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SENSORIAMENTO REMOTO Conceito e obtenção de dados Prof. Helder Lages Jardim e Lussandra Gianasi SENSORIAMENTO REMOTO SENTIR OBSERVAR CAPTAR À DISTÂNCIA O Sensoriamento remoto tem por objetivo estudar objetos ou regiões na superfície da Terra sem entrar diretamente em contato com os mesmos. Esses objetos de interesse, vegetação, culturas agrícolas, solos, formações rochosas, corpos d`água, etc são, em seu conjunto, genericamente denominados de alvos. Estas informações de interesse são obtidas basicamente através do estudo da interação da radiação eletromagnética – REM emitidas por fontes naturais (Sol) ou artificiais (radar) com esses alvos. (Erbert, M.; 2001 ESQUEMA DE OBTENÇÃO DE IMAGENS ORBITAIS Captar e medir a quantidade de energia refletida e/ou emitida pelos alvos, de modo a obter informações sobre a natureza e/ou condições destes alvos. Energia Eletromagnética (EEM) ou Radiação Eletromagnética (REM) Objetos de interesse na superfície da terra SENSOR ENERGIA ALVO FONTE Emite radiação em direção à superfície terrestre - Sol As fontes de radiação eletromegnética Para o Sensoriamento remoto da superfície terrestre, o SOL é a principal fonte de Radiação EletroMagnética Esfera de gás aquecida por reações nucleares em seu interior; Sua superfície aparente é conhecida como fotosfera A temperatura de sua irradiação é de cerca de 5.730oC Máximo de energia disponível: entre 0,4m e 0,7m – Visível A irradiância solar no topo da atmosfera é bem maior que ao nível do mar, devido ao espalhamento e absorção da atmosfera Máximo de energia disponível: entre 0,4m e 0,7m – Visível A irradiância solar no topo da atmosfera é bem maior que ao nível do mar, devido ao espalhamento e absorção da atmosfera. Existem algumas regiões do espectro eletromagnético para as quais a atmosfera é opaca – BANDAS DE ABSORÇÃO DA ATMOSFERA Regiões em que a atmosfera é transparente a REM – JANELAS ATMOSFÉRICAS BANDAS DE ABSORÇÃO: Comprimentos de onda nas quais a REM é impedida de alcançar a superfície terrestre JANELAS ATMOSFÉRICAS: Comprimentos de onda nas quais a REM alcança a superfície terrestre Absorção da REM incidente do Sol na região do Espectro EM de 0.1 a 30 µm por vários gases atmosféricos (Jensen, 2000) Atenuação atmosférica da Radiação EletroMagnética A atmosfera nos protege de grande parte da REM proveniente do Sol pois grande parte desta radiação é refletida de volta ao espaço quando atinge o topo desta camada. ESPALHAMENTO ATMOSFÉRICO Entretanto, a REM que consegue atravessar a atmosfera interage com ela do mesmo modo que qualquer alvo na superfície, podendo sofrer três tipos de interação: Absorção Espalhamento Transmitância Existem entretanto, vários tipos de espalhamento atmosférico ESPALHAMENTO DE RAYLEIGH O espalhamento da radiação eletromagnética é produzido pelas moléculas dos gases constituintes da atmosfera. A intensidade deste espalhamento é inversamente proporcional à quarta potência do comprimento de onda da radiação. Desta forma, quanto menor o comprimento de onda, maior será o espalhamento. Como na região do visível (porção do espectro eletromagnético captada por nossos olhos) os comprimentos de onda menores são referentes à cor azul, este tipo de espalhamento é o causador do azul do céu. ESPALHAMENTO DE MIE Ocorre quando o tamanho das partículas presentes na atmosfera é aproximadamente do tamanho do comprimento de onda da energia eletromagnética. Os aerossóis e a poeira atmosférica são os principais responsáveis por este tipo de espalhamento influenciando comprimentos de onda maiores (no visível), sendo pouco diferenciado do de Rayleigh. Estas partículas são maiores e mais pesadas, ficando mais próximas à superfície. Desta forma, ao amanhecer / entardecer, quando o Sol está próximo ao horizonte (e a trajetória da luz solar é maior), este material em suspensão espalha os comprimentos de onda maiores do visível, ou seja, os referentes à cor vermelha. Por isso, o céu assume tons avermelhados nestes horários. ESPALHAMENTO NÃO SELETIVO Já o espalhamento Não Seletivo afeta todos os comprimentos de onda do visível de maneira igual e ocorre quando os diâmetros das partículas em suspensão na atmosfera são muito maiores que o comprimento de onda da radiação. O melhor exemplo disso são as gotículas d’água em forma de nuvens ou bruma (nevoeiro) que espalham todos os comprimentos de onda do visível (todas as cores, como um prisma) em todas as direções ao mesmo tempo, formando a cor branca das nuvens. INTERAÇÕES ENERGIA-MATÉRIA: Quando a radiação eletromagnética – REM - entra em contato com a matéria, ocorrem diferentes interações em nível molecular e atômico com qualquer alvo presente na superfície terrestre: EMISSÃO: a energia absorvida pela substância pode ser, posteriormente emitida em função de sua temperatura e/ou estrutura. ABSORÇÃO: determina o aquecimento da substância sobre a qual a energia radiante está incidindo. TRANSMISSÃO: a energia atravessa o alvo com pouca ou nenhuma interação com ela. REFLEXÃO: a energia pode ser refletida sem alteração na volta para o meio. Estas interações são seletivas em relação ao comprimento de onda (ou faixa do espectro eletromagnético e são específicos para cada tipo particular de objeto, em função de sua estrutura atômica e molecular. Logo, se cada objeto possui um comportamento diferenciado de acordo com o comprimento de onda, é preciso conhecer como ele se comporta no espectro eletromagnético para que possamos identificá-los através das imagens de sensoriamento remoto Isto é chamado de: COMPORTAMENTO ESPECTRAL DE ALVOS O COMPORTAMENTO ESPECTRAL DE ALVOS Vegetação VISÍVEL (0,4 a 0,7m): a maior parte da REM incidente sobre a vegetação é absorvida pelas folhas e utilizadas para a fotossíntese (clorofilas a e b e xantofilas). Folha • Visível – Verde reflectância maior. • Estruturas celulares internas e água de forma indireta, afetam a estrutura – falta ou abundância = Infra Red próximo • Estrutura da folha, mas sobretudo pela concentração de água nos tecidos = Infra Red médio. Jensen, 2000 Como o que comanda no visível são os pigmentos das folhas, ou seja, a cor delas, folhas com cores diferentes possuirão comportamentos diferentes. Hyperspectral Data Obtained on September 3, 1993 of San Luis Valley, Colorado Jensen, 2000 Aveia Cevada Ciclos da Vegetaçã o de San Joaquin and Imperial Valley, Californi a Landsat Multispe ctral Jensen, 2000 Folhas de Café Folhas de café com 6 frutos Alvos Artificiais 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 FOLHA DE CAFÉ CAFÉ 1 GRÃO CAFÉ 3 GRÃOS CAFÉ 5 GRÃOS CAFÉ 6 GRÃOS FOLHA MANGA FOLHA MANGA PAPEL VERDE PAPEL VERDE- CAMUFLAGEM Fa to r d e R ef le ct ân ci a TM1 (0,45 a 0,52 µm) TM2 (0,52 a 0,60 µm) TM3 (0,63 a 0,69 µm) TM4 (0,76 a 0,90 µm) Figura 1: Dados de Fator de Reflectância média multi-espectral de alvos nas Bandas 1, 2, 3 e 4 do LANDSAT TM Nós vemos o infravermelho? Como veremos a folha de café? Como veremos folhas e grãos? E a camuflagem? Infra-vermelho Banda Intervalo espectral (µm) Principais características e aplicações das bandas TM do satélite LANDSAT-5 1 (0,45 - 0,52) AzulApresenta grande penetração em corpos de água, com elevada transparência, permitindo estudos batimétricos. Sofre absorção pela clorofila e pigmentos fotossintéticos auxiliares (carotenóides). Apresenta sensibilidade a plumas de fumaça oriundas de queimadas ou atividade industrial. Pode apresentar atenuação pela atmosfera. 2 (0,52 - 0,60) Verde Apresenta grande sensibilidade à presença de sedimentos em suspensão, possibilitando sua análise em termos de quantidade e qualidade. Boa penetração em corpos de água. 3 (0,63 - 0,69) Vermelho A vegetação verde, densa e uniforme, apresenta grande absorção, ficando escura, permitindo bom contraste entre as áreas ocupadas com vegetação (ex.: solo exposto, estradas e áreas urbanas). Apresenta bom contraste entre diferentes tipos de cobertura vegetal (ex.: campo, cerrado e floresta). Permite análise da variação litológica em regiões com pouca cobertura vegetal. Permite o mapeamento da drenagem através da visualização da mata galeria e entalhe dos cursos dos rios em regiões com pouca cobertura vegetal. É a banda mais utilizada para delimitar a mancha urbana, incluindo identificação de novos loteamentos. Permite a identificação de áreas agrícolas. 4 (0,76 - 0,90) InfraRed Próximo Os corpos de água absorvem muita energia nesta banda e ficam escuros, mapeamento da rede de drenagem e delineamento de corpos de água. A vegetação verde, densa e uniforme, reflete muita energia nesta banda, aparecendo bem clara. Apresenta sensibilidade à rugosidade da copa das florestas (dossel florestal), à morfologia do terreno, permitindo a obtenção de informações sobre Geomorfologia, Solos e Geologia. Serve para análise e mapeamento de feições geológicas e estruturais, para separar e mapear áreas ocupadas com pinus e eucalipto e para mapear áreas ocupadas com vegetação que foram queimadas. CEA Gramas natural e sintética Natural Artificial INFRAVERMELHO PRÓXIMO (0,7 a 1,3m): o que comanda o comportamento espectral da vegetação nesta faixa é a estrutura da folha. Aqui, a reflectância da vegetação é alta (entre 40 e 60%). Portanto, a vegetação mapeada através de bandas de satélite que se utilizam desta faixa aparecerão em tonalidades de cinza muito claras, ao contrário do visível. Onde há grama sintética? Onde há grama sintética? • Na fotografia (a) é apresentada uma fotografia aérea oblíqua obtida com um filme P&B normal, onde se pode observar que toda área verde é apresentada em tons de cinza escuros. Isto se deve ao fato da baixa reflectância da vegetação nesta faixa do EEM. • Em (b) tem-se uma fotografia aérea oblíqua obtida com um filme P&B Infravermelho, onde se pode observar que a vegetação natural é apresentada em tonalidades claras de cinza. Este fato ocorre devido à alta reflectância da vegetação nesta região do EEM. • Observa-se também que somente aqui se pode diferenciar a vegetação natural (em torno do estádio) da artificial (o gramado do estádio) – Fonte: Lillesand e Kiefer, 1979, p. 61. Vegetação natural fotografada no espectro visível Vegetação natural fotografada no espectro Infravermelho Próximo Vegetação artificial (não se modifica entre o visível e o IR) No espectro visível não se observa a diferença entre a vegetação natural e a artificial, como o gramado do estádio INFRAVERMELHO MÉDIO (1,3 a 2,6 m): o que comanda o comportamento espectral da vegetação nesta faixa é a quantidade de água presente na folha. Bandas de absorção pela água: 1400nm (1,4m) 1900nm (1,9m) 2500nm (2,5m) As bandas dos satélites localizados nesta faixa apresentam uma correlação muito grande com as bandas da faixa do visível. Fatores que interferem no comportamento espectral da vegetação Idade da planta; Déficit hídrico; Quantidade de nutrientes; Homogeneidade do dossel; Fatores morfológicos (IAF); TM-Landsat5 Banda 3 TM-Landsat5 Banda 4 TM-Landsat5 Banda 5 Observe que como a vegetação absorve muita REM no visível, quanto + sadia e densa a vegetação for, vais escura ela se apresentará; No Irprox, a vegetação reflete cerca de 50% da REM que nela incide ficando, clara na imagem; No Irmédio, indica que a vegetação quando se apresenta muito escura, menos stress hídrico ela possui. Ao passo que a vegetação seca se apresentará + clara. COMPOSIÇÃO COLORIDA B4 B3 B5 B3 B4 B5 Vegetação Densa (plantio consolidado) Vegetação em Crescimento (plantio novo) Cerrado COMPOSIÇÃO COLORIDA B4 B3 B5 O COMPORTAMENTO ESPECTRAL DE ALVOS Água A água possui 3 estados físicos à temperatura ambiente e cada um deles apresentará um comportamento distinto: Fatores que interferem no comportamento espectral da água: Matéria orgânica – diminui ainda mais a reflectância no visível Materiais inorgânicos – aumenta a reflectância no visível Posição fonte – alvo – sensor – pode acarretar o aumento da reflectância Na verdade, a água líquida ao se misturar aos mais diversos elementos inorgânicos (p.ex. sedimento em suspensão) e orgânicos (p.ex. matéria orgânica, agrotóxicos, etc.) muda completamente o seu comportamento. CEA Água • Condições de sua superfície (plana ou ondulada) e, principalmente, do ângulo de elevação solar. • Elementos em suspensão no meio (material particulado), tendem a aumentar a sua reflectância. • Presença de fitoplâncton gera aumento da absorção e espalhamento da REM. • A matéria orgânica em quantidade decresce a reflectância em toda região do visível. CEA Água • A água no seu estado líquido • (limpa e em locais/reservatórios profundos), é um forte absorvedor de REM. • Nuvem apresenta elevada reflectância, em torno de 70% da radiação que nela inside. Curvas Espectrais Nuven, Neve e Água O COMPORTAMENTO ESPECTRAL DE ALVOS Solos Vários são os fatores que interferem no comportamento espectral dos solos: Óxidos de ferro – influenciam na cor do solo (espectro visível) – Ilmetita (amarelo claro), Hematita (vermelho). Além disso, possuem pequenas bandas de absorção em torno de 0,9m; Matéria orgânica – à medida em que o teor de matéria orgânica aumenta, a reflectância do solo decresce nos espectros visível e em todo infravermelho; Rugosidade – pode diminuir a reflectância, devido as sombras; Crosta superficial – faz com que solos úmidos possam se comportar espectralmente como solos secos; Umidade do solo – provoca a diminuição da reflectância do solo no visível e no Infravermelho próximo. Entretanto, os solos são muito difíceis de serem estudados no sensoriamento remoto aéreo e orbital devido a vários fatores: Resolução espacial; Resolução espectral; Presença de vegetação sobre ele; Etc. CEA Rochas CEA Rochas • Minerais constituintes • Dificuldade da REM em ultrapassar a superfície o que compromete bastante as informações sobre o conteúdo da rocha. • Poucos minerais podem ser identificados pelos Sensores na região do visível. • Principais minerais que compõem as rochas são visualizados somente através do infravermelho termal, devido às suas estruturas cristalinas, como o caso dos quartzos e óxidos de alumínio. CEA Rochas • As rochas ricas em sílica (quartzo- feldspáticas) tendem a apresentar alta reflectância, enquanto as ricas em magnésio e ferro tendem a resultar em tonalidades mais escuras, devido a taxas mais altas de absorção • As rochas sedimentaresarenosas, em relação às argilosas tendem a apresentar maior reflectância e bandas de absorção bem definidas. • Os elementos que mais influenciam na resposta espectral das rochas sedimentares são o ferro, carbono orgânico e argila. Andesito e Folhelho Solos • Composição físico-química, biológica e mineralógica. • Matéria orgânica, óxidos de ferro, argilominerais, além da distribuição granulométrica e umidade. LR Latossolo Roxo LE Latossolo Vermelho Escuro PV Podzólico Vermelho Amarelo CB Cambissolo COMPORTAMENTO ESPECTRAL DE ALVOS X BANDAS LANDSAT 4 E 5 Solo + Veg Doente + Veg Sadia
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