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10 DICAS PRÁTICAS DE ATUAÇÃO NA AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA FABIANO SARAIVA

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FABIANO SARAIVA 
Prof. de Dir. Processual. 
Promotor de Justiça MPPE. 
 Ex Juiz de Direito TJ/BA. 
Esp.Dir. Processual U.F.C.. 
Doutorando Dir. Processual - USAL/Espanha. 
 
 
1. DIREITO DE SER ESCUTADO DIRETAMENTE PELO JUIZ NA 
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA. (“Audiência de apresentação” seria a 
nomenclatura mais apropriada). 
 
O indivíduo preso em flagrante delito tem o direito de ser apresentado a 
um Juiz Direito, logo após a sua prisão, a fim de ser entrevistado diretamente 
pela autoridade judiciária
1
, não podendo o ato ser delegado a serventuário da 
justiça e/ou ao membro do Ministério Público e/ou Advogado de Defesa. (De 
acordo com o art. 13 da Resolução 213/2015 do CNJ
2
, além das pessoas presas 
 
1
 RES. CNJ 213/2015, art. 1º: Determinar que toda pessoa presa em flagrante delito, independentemente 
da motivação ou natureza do ato, seja obrigatoriamente apresentada, em até 24 horas da comunicação do 
flagrante, à autoridade judicial competente, e ouvida sobre as circunstâncias em que se realizou sua prisão 
ou apreensão. 
§ 1o A comunicação da prisão em flagrante à autoridade judicial, que se dará por meio do 
encaminhamento do auto de prisão em flagrante, de acordo com as rotinas previstas em cada Estado da 
Federação, não supre a apresentação pessoal determinada no caput. 
§ 2o Entende-se por autoridade judicial competente aquela assim disposta pelas leis de organização 
judiciária locais, ou, salvo omissão, definida por ato normativo do Tribunal de Justiça ou Tribunal Federal 
local que instituir as audiências de apresentação, incluído o juiz plantonista. 
§ 3o No caso de prisão em flagrante delito da competência originária de Tribunal, a apresentação do preso 
poderá ser feita ao juiz que o Presidente do Tribunal ou Relator designar para esse fim. 
§ 4o Estando a pessoa presa acometida de grave enfermidade, ou havendo circunstância 
comprovadamente excepcional que a impossibilite de ser apresentada ao juiz no prazo do caput, deverá 
ser assegurada a realização da audiência no local em que ela se encontre e, nos casos em que o 
deslocamento se mostre inviável, deverá ser providenciada a condução para a audiência de custódia 
imediatamente após restabelecida sua condição de saúde ou de apresentação. 
2
 RES. CNJ 213/2015, art. 13.: A apresentação à autoridade judicial no prazo de 24 horas também será 
assegurada às pessoas presas em decorrência de cumprimento de mandados de prisão cautelar ou 
definitiva, aplicando-se, no que couber, os procedimentos previstos nesta Resolução. 
Parágrafo único. Todos os mandados de prisão deverão conter, expressamente, a determinação para que, 
no momento de seu cumprimento, a pessoa presa seja imediatamente apresentada à autoridade judicial 
10 DICAS PRÁTICAS DE ATUAÇÃO NA 
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA 
 
 
 FABIANO SARAIVA professorfabianosaraiva@hotmail.com 
em flagrante delito, também têm direito à audiência de custódia às que forem 
presas por ordem judicial. Na prática, entretanto, a maioria dos tribunais ainda 
não implementou essa determinação do C.N.J. Pontue-se, ainda, que nessa 
hipótese o Juiz da audiência de custódia não poderá rever o ato judicial que 
decretou a prisão). 
 
Obs.: A Resolução 213/2015 do C.N.J. utiliza o termo “Audiência de 
Custódia”, porém a nomenclatura mais apropriada seria “Audiência de 
Apresentação”, como bem prefere, entre outros, o Ministro Fachin(HC 
360.238/SP, STF), uma vez que a audiência em epígrafe não possui apenas o 
objetivo de ratificar a legalidade da prisão, ao revés, tem finalidades múltiplas, 
inclusive, determinar a liberdade da pessoa presa, quando for o caso. 
 
2. DIREITO DE ENTREVISTA RESERVADA COM SEU ADVOGADO 
ANTES DA AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA. 
 
A pessoa presa em flagrante delito, uma vez apresentada para sua 
audiência de custódia, tem o direito de realizar entrevista reservada com seu 
Advogado Particular ou Defensor Público antes de ser escutado pelo Juiz. 
O Estatuto da OAB, em seu art. 7º, inc. III, garante como prerrogativa do 
advogado comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo 
sem procuração, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em 
estabelecimentos civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis
3
 
 
3. INFORMAR AO INDIVÍDUO PRESO SOBRE OS OBJETIVOS DA 
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA. 
 
O Advogado de Defesa, o Promotor de Justiça e o Juiz de Direito devem, 
por primeiro, explicar ao indivíduo preso que a audiência de custódia não 
tem por escopo a apuração e elucidação do fato criminoso a ele atribuído, 
mas sim apreciar a legalidade e necessidade, ou não, da prisão 
administrativa. 
Desse modo, os objetivos a serem perquiridos e as questões a serem 
apreciadas e deliberadas, por ocasião da audiência de custódia, serão o 
seguintes: 
 
a) Evitar Prisões Ilegais. Possível Relaxamento do Flagrante  Deve ser 
explicado ao indivíduo preso que o Juiz entrevistador decidirá sobre a 
legalidade da sua prisão em flagrante, verificando se o caso enquadra-se em 
 
que determinou a expedição da ordem de custódia ou, nos casos em que forem cumpridos fora da 
jurisdição do juiz processante, à autoridade judicial competente, conforme lei de organização judiciária 
local. 
3
 Lei 8906/1994 (Estatuto da OAB), art. 7, inc. III. 
 
 FABIANO SARAIVA professorfabianosaraiva@hotmail.com 
uma das hipóteses legais descritas no art. 302 e 303 do C.P.P.
4
. Desse modo, 
impende esclarecer à pessoa presa que ela, se assim quiser, poderá explicitar 
todas as circunstâncias do fato que deram ensejo a sua prisão em flagrante, a 
fim de que seja evidenciado se o fato corresponde a uma das situações 
descritas no referido art. 302 e 303 do C.P.P., ou não. 
 
b) Evitar Prisões Desnecessárias. 
 
b1) - Análise da Possibilidade de Concessão da Liberdade 
Provisória  Ausente as condições da prisão preventiva ou se o indivíduo 
preso agiu mediante uma das excludentes de ilicitude previstas no art. 23 do 
C.P.B.
5
, deverá o Juiz conceder a liberdade provisória mediante termo de 
comparecimento a todos os atos do processo (art. 310, paragrafo único, do 
C.P.P.)
6
. 
Assim, deve-se esclarecer à pessoa presa que ela, se assim desejar, 
poderá prestar informações sobre as circunstâncias do fato que deram ensejo 
a sua prisão e todos os detalhes da sua vida pessoal, tais como endereço fixo, 
profissão definida, local exato onde trabalha ou realiza suas atividades de 
rotina, a fim de demonstrar a ausência dos requisitos da prisão preventiva e o 
seu direito a liberdade provisória. 
Nesse sentido, deve-se explicar, também, à pessoa presa que, se 
assim quiser, poderá esclarecer todas as circunstâncias do fato que 
 
4
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: 
 I - está cometendo a infração penal; 
 II - acaba de cometê-la; 
 III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que 
faça presumir ser autor da infração; 
 IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser 
ele autor da infração. 
 Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agenteem flagrante delito enquanto não cessar a 
permanência. 
 
5
 C.P.P.:Art. 23: Não há crime quando o agente pratica o fato: 
 I - em estado de necessidade; 
 II - em legítima defesa; 
 III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. 
 Excesso punível 
 Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso 
ou culposo. 
6
 C.P.P.:Art. 310: Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente: 
 I - relaxar a prisão ilegal; ou 
 II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 
312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; 
ou 
 III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. 
 Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o 
fato nas condições constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 - Código Penal, poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade 
provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação. 
 
 
 FABIANO SARAIVA professorfabianosaraiva@hotmail.com 
demonstrem que agiu sob o amparo das excludentes de ilicitude previstas no 
art. 23, incs. I a III do C.P.B. 
 
b2) Análise da Possibilidade de Aplicação de Medida Cautelar 
Diversa da Prisão (art. 319 do C.P.P)
7
  . Deve-se informar à pessoa 
presa que na audiência de custódia será decidido sobre a necessidade da 
conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva ou em uma medida 
cautelar diversa da prisão (art. 310, inc.II, do C.P.P.). Nesse passo, repita-se, 
cabe explicar à pessoa presa que ela, se assim desejar, poderá esclarecer 
todas as circunstâncias do fato que deram ensejo a sua prisão e todos os 
detalhes da sua vida pessoal a fim de demonstrar a desnecessidade da prisão 
preventiva ou, no mínimo, que a aplicação de uma das medidas cautelares 
diversas da prisão se mostra suficiente e mais adequada. 
 
c) Garantia da Integridade Física e Psíquica do Indivíduo Preso. Deve ser 
explicado ao indivíduo preso que ele deve declinar ao juiz entrevistador toda e 
qualquer agressão física ou psíquica que, porventura, tenha sofrido. Nesse 
sentido, importante pontuar que as agressões a serem declaradas não 
necessariamente precisam ser torturas, mas também podem consistir em 
qualquer outra forma de violência física ou psíquica. 
 
Obs.1: Realizando-se a audiência de custódia para as pessoas presas por ordem judicial, 
conforme determinado pelo art. 13 da Resolução 213/2015 do CNJ, o objetivo da 
audiência cinge-se a questão da garantia da integridade física e psíquica do individuo 
preso, devendo o Juiz entrevistador limitar a sua atividade a este ponto, não lhe sendo 
permitido rever a decisão judicial que decretou a prisão. 
 
 
7
 Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão 
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e 
justificar atividades; 
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao 
fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações; 
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao 
fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; 
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a 
investigação ou instrução; 
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado 
tenha residência e trabalho fixos; 
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira 
quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; 
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave 
ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e 
houver risco de reiteração; 
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a 
obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; 
IX - monitoração eletrônica. 
§1º Revogado. §2º Revogado. §3º Revogado. 
§ 4o A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste Título, podendo ser 
cumulada com outras medidas cautelares. 
 
 FABIANO SARAIVA professorfabianosaraiva@hotmail.com 
Obs.2: O grande objetivo da audiência de custodia é a humanização do ato judicial 
que analisa e decide sobre legalidade da prisão em flagrante e ato continuo sobre a 
necessidade da constrição da liberdade do indivíduo, ou não. Com o direito de 
apresentação e oitiva pela autoridade judiciária, em audiência com participação do M.P. 
e de seu Advogado, o indivíduo preso poderá informar ao juiz entrevistador dados da 
sua vida pessoal a fim de que se conheça melhor sobre sua pessoa e as circunstâncias 
que deram ensejo à suposta prática do ato ilícito narrado no auto de prisão em flagrante. 
Assim sendo, atualmente, o Juiz não decide sobre a legalidade da prisão e sua 
necessidade apenas diante de frios papéis, mas sim diante, ou logo após, escutar a 
própria pessoa presa, o seu Advogado ou Defensor Público e o membro do Ministério 
Público. 
 
4. RETIRADA DOS POLICIAIS RESPONSÁVEIS PELA PRISÃO DA 
SALA DE AUDIÊNCIA. 
 
O Juiz deve determinar, de oficio, ou a requerimento do Promotor de 
Justiça e/ou Advogado de Defesa, que os policiais responsáveis pela prisão do 
indivíduo devem ser retirados da sala de audiência. A segurança do local deve 
ficar a cargo de policiais que não participaram do ato de constrição de liberdade 
do entrevistado. 
 
5. - DIREITO CONSTITUCIONAL DE PERMANECER EM SILÊNCIO 
(art. 5º, LXIII, da C.F./1988). - LEITURA DO AUTO DE PRISÃO EM 
FLAGRANTE. - ROL DE PERGUNTAS DO MAGISTRADO ESTÃO 
ENUMERADAS NO ART. 8º DA RES. 213/2015 do C.N.J.. - 
COMPLEMENTAÇÃO PELO M.P. E DEFESA. 
 
O Advogado de Defesa, o Promotor de Justiça e o Juiz de Direito devem 
explicar à pessoa presa que ela tem direito de permanecer em silêncio durante 
sua oitiva, sem que tal incorra em qualquer prejuízo à sua defesa, conforme lhe 
garante a Constituição Federal brasileira (art. 5º, LXIII, da C.F./1988)
8
, 
aludindo, ainda, que eventual confissão nessa fase poderá ser usada contra ela no 
processo. (Registre-se que a doutrina divide-se sobre a legalidade da confissão 
nesse momento, mas a tendência dos tribunais deve ser pela sua validade, sob o 
fundamento de que há realização/controle judicial do ato e fiscalização do 
Ministério Público e da Defesa). 
O juiz deve iniciar a entrevista do indivíduo preso realizando a leitura do 
seu Auto de Prisão em Flagrante para que ele tome conhecimento dos fatos que 
lhe são imputados. 
Em seguida, o Juiz realizará as suas perguntas, de acordo com o rol 
enumerado no art. 8º da Resolução 213/2015
9
. 
 
8
 C.F./1988: Art. 5º: INC. LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer 
calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado9
 RES CNJ 213/2015: Art. 8o Na audiência de custódia, a autoridade judicial entrevistará a pessoa presa 
 
 FABIANO SARAIVA professorfabianosaraiva@hotmail.com 
O Promotor de Justiça e o Advogado de Defesa devem complementar as 
perguntas judiciais caso o magistrado tenha olvidado alguma das indagações 
enumeradas no referido art. 8º da Res. 213/201, bem como ante a necessidade de 
maiores esclarecimentos sobre as circunstâncias do fato que deram ensejo à 
prisão do indivíduo e/ou sobre eventuais agressões ocorridas por ocasião desta. 
 
6. REQUERIMENTO DE RELAXAMENTO DA PRISÃO EM 
FLAGRANTE. 
 
O Promotor de Justiça e/ou Advogado de Defesa devem requerer e o Juiz 
determinar, inclusive, de ofício, o relaxamento da prisão em flagrante sob o 
fundamento da sua ilegalidade nas seguintes situações: a) A prisão tenha sido 
ilegal por não se enquadrar em nenhuma das hipóteses de flagrante (art. 302 e 
art. 303 do C.P.P.); b) Não tenham sido cumpridas as formalidades do auto de 
prisão em flagrante (art. 306 do C.P.P.)
10
; c) A pessoa presa tenha sido vítima de 
maus- tratos/torturas, fato que macula o ato de constrição de sua liberdade. d) O 
fato seja atípico; e) A infração seja de menor potencial ofensivo e a pessoa presa 
tenha se comprometido a comparecer à audiência no Juizado Especial Criminal. 
 
em flagrante, devendo: 
I - esclarecer o que é a audiência de custódia, ressaltando as questões a serem analisadas pela autoridade 
judicial; 
II - assegurar que a pessoa presa não esteja algemada, salvo em casos de resistência e de fundado receio 
de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, devendo a excepcionalidade ser justificada por 
escrito; 
III - dar ciência sobre seu direito de permanecer em silêncio; 
IV - questionar se lhe foi dada ciência e efetiva oportunidade de exercício dos direitos constitucionais 
inerentes à sua condição, particularmente o direito de consultar-se com advogado ou defensor público, o 
de ser atendido por médico e o de comunicar-se com seus familiares; 
V - indagar sobre as circunstâncias de sua prisão ou apreensão; 
VI - perguntar sobre o tratamento recebido em todos os locais por onde passou antes da apresentação à 
audiência, questionando sobre a ocorrência de tortura e maus tratos e adotando as providências cabíveis; 
VII - verificar se houve a realização de exame de corpo de delito, determinando sua realização nos casos 
em que: 
a) não tiver sido realizado; 
b) os registros se mostrarem insuficientes; 
c) a alegação de tortura e maus tratos referir-se a momento posterior ao exame realizado; 
d) o exame tiver sido realizado na presença de agente policial, observando-se a Recomendação CNJ 
49/2014 quanto à formulação de quesitos ao perito; 
VIII - abster-se de formular perguntas com finalidade de produzir prova para a investigação ou ação penal 
relativas aos fatos objeto do auto de prisão em flagrante; 
IX- adotar as providências a seu cargo para sanar possíveis irregularidades; 
X - averiguar, por perguntas e visualmente, hipóteses de gravidez, existência de filhos ou dependentes sob 
cuidados da pessoa presa em flagrante delito, histórico de doença grave, incluídos os transtornos mentais 
e a dependência química, para analisar o cabimento de encaminhamento assistencial e da concessão da 
liberdade provisória, sem ou com a imposição de medida cautelar. 
10
 C.P.P.:Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados 
imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele 
indicada. 
 § 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz 
competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia 
integral para a Defensoria Pública. 
 § 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela 
autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas. 
 
 FABIANO SARAIVA professorfabianosaraiva@hotmail.com 
7. REQUERIMENTO DE LIBERDADE PROVISÓRIA. 
 
 Liberdade Provisória sem fiança ou qualquer outra medida cautelar. 
 
O Promotor de justiça e/ou Advogado de Defesa devem requerer e o Juiz 
deve determinar, inclusive, de ofício, a liberdade provisória do indivíduo preso 
independente de fiança ou qualquer outra medida cautelar nas seguintes 
hipóteses: 
a) Não estarem presentes os requisitos para a decretação da prisão preventiva 
(arts. 312 e 313 do C.P.P); 
b) O indivíduo preso claramente agiu sob o amparo de uma das excludentes de 
ilicitude previstas no art. 23 do C.P.B. (art. 310, parágrafo único) 
 
c) De plano, verifica-se que a futura provável pena e regime de cumprimento a 
ser aplicado, no caso de uma possível sentença condenatória, serão mais 
brandas que aplicação de uma medida cautelar de prisão preventiva. 
(Princípio da Proporcionalidade, a medida cautelar - decisão de 
cognição sumária - não pode ser mais severa do que a medida aplicada 
na sentença final – decisão de cognição exauriente) 
 
Obs.1: Nesse momento, importante constar dos autos certidão de 
antecedentes criminais, comprovante de residência do preso e declaração do 
seu trabalho ou ocupação habitual. 
Obs.2: Podem-se juntar quaisquer documentos para comprovar os 
argumentos do requerimento de Liberdade Provisória. 
 
 Liberdade Provisória com aplicação de Medida Cautelar Diversa da 
Prisão, prevista no art. 319 do C.P.P.. 
 
O Promotor de justiça e/ou Advogado de Defesa devem requerer e o Juiz 
deve determinar, inclusive, de ofício, a liberdade provisória do indivíduo preso 
com aplicação de fiança ou qualquer outra medida cautelar diversa da prisão 
(art. 319 do C.P.P.), considerando as seguintes situações: 
 
a) Subsidiariedade da Privação da Liberdade. As medidas cautelares diversas da 
prisão previstas no art. 319 preferem à medida cautelar de privação da liberdade. 
 
b) Presença dos Requisitos das Cautelares Pessoais (arts. 312 e 282, I, do C.P.P.)11. 
Para que se aplique qualquer das medidas cautelares previstas no art. 319 do 
 
11
 C.P.P.: Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: 
I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos 
expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais; 
 
 FABIANO SARAIVA professorfabianosaraiva@hotmail.com 
C.P.P., exige-se também que estejam presentes os requisitos autorizadores da 
prisão preventiva, fumus commissi delicti e periculum libertatis (arts. 312 e 282, 
I, do C.P.P.), pois tais requisitos são exigidos para todas as cautelares pessoais. 
Nesse sentido, em sede de Cautelares Diversas da Prisão (art. 319 do C.P.P), 
deve-se ainda contextualizar sua aplicação com a desnecessidade do 
encarceramento e a sua suficiência e adequação para garantir a cautelaridade que 
o caso requer . 
c) Adequação e pertinência das medidas cautelares diversas da prisão a serem 
aplicadas com relação ao fato imputado ao indivíduo preso. Por exemplo, a 
suspensão de função pública ou atividade econômica só pode ser aplicada se a 
infração atribuída tiver relação com essas funções ou atividade econômica.d) Proporção do valor da fiança, eventualmente fixada, com a condição financeira 
do indivíduo preso. Se a fiança fixada se mostrar desproporcional, deve o 
Advogado de Defesa e/ou o Promotor de Justiça requerer e o Juiz determinar 
inclusive, de ofício, o realinhamento dos valores fixados ou sua dispensa. 
 
Obs.1: Nesse momento, importante constar dos autos certidão de antecedentes 
criminais, comprovante de residência do preso e declaração do trabalho ou 
ocupação habitual. 
Obs.2: Podem-se juntar quaisquer documentos para comprovar os argumentos 
do requerimento de aplicação de medida cautelar diversa da prisão.. 
 
8. REQUERIMENTO DE SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA 
POR PRISÃO DOMICILIAR (art. 318 do C.P.P.). 
 
Se o Juiz entender que é caso de converter a prisão em flagrante em prisão 
preventiva, deve ser verificado se a situação não é uma das hipóteses de prisão 
domiciliar (art. 318 do C.P.P.)
12
. Enquadrando-se o caso em umas das hipóteses 
de prisão domiciliar, o Promotor de Justiça e/ou Advogado de Defesa devem 
requerer e o Juiz deve determinar, inclusive, de ofício, a sua imediata aplicação.. 
 
 
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem 
econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando 
houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. 
Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de 
qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4o). 
12
 Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: 
I - maior de 80 (oitenta) anos; 
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave; 
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; 
IV - Revogado 
IV - gestante; 
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; 
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade 
incompletos. 
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo. 
 
 FABIANO SARAIVA professorfabianosaraiva@hotmail.com 
 Obs.: Nesse momento, importante constar dos autos certidão de nascimento 
do agente preso que comprove idade superior a 80 (oitenta) anos; 
documentos médicos que comprovem a grave enfermidade ou gravidez; 
documentos que comprovem a existência de pessoa com menos de 6 (seis) 
anos de idade ou com deficiência que dependa de forma imprescindível dos 
cuidados do agente preso; documento que comprove a existência filho com 
menos de 12 (doze) anos de mulher presa, ou de homem preso que seja o 
único responsável pelo infante. 
 
9. REQUERIMENTO DE INSTAURAÇÃO DE INCIDENTE DE 
INSANIDADE MENTAL. 
 
Se houver fundadas suspeitas de que o indivíduo preso não possua a 
devida integridade mental, deverá o Juiz, de ofício, ou a requerimento, do 
Promotor de justiça e/ou Advogado de Defesa, determinar a instauração de 
incidente de insanidade mental (art. 149 e ss do C.P.P.) Se o fato atribuído foi 
praticado com violência ou grave ameaça e houver risco de reiteração, o Juiz 
deve, de ofício, ou a requerimento, determinar a internação do indivíduo preso e 
com suspeita de debilidade mental em Hospital Psiquiátrico de Custódia. (art. 
319, inc. VII, do C.P.P) 
 
10. REQUERIMENTOS EM CASO DE DECLARAÇÃO DE VIOLÊNCIA 
POLICIAL. 
 
Declarando o indivíduo preso que, por ocasião ou em decorrência de sua 
prisão, sofreu agressões físicas ou psíquicas, deve o magistrado, de ofício, ou a 
requerimento, do M.P. ou do Advogado de Defesa, adotar as seguintes 
providências: 
a) Encaminhar as informações do ilícito ao Ministério Público13, a fim de que 
este aprecie e, se for o caso, ofereça denuncia crime ou requisite a abertura 
de inquérito policial para apuração do caso, com a submissão do indivíduo 
preso a novo exame de corpo delito e exame psicológico; 
b) Encaminhar as informações ao delegado de Polícia correspondente, a fim de 
que este aprecie e, se for o caso, determine a abertura de inquérito policial
14
 
para apuração do ilícito, com a submissão do indivíduo preso a novo exame 
de corpo delito e exame psicológico; 
c) Encaminhar solicitação de apuração do caso à Corregedoria da Polícia; 
d) Encaminhamento do preso à unidade de atendimento hospitalar, caso se 
apresente necessário. 
 
13
Deve ser realizada uma leitura constitucional do art. 40 do C.P.P. “Quando, em autos ou papéis de que 
conhecerem, os juízes ou tribunais verificarem a existência de crime de ação pública, remeterão ao 
Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao oferecimento da denúncia”. 
14
 Deve ser realizada uma leitura constitucional do art. 5º do C.P.P., “Nos crimes de ação pública o 
inquérito policial será iniciado: I - de ofício; II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do 
Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo”.

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