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FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA E GEOFÍSICA DE PETRÓLEO Autor: José Eduardo Thomas FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA E GEOFÍSICA DE PETRÓLEO Programa Alta Competência Este material é o resultado do trabalho conjunto de muitos técnicos da área de Exploração & Produção da Petrobras. Ele se estende para além dessas páginas, uma vez que traduz, de forma estruturada, a experiência de anos de dedicação e aprendizado no exercício das atividades profissionais na Companhia. É com tal experiência, refletida nas competências do seu corpo de empregados, que a Petrobras conta para enfrentar os crescentes desafios com os quais ela se depara no Brasil e no mundo. Nesse contexto, o E&P criou o Programa Alta Competência, visando prover os meios para adequar quantitativa e qualitativamente a força de trabalho às estratégias do negócio E&P. Realizado em diferentes fases, o Alta Competência tem como premissa a participação ativa dos técnicos na estruturação e detalhamento das competências necessárias para explorar e produzir energia. O objetivo deste material é contribuir para a disseminação das competências, de modo a facilitar a formação de novos empregados e a reciclagem de antigos. Trabalhar com o bem mais precioso que temos – as pessoas – é algo que exige sabedoria e dedicação. Este material é um suporte para esse rico processo, que se concretiza no envolvimento de todos os que têm contribuído para tornar a Petrobras a empresa mundial de sucesso que ela é. Programa Alta Competência Esta seção tem o objetivo de apresentar como esta apostila está organizada e assim facilitar seu uso. No início deste material é apresentado o objetivo geral, o qual representa as metas de aprendizagem a serem atingidas. Autor Ao fi nal desse estudo, o treinando poderá: • Identifi car procedimentos adequados ao aterramento e à manutenção da segurança nas instalações elétricas; • Reconhecer os riscos de acidentes relacionados ao aterramento de segurança; • Relacionar os principais tipos de sistemas de aterramento de segurança e sua aplicabilidade nas instalações elétricas. ATERRAMENTO DE SEGURANÇA Como utilizar esta apostila Objetivo Geral O material está dividido em capítulos. No início de cada capítulo são apresentados os objetivos específi cos de aprendizagem, que devem ser utilizados como orientadores ao longo do estudo. No fi nal de cada capítulo encontram-se os exercícios, que visam avaliar o alcance dos objetivos de aprendizagem. Os gabaritos dos exercícios estão nas últimas páginas do capítulo em questão. Para a clara compreensão dos termos técnicos, as suas C ap ít u lo 1 Riscos elétricos e o aterramento de segurança Ao fi nal desse capítulo, o treinando poderá: • Estabelecer a relação entre aterramento de segurança e riscos elétricos; • Reconhecer os tipos de riscos elétricos decorrentes do uso de equipamentos e sistemas elétricos; • Relacionar os principais tipos de sistemas de aterramento de segurança e sua aplicabilidade nas instalações elétricas. 21 Capítulo 1. Riscos elétricos e o aterramento de segurança 1.4. Exercícios 1) Que relação podemos estabelecer entre riscos elétricos e aterramento de segurança? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 2) Apresentamos, a seguir, trechos de Normas Técnicas que abordam os cuidados e critérios relacionados a riscos elétricos. Correlacione-os aos tipos de riscos, marcando A ou B, conforme, o caso: A) Risco de incêndio e explosão B) Risco de contato ( ) “Todas as partes das instalações elétricas devem ser projetadas e executadas de modo que seja possível prevenir, por meios seguros, os perigos de choque elétrico e todos os outros tipos de acidentes.” ( ) “Nas instalações elétricas de áreas classificadas (...) devem ser adotados dispositivos de proteção, como alarme e seccionamento automático para prevenir sobretensões, sobrecorrentes, falhas de isolamento, aquecimentos ou outras condições anormais de operação.” ( ) “Nas partes das instalações elétricas sob tensão, (...) durante os trabalhos de reparação, ou sempre que for julgado necessário à segurança, devem ser colocadas placas de aviso, inscrições de advertência, bandeirolas e demais meios de sinalização que chamem a atenção quanto ao risco.” ( ) “Os materiais, peças, dispositivos, equipamentos e sistemas destinados à aplicação em instalações elétricas (...) devem ser avaliados quanto à sua conformidade, no âmbito do Sistema Brasileiro de Certifi cação.” 25 Capítulo 1. Riscos elétricos e o aterramento de segurança 1) Que relação podemos estabelecer entre riscos elétricos e aterramento de segurança? O aterramento de segurança é uma das formas de minimizar os riscos decorrentes do uso de equipamentos e sistemas elétricos. 2) Apresentamos, a seguir, trechos de Normas Técnicas que abordam os cuidados e critérios relacionados a riscos elétricos. Correlacione-os aos tipos de riscos, marcando A ou B, conforme, o caso: A) Risco de incêndio e explosão B) Risco de contato ( B ) “Todas as partes das instalações elétricas devem ser projetadas e executadas de modo que seja possível prevenir, por meios seguros, os perigos de choque elétrico e todos os outros tipos de acidentes.” ( A ) “Nas instalações elétricas de áreas classifi cadas (...) devem ser adotados dispositivos de proteção, como alarme e seccionamento automático para prevenir sobretensões, sobrecorrentes, falhas de isolamento, aquecimentos ou outras condições anormais de operação.” ( B ) “Nas partes das instalações elétricas sob tensão, (...) durante os trabalhos de reparação, ou sempre que for julgado necessário à segurança, devem ser colocadas placas de aviso, inscrições de advertência, bandeirolas e demais meios de sinalização que chamem a atenção quanto ao risco.” ( A ) “Os materiais, peças, dispositivos, equipamentos e sistemas destinados à aplicação em instalações elétricas (...) devem ser avaliados quanto à sua conformidade, no âmbito do Sistema Brasileiro de Certifi cação.” 3) Marque V para verdadeiro e F para falso nas alternativas a seguir: ( V ) O contato direto ocorre quando a pessoa toca as partes normalmente energizadas da instalação elétrica. ( F ) Apenas as partes energizadas de um equipamento podem oferecer riscos de choques elétricos. ( V ) Se uma pessoa tocar a parte metálica, não energizada, de um equipamento não aterrado, poderá receber uma descarga elétrica, se houver falha no isolamento desse equipamento. ( V ) Em um choque elétrico, o corpo da pessoa pode atuar como um “fi o terra”. ( F ) A queimadura é o principal efeito fi siológico associado à passagem da corrente elétrica pelo corpo humano. 1.7. Gabarito Objetivo Específi co Para a clara compreensão dos termos técnicos, as suas defi nições estão disponíveis no glossário. Ao longo dos textos do capítulo, esses termos podem ser facilmente identifi cados, pois estão em destaque. Capítulo 3. Problemas operacionais, riscos e cuidados com aterramento de segurança 49 3. Problemas operacionais, riscos e cuidados com aterramento de segurança Todas as Unidades de Exploração e Produção possuem um plano de manutenção preventiva de equipamentos elétricos (motores, geradores, painéis elétricos, transformadores e outros). A cada intervenção nestes equipamentos e dispositivos, os mantenedores avaliam a necessidade ou não da realização de inspeção nos sistemas de aterramento envolvidos nestes equipamentos. Para que o aterramento de segurança possa cumprir corretamente o seu papel, precisa ser bem projetado e construído. Além disso, deve ser mantido em perfeitas condições de funcionamento. Nesse processo, o operadortem importante papel, pois, ao interagir diariamente com os equipamentos elétricos, pode detectar imediatamente alguns tipos de anormalidades, antecipando problemas e, principalmente, diminuindo os riscos de choque elétrico por contato indireto e de incêndio e explosão. 3.1. Problemas operacionais Os principais problemas operacionais verifi cados em qualquer tipo de aterramento são: • Falta de continuidade; e • Elevada resistência elétrica de contato. É importante lembrar que Norma Petrobras N-2222 defi ne o valor de 1Ohm, medido com multímetro DC (ohmímetro), como o máximo admissível para resistência de contato. Choque elétrico – conjunto de perturbações de natureza e efeitos diversos, que se manifesta no organismo humano ou animal, quando este é percorrido por uma corrente elétrica. Ohm – unidade de medida padronizada pelo SI para medir a resistência elétrica. Ohmímetro – instrumento que mede a resistência elétrica em Ohm. 3.4. Glossário Caso sinta necessidade de saber de onde foram retirados os insumos para o desenvolvimento do conteúdo desta apostila, ou tenha interesse em se aprofundar em determinados temas, basta consultar a Bibliografi a ao fi nal de cada capítulo. Ao longo de todo o material, caixas de destaque estão presentes. Cada uma delas tem objetivos distintos. A caixa “Você Sabia” traz curiosidades a respeito do conteúdo abordado de um determinado item do capítulo. “Importante” é um lembrete das questões essenciais do conteúdo tratado no capítulo. CARDOSO ALVES, Paulo Alberto e VIANA, Ronaldo Sá. Aterramento de sistemas elétricos - inspeção e medição da resistência de aterramento. UN-BC/ST/EMI – Elétrica, 2007. COELHO FILHO, Roberto Ferreira. Riscos em instalações e serviços com eletricidade. Curso técnico de segurança do trabalho, 2005. Norma Petrobras N-2222. Projeto de aterramento de segurança em unidades marítimas. Comissão de Normas Técnicas - CONTEC, 2005. Norma Brasileira ABNT NBR-5410. Instalações elétricas de baixa tensão. Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2005. Norma Brasileira ABNT NBR-5419. Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas. Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2005. Norma Regulamentadora NR-10. Segurança em instalações e serviços em eletricidade. Ministério do Trabalho e Emprego, 2004. Disponível em: <http:// www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_10.pdf> - Acesso em: 14 mar. 2008. NFPA 780. Standard for the Installation of Lightining Protection Systems. National Fire Protection Association, 2004. Manuais de Cardiologia. Disponível em: <http://www.manuaisdecardiologia.med. br/Arritmia/Fibrilacaoatrial.htm> - Acesso em: 20 mai. 2008. Mundo Educação. Disponível em: <http://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/ parada-cardiorespiratoria.htm> - Acesso em: 20 mai. 2008. Mundo Ciência. Disponível em: <http://www.mundociencia.com.br/fi sica/eletricidade/ choque.htm> - Acesso em: 20 mai. 2008. 1.6. Bibliografi a É atribuído a Tales de Mileto (624 - 556 a.C.) a primeira observação de um fenômeno relacionado com a eletricidade estática. Ele teria esfregado um fragmento de âmbar com um tecido seco e obtido um comportamento inusitado – o âmbar era capaz de atrair pequenos pedaços de palha. O âmbar é o nome dado à resina produzida por pinheiros que protege a árvore de agressões externas. Após sofrer um processo semelhante à fossilização, ela se torna um material duro e resistente. Os riscos elétricos de uma instalação são divididos em dois grupos principais: 1.1. Riscos de incêndio e explosão Podemos defi nir os riscos de incêndio e explosão da seguinte forma: Situações associadas à presença de sobretensões, sobrecorrentes, fogo no ambiente elétrico e possibilidade de ignição de atmosfera potencialmente explosiva por descarga descontrolada de eletricidade estática. Os riscos de incêndio e explosão estão presentes em qualquer instalação e seu descontrole se traduz principalmente em danos pessoais, materiais e de continuidade operacional. Uma das principais substâncias removidas em poços de petróleo pelo pig de limpeza é a parafi na. Devido às baixas temperaturas do oceano, a parafi na se acumula nas paredes da tubulação. Com o tempo, a massa pode vir a bloquear o fl uxo de óleo, em um processo similar ao da arteriosclerose. VOCÊ SABIA?? É muito importante que você conheça os tipos de pig de limpeza e de pig instrumentado mais utilizados na sua Unidade. Informe-se junto a ela! IMPORTANTE! ATENÇÃO É muito importante que você conheça os procedimentos específicos para passagem de pig em poços na sua Unidade. Informe-se e saiba quais são eles. Recomendações gerais • Antes do carregamento do pig, inspecione o interior do lançador; • Após a retirada de um pig, inspecione internamente o recebedor de pigs; • Lançadores e recebedores deverão ter suas RESUMINDO... Já a caixa de destaque “Resumindo” é uma versão compacta dos principais pontos abordados no capítulo. Em “Atenção” estão destacadas as informações que não devem ser esquecidas. Todos os recursos didáticos presentes nesta apostila têm como objetivo facilitar o aprendizado de seu conteúdo. Aproveite este material para o seu desenvolvimento profi ssional! Uma das principais substâncias removidas em poços de petróleo pelo pig de limpeza é a parafi na. Devido às baixas temperaturas do oceano, a parafi na se acumula nas paredes da tubulação. Com o tempo, a massa pode vir a bloquear o fl uxo de óleo, em um processo similar ao da arteriosclerose. VOCÊ SABIA?? É muito importante que você conheça os tipos de pig de limpeza e de pig instrumentado mais utilizados na sua Unidade. Informe-se junto a ela! IMPORTANTE! ATENÇÃO É muito importante que você conheça os procedimentos específicos para passagem de pig em poços na sua Unidade. Informe-se e saiba quais são eles. Recomendações gerais • Antes do carregamento do pig, inspecione o interior do lançador; • Após a retirada de um pig, inspecione internamente o recebedor de pigs; • Lançadores e recebedores deverão ter suas RESUMINDO... Uma das principais substâncias removidas em poços de petróleo pelo pig de limpeza é a parafi na. Devido às baixas temperaturas do oceano, a parafi na se acumula nas paredes da tubulação. Com o tempo, a massa pode vir a bloquear o fl uxo de óleo, em um processo similar ao da arteriosclerose. VOCÊ SABIA?? É muito importante que você conheça os tipos de pig de limpeza e de pig instrumentado mais utilizados na sua Unidade. Informe-se junto a ela! IMPORTANTE! ATENÇÃO É muito importante que você conheça os procedimentos específicos para passagem de pig em poços na sua Unidade. Informe-se e saiba quais são eles. Recomendações gerais • Antes do carregamento do pig, inspecione o interior do lançador; • Após a retirada de um pig, inspecione internamente o recebedor de pigs; • Lançadores e recebedores deverão ter suas RESUMINDO... SumárioSumário Introdução 15 Capítulo 1. A Estrutura da Terra 1. A Estrutura da Terra 19 1.1. Propriedades Físicas da Terra 19 1.2. Constituição Interna da Terra 21 1.3. Tempo Geológico 23 1.4. Deriva Continental e Tectônica de Placas 27 1.4.1. Deriva Continental 27 1.4.2. Placas Tectônicas 29 1.5. Bacias Sedimentares 31 Capítulo 2. Minerais 2. Minerais 35 2.1. Definição 35 2.2. Principais Minerais Formadores de Rochas 35 Capítulo 3. Rochas 3. Rochas 41 3.1. Definição 41 3.2. Classificação das Rochas 41 Capítulo 4. Intemperismo 4. Intemperismo 47 4.1. Definição 47 4.2. Fatores Condicionantes do Intemperismo 47 4.3. Transporte de Sedimentos 48 Capítulo 5. Rochas Sedimentares 5. Rochas Sedimentares 53 5.1. Definição 53 5.2. Importância das Rochas Sedimentares 545.3. Classificação das Rochas Sedimentares 54 5.3.1. Rochas sedimentares - tamanho dos grãos 54 5.3.2. Rochas sedimentares - constituição 55 5.4. Morfologia das Partículas Sedimentares 56 5.5 Deformações das rochas. 58 5.5.1. Dobras 59 5.5.2. Fraturas, juntas ou diaclases 59 5.5.3. Falhas 60 5.5.4. Intrusões e diápiros 60 5.6. Origem do petróleo 61 5.6.1. Migração do petróleo 63 5.6.2. Rocha reservatório 63 5.6.3. Rocha selante 64 5.6.4. Aprisionamento do petróleo 64 Capítulo 6. Introdução à Geofísica de Petróleo 6. Introdução à Geofísica de Petróleo 69 6.1. Métodos Geológicos 69 6.1.1. Geologia de superfície 70 6.1.2. Geologia de subsuperfície 71 6.2. Métodos Potenciais 73 6.3. Métodos Sísmicos 74 6.3.1. Fontes e receptores 75 6.3.2. Aquisição de dados sísmicos 76 6.3.3. Velocidades das ondas sísmicas 77 6.3.4. Processamento de dados sísmicos 80 6.3.5. Técnica CDP (Common Depth Point) e obtenção de velocidades 82 6.3.6. Interpretação de dados sísmicos 87 6.3.7. Sísmica tridimensional (3-D) 88 6.3.8. Sísmica aplicada à perfuração e ao desenvolvimento da produção 92 6.3.9. Sísmica 4-D 95 6.3.10. Sísmica de poço 96 Exercícios 98 Glossário 104 Bibliografia 105 Gabarito 107 Introdução Com a criação da Petrobras, a indústria do petróleo foi instalada no Brasil com inegável sucesso. A Empresa, desde o início de suas atividades, investe na capacitação técnica de seus empregados, reconhecida mundialmente. Os conteúdos, que compõem este material, são mais um exemplo disso. Aqui, o empregado encontrará os conceitos básicos de Geologia e Geofísica, aplicados à prospecção de petróleo e monitoramento da perfuração e produção. Esse conjunto de conceitos é, ao mesmo tempo, necessário e suficiente para alcançar a resposta à seguinte pergunta, questão básica para a Petrobras: como é que se descobre petróleo? Para tanto, é preciso saber o quê procurar, onde procurar e como procurar. Neste sentido as contribuições da Geofísica e da Geologia nos serão muito úteis. Compreender o que está por trás dos processos conduzidos e monitorados, no cotidiano de suas atividades profissionais, fará com que suas tarefas ganhem mais sentido e importância. Uma breve definição da Geologia e da Geofísica pode ajudar a esclarecer a que se destinam os estudos destas áreas tão importantes, atualmente, sobretudo para a indústria do petróleo. A palavra Geologia vem do grego e refere-se à ciência que estuda a Terra, em seus muitos aspectos: propriedades físicas, formação, história, estrutura e também os processos que lhe dão forma. O avanço dos estudos geológicos foi essencial para determinar a idade do nosso planeta. Os geólogos trabalham para localizar e aproveitar os recursos existentes na natureza, como por exemplo, o petróleo1. 1 Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Geofísica 15 16 Já a Geofísica é uma ciência dedicada à compreensão da estrutura, composição e dinâmica do nosso planeta, sob a ótica da Física. Portanto, seus estudos referem-se basicamente à aplicação dos conhecimentos e medidas da Física no estudo da Terra, utilizando especialmente “reflexão sísmica, refração, gravidade, magnetismo, eletricidade, eletromagnetismo e métodos radioativos”2, ou seja, é a aplicação da física e da matemática para o entendimento da Terra. Vale ressaltar que este material também apresenta ilustrações das aplicações dos conceitos básicos na perfuração de poços direcionais e no monitoramento dos reservatórios de petróleo durante a produção. Este caderno não substitui a bibliografia original e destina-se ao uso exclusivo de acompanhamento das aulas dos cursos de formação profissional, ministrados internamente pela Companhia. José Eduardo Thomas 2 Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Geologia C ap ít u lo 1 A Estrutura da Terra 18 Alta Competência 19 Capítulo 1. A Estrutura da Terra 1. A Estrutura da Terra Além da sua estrutura externa, visível, constituída por oceanos, continentes, montanhas, planícies etc., a Terra apresenta uma forma, volume e estruturação interna, cujos processos controlam, em última instância, a geração e acumulação de petróleo. Neste sentido, os conceitos básicos, desde a estrutura da Terra até a ocorrência de um campo de petróleo, serão abordados de forma contínua e sequencial. 1.1. Propriedades Físicas da Terra A Terra possui algumas propriedades físicas, como veremos a seguir. a) Forma A forma mais próxima e conhecida da Terra é a de um elipsoide de rotação, com diâmetro equatorial de 12.756.776 metros e 12.713.824 metros de diâmetro polar. Esta forma é facilmente visualizada se representarmos a Terra por um esferoide de 10 cm de diâmetro. A diferença entre os dois diâmetros seria de 1,2 milímetros, nos dando a impressão de uma esfera quase perfeita. Fonte - C ortesia: N A SA Forma externa da Terra vista da Lua 20 Alta Competência b) Volume Considerando a Terra uma esfera perfeita, para fins de simplificação, seu volume será: v = 4/3 π R3 = 1,1 x 1012 km3, admitindo-se um R = 6,35 X 103 km c) Massa A massa da Terra, calculada com base no princípio de Newton (matéria atrai matéria na razão direta das massas e inversa do quadrado das distâncias), possui um valor na ordem de 6 x 1027 gramas, ou seja, 6 sextilhões de toneladas (6 x 1021 ton). Massa Específica Pelos dados anteriores, a Terra teria uma massa espe- cífica de 5,5 g/cc. Entretanto, a determinação direta da massa específica das rochas mais comuns da cros- ta terrestre apresenta um valor médio de 2,76 g/cm3. Este valor é bastante inferior ao calculado antes, o que nos leva a concluir que a densidade dos mate- riais deve aumentar quando se avança para o inte- rior da Terra, seja por diferença de constituição (mu- dança no estado químico) ou por maior compressão, consequência de altas pressões reinantes (mudança no estado físico). IMPORTANTE! d) Temperatura da Terra E possível verificar que a temperatura aumenta progressivamente para o interior da Terra, através da observação de poços, minas, vulcões etc. Denomina-se, então, de gradiente geotérmico o número de graus de temperatura que aumenta por cada metro de profundidade na crosta terrestre. Seu valor médio é de 1 °C para cada 30 m, podendo variar bastante de região para região. 21 Capítulo 1. A Estrutura da Terra É pouco provável que a temperatura se eleve linearmente até o interior da Terra. Se assim o fosse, atingiria valores absurdos, superiores mesmo à temperatura estimada para a da superfície solar que é cerca de 6.000 °C. Partindo-se de raciocínios simples, baseados em fatos observáveis - tais como a temperatura das lavas (1.000 °C na superfície), experimentos de laboratório, a fusão do ferro aos 3.700 °C, pode-se estimar a temperatura do núcleo terrestre em cerca de 5.500 °C - 6.000 °C. Na perfuração de poços de petróleo, em águas ultraprofundas, observa-se que a temperatura no fundo do mar (>900 m.) é de 4 ºC e que depende da salinidade, pressão, correntes etc. VOCÊ SABIA?? 1.2. Constituição Interna da Terra O conhecimento que se tem da constituição interna da Terra deve- se principalmente a dados obtidos de forma indireta, já que os meios diretos restringem-se a uma fina porção observável da crosta terrestre, exposta na superfície, ou então através de perfurações de poços (com profundidade máxima de 10 km). Entre os métodos indiretos e principais fontes de informações sobre a estrutura interna da Terra, estão: • Estudo da propagação das ondas sísmicas; • Estudo dos meteoritos; • Estudo da temperatura terrestre; • Estudo da densidade ou das variações gravimétricas da Terra. 22 Alta Competência Com base nestes estudos, conclui-se que a estrutura interna da Terra é constituídapor: • Núcleo interno - sólido, composto por ligas de ferro e níquel; • Núcleo externo - comportamento líquido, e mesma composição química. O núcleo da Terra tem um raio de aproximadamente 3.400 km. • Manto - comportamento plástico, composto por silicatos ricos em magnésio ou de sulfetos e óxidos. A espessura do manto é da ordem de 2.900 km. • Crosta - sólida, com espessura variável, média de 30 km sob os continentes, mas chegando a 70-80 km sob as cadeias montanhosas, enquanto que nos oceanos, apresenta uma espessura média de 5 km. Crosta ContinentalCrosta Oceânica Astenosfera Manto inferior MANTO Núcleo Externo (líquido) Núcleo Interno (sólido) M an to Su p er io r Li to sf er a Esquema da estrutura interna da Terra 23 Capítulo 1. A Estrutura da Terra A crosta é subdividida em dois tipos: • Crosta Continental (SIAL): constituída principalmente por silicatos de magnésio, ferro, alumínio e sílica livre (SiO2); • Crosta Oceânica (SIMA): em comparação com a crosta continental, possui porcentagens mais elevadas de cálcio, magnésio e ferro. A crosta oceânica cobre inteiramente o manto, enquanto que a crosta continental “flutua” sobre a crosta oceânica e corresponde aos continentes, conforme representado em um “Mapa-Mundi”. 1.3. Tempo Geológico Quando se fala em tempo geológico nos referimos à linha do tempo traçada do presente até os processos de formação do planeta. Essa linha do tempo é dividida em éons, eras, períodos, épocas e idades e baseiam-se nos grandes eventos geológicos da história da Terra. É importante destacar que na Geologia não há consenso entre os cientistas quanto aos nomes e limites dessas divisões do tempo. Para se compreender a história geológica de uma área, deve-se primeiro estabelecer a sequência correta de eventos. Pode-se também correlacionar uma sequência local com aquelas observadas em outras áreas, estabelecendo-se assim uma equivalência temporal de rochas diferentes e chegando-se à reconstituição de eventos que afetaram amplas regiões. Porém, o simples estabelecimento de uma sequência não é suficiente para a organização dos eventos que afetaram a Terra, surgindo a necessidade do estabelecimento de uma escala de tempo. Com a descoberta da radioatividade, a Geocronologia ganhou um grande impulso e, já em 1906, Rutherford fazia na Inglaterra a primeira experiência de medir a idade de minerais a partir de sua razão hélio/urânio. 24 Alta Competência Geocronologia é uma ciência que emprega uma sé- rie de métodos de datação, a fim de determinar a idade das rochas, dos fósseis, dos sedimentos e dos eventos relacionados à história do planeta. Para saber mais, pesquise em http://pt.wikipedia.org/ wiki/Geocronologia. IMPORTANTE! Para a Geologia de Petróleo, os conceitos da Paleontologia são os mais importantes. Paleontologia é uma palavra que vem do grego: palaiós, antigo + óntos, ser + lógos, estudo. Restos de animais e vegetais estão fixados e preservados nas rochas desde que a vida surgiu na Terra, há mais de três bilhões de anos. Esses restos são chamados de fósseis e constituem-se no objeto de estudo da Paleontologia. Os fósseis guardam informações do passado geológico do planeta. Portanto, os paleontólogos são uma espécie de caçadores de pistas que tentam descobrir como a vida tem se desenvolvido, desde seus primeiros indícios no planeta Terra. VOCÊ SABIA?? 25 Capítulo 1. A Estrutura da Terra Observe a seguinte tabela de tempo geológico que será considerada em nossos estudos. ACOTECIMENTOS MARCANTES NA EVOLUÇÃO DOS ORGANISMOS MESOZÓICA CENOZÓICA ERAS Triássico Jurássico Cretáceo Terciário Quaternário PERÍODOS Paleoceno Eoceno Oligoceno Mioceno Plioceno Pleistoceno Holoceno EPOCAS 63 230 180 135 58 36 25 13 11.000 anos 1 Glaciações. Aparecimento do homem. Dominação pelo homem. Dominam os cavalos, elefantes, e grandes carnívoros. Invertebrados marinhos semelhantes aos atuais. Os mamíferos continuam a se desenvolver. Aparecem os cavalos. Os mamíferos se desenvolvem rapidamente Desaparecem os dinossauros. Surgem as plantas floridas Aparecem as aves. Apogeu dos dinossauros. Primeiros mamíferos. Aparecem os dinossauros. SUBDIVISÕES DO TEMPO GEOLÓGICO Idade em Milhões de Anos 26 Alta Competência SUBDIVISÕES DO TEMPO GEOLÓGICO Idade em Milhões de Anos ACONTECIMENTOS MARCANTES NA EVOLUÇÃO DOS ORGANISMOS PALEOZÓICA PERMIANO 280 Os répteis se espalham. Desenvolvem-se as árvores coníferas. PENSILVANIANO (Carbonífero Superior) 310 Aparecimento de répteis primitivos; Os insetos tornam-se abundantes; Grande desenvolvimento da flora continental. MISSISSIPIANO (Carbonífero Inferior) 340 Diversificação dos peixes. DEVONIANO 400 Anfíbios, primeiros vertebrados terrestres. Aparecem as florestas. SILURIANO 430 Registro de primeiras plantas e animais terrestres. ORDOVICIANO 500 Aparecimento de peixes primitivos e primeiros vertebrados. CAMBRIANO 570 Mares caracterizados por organismos marinhos simples (bactérias, algas, vermes, etc.).PROTEROZÓICA PRÉ-CAMBRIANO Escala de tempo geológico para a Geologia do Petróleo Para se ter uma ideia de grandeza do tempo geológico, observe a figura seguinte: 27 Capítulo 1. A Estrutura da Terra 45% 43% 7% 0% 1%4% arqueozoico proterozoico paleozoico mesozoico terciário quaternário Gráfico representativo do Tempo Geológico O Quaternário (1 milhão de anos) corresponte a ~ 0% do tempo de existência da Terra. Caso o gráfico acima representasse um relógio de 24 horas, o aparecimento da espécie humana corresponderia à ultima batida do relógio, ou seja, nós mal chegamos e, pelo jeito, já estamos de partida! VOCÊ SABIA?? 1.4. Deriva Continental e Tectônica de Placas A seguir serão apresentadas as teorias que tratam do movimento dos continentes pelo globo terrestre. 1.4.1. Deriva Continental A Deriva Continental é uma “teoria, segundo a qual a posição relativa dos continentes mudou no tempo geológico, por translações horizontais": (Leinz e Leonardos, 1971). Estas translações geram esforços tectônicos que deformam as rochas e são, em última instância, responsáveis pela construção de situações favoráveis à ocorrência e acumulação de hidrocarbonetos. 28 Alta Competência A Hipótese de Hess (1962) é, basicamente, a de que uma corrente ascendente vinda do manto atinge a crosta na zona das cadeias meso-oceânicas e suas duas metades se afastam carregando consigo, em sentidos opostos, fragmentos de crosta continental. Nas zonas de subducção cada porção de crosta é reabsorvida. Fossa Submarina Corrente de Convecção Descendente Corrente de Convecção Descendente Corrente de Convecção Ascendente Subs trato Substrato Crosta Continental Nova Crosta Oceânica Cordilheira Meso-Oceânica Region Tension Fragmentos de Continentes Representação esquemática da Hipótese de Hess (seg. Dercourt e Paquet - 1975) A Deriva Continental tem uma importância fundamental no entendimento da nossa costa Atlântica. Há 120 milhões de anos, uma sedimentação predominantemente continental preenchia a depressão afro-brasileira que começou a se romper do sul para o norte, originando o Oceano Atlântico. Há 110 milhões de anos, o Oceano Atlântico atingiu o Rio Grande do Norte. Somente à 90 milhões de anos é que ocorreu o rompimento definitivo com a África, criando um mar aberto em toda a costa brasileira. Então, qualquer poço que perfurar nossa costa vai atravessar rochas depositadas em ambiente de mar aberto, abaixo disso, atravessará rochas depositadasem ambiente de transição, de mar restrito e, finalmente, encontrará as rochas continentais da depressão afro-brasileira. RESUMINDO... 29 Capítulo 1. A Estrutura da Terra Observam-se a seguir as imagens que ilustram a evolução da Costa Atlântica. Depressão afro-brasileira, sedimentos continentais (120 m.a) Mar restrito – depósitos sedimentares transicionais (110 m.a) Mar aberto – depósitos francamente marinhos (90 m.a.). As figuras anteriores exemplificam a deriva dos continentes Sulamericano e Africano durante a formação do Oceano Atlântico. 1.4.2. Placas Tectônicas A Tectônica de Placas é uma teoria da Geologia (final dos anos 60), amplamente aceita pelos cientistas, que descreve os movimentos de grande escala que ocorrem na Crosta da Terra. A Tectônica de Placas tem origem em dois fenômenos geológicos: a deriva continental (observada por Alfred Wegener, no início do século XX) e a expansão dos fundos oceânicos (Postulada por Harry Hess na década de 1960). É importante destacar que chamamos de placa "um setor esférico indeformável da Crosta constituído seja exclusivamente de material oceânico, seja de crosta oceânica e continental conjugadas" (Wegener e Hess). Datações de rochas comprovam a expansão do fundo oceânico, conforme ilustrado na figura a seguir. 30 Alta Competência Idade do fundo Oceânico. Rochas mais novas (vermelho) alinham-se ao longo das zonas de expansão Disponível em (http://en.wikipedia.org/wiki/Seafloor_spreading) Levando em conta todas as observações associadas ao fato de a distribuição mundial dos sismos corresponderem exatamente às zonas onde há reabsorção e criação de Crosta, foi proposta, no fim da década de 60, a subdivisão da mesma em um determinado número de placas (as placas tectônicas), conforme ilustrado nas imagens, a seguir. Distribuição atual dos vulcões ativos 31 Capítulo 1. A Estrutura da Terra Epicentro de terremotos nos últimos 30 anos As placas tectônicas 1.5. Bacias Sedimentares Conforme veremos adiante, o petróleo ocorre somente em bacias sedimentares. Chamamos de bacias sedimentares os locais da superfície da Terra que estavam ou que estão em subsidência, formando grandes bacias que recebem sedimentos provenientes de processos erosivos que atuam nas áreas mais altas que as circundam. 32 Alta Competência Além das bacias costeiras, possuímos várias bacias sedimentares em terra, conforme ilustração a seguir. Destas bacias, produzimos hidrocarbonetos nas bacias paleozoicas do Solimões (55.000 bpd) e do Paraná (4.000 bpd), e nas bacias Mesozoicas do Potiguar (68.000 bpd), Sergipe-Alagoas (55.000 bpd) e Recôncavo (46000 bpd). Tacutu Foz do Amazonas Pará-Maranhão Barreirinhas Ceará Potiguar ParaíbaParnaíba Pernambuco Sergipe/Alagoas Bahia-Norte Camamu Mucuri Esp. Santo Campos 500km Santos Pelotas Acre Solimões Amazonas Alto-Tapajós Marajó Bananal Tucano Jatobá Reconcavo São Francisco Taubate Pantanal Paraná Parecis Localização das bacias sedimentares brasileiras Os interessados em ampliar seus conhecimentos em Bacias Sedimentares Brasileiras devem consultar: GABAGLIA, G.P.R., e MILANI, E.J. Origem e Evolu- ção de Bacias Sedimentares. Petróleo Brasileiro S.A. CENPES/Petrobras, 1990. IMPORTANTE! C ap ít u lo 2 Minerais 34 Alta Competência Capítulo 2. Minerais 35 2. Minerais Neste capítulo, conheceremos o que é um mineral e os principais tipos de minerais formadores de rochas. 2.1. Definição Um mineral é toda substância que ocorre na natureza, produzida por processos inorgânicos, com composição química característica e usualmente possuidora de uma estrutura interna tridimensional (cristalina) que muitas vezes é expressa por formas geométricas externas. 2.2. Principais Minerais Formadores de Rochas Os principais minerais formadores de rochas pertencem à classe dos silicatos, conforme descrito a seguir. • Classe dos Silicatos Os silicatos formam os minerais mais frequentes da crosta e encerram o maior número de espécies. A sua classificação é bastante complexa. Os mais comuns são: quartzo, feldspatos e micas. Silicatos QUARTZO SiO2 FELDSPATOS K2OAl2O36SiO2 onde o K pode ser substituído por Na, Ca etc. MICAS K2O3Al2O36Si O2 36 Alta Competência Além destes três minerais mais abundantes, merecem destaque outros silicatos como os piroxênios e anfibólios. Os argilo-minerais também são silicatos importantes. São os mais abundantes nas bacias sedimentares, resultado da alteração principalmente dos feldspatos. • Classe dos Carbonatos Os carbonatos mais comuns são: Carbonatos CALCITA CaCO3 DOLOMITA CaMg (CO3)2 ARAGONITA CaCO3 – igual à calcita, mas com estrutura diferente. • Classe dos Sulfatos Os sulfatos mais comumente encontrados são: Sulfatos ANIDRITA CaSO4 GIPSITA CaSO4 . 2H2O BARITA BaSO4 Capítulo 2. Minerais 37 • Classe dos Sais Os sais mais frequentemente encontrados são: Sais HALITA NaCl SILVITA KCl CARNALITA KMgCl3 6H2O ATENÇÃO Alguns tipos de minerais foram destacados por se tratarem dos principais formadores de rochas sedimentares, objetivo maior deste tema, como veremos adiante, com mais detalhes. 38 Alta Competência C ap ít u lo 3 Rochas 40 Alta Competência Capítulo 3. Rochas 41 3. Rochas A seguir será apresentada a definição de rochas e a sua classificação. 3.1. Definição Rocha é um agregado natural formado por um ou mais minerais. Inclui, ainda, vidro vulcânico e matéria orgânica. 3.2. Classificação das Rochas De acordo com a sua origem ou gênese, as rochas são classificadas em três grandes grupos: a) Ígneas ou Magmáticas b) Metamórficas c) Sedimentares a) Rochas Ígneas As rochas de origem ígnea constituem cerca de 95% do volume total da crosta, mas ocupam apenas 25% da sua superfície, enquanto que as rochas sedimentares, apesar de contribuírem apenas com 5% do volume, cobrem 75% da superfície da crosta. Rochas Ígneas ou Magmáticas são aquelas produzidas pelo resfriamento e solidificação de um magma. Magma é uma massa fundida ou semifundida que se origina no interior da crosta terrestre. Ela é constituída por uma solução de silicatos que são mantidos líquidos por uma temperatura extremamente elevada (milhares de graus centígrados). 42 Alta Competência Os derrames dos numerosos vulcões ativos no globo nos fornecem amostras de vários tipos de magma. Quando o magma atinge a superfície da crosta, recebe a denominação de lava. Erupção vulcânica no Havaí Além da composição, outro fator importante é o local de cristalização dos magmas na crosta terrestre, definido basicamente pela profundidade. Magmas cristalizados a grandes profundidades solidificam-se lentamente, formando cristais bem desenvolvidos. Por outro lado, enquanto extrudidos na superfície, originam rochas de granulação fina ou mesmo vítrea. Outros penetram entre as rochas sedimentares formando os diabásios, ou soleiras, que complicam a perfuração de poços, pois são rochas muito mais duras do que as sedimentares. Capítulo 3. Rochas 43 b) Rochas Metamórficas Rochas metamórficas são formadas no interior da crosta terrestre pela ação de altas temperaturas, pressões e fluidos quimicamente ativos, atuando sobre as rochas pré-existentes. Estas modificações produzem transformações devido à presença de condições diferentes daquelas nas quais se formaram. Da mesma maneira que nas rochas ígneas, os minerais predominantes são quartzo, feldspatos e micas. Mármore, por exemplo, é uma rocha calcárea (sedimentar) metamorfizada. Mármore Exemplo de rocha metamórficac) Rochas sedimentares As rochas sedimentares são formadas na superfície da Terra, portanto, em pouca profundidade e em temperatura ambiente, como resultado da desagregação e decomposição das rochas pré- existentes e a subsequente deposição mecânica ou química dos produtos desta destruição, incluindo nelas também os produtos da atividade orgânica dos seres vivos. Pela sua importância, estas rochas serão abordadas com mais detalhes no Capítulo 5. C ap ít u lo 4 Intemperismo 46 Alta Competência Capítulo 4. Intemperismo 47 4. Intemperismo Neste capítulo serão abordados a definição de intemperismo e seus fatores condicionantes, além das características importantes no transporte dos sedimentos. 4.1. Definição Intemperismo é definido como um conjunto de fenômenos que degradam e enfraquecem as rochas. Refere-se-se, portanto, às alterações físicas e químicas a que as rochas estão sujeitas. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Intemperismo. Consulta em 06/ 05/ 10. Sendo assim, o ciclo sedimentar se inicia a partir do quebramento ou desagregação das rochas de uma área fonte ou província geológica, a qual fornece fragmentos que são eventualmente transportados e depositados em locais mais baixos topograficamente, constituindo os sedimentos. 4.2. Fatores Condicionantes do Intemperismo Pelo exposto anteriormente, o intemperismo tem maior ou menor atuação sobre as rochas, a depender: • do tipo ou composição da rocha; • da topografia; • do clima; • do tempo geológico. 48 Alta Competência A composição química da rocha fornece suas características de resistência à abrasão, tensão e compressão. A topografia fornece a gravidade, podendo, inclusive, modificar localmente o clima de uma área. O clima, por sua vez, é o resultado das variações de temperatura, umidade, do regime dos ventos, da evaporação, da insolação etc., fatores esses correlacionados com as atividades biológicas. E, finalmente, o tempo geológico, que é o parâmetro mais importante que a natureza dispõe para a realização de seu constante modelamento da crosta terrestre. Para ilustrar melhor a evolução do intemperismo na crosta, tomemos, por exemplo, uma rocha granítica, composta principalmente de quartzo, feldspatos e micas. As micas e os feldspatos se decompõem em argilas, enquanto que os quartzos, que são os minerais mais resistentes ao ataque químico e à abrasão, formam a fração mais grosseira, insolúvel. Estes produtos do intemperismo posteriormente podem ser removidos pelos agentes de transporte para longe de seu local de origem. Então, o intemperismo produz uma fração grosseira (grãos de quartzo) que vai constituir os conglomerados e arenitos, uma fração fina (argila) e também uma fração em solução (íons) que vão constituir os folhelhos. 4.3. Transporte de Sedimentos A energia, ou competência, e o poder de seleção do meio transportador são características importantes na condução dos sedimentos. De um modo geral a seleção (separação por tamanho) observada nos sedimentos, inicia-se quando o agente transportador perde competência para suportar em suspensão um determinado tamanho de grãos. Nesse sentido, quanto mais longe da área fonte, mais finos serão os grãos depositados. As argilas, por exemplo, podem ser carregadas em suspensão a grandes distâncias oceano adentro, vindo a se depositar em grandes profundidades (plataforma, talude e planície abissal). Uma feição característica das rochas sedimentares é a estratificação, consequência dos processos envolvidos na sua formação. Estratificação é a disposição em estratos ou camadas. A configuração destes estratos ou camadas, que podem variar muito em espessura, é consequência das variações de competência do agente transportador, entre outras. Capítulo 4. Intemperismo 49 Quando a fração iônica atinge uma bacia deposicional pode ocorrer, por evaporação, um aumento de sua concentração a um nível de saturação, e então acontecer uma precipitação, dando origem aos sedimentos químicos, principalmente do tipo evaporítico. Pelo exposto, podem ocorrer na crosta três grupos distintos de sedimentos: • Terrígenos ou Clásticos; • Químicos; • Biogênicos, ou seja, aqueles gerados pela atividade biológica (deposição de carapaças de animais, por exemplo, construídas a partir de substâncias dissolvidas na água). Os sedimentos transportados são depositados e sofrem processos de compactação e cimentação (denominados diagenéticos), vindo a constituir uma rocha sedimentar. C ap ít u lo 5 Rochas Sedimentares 52 Alta Competência Capítulo 5. Rochas Sedimentares 53 5. Rochas Sedimentares Neste capítulo conheceremos as rochas sedimentares e a importância das mesmas, bem como a sua classificação e a morfologia das partículas sedimentares. 5.1. Definição As rochas sedimentares são formadas pela diagênese dos sedimentos originados nos processos de intemperismo. Elas depositam-se estratificamente, camada sobre camada, na superfície da Terra. Em geral, as rochas sedimentares formam-se de três diferentes modos: • pela diagênese de fragmentos ou partículas de mineral ou rocha acumulados mecanicamente; • pela diagênese de materiais precipitados quimicamente - carbonatos, sulfatos, silicatos, fosfatos e halogenados; • pela atividade orgânica. Rochas sedimentares estratificadas compostas por sedimentos marinhos do Triássico 54 Alta Competência 5.2. Importância das Rochas Sedimentares As rochas sedimentares concentram a maioria dos recursos minerais da crosta (85 a 90%), conforme mostra o quadro a seguir: Rochas sedimentares Recursos minerais Combustíveis naturais Petróleo, gás e carvão. Metais Ferro, alumínio, manganês, urânio etc. Depósitos residuais Ouro, diamante, pedras preciosas etc. Não metálicos - matéria-prima para indústrias de cerâmica (argilas), construção (areia, cascalho), cimento (calcário) etc. Fertilizantes Fosfatos, nitratos, potássio etc. Reservatório natural Destinado à explotação de água e de hidrocarbonetos. 5.3. Classificação das Rochas Sedimentares As rochas sedimentares podem ser classificadas quanto: • Tamanho dos grãos • Constituição 5.3.1. Rochas sedimentares - tamanho dos grãos A classificação de Wentworth-Udden das rochas sedimentares pelo tamanho dos grãos é a mais utilizada. Vide tabela, a seguir. Capítulo 5. Rochas Sedimentares 55 DIÂMETRO EM MM 256 64 4 2 1 0,5 0,25 0,125 0,062 0,0039 Matação CASCALHO CONGLOMERADO OU BRECHA ARENITO Siltito Folhelho AREIAS LAMA Bloco Seixo Grânulo Areia muito grossa Areia muito fina Silte Argila Areia média Areia fina Areia grossa CONSTITUINTES SEDIMENTOS NÃO CONSOLIDADOS SEDIMENTOS CONSOLIDADOS Classificação de Wentworth-Udden 5.3.2. Rochas sedimentares - constituição Pode-se também classificar as rochas sedimentares através da constituição dos grãos que as compõem. De uma maneira geral, as rochas sedimentares são classificadas em: • Clásticas ou exógenas: quando seus constituintes forem erodidos, transportados e depositados. O fator relacionado ao transporte assume papel preponderante. As rochas sedimentares siliciclásticas (clásticas com predomínio de compostos de silício) mais abundantes nas bacias sedimentares são os arenitos e os folhelhos. • Químicas, ou endógenas: quando seus constituintes forem, primordialmente, formados no próprio local de deposição como, por exemplo, a precipitação de sais e carbonatos. 56 Alta Competência Cerca de um quinto da cobertura sedimentar da crosta da Terra é formado por rochas carbonáticas. Além de abrigarem algumas das mais ricas jazidas de chumbo, zinco e cobre, as rochas carbonáticas respondempor 40% a 50% das reservas mundiais de hidrocarbonetos. Apesar de campos com reservatórios carbonáticos serem muito menos numerosos do que os produtores de rochas siliciclásticas, as imensas reservas dos supercampos do Oriente Médio, essencialmente carbonáticos, equilibram o quadro. Além da importância econômica direta, as rochas carbonáticas são os registros mais diretos dos antigos ambientes e dos seres que neles habitaram. Enquanto as rochas siliciclásticas são basicamente compostas por silicatos, as rochas carbonáticas são, como o nome indica, essencialmente constituídas por mais de 50% de carbonatos, dos quais os mais abundantes são a calcita (CaCO3) e a dolomita (CaMg(CO3)2. Embora pequena parte dos carbonatos seja química e diretamente precipitada da água, a ação dos organismos é importantíssima para a formação de grandes concentrações de rochas carbonáticas. • Orgânicas: quando seus constituintes foram gerados por organismos vivos, incluindo carbonatos criados por organismos, tipo corais. As rochas bio-construídas apresentam interesse especial ao petróleo por apresentarem, eventualmente, altas taxas de porosidade e permeabilidade. É o caso de recifes de coral, microbiolitos (caso do nosso pré-sal) e estromatólitos. 5.4. Morfologia das Partículas Sedimentares A forma dos grãos é geralmente expressa em termos geométricos. As formas mais comuns são: prismáticas, esféricas, tabulares, lamelares e elipsoidais. O arredondamento representa a agudeza dos ângulos e arestas de um fragmento ou partícula clástica, a esfericidade, por sua vez, significa a relação entre a forma de um grão e a esfera circunscrita a esse grão. Já a seleção é o resultado de um processo dinâmico pelo qual partículas sedimentares tendo algumas características particulares (tamanho, forma ou densidade) são naturalmente separadas das demais pelo agente transportador. O resultado da seleção está no grau de similaridade das partículas de um sedimento. Capítulo 5. Rochas Sedimentares 57 A porosidade é o espaço vazio (preenchido com fluido) das rochas. Enquanto as rochas ígneas e metamórficas apresentam porosidade mínima, as rochas sedimentares podem apresentar porosidade elevada, podendo chegar a 38% da rocha. É uma propriedade muito importante das rochas sedimentares e é o caminho natural por onde se movimentam os fluidos contidos nas rochas. Fluidos, como água subterrânea, gás e petróleo estão armazenados nos poros das rochas sedimentares. A porosidade nas rochas sedimentares é função, entre outras coisas, do arredondamento, da esfericidade e da seleção. Quanto mais arredondados maior será a porosidade. Quanto melhor selecionados (limpos) maior será a porosidade. A permeabilidade é uma das propriedades mais importantes das rochas sedimentares, porquanto controla a facilidade relativa com que os fluidos se movimentam nos poros de uma rocha. Ao contrário da porosidade, a permeabilidade é fortemente influenciada pelo tamanho dos grãos. Os sedimentos grosseiros possuem permeabilidades mais altas do que os sedimentos mais finos. A permeabilidade é uma função do tamanho e forma das partículas, da seleção e da viscosidade do fluido. A permeabilidade decresce à medida que a seleção do sedimento diminui (aumento da heterogeneidade do tamanho dos grãos). Assim, um arenito fino bem selecionado pode ter uma permeabilidade maior do que um arenito grosseiro mal selecionado. Na produção do petróleo, é a porosidade efetiva que determinará o cálculo das reservas. Mas é a permea- bilidade que determinará a quantidade de óleo que será recuperada. IMPORTANTE! 58 Alta Competência 5.5 Deformações das rochas. Como já vimos, a história de uma rocha sedimentar (cuja compreensão é fundamental para se descobrir onde e como foi gerado e acumulado o petróleo) envolve a determinação da área e rocha fonte, dos processos de transporte das partículas componentes da mesma (física ou quimicamente), dos parâmetros físicos, químicos e biológicos do meio onde se processa a sedimentação e, finalmente, dos processos diagenéticos, que transformam estes sedimentos em rochas sedimentares. Uma rocha sedimentar “nasce” essencialmente na horizontal através dos processos de deposição/precipitação. Analisando a história deposicional de uma bacia sedimentar, procura-se selecionar prospectos exploratórios, visando, sobretudo, bons ambientes capazes de possuírem grande quantidades de rochas com alto teor de matéria orgânica (base principal para a geração de hidrocarbonetos), tais como folhelhos, associadas ou em íntimo contacto com rochas que possuam ótimas características de armazenamento e escoamento fluido (porosidade e permeabilidade), tais como arenitos e carbonatos. Além disso, após sua formação, as rochas sedimentares podem ser submetidas à esforços tectônicos (compressional, tracional ou tangencial) que podem promover modificações em sua forma e/ou volume, a depender da intensidade e duração do esforço, bem como de sua plasticidade. As principais deformações passíveis de ocorrência nas rochas são as dobras, as fraturas as falhas e as deformações produzidas por intrusões. Capítulo 5. Rochas Sedimentares 59 5.5.1. Dobras Sinclinal Anticlinal São ondulações ou convexidades e concavidades existentes em corpos rochosos originalmente planos. Define-se como anticlinal uma dobra que se fecha para cima, possuindo rochas mais antigas no seu núcleo, isto é, no centro da curvatura. Uma dobra sinclinal é aquela que se fecha para baixo, tendo as rochas mais novas no seu núcleo, conforme a figura acima. As anticlinais são as estruturas típicas para acumulação de hidrocarbonetos. 5.5.2. Fraturas, juntas ou diaclases São feições fáceis de serem reconhecidas em qualquer pedreira ou afloramento. São planos de fraqueza, seguindo normalmente orientações definidas, separando ou não, as partes de um bloco ou camada, originalmente unificadas. Ao longo destes planos não ocorrem deslocamentos, por menores que sejam, das partes separadas. 60 Alta Competência As fraturas são elementos de grande relevância e importância. Por exemplo, o campo gigante de Aghajarí (no Irã) apresenta porosidade da ordem de 8% a 13% (baixa) mas permeabilidades extremamente elevadas devido à presença das fraturas, com alguns poços produzindo 80.000 barris de óleo por dia. (Hull e Warman, 1970). Caberá à sísmica detectar os principais sistemas de fraturas nos nossos carbonatos do pré-sal para a otimização da produção. 5.5.3. Falhas Aquelas fraturas que mostram, ao longo dos planos de fraturamento, um deslocamento perceptível de ambas partes, são denominadas de falhas. As falhas são consideradas também uma das feições estruturais de maior importância na Geologia, principalmente na do Petróleo. 5.5.4. Intrusões e diápiros Intrusão - constitui um corpo intrusivo cortando as camadas pré- existentes, sendo portanto de idade posterior a deposição das camadas encaixantes ou cortadas. a) Intrusão Ígnea – intrusão constituída por uma massa de rocha ígnea. Formam corpos rochosos que se distinguem pela forma ou pela sua relação com as rochas encaixantes. b) lntrusões de sal (halocinese - formam os chamados domos de sal, que resultam da injeção plástica de sal devido à diferença de densidade entre este (halita = 2,2; silvita = 1,9) e os estratos sobrepostos (cerca de 2,5). A importância dos domos de sal para a Geologia do Petróleo reside no fato de as estruturas formadas pela intrusão favorecerem a acumulação de petróleo em subsuperfície. Capítulo 5. Rochas Sedimentares 61 Imagem de uma seção sísmica ilustrando domos de sal Com as noções vistas até agora, podemos finalmente introduzir ÓLEO no sistema. 5.6. Origem do petróleo O petróleo tem origem a partir da matériaorgânica depositada junto com os sedimentos. A matéria orgânica marinha é basicamente originada de microorganismos e algas que formam o fitoplâncton e devem se depositar em ambiente não oxidante. A necessidade de condições não oxidantes pressupõe um ambiente de deposição composto de sedimentos de baixa permeabilidade, inibidor da ação da água circulante em seu interior. A interação dos fatores matéria orgânica, sedimento e condições termoquímicas apropriadas é fundamental para o início da cadeia de processos que leva à formação do petróleo. O tipo e qualidade de hidrocarboneto gerado, óleo ou gás, é determinado pela constituição da matéria orgânica original e pela intensidade do processo térmico atuante sobre ela. Admitindo ambiente apropriado, após incorporação da matéria orgânica ao sedimento, dá-se aumento de carga sedimentar e de temperatura começando, então, a se delinear o processo que passa pelos seguintes estágios evolutivos: 62 Alta Competência • Na faixa de temperaturas mais baixas, até 65ºC, predomina a atividade bacteriana que provoca a reorganização celular e transforma a matéria orgânica em querogênio. O produto gerado é o metano bioquímico ou biogênico. Este processo é denominado de Diagênese. • O incremento de temperatura, até 165ºC, é determinante da quebra das moléculas de querogênio e resulta na geração de hidrocarbonetos líquidos e gás – Catagênese. • A continuação do processo, avançando até 210ºC, propicia a quebra das moléculas de hidrocarbonetos líquidos e sua transformação em gás leve – Metagênese. • Ultrapassando essa fase, a continuação do incremento de temperatura leva à degradação do hidrocarboneto gerado, deixando como remanescente grafite, gás carbônico e algum resíduo de gás metano – Metamorfismo. Transformação termoquímica da matéria orgânica e a geração do petróleo Assim, o processo de geração de petróleo como um todo é resultado da captação da energia solar, através da fotossíntese, e transformação da matéria orgânica com a contribuição do fluxo de calor oriundo do interior da terra. Capítulo 5. Rochas Sedimentares 63 5.6.1. Migração do petróleo Para se ter uma acumulação de petróleo é necessário que, após o processo de geração, ocorra a migração e que esta tenha seu caminho interrompido pela existência de algum tipo de armadilha geológica. O fato é que o petróleo é gerado em uma rocha dita fonte ou geradora e se desloca para outra, onde se acumula, dita reservatório. À expulsão do petróleo da rocha onde foi gerado dá-se o nome de migração primária. Ao seu percurso ao longo de uma rocha porosa e permeável até ser interceptado e contido por uma armadilha geológica dá-se o nome de migração secundária. A não contenção do petróleo em sua migração permitiria seu percurso continuado em busca de zonas de menor pressão até se perder através de exsudações, oxidação e degradação bacteriana na superfície. 5.6.2. Rocha reservatório Esta rocha para se constituir em um reservatório deve apresentar espaços vazios no seu interior (porosidade), e que estes vazios estejam interconectados, conferindo-lhe a característica de permeabilidade. Desse modo, podem se constituir rochas reservatório os arenitos e calcarenitos, e todas as rochas sedimentares essencialmente dotadas de porosidade intergranular que sejam permeáveis. Algumas rochas, como os folhelhos e alguns carbonatos, normalmente porosos porém impermeáveis, podem vir a se constituir reservatórios quando se apresentam naturalmente fraturados. Quartzo 0,1 mm Argila Óleo Microfotografia de uma rocha reservatório contendo óleo 64 Alta Competência Nas bacias sedimentares brasileiras produtoras de petróleo os reservatórios são dominantemente convencionais, arenitos e calcarenitos. Porém, existem exemplos de acumulações de hidrocarbonetos em rochas tanto sedimentares quanto ígneas e metamórficas não convencionais, como os folhelhos fraturados na Bacia do Recôncavo, BA, os basaltos na bacia de Campos, RJ e metamórficas fraturadas na Bacia Sergipe-Alagoas. 5.6.3. Rocha selante Para que se dê a acumulação do petróleo existe a necessidade de que alguma barreira se interponha no seu caminho. Esta barreira é produzida pela rocha selante cuja característica principal é sua baixa permeabilidade. Duas classes de rochas são selantes por excelência: os folhelhos e os evaporitos (sal). Outros tipos de rochas também podem funcionar como tal. A figura abaixo esquematiza diversas situações geológicas ilustrando a migração do petróleo desde a rocha geradora até rochas reservatórios. A disposição espacial entre rochas reservatório e rochas selantes propicia a acumulação do petróleo. 5.6.4. Aprisionamento do petróleo Um dos requisitos para a formação de uma jazida de petróleo é a existência de armadilhas ou trapas, que podem ter diferentes origens, características e dimensões. Convencionalmente as armadilhas são classificadas em estruturais, estratigráficas e mistas ou combinadas,. As armadilhas mais prontamente descobertas em uma bacia têm controle dominantemente estrutural e detêm os maiores volumes de petróleo. Elas são respostas das rochas aos esforços e deformações e, nesse tipo, enquadram-se as dobras e as falhas. Capítulo 5. Rochas Sedimentares 65 Exemplos de diferentes tipos de armadilhas: Rocha Geradora Reservatórios Porosos Reserv. Fechado Rochas Selantes Relações espaciais entre rochas geradoras, reservatórios e selantes Anticlinais Blocos falhados Armadilhas estruturais 1 e 2 – Trapas estratigráficas 3 a 7 – Diversas trapas associadas a discordância Armadilhas estratigráficas e paleogeomórficas 66 Alta Competência Então, para que ocorra uma acumulação comercial de hidrocarbo- netos é fundamental as seguinte etapas: 1 - Preservação da matéria orgânica. 2 - Esta matéria orgânica deve passar pela catagênese, também chamada "janela de geração". 3 - Os hidrocarbonetos gerados devem ser expulsos da rocha geradora - migração primária. 4 - Os hidrocarbonetos expulsos da geradora devem percolar até uma rocha reservatório - migração secundária. 5 - Esta rocha reservatório deve estar contida em uma armadilha que acumule os hidrocarbontos - campo de petróleo. C ap ít u lo 6 Introdução à Geofísica de Petróleo 68 Alta Competência Capítulo 6. Introdução à Geofísica de Petróleo 69 6. Introdução à Geofísica de Petróleo A descoberta de uma jazida de petróleo em uma nova área é tarefa que envolve longo e dispendioso estudo e análise de dados geofísicos e geológicos das bacias sedimentares. Somente após exaustivo prognóstico do comportamento das diversas camadas do subsolo, os geólogos e geofísicos decidem propor a perfuração de um poço, que é a etapa de maior investimento em todo o processo de prospecção. Um programa de prospecção visa a fundamentalmente dois objetivos: • Localizar dentro de uma bacia sedimentar as situações geológicas que tenham condição para a acumulação de petróleo; • Verificar qual, dentre estas situações, possui mais chance de conter petróleo. Não se pode prever, portanto, onde existe petróleo, e sim os locais mais favoráveis para sua ocorrência. A identificação de uma área favorável à acumulação de petróleo é realizada através de métodos geológicos e geofísicos que, atuando em conjunto, conseguem indicar o local mais propício para a perfuração. Todo o programa desenvolvido durante a fase de prospecção fornece uma quantidade muito grande de informações técnicas, com um investimento relativamente pequeno quando comparado ao custo de perfuração de um único poço exploratório. 6.1. Métodos Geológicos A primeira etapa de um programa exploratório é a realização de um estudo geológico com o propósito de reconstituiras condições de formação e acumulação de hidrocarbonetos em uma determinada região. Para esse fim, o geólogo elabora mapas de geologia de superfície com o apoio da aerofotogrametria e fotogeologia, infere a geologia de subsuperfície a partir dos mapas de superfície e dados de poços, como também analisa as informações de caráter paleontológico e geoquímico. 70 Alta Competência 6.1.1. Geologia de superfície Através do mapeamento das rochas que afloram na superfície é possível reconhecer e delimitar as bacias sedimentares e identificar algumas estruturas capazes de acumular hidrocarbonetos. Os mapas geológicos, que indicam as áreas potencialmente interessantes, são continuamente construídos e atualizados pelos exploracionistas. Nestes mapas, as áreas compostas por rochas ígneas e metamórficas são praticamente descartadas, como também pequenas bacias com espessura sedimentar muito reduzida ou sem estruturas favoráveis à acumulação. Nesta fase existe a possibilidade de reconhecimento e mapeamento de estruturas geológicas que eventualmente possam incentivar a locação1 de um poço pioneiro2 . As informações geológicas e geofísicas obtidas a partir de poços exploratórios são de enorme importância para a prospecção, pois permitem reconhecer as rochas que não afloram na superfície e ainda aferir e calibrar os processos indiretos de pesquisas como os métodos sísmicos, por exemplo. a) Aerofotogrametria e fotogeologia A aerofotogrametria é fundamentalmente utilizada para a construção de mapas-base ou topográficos e consiste em fotografar o terreno utilizando-se um avião devidamente equipado, voando com altitude, direção e velocidade constantes. 1 Posição, em coordenadas geográficas ou referida a um marco geodésico, definida para a perfuração de um poço. 2 Primeiro poço em uma área e envolve altos custos, riscos e sua locação deve ser criteriosa- mente analisada. O índice de sucesso em poços pioneiros da Petrobras no mar é de 47%. Capítulo 6. Introdução à Geofísica de Petróleo 71 Interpretação fotogeológica onde são nítidas as feições de diferentes tipos de rochas A fotogeologia consiste na determinação das feições geológicas a partir de fotos aéreas, onde dobras, falhas e o mergulho das camadas geológicas são visíveis. As estruturas geológicas podem ser identificadas através da variação da cor do solo, da configuração de rios e de drenagem presentes na região em estudo. Em regiões áridas a ausência de cobertura vegetal permite a identificação direta das rochas existentes na área de estudo. Além das fotos aéreas obtidas nos levantamentos aerofotogramétricos, conforme figura anterior, utilizam-se imagens de radar e imagens de satélite cujas cores são processadas para ressaltar características específicas das rochas expostas na superfície. 6.1.2. Geologia de subsuperfície A Geologia de subsuperfície consiste no estudo de dados geológicos obtidos em um poço exploratório. A partir destes dados é possível determinar as características geológicas das rochas de subsuperfície. As técnicas mais comuns envolvem: 72 Alta Competência • Descrição das amostras de rochas recolhidas durante a perfuração - amostras de calha; • Estudo das formações penetradas e sua profundidade em relação a um referencial fixo (frequentemente o nível do mar); • Construção de mapas e seções estruturais através da correlação entre as informações de diferentes poços; • Identificação dos fósseis presentes nas amostras de rocha provenientes da superfície e subsuperfície através do laboratório de paleontologia. Com os resultados obtidos a partir da aplicação das técnicas citadas pode-se correlacionar os mais variados tipos de rochas dentro de uma bacia ou mesmo entre bacias. Correlação entre poços com base na interpretação de perfis e descrição de amostras de calha As informações obtidas em poços, diretamente associadas com a presença ou não de hidrocarbonetos estão nos testes de fluorescência nas amostras de calha; no detector de gás; nos perfis; nos testemunhos; nas amostras laterais e testes de formação. Para cada novo poço, as perguntas a serem respondidas são: • Existe petróleo? • Onde ele está (a que profundidades)? Capítulo 6. Introdução à Geofísica de Petróleo 73 • Qual a quantidade? • Qual a qualidade? • Quanto irá produzir? O geólogo trabalha predominantemente na aferição direta das rochas e, utilizando-se de diferentes técnicas, consegue identificar as estruturas mais promissoras para a acumulação de petróleo em uma área. Esgotados os recursos diretos de investigação, onde uma grande quantidade de informações é acumulada, a prospecção por métodos indiretos torna-se apropriada em áreas potencialmente promissoras. No caso particular da Plataforma Continental, o emprego de métodos indiretos ou geofísicos, tem possibilitado a descoberta de acumulações gigantescas de hidrocarbonetos. 6.2. Métodos Potenciais São os primeiros métodos indiretos normalmente utilizados. A geofísica é o estudo da terra usando medidas de suas propriedades físicas. Os geofísicos adquirem, processam e interpretam os dados coletados por instrumentos especiais, com o objetivo de obter informações sobre a estrutura e composição das rochas em subsuperfície. Grande parte do conhecimento adquirido sobre o interior da Terra, além dos limites alcançados por poços, vem de observações geofísicas. Por exemplo, a existência e as propriedades da crosta, manto e núcleo da Terra foram inicialmente determinadas através de observações de ondas sísmicas geradas por terremotos, como também através de medidas da atração gravitacional, do magnetismo e das propriedades térmicas das rochas. A gravimetria e a magnetometria, também chamadas de métodos potenciais, foram muito importantes no início da prospecção de petróleo por métodos indiretos, permitindo o reconhecimento e mapeamento das grandes estruturas geológicas que não apareciam na superfície. 74 Alta Competência 6.3. Métodos Sísmicos O método sísmico de reflexão é o método de prospecção mais utilizado atualmente na indústria do petróleo, pois fornece alta definição das feições geológicas em subsuperfícies propícias à acumulação de hidrocarbonetos, a um custo relativamente baixo. Mais de 90% dos investimentos em prospecção são aplicados em sísmica de reflexão. Os produtos finais são, entre outros, imagens das estruturas e camadas geológicas em subsuperfície, apresentadas sob as mais diversas formas, que são disponibilizadas para o trabalho dos intérpretes. O levantamento sísmico inicia-se com a geração de ondas elásticas, através de fontes artificiais, que se propagam pelo interior da Terra onde são refletidas e refratadas nas interfaces que separam rochas de diferentes constituições petrofísicas, e retornam à superfície onde são captadas por sofisticados equipamentos de registro. Estas ondas elásticas são, basicamente, de três tipos: • As ondas P, ou compressionais, nas quais o deslocamento do meio se dá na mesma direção de propagação da energia; • As ondas S, ou de cisalhamento, onde o deslocamento do meio é perpendicular à direção de propagação da energia; • As ondas superficiais nas quais o deslocamento das partículas é elíptico e retrógrado em relação à direção de propagação da energia. Até o momento, somente as ondas P vêm sendo uti- lizadas comercialmente nos levantamentos sísmicos, enquanto que os levantamentos com as ondas S ain- da encontram-se em fase experimental, ou com apli- cações específicas. As ondas superficiais, por outro lado, constituem-se em eventos indesejáveis (ruídos). IMPORTANTE! Capítulo 6. Introdução à Geofísica de Petróleo 75 6.3.1. Fontes e receptores As fontes de energia sísmica mais utilizadas são: a dinamite e o vibrador, em terra, e canhões dear comprimido, em levantamentos marítimos. Cada uma destas fontes emite um pulso característico (amplitude e conteúdo de frequências) conhecido como pulso sísmico que se propaga em todas as direções. Estes pulsos elásticos, ou detonações, são de duração ou comprimento muito pequeno, da ordem de 200 milissegundos, e se refletem e refratam em cada uma das camadas geológicas em profundidade, retornando à superfície com informações valiosas para a pesquisa de petróleo. Os receptores utilizados para registrar as reflexões destes pulsos são basicamente de dois tipos: • Eletromagnéticos (geofones) para registros em terra; • De pressão (hidrofones) para levantamentos na água. Os hidrofones utilizam cristais piezoelétricos que geram uma corrente elétrica proporcional à variação de pressão na água produzida pela passagem dos sinais sísmicos. Um dos vários modelos de geofones utilizados em levantamentos terrestres 76 Alta Competência Estas oscilações elétricas são transmitidas até o sismógrafo onde são digitalizadas, multiplexadas e registradas (ou retransmitidas via satélite para uma central de computadores) após severo depuramento e amplificação eletrônicos. 6.3.2. Aquisição de dados sísmicos Tanto em terra quanto no mar a aquisição de dados sísmicos consiste na geração de uma perturbação mecânica em um ponto da superfície e o registro das reflexões em centenas (128 a 1024) de canais de recepção ao longo de uma linha reta. Estes canais encontram-se equidistantes (20 a 50 metros) de modo que o canal mais afastado, muitas vezes, encontra-se a vários quilômetros de distância da fonte de perturbação, ou ponto de tiro. Todo o conjunto fonte/receptores tem seu posicionamento dinâmico definido por levantamentos topográficos em terra e por GPS/ satélites no mar. Antena Canhões de Ar comprimido Cabo (Streamer) Estação de hidrofones Esquema ilustrativo de levantamento sísmico marítimo Observe, na imagem anterior, que os canhões e o cabo contendo os hidrofones são estabilizados de 10 a 15 metros de profundidade. Capítulo 6. Introdução à Geofísica de Petróleo 77 Assim como na fotografia convencional ou na transmissão de imagens de televisão, a aquisição de dados sísmicos de reflexão leva em consideração uma série de parâmetros que visam à obtenção de imagens de boa qualidade da subsuperfície, dentro dos limites de economicidade. Em função do detalhe necessário aos objetivos do levantamento sísmico, critérios como resolução vertical e horizontal, distorções, atenuação de ruídos, profundidade de interesse, entre outros, são devidamente equacionados no projeto. Em levantamentos tridimensionais os navios sísmicos arrastam vários cabos de registro simultaneamente. Levantamento marítimo 3-D Observe, na ilustração anterior, que o navio reboca duas baterias de canhões que são disparados alternadamente e ainda vários cabos, cujo afastamento lateral pode chegar a centenas de metros. 6.3.3. Velocidades das ondas sísmicas A velocidade de propagação das ondas sísmicas é função da densidade e das constantes elásticas do meio. Consequentemente, depende da constituição mineralógica da rocha, grau de cimentação, estágios de compactação (pressão, profundidade), porosidade, conteúdo e saturação de fluidos, além de outros fatores como temperatura e presença de microfraturas. A figura a seguir ilustra velocidades de propagação comumente encontradas nos levantamentos sísmicos. 78 Alta Competência Para todos os fins práticos, a propagação das ondas elásticas é regida pelas mesmas leis da ótica geométrica. Quando uma frente de onda incide sobre uma interface separando duas rochas com velocidades e densidades diferentes, parte da energia incidente é refratada para o meio inferior e parte da energia se reflete e retorna à superfície. Nesta partição, a quantidade de energia que retorna para a superfície depende do contraste de impedâncias acústicas (produto da densidade pela velocidade) dos dois meios e do ângulo de incidência. M A TE R IA L AR METANO PETRÓLEO ÁGUA LAMA FOLHELHOS AREIAS E ARENITOS SAL CALCÁRIOS DOLOMITOS GESSO ANIDRITA ÍGNEAS VELOCIDADE (M/S) 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 Distribuição de velocidades comumente encontradas na prospecção de petróleo pelo método de reflexão sísmica No caso da onda refletida que retorna para a superfície, a amplitude da reflexão, ou coeficiente de reflexão, é dada por: V1ρ1 1 1-R i R Para i = zero vale a relação R = V 2 ρ2 V2ρ2 - V1ρ1 V 2 ρ2 + V1ρ1 Leis da reflexão sísmica Capítulo 6. Introdução à Geofísica de Petróleo 79 Onde, R = coeficiente de reflexão; V = velocidade das ondas P no meio; ρ = densidade do meio. Observe a imagem a seguir. A partir do conhecimento da coluna sedimentar (A na figura) obtida na perfuração de um poço, calculam-se as impedâncias acústicas (B), das quais se obtém, utilizando a equação da figura anterior, a função refletividade (C). Nesta função, cada coeficiente vai refletir para a superfície o mesmo pulso sísmico gerado no ponto de tiro, mantendo as mesmas relações de amplitude e polaridade (D). A figura ilustra o mecanismo de formação do traço sísmico. Observe que a resposta sísmica final para uma sequência sedimentar consiste no somatório das reflexões individuais de cada interface (E). Neste processo perde-se a resolução vertical, pois as reflexões de topo e base das camadas tendem a interferir-se mutuamente. Para levantamentos con- vencionais, a resolução sísmica vertical é da ordem de 10 a 15 metros. IMPORTANTE! Traço Sísmico Reflexões Individuais Refletividade Impedâncias acústicas (A) (B) (D) (E)(C) 200 MS Pulso sísmico Exemplo ilustrativo de um sismograma sintético 80 Alta Competência Observe, na figura anterior, os seguintes elementos: A – Coluna sedimentar; B – impedâncias acústicas; C – função refletividade; D – reflexões individuais de cada interface; E – traço sísmico sintético final. A principal importância do sismograma sintético é correlacionar os dados de poços (escala vertical em metros) com os eventos que aparecem nas seções sís- micas (escala vertical em tempo). IMPORTANTE! 6.3.4. Processamento de dados sísmicos No caso da sísmica para petróleo, o processamento de dados tem como objetivo produzir imagens da subsuperfície com a máxima fidelidade possível, atenuando as várias distorções “óticas” presentes no método. Geólogos e geofísicos interpretam estas imagens na busca de situações mais favoráveis à acumulação de hidrocarbonetos ou para caracterizar reservatórios produtores, melhorando o gerenciamento da produção. O esquema que se segue apresenta uma sequência convencional de processamento, representando somente as etapas mais importantes. Os registros de campo, juntamente com os relatórios da fase de aquisição e os dados de topografia ou navegação, são submetidos a um pré-processamento inicial. As correções primárias atenuam as distorções determinísticas causadas pelos receptores e pelo equipamento de gravação e as correções estáticas corrigem as variações topográficas e anomalias superficiais em relação a uma superfície de referência (normalmente o nível do mar) nos levantamentos terrestres. Nos levantamentos marítimos, Capítulo 6. Introdução à Geofísica de Petróleo 81 as correções estáticas adicionam frações de tempo nos registros sísmicos simulando o posicionamento dos canhões e dos receptores na superfície do mar (canhões e receptores operam a profundidades que variam de 7 a 20 metros). Fita de campo - reformatação - edição - geometria - correções primárias - correções estáticas - balanceamento - análise de velocidades - soma horizontal - �ltros de frequência
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