão quanto aos próximos passos. 
Grau de retenção = Peso atual – Peso
inicial x 100 
 Volume ingerido 
 
Interpretação: Maior que 20% --------------- Continuar TRO 
 Menor que 20% --------------- Gastróclise ou terapia venosa 
8 
 
TRO na alta hospitalar – Reposição de perdas (PLANO A) 
 
Tabela VII. Orientação de Reidratação Oral para alta hospitalar 
Idade Quantidade de Sais de 
Reidratação (SRO) que deve 
tomar após cada evacuação 
Quantidade de SRO que 
deve levar para o domicílio 
Menos de 1 ano 50-100ml 1 envelope 
De 1 a 10 anos 100-200ml 2 envelope 
Maior que 10 anos Quantidade que tolerar 4 envelope 
 
Terapia de Reidratação Oral & Venosa 
 
 A terapia de reidratação venosa (TRV) está indicada para pacientes 
desidratados que tenham contra-indicação para terapia de reidratação oral 
(TRO). Estes são a minoria. Dentre as causas que indicam precisamente a 
THV: 
Tabela VIII. Contra indicações para Terapia de Reidratação Oral 
 Falha na TRO: 
o Vômitos incoercíveis (mais que 3 episódios e 1 hora); 
o Ausência de ganho de peso após 4h de hidratação oral ou 
perda de peso 2h após a instalação da TRO 
o Ausência de melhora clínica após 4h de hidratação oral, 
mesmo com uso de gastróclise 
 Distensão abdominal 
 Crise convulsiva 
 Desidratação grave 
 Perdas intensas e persistentes 
 Distúrbios Ácido-básico ou hidroeletrolítico 
 Coma 
 
9 
 
Etapas (fases) da hidratação parenteral 
Tabela IX. Objetivo de cada fase da reidratação venosa 
Fase Objetivo 
Reparação ou expansão Visa à expansão dos compartimentos 
hídricos com restabelecimento da 
volemia e função renal 
Manutenção Fornecimento de líquidos e eletrólitos 
em quantidades adequadas para 
atender as necessidades fisiológicas 
do organismo 
Reposição Cobertura de perdas anormais de 
água e eletrólitos que podem 
continuar ocorrendo durante o 
tratamento 
 
Fase de Reparação ou Expansão 
Desidratação moderada (com contraindicação ou falha da TRO) - fazer 
infusão de 50ml/kg/hora de SF 0,9% e SG 5% com relação de 1:1. Reavaliar no 
final da primeira hora e em seguida corrigir o restante com prescrição de nova 
fase de expansão com 25ml/kg/hora ou 50ml/kg para as próximas 3 horas. 
Quando suspender a fase de reparação? 
 Melhora dos sinais clínicos de desidratação 
 Restabelecimento da função renal representado por 2 a 3 micções 
claras e abundantes sendo a última com densidade urinária ≤ a 1010. 
 
Tabela X. Volume a ser oferecido na fase de reparação em cada tipo de 
desidratação 
Desidratação Volume a ser oferecido em 4 horas 
Leve 50ml/kg 
Moderada 100ml/kg 
Grave (PLANO C) 150ml/kg 
10 
 
 
Fase de Expansão no Choque (PLANO C) 
 
 10-20ml/kg de SF0,9%, em 20-30 minutos, até 3 vezes visando 
restabelecimento da circulação. 
 Posteriormente, esquema habitual 
Fase de Manutenção 
 
1º passo: Cálculo de necessidade hídrica diária (NHD) (tabela III) 
 Exemplo: uma criança de 12 k com desidratação moderada 
necessita de (1000 ml + 50ml x 2) ₌ 1100ml de liquido por dia 
2º passo: Cálculo da necessidade dos eletrólitos e da glicose (Tabela IV) 
 Usando o mesmo exemplo acima 
o Sódio 3mEq_____________100ml 
 XmEq_____________1100ml 
 100X = 3.300 
 X = 33mEq 
 
o Potássio 2,5mEq___________100ml 
 XmEq_____________1100ml 
 100X = 27.500 
 X = 27,5mEq 
 
o Glicose 8g________________100ml 
 Xg________________1100ml 
 100X = 8800 
 X = 88g 
4º passo: Calcular os volumes dos soros (Tabela V) 
 Ainda com o mesmo exemplo 
11 
 
o SF 0,9% 20ml______________3mEq de Na 
X ml ______________33mEq de Na 
X = 220 ml 
 
o KCl 19,1% 1ml_______________2,5mEq de K 
X ml ______________ 27,5 mEq de K 
X = 11 ml 
 
o SG 50% 100 ml______________50g de glicose 
X ml________________88g de glicose 
X = 176 ml 
 
o ABD ABD=NHD–(SF0,9%+SG50%+KCl19,1%) 
 ABD=1100 - (220 + 176 + 11) 
 ABD=1100- 407 
 ABD=693 ml 
4º passo: Cálculo de gotejamento 
Gotas/minutos = Volume Total gotas/min 
 3 x tempo em horas 
 
ml/hora (na bomba de infusão) = Volume Total __ ml/hora 
 Tempo em horas 
 
Exemplo: Gotejamento = 1100ml/24h x 3 = 15 gotas/min 
 Obs.: Como o cálculo da soroterapia não será feito para 24 horas e sim 
para 6 ou 12 horas, se divide o volume total por 4 (1100/4 = 276ml) ou por 2 
(550ml) respectivamente. 
5º passo: Prescrição 
A prescrição da soroterapia será feita para 6 ou 12 horas, então, divide-
se o volume de cada soro encontrado. 
12 
 
SF 0,9% -----55 ml 
SG 50% -----44 ml 15gotas / mim 
KCl 19,1% --2,7 ml 
ABD-----------174ml 
Volume total = 275ml 
Tempo = 6 horas 
Gotejamento = 15 gotas/min 
 
Reposição de perdas (PLANO A) 
 São várias as situações clínicas que modificam as perdas normais de 
água e dos eletrólitos de manutenção, determinando a necessidade de ajuste 
destes, aumentando ou diminuindo a água e os eletrólitos. 
 Tabela . Relação das perdas e do volume de reposição 
Perdas Estimativa de reposição 
Trato gastrointestinal 50ml/kg/dia 
Febre Aumento de 10 a 15% da NHD para 
cada grau acima de 38º C 
 
 A reposição deverá ser feita com SF 0,9% e SG 50% na relação 1:1 e 
ser somado à prescrição da soroterapia de manutenção. Por exemplo, se a 
nossa criança, acima citada, estiver com um quadro de diarréia teríamos que 
repor 600 ml (12kg x 50), 300ml de SF0,9% e 300ml de SG 5%, lembrando que 
estes valores devem ser divididos por 4 (para obter a prescrição para 6 horas) 
e o gotejamento deve ser recalculado. Neste caso a prescrição ficaria assim 
SF 0,9% -----130 ml 
SG 50% -----44 ml 24 gotas/mim 
KCl 19,1%----2,7 ml 
ABD ---------- 174ml 
SG 5% ----------75ml 
Volume total = 425ml 
13 
 
Tempo = 6 horas 
Gotejamento = 24 gotas/min 
Referencia 
 
BARBOSA, A.P. SZTAJNBOK, J. Distúrbio hidroeletrolítico. Jornal de 
Pediatria. V. 74, Supl. 2, 1999. 
 
FERREIRA, L.G.B. Terapia de hidratação venosa. Disponível em: 
http://www.lampada.uerj.br/revistahupe/images/revista/Ano10_Suplemento2/arti
go_8.pdf 
 
JOÃO, P.R.D. Protocolo pediátrico de distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-
básicos. Hospital Pequeno Príncipe. Curitiba, 2011.

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