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Completação de poços de petróleo Material elaborado em parceria PrOMinP e Petrobras. Autor: José Luiz de Paula Completação de poços de petróleo programa alta Competência Este material é resultado do trabalho conjunto de muitos técnicos da área de Exploração & Produção, da Universidade Petrobras e representantes do PrOMinP (Programa de Mobilização da indústria nacional de Petróleo e gás natural). Ele se estende para além dessas páginas, uma vez que traduz, de forma estruturada, a experiência de anos de dedicação e aprendizado no exercício das atividades profissionais da Companhia. É com tal experiência, refletida nas competências do seu corpo de empregados, que a Petrobras conta para enfrentar os crescentes desafios com os quais ela se depara no Brasil e no mundo. nesse contexto, o E&P através do Programa Alta Competência, visando prover os meios para adequar quantitativa e qualitativamente a força de trabalho às estratégias do negócio E&P. realizado em diferentes fases, o Alta Competência tem como premissa a participação ativa dos técnicos na estruturação e detalhamento das competências necessárias para explorar e produzir energia. O objetivo deste material é contribuir para a disseminação das competências, de modo a facilitar a formação e reciclagem dos empregados. A concepção pedagógica dos cursos, além de contemplar os aspectos tecnológicos tem uma preocupação constante com os aspectos relacionados à preservação da Saúde, Meio Ambiente e Segurança de todos os envolvidos em seus processos produtivos. Trabalhar com o bem mais precioso que temos – as pessoas – é algo que exige sabedoria e dedicação. Este material é um suporte para esse rico processo, que se concretiza no envolvimento de todos os que têm contribuído para tornar a Petrobras a empresa mundial de sucesso que ela é. sumáriosumário Introdução 11 Capítulo 1. Métodos de completação 1. Métodos de completação 15 1.1. Quanto ao posicionamento da cabeça dos poços 15 1.2. Quanto ao revestimento de produção 17 1.3. Quanto ao número de zonas explotadas 19 Capítulo 2. Classificação das operações 2. Classificação das operações 25 2.1. investimento 25 2.2. Completação 25 2.3. Avaliação 25 2.4. recompletação 26 2.5. Manutenção da produção 26 2.6. Avaliação 27 2.7. restauração 27 2.8. Limpeza 32 2.9. Mudança do método de elevação 32 2.10. Estimulação 33 2.11. Abandono 33 Capítulo 3. Detalhamento das fases de uma completação 3. Detalhamento das fases de uma completação 37 3.1. instalação da cabeça de produção e dos equipamentos de segurança para controle do poço 38 3.1.1. Cabeça de revestimento 44 3.1.2. Suspensor de revestimento tipo C-22 46 3.1.3. Cabeça de revestimento tipo carretel 47 3.1.4. Adaptadores para a cabeça de produção 48 3.1.5. Cabeça de produção - descrição 49 3.1.6. Suspensor da coluna de produção 51 3.1.7. Adaptador para árvore de natal 51 3.1.8. Árvore de natal 52 3.2. Condicionamento do revestimento de produção 53 3.3. Substituição do fluido do poço por fluido de completação 54 3.4. Avaliação da qualidade da cimentação 55 3.4.1. introdução 55 3.4.2. Princípio de funcionamento 56 3.4.3. Apresentação do perfil CBL/VDL 57 3.4.4. interpretação do perfil CBL/VDL 59 3.4.5. Aferição da calibração da ferramenta 60 3.4.6. influência da pasta de cimento 60 3.4.7. influência do microanular 61 3.4.8. influência da espessura da capa de cimento 61 3.4.9. interpretação do perfil VDL 62 3.4.10. Ferramenta de perfilagem ultrassônica CET 62 3.4.11. Ferramenta de perfilagem ultrassônica USiT 63 3.5. Canhoneio da zona de interesse 64 3.5.1. introdução 64 3.5.2. Técnicas de canhoneio 65 3.5.3. Sistema de canhoneio TCP 67 3.5.4. Vantagens do sistema de canhoneio TCP 69 3.5.5. Desvantagens 70 3.6. Coluna de produção 70 3.6.1. introdução 70 3.6.2. Componentes da Coluna de Produção 72 3.6.2.1. Tubos de produção 72 3.6.2.2. Shear-out 76 3.6.2.3. Hydro-trip 77 3.6.2.4. Nipples de assentamento 78 3.6.2.5. Sliding sleeve 80 3.6.2.6. Standing valve 80 3.2.6.7. Packer de produção 81 3.2.6.8. Junta Telescópica (TSr) 82 3.2.6.9. Mandril de gas lift (MGL) e válvula de gas lift (VGL) 84 3.2.6.10. Válvula de Segurança de Subssuperfície (DHSV) 85 3.7. indução de surgência 86 Exercício 88 Bibliografia 94 Gabarito 95 Figura 1 - Sonda de Produção Terrestre (SPT) 15 Figura 2 - Tipos de sondas marítimas 16 Figura 3 - a - Completação a poço aberto 19 Figura 3 - b- Completação com revestimento rasgado 19 Figura 3 - c - Completação com revestimento canhoneado 19 Figura 4 - a - Completação simples 20 Figura 4 - b - Completação seletiva 20 Figura 4 - c - Completação dupla 20 Figura 5 - a - Poço com contato óleo/água - Situação inicial 28 Figura 5 - b - Poço com contato óleo/água, água atinge o canhoneio 28 Figura 6 - Poço produzindo água devido a falhas na cimentação 29 Figura 7 - Poço injetor com permeabilidade estratificada 30 Figura 8 -a - Poço com contato gás/óleo - Situação inicial 31 Figura 8 -b - Poço com contato gás/óleo - Após a expansão do gás 31 Figura 9 - Equipamentos de superfície para completação seca 39 Figura 10 - revestimento de produção ancorado na cabeça de revestimento através do casing hanger 41 Figura 11 - Situação após a instalação do adaptador e da cabeça de produção 42 Figura 12 - Corte da ponta de revestimento 42 Figura 13 - Situação após a instalação do Preventor de Erupções (BOP) 43 Figura 14 - Esquema padrão de poço surgente 44 Figura 15 - Desenho e foto da cabeça de revestimento tipo C-22 46 Figura 16 - Suspensor de revestimento tipo C-22 46 Figura 17 - Cabeça de revestimento tipo carretel 47 Figura 18 - Adaptadores para cabeça de produção 48 Figura 19 - Cabeça de Produção T-16 50 Figura 20 - Suspensores T-16 e T-16 BP 50 Figura 21 - Cabeça de Produção T-16-00 e TC com suspensores 51 Figura 22 - Adaptadores para árvore de natal 51 Figura 23 - Árvore de natal convencional 52 Figura 24 - Condicionamento do revestimento com broca e raspador 54 Figura 25 - raspador 54 Figura 26 - Desenho esquemático poço mostrando falha na cimentação 55 Figura 27 - Perfilagem CBL/VDL/Gr/CCL para avaliação da cimentação 55 lista de Figuras Figura 28 - Apresentação do perfil CBL/VDL/Gr/CCL 58 Figura 29 - a - Canhoneio convencional 67 Figura 29 - b - Canhoneio TCP 67 Figura 29 - c - Canhoneio through tubing 67 Figura 30 - Sistema de canhoneio utilizando a técnica TCP 68 Figura 31 - Componentes da Coluna de Produção 71 Figura 32 - Tipos de roscas 74 Figura 33 - Shear-out dupla em corte 76 Figura 34 - Esquema da shear-out tripla 76 Figura 35 - Sedes e esfera da shear-out 77 Figura 36 - Hydro-Trip Dupla 78 Figura 37 - Nipples para assentamento de tampões mecânicos (plugs) 79 Figura 38 - Standing valve 79 Figura 39 - Standing valve assentando 79 Figura 40 - Camisa Deslizante (Sliding Sleeve) 80 Figura 41 - Packer de produção 82 Figura 42 - Junta Telescópica (TSr) 83 Figura 43 - Mandril de gas-lift 84 Figura 44 - DHSV tubing mounted 85 Figura 45 - Desenho esquemático da DHSV insertável 86 Figura 46 - induzindo surgência em um poço com auxílio de flexitubo 87 Introdução 11 Entende-se por completação o conjunto de operações realizadas após o término dos trabalhos de perfuração, visando colocar o poço em produção. São as seguintes as operações em referência executadas segundo critérios técnicos, econômicos e de segurança: instalação dos equipamentos de segurança para controle do • poço; Condicionamento do revestimento de produção e do fluido • nele contido; Verificação da qualidade da cimentação primária realizada • pela perfuração, quando da instalação do revestimento de produção; Canhoneio da zona de interesse, para que se comunique • reservatório com o interior do revestimento de produção, permitindo o fluxo de fluidos; instalaçãoda coluna de produção e equipamentos no interior • do poço, para garantir a produção de forma segura e eficiente; instalação dos equipamentos de superfície; • indução de surgência, onde a hidrostática do poço é reduzida • a valores inferiores à pressão estática da formação para que o poço entre em fluxo. 12 Alta Competência Para que a completação possa ser realizada de forma otimizada, é de fundamental importância um excelente inter-relacionamento com as áreas de Geologia, reservatório e elevação artificial de petróleo. Quanto aos aspectos técnico e operacional, deve-se buscar uma completação de forma a maximizar a vazão de produção (ou injeção) sem danificar o reservatório, tornar a completação a mais permanente possível, de forma que idealmente poucas ou nenhuma intervenção sejam necessárias até o fim da vida produtiva do poço. Deve ainda buscar minimizar o tempo necessário para executar os trabalhos de intervenção e tornar a completação o mais simples possível. Após a completação inicial do poço, durante a sua vida produtiva, pode ser realizada uma série de operações, denominadas de manutenção da produção, visando corrigir problemas nos poços, fazendo voltar a vazão ao nível normal ou operacional. Essas operações serão tratadas na parte final deste capítulo. C ap ít u lo 1 Métodos de completação 14 Alta Competência 15 Capítulo 1. Métodos de completação 1. Métodos de completação 1.1. Quanto ao posicionamento da cabeça dos poços Uma característica das reservas petrolíferas brasileiras é que as mesmas ficam localizadas indistintamente, tanto em áreas terrestres como em áreas marítimas. As reservas situadas nas áreas marítimas ocorrem tanto em lâminas d’água rasas quanto profundas. Disso resultam importantes diferenças na maneira como é perfurado e completado um poço, principalmente no que se refere aos sistemas de cabeça do poço submarino (SCPS) utilizados pela perfuração, e ao tipo de árvore de natal utilizada pela completação, se molhada (AnM) ou convencional (AnC). Em terra, a cabeça do poço fica próxima ao nível do solo, podendo inclusive ficar abaixo desse nível. nesses poços, as operações de completação são executadas por equipamentos similares aos da perfuração, porém de menor capacidade, denominados de Sondas de Produção Terrestre (SPT) – Figura 1. Essas sondas são, geralmente, veículos autotransportáveis dotados basicamente de motor, guincho e mastro telescópico. Figura 1 – Sonda de Produção Terrestre (SPT) 16 Alta Competência no mar, apresentam-se duas situações distintas. na primeira delas, em águas mais rasas, tem-se o caso em que é técnica e economicamente viável trazer a cabeça do poço para a superfície, efetuando-se a completação convencional ou seca. nesse caso, é imprescindível ancorá-la em uma jaqueta apoiada no fundo do mar ou tracionar o poço a partir do convés de uma unidade flutuante especial (tension leg plataform). Em ambos os casos tem- se uma sonda instalada sobre a plataforma para execução dos serviços de completação. Ainda em águas rasas, se for decidido deixar a cabeça do poço no fundo do mar, completa-se com árvore de natal molhada (AnM) através de plataforma autoelevatória, plataformas semissubmersíveis ou navios-sonda ancorados. numa segunda situação, apresenta-se o caso de águas mais profundas, em que é inviável trazer a cabeça do poço para a superfície, sendo indispensável deixá-la no fundo do mar, equipada com árvore de natal molhada (AnM). nesse caso, são utilizadas, para execução dos serviços de completação, as mesmas plataformas semissubmersíveis ou navios-sonda de posicionamento dinâmico que foram utilizadas durante a perfuração (Figura 2). Plataforma fixa Sonda semi-submersível Plataforma elevatória Navio sonda Figura 2 - Tipos de sondas marítimas 17 Capítulo 1. Métodos de completação 1.2. Quanto ao revestimento de produção Essa classificação refere-se às configurações básicas poço-formação, aplicáveis a cada situação específica. Quanto ao revestimento de produção, uma completação pode ser classificada como: A poço aberto; • Com revestimento ou • liner canhoneado; Com revestimento ou • liner ou rasgado. a) A poço aberto Durante a perfuração, ao se atingir o topo da zona produtora, o revestimento de produção é descido e cimentado. Em seguida, a zona produtora é perfurada até a profundidade final, após o que se coloca o poço em produção com a zona totalmente aberta (Figura 3-a). Caso seja necessário um novo revestimento de produção poderá ser assentado posteriormente, convertendo o método em um dos outros três citados. Obviamente, tal método é somente aplicável a formações totalmente competentes, como os embasamentos fraturados, os calcários, dolomitas e os arenitos muito bem consolidados. Também o intervalo produtor não pode ser muito espesso, a menos que a formação produtora tenha características permo-porosas homogêneas e contenha um único fluido. As principais vantagens do método são: maior área aberta ao fluxo; economia de revestimento e canhoneio e minimizar o dano de formação causado pelo filtrado do fluido de perfuração e da pasta de cimento, já que se pode usar um fluido de perfuração adequado para perfurar a zona produtora, após o assentamento do revestimento de produção. 18 Alta Competência A desvantagem mais importante é a impossibilidade de se colocar em produção somente parte do intervalo aberto, visto que não são poucas as vezes em que estão presentes simultaneamente óleo, água e gás, sendo que normalmente o único interesse está na produção do óleo. b) Com revestimento ou liner rasgado. Liner é a coluna de revestimento que não vem até a superfície, ficando ancorado no revestimento anterior (de produção) ou apoiado no fundo do poço. O liner ou o revestimento de produção pode ser descido previamente rasgado, posicionando os tubos rasgados em frente às zonas produtoras (Figura 3-b) ou então cimentado e posteriormente canhoneado nas zonas de interesse (Figura 3-c). As principais vantagens e desvantagens da completação com liner rasgado são similares às do poço aberto. Pode ser acrescida às vantagens o fato de que sustenta as paredes do poço em frente a zona produtora e nas desvantagens o fato de resultar numa redução do diâmetro do poço frente à zona produtora. Embora em desuso nos poços convencionais, pode encontrar uma boa aplicação em poços horizontais. no caso de revestimento ou liner com tubos cegos, as vantagens e desvantagens são similares as do revestimento canhoneado. Pode ser acrescida nas vantagens o menor custo com revestimento e nas desvantagens a mudança de diâmetros dentro do poço, gerando dificuldades para passagem de equipamentos. c) Com revestimento canhoneado Perfurado o poço até a profundidade final e avaliada a zona como produtora comercial de óleo e/ou gás, é descido o revestimento de produção até o fundo do poço, sendo em seguida cimentado o espaço anular entre os tubos de revestimento e a parede do poço. Posteriormente, é canhoneado o revestimento defronte aos intervalos de interesse, mediante a utilização de cargas explosivas, colocando assim o reservatório produtor em comunicação com o interior do poço (Figura 3-c). 19 Capítulo 1. Métodos de completação As vantagens desse método são: possibilidade de seletividade, tanto na produção quanto na injeção de fluidos; favorece o êxito das operações de restauração; diâmetro único em todo o poço; permite controlar formações desmoronáveis. As principais desvantagens do método são: custo do canhoneio; tem sua eficiência dependente de uma adequada operação de cimentação e canhoneio. Folhelho Folhelho Folhelho Folhelho Folhelho Folhelho Óleo Óleo Óleo Água ÁguaFolhelho Folhelho Folhelho Folhelho Folhelho Folhelho Óleo Óleo Óleo Água Água Folhelho Folhelho Folhelho Folhelho Folhelho Folhelho Óleo Óleo Óleo Água Água Figura 3 - a - Completação a poço aberto Figura 3 - b- Completação com revestimento rasgado Figura 3 - c - Completação com revestimento canhoneado 1.3. Quanto ao número de zonas explotadas Sob esse aspecto, as completações podem ser classificadas em: simples, seletiva e dupla. a) Simples Quando única tubulação metálica é descida no interior do revestimento de produção, da superfície até próximo à formação produtora. Essa tubulação, acompanhada de outros equipamentos, é denominada coluna de produção (Figura 4-a). Esse tipo de completação possibilita produzir de modo controlado e independente somente uma zona de interesse. Duas zonas podem ser colocadas em produção pela mesma coluna, o que usualmente não é recomendado, pois prejudica o controle dos reservatórios. 20 Alta Competência b) Seletiva nesse caso, é descida somente uma coluna de produção, equipada de forma a permitir a produção de várias zonas ou reservatórios seletivamente, ou seja, uma por vez. Disso resulta o perfeito controle dos fluidos produzidos em cada reservatório, bem como a facilidade operacional de se alterar a zona em produção (Figura 4-b). Figura 4 - a - Completação simples Figura 4 - b - Completação seletiva Figura 4 - c - Completação dupla c) Dupla Esse tipo de completação possibilita produzir simultaneamente, num mesmo poço, duas zonas ou reservatórios diferentes, de modo controlado e independente. isso é possível através da utilização de duas colunas de produção com dois obturadores (packers) (Figura 4-c). Esse tipo de completação é utilizado principalmente em poços terrestres. As principais vantagens desse método são: Produção e controle de mais de um reservatório produzido • simultaneamente; Possibilidade de produção de zonas marginais que poderiam • não justificar a perfuração de poços somente para produzi-las; 21 Capítulo 1. Métodos de completação Aceleração do desenvolvimento do campo;• Diminuição do tempo de utilização dos equipamentos e • tubulações para obtenção de uma mesma produção acumulada do poço; Liberação mais rápida do investimento para novas aplicações;• Diminuição do número de poços necessários para drenar as • diversas zonas produtoras. As principais desvantagens do método são: Maior dificuldade na seleção e utilização dos equipamentos, • com maiores possibilidades de problemas; As restaurações, embora menos frequentes, são mais • complexas; Maior dificuldade na aplicação dos métodos de elevação • artificial. C ap ít u lo 2 Classificação das operações 24 Alta Competência Capítulo 2. Classificação das operações 25 2. Classificação das operações normalmente, toda operação efetuada em um poço após a sua perfuração é chamada de completação. na verdade, completação é apenas uma das várias operações existentes. Essas se dividem basicamente em dois grupos: investimento e manutenção da produção. As operações de investimento podem ser divididas em: completação, avaliação e recompletação. As operações de manutenção podem ser divididas em: avaliação, restauração, limpeza, estimulação, mudança do método de elevação e abandono. 2.1. Investimento É o conjunto de operações efetuadas durante a primeira intervenção em uma determinada formação atravessada por um poço, após a conclusão dos trabalhos de perfuração, visando a sua avaliação e posterior produção e/ou injeção de fluidos. Podem ser operações de: avaliação, completação e recompletação. 2.2. Completação Operação subsequente à perfuração de um poço, quando o mesmo é condicionado, canhoneado, avaliado e, se viável economicamente, equipado com uma coluna de produção e um método de elevação artificial, se necessário. 2.3. Avaliação Atividade executada visando definir os parâmetros da formação (permeabilidade, dano, pressão estática etc.), identificar e amostrar o fluido da formação (composição, pressão de saturação, viscosidade, grau APi, densidade etc.), verificar a procedência dos fluidos produzidos e o índice de produtividade (iP) ou injetividade (ii) dos poços. 26 Alta Competência As operações de avaliação podem ser classificadas como: Teste de formação a poço aberto (tf);• Teste de formação a poço revestido (tfr);• Teste de produção (tp);• registro de pressão (rp);• Medição de produção (mp);• Amostragem de fluido produzido;• Perfilagem de produção.• 2.4. Recompletação Essa operação é executada em poços que podem produzir em mais de uma formação de interesse. Assim, quando cessa o interesse em se produzir (ou injetar) em uma dessas formações, ela é abandonada e o poço é recompletado para produzir (ou injetar) na outra. Também é executada quando se deseja converter um poço produtor em injetor (de água, gás, vapor etc.) ou vice-versa. O abandono da antiga zona de interesse geralmente se dá através de um tampão mecânico ou através de uma compressão de cimento nos canhoneados. na sequência, se recondiciona o poço para o canhoneio da nova zona produtora. 2.5. Manutenção da produção É o conjunto de operações realizadas no poço, após sua completação inicial, visando corrigir problemas de modo a permitir que a produção (ou injeção) de fluidos retorne ao nível normal ou operacional. As principais causas geradoras de intervenções são: Capítulo 2. Classificação das operações 27 Baixa produtividade;• Produção excessiva de gás;• Produção excessiva de água;• Produção de areia;• Falhas mecânicas na coluna de produção ou revestimento.• 2.6. Avaliação Operacionalmente, é idêntica à avaliação de investimento. A diferença é que naquele caso, o poço avaliado era recém-perfurado e não necessariamente completado, visto que a própria operação de avaliação é que definiria suas potencialidades. na manutenção, o poço já é produtor (ou injetor) e a operação de avaliação é realizada para monitoramento do poço ou do reservatório. 2.7. Restauração A restauração é um conjunto de atividades que visam restabelecer as condições normais de fluxo do reservatório para o poço (remoção de dano de formação), eliminar e/ou corrigir falhas mecânicas no revestimento ou na cimentação, reduzir a produção excessiva de gás (alto rGO) ou água (alto rAO). a) Elevada produção de água A produção de óleo, com alta rAO (grande volume de água produzida), não é interessante, visto que há um custo associado à produção, separação e descarte da água. Se a zona produtora é espessa, os canhoneados podem ser tamponados com cimento ou tampão mecânico, e recanhoneada apenas na parte superior, resolvendo o problema temporariamente. 28 Alta Competência Uma elevada rAO pode ser consequência de: Elevação do contato óleo/água devido ao mecanismo de • reservatório (influxo de água) ou à injeção de água. isto pode ser agravado pela ocorrência de cones ou fingering (Figura 5-a e 5-b); Falhas na cimentação primária ou furo no revestimento • (Figura 6); Fraturamento ou acidificação atingindo a zona de água. • O aparecimento de água é normal em um reservatório com influxo de água ou sob injeção da mesma. Algum dia tem-se que produzir água para recuperar petróleo. Quando há permeabilidade estratificada (variação de permeabilidade horizontal ao longo do intervalo produtor) esse problema se torna mais complexo, devido ao avanço diferencial da água, conhecido como fingering. Folhelho Folhelho Folhelho Folhelho Óleo Óleo Água Água Folhelho Folhelho Folhelho Folhelho Óleo Óleo Água Água Figura 5 - a - Poço com contato óleo/água- Situação inicialFigura 5 - b - Poço com contato óleo/água, água atinge o canhoneio Capítulo 2. Classificação das operações 29 Reservatório de alta pressão com água Canal de água formado pela má cimentação Figura 6 - Poço produzindo água devido a falhas na cimentação b) Formação com permeabilidade estratificada O cone de água é um movimento essencialmente vertical da água na formação. não ultrapassa barreiras pouco permeáveis e ocorre normalmente em pequenas distâncias. Tanto o cone de água quanto o fingering (Figura 7), são fenômenos altamente agravados pela produção com elevada vazão. Quando a elevada razão água-óleo (rAO) não é devido a esses dois fenômenos, pode-se suspeitar ou de dano no revestimento ou de fraturas mal direcionadas. Um dano no revestimento pode ser solucionado por uma compressão de cimento ou por um isolamento com obturadores (packers) e/ou tampões mecânicos (bridge plugs). Já uma fratura mal dirigida é um problema de difícil solução. 30 Alta Competência Figura 7 - Poço injetor com permeabilidade estratificada c) Elevada produção de gás Uma razão gás/óleo muito elevada pode ter como causa o próprio gás dissolvido no óleo, o gás de uma capa de gás ou aquele proveniente de outra zona ou reservatório adjacente (Figuras 8-a e 8-b). Esse último caso é produto de uma falha no revestimento, de uma estimulação mal concretizada ou falha na cimentação. A produção excessiva de gás pode ser contornada temporariamente, recanhoneando-se o poço apenas na parte inferior da zona de interesse. Um cone de gás é mais facilmente controlado pela redução da vazão do que o cone de água. isto se deve a maior diferença de densidade entre o óleo e o gás do que entre o óleo e a água. O fechamento do poço temporariamente é uma técnica recomendada para a retração do cone de gás ou água. Capítulo 2. Classificação das operações 31 Folhelho Folhelho Óleo Gás Folhelho Folhelho Óleo Gás Folhelho Folhelho Óleo Gás Folhelho Folhelho Óleo Gás Figura 8-a - Poço com contato gás/óleo - Situação inicial Figura 8-b - Poço com contato gás/óleo - Após a expansão do gás d) Falhas mecânicas Detectando-se um aumento da razão óleo/água (rAO) e se suspeitando de um provável vazamento no revestimento, a água produzida deve ser analisada e comparada com a água da formação, confirmando ou não a hipótese de furo no revestimento. Entre as falhas mecânicas pode-se citar: defeitos na cimentação, vazamento no revestimento, vazamento em colar de estágio etc. A localização do vazamento pode ser feita com: perfis de fluxo, perfis de temperatura ou testes seletivos de pressão usando packer e tampão mecânico recuperável (BPr). e) Vazão restringida Um poço que esteja produzindo com vazão menor do que a esperada necessita de restauração. Essa restrição na vazão pode ser causada por dano de formação, tamponamentos nos canhoneados e/ou na coluna, emulsões etc. 32 Alta Competência Uma produtividade limitada, muito frequentemente, é causada pela redução da permeabilidade em torno do poço. Esse fenômeno denomina-se dano de formação. Para recuperar a produtividade original é necessário remover ou ultrapassar o dano. Os métodos mais usuais são o recanhoneio, a acidificação de matriz e o fraturamento de pequena extensão. Acidificação de matriz é a injeção de um ácido na formação com pressão inferior à pressão de quebra da formação, visando remover o dano de formação. Logo após uma acidificação, o ácido deve ser recuperado da formação, com o objetivo de prevenir a formação de produtos danosos à mesma (precipitados insolúveis). no caso de emulsão, a melhor solução é um tratamento com surfactantes (redutores de tensão superficial). 2.8. Limpeza A limpeza é um conjunto de atividades executadas no interior do revestimento de produção visando substituir ou remover os equipamentos de subssuperfície, objetivando um maior rendimento técnico e econômico. Como exemplo de problemas geradores de intervenções para limpeza, podem ser citados: furo em coluna de produção, vazamento no obturador, reposicionamento de componentes da coluna de produção, vazamentos em equipamentos de superfície, entre outros. 2.9. Mudança do método de elevação Quando a vazão está sendo restringida devido a um sistema de elevação artificial inadequado ou com defeito, basta substituí-lo. normalmente os poços são surgentes durante o período inicial de sua vida produtiva, passando a requerer um sistema de elevação artificial após algum tempo de produção. Capítulo 2. Classificação das operações 33 2.10. Estimulação A estimulação é um conjunto de atividades que objetiva aumentar o índice de produtividade ou injetividade de um poço em um reservatório. O método mais utilizado é o fraturamento hidráulico, que pode ser definido como um processo no qual um elevado diferencial de pressão, transmitido pelo fluido de fraturamento, é aplicado contra a rocha reservatório, até a sua ruptura. A fratura, que é iniciada no poço, se propaga através da formação pelo bombeio de um certo volume de fluido acima da pressão de fraturamento. 2.11. Abandono Pode ser: Definitivo: quando o poço não será mais utilizado;• Provisório ou temporário: quando há previsão ou a • possibilidade de retorno ao poço no futuro. C ap ít u lo 3 Detalhamento das fases de uma completação 36 Alta Competência Capítulo 3. Detalhamento das fases de uma completação 37 3. Detalhamento das fases de uma completação Ao término da perfuração de um poço terrestre, a sonda que o perfurou é deslocada para outra locação e uma sonda de menor porte e menor custo, denominada SPT, é deslocada para a completação do poço. Os poços marítimos perfurados em águas rasas são avaliados e posteriormente, em geral abandonados temporariamente até a construção da plataforma de produção. Após a instalação da plataforma, os poços são então completados. Os poços marítimos perfurados em águas profundas são, via de regra, completados com a mesma sonda que o perfurou. nesse caso, são utilizadas na cabeça do poço uma árvore de natal molhada (AnM) e o poço é conectado a uma unidade de produção através de linhas flexíveis. A seguir, descreveremos em ordem cronológica as fases da completação de um poço terrestre produtor por surgência natural. Com pequenas diferenças, essas fases são as mesmas para a completação de um poço no mar. 1. instalação da cabeça de produção e dos equipamentos de segurança para controle do poço; 2. Condicionamento do revestimento de produção, até o colar flutuante, utilizando água doce; 3. Substituição do fluido do poço por fluido de completação; 4. Verificação da qualidade da cimentação primária através de perfis sônicos CBL/VDL/Gr/CCL, ou combinados com os perfis ultra-sônicos e se necessário corrigir a cimentação; 5. Canhoneio da zona de interesse, para prover a comunicação do reservatório com do interior do revestimento de produção, permitindo produção dos fluidos do reservatório; 38 Alta Competência 6. Avaliação das formações, através de um teste de formação a poço revestido (TFr), se solicitado; 7. Descida da coluna de produção, sendo que a extremidade da coluna deve se posicionar a aproximadamente 20 metros acima do topo da zona de interesse; 8. retirada do BOP e instalação da árvore de natal; 9. indução de surgência, para que o poço entre em fluxo. 3.1. Instalação da cabeça de produção e dos equipamentos de segurança para controle do poço É a primeira fase da completação e visa possibilitar o acesso ao interior do poço, com toda a segurança necessária, para execução das demais fases. nos poços terrestres, após a conclusão da operação de cimentação do revestimentode produção, aguarda-se a pega do cimento e acunha-se o revestimento, transferindo o peso acima do topo do cimento para a cabeça de revestimento (Cr) que foi enroscada no topo do revestimento anterior, denominado revestimento de superfície. O acunhamento é feito através do casing hanger que fica alojado no perfil interno da cabeça de revestimento. no mar, em águas rasas, é possível, mas não obrigatório, trazer a cabeça do poço até a superfície, prolongando-se os revestimentos que se encontram apoiados no fundo do mar e que foram deixados pela perfuração. Essa operação de reconexão dos revestimentos é conhecida por tie-back e a completação passa a ser similar à completação em terra, sendo denominada completação seca. A situação final da cabeça de poço, após serem efetuados os tie- backs e instalada a cabeça de produção é apresentada na Figura 9. na sequência é instalado o preventor de erupções (BOP - Blow Out Preventer). Capítulo 3. Detalhamento das fases de uma completação 39 no caso de completação molhada, em que não é indicado trazer a cabeça do poço até a superfície, o único equipamento a ser instalado é o preventor de erupções (BOP), que é levado ao fundo do mar pelo riser de perfuração e conectado diretamente à cabeça do poço. O BOP em referência é o mesmo utilizado pela perfuração, já que a sonda a ser utilizada também é a mesma, mudando somente o tipo de trabalho, que ao invés de ser de perfuração passa a ser de completação. A seguir, serão detalhados os equipamentos de superfície para um poço terrestre ou de completação seca no mar. Cabeça de produção Suspensor de revestimento Suspensor de revestimento Solda Cabeça de revestimento Cabeça de revestimento Revestimento de produção (9 5/8) Revestimento condutor (30”) Revestimento de superfície (20”) Revestimento intermediário (13 3/8”) Figura 9 - Equipamentos de superfície para completação seca Equipamento de superfície é o termo usado para descrever o equipamento acoplado ao topo do revestimento de superfície num poço de petróleo. Esse equipamento tem por objetivo sustentar as outras colunas de revestimento descidas e a(s) coluna(s) de produção, promovendo a vedação entre colunas e controlando a produção de hidrocarbonetos do poço. 40 Alta Competência Os equipamentos de superfície obedecem às especificações ditadas pelo instituto Americano de Petróleo (APi), que é o órgão que determina padrões para os tamanhos (sizes), graus de aço, projetos, dimensões e qualidade dos equipamentos ligados à indústria do petróleo. nesse trabalho, serão abordados apenas os equipamentos aceitos pelos padrões do APi, usados na Petrobras. Os equipamentos de superfície são os seguintes: Cabeças de revestimento;• Cabeças de revestimento tipo carretel;• Suspensores de revestimento;• Adaptadores para cabeça de produção;• Cabeça de produção;• Suspensores de coluna de produção;• Adaptadores para árvore de natal;• Árvore de natal.• A sequência de instalação de cada equipamento é mostrada a seguir. O detalhamento será dado mais adiante. A situação encontrada pela completação, após a perfuração do poço, é mostrada na figura 10. A situação mostrada é aquela onde não foi descido o revestimento intermediário, visto que, quando esse revestimento é descido faz-se necessário a utilização da cabeça de revestimento tipo carretel. Capítulo 3. Detalhamento das fases de uma completação 41 Para a completação de um poço, inicialmente instala-se um adaptador para cabeça de produção, se necessário, e a cabeça de produção (CP - Figura 11). Os adaptadores, como o próprio nome diz, podem ser necessários ou não, a depender dos flanges ou roscas dos equipamentos a serem acoplados. Caso coincidam, os adaptadores deixam de ser necessários. Para a instalação do adaptador e/ou da CP, a ponta do revestimento de produção que ficou acima da cabeça de revestimento deve ser cortada em uma altura adequada para receber a CP que “veste” o revestimento provendo a vedação secundária através de um engaxetamento no perfil interno da CP. Esse corte pode ser feito com maçarico ou serra (Figura 12). na sequência, instala-se o preventor de erupção (BOP), com o que o poço pode ser considerado seguro para ser completado (Figura 13). Acima da cabeça de produção, normalmente é instalado um adaptador A-4 para permitir a instalação do BOP devido o mesmo possuir flange inferior diferente do flange superior da cabeça de produção. Suspensor de revestimento Cabeça de revestimento Revestimento de produção Revestimento de superfície Figura 10 - revestimento de produção ancorado na cabeça de revestimento através do casing hanger 42 Alta Competência Acesso ao anular Cabeça de produção Adaptador para cabeça de produção Suspensor de revestimento Cabeça de revestimento Revestimento de produção Revestimento de superfície Figura 11 - Situação após a instalação do adaptador e da cabeça de produção Corte com maçarico Corte com serra Figura 12 - Corte da ponta de revestimento Capítulo 3. Detalhamento das fases de uma completação 43 Revestimento de superfície Revestimento de produção Cabeça de revestimento Suspensor de revestimento Adaptador para cabeça de produção Cabeça de produção Acesso ao anular BOP Figura 13 - Situação após a instalação do Preventor de Erupções (BOP) Após a descida da coluna de produção, com seu respectivo suspensor, instala-se uma válvula de contra-pressão (BPV – Back Pressure Valve) no perfil interno do suspensor de coluna, caso o suspensor disponha desse perfil. A BPV se faz necessária para que existam duas barreiras de segurança no momento da retirada do BOP. Usualmente, a BPV não é instalada na grande maioria dos poços terrestres. Após a retirada do BOP, é instalado o adaptador para árvore de natal e a árvore de natal (Figura 14). retira-se, então, a BPV e coloca-se o poço em produção. 44 Alta Competência Árvore de natal Válvula de pisioneio Válvula lateral Válvula mestra superior Válvula mestra inferior Adaptador para árvore de natal Acesso ao anular Cabeça de produção Adaptador para cabeça de produção Suspensor de revestimento Cabeça de revestimento Revestimento de produção Revestimento de superfície Suspensor de coluna (DONAT) Figura 14 - Esquema padrão de poço surgente 3.1.1. Cabeça de revestimento A cabeça de revestimento é um equipamento rosqueado e/ou soldado ao revestimento de superfície, que sustenta o revestimento intermediário (quando existir), o revestimento de produção, a coluna de produção presa à cabeça de produção através de um suspensor e a árvore de natal (Figura 14). A cabeça de revestimento oferece também o apoio para o Equipamento de Segurança de Cabeça de Poço (ESCP) imprescindível para os trabalhos de perfuração. Capítulo 3. Detalhamento das fases de uma completação 45 O seu corpo compreende basicamente uma parte interna com alojamento apropriado para receber o suspensor de revestimento, uma parte superior flangeada ou com porca e uma parte inferior que pode ser dotada de rosca caixa, ou pino, ou com guia para solda. As cabeças com flange superior podem ser fornecidas com ou sem parafusos prisioneiros do suspensor. As cabeças de revestimento são fornecidas normalmente com saídas laterais com rosca caixa 2” LP, estojadas ou flangeadas no tamanho 2 1/16”. As saídas estojadas e flangeadas apresentam também rosca caixa 1 ½” LP para colocação de Vr plug, que é um plug que permite a retirada da válvula lateral da cabeça, mesmo que haja pressão no anular (Figura 15). A cabeça de revestimento deve ter uma pressão de trabalho compatível com a pressão estática da formação, na profundidadefinal que o próximo revestimento será descido. O suspensor de revestimento é um dispositivo que assenta no corpo da cabeça de revestimento e tem como finalidade manter suspensa a próxima coluna de revestimento e proporcionar vedação entre o revestimento suspenso e o corpo da cabeça. O tipo mais usual consta de um conjunto único com cunhas de fixação e engaxetamento de vedação. Seu assentamento é feito mediante o envolvimento do revestimento, por meio de um sistema de trinco e dobradiça, e descida através do BOP. Quando o revestimento é liberado do elevador, logo após a cimentação do poço, teremos automaticamente um perfeito assentamento e vedação do espaço anular entre os dois revestimentos. neste trabalho usaremos a nomenclatura do fabricante CBV por ser esta a mais usual no campo. Os principais tipos de cabeças de revestimento são: C-22, C-29 e C-29-L. 46 Alta Competência 3.1.2. Suspensor de revestimento tipo C-22 É do tipo envolvente, fechando automaticamente contra o corpo do tubo, o que reduz drasticamente seu custo de instalação (Figura 16). O corpo, as cunhas e os elementos de vedação fazem parte de um único conjunto. O engaxetamento expande-se vedando o espaço anular revestimento/cabeça de revestimento, quando o peso do revestimento é transferido para as cunhas. isso permite a vedação total do espaço anular antes de remover o BOP e cortar, com maçarico, o revestimento de maneira a eliminar possibilidades de explosão ou incêndio. Figura 15 - Desenho e foto da cabeça de revestimento tipo C-22 Figura 16 - Suspensor de revestimento tipo C-22 Capítulo 3. Detalhamento das fases de uma completação 47 3.1.3. Cabeça de revestimento tipo carretel É o equipamento destinado a sustentar o revestimento de produção quando houver a necessidade da descida do revestimento intermediário. Trata-se de um equipamento idêntico à cabeça de revestimento, diferindo apenas por possuir dois flanges e no flange inferior possuir engaxetamento. Utiliza, inclusive, os mesmos suspensores de revestimento especificados para as cabeças de revestimento. A função do engaxetamento é promover uma vedação secundária, permitindo que os fluidos do poço fiquem confinados no interior da cabeça de revestimento tipo carretel, não permitindo que os mesmos entrem em contato com o anel metálico de vedação do flange inferior ou com o engaxetamento do suspensor da cabeça de revestimento de superfície. Os tipos mais usuais são: C-22-00, C-29-00 e C-29-L-00 (Figura 17). O índice “00” indica a presença de duas gaxetas de vedação no flange inferior. Carretel C-22 com bucha adaptadora Carretel C-29L Figura 17 - Cabeça de revestimento tipo carretel 48 Alta Competência 3.1.4. Adaptadores para a cabeça de produção São equipamentos destinados a promover a adaptação entre a cabeça de revestimento e a cabeça de produção, ou no caso da descida de revestimento intermediário, entre a cabeça de revestimento tipo carretel e a cabeça de produção, caso não seja possível fazê-lo de modo direto. São classificados como A-1, A-3 e A-4. O adaptador tipo A-1 permite que se adapte uma cabeça de produção rosqueada sobre o flange da cabeça de revestimento. O tipo A-3 é um adaptador para flanges com diferentes pressões de trabalho e/ou size, e, portanto, diferentes dimensões APi. A conexão entre os flanges é feita através de parafusos, havendo ainda um ganho de altura para permitir o posicionamento das porcas dos parafusos tipo estojo. O tipo A-4, utilizado para uma simples transformação de flanges que têm diferentes sizes e/ou pressões de trabalho com um ganho de altura mínimo. Os parafusos são fixos em ambos os lados do adaptador (Figura 18). Adaptador para CP Tipo A-1 Adaptador para CP Tipo A-3 e A-4 Figura 18 - Adaptadores para cabeça de produção Capítulo 3. Detalhamento das fases de uma completação 49 3.1.5. Cabeça de produção - descrição É um equipamento conectado à cabeça de revestimento (ou à cabeça de revestimento tipo carretel) e ao BOP através de parafusos e flanges, com o auxílio ou não de adaptadores. Tem como função principal servir de apoio à coluna de produção, que será descida numa fase posterior da completação, por meio de um suspensor que, na maioria dos casos, suporta diretamente a coluna de produção através de um suspensor, proporcionando vedação do anular entre o revestimento de produção e a coluna de produção. Possui duas saídas laterais colocadas sempre abaixo do suspensor da coluna de produção que permitem o acesso ao espaço anular entre o revestimento de produção e a coluna de produção. O peso da coluna de produção é transmitido à cabeça de produção pelo suspensor de coluna de produção, enquanto a vedação do anular é obtida por meio de gaxetas distribuídas externamente a esses suspensores. O flange superior da cabeça de produção é dotado de parafusos de fixação, em número de 4, dispostos ao longo da circunferência do mesmo. A função desses parafusos prisioneiros é manter o suspensor perfeitamente encaixado no corpo da cabeça de produção, mesmo quando submetido a pressões de baixo para cima (Figura 19). Os tipos mais usuais de cabeça de produção utilizadas pela Petrobras são: extremidade inferior caixa e superior flangeada; extremidades inferior e superior flangeadas. As cabeças biflangeadas podem possuir no seu flange inferior duas gaxetas de vedação, que promovem uma vedação secundária contra o revestimento de produção, evitando que as pressões oriundas do poço ou da superfície atuem sobre o anel do flange inferior da cabeça ou sobre a vedação do suspensor da cabeça de revestimento. 50 Alta Competência Quando dotadas desse engaxetamento, as cabeças biflangeadas possuem no seu flange inferior (lateralmente) um orifício que possibilita o teste da vedação secundária da cabeça de produção e da vedação primária da cabeça de revestimento (anel metálico de vedação e gaxeta do suspensor de revestimento - Figura 21). Cabeça de Produção T-16 rosqueada Cabeça de Produção T-16 biflangeada Figura 19 - Cabeça de Produção T-16 Suspensor T-16 Suspensor T-16 BP Figura 20 - Suspensores T-16 e T-16 BP Capítulo 3. Detalhamento das fases de uma completação 51 CP Tipo 16 00 Biflangeada com suspensor instalado CP Tipo TC com suspensor instalado Figura 21 - Cabeça de Produção T-16-00 e TC com suspensores 3.1.6. Suspensor da coluna de produção É o equipamento alojado em um perfil adequado no interior da cabeça de produção que tem a função de suportar a coluna de produção e promover a vedação do anular coluna de produção/ revestimento de produção (Figuras 20 e 21). 3.1.7. Adaptador para árvore de natal O adaptador para a árvore de natal é o equipamento que faz a conexão entre a cabeça de produção e a árvore de natal ou outro equipamento que faça a função dessa última, como, por exemplo, o Tê de fluxo para os poços equipados para bombeio mecânico. Adaptador para árvore de natal rosqueada Adaptador para árvore de natal flangeada Figura 22 - Adaptadores para árvore de natal 52 Alta Competência 3.1.8. Árvore de natal Árvore de natal é um equipamento composto de um conjunto de válvulas e conexões que permite o controle racional do fluxo do poço, além de possibilitar o acesso ao interior da coluna de produção (Figura 23). Produção Válvula de agulha Válvula lateral Adaptador de teste Válvula de pistoneio Válvula mestra superior Manometro Válvula mestra inferior Figura 23 - Árvore de natal convencional Classificação Quanto ao uso, as árvores de natal podem ser classificadas em: Convencionais ou secas;• Molhadas.• As árvores convencionais podem ser classificadas quanto ao número de colunas em simples ou duplas e quanto à conexão em flangeadas ou rosqueadas. nessetrabalho, abordaremos apenas as árvores convencionais. Capítulo 3. Detalhamento das fases de uma completação 53 3.2. Condicionamento do revestimento de produção Uma vez instalados os equipamentos de segurança, procede- se a fase de condicionamento do revestimento de produção e a substituição do fluido que se encontra no interior do poço por um fluido de completação. Para o condicionamento, é descida broca e raspador (Figuras 24 e 25), utilizando uma tubulação metálica, conhecida por coluna de trabalho, de modo a deixar o interior do revestimento de produção (e liner, quando presente) gabaritado e em condição de receber os equipamentos necessários nas fases subsequentes da completação. A broca é utilizada para cortar os tampões de cimento e tampões mecânicos, deixados no interior do poço quando de seu abandono temporário pela perfuração, bem como restos da cimentação primária. O raspador é uma ferramenta com lâminas retráteis, que desce raspando a parte interna do revestimento de produção, retirando o que foi deixado pela broca. Geralmente, o condicionamento é feito até o colar flutuante, com peso sobre broca, rotação da coluna e vazão de circulação direta do fluido adequadas, de forma que se obtenha uma boa eficiência no corte e no carreamento das partículas de cimento até a superfície. É importante não interromper a circulação, visto que o cimento cortado pode decantar sobre a broca, ocasionando sua prisão. normalmente, a cada trinta metros de cimento cortado, é deslocado um colchão viscoso para limpeza do poço. imediatamente antes e após o corte dos tampões de cimento e dos tampões mecânicos, é efetuado teste de estanqueidade do revestimento de produção, pressurizando-o durante dez ou quinze minutos, para verificação da existência ou não de vazamentos (furos, conexões de revestimento vazando etc.). Caso não se consiga pressão de teste estabilizada, procede-se a localização e correção do vazamento. 54 Alta Competência Gás Óleo Água Figura 24 - Condicionamento do revestimento com broca e raspador Figura 25 - raspador 3.3. Substituição do fluido do poço por fluido de completação O fluido de completação, geralmente é uma solução salina, isenta de sólidos, compatível com a formação e com os fluidos nela contidos, de forma a não causar nenhum tipo de dano de formação que restrinja a vazão do poço. Além disso, o fluido deve ter peso específico capaz de fornecer uma pressão hidrostática no interior do poço um pouco superior à pressão estática da formação. A substituição do fluido é feita com o auxílio de bombas alternativas, circulando o fluido diretamente pelo interior da coluna de trabalho, com retorno na superfície pelo anular. Capítulo 3. Detalhamento das fases de uma completação 55 3.4. Avaliação da qualidade da cimentação 3.4.1. Introdução A verificação da qualidade dos trabalhos de cimentação em poços de petróleo baseia-se principalmente na interpretação de perfis acústicos. nas últimas décadas, o perfil CBL/VDL tem sido o mais utilizado, a despeito do desenvolvimento de novas ferramentas sônicas e ultrassônicas como o CBT (Cement Bond Tool), SBT (Segmented Bond TooI), PET (Pulse Eccho Tool), CET (Cement Evaluation Tool) e, mais recentemente, o USi (Ultrassonic Image) e CAST V (Cement Acustic Sonic Tool). A existência de um efetivo isolamento hidráulico é de fundamental importância técnica e econômica, garantindo um perfeito controle da origem e/ou destino dos fluidos produzidos e/ou injetados. A não observância desse requisito pode gerar diversos problemas, como a produção de fluidos indesejáveis, testes de avaliação das formações incorretos, prejuízo no controle dos reservatórios e operações de estimulação mal sucedidas, com possibilidade inclusive de perda do poço (Figura 26). Figura 26 - Desenho esquemático poço mostrando falha na cimentação Figura 27 - Perfilagem CBL/VDL/Gr/CCL para avaliação da cimentação 56 Alta Competência 3.4.2. Princípio de funcionamento A ferramenta de perfilagem CBL/VDL é composta basicamente por um transmissor e dois receptores. O transmissor recebe energia elétrica e a converte em energia mecânica, emitindo repetidamente pulsos acústicos de curta duração. O pulso sonoro emitido produz uma vibração que se propaga pelo revestimento, fluido e formação até chegar aos receptores, onde a energia mecânica é reconvertida em energia elétrica e os sinais enviados à superfície pelo cabo condutor para se rem devidamente processados (Figura 27). O princípio de funcionamento do CBL baseia- se na medida da atenuação acústica sofrida pelo pulso que se propaga pelo revestimento. A presença de cimento no anular aderido ao revestimento provoca uma forte redução na amplitude do sinal registrado. Basicamente, dois parâmetros são medidos: a amplitude, que é utilizada para quantificar os resultados da cimentação, e o tempo de trânsito, utilizado como indicador da qualidade do perfil. A amplitude normalmente se refere ao maior valor registrado durante a abertura de uma janela eletrônica de leitura, posicionada sobre o pico do primeiro sinal que chega ao receptor. O tempo de trânsito (TT) é o tempo medido entre a emissão do pulso e a chegada do primeiro sinal com amplitude superior a um nível mínimo de de tecção, que geralmente se propaga pelo revestimento. A curva de TT deve ter um aspecto retilíneo, com valor próximo ao registrado em revestimento livre, sendo possível a ocorrência de acréscimos devido a alongamentos e saltos de ciclo em intervalos bem cimentados. Presença de luvas, formação rápida, descentralização da ferra menta de perfilagem, mudança no "size" do reves timento e/ou no fluido do poço também causam alteração no TT. Capítulo 3. Detalhamento das fases de uma completação 57 O VDL é o registro completo do sinal acústico que se propaga por diferentes caminhos e chega a um receptor posicionado a 5 pés do transmissor, du rante a abertura de uma janela eletrônica de leitura de 1000 µs. Geralmente, o primeiro sinal a chegar é o que se propaga pelo revestimento, seguido do sinal da formação superposto com o sinal do cimento e, finalmente, o sinal do fluido no interior do poço. A identificação no perfil de sinais provenientes da formação é um indicativo da aderência entre cimento, revestimento e formação. 3.4.3. Apresentação do perfil CBL/VDL O perfil CBL/VDL é o registro de três medidas simultâneas, que são o tempo de trânsito, o sinal de amplitude do revestimento e o trem de ondas. O TT é utilizado para assegurar a qualidade e acuracidade do sinal de amplitude. O sinal de amplitude do revestimento é usado para calcular a percentagem de cimento no anular. O registro completo do trem de ondas na forma de assinatura de onda ou densidade variável permite uma avaliação da aderência entre cimento e formação, controle de qualidade e outros fatores que afetam as medidas anteriores. Tradicionalmente é apresentado em três pistas. A primeira pista contém: a curva do tempo de trânsito (TT), uma curva de correlação a poço aberto (raios gama) e um localizador de luvas do revestimento (Casing Colar Locator - CCL). A escala usual do tempo de trânsito é de 200 a 400 µs, que atende a quase todos os sizes de revestimento. Entretanto, a escala mais adequada seria com uma janela de 100 µs, pois possibilita verificar pequenas variações no tempo de trânsito. O perfil de raios gama (Gr), que mede a radioatividade natural da formação, pode ser corrido a poço aberto ou revestido, sendo por isso utilizado para colocar o perfil CBL/VDL em profundidade com o perfil base de referência a poço aberto. 58 Alta Competência O CCL é usado para detectar as luvas do revestimento, ocorrendo uma deflexão na curva, defronte as mesmas. Como o CCL é colocado emprofundidade com o perfil base de referência a poço aberto (Gr corrido a poço aberto), ele é utilizado como referência de profundidade para as operações futuras no poço. Os dados de profundidade são registrados entre as pistas 1 e 2. A segunda pista contém a curva de amplitude. A amplitude é registrada na escala de 0 a 100 mV ou de 0 a 50 mV, com curvas amplificadas de 0 a 20 mV e 0 a 10 mV, respectivamente. A terceira pista contém o registro do trem de ondas, apresentado na forma de assinatura de onda ou de intensidade variável (VDL). A escala horizontal usual é 200 a 1200 µs (Figura 28). TT CBL Escala 0 a 100 GR VDL Figura 28 - Apresentação do perfil CBL/VDL/Gr/CCL Capítulo 3. Detalhamento das fases de uma completação 59 3.4.4. Interpretação do perfil CBL/VDL Para se fornecer um bom diagnóstico sobre a real condição do isolamento hidráulico através da cimentação é necessário uma visão mais abrangente, que envolve outros aspectos além dos relacionados à qualidade intrínseca do perfil e regras de interpretação. Os fatores que devem influenciar diretamente no rigor a ser adotado nos trabalhos de diagnóstico e interpretação dos perfis são: as características e diferencial de pressão entre os fluidos a serem isolados, tempo, importância do poço no contexto maior do reservatório, operações futuras previstas e a viabilidade técnica e econômica de se promover correções satisfatórias de cimentação. A premissa básica para avaliar a qualidade da cimentação tomando como base a interpretação de perfis acústicos é que esses devem ser válidos e atender aos pré-requisitos mínimos de qualidade listados abaixo: O perfil deve mostrar, sempre que possível, uma seção em torno • de 50m, corrida em revestimento livre, para aferir a calibração da ferramenta. É também recomendável registrar o topo do cimento. no revestimento livre, o tempo de trânsito deve ter aspecto retilíneo • e acusar valores compatíveis com os valores previstos para o diâmetro do revestimento em questão. no trecho de revestimento livre, as luvas devem ser visualizadas nas • curvas de amplitude, tempo de trânsito, VDL e CCL. Seção repetida sem pressão em torno de 60m, observando a • repetibilidade das curvas: A seção principal deve ser corrida com pressão sempre que • possível; As leituras de amplitude não devem apresentar valores nulos;• 60 Alta Competência O perfil não deve mostrar salto de ciclo para amplitudes • maiores que 5 mV; O sumário de calibração deve ser mostrado no perfil.• 3.4.5. Aferição da calibração da ferramenta O registro de um intervalo de revestimento livre (não cimentado) é o primeiro passo para a obtenção de perfis acústicos com qualidade, sendo utilizada como referência para interpretação da seção principal. São checados e ajustados o tempo e abertura da janela de leitura de forma a registrar o primeiro pico de energia que chega ao receptor, a centralização da ferramenta pela análise da curva de TT que deve ter aspecto retilíneo e valor compatível com o fluido e "size" do revestimento e a calibração da amplitude do sinal do CBL em função dos valores estabelecidos pelas companhias de serviço. Se não houver revestimento livre, pré-calibrar a ferramenta na base da companhia para o mesmo fluido a ser utilizado no poço. Os tempos de trânsito e as amplitudes do CBL em revestimentos livres são mostrados na Tabela 01. Revestimento Peso TT Amplitude do cbl (OD - pol) 5 ½" 7" 9 58" (lb/ ft) 14 a 17 23 a 38 40 a 53 (µs) 240 a 260 260 a 280 300 a 320 (µV) 71 +/ - 7 61 +/ - 6 52 +/ - 5 Tabela 01 - Tempos de trânsito e as amplitudes do CBL em revestimentos livres 3.4.6. Influência da pasta de cimento Muitos fatores afetam a resposta do perfil CBL/VDL. Atenção especial deve ser dada aqueles que podem resultar amplitudes altas em intervalos bem cimentados e induzir os intérpretes mais afoitos e apressados a conclusões equivocadas. Com relação à pasta de cimento, a densidade tem influência significativa. Capítulo 3. Detalhamento das fases de uma completação 61 A utilização de pastas de cimento com baixa densidade resultam em uma sensível redução no nível de atenuação do sinal acústico. Como consequência, tem-se no CBL valores de amplitude bem superiores aos obtidos com pastas convencionais de peso 15,8 lb/ gal, e no VDL, possibilidade de sinais mais fortes do revestimento e ausência de sinais oriundos da formação. 3.4.7. Influência do microanular Deformações no revestimento devido a variações de pressão e temperatura durante o processo de cura do cimento induzem o aparecimento de um microanular na interface revestimento/cimento. O microanular, apesar de geralmente não comprometer o isolamento hidráulico, permite a vibração do revestimento, resultando em leituras de amplitudes altas no CBL. Para se eliminar ou minimizar o efeito do microanular o perfil CBL / VDL é geralmente corrido com o revestimento pressurizado. Tradicionalmente, tem-se usado 1.000 psi como sendo a pressão na cabeça necessária para o restabelecimento da aderência, admitindo que o microanular é da ordem de 0,1 mm. Tanto a presença de microanular como de canalizações são caracterizados por altas amplitudes no CBL e fortes sinais do revestimento e da formação no VDL. A maneira de diferenciar uma situação da outra é correndo o perfil com o revestimento pressurizado. Se for microanular haverá uma significante redução na amplitude e se for canalização ou mesmo um microanular de dimensões maiores, isso não acontecerá. nesse caso, provavelmente não haverá isolamento hidráulico. 3.4.8. Influência da espessura da capa de cimento Quando a espessura do cimento no anular é muito pequena, reflexões de energia na interface externa do cimento podem interferir com o sinal do revestimento. Essas interferências são observadas principalmente quando se têm revestimentos concêntricos ou revestimentos bem centralizados com anulares estreitos. 62 Alta Competência Em 1961, Pardue, em seus estudos experimentais, conclui que espessuras da capa de cimento maiores ou iguais a ¾” não contribuíam para o aumento da taxa de atenuação acústica do cimento. Posteriormente, em 1987, Jutten e Parcevaux, mostraram em seus estudos experimentais que a espessura da capa de cimento a partir da qual não há mais aumento da taxa de atenuação é de 2 ½” polegadas. 3.4.9. Interpretação do perfil VDL O padrão de revestimento livre no perfil VDL é bem caracterizado e fácil de ser identificado. Geralmen te se observa alternância de faixas escuras e cla ras quase paralelas do sinal que se propaga pelo revestimento, ausência de sinais da formação e a presença das luvas do revestimento (efeito "chevron"). 3.4.10. Ferramenta de perfilagem ultrassônica CET Enquanto o CBL registra um valor médio dos 360 graus de poço a sua volta, o CEL proporciona uma boa resolução circular apresentando um perfil onde o mapa da cimentação pode ser visualizado, uma vez que oito transdutores ultrassônicos dispostos helicoidalmente em diferentes azimutes, de modo que cada um seja responsável pela cobertura de 45 graus da circunferência do revestimento. Um nono transdutor, com distância conhecida de um refletor, é posicionado logo abaixo do centralizador inferior e mede a velocidade acústica do fluido. A principal limitação dessa ferramenta é a não cobertura de todo o revestimento, além da necessidade de um intervalo com revestimento livre para possibilitar a normalização das medidas feitas pela ferramenta. A quantidade de energia que retorna ao transdutor é função da impedância acústica dos meios envolvidos. Como os valores de Z no fluido e no revestimento são conhecidos ou facilmente determinados, a única incógnita é a impedância acústica do material presente no anular. Capítulo3. Detalhamento das fases de uma completação 63 O range de frequência do pulso emitido está entre 300 e 650 KHz. Esse range é capaz de excitar ressonância em tubos com espessura de 0,18" a 0,4", que corresponde a maioria dos revestimentos utilizados no campo. Essa ferramenta está em desuso. 3.4.11. Ferramenta de perfilagem ultrassônica USIT Em relação à ferramenta de CET a USiT apresenta implementações tecnológicas com o objetivo de eliminar as desvantagens da ferramenta de CET, já citadas. Dentre as implementações apresentadas pela USiT, podemos citar: Transdutor único, rotativo, com distância ao revestimento • controlado; Tecnologia digital para o registro e envio de todas as formas • de onda para o processamento na superfície; novo método para o processamento do sinal, menos sensível • aos efeitos do poço; Medição direta da impedância acústica; • Capacidade de operar em ambientes com fluidos mais • pesados; imagens coloridas do mapa da cimentação.• Os revestimentos concêntricos e/ou o grande contraste de impedância acústica entre o cimento e a formação podem causar interferência no decaimento normal exponencial da ressonância, dificultando a interpretação do perfil. nesses casos, bandeiras de sinalização são mostradas sinalizando a influência das reflexões. A impedância acústica das pastas de cimento, sob as condições de temperatura e pressão encontradas no poço, podem ser medidas diretamente utilizando o analisador ultrassônico de cimento (UCA- Ultrassonic Cement Analyser). O equipamento mede continuamente o tempo de trânsito. 64 Alta Competência Material Peso esp. (Lb./Gal) Impedância (Mrayl) Cimento puro classe G Cimento G + látex + micro esfera de sílica Cimento G + silicato solúvel Cimento G + microesfera de sílica + 4% CaCl2 Cimento G + solução de silicato Cimento G + látex Cimento G + 18% NaCl Fluido de completação Revestimento Arenito Folhelho. 15,8 11,2 12,0 12,0 13,3 15,8 16,1 6,44 3,36 2,88 4,32 3,99 6,35 6,51 1,8 a 1,5 41,6 12,6 a 8,2 12,0 a 4,3 Tabela 02 - impedância acústica em função da composição da pasta de cimento 3.5. Canhoneio da zona de interesse 3.5.1. Introdução Após a cimentação do revestimento de produção, a formação está isolada do poço pelo revestimento e por uma camada de cimento por trás do revestimento. Canhoneio é o processo que cria orifícios no revestimento, atravessa a camada de cimento e penetra na formação. A penetração depende da carga utilizada e das propriedades mecânicas e físicas dos materiais a serem penetrados. O principal objetivo durante a completação de um poço é obter a máxima produtividade do mesmo. As técnicas e equipamentos de canhoneio utilizadas têm uma importância fundamental na consecução desse objetivo. A máxima produtividade é obtida quando são reduzidas ao mínimo as restrições ao fluxo entre o reservatório e o poço. Diversos fatores durante a fase de perfuração e completação contribuem para que haja restrição ao fluxo, sendo alguns relacionados ao canhoneio e às condições em que o mesmo foi efetuado. Essas restrições ao fluxo podem ser detectadas nos testes de formação pelo "SKin" que, na maior parte dos casos, pode ser subdividido em três fatores relacionados à causa do dano. Capítulo 3. Detalhamento das fases de uma completação 65 S1 - Dano devido ao fluxo convergente Esse dano é causado pelas mudanças de direção do fluxo quando os fluidos do reservatório atingem os furos do canhoneio. Assume um papel significativo nos casos de altas vazões. S2 - Dano de formação propriamente dito Esse dano é causado na maioria das vezes pela invasão de fluidos incompatíveis com a formação, originando uma região de permeabilidade reduzida (Ks) nas vizinhanças do poço. S3 - Dano devido à compactação Esse dano é resultante da ação compressiva dos jatos durante o canhoneio, originando ao redor do furo uma zona de permeabilidade reduzida. Estudos realizados em laboratório indicam que essa zona tem uma espessura de aproximadamente meia polegada (13mm) e uma permeabilidade (Kc) de 10 a 20 por cento da permeabilidade original. 3.5.2. Técnicas de canhoneio Os vários tipos de canhões e cargas disponíveis comercialmente podem ser descidos no poço pelo revestimento (casing guns - Figuras 29-a e Figuras 29-b) ou pela coluna de produção (through tubing guns), Figuras 29-c. Os canhões podem ser classificados basicamente em duas categorias principais, segundo suas características operacionais e aplicações – canhão recuperável (retrievable hollow carrler gun), canhão não recuperável (expendable gun). Canhão recuperável• Consiste em um cilindro de aço especial com furos onde as cargas são alojadas e seladas à pressão atmosférica no interior da carcaça. 66 Alta Competência Eles podem ser descidos a cabo através do revestimento (canhão tipo convencional), conectados à extremidade da coluna de produção (TCP) ou através da coluna de produção (canhoneio through tubing). nesse último caso, a quantidade de explosivo é pequena devido ao pequeno diâmetro do canhão, reduzindo a performance de penetração e limitando seu uso a poços profundos com altas pressões e/ou temperatura. Os canhões recuperáveis descidos a cabo apresentam como principais vantagens: alta eficiência devido ao sistema de carga estar protegido pela carcaça, alta resistência mecânica, rapidez na operação, resistência a altas pressões e temperaturas, possibilidade de ser descido várias vezes enquanto não apresentar vazamento ou deformação, não deixar detritos no interior do poço e não causar deformação no revestimento. A operação de canhoneio, nesse caso, é geralmente feita com diferencial de pressão poço- formação, o que pode prejudicar a limpeza e desobstrução dos túneis dos canhoneados. Canhão não-recuperável• nesse caso, as cargas são moldadas em sedes de vidro, cerâmica, plástico ou alumínio, que se quebram durante o disparo, sendo descidas no poço em talas ou suportes metálicos utilizados normalmente uma única vez. São descidos a cabo pelo tubing ou pelo revestimento (pouco usados), tendo menor poder de penetração do que canhões recuperáveis. Quando descido pelo tubing, permite uma operação com pressão diferencial formação - poço, o que promove uma limpeza mais efetiva dos túneis dos canhoneados. Como desvantagens, destacamos os detritos deixados no poço e a possibilidade de causar deformação no revestimento. Capítulo 3. Detalhamento das fases de uma completação 67 Folhelho Folhelho Óleo Figura 29-a - Canhoneio convencional Figura 29-b - Canhoneio TCP Figura 29-c – Canhoneio through tubing 3.5.3. Sistema de canhoneio TCP O canhoneio realizado com a pressão hidrostática do fluido de completação maior que a pressão do reservatório (Ph > Pe) pode resultar numa queda da produtividade, conforme já citado anteriormente. Experiências têm demonstrado que após o pistoneio, nem todos os furos são desobstruídos. 68 Alta Competência A técnica do TCP surgiu face à necessidade de se efetuar o canhoneio com a pressão hidrostática do fluido de completação menor que a pressão do reservatório, sem os inconvenientes apresentados pelos canhões through tubing. A técnica consiste, basicamente, em se descer o canhão conectado à coluna, sendo o poço canhoneado em condições de entrar imediatamente em produção. O sistema TCP permite a descida de um obturador (packer) e de canhões de grande diâmetro e alta densidade de disparos na extremidade da coluna de produção ou de perfuração, sem limitação de comprimento dos canhões. Os canhões do sistema TCP podem ser disparados sob diferencial negativo de pressão, somando assim a vantagem dos canhões que descem pela coluna (limpeza dos orifícios produzida pelo gradiente de pressão negativo)com os que descem pelo revestimento (maior poder de penetração produzido pelo tamanho maior das cargas), acrescida à alta densidade de tiros (maior produtividade produzida pelo maior número de orifícios). Como resultado dessa combinação de fatores, melhora-se a produtividade do poço devido ao aumento do número de orifícios em condições de fluir (Figura 30). Folhelho Folhelho Óleo Folhelho Folhelho Óleo Antes do disparo Depois do disparo Figura 30 - Sistema de canhoneio utilizando a técnica TCP Capítulo 3. Detalhamento das fases de uma completação 69 3.5.4. Vantagens do sistema de canhoneio TCP Otimização do diferencial negativo de pressão entre os fluidos • da formação e do poço, aumentando a quantidade de orifícios desobstruídos em condições de fluir; Otimização do afastamento entre o canhão e o revestimento • devido ao uso de diâmetro adequado de canhão para um dado revestimento, obtendo-se assim máxima eficiência, tanto em penetração quanto em diâmetro de orifício; Aumento na densidade das perfurações: possibilidade de se • disparar até 12 tiros por pé em revestimentos de 7 pol. com canhões de 5 pol. e até 6 tiros por pé em revestimentos de 5 pol. com canhões de 3 3/8 pol.; Maior segurança no canhoneio devido à coluna estar no fundo • com o packer assentado e o equipamento de superfície testado; Menor tempo de sonda gasto no canhoneio, principalmente • no caso de intervalos extensos, quando a operação é realizada em uma única descida; redução do custo de completação no que se refere ao fluido • de amortecimento, principalmente em poços com pressões anormalmente altas onde o mesmo se torna oneroso com a utilização, nos casos mais críticos, de material importado; Possibilidade de se evitar futuras estimulações, principalmente • em reservatórios sensíveis ao dano pela invasão de fluido; Menor risco do canhão topar, principalmente em poços • direcionais. 70 Alta Competência 3.5.5. Desvantagens Maior custo do que os canhoneios convencionais;• necessidade de se manobrar com a coluna de produção no • caso de falha ou de se checar o mecanismo de disparo do canhão; necessidade do canhão permanecer no fundo até uma • próxima intervenção no poço caso o mesmo entre em produção após o canhoneio. 3.6. Coluna de produção 3.6.1. Introdução Coluna de produção é a tubulação de menor diâmetro descida no interior do revestimento de produção, é constituída basicamente por tubulação metálica removível (tubulação de produção), onde fica conectada uma série de outros componentes que cumprem função específica durante a produção do poço, sendo descida pelo interior do revestimento de produção, com as seguintes finalidades básicas: Conduzir os fluidos produzidos do fundo do poço até a • superfície, permitindo um controle racional das condições de fluxo; Permitir a circulação de fluidos para o amortecimento do poço • em intervenções futuras (operações de workover); Permitir a instalação de equipamentos de subssuperfície, para • elevação artificial de petróleo, quando necessário. Proteger o revestimento contra fluidos agressivos (CO• 2, H2S etc.) e pressões elevadas; Permitir a instalação de equipamentos de segurança.• Capítulo 3. Detalhamento das fases de uma completação 71 T.H. Coletor de detritos Linha DHSV DHSV Tubos Tubos 01 tubo 01 tubo Tubo curto Shear-out tripo ou hidro trip-duplo 02 tubos TSR Packer FH Sliding sleeve Nipple “R” botton no go Mandril com válvula cega Flow coupling Flow coupling (luva de fluxo) Figura 31 - Componentes da Coluna de Produção A composição de uma coluna de produção é função de uma série de fatores, tais como: Localização do poço (terra ou mar);• regime de produção de fluidos (surgente ou com elevação • artificial); Tipo de fluido a ser produzido (óleo ou gás, com CO• 2 e/ou H2S); necessidade de contenção da produção de areia associada aos • hidrocarbonetos; 72 Alta Competência Vazão de produção;• número de zonas produzindo (completação simples, dupla ou • seletiva) etc. 3.6.2. Componentes da Coluna de Produção 3.6.2.1. Tubos de produção Os tubos de produção representam o maior custo dos equipamentos de subssuperfície. A seleção adequada dos tubos de produção é fundamental na complementação de poços, portanto devem ser analisadas todas as condições de trabalho da coluna. A variedade de tubos de produção existente no mercado é suficiente para atender todas as condições de produção e injeção dos fluidos nos poços de petróleo. Para a maioria dos casos, os tubos de produção são selecionados e especificados conforme as especificações APi. no entanto, para diversas situações específicas tem sido necessário utilizar tubos de produção, que por alguma característica particular não se classificam dentro das especificações APi. a) Especificação dos tubos Os tubos produção são especificados fornecendo o diâmetro externo, o peso nominal, o grau do aço, a rosca e o range. Deve-se especificar ainda, quanto ao processo de fabricação, se o tubo é com ou sem costura. Os tubos de produção utilizados nos poços de petróleo são sem costura. Opcionalmente, pode-se especificar algum revestimento interno e critério de inspeção, dependendo da necessidade do usuário. Capítulo 3. Detalhamento das fases de uma completação 73 b) Diâmetro Externo (OD) O APi especifica tubos de produção com diâmetros externos variando de 1,05” até 4 ½” OD. Os diâmetros externos mais usuais para as colunas de produção usadas na Petrobras são: 2 3/8”, 2 7/8”, 3 ½”, 4 ½”, 6 5/8” e 7”. Com os esforços mecânicos a que a coluna vai estar solicitada (tração, pressão interna e colapso) e o tipo de aço, poderemos determinar a espessura da parede do tubo de produção (peso nominal). c) Grau do aço O grau do aço é expresso através de uma letra e um número. A letra está associada à composição química e propriedades físicas e mecânicas do tubo. O número refere-se à tensão de escoamento mínima do material. Assim, por exemplo, o grau L-80 refere-se a um tubo com dureza controlada que provê resistência a fissuras por ataque de H2S e cuja tensão de escoamento mínima do aço é de 80.000 psi. O APi especifica tubos de produção, cujos materiais possuam resistências mínimas de escoamento de 40.000, 55.000, 80.000 e 105.000 psi. O grau do aço também classifica, de forma indireta, a resistência do material para meios específicos de trabalho. Dessa classificação dos materiais de fabricação são encontrados tubos para ambientes não corrosivos, para serviços em H2S, em CO2, para baixas temperaturas etc. O APi especifica tubos apenas para ambientes não corrosivos e para H2S, sendo que para as demais condições de trabalho cada fabricante desenvolveu seu grau proprietário de aço, dando-lhe designação própria. d) Roscas As conexões dos tubos de produção são consideradas pontos críticos das colunas de produção, sobretudo no que diz respeito à estanqueidade e eficiência à tração. 74 Alta Competência Várias qualidades são exigidas das roscas de conexão dos tubos de produção, dentre as quais podemos destacar: A eficiência à tração;• Estanqueidade à pressão interna e externa;• OD, iD e o perfil interno.• A norma APi Spec 5B padroniza as roscas das conexões dos tubos, sendo a EU (external upset) e a nU (non upset) as duas mais conhecidas e utilizadas pela Petrobras. no processo de fabricação dos tubos com rosca EU, as paredes das suas extremidades são “engrossadas” externamente, preservando o diâmetro interno de tal forma que, mesmo após a retirada de material para a abertura de uma rosca EU, a conexão não é um ponto fraco em relação ao corpo do tubo. Já na rosca nU, como não existe o reforço externo,
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