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RESUMO FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS

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FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
 
Aula 1 – Os conceitos sociantropológicos de indivíduo e sociedade 
A sociedade faz o homem ou o homem faz a sociedade? 
A resposta dessa questão, bastante complexa, só é possível por meio do debate que as 
Ciências Sociais, ao longo de trajetória, vêm realizando. 
O primeiro passo para respondê-la é compreender os conceitos de indivíduo e sociedade na 
perspectiva das Ciências Sociais. É o que faremos a seguir. 
 
 
O objeto das Ciências Sociais 
As Ciências Sociais fazem parte do grupo de saberes intitulado Ciências Humanas e 
apresentam métodos próprios de investigação dos fenômenos que analisam. 
Você saberia dizer quais são as três áreas que formam o conjunto de saberes das Ciências 
Sociais? 
Antropologia, Sociologia e Filosofia. 
O objeto de estudo das Ciências Sociais é a sociedade em suas dimensões sociológicas, 
antropológicas e políticas. Estudaremos cada uma dessas dimensões mais detalhadamente no 
decorrer desta aula. 
As áreas constitutivas das Ciências Sociais 
Sociologia 
A Sociologia estuda o homem e o universo sociocultural, analisando as inter-relações entre os 
diversos fenômenos sociais. 
Neste campo de conhecimento, a vida social é analisada a partir de diferentes perspectivas 
teóricas, notadamente as que têm como base conceitual os estudos desenvolvidos por Émile 
Durkheim, Max Weber e Karl Marx. 
A partir dessas matrizes teóricas, estudam-se os fatos sociais, as ações sociais, as classes 
sociais, as relações sociais, as relações de trabalho, as relações econômicas, as instituições 
religiosas, os movimentos sociais etc. 
Antropologia 
Na Antropologia privilegiam-se os aspectos culturais do comportamento de grupos e 
comunidades. Questões cruciais para o entendimento da vida em grupo, 
como alteridade, diversidade cultural, etnocentrismo e relativismo cultural são tratadas por 
essa ciência, que em seus primórdios estudava povos e grupos geográfica e culturalmente 
distantes dos povos ocidentais. Ao longo de seu desenvolvimento, os antropólogos passaram a 
analisar grupos sociais relativamente próximos, buscando transformar o exótico, o distante, 
em familiar. 
Em sua história, a Antropologia revelou estudos notáveis sobre sociedades indígenas e 
sociedades camponesas, também desenvolveu uma série de estudos sobre grupos sociais 
urbanos. 
Ciência Política 
Como o próprio nome já diz, esta área analisa as questões ligadas às instituições políticas. 
Conceitos de poder, autoridade e dominação são estudados por esta ciência. Analisam-se 
assim as diferenças entre povo, nação e governo, bem como o papel do Estado como 
instituição legitimamente reconhecida como a detentora do monopólio da dominação e do 
controle de determinado território. 
 
Qual a importância do estudo socioantropológico na compreensão da realidade? 
Ao contrário de outras ciências, as Ciências Sociais lidam não apenas com o que se chama de 
realidade, com fatos exteriores aos homens, mas igualmente com as interpretações que são 
feitas sobre a realidade. 
Por estudar a ação dos homens em sociedade, de seus símbolos, sua linguagem, seus valores e 
cultura, das aspirações que os animam e das alterações que sofrem, as Ciências Sociais 
constituem ferramenta importante para o desenvolvimento da compreensão crítico-reflexiva 
da realidade. 
Por essa razão, cada vez mais as Ciências Sociais são utilizadas em diversos campos da 
atividade humana. Campanhas publicitárias, campanhas eleitorais, elaboração de políticas 
públicas, até mesmo a programação de redes de rádio e televisão levam cada vez mais em 
conta resultados de investigações socioantropológicas, à medida que estas buscam entender 
as pessoas envolvidas em cada uma dessas atividades, suas crenças, valores e ideias. 
 
Você saberia definir a importância desses trabalhos atuais? 
Esses trabalhos são utilizados frequentemente como fonte de reflexão por governos, 
sociedade civil e indivíduos que buscam desenvolver sua capacidade de compreensão dos 
acontecimentos e planejamento de ações com vistas à atuação na vida social. 
 
Qual é o seu papel como indivíduo na sociedade? 
A perspectiva socioantropológica aponta para uma relação dialógica entre indivíduo e 
sociedade. Não existem sociedades sem indivíduos e os indivíduos só se tornam 
verdadeiramente humanos por meio da socialização, processo pelo qual você se torna um 
membro ativo da sociedade em que nasceu, isto é, comporta-se de acordo com determinados 
atributos preconcebidos. 
O indivíduo, assim, desempenha na realidade um papel duplo em relação à cultura. Segundo 
Ralph Linton (“O indivíduo, a cultura e a sociedade”), em circunstâncias normais, quanto mais 
perfeito seu condicionamento e consequente integração na estrutura social, tanto mais efetiva 
sua contribuição para o funcionamento uniforme do todo e mais segura sua recompensa. 
Entretanto, as sociedades existem e funcionam num mundo em perpétua mudança. Como 
uma simples unidade no organismo social, o indivíduo perpetua o status quo, mas também 
ajuda a transformá-lo quando há necessidade. Desde que nenhum ambiente se apresente 
completamente estacionário, nenhuma sociedade pode sobreviver sem o inventor ocasional e 
sem sua capacidade para encontrar soluções para novos problemas. 
 
O conceito abstrato de “sociedade” significa para o ser humano individual o conjunto das suas 
relações diretas e indiretas com os seus contemporâneos e com todas as pessoas de gerações 
anteriores. 
O indivíduo é capaz de pensar, sentir, lutar e trabalhar sozinho, mas depende tanto da 
sociedade – na sua existência física, intelectual e emocional – que é impossível pensar nele, ou 
compreendê-lo, fora da estrutura da sociedade. 
É a “sociedade” que lhe fornece comida, roupa, casa, instrumentos de trabalho, língua, formas 
de pensamento, e a maior parte do conteúdo do pensamento; a sua vida foi tornada possível 
através do trabalho e da concretização dos muitos milhões passados e presentes que estão 
todos escondidos atrás da pequena palavra “sociedade”. 
 
 
Aula 2 - Objeto e método das ciências sociais 
Em “Lição de Anatomia”, Rembrandt retrata uma aula na qual um cientista, junto ao corpo 
morto de um homem, ensina aos seus alunos a composição e a forma de um corpo humano. 
Tal atividade insere-se no campo do que se convencionou chamar de “ciências naturais”. 
Entretanto, a observação do quadro pode ir além disso: visões e interpretações sobre o corpo 
humano e sobre a morte, o processo de transmissão de conhecimento, todos fazem parte de 
reflexões desenvolvidas pelas chamadas “ciências humanas e sociais”. 
Nesta aula, iremos comparar os objetos e métodos desses dois campos de saberes, e 
demonstrar a abordagem específica das ciências sociais. 
 
Objetivos 
 Comparar os objetos das ciências naturais e das ciências sociais, bem como seus 
métodos de investigação científica. 
 Demonstrar o enfoque específico utilizado pelas ciências sociais na análise da 
sociedade. 
 Investigar as possíveis interpretações e ocorrências na atualidade sobre a diferença 
entre o campo do saber das ciências da natureza e das ciências sociais. 
 
O que estudam as Ciências Naturais? 
As Ciências Naturais estudam fatos simples, eventos que presumivelmente têm causas simples 
e são facilmente isoláveis, recorrentes e sincrônicos. Tais fatos podem ser vistos, isolados e 
reproduzidos dentro de condições de controle razoáveis, num laboratório. 
Assim, nas Ciências Naturais há uma distância irremediável entre o cientista e seu objeto de 
pesquisa, o que torna o método objetivo o mais apropriado para a investigação de fenômenos 
dessa ordem. 
 
Por que você come um bolo? 
 
No âmbito das Ciências Sociais torna-se difícil desenvolver uma teoria capaz de transmitir com 
PRECISÃO uma causa única ou motivação exclusiva. 
Ao contrário de outras ciências, as CiênciasSociais lidam não apenas com o que se chama de 
realidade, com fatos exteriores aos homens, mas igualmente com as interpretações que são 
feitas sobre a realidade. As Ciências Sociais estudam fenômenos complexos. Seu objeto de 
investigação é o homem nas relações intersubjetivas, os fenômenos sociais, ou seja, eventos 
com determinações complicadas e que podem ocorrer em ambientes diferenciados, fazendo 
com que toda análise de fenômenos dessa natureza seja parcial, subjetiva. 
 
 
Ciências naturais X ciências humanas e sociais 
A letra da música fala de comida como uma forma de alimento, mas também de outro tipo de 
comida que sacia a "fome da alma". 
 
A partir dessa visão podemos identificar algumas diferenças entre ciências sociais e ciências 
naturais: 
 
Como estudar fenômenos sociais? 
Ao observar os fenômenos sociais, somos levados a enfrentar nossa própria posição, nossos 
valores, nossa visão de mundo que interfere na nossa pesquisa. Nossa fala, nossos gestos, 
nossa modo de ser e de agir revelam o tipo de socialização que tivemos e influencia em nossa 
visão de mundo. 
Dessa forma, trabalhamos com fenômenos que estão bem perto de nós, temos a interação 
complexa entre o investigador e o investigado, pois ambos compartilham de um mesmo 
universo de experiências humanas. 
Podemos assimilar um costume diferente do nosso, ou até mesmo perceber o melhor de 
nossas tradições quando estamos em contato com outras culturas. 
Neste âmbito, percebemos que podemos adotar costumes de outros povos, aprender seus 
credos, modificar nossas leis. 
Nas Ciências Sociais temos a interação COMPLEXA entre o investigador e o investigado. Ambos 
compartilham de um mesmo universo de experiências humanas. 
A charge, a seguir, apresenta, ironicamente, uma situação social comum nos centros urbanos. 
Analise-a de acordo com o método adequado à compreensão dos fenômenos sociais. 
 
Aula 3 - A análise antropológica da cultura 
Fulano não tem cultura! Sicrano é muito culto! O governo não investe em cultura! 
Acima temos exemplos da maneira que utilizamos a palavra cultura no nosso dia a dia, 
enquanto instrução, saber, estudo. Mas esta é apenas uma maneira de utilizar a palavra 
cultura. 
Portanto, o objeto de investigação da Antropologia constitui-se nos "usos e abusos" do 
conceito de cultura e suas implicações na vida social. Compreender estes "usos e abusos" é o 
objetivo desta aula. 
Objetivos 
 Explicar o conceito de cultura como objeto de estudo privilegiado da análise antropológica. 
 Analisar a cultura como elemento condicionador da visão de mundo. 
 Descrever as práticas antropológicas utilizadas para categorizar comportamentos culturais. 
 Demonstrar a importância do princípio de relativismo cultural, em contraposição ao 
etnocentrismo. 
 
Vamos iniciar nossos estudos com uma reflexão: O que é cultura pra você? O conceito de 
cultura é uma preocupação intensa atualmente em diversas áreas do pensamento humano, no 
entanto, a Antropologia é a área por excelência de debate sobre esta questão. 
O primeiro antropólogo a sistematizar o conceito de cultura foi Edward Tylor que, em Primitive 
Culture, formulou a seguinte definição: "Cultura é todo complexo que inclui conhecimento, 
crença, arte, moral, lei, costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo 
homem na condição de membro da sociedade". 
Uma definição mais contemporânea do termo cultura foi dada por Clifford Geertz em 1989 em 
"A Interpretação das Culturas". Segundo ele, cultura pode ser entendida como um sistema 
simbólico, ou seja, seria: "um conjunto de mecanismos de controle - planos, receitas, regras, 
instruções - para governar o comportamento. 
 
Diversidade Cultural 
Lembra que na aula 1 tratamos brevemente sobre diversidade cultural? Agora, iremos explorar 
um pouco mais esse conceito. 
Primeiramente vamos relembrar o seu significado: desde sempre os homens se preocuparam 
em entender por que outros homens possuíam hábitos alimentares, formas de se vestir, de 
formarem famílias, de acessarem o sagrado de maneiras diferentes das suas. A essa 
multiplicidade de formas de vida dá-se o nome de "diversidade cultural". 
Foi a partir da descoberta do “Novo Mundo”, nos séculos XV e XVI, que os europeus se 
depararam com modos de vida completamente distintos dos seus, e passaram a elaborar mais 
intensamente interpretações sobre esses povos e seus costumes. 
É fundamental termos em mente que o impacto e a estranheza se deram dos dois lados. Os 
grupos não europeus também se espantavam com o ser diferente que chegava até eles 
desembarcando em suas praias e tomando posse de seu território. 
Infelizmente não temos muitos relatos dos povos não europeus para conhecermos a visão que 
eles tinham dos brancos. Existem relatos esparsos, como o de povos que, após a morte de um 
europeu em combate, colocavam seu corpo dentro de um rio e esperavam sua decomposição 
para ver se eram pessoas como eles. 
 
O olhar eurocêntrico sobre a cultura 
De onde surge a preocupação com o tema da cultura? 
Vamos posicionar nosso olhar. Toda construção científica nasce na Europa. A reflexão teórico-
científica sobre a humanidade se iniciou neste ambiente e nesta perspectiva. Logo, a noção de 
ser humano de referência para todas as Ciências Humanas e Sociais é a do homem europeu e 
da sociedade europeia. No entanto, a partir dos esforços de conquista de outros continentes, 
os europeus “encontraram-se” com “seres” diferentes o suficiente para causarem 
estranhamento, mas “parecidos” o suficiente para produzirem o seguinte incômodo: serão 
estes seres “humanos”? 
A relação com agrupamentos humanos de localidades até então desconhecidas como as que 
hoje denominamos África, América, Austrália, fizeram com que os europeus se questionassem 
sobre as características peculiares ao humano e as razões de tanta diferença entre os 
componentes de uma mesma espécie. 
O movimento pré-científico, que domina o campo da diversidade cultural até o século XVIII, é 
aquele que oscilava entre conceber o “diferente” ora como humano, ora como não humano, 
provido ou desprovido de alma, bom ou mau selvagem, etc. Na ótica dos europeus, estes 
“maus selvagens” eram vistos como perigosos, mais próximos aos animais, brutos, imbuídos 
de uma sexualidade descontrolada, primitivos, com uma inteligência restrita, iludidos pela 
magia, enfim, seres limitados que precisavam ser “civilizados” pela cultura europeia. 
 
Veja, a seguir, o trailer do filme "Hans Staden", sobre um imigrante alemão que naufragou 
no litoral de Santa Catarina, sendo encontrado por índios Tupinambás, que o prendem com o 
intuito de matá-lo e devorá-lo. Ele então precisa arranjar meios para convencer os índios a 
não devorá-lo e permanecer vivo: 
 
Alteridade 
Você sabe o que significa o termo "alteridade"? 
Alteridade é o resultado de um processo de diferenciação que acontece entre o "eu", 
interior e particular de cada um, e o "outro", diferente. Isto é, quando nos confrontamos 
com o estranho, o não familiar. Estranhar o "outro" é reconhecer em outro indivíduo, ou em 
um conjunto deles, as suas peculiaridades, diferenças e equivalências. Desta maneira o 
"outro" ou "outros" se tornam identificáveis, possibilitando consequentemente hierarquizar, 
separar, classificar, normalizar, dominá-los. Tal como na situação que vimos anteriormente, 
na qual pela perspectiva dos europeus ("eu"), os povos da África, das Américas e da Oceania 
(outros) eram vistos ora como: não humanos, providos ou desprovidos de alma. bom ou 
mau, selvagem, que precisavam ser "civilizados". 
A alteridade não é possível sem o etnocentrismo... 
Porém, a alteridade é também a condição fundamental para compreender o "outro", os outros 
grupos e a si mesmo. Por isso, a antropologia configura-se como a ciência da alteridade, pois 
busca a compreensão do "outro" em seu contexto cultural,para então elaborar teorias que 
possam ser úteis na compreensão não apenas daquele contexto, mas também de outros 
contextos culturais, inclusive o do próprio pesquisador. 
Antropologia de gabinete 
Entramos no século XIX. Os antropólogos estudam culturas "exóticas" buscando descrever 
seus hábitos, costumes e sua forma de ver o mundo (cosmovisão). No entanto, eles não iam ao 
campo; não eram os antropólogos que experimentavam diretamente o dia a dia dos grupos 
"selvagens". 
Eram enviados viajantes, pessoas comuns que eram deslocadas para essas "tribos" e ali 
ficavam por um certo tempo, registrando tudo que viam e ouviam, a fim de entregar este 
material aos antropólogos que aí sim analisavam estes relatos, desenvolvendo suas teorias 
sobre as diferentes culturas. Esta é a denominada "antropologia de gabinete". 
 
 
 
 
Etnocentrismo 
Segundo Everardo Rocha, em “O que é Etnocentrismo”, trata-se da “visão do mundo onde o 
nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos 
através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. No plano 
intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, 
como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc.” 
O autor nos alerta ainda para a questão do choque cultural. Como ele afirma, “de um lado 
conhecemos o "nosso" grupo, que come igual, veste igual, gosta de coisas parecidas, conhece 
problemas do mesmo tipo, acredita nos mesmos deuses, casa igual, mora no mesmo estilo, 
distribui o poder da mesma forma, empresta à vida significados em comum e procede, por 
muitas maneiras, semelhantemente. Aí, então, de repente, nos deparamos com um "outro", o 
grupo do "diferente" que, às vezes, nem sequer faz coisas como as nossas ou quando as faz é 
de forma tal que não reconhecemos como possíveis. E, mais grave ainda, este “outro" também 
sobrevive à sua maneira, gosta dela, também está no mundo e, ainda que diferente, também 
existe.”. 
 
Na sua opinião, o etnocentrismo é positivo ou negativo? E que benefícios a Antropologia 
pode trazer para esta visão? 
Roberto da Matta, no texto “Você tem cultura?” demonstra que “antes de cogitar se 
“aceitamos” ou não esta outra forma de ver o mundo, a Antropologia nos convida a 
compreendê-la, e verificar que ao seu jeito uma outra vida é vivida, segundo outros modelos 
de pensamento e de costumes. O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura 
tem como consequência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto 
e o mais natural. O conceito de cultura, ou, a cultura como conceito, então, permite uma 
perspectiva mais consciente de nós mesmos. Precisamente diz que não há homens sem cultura 
e permite comparar culturas e configurações culturais como entidades iguais, deixando de 
estabelecer hierarquias em que inevitavelmente existiriam sociedades superiores e inferiores”. 
 
Darcy Ribeiro (Montes Claros, 26 de outubro de 1922 — Brasília, 17 de fevereiro de 1997) foi 
um antropólogo, escritor e político brasileiro, conhecido por seu foco em relação aos índios e 
à educação no país. 
Relativismo cultural 
É a postura, privilegiada pela Antropologia contemporânea, de buscar compreender a lógica da 
vida do outro. Parte do pressuposto de que cada cultura se expressa de forma diferente. Dessa 
forma, trata-se de pregar que a atividade humana individual deve ser interpretada em 
contexto, nos termos da cultura em que está inserida. 
As palavras de uma das mais notáveis antropólogas conhecidas, a americana Margaret Mead, 
que no prefácio de Sexo e Temperamento afirmou: "toda diferença é preciosa e precisa ser 
tratada com muito carinho". 
 
E como nos diz Roberto da Matta em seu artigo "Você tem cultura?“: 
 
“O conceito de cultura permite uma perspectiva mais consciente de nós mesmos. 
Precisamente diz que não há homens sem cultura e permite comparar culturas e configurações 
culturais como entidades iguais, deixando de estabelecer hierarquias em que inevitavelmente 
existiriam sociedades superiores e inferiores". 
 
A partir do conhecimento adquirido nesta aula, responda se, de acordo com a história em 
quadrinhos protagonizada por Hagar e seu filho Hamlet, a postura de Hagar é etnocêntrica ou 
relativista? Justifique. 
É uma postura etnocêntrica, pois o personagem classifica o mundo e as pessoas apenas a 
partir dos valores de seu grupo. 
 
Aula 4 - A formação do pensamento político moderno e as questões básicas da 
Ciência Política 
A Ciência Política é o estudo da política, ou seja, dos sistemas, das organizações e dos 
processos de governos, ou de qualquer sistema equivalente de organização humana que tente 
assegurar segurança, justiça e direitos civis. Nicolau Maquiavel (1469-1527) é reconhecido 
como precursor da Ciência Política moderna pelo fato de haver escrito sobre o Estado e as 
formas de manter o poder, separando os interesses estatais dos dogmas e interesses da Igreja. 
Objetivos 
 Descrever as contribuições dos teóricos formadores do pensamento político moderno. 
 Descrever a concepção weberiana de dominação e poder. 
 Avaliar a visão marxista do papel do Estado na sociedade de classes. 
 
A formação do pensamento político moderno: Estado de Natureza, Contrato Social e Estado 
Civil na filosofia de Hobbes, Locke e Rousseau 
Com a derrocada do Feudalismo e a ascensão da burguesia, na Europa, surgiu o Iluminismo: 
um movimento intelectual que rompeu definitivamente com qualquer herança medieval, 
buscando compreender a sociedade e suas relações como fenômenos sujeitos a leis naturais. 
Essa nova visão possibilitou a construção de modelos sociais, políticos e econômicos centrados 
na ideia do Estado como um "contrato social", que permitiria aos homens passar de um 
"estado de natureza" - em que predominava a barbárie - para um "estado civil" - em que 
predominam as leis. 
O termo contratualismo indica uma classe abrangente de teorias que tentam explicar os 
caminhos que levam as sociedades a formarem Estados, com o objetivo de manter a ordem 
social. Essa noção de contrato indica que as pessoas abrem mão de certos direitos para um 
governo ou uma autoridade, a fim de obter as vantagens da paz social e da ordem. 
Na origem do processo de reflexão sobre o modelo de organização política que emerge do 
feudalismo para o capitalismo, ganham destaque quatro autores que estabeleceram as 
bases do contratualismo: 
 
 
 
 
Os teóricos do contratualismo influenciaram as várias revoluções burguesas que 
transformaram o cenário político no final do século XVIII - como a Guerra de Independência 
dos Estados Unidos (1776) e a Revolução Francesa (1789). Esses eventos históricos criaram as 
bases das modernas repúblicas e do Estado de Direito, cujo documento que representa a ideia 
do contrato social é a Constituição. 
O Iluminismo: a base filosófica da criação do Estado burguês 
Com o surgimento do Iluminismo, no século XVIII, a sociedade passou a ser cada vez mais 
abordada como uma problemática maior para os adeptos da “filosofia das luzes”. A partir 
desse momento, estabeleceu-se uma importante discussão sobre a compreensão da vida em 
sociedade: a passagem do “estado de natureza” para o “contrato social”. De acordo com 
Marilena Chauí, o conceito de estado de natureza tem a função de explicar a situação pré-
social na qual os indivíduos existem isoladamente. 
Agora, vamos conhecer a concepção dos autores sobre o estado de natureza. 
 
Thomas Hobbes 
As principais concepções do estado de natureza foram a de Thomas Hobbes e a de Jean-
Jacques Rousseau. 
Na concepção de Hobbes (século XVII), os indivíduos vivem isolados e em luta permanente, 
vigorando a guerra de todos contra todos – “o homem lobo do homem”. Nesse estado, reina o 
medo e, principalmente, o grande medo: o da morte violenta. Para se protegerem uns dos 
outros,os humanos inventaram as armas e cercaram as terras que ocupavam. Essas duas 
atitudes são inúteis, pois sempre haverá alguém mais forte que vencerá o mais fraco e ocupará 
as terras cercadas. A vida não tem garantias. A posse não tem reconhecimento e, portanto, 
não existe. A única lei é a força do mais forte, que pode tudo enquanto tiver força para 
conquistar e conservar. 
 
Jean-Jacques Rousseau 
Já na concepção de Rousseau (século XVIII), os indivíduos vivem isolados pelas florestas, 
sobrevivendo com o que a natureza lhes dá, desconhecendo lutas e comunicando-se pelo 
gesto, pelo grito e pelo canto, numa língua generosa e benevolente. Esse estado de felicidade 
original, no qual os humanos existem sob a forma do bom selvagem inocente, termina quando 
alguém cerca um terreno e diz: “É meu”. A divisão entre o “meu” e o “teu”, isto é, a 
propriedade privada, dá origem ao estado de sociedade, que corresponde, agora, ao estado de 
natureza hobbesiano da guerra de todos contra todos. 
O estado de natureza de Hobbes e o estado de sociedade de Rousseau evidenciam uma 
percepção do social como luta entre fracos e fortes, vigorando a lei da selva ou o poder da 
força. 
John Locke 
Outro autor importante para a formação da ideologia burguesa foi John Locke, pioneiro do 
pensamento político liberal. Para esse autor, o Estado existe a partir do contrato social e tem 
as funções que Hobbes lhe atribui, mas sua principal finalidade é garantir o direito natural da 
propriedade. Dessa forma, a burguesia se vê inteiramente legitimada perante a realeza e a 
nobreza e, mais do que isso, surge como superior a elas, uma vez que o burguês acredita que é 
proprietário graças a seu próprio trabalho, enquanto reis e nobres são parasitas da sociedade. 
O problema, então, é garantir o direito à propriedade e impedir que algum tirano com poderes 
absolutos negue esse direito. A solução para esse problema seria apresentada por Charles-
Louis de Secondat. 
 
Montesquieu 
A estabilidade do regime ideal implica que a correlação entre as forças reais da sociedade 
possa se expressar, também, nas instituições políticas. Em outras palavras, o funcionamento 
das instituições deveria permitir que o poder das forças sociais contrariasse e, portanto, 
moderasse o poder das demais. Entendida dessa forma, a teoria dos poderes de Montesquieu 
se torna vertiginosamente contemporânea. Ela se inscreve na linha direta das teorias 
democráticas – aquelas que apontam a necessidade de arranjos institucionais para impedir 
que alguma força política possa, a priori, prevalecer sobre as demais, reservando-se a 
capacidade de alterar as regras depois de completado o jogo político. 
Nesse contexto, a Europa presenciou muitas e importantes mudanças no cenário político, 
econômico e social. 
 
Formas de dominação legítima em Max Weber 
A dominação deve ser entendida, segundo Weber, como uma probabilidade de mando e de 
legitimidade deste. A crença é condição fundamental para que a relação entre aquele que 
manda (domina) e aquele que obedece (dominado) se realize. Portanto, não é toda e qualquer 
relação de poder que é legitimada, é preciso que aquele que obedece acredite 
voluntariamente naquele que tem poder de mando. 
O poder é sempre uma probabilidade, pois depende de outro para ser exercido. Weber 
fornece o exemplo da relação de poder entre senhor e escravo que é carente de uma relação 
voluntária, não havendo, portanto, legitimidade e sim obrigação; a consequência é que na 
primeira oportunidade os indivíduos fogem desta relação, abandonam seus senhores. 
 
Atenção 
Para Max Weber, a legitimidade é a crença social em determinado regime, que visa obter a 
obediência mais pela adesão do que pela coação, o que acontece sempre que os respectivos 
participantes representam o regime como válido. Nesse caso, a legitimidade se torna a fonte 
do respeito e da obediência consentida. Sua teoria trata dos tipos ideais de dominação 
legítimos. 
 
 
 
Weber define os três tipos puros de dominação como: 
RACIONAL-LEGAL OU BUROCRÁTICA 
A dominação racional-legal é exercida dentro de um quadro administrativo composto 
de regras e leis escritas que devem ser seguidas por todos, não havendo privilégios 
pessoais. Ela é apoiada na crença de uma "legitimidade de ordens estatuídas e nos 
direitos de mando dos chamados a exercer autoridade legal". Esta é baseada em 
relações impessoais e os funcionários são incorporados ao quadro administrativo, 
através de um contrato, não por suas características pessoais, mas por sua competência 
técnica. Eles são livres, sendo que suas obrigações se limitam aos deveres e objetivos de 
seus cargos que estão dispostos dentro de uma hierarquia administrativa e suas 
competências são rigorosamente fixadas. Realizam seu trabalho e em troca recebem 
um salário fixo e regular que varia conforme a responsabilidade do cargo, que é 
exercido em forma exclusiva ou como principal ocupação. Há possibilidade de fazer 
carreira, podendo subir na hierarquia da profissão, através do tempo de serviço ou por 
competência, ou ambos. Importante ressaltar que os funcionários trabalham em seus 
cargos sem a apropriação dos mesmos. A dominação burocrática é puramente técnica, 
com o objetivo de atingir o mais alto grau de eficiência e nesse sentido é, formalmente, 
o mais racional conhecido meio de exercer a dominação sobre os seres humanos. 
DOMINAÇÃO TRADICIONAL 
A dominação tradicional repousa na crença das tradições, costumes que existem desde 
outros tempos. É a legitimidade na crença dos indivíduos nas ordens e poderes 
senhorias tradicionais. A autoridade é exercida e legitimada pela tradição e por normas 
escritas. O quadro administrativo, neste caso, pode ser recrutado não pela competência 
técnica, mas por vínculos pessoais e laços de fidelidade. As tarefas não estão 
claramente definidas, como na dominação racional, e os privilégios e deveres 
encontram-se sujeitos a modificações de acordo com a vontade de governante. Há 
outros tipos de dominação tradicional que são: o patriarcalismo, onde o poder é 
exercido segundo regras fixas de sucessão; e o patrimonialismo ou gerontocracia, que é 
a autoridade exercida pelos mais velhos, em idade, sendo os melhores conhecedores da 
tradição sagrada. Em um corpo administrativo encontramos o patrimonialismo quando 
os funcionários ligam-se ao chefe por laços de fidelidade pessoais. 
CARISMÁTICA 
A dominação carismática pode ser caracterizada pelo seu caráter de tipo extraordinário 
e irracional. Weber define carisma como uma qualidade pessoal considerada 
extraordinária atribuída a um indivíduo que possui poderes ou qualidades 
sobrenaturais. Esses indivíduos são enviados por Deus para o cumprimento de uma 
"missão". Portanto, este indivíduo é reconhecido como um líder por seus seguidores e, 
assim, a autoridade carismática é legitimada. Os carismáticos, geralmente, são profetas 
religiosos, políticos, demagogos, e apresentam, na maioria das vezes, provas de seu 
poder, fazendo milagres ou revelações divinas. Entretanto, Weber aponta para 
possibilidade de uma existência permanente de um líder carismático. Tal fenômeno foi 
chamado de rotinização do carisma. Para que isso ocorra são necessárias mudanças 
profundas, pois implicam a transformação da autoridade carismática em tradicional ou 
legal. Sendo assim, as atividades do corpo administrativo passam a ser exercidas de 
forma regular, seja através da constituição de normas tradicionais, seja por 
promulgação de regras legais. Haverá um problema a ser resolvido, que é o da sucessão 
daquele que não será eleito, geralmente o líder carismático escolhe entre aqueles de 
sua confiança ou então por hereditariedade. 
A construção dos tipos ideais de autoridade é primordial para a compreensão do 
desenvolvimento das instituições, nas quais a burocracia é a mais importante, por ser a mais 
característica dasociedade moderna ocidental que tem em sua essência o pensamento 
racional. 
Esses três tipos de dominação não são encontrados isoladamente, na realidade, eles 
coexistem. A sociedade brasileira é um bom exemplo dessa coexistência, pois as relações de 
trabalho nas organizações (lugar, em princípio, exemplar da relação impessoal) são, ao 
contrário, pessoais e permeadas de privilégios. A seleção nem sempre atende aos critérios 
meritocráticos, competência comprovada para o cargo. Em muitos casos as relações pessoais 
valem muito mais do que um diploma. 
 
A relação Estado-sociedade na concepção marxista 
Segundo Marx e Engels, em A ideologia Alemã - Feuerbach (São Paulo: Hucitec, 1987), o Estado 
é a forma na qual os indivíduos de uma classe dominante fazem valer seus interesses comuns 
e na qual se resume toda a sociedade civil de uma época. 
Segue-se que todas as instituições comuns são mediadas pelo Estado e adquirem através dele 
uma forma política. Daí a ilusão de que a lei se baseia na vontade e, mais ainda, na vontade 
destacada de sua base real - na vontade livre da mesma forma, o direito é reduzido novamente 
à lei. 
Fruto de décadas de colaboração entre Karl Marx e Friedrich Engels, o marxismo é o conjunto 
de ideias filosóficas, econômicas, políticas e sociais baseadas na concepção materialista e 
dialética da História. O marxismo interpreta a vida social conforme a dinâmica da base 
produtiva das sociedades e das lutas de classes daí consequentes. 
 
Críticos do liberalismo, Marx e Engels distinguem os conceitos de: 
 
A emancipação social ocorreria mediante a revolução comandada pelo proletariado. 
Marx e Engels não eram favoráveis à revolução exclusivamente por razões "altruístas", a lógica 
da Revolução estaria embutida na própria lógica das contradições do sistema capitalista. 
O marxismo influenciou os mais diversos setores da atividade humana ao longo do século XX, 
desde a política e a prática sindical até a análise e interpretação de fatos sociais, morais, 
artísticos, históricos e econômicos. Ultrapassou as ideias dos seus precursores, tornando-se 
uma corrente político-teórica que abrange uma ampla gama de pensadores e militantes, nem 
sempre coincidentes, e assumindo posições teóricas e políticas por vezes antagônicas. 
O direito privado desenvolve-se simultaneamente com a propriedade privada, a partir da 
desintegração da comunidade natural (...). 
Quando, mais tarde, a burguesia adquiriu poder suficiente para que os príncipes protegessem 
seus interesses com o fim de derrubar a nobreza feudal por meio da burguesia, o 
desenvolvimento propriamente dito do direito começou em todos os países - na França, no 
século XVI - e, em todos eles, à exceção da Inglaterra, tiveram que ser introduzidos princípios 
do direito romano para o posterior desenvolvimento do direito privado (em particular, no caso 
da propriedade mobiliária)". Karl Marx – A Ideologia Alemã 
Marx afirma que o aparelho jurídico do Estado, nesse tipo de sociedade, tem como 
objetivos: 
 
•Organizar e justificar a dominação da burguesia sobre o proletariado; 
• Favorecer os negócios da classe dominante. 
Dessa forma, para Marx, não existe Estado representativo do conjunto da sociedade. Seu papel 
é o representante dos interesses da burguesia. 
 
Veja o discurso de Martin Luther King e faça uma análise do tipo de dominação, na 
perspectiva weberiana, expressa por esse líder religioso. 
Trata-se da dominação carismática, baseada nas qualidades extraordinárias de um indivíduo 
legitimadas pelo grupo social que reconhece essa dominação. 
 
Aula 5 - Contexto histórico da formação da sociologia e da antropologia 
A formação do pensamento sociológico e antropológico deu-se a partir da segunda metade do 
século XIX, em decorrência de uma série de transformações econômicas, sociais e políticas por 
que passou a Europa nesse período. 
Apresentar e analisar as primeiras formulações dessas ciências, bem como demonstrar a 
influência dessas concepções na sociedade brasileira é o que se pretende nesta aula. 
 
Objetivos 
 Reconhecer as influências da Revolução Francesa e da Revolução Industrial na formação da 
sociedade capitalista/industrial do século XIX. 
 Relacionar o Neocolonialismo ao surgimento das primeiras correntes sócio-antropológicas. 
 Distinguir as principais características do Darwinismo Social, do Evolucionismo Social e do 
Positivismo. 
 Identificar algumas influências do Positivismo no Brasil. 
 
Revolução Industrial e neocolonialismo 
O Iluminismo foi um movimento intelectual que surgiu durante o século XVII na Europa, e 
pregava maior liberdade econômica e política. Foi apoiado pela burguesia, pois os pensadores 
e os burgueses tinham interesses comuns. 
Consistia em críticas ao Antigo Regime: 
 
 
Vários aspectos do Iluminismo preparam o surgimento das Ciências Sociais no século XIX. Este 
foi o fundamento filosófico da criação do Estado burguês, tal como foi promovido pela 
Revolução Francesa e pela Revolução Industrial. Essas revoluções formaram a base do Estado 
moderno. O desenvolvimento do pensamento científico propiciou a Revolução Industrial. Esta 
foi a transição para novos processos de manufaturas no final do século XVIII, primeiramente na 
Inglaterra. 
No século XIX, a indústria cresceu e o capital financeiro se fortaleceu. O que desencadeou 
crises de superprodução, pois a produção não era acompanhada pelo consumo. A solução 
seria crescer para fora do continente europeu, o que foi denominado neocolonialismo ou 
imperialismo do século XIX. 
 
No mapa, veremos como neocolonialismo se expandiu pelo mundo. 
 
O Cientificismo 
 
 
 
Darwinismo Social 
Se o pensamento racional e científico parecia válido para explicar a natureza, intervir sobre ela 
e transformá-la, este poderia explicar também a sociedade vista como um elemento da 
natureza. O Darwinismo Social explica a sociedade como se ela fosse um objeto de estudo da 
natureza. O determinismo biológico e o determinismo geográfico foram explicações 
comumente utilizadas sobre a capacidade de cada individuo e cada sociedade. 
Segundo o Darwinismo Social, as sociedades se modificam e se desenvolvem como os seres 
vivos. As transformações nas sociedades representam a passagem de um estágio inferior para 
outro superior, onde o organismo social se mostra mais evoluído, adaptado e complexo. Se na 
natureza a competição gera a sobrevivência do mais forte, também na sociedade favorece a 
sobrevivência de sociedade e indivíduos mais fortes e evoluídos. 
As expressões: "luta pela existência" e "sobrevivência do mais apto", tomadas de Darwin, 
apoiaram o individualismo liberal e justificaram o lugar ocupado pelos bem-sucedidos nos 
negócios. Por outro lado, as sociedades foram divididas em raças superiores e inferiores, 
cabendo aos mais fortes dominar os mais fracos e, consequentemente, aos mais desenvolvidos 
levar o desenvolvimento aos não desenvolvidos. A civilização deveria ser levada a todos os 
homens. 
 
Darwinismo Social no Brasil 
Conde de Gobineau 
O conde de Gobineau tornou-se embaixador da França no Brasil entre 1869 e 1870. Para ele, a 
mestiçagem criava um povo degenerado, porque não conservaria, nas suas veias, o mesmo 
sangue original. E as sucessivas misturas teriam enfraquecido o seu valor. A apreciação das 
qualidades físicas ou morais dos brasileiros, para Gobineau, não poupava observações 
pejorativas. "A miscigenação havia resultado no Brasil em compleições raquíticas, que se nem 
sempre repugnantes, são sempre desagradáveis aos olhos". 
A única relação que ele estabeleceu no Brasil foi com o D. Pedro II. A visão pessimista de 
Gobineau, em relação ao país, partia do pressuposto da inviabilidade de uma nação composta 
por raças mistas. As nações miscigenadas como o Brasil seriam instáveis, desequilibradas e 
decaídas. A degeneração, segundo ele, era inevitávele conduziria ao fim da existência do 
Brasil. 
 
Nina Rodrigues 
No final do século XIX, muitos intelectuais e pensadores, tais como Nina Rodrigues e Sílvio 
Romero, acabaram por adotar a tese da existência de uma raça superior. Defendiam o 
branqueamento da população como uma forma de superar a mistura de "cores" que 
caracteriza o povo brasileiro. A aplicação prática dessa concepção traduziu-se no incentivo à 
imigração maciça de trabalhadores europeus: italianos, alemães, espanhóis, poloneses, 
ucranianos, que, ao longo do tempo, branqueariam a sociedade do país. 
 
O evolucionismo social 
Os evolucionistas formaram a primeira escola antropológica, tendo como paradigma principal 
a sistematização do conhecimento acumulado sobre os "povos primitivos" e o predomínio do 
trabalho de gabinete. 
A análise desses antropólogos era feita a partir dos relatos de viajantes e colonizadores que 
lhes chegavam às mãos. 
Defendiam a ideia de que a história da Humanidade se dava através de um processo evolutivo 
que ia da selvageria à civilização, passando pela barbárie. Utilizavam o chamado método 
comparativo, em que tomavam como parâmetro a sociedade europeia do século XIX para 
descrever e classificar formas culturais de outros povos, em uma postura que, como vimos na 
aula 3, se mostrava extremamente etnocêntrica, tratando os povos não europeus como 
primitivos, exóticos e incivilizados. 
 
O positivismo 
Augusto Comte 
O positivismo foi uma diretriz filosófica criada por Augusto Comte na segunda metade do 
século XIX. O tema central de sua obra é a Lei dos Três Estados, em que ele divide a evolução 
histórica e cultural da humanidade em três fases, de acordo com seu desenvolvimento; a 
classificação e a hierarquização das ciências, da mais simples até a mais complexa, que pra ele 
a ordem é necessária ao progresso; e a reforma da sociedade, com mudanças intelectuais, 
morais e políticas destinadas, principalmente, a restabelecer a ordem na sociedade capitalista 
industrial. 
A hostilidade dirigida ao pensamento tradicional foi especialmente forte em Comte, que 
negava a possibilidade do conhecimento metafísico, que ele considerava ser estagnante e uma 
forma de pesquisa desnecessária. Ele exigia uma "sociocracia" dirigida por cientistas para a 
unificação, conformidade e progresso de toda a humanidade. Logo, o positivismo redefiniu o 
propósito da filosofia, limitando-a à análise e definição da linguagem científica. 
Comte devotou-se à sociologia, uma palavra que ele elaborou para descrever a ciência da 
sociedade. 
Ele acreditava que sua principal contribuição era a teoria de que a humanidade passou por 
três estágios de desenvolvimento intelectual: 
 
 
Na sua classificação das ciências os critérios eram a generalidade de cada ciência e a crescente 
complexidade das mesmas. A origem da menos complexa a mais complexa estabelecida pelo 
autor foi: Matemática, Astronomia, Física, Química, Biologia. Ao criar a Sociologia, Comte 
criava a ciência mais Positiva. 
Os traços mais marcantes do positivismo são, certamente, a excessiva valorização das ciências 
e dos métodos científicos, a exaltação do homem e suas capacidades e o otimismo em relação 
ao desenvolvimento e progresso da humanidade. 
 
Para reformar a sociedade, Comte propôs: 
 
 
 
Leia a citação a seguir: 
Causar incômodos é intrínseco à verdade (O Globo, 2/5/2008) 
O coordenador do curso de medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA) atribuiu aos 
alunos a responsabilidade pela nota baixa que o curso atingiu no Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes (Enade) de 2007. O curso integra a lista de 17 instituições do país 
que serão supervisionadas pelo Ministério da Educação (MEC). 
Na opinião do coordenador, o professor Antonio Natalino Manta Dantas, o resultado ruim é 
por causa do “baixo QI [coeficiente de inteligência] dos alunos”. 
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo desta quarta-feira (30), Dantas, que é baiano, disse 
também que: 
 
- “O baiano toca berimbau porque só tem uma corda. Se tivesse mais [cordas], não 
conseguiria”. 
Procurado pelo G1, o coordenador reafirmou as declarações sobre o desempenho dos 
estudantes. 
 
- “O QI dos alunos de medicina é baixo sim. Como vou dizer que eles têm QI alto se eles foram 
mal em uma prova que o resto do Brasil foi bem? Que eu saiba, não houve boicote à prova do 
Enade. Então eles [os alunos] mesmos se submeteram à vergonha nacional”, diz o professor 
Dantas. 
Questionado sobre quais medidas pretende tomar a partir de agora, o coordenador do curso 
foi enfático: 
 
- “O que a gente pode fazer para melhorar a capacidade cognitiva das pessoas? Não tenho 
como mudar a genética. A prova do Enade não foi ruim. Ruins são os nossos alunos”, diz o 
coordenador, que acrescenta que os estudantes do curso de direito da UFBA tiraram nota 5 
(nota máxima) no Enade de 2006. “Realmente eu não entendo por que os alunos de medicina 
não conseguem esse desempenho”, diz. 
 
Agora, responda: O coordenador do curso de medicina da UFBA estaria se inspirando nas 
concepções do Darwinismo social para explicar as diferenças cognitivas entre os estudantes? 
Justifique. 
Sim, porque trabalha com a ideia de superioridade intelectual baseada em critérios biológicos, 
atribuindo à composição genética dos baianos uma suposta inferioridade intelectual. 
 
Aula 6 - Modelos clássicos da análise sociológica: a contribuição de Émile Durkheim 
 
Como vimos na aula anterior, Augusto Comte formulou a primeira tentativa de criação de uma 
"ciência do social". 
Contudo, foi com Émile Durkheim que a Sociologia se constitui como uma disciplina 
rigorosamente científica, ao definir seu objeto e estudo e consagrar-lhe um método de 
investigação. 
Nesta aula vamos estudar a contribuição desse autor para a compreensão dos fenômenos 
sociais, especialmente no que tange aos fenômenos coletivos. 
 
Objetivos 
 Definir o que é fato social e suas características. 
 Listar a classificação dos fatos sociais como normais e patológicos. 
 Identificar o crime como fato social e, através do método proposto por Durkheim. 
 Reconhecer a noção de consciência coletiva enquanto fenômeno associado às formas de 
solidariedade social. 
 Avaliar a influência da sociedade sobre comportamentos. 
 Analisar a evolução das formas de organização social (simples e complexa) do ponto de 
vista dos laços existentes entre o indivíduo e a sociedade (solidariedade social). 
 Descrever os mecanismos pelos quais a consciência coletiva nas modernas sociedades 
constrói a gradação dos níveis de patologia social presentes nas sociedades. 
 
Émile Durkheim 
Você sabe quem foi Émile Durkheim? 
 
 
 
Fatos sociais 
Em seu livro As Regras do Método Sociológico, Durkheim define os fatos sociais como: 
 
Estes tipos de conduta ou de pensamento não são apenas exteriores aos indivíduos, são 
também gerais na extensão de toda sociedade conhecida e dada, são dotados de um poder 
imperativo e coercitivo que constitui características intrínsecas de tais fatos. 
Para Durkheim, a sociedade, como todo organismo, apresenta estados normais e patológicos 
(saudáveis e doentios). 
 
Fato social normal 
É normal o fato que não extrapola os limites dos acontecimentos mais gerais de uma 
determinada sociedade e que refletem os valores e as condutas aceitas pela maior parte da 
população. 
Por isso, em sua concepção, o crime é considerado um fato social normal, porque pode ser 
entendido como necessário (útil) para uma sociedade, pois, se a consciência coletiva (moral) 
fosse excessiva, se cristalizaria e a consciência individual inovadora não se manifestaria. 
Desse modo, onde o crime existe os sentimentos coletivos estão no estado de maleabilidade 
necessária para tomar nova forma: ele representa um fato social que integra as pessoas em 
torno de uma conduta valorativa, que pune o comportadoconsiderado nocivo, que fere a 
consciência coletiva. 
Quando os sentimentos coletivos são fortemente atingidos, algumas ofensas passam de faltas 
morais para delitos e crimes. É por essa lógica que ele irá avaliar o castigo imposto não como 
forma de acabar com o crime, mas sim para mantê-lo na taxa social “média”. 
 
De perto ninguém é normal... 
Ouça o trecho da música “Vaca Profana” de Caetano Veloso: 
“Mas eu também sei ser careta 
De perto ninguém é normal 
Às vezes segue em linha reta 
A vida, que é meu bem, meu mal.” 
Caetano Veloso, em “Vaca Profana” 
 
Profeta Gentileza: 
Louco? Visionário? Vejam a referência ao uso (irracional) da natureza pelos normais”. 
 
Fato social patológico 
Você já ouviu falar em “fato social patológico”? Descreva no campo, a seguir, o que você 
entende por esse termo. 
É todo fato que extrapola os limites aceitos pela consciência coletiva vigente em uma 
sociedade, é o comportamento tido com desviante. São fatos que põem em risco a harmonia e 
o consenso representa um estado mórbido da sociedade. Eles são transitórios e excepcionais, 
assim como as doenças. 
 
 
 
 
Normalidade x Patologia 
O que é normal? Quais os parâmetros estabelecidos para diferenciar o “normal” do 
“anormal”? 
É importante que você tenha em mente que o conceito de normalidade é discutível. O que 
chamamos de “normal” varia de sociedade para sociedade. 
Segundo Richard Miskolci: 
 
Em seu livro Da divisão do trabalho social, Durkheim definiu consciência coletiva ou 
consciência comum como... 
o conjunto de crenças e de sentimentos comuns entre os membros de uma mesma 
sociedade”. 
 
Ele afirma que ela forma um sistema determinado que tem sua vida própria: 
"Sem dúvida, ela não tem como substrato um órgão único; é, por definição, difusa, ocupando 
toda a extensão da sociedade; mas nem por isso deixa de ter características específicas, que a 
tornam uma realidade distinta. Com efeito, ela é independente das condições particulares em 
que se situam os indivíduos. Estes passam, ela fica. É a mesma no Norte e no Sul, nas grandes e 
nas pequenas cidades, nas diferentes profissões. Por outro lado, não muda em cada geração, 
mas, ao contrário, liga as gerações que se sucedem. Portanto, não se confunde com as 
consciências particulares, embora se realize apenas nos indivíduos. É o tipo psíquico da 
sociedade, tipo que tem suas propriedades, condições de existência, seu modo de 
desenvolvimento, exatamente como os tipos individuais, embora de outra maneira." 
Pode ser verificada em fenômenos coletivos típicos, expressos através de uma forma de 
consciência que contrapõe indivíduo/sociedade. As torcidas organizadas e os grandes festivais 
de música, por exemplo, representam fenômenos coletivos típicos, expressos através de uma 
forma de consciência que contrapõe indivíduo/sociedade. 
 
Anomia 
É a ausência, desintegração ou inversão das normas vigentes em uma sociedade, neste caso, a 
consciência “perde” os parâmetros de julgamento da realidade. 
Ela vai acontecer em momentos extremos, tais como guerras, desastres ecológicos, 
econômicos etc. 
 
Divisão do trabalho social 
É a organização da sociedade em diferentes funções, exercidas pelos indivíduos ou grupos de 
indivíduos. Nas sociedades mais simples predomina a divisão social do trabalho, baseada 
principalmente em critérios biológicos de sexo e idade. Essa divisão parece decorrer de uma 
extensão analógica das diferenças naturais de funções entre membros de um grupo. Durkheim 
classifica a forma de solidariedade social deste tipo de sociedade como solidariedade 
mecânica. 
Nas sociedades mais complexas, em especial quando tem início o desenvolvimento da 
agricultura, a sedentarização e o sistema de propriedade privada, surge uma divisão social 
mais complexa, com a criação de novas funções sociais. A indústria foi o sistema produtivo que 
mais desenvolveu a divisão social do trabalho, criando uma imensa gama de funções e 
atribuições diferenciadas. Durkheim classifica a forma de solidariedade social deste tipo de 
sociedade como solidariedade orgânica. 
Leia a citação abaixo e responda à proposta: 
“Crime contra índio Pataxó comove o país (...). Em mais um triste ‘Dia do Índio’, Galdino saiu à 
noite com outros indígenas para uma confraternização na Funai. Ao voltar, perdeu-se nas ruas 
de Brasília (...). Cansado, sentou-se num banco de parada de ônibus e adormeceu. Às 5 horas 
da manhã, Galdino acordou ardendo numa grande labareda de fogo. Um grupo “insuspeito” de 
cinco jovens de classe média alta, entre eles um menor de idade, (...) parou o veículo na 
avenida W/2 Sul e, enquanto um manteve-se ao volante, os outros quatro dirigiram-se até a 
avenida W/3 Sul, local onde se encontrava a vítima. Logo após jogar combustível, atearam 
fogo no corpo. Foram flagrados por outros jovens corajosos, ocupantes de veículos que 
passavam no local e prestaram socorro à vítima. Os criminosos foram presos e conduzidos à 1ª 
Delegacia de Polícia do DF onde confessaram o ato monstruoso. Aí, a estupefação: ‘os jovens 
queriam apenas se divertir’ e ‘pensavam tratar-se de um mendigo, não de um índio’ o HRAN, 
Galdino, homem a quem incendiaram. Levado ainda consciente para o Hospital Regional da 
Asa Norte − com 95% do corpo com queimaduras de 3º grau ---, faleceu às 2 horas da 
madrugada de hoje.” Conselho Indigenista Missionário - Cimi, Brasília-DF, 21 abr. 1997. 
(Questão adaptada da parte geral do Enade 2004.) 
A partir da perspectiva sociológica de Durkheim, como você analisaria o crime cometido por 
estes jovens? Deve-se interpretar, nessa perspectiva, a transgressão da juventude como um 
dado natural? 
Para Durkheim, o crime, enquanto acontecimento que se repete, é um fato social normal. 
Contudo, crimes dessa natureza excedem o limite do tolerável pela sociedade e são vistos 
como patológicos pela coletividade. A transgressão da juventude é um dado socialmente 
construído. 
 
Aula 7

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