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APOSTILA BALANÇO SOCIAL

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BALANÇO SOCIAL ABORDAGEM INTRODUTÓRIA 
 
 
 
1. Introdução 
 
O Balanço Social é um relatório que apresenta dados de projetos sociais 
e ambientais de forma quantitativa e qualitativa. Ele é feito anualmente por 
organizações que assumem a bandeira ou título de empresas preocupadas, não 
só com o lucro ou aumento do ativo, mas também com o desenvolvimento da 
sociedade como um todo. 
O Balanço Social surgiu como uma exigência, ou melhor dizendo, um 
clamor da sociedade nos Estados Unidos e na Europa para que as empresas 
tivessem mais responsabilidade social. Num planeta se encaminhando para a 
globalização, a sociedade começou a pressionar as empresas a prestar contas 
e os empresários viram no Balanço Social uma forma de destacar sua marca, 
produto e imagem e assim, montaram modelos diferentes em suas respectivas 
nações, destacando-se os Estados Unidos e a França. Os modelos de relatórios 
eram parecidos com o Balanço Contábil. No Balanço ou Relatório social, a 
organização destaca sua contribuição para a educação, formação, qualificação 
profissional, consciência ambiental, entre outros assuntos relacionados ao bem 
estar social. 
No Brasil, o Balanço Social foi discutido na década de 70, como uma nova 
ferramenta de gestão e de esperança de uma sociedade mais igualitária. O 
Balanço Social brasileiro veio ser influenciado pelos modelos norte-americano e 
europeu. Nesse movimento em favor do Balanço Social vem a se destacar o 
sociólogo Hebert de Souza, gestor a frete do IBASE, e criador em 1997 do selo 
que certifica as empresa que fazem o Balanço Social. 
Observa-se que há um interesse cada vez maior das organizações no 
sentido de arcar com responsabilidades em relação a seus stakeholders. A 
interação organização-sociedade cresce em importância no processo decisório 
de compra, na medida em que os consumidores estão mais atentos a 
responsabilidade cidadã que aquele produto ou serviço representa. 
 
2. Balanço Social 
 
O balanço social é um demonstrativo publicado anualmente pela 
empresa, que reúne um conjunto de informações sobre os projetos, benefícios e 
ações sociais. Também pode ser usado para criar simpatia dos consumidores 
pela organização, sendo engajado em campanhas publicitárias, embalagens, e 
demais formas de impressionar o público alvo. 
No balanço social a organização mostra o que faz por seus stakeholders, 
ou seja, todos aqueles que de alguma forma se favorecem direta ou 
indiretamente das ações da empresa. A organização procura mostrar as 
atividades que presta com a finalidade de melhorar o padrão de vida de todos. 
Ou seja, seu principal objetivo é tornar pública a responsabilidade social da 
organização com o meio ambiente, sociedade e pessoas ligadas diretamente. 
O balanço social é uma ferramenta que deve ser construída por múltiplos 
profissionais para ter a capacidade de abranger a preocupação geral da 
1 
 
organização. Quanto mais pessoas participarem da formação do relatório, mais 
perto da realidade ele fica. 
 
2.1. Histórico geral 
 
A ideia de responsabilidade social foi levantada entre o final do século XIX 
e início do século XX. Sua popularização ocorreu nos anos 60 nos EUA e na 
Europa, no Brasil só no início dos anos 80. 
Na década de 60 a sociedade norte-americana, em forma de protesto 
contra a guerra do Vietnã, começa a fazer boicote aos produtos e às ações das 
organizações envolvidas diretamente com o conflito. Essa hostilidade repercutiu 
na rejeição aos produtos das empresas que financiavam a guerra e ao governo 
atual. 
As organizações de sociedades civis disseminaram a ideia de que os 
armamentos bélicos prejudicavam o meio ambiente e impactavam 
negativamente na sobrevivência do homem. Então, as empresas envolvidas na 
guerra tiveram sua imagem desgastada e também por praticarem discriminação 
contra pessoas em função da raça e sexo no ambiente de trabalho nos EUA. 
O Balanço Social veio como alternativa para reverter essa imagem 
negativa perante os investidores e acionistas. 
Na Europa na década de 70, chega com o objetivo de integrar as 
organizações dos países membros da Comunidade Europeia, que viria ser mais 
tarde conhecida como União Europeia (UE). Três países se destacaram na 
Europa como pioneiros: Alemanha, França e Inglaterra. 
A empresa STEAG em 1971 na Alemanha foi a primeira que publicou um 
relatório em forma de balanço com suas atividades sociais. Porém, foi na França 
em 1972, que surgiu realmente o que pode ser chamado de primeiro Balanço 
Social publicado pela multinacional SINGER. 
A França aprovou em 12 de julho de 1977, a lei 77/769, que tornava 
obrigatória a realização anual para empresas com mais de 700 funcionários. 
Posteriormente esse número veio a cair para 300 funcionários. Essa lei vem na 
busca do aprimoramento e consolidação de um Balanço Social elaborado de 
uma forma mais sistemática. 
 
2.2. Introdução e histórico no Brasil 
 
No Brasil, essa nova visão social chegou por meio da Associação de 
Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE), através da publicação em 1975 da 
“Carta de Dirigentes Cristãos de Empresas”. No final da década de 70 e durante 
a década de 80, a Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social 
(FIDES) se destaca por criar um modelo de Balanço Social com estrutura 
adaptada a realidade do Brasil. O Balanço Social brasileiro sofreu influências do 
modelo norte-americano e europeu na sua composição. 
A FIDES, em abril de 1980 organizou no Brasil um Seminário Internacional 
sobre Balanço Social com especialistas vindos da Alemanha, Argentina, Chile, 
Colômbia, Espanha, Estados Unidos e Uruguai. Cada país apresentou seu 
modelo, porém o modelo apresentado pelo Brasil foi considerado o mais 
adequado à realidade. 
2 
 
No final do Seminário foi apresentado o livro: “Balanço Social na América 
Latina”. Durante 10 anos após o Seminário, a FIDES fez um intenso trabalho 
para incentivar as organizações a fazer o Balanço Social. 
Entre 1982 e 1986, duas organizações se destacaram: a primeira foi o 
Grupo Telebras, que fez experiência inicial com algumas empresas dentro do 
grupo de forma piloto e depois expandido para as demais. A empresa estatal 
NITROFÉRTIL na Bahia no ano de 1984 foi considerada a primeira empresa a 
lançar um documento de caráter social com o nome de Balanço Social. 
No entanto, só a partir da década de 90 algumas organizações 
começaram a levar a sério o Balanço Social. O Banespa, por exemplo, também 
adotou o Balanço em 1992. 
Em 1997, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho e o Instituto Brasileiro 
de Análise Econômico (IBASE) fizeram uma campanha de conscientização, com 
apoio de executivos, da importância do balanço social para as organizações e 
sociedade. Em 1998, em parceria com o IBASE e empresas públicas e privadas, 
foi criado o selo do IBASE/Betinho, certificando as empresas que fazem o 
Balanço Social. Esse selo é conferido às empresas que seguem o modelo 
sugerido IBASE, dentro da metodologia e critérios propostos. 
Atualmente, o assunto possui uma vasta literatura e recebe vários 
sinônimos como: responsabilidade social corporativa, cidadania corporativa, 
cidadania empresarial. O termo é considerado como uma postura voltada para a 
prática de promover o bem. Nesse caso as ações sociais revelam um 
comprometimento em transformar o social mediante a compreensão dos 
problemas e da importância da comunidade, ou seja, a empresa socialmente 
responsável observa sua razão de existir além de visar ao lucro comprometendo-
se em cooperar por uma transformação social que quebre as barreiras das 
injustiças. Políticas Sociais promovidas pelas empresas acontecem por meio de: 
comprometimento com os interesses públicos; criação de ofertas de empregos; 
estímulo aos funcionários a sensibilizarem-se com as questões sociais; 
valorização e favorecimento dostalentos dos funcionários; garantia da lisura da 
boa imagem Institucional da empresa. 
Então, a ideia de responsabilidade social é bastante abrangente 
envolvendo a preocupação com os funcionários, preservação do meio ambiente, 
respeito à diversidade social, entre outras. 
A empresa para ser designada como empresa socialmente responsável 
adota projetos na área social (educação e saúde), proteção ao meio ambiente, 
igualdade nas oportunidades de empregos, doações para ajudar em campanhas 
e patrocínios de associações e eventos. 
A riqueza da empresa, denominada contabilmente como patrimônio, está 
relacionada à imagem da empresa perante o consumidor. A prática da 
responsabilidade social, espontânea ou por pressão de grupos ambientalistas, 
atualmente não se constitui apenas em uma tendência, uma vez que a empresa 
que se preocupa em realizar projetos sociais detém vantagem competitiva em 
relação às outras, já que a responsabilidade social liga-se a imagem da empresa 
e aos produtos. 
Diante do contexto, a figura do Balanço social torna-se ferramenta 
facilitadora para transparecer as ações sociais e nortear decisões específicas na 
empresa. No Brasil, até então, sua publicação tinha caráter voluntário, exceto 
Rio Grande do Sul, pois não existia lei que obrigasse sua elaboração e 
publicação. Mas, a Lei Federal nº. 11.638 de 28 de dezembro de 2007, que 
3 
 
tornou obrigatória a elaboração e a publicação da Demonstração do Valor 
Adicionado para companhias abertas, logo, alcança Balanço Social, uma vez 
que a DVA é parte integrante do mesmo. Atualmente, não existe um modelo 
padrão de Balanço Social, por isso as empresas costumam adotar modelos 
propostos por institutos, como o do ETHOS, IBASE e GRI fazendo ou não 
algumas adaptações. 
 
2.3. Por que é importante fazê-lo? 
 
Atualmente com o despertar dos Governos, Organizações empresariais e 
sociedade, referente à questão do desenvolvimento social e ambiental, o 
Balanço Social se tornou uma ferramenta importante para destacar as empresas 
que realmente estão alinhadas com a proteção dos recursos naturais e 
manutenção dos mesmos para as gerações futuras e na busca da igualdade 
social. 
Outra questão importante de salientar é que o BNDES não financia 
empresas que não tenham o Balanço Social ou Ambiental. No entanto existem 
outros tantos motivos para realizar o Balanço Social, como: 
 Por que um demonstrativo da atitude ética é responsável por parte da 
empresa; 
 Agrega valor ao nome da organização, além de atrair investidores, pois o 
Balanço demonstra que a empresa tem uma administração responsável 
e quer agregar valor junto aos consumidores; 
 Diminui os riscos da organização na bolsa de valores, por que a 
organização demonstra transparência e responsabilidade. Hoje, papéis 
dessas empresas têm mais valor na bolsa, se destacando perante as 
outras organizações nacionais e internacionais que hoje começam adotar 
o Balanço Social para ganhar reconhecimento internacional; 
 Serve de instrumento de avaliação, análise de mercado, investidores e 
órgãos de financiamento (BNDES, BID e IFC), portanto o Balanço Social 
se tornou um documento necessário para conhecer e avaliar riscos de 
uma empresa; 
 O Balanço Social é mais um instrumento para o gestor de uma 
organização poder avaliar as atividades da empresa com relação ao 
ambiente interno e externo (colaboradores, sócios, gestores, clientes e 
fornecedores); 
 Além de ser forma inovadora e politicamente correta para com a 
sociedade e com as pessoas que participam da vida da empresa. 
2.4. Para quem fazê-lo? 
 
O objetivo das empresas que fazem o Balanço Social, além de gerar 
simpatia da comunidade para com a organização, é de diminuir a desigualdade 
social e preservar os recursos naturais no meio onde estão inseridas. Ou seja, 
desenvolver uma política de responsabilidade social na busca por um maior, 
melhor e mais justo desenvolvimento humano, social e ambiental. 
O balanço social é feito como uma prestação de contas da organização 
com todas as pessoas que estão ligadas com a empresa, ou seja, stakeholders. 
4 
 
 Dirigentes: Mostra quais áreas que a organização já atuou a quais áreas 
que está atuando e ainda quais os resultados já alcançados, favorecendo 
à tomada de decisões relativas aos programas sociais que a organização 
ainda pode desenvolver. 
 Colaboradores: Sua realização estimula a participação dos 
colaboradores nas ações que a empresa está realizando na sociedade, já 
que em enorme maioria os colaboradores estão dentro da sociedade onde 
a empresa está atuando. Além de estimular os funcionários à preservação 
ambiental poupando gastos da empresa e conscientizando a fazer essas 
práticas de economia de recursos naturais não renováveis em suas 
residências. 
 Fornecedores: informa como a empresa encara suas responsabilidades, 
além de estimular também os fornecedores a ter uma responsabilidade 
social também. 
 Investidores: Além de mostrar qual a situação da empresa, mostra todas 
as preocupações da organização com o futuro e a segurança que está se 
estabelecendo na comunidade onde está inserida. Expõe toda a 
preocupação ambiental e empresa que tem preocupação ambiental é 
empresa que tem mercado seguro nos dias de hoje. 
 Consumidores: Passa a ideia de qual é a postura da organização e qual 
a qualidade do produto ou serviço oferecido, demonstrando o que a 
empresa está planejando para o crescimento da comunidade, gera 
simpatia dos consumidores pela marca da empresa. 
 Estado: Ajuda os governantes a idealizar políticas públicas pensando nos 
benefícios produzidos pela empresa. Influencia na formulação de leis para 
favorecer a sociedade e programas semelhantes aos que a organização 
já possui. 
 Empresa: A empresa é favorecida por vários motivos, o Balanço Social 
só acrescenta. Os consumidores ficam fieis, sabendo que a marca tem 
responsabilidades com o ambiente onde está inserido. Gera maiores 
investimentos de acionistas e investidores, já que a organização se 
mostrou saudável. Os colaboradores ficam com maior responsabilidade, 
já que a responsabilidade social da organização está sobre eles e assim 
eleva o nível de comunicação interna e externamente. O estado e órgão 
públicos facilitam benefícios para a empresa, já que está se mostrando 
responsável com a sociedade. Os fornecedores sabendo que a 
organização está saudável e preocupada com todos ao seu redor se torna 
uma empresa sólida, sustentando toda a cadeia, sendo um negócio certo 
para os fornecedores. 
Para finalizar, os relatórios sócio-ambientais têm a fundamentalização 
simples. As empresas se beneficiam ao não prestarem contas apenas aos seus 
acionistas, mas para todos os “stakeholders”. Enfim, como dizia Herbert de 
Souza: "o balanço social não tem donos, só beneficiários". 
 
2.5. Filosofia 
 
Referente à filosofia, podemos dizer que cria elos entre a parte física e a 
psicológica das organizações. Estes elos entre a parte física e a psicológica 
podem ser observados, por exemplo, na adequação das máquinas ao 
5 
 
empregado, proporcionando uma melhor qualidade de vida no trabalho, além de 
propiciar um aumento da produtividade. Também podemos citar que consiste na 
capacitação de dar para o colaborador condições para se adaptar ao passo que 
a mudanças vão acontecendo, consiste em envolvê-lo nos programas da 
organização, de modo a torná-lo comprometido. 
As organizações devem voltar suas políticas internas principalmente ao 
bem estar dos colaboradores, mantendo o nível de satisfação deles na 
organização, ao passo que as políticas externas podem estar focadas em 
projetos de desenvolvimento da comunidade e o bem da sociedade como um 
todo. 
A filosofia do balanço social reza que não existe crescimento e 
modernização isolados: as novas exigências de qualidade e produtividadeimplicam esforços de cooperação e integração dos diversos agentes. Nenhum 
esforço isolado tende a dar resultado num contexto que exige integração cada 
vez maior: cada empresa faz parte de uma cadeia produtiva interdependente e 
cooperativa; os recursos humanos necessários, por sua vez, devem apresentar 
características diferentes daqueles que atendiam o paradigma da produção em 
massa; e o sistema educativo formal junto com o empresariado tornou-se co-
responsáveis e solidários pelo sucesso das medidas adotadas, tendo por base, 
sobretudo, que a produtividade não está mais do lado do investimento material, 
mas do investimento humano, subjetivo. 
 
2.6. Certificação e seus benefícios para a organização 
 
O formato do Balanço Social pode ser bem variado. Podem ser bem 
ilustrativos e luxuosos, causadores de grande impacto visual; ou apenas de 
dados numéricos que apenas relatam a preocupação sócio-ambiental da 
empresa. 
Em 1997, o sociólogo Herbert de Souza, mais conhecido como Betinho, 
começou em nosso país uma campanha pela divulgação voluntária do Balanço 
Social. No ano de 1998, o IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e 
Econômicas) e o Betinho entendendo que a simplicidade é a garantia do 
envolvimento do maior número de corporações, fazem parceria com inúmeras 
empresas públicas e privadas, para depois de diversas reuniões e debates com 
várias corporações de diferentes setores da sociedade, desenvolver um modelo 
que tenha a facilidade e simplicidade como vantagem para estimular as 
empresas a fazer seu Balanço Social, independentemente do tamanho da 
empresa. O IBASE também criou um selo de qualificação para as organizações 
que fizerem o Balanço Social conforme o modelo criado pela entidade. 
Se a forma com que as informações são criadas e dispostas no relatório 
não seguir um padrão mínimo, fica mais difícil de interpretar as ações sociais ao 
longo dos anos. Considera-se que fica mais fácil de interpretar o relatório se ele 
possuir predominância de dados expressos por números ou em valores. 
Obviamente que em determinadas situações não é fácil relacionar fatos sociais 
com valores numéricos, mas os indicadores desenvolvidos do modelo IBASE 
ajudam a fazer análises comparativas da própria empresa ao longo do tempo ou 
entre outras do mesmo setor. O modelo sugerido pelo IBASE tem a sociedade 
como um todo como o principal foco para entendimento dos processos e dos 
resultados alcançados ou dos projetos em andamento, na organização. 
6 
 
Através do Selo que as organizações recebem por seguir esse padrão, 
podem ser mostrado em seus anúncios, embalagens, balanço social, sites e 
campanhas publicitárias, entre outra formas de divulgação; certificando que a 
organização investe em educação, saúde, cultura, esportes e meio ambiente. 
O Selo Balanço Social IBASE/Betinho mostra para aqueles que ainda não 
viram o Balanço Social, que a organização tem responsabilidade social e é 
comprometida com a qualidade de vida da sociedade e do meio ambiente. 
 
Há três modelos-padrão de balanço social, ou relatório de 
sustentabilidade, disponíveis no Brasil, dois nacionais – um deles proposto pelo 
Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e o outro pelo 
Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social – e um internacional, 
sugerido pela Global Reporting Initiative (GRI). Todos visam definir as 
informações mínimas a serem publicadas para dar transparência às atividades 
da empresa. São eles: 
 Modelo Ibase: Lançado em 1997, o Balanço Social com esse modelo 
inspira-se no formato dos balanços financeiros. Visa expor, de maneira 
detalhada, os números associados à responsabilidade social da 
organização. É feito em forma de planilha e reúne informações sobre a 
folha de pagamentos, os gastos com encargos sociais de funcionários e 
a participação nos lucros. Além disso, detalha as despesas com controle 
ambiental e os investimentos sociais externos nas diversas áreas — 
educação, cultura, saúde etc. 
 Guia de Elaboração de Balanço Social do Instituto Ethos: Baseado 
num relato detalhado dos princípios e das ações da organização, este 
guia incorpora os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social 
Empresarial e a planilha proposta pelo Ibase, sugerindo um detalhamento 
maior das tomadas de decisão em relação aos problemas encontrados e 
aos resultados obtidos. 
 Guia de diretrizes da Global Reporting Initiative (GRI): Este modelo, 
considerado o mais completo e abrangente, conta com princípios para 
definição adequada do conteúdo do relatório e para garantir a qualidade 
da informação relatada, indicadores de desempenho e protocolos 
técnicos com metodologias de compilação, fontes de referências etc. 
Considerado o padrão internacional de relatórios de sustentabilidade, o 
modelo GRI está em sua terceira versão, a chamada G3, e já se encontra 
disponível em português. 
2.7. A concepção de Balanço Social e a sua vinculação com a 
responsabilidade social corporativa 
 
A procedência da palavra balanço provém do latim bilancis e significa hi-
dois; lancis = prato, ou seja, dá a ideia de balança, o que nos remete a noção de 
equilíbrio entre grandezas. Por isso, o termo Balanço Social, no sentido 
conceitual, é considerado como inadequado por estudiosos contábeis, já que 
esse demonstrativo corresponde a um relatório de evidenciação das ações 
sociais corporativas. O Balanço social, também denominado Relatório de 
Sustentabilidade ou Relatório da Responsabilidade Social, é um produto da 
Contabilidade Social publicado anualmente pela empresa que procura 
7 
 
demonstrar aos interessados um conjunto de informações relacionadas aos 
projetos ambientais e ações sociais. 
A norma Brasileira de Contabilidade NBC-T nº15, resolução CFC 
n°935/02 define o balanço social como: 
 
Demonstração contábil que tem por objetivo a evidenciação de 
informações de natureza social com vistas a prestar contas a 
sociedade pelo uso dos recursos naturais e humanos, 
demonstrando o grau de responsabilidade social da entidade. 
 
O Balanço Social se configura como uma ferramenta capaz de mostrar 
com clareza informações socioeconômicas e financeiras acerca da atuação de 
cada empresa no meio social, ou seja, é uma forma de transparecer, reunir e 
tornar pública sua responsabilidade social através de informações estruturadas. 
Ele serve como complemento às informações tratadas pelos demonstrativos 
financeiros tradicionais. 
Para Kroetz (1999) ele deve ser considerado, sobretudo, uma ferramenta 
gerencial, já que exprime e evidencia dados relativos a qualidade e quantidade 
das políticas administrativas, da interação da empresa com o meio externo. Essa 
interação pode ser analisada de maneira que favoreça a escolha de estratégias. 
Grzybowski (2006, apud BARBOSA, s.d.), também considera esse 
relatório como um objeto de gestão e não um objeto de marketing. Através de 
sua análise, os administradores detectam pontos fracos da empresa em matéria 
de investimentos socioambientais e, consequentemente, consegue-se visualizar 
as áreas carentes de investimentos dessa natureza. 
O Balanço Social tem como o principal objetivo mostrar à sociedade a 
atuação socialmente responsável da empresa, uma vez que, as ações 
desenvolvidas em prol da melhoria da sociedade e do meio ambiente ajudam 
instigar a valorização da cidadania corporativa acarretando no estreitamento da 
relação da empresa/sociedade. 
 
2.8. O conjunto de leis acerca do Balanço Social 
 
A figura do Balanço Social na França é bastante tradicional, mas a 
obrigatoriedade da elaboração e divulgação naquele país só aconteceu a partir 
de 1970 através da Lei 77.769 de 13 de julho de 1977. 
No Brasil, nas últimas décadas, muitos projetos de lei foram propostos 
referente a obrigatoriedade da elaboração e divulgação desse relatório. Na 
esfera Federal, temos oprojeto de Lei nº 3.116 de 14 de maio de 1977 elaborado 
pelas Deputadas Marta Suplicy, Sandra Starling e Maria da Conceição Tavares. 
O projeto defendia a obrigatoriedade para empresas públicas 
independentemente do número de empregados e para as privadas que 
possuíam mais de cem empregados no exercício anterior a sua elaboração. No 
entanto, foi substituído pelo projeto nº32/99 elaborado pelo deputado Paulo 
Rocha-PT BA. 
No campo estadual um projeto de lei proposto pelo Deputado Estadual 
Cezar Buzaatto e elaborado com participação do Conselho de Contabilidade do 
Rio Grande do Sul transformou-se na Lei nº 11.440 de 18 de janeiro de 2000, 
obrigando a elaboração do Balanço Social para as empresas situadas no Rio 
Grande do Sul. 
8 
 
O Vereador Helio Corebelini, filiado ao PBS, criou um projeto de lei que 
acabou sendo aprovado e transformando-se na Lei nº 8.118/98. Essa Lei tornou 
compulsória a elaboração do Balanço Social das empresas situadas no 
município de Porto Alegre. Ela foi publicada no Diário Oficial de 09 de janeiro 
de1998. 
No sudeste do país temos registros em São Paulo. Nesse Estado, uma 
resolução de nº005/98, elaborada pela Vereadora Adaiza Sposati, criou o Dia e 
o Selo da empresa cidadã. Essa resolução direciona-se a premiar as empresas 
de São Paulo que apresentaram qualidade no seu Balanço Social. Em Santo 
André-SP, o Vereador Carlinhos Augusto apresentou um projeto de Lei 004/97 
que tratou da Criação do Selo Empresa Cidadã como forma de premiar 
empresas que também mostrarem qualidade em seu Balanço Social. 
Posteriormente, esse projeto transformou-se na Lei nº7.672 de 18 de junho de 
1998. 
Na região nordeste, estado da Paraíba, foi estabelecido através do projeto 
de Resolução nº 004/98, de autoria do Vereador Júlio Rafael o selo Herbert de 
Souza às empresas que exibirem qualidade em seu Balanço Social. 
Atualmente, com a aprovação da Lei Federal nº 11.638/07 em 28 de 
dezembro de 2007 que tornou compulsória a elaboração e divulgação do 
Demonstrativo de Valor Adicionado para as companhias abertas, o Balanço 
Social passa também a ter esse caráter, uma vez que a DVA é parte integrante 
do Balanço Social, afirmou Iudicíbus (2009). 
 
9 
 
 
COMO SE ELABORA UM BALANÇO SOCIAL 
 
 
1. As esferas do Balanço Social 
Atualmente, os modelos propostos de Balanço Social por institutos 
abrangem três assuntos: recursos humanos, meio ambiente e valor adicionado. 
As informações acerca desses assuntos quando bem analisadas se constituem 
numa fonte informativa preciosa. 
A elaboração do mesmo contempla a participação do departamento de 
pessoal; departamento contábil e departamento de sistema de informação 
contábil da empresa. 
 Recursos humanos: traz informações referente ao perfil funcional e aos 
benefícios que lhe são conferidos pela empresa, quantidade de 
funcionários, classificação por sexo, idade, nível de escolaridade, auxilio 
cesta básica, entre outros. Essa abordagem constitui como um subsídio 
para as estratégias de investimento no corpo funcional ao identificar as 
faixas etárias e sexos menos beneficiados, consegue-se promover uma 
espécie de gerenciamento das atividades humanas dentro da empresa. 
Para os interessados externos, como o governo, auxilia na identificação 
dos setores menos beneficiados pelas políticas públicas e com isso facilita 
o direcionamento de recursos. 
 Indicadores ambientais: trazem informações da responsabilidade 
ambiental da empresa englobando investimentos em tecnologias 
antipoluentes, como máquinas, equipamentos e instalações. Esse 
enfoque demonstra o desejo da empresa, o comprometimento corporativo 
com as questões ambientais, uma vez que, essa interação influencia 
diretamente na continuidade da empresa, porque empresas que 
pratiquem atividades poluentes estão sujeitas a interdição governamental, 
multas, entre outras consequências. 
 Demonstração do Valor Adicionado: compreende informações de 
natureza econômica como a quantidade de recursos gerada pela 
atividade empresarial na economia. Durante o processo de procura por 
soluções para os problemas sociais emergentes e crescentes o governo 
analisa as informações trazidas pela DVA de cada empresa. 
A Lei Federal n° 11.638/07, conforme mencionada anteriormente, tornou 
obrigatório a elaboração com base na escrituração mercantil e a divulgação da 
DVA para as companhias abertas no fim do exercício social. A DVA deve indicar 
no mínimo: o valor da riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição entre 
elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza, tais como 
empregados, acionistas, e outros, bem como a parcela desse patrimônio não 
distribuída, conforme dispõe o artigo 188 dessa lei. 
A Lei não determina um modelo padrão, apenas um que se demonstre um 
mínimo do patrimônio gerado, a distribuição e o valor não distribuído pela 
empresa. Esse assunto será tratado no próximo tópico. 
 
10 
 
2. Os modelos propostos de Balanço Social 
No Brasil as empresas costumam adotar três modelos de Balanço Social 
propostos pelo: Instituto ETHOS, IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Socais 
e Econômicas), GRI (Global Reporting Iniciative ou, no português, Iniciativa 
Global para Apresentação de Relatórios). Por motivos estratégicos (otimização 
da transparência na divulgação) algumas empresas preferem criar um modelo 
próprio ou adaptar um modelo já estruturado por um desses institutos. 
 
2.1. Instituto ETHOS 
 
O Instituto ETHOS objetivando apresentar um Balanço Social digno de 
credibilidade e revelador da política de gestão empresarial voltada para 
compromisso com a responsabilidade social, propõe uma planilha, que é uma 
adaptação do modelo do IBASE, como Balanço Social. 
Dentre as informações tratadas no Balanço Social do Instituto Ethos, a 
mensagem do presidente trata em expor situações de sucessos e empecilhos da 
empresa, transmitir as promessas da entidade e sintetizar os assuntos tratados 
no balanço. Os indicadores econômicos compreendem informações sobre a 
atividade produtiva empresarial desde sua evolução no período até a repartição 
da riqueza com a sociedade através de políticas socioambientais. No segmento 
dos indicadores sociais o relatório sintetiza dados sobre o corpo funcional (entre 
eles as ações em prol da qualidade de vida dos empregados); o conjunto de 
ações executadas em favor do meio ambiente; relacionamento com 
fornecedores; comunidades, cliente e governos. 
 
Assim, o Balanço Social proposto pelo ETHOS se estrutura da seguinte 
forma: 
 
Parte 1: Apresentação (missão e visão, mensagem do Presidente, perfil do 
empreendimento e setor da economia); 
 
Parte 2: A Empresa (histórico, princípios e valores, estrutura e funcionamento, 
e governança corporativa); 
 
Parte 3: A Atividade Empresarial (diálogo com partes interessadas e os 
indicadores de desempenho. Contemplam informações de aspectos 
econômicos; social; ambiental; relação com fornecedores, consumidores e 
clientes; comunidade e governo e sociedade); 
 
Parte 4: Anexos (demonstrativo do Balanço Social - modelo IBASE -, iniciativas 
de interesse da sociedade - projetos sociais -, e notas gerais). Em relação aos 
indicadores propostos (Parte 3), alguns são descritivos, representando 
resultados e práticas de gestão que representam indicadores de desempenho 
em responsabilidade social, outros são quantitativos, representando resultados 
mensuráveis e monitorados apresentados em números, e outros referem-se a 
informações referentes a indicadores, tanto descritivos como quantitativos. 
 
 
 
11 
 
1. Indicadores de Desempenho Econômico: 
Aspectos descritivos: impactos por meio da geração e distribuição de riqueza; 
resultados oriundos da produtividade; e procedimentos, critérios e retornos de 
investimentos realizados na própria empresa e na comunidade. 
Indicadores quantitativos:geração e distribuição de riqueza; produtividade; e 
investimentos. 
 
2. Indicadores de Desempenho Social: 
 
I - Público Interno: 
- Diálogo e participação: relação com sindicatos; gestão participativa; e 
relações com trabalhadores terceirizados 
- Respeito ao indivíduo: trabalho infantil; trabalho forçado ou análogo ao 
escravo; e diversidade. 
- Trabalho decente: cuidados com saúde, segurança e condições de trabalho; 
compromisso com o desenvolvimento profissional e a empregabilidade; 
comportamento frente a demissões; e preparação para aposentadoria. 
 
II - Meio Ambiente 
- Responsabilidade frente às gerações futuras: comprometimento da 
empresa com a melhoria da qualidade ambiental; e educação e conscientização 
ambiental. 
- Gerenciamento do impacto ambiental: gerenciamento do impacto no meio 
ambiente e do ciclo de vida de produtos e serviços; e minimização de entradas 
e saídas de materiais na empresa. 
 
III - Fornecedores 
- Seleção, avaliação e parceria com fornecedores: critérios de seleção e 
avaliação de fornecedores; e apoio ao desenvolvimento de fornecedores. 
 
IV - Consumidores e Clientes 
- Dimensão social do consumo: política de comunicação comercial; excelência 
do atendimento; e conhecimento e gerenciamento dos danos potenciais dos 
produtos e serviços. 
 
V - Comunidade 
- Relações com a comunidade local: gerenciamento do impacto na 
comunidade de entorno e relacionamento com organizações locais. 
- Ação social: envolvimento e financiamento da ação social. 
 
VI - Governo e Sociedade 
- Transparência política: contribuições para campanhas políticas; e práticas 
anticorrupção e antipropina. 
- Liderança e influência social: liderança e influência social; e participação em 
projetos sociais governamentais. 
 
 
12 
 
2.2. IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) 
 
O conteúdo do Balanço Social, no Brasil, é definido pelo Instituto Brasileiro 
de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), criado em 1981, que é uma 
instituição de utilidade pública federal, sem fins lucrativos, cuja missão é a 
construção da democracia, combate das desigualdades e estimulação da 
participação cidadã. 
Em 1998, para estimular a participação de um maior número de 
corporações, o Ibase lançou o Selo Balanço Social Ibase/Betinho. O selo é 
conferido anualmente a todas as empresas que publicam o balanço social no 
modelo sugerido pelo Ibase, dentro da metodologia e dos critérios propostos. 
Através deste Selo as empresas podem mostrar - em seus anúncios, 
embalagens, balanço social, sites e campanhas publicitárias - que investem em 
educação, saúde, cultura, esportes e meio ambiente. 
O Selo Balanço Social Ibase/Betinho demonstra que a empresa já deu o 
primeiro passo para tornar-se uma verdadeira empresa-cidadã, comprometida 
com a qualidade de vida dos funcionários, da comunidade e do meio ambiente; 
apresenta publicamente seus investimentos internos e externos através da 
divulgação anual do seu balanço social. 
O modelo 2008 proposto pelo IBASE engloba indicadores distribuídos de 
forma simples e objetiva, tratando todas as informações numa única planilha 
dividida em sete grupos e nesses, vários subgrupos, facilitando a análise. 
 
Quadro 1: Descrição dos grupos de Balanço Social Modelo IBASE 
 
Grupo Descrição Especificação 
1 Base de Cálculo 
Dados sobre geração de receitas, resultado operacional e folha de 
pagamento bruta. 
2 
Indicadores sociais 
internos 
Gastos com alimentação, educação, capacitação e saúde, dentre 
outros relacionados aos empregados. 
3 
Indicadores sociais 
externos 
Gastos da empresa na comunidade (saúde e saneamento, cultura, 
educação, etc) e os tributos. 
4 
Indicadores 
ambientais 
Gastos com despoluição, educação ambiental, investimento em 
programas externos e outros, seja com empregados ou sociedade. 
5 
Indicadores do corpo 
funcional 
Número de admissões, estagiários, mulheres, negros e portadores de 
deficiência física. 
6 
Informações 
relevantes quanto ao 
exercício da 
cidadania empresarial 
Aspectos referentes ao número de acidentes de trabalho, 
responsabilidade dos padrões de segurança e salubridade existentes. 
7 Outras informações Outras informações que a empresa julgar necessárias. 
 
Vale ressaltar que as informações tratadas na DVA estão contidas no 
indicador informações relevantes. 
 
13 
 
Balanço Social Anual / 2008 
 
 
Empresa: 
1 - Base de Cálculo 2008 Valor (Mil reais) 2007 Valor (Mil reais) 
Receita líquida (RL) 58.749 48.270 
Resultado operacional (RO) 8.734 7.538 
Folha de pagamento bruta (FPB) 10.575 8.711 
2 - Indicadores Sociais Internos Valor (mil) % sobre FPB % sobre RL Valor (mil) % sobre FPB % sobre RL 
Alimentação 2.928 27,69% 4,98% 2.132 24,47% 4,42% 
Encargos sociais compulsórios 2.577 24,37% 4,39% 1.914 21,97% 3,97% 
Previdência privada 0 0,00% 0,00% 0 0,00% 0,00% 
Saúde 1.321 12,49% 2,25% 1.275 14,64% 2,64% 
Segurança e saúde no trabalho 26 0,25% 0,04% 28 0,32% 0,06% 
Educação 0 0,00% 0,00% 198 2,27% 0,41% 
Cultura 0 0,00% 0,00% 0 0,00% 0,00% 
Capacitação e desenvolvimento 
profissional 1.387 13,12% 2,36% 937 10,76% 1,94% 
Creches ou auxílio-creche 313 2,96% 0,53% 224 2,57% 0,46% 
Participação nos lucros ou resultados 331 3,13% 0,56% 270 3,10% 0,56% 
Outros 1.153 10,90% 1,96% 1.039 11,93% 2,15% 
Total - Indicadores sociais internos 10.036 94,90% 17,08% 8.017 92,03% 16,61% 
3 - Indicadores Sociais Externos Valor (mil) % sobre RO % sobre RL Valor (mil) % sobre RO % sobre RL 
Educação 68 0,78% 0,12% 7 0,09% 0,01% 
Cultura 44 0,50% 0,07% 10 0,13% 0,02% 
Saúde e saneamento 0 0,00% 0,00% 0 0,00% 0,00% 
Esporte 659 7,55% 1,12% 946 12,55% 1,96% 
Combate à fome e segurança 
alimentar 0 0,00% 0,00% 0 0,00% 0,00% 
Outros 132 1,51% 0,22% 976 12,95% 2,02% 
Total das contribuições para a 
sociedade 903 10,34% 1,54% 1.939 25,72% 4,02% 
Tributos (excluídos encargos sociais) 7.799 89,29% 13,28% 6.565 87,09% 13,60% 
Total - Indicadores sociais externos 8.702 99,63% 14,81% 8.504 112,82% 17,62% 
4 - Indicadores Ambientais Valor (mil) % sobre RO % sobre RL Valor (mil) % sobre RO % sobre RL 
Investimentos relacionados com a 
produção/ operação da empresa 0 0,00% 0,00% 0 0,00% 0,00% 
Investimentos em programas e/ou 
projetos externos 0 0,00% 0,00% 0 0,00% 0,00% 
Total dos investimentos em meio 
ambiente 0 0,00% 0,00% 0 0,00% 0,00% 
Quanto ao estabelecimento de “metas 
anuais” para minimizar resíduos, o 
consumo em geral na produção/ 
operação e aumentar a eficácia na 
utilização de recursos naturais, a 
empresa 
( ) não possui metas ( ) cumpre de 51 a 75% 
( ) cumpre de 0 a 50% ( ) cumpre de 76 a 100% 
( ) não possui metas ( ) cumpre de 51 a 75% 
( ) cumpre de 0 a 50% ( ) cumpre de 76 a 100% 
5 - Indicadores do Corpo Funcional 2008 2007 
Nº de empregados(as) ao final do 
período 814 646 
Nº de admissões durante o período 451 207 
Nº de empregados(as) 
terceirizados(as) 13 8 
Nº de estagiários(as) 96 96 
Nº de empregados(as) acima de 45 
anos 28 20 
Nº de mulheres que trabalham na 
empresa 640 490 
% de cargos de chefia ocupados por 
mulheres 42,11% 35,29% 
Nº de negros(as) que trabalham na 
empresa 310 232 
% de cargos de chefia ocupados por 
negros(as) 21,05% 11,76% 
Nº de pessoas com deficiência ou 
necessidades especiais 3 0 
14 
 
6 - Informações relevantes quanto 
ao exercício da cidadania 
empresarial 
2008 Metas 2009 
Relação entre a maior e a menor 
remuneração na empresa 39,56 38,04 
Número total de acidentes de trabalho 0 0 
Os projetos sociais e ambientais 
desenvolvidos pela empresa foram 
definidos por: 
( ) direção ( x ) direção e 
gerências 
( ) todos(as) 
empregados(as)( ) direção (x ) direção e 
gerências 
( ) todos(as) 
empregados(as) 
Os pradrões de segurança e 
salubridade no ambiente de trabalho 
foram definidos por: 
( ) direção e 
gerências 
( ) todos(as) 
empregados(as) 
( ) todos(as) + 
Cipa 
( ) direção e 
gerências 
( ) todos(as) 
empregados(as) 
(x ) todos(as) + Cipa 
Quanto à liberdade sindical, ao direito 
de negociação coletiva e à 
representação interna dos(as) 
trabalhadores(as), a empresa: 
( x ) não se 
envolve 
( ) segue as 
normas da OIT 
( ) incentiva e 
segue a OIT 
( ) não se 
envolverá 
( ) seguirá as 
normas da OIT 
(x ) incentivará e 
seguirá a OIT 
A previdência privada contempla: 
( x ) direção ( ) direção e 
gerências 
( ) todos(as) 
empregados(as) 
( ) direção ( ) direção e 
gerências 
(x ) todos(as) 
empregados(as) 
A participação dos lucros ou resultados 
contempla: 
( ) direção ( ) direção e 
gerências 
( x ) todos(as) 
empregados(as) 
( ) direção ( ) direção e 
gerências 
( x) todos(as) 
empregados(as) 
Na seleção dos fornecedores, os 
mesmos padrões éticos e de 
responsabilidade social e ambiental 
adotados pela empresa: 
( ) não são 
considerados 
( x ) são 
sugeridos 
( ) são exigidos ( ) não serão 
considerados 
( x) serão 
sugeridos 
( ) serão exigidos 
Quanto à participação de 
empregados(as) em programas de 
trabalho voluntário, a empresa: 
( ) não se 
envolve 
( ) apóia ( x ) organiza e 
incentiva 
( ) não se 
envolverá 
( ) apoiará (x ) organizará e 
incentivará 
Número total de reclamações e críticas 
de consumidores(as): 
na empresa 
_______ 
no Procon 
_______ 
na Justiça 
_______ 
na empresa 
_______ 
no Procon 
_______ 
na Justiça _______ 
% de reclamações e críticas atendidas 
ou solucionadas: 
na empresa 
_______% 
no Procon 
_______% 
na Justiça 
_______% 
na empresa 
_______% 
no Procon 
_______% 
na Justiça 
_______% 
Valor adicionado total a distribuir (em 
mil R$): 
Em 2008: 43409 Em 2007: 35872 
Distribuição do Valor Adicionado 
(DVA): 
___% governo ___% colaboradores(as) 
___% acionistas ___ % terceiros ___% retido 
___% governo ___% colaboradores(as) 
___% acionistas ___ % terceiros ___% retido 
7 - Outras Informações 
Alexandre Siqueira Monteiro - Diretor Executivo. 
A empresa não utiliza mão-de-obra infantil ou trabalho escravo 
 
 
 
15 
 
2.3. GRI (Global Reporting Iniciative / Iniciativa Global para 
Apresentação de Relatórios) 
O GRI, organização independente que busca a adesão de um modelo 
padronizado internacional de Balanço Social e parceira do UNEP (United Nations 
Environmental Programme), criou um modelo que contempla informações sócio-
econômicas e ambiental distribuídas em categorias. Esse modelo aborda: a 
visão e estratégia empresarial; perfil da organização; escopo do relatório; perfil 
do relatório; estrutura de governança; engajamento das partes interessadas; 
políticas abrangentes e sistemas de gestão; sumário de conteúdo da GRI; 
indicadores de desempenho. 
Estrutura básica das informações econômicas e socioambientais no 
modelo sugerido pelo GRI: 
 
1 Visão e Estratégia (declaração da visão e da estratégia da organização 
referente à sua contribuição para o desenvolvimento sustentável); 
2 Perfil da Organização (nome, principais produtos e serviços, estrutura, 
mercados, porte e outros); 
3 Escopo do relatório (pessoa e dados para contato, período a que se referem 
as informações, data do relatório anterior, abrangência e outros); 
4 Perfil do relatório (critérios empregados na elaboração do relatório e dos 
indicadores); 
5 Estrutura de Governança 
6 Engajamento das Partes Interessadas (relacionamento e procedimentos em 
relação às partes interessadas); 
7 Políticas Abrangentes e Sistemas de Gestão 
8 Sumário de Conteúdo da GRI (títulos dos capítulos do modelo, indicando a 
página e seus indicadores); 
9 Indicadores de Desempenho 
 
O modelo proposto pelo IBASE, GRI e Instituto ETHOS, trazem 
informações estratégicas para a empresa. Comparando os três modelos, à 
estrutura de Balanço Social criada pelo ETHOS e GRI é a que mais apresenta 
semelhança entre si. O modelo do IBASE é o mais adotado pelas empresas, com 
mínimas adaptações, pela sua simplicidade e objetividade em abordar e 
estruturar os indicadores. Em analogia a esses três modelos, eles apresentam 
mais pontos semelhantes do que divergentes. Os indicadores sociais, 
ambientais e do corpo funcional são figuras presentes nos três modelos 
recebendo terminologias diferentes. 
A análise do Balanço Social é realizada em conformidade com as técnicas 
já consagradas de análise de balanço como a análise vertical e horizontal. Para 
garantir a credibilidade e confiança das informações contidas no Balanço Social, 
ele passa pelo processo de auditoria, visto que esta constitui um instrumento de 
grande valia para a seguridade dos agentes sociais e empresariais em relação 
às atividades desenvolvidas pela empresa. 
 
16 
 
 
BALANÇO SOCIAL: AS PESSOAS (RECURSOS HUMANOS). 
 
 
Por muito tempo, ter um emprego, ter quem empregasse era por si só um 
grande benefício. A escassez de empregos induzia as pessoas a sacrifícios 
exagerados para a manutenção dos mesmos. Os cargos disponíveis eram 
largamente disputados em troca de uma remuneração irrisória, sem qualquer 
condição de segurança ou de saúde ocupacional, muitas vezes obrigando 
crianças ao trabalho para a complementação da renda familiar mínima. Sabe-se 
que esta não é uma situação totalmente extinta, porém, quantitativamente houve 
grandes avanços. 
Este tipo de situação contribuiu fortemente para a degeneração do ser 
humano no que tangia o seu convívio na sociedade e mesmo na vida familiar, 
uma vez que eram condenados à marginalidade e à abstinência de fatores 
elementares para sobrevivência. 
Por força das pressões dos movimentos sindicalistas, governamentais, de 
direitos humanos surgiu a consciência de responsabilidade social, também sob 
este aspecto. Atualmente, com maior ou menor nível de escassez de cargo, as 
empresas são obrigadas à implementação e manutenção de condições 
adequadas quanto a segurança e saúde ocupacional de seus funcionários, bem 
como, estão proibidas de utilizar mão-de-obra infantil (obviamente há casos de 
transgressões) e também, tem de limitar a ocupação de seus funcionários a 8 
horas diárias ou até menos, conforme as características da atividade 
desenvolvida. 
Aliado a isto, as entidades de classe passaram a exigir remunerações 
condizentes com os cargos ocupados, na forma direta (salários) ou indireta 
(planos de assistência médica, auxílio transporte, “vales refeição”, cesta básica 
alimentar, auxílio natalidade, salário família etc.). O conjunto destes fatores que 
remuneram o trabalho da mão-de-obra empregada resulta na satisfação, 
realização e valorização pessoal do trabalhador social, econômica e 
psicologicamente e, por conseguinte da sociedade como um todo. 
O empresariado conscientizou-se de que benefícios adicionais aos 
determinados por lei (e também, por força das pressões externas) eram 
necessários para estimular seus colaboradores. Sob o ponto de vista 
empresarial, estes benefícios visam a otimização dos resultados esperados das 
atividades. Apesar das resistências iniciais quanto à sua instituição, percebe-se 
que eles contribuem para a produtividade da empresa. 
A assistência médica oferecida pelas empresas reduz as ausências dos 
funcionários, fazendo com que estes recorram em número bem menor aos 
serviços públicos de saúde, os quais, abarrotados pela imensa procura e 
carentes de profissionais para atendimento, consumiam grande parte do tempo 
de seus usuáriossomente em filas de espera. O fornecimento de refeições, ou 
de “vale alimentação” contribuiu para a “melhor” alimentação dos empregados, 
ainda que em alguns casos esteja distante da necessidade real destes e de seus 
familiares e, consequentemente, resultou em mais forças e energia para a 
execução das tarefas. Os programas de treinamento profissional e de formação 
básica refletem na produtividade à medida que, mais esclarecidos, os 
funcionários incorrem em menor quantidade de erros. A limitação da carga 
horária de trabalho diário em geral e, por profissões específicas, de acordo com 
17 
 
as características das atividades, também é um fator fundamental na redução de 
falhas, diante das melhores condições físicas de que dispõe um trabalhador que 
tem as horas adequadas para o necessário descanso. A ajuda de custo para 
transportes também é um fator decisivo nas condições físicas do empregado que 
muitas vezes se via obrigado, em função de baixa remuneração, a percorrer 
longas distâncias a pé. A cesta alimentar também constitui fator estimulante para 
os funcionários, pois como os demais benefícios representa um complemento 
salarial, o qual muitas vezes serve para aliviar as preocupações do trabalhador 
com os recursos para sua alimentação mínima e de seus familiares, revertendo 
portanto em maior atenção para o processo operacional da empresa 
Voltando-se aos aspectos sociais, a concessão destes benefícios reflete 
a responsabilidade social da empresa no que tange à contribuição para a 
melhoria das condições de vida da sociedade, essencialmente dos habitantes da 
comunidade onde está instalada. 
Muitas vezes se ouve dizer que esta é uma responsabilidade do governo. 
Todavia, há lógica em se esperar que a empresa proporcione benefícios em 
troca dos que obtém em função da permissão de instalação e de continuidade, 
dos serviços prestados pelos funcionários e de sua aceitação pela sociedade. 
Trata-se da velha premissa de que “é dando que se recebe”. 
Obviamente, fazer não basta, é preciso fazer certo e mostrar que fez. 
Assim, na configuração do Balanço Social, propõe-se que a empresa demonstre 
a quantidade de funcionários que emprega, sua distribuição por sexo, idade, 
formação escolar, cargos ocupados; total da remuneração, benefícios oferecidos 
como: treinamento, assistência médica e social, auxílio alimentar (vale refeição 
e cesta básica alimentar), transporte, bolsas de estudos. Estas informações, 
além de evidenciarem a responsabilidade social da empresa, pode auxiliar no 
processo de melhorias dos serviços públicos, na medida que são identificados 
os setores não atendidos, ou menos beneficiados. Por exemplo, se a empresa 
mantém escola de nível básico para seus funcionários, familiares destes e para 
a comunidade local, a Prefeitura do município poderá realocar os recursos que 
seriam utilizadas nestes serviços para outras áreas carentes, como a saúde, o 
saneamento básico, transportes coletivos etc. ou aplicar na própria área 
educacional de forma a atender satisfatoriamente a parcela da população não 
atendida. Em outro caso, se a empresa sediada em área afastada propicia o 
transporte de seus funcionários, o governo municipal poderá aplicar os recursos 
destinados à implementação e manutenção dos transportes públicos em outras 
áreas (como a pavimentação, por exemplo) ou pelo menos reduzir o seu gasto 
de recursos nesta finalidade. 
Sob os aspectos educacionais, via de regra, nota-se um descompasso 
entre as necessidades de formação na vida profissional e o currículo escolar. A 
informação quanto à formação escolar e cargos ocupados pode servir de 
direcionadores para a correção dos programas escolares, de forma a atender as 
necessidades evidenciadas. 
Os dados relativos à composição da mão-de-obra, por idade e sexo pode 
deixar evidenciadas as carências existentes quanto às faixas etárias e sexo não 
absorvidos. Com isso, as providências governamentais podem ser agilizadas 
para a busca de uma solução. Ou mesmo, pode estimular a criação de novas 
atividades econômicas que possam ser desenvolvidas com a referida mão de 
obra não utilizada. 
18 
 
O Balanço dos Recursos Humanos empregados e beneficiados pelas 
empresas poderá ser elaborado pela Contabilidade em conjunto com o 
departamento responsável pela administração dos recursos humanos da 
empresa. O perfil da força de trabalho e os benefícios que lhe são 
proporcionados poderão ser definidos em conjunto e correlacionados com os 
eventos e transações econômico-financeiros que afetam a situação patrimonial 
e resultados, de forma a demonstrar o retorno auferido pela empresa, como 
aumento de produtividade, redução de gastos com departamento médico e até 
valorização do patrimônio da entidade. É de se lembrar que para muitas 
empresas os recursos humanos que elas empregam constituem o seu mais 
valioso ativo. 
 
 
 
19 
 
 
 
DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO BRUTO (DVA). 
 
 
1. Introdução 
 
Entre outras questões importantes, o Balanço Social, demonstra também 
os valores recolhidos ao fisco, a esse respeito, vimos diariamente notícias a 
respeito da alta carga tributária brasileira, sem contundo apontar 
detalhadamente o quanto arca uma empresa/setor com impostos em relação a 
sua receita, daí decorre a necessidade da elaboração da DEMONSTRAÇÃO DO 
VALOR ADICIONADO pelas organizações. Essa demonstração evidencia de 
forma transparente esse valor gerado e sua repartição aos segmentos 
beneficiários, que são pessoal, Estado, acionistas e financiadores externos. 
Foi a partir de meados dos anos 70 e basicamente nos anos 80, diversos 
pesquisadores defenderam a ampliação do Balanço Social, apresentando a 
sociedade uma nova demonstração, que denominaram de Demonstração do 
Valor Adicionado (agregado). Esta revela a comunidade a nova riqueza criada 
pelas organizações, ou seja, o valor de sua produção vendida deduzida dos bens 
e serviços adquiridos de terceiros, bem como sua repartição aos agentes sociais 
envolvidos na geração do valor agregado. 
Do ponto de vista microeconômico, poder-se-ia dizer que o valor 
adicionado de uma empresa é o quanto de riqueza ela pode agregar aos insumos 
de sua produção que foram pagos a terceiros, inclusive os relativos as despesas 
de depreciação. 
 
2. Valor Adicionado: conceito econômico versus conceito contábil. 
 
As diferenças entre os conceitos de valor adicionado adotados pela 
contabilidade e economia são enormes. A contabilidade, por exemplo, para 
cálculo do valor adicionado, parte do valor das vendas, enquanto a economia, 
no critério utilizado pelo IBGE, considera o valor da produção. Nesse aspecto, já 
se pode notar que, dependendo da forma pela qual é feita a avaliação. 
Imagina-se uma empresa que em determinado período, não consiga 
realizar nenhuma venda. Dentro do conceito contábil, nesse período, o valor 
adicionado por essa empresa, isto é, a sua riqueza gerada e distribuída por ela, 
será igual a zero. Nesse aspecto, o conceito econômico é mais consistente que 
o contábil e apresentaria como valor adicionado, dentro dos critérios do conceito 
de produção entre o valor de mercado e os insumos pagos a terceiros no 
processo produtivo. Essa diferença pode ser reconciliada e não deverão 
constituir impedimento para que se use o conceito contábil de valor adicionado. 
 
3. Finalidade 
A principal função da DVA é identificar e divulgar o valor da riqueza 
gerada por uma entidade e a forma pela qual essa riqueza foi distribuída 
entre os diversos setores que contribuíram, direta ou indiretamente, pra a 
20 
 
sua geração. Ou seja, a DVA é destinada a evidenciar de forma concisa, os 
dados e as informações do valor da riqueza gerada pela entidade, em 
determinado período, e a sua distribuição. As informações devem ser extraídas 
da contabilidade e os valores informadosdevem ter como base o Princípio 
Contábil da Competência. 
O valor adicionado (ou valor agregado) constitui-se de receitas obtidas 
pela empresa, em razão de suas atividades deduzidas dos custos dos bens 
e serviços adquiridos de terceiros para a geração dessas receitas. O valor 
adicionado demonstra a contribuição da empresa para a geração de riqueza da 
economia, resultado do esforço conjugado de todos os seus fatores de produção. 
A DVA evidencia os aspectos econômicos e social do valor adicionado. Sob 
a ótica econômica, expressa o desempenho da entidade na geração da riqueza 
e a sua eficiência na utilização dos fatores de produção, comparando os valores 
de saída com os valores de entrada. Sob o ponto de vista social, demonstra a 
forma de distribuição da riqueza gerada: a participação dos empregados, do 
governo, dos agentes financiadores e dos acionistas, além da parcela retida pela 
empresa. 
4. Legislação 
Com a publicação da Lei nº 11.638/2007, houve a inclusão da DVA no 
conjunto de demonstrações financeiras elaboradas, divulgadas e que devem ser 
aprovadas pela assembleia geral ordinária. 
Em ambos os casos, tanto a DFC quanto a DVA, a Lei nº 11.638/2007 
(art. 7º) permite que no primeiro exercício social, essas demonstrações sejam 
divulgadas sem a indicação dos valores referentes ao ano anterior. Contudo a 
CVM entende que as companhias que já vinham divulgando essas 
demonstrações (até 31/12/2007 era facultativo), deverão divulga-las com a 
indicação dos valores dos exercícios anteriores. 
Paras as sociedades de grande porte, isto é, empresas com ativo superior 
a R$ 240 milhões ou receita bruta anual superior a R$ 300 milhões, ainda que 
não constituídas sob a forma de sociedades por ações, são obrigadas à 
elaboração de demonstrações financeiras, que deverão sofrer auditoria 
independente. 
Há que ressaltar: as empresas de grande porte fechadas não estão 
obrigadas a publicar suas demonstrações financeiras. Essas empresas estão 
obrigadas apenas a elaborar essas demonstrações. Já as empresas de grande 
porte abertas são obrigadas a elaborar e publicar suas demonstrações 
financeiras. Além disso, todas as empresas de grande, abertas ou fechadas, são 
obrigadas a sofrer auditoria independente. 
 
Resumindo: 
Companhias DVA 
Abertas Obrigatória a partir de 01/01/2008 
Fechadas Facultativa 
Grande porte (abertas ou fechadas) Obrigatória a partir de 01/01/2008 
 
21 
 
A Resolução do CFC nº 1.138/2008 aprovou a NBC T 3.7 – Demonstração 
do Valor Adicionado, cujo objetivo é estabelecer critérios para a elaboração e 
apresentação da Demonstração do Valor Adicionado (DVA), a qual representa 
um dos elementos componentes do Balanço Social e tem por finalidade 
evidenciar a riqueza criada pela entidade e sua distribuição, durante determinado 
período. 
5. Alcance e apresentação 
A entidade deve elaborar a DVA e apresenta-la como parte integrante das 
suas demonstrações contábeis divulgadas ao final de cada exercício social. A 
elaboração da DVA consolidada deve basear-se nas demonstrações e 
evidenciar a participação dos sócios não controladores. 
A DVA deve proporcionar, aos usuários das demonstrações contábeis, 
informações relativas a riqueza criada pela entidade em determinado período e 
a forma como tais riquezas foram distribuídas. 
A distribuição da riqueza criada deve ser detalhada, minimamente, da 
seguinte forma: 
 Pessoal e encargos; 
 Impostos, taxas e contribuições; 
 Juros e aluguéis; 
 Juros sobre o capital próprio (JCP) e dividendos; 
 Lucros retidos/prejuízos do exercício. 
6. Definições 
 Valor adicionado: representa a riqueza criada pela empresa, de forma 
geral, medida pela diferença entre o valor das vendas e os insumos 
adquiridos de terceiros. Inclui também o valor adicionado recebido em 
transferência, ou seja, produzido por terceiros e transferido a entidade. 
 Receita de vendas de mercadorias, produtos e serviços: representa 
os valores reconhecidos na contabilidade, a esse título pelo Regime de 
Competência e incluídos na demonstração do resultado do período. 
 Outras receitas: representam os valores que sejam oriundos, 
principalmente, de baixas por alienação de ativos não circulantes, tais 
como resultados na venda de imobilizado, de investimentos, e outras 
transações incluídas na demonstração do resultado do exercício, que não 
configuram reconhecimento de transferência à entidade de riqueza criada 
por outras entidades. Diferentemente dos critérios contábeis, também 
incluem valores que não transitam pela demonstração do resultado, 
como, por exemplo, aqueles relativos à construção de ativos para uso 
próprio da entidade e aos juros pagos ou creditados que tenham sido 
incorporados aos valores dos ativos de longo prazo (normalmente, 
imobilizados). No caso de estoques de longa maturação, os juros, a eles 
incorporados, deverão ser destacados como distribuição da riqueza no 
momento em que os respectivos estoques forem baixados; dessa forma, 
não há que se considerar esse valor como outras receitas. 
 
22 
 
 Insumos adquiridos de terceiros: representa os valores relativos às 
aquisições de matérias-primas, mercadorias, materiais, energia, serviços, 
etc., que tenham sido transformados em despesas do período. Enquanto 
permanecerem nos estoques, não compõem a formação da riqueza 
criada e distribuída. 
 Depreciação, amortização e exaustão: representam os valores 
reconhecidos no período e, normalmente, utilizados para conciliação 
entre fluxo de caixa das atividades operacionais e o resultado líquido do 
exercício. 
 Valor adicionado recebido em transferência: representa a riqueza que 
não tenha sido criada pela própria entidade, e sim por terceiros, e a ela 
são transferidas, como por exemplo, receitas financeiras, de equivalência 
patrimonial, dividendos, aluguel, royalties, etc. Precisa ficar destacado, 
inclusive para evitar dupla contagem em certas agregações. 
 
7. Conteúdo e Estrutura 
 
A DVA deve ser apresentada de forma comparativa, mediante a 
divulgação simultânea de informações do período atual e do anterior. 
A DVA deve evidenciar os componentes a seguir: 
 A receita bruta, as outras receitas e provisão para créditos de liquidação 
duvidosa (constituição e reserva); 
 Os insumos adquiridos de terceiros; 
 Depreciação, amortização e exaustão; 
 Os valores adicionados recebidos em transferência; 
 Valor total adicionado a distribuir; e 
 Distribuição do valor adicionado 
7.1. Formação da riqueza 
A DVA em sua primeira parte, deve apresentar de forma detalhada a riqueza criada pela 
entidade. Os principais componentes da riqueza criada estão apresentados nos 
seguintes itens: 
 
Receitas 
 
 Vendas de mercadorias, produtos e serviços: inclui (não descontar) os 
valores dos tributos incidentes sobre essas receitas (por exemplo, ICMS, 
IPI, PIS e Cofins), ou seja, corresponde ao ingresso ou faturamento bruto, 
mesmo quando na demonstração do resultado tais tributos estejam fora 
do cômputo dessas receitas. 
 Outras receitas: da mesma forma que o item anterior, inclui os tributos 
incidentes sobre essas receitas. 
 Provisão para créditos de liquidação duvidosa: Constituição/reserva – 
inclui os valores relativos à constituição e reversão dessa provisão. 
 
23 
 
Insumos adquiridos de terceiros 
 Custo dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos: inclui 
os valores das matérias-primas adquiridas junto a terceiros e contidas no 
custo do produto, das mercadorias e dos serviços vendidos e adquiridos 
de terceiros; não inclui gastos com pessoal próprio; 
 Materiais, energia, serviços de terceiros e outros: inclui valores 
relativos às despesas originadas da utilização desses bens, utilidades e 
serviços adquiridos junto a terceiros. Nos valoresdos custos dos produtos 
e mercadorias vendidas, como materiais, serviços, energia, etc. 
consumidos, devem ser considerados os tributos incluídos no momento 
das compras (por exemplo, ICMS, IPI, PIS e Cofins), recuperáveis ou não. 
Esse procedimento é diferente das práticas utilizadas na demonstração 
do resultado. 
 Perda e recuperação de valores ativos: inclui valores relativos a ajustes 
por avaliação a valor de mercado de estoques, investimentos, etc. 
Também devem ser incluídos os valores reconhecidos no resultado do 
período, tanto na constituição quanto na reversão de provisão para 
perdas, por desvalorização de ativos, conforme NBC t 19.10 – Redução 
ao Valor Recuperável de Ativos (se no período o valor líquido for positivo, 
deve ser somado). 
Depreciação, amortização e exaustão 
 
Inclui a despesa ou o custo contabilizados no período. 
 
Valor adicionado recebido em transferência 
 
 Resultado da equivalência patrimonial: O resultado da equivalência 
pode representar receita ou despesa; se despesa, deve ser considerado 
como redução ou valor negativo; 
 Receitas financeiras: inclui todas as receitas financeiras, inclusive as 
variações cambiais ativas, independentemente de sua origem. 
 Outras receitas: inclui os dividendos relativos a investimentos avaliados 
ao custo, aluguéis, direito de franquia, etc. 
7.2. Distribuição de riqueza 
A segunda parte da DVA deve apresentar, de forma detalhada, como a 
riqueza obtida pela entidade foi distribuída. Os principais componentes dessa 
distribuição estão apresentados a seguir: 
 
Pessoal 
 
Valores apropriados ao custo e ao resultado do exercício na forma de: 
 Remuneração direta: representada pelos valores relativos a salários, 13º 
salário, honorários da administração (inclusive os pagamentos baseados 
24 
 
em ações), férias, comissões, horas extras, participação de empregados 
nos resultados, etc.; 
 Benefícios: representados pelos valores relativos a assistência médica, 
alimentação, transporte, planos de aposentadoria, etc.; 
 FGTS: representado pelo depósitos em conta vinculada aos empregados. 
 
Impostos, taxas e contribuições 
 
Valores relativos ao imposto de renda, contribuição social sobre o lucro, 
contribuições ao INSS (incluídos aqui os valores do Seguro de Acidentes do 
Trabalho), que sejam ônus do empregador, bem como os demais impostos e 
contribuições a que a empresa esteja sujeita. 
Para os impostos compensáveis, tais como ICMS, IPI, PIS e Cofins, 
devem ser considerados apenas os valores devidos ou já recolhidos, que 
representam a diferença entre os impostos e contribuições incidentes sobre as 
receitas e os respectivos valores incidentes sobre os itens considerados como 
“insumos adquiridos de terceiros”. 
 Federais: inclui os tributos devidos à União, inclusive aqueles que são 
repassados no todo ou em parte aos Estados, Municípios, Autarquias, 
etc., tais como: IRPJ, CSSL, IPI, Cide, PIS, Cofins. Inclui também a 
contribuição sindical patronal. 
 Estaduais: inclui os tributos devidos aos Estados, inclusive aqueles que 
são repassados no todo ou em parte aos Municípios, Autarquias, etc., tais 
como ICMS e IPVA. 
 Municipais: inclui os tributos devidos aos Municípios, inclusive aqueles 
que são repassados no todo ou em parte às Autarquias ou quaisquer 
outras entidades, tais como o ISS e o IPTU. 
 
Remuneração de capitais de terceiros 
 
Valores pagos ou creditados aos financiadores externos de capital. 
 Juros: inclui as despesas financeiras, inclusive as variações cambiais 
passivas, relativas a quaisquer tipos de empréstimos e financiamentos 
junto a instituições financeiras, empresas do grupo ou outras formas de 
obtenção de recursos. Inclui os valores que tenham sido capitalizados no 
período. 
 Aluguéis: inclui os alugueis (inclusive as despesas com arrendamento 
operacional), pagos ou creditados a terceiros. 
 Outras: inclui outras remunerações que configurem transferência de 
riqueza a terceiros, mesmo que originadas em capital intelectual, tais 
como royalties, franquia, direitos autorais, etc. 
Remuneração de capitais próprios 
 
Valores relativos à remuneração atribuída aos sócios e acionistas. 
25 
 
 Juros sobre o Capital Próprio (JCP) e dividendos: inclui os valores 
pagos ou creditados aos sócios e acionistas por conta do resultado do 
período, ressalvando-se os valores dos JCP transferidos para conta de 
reserva de lucros. Devem ser incluídos apenas os valores distribuídos, 
com base no resultado próprio do exercício, desconsiderando-se os 
dividendos distribuídos, com base em lucros acumulados de exercícios 
anteriores, uma vez que já foram tratados como “lucros retidos” no 
exercício em que foram gerados. 
 Lucros retidos e prejuízos do exercício: inclui os valores relativos ao 
lucro do exercício destinado às reservas, inclusive os JCP, quando 
tiverem esse tratamento; nos casos de prejuízo, esse valor deve ser 
incluído com sinal negativo. 
As quantias destinadas aos sócios e acionistas, na forma de JCP, 
independentemente de serem registradas como passivo (JCP a pagar) ou como 
reserva de lucros, devem ter o mesmo tratamento dados aos dividendos, no que 
diz respeito ao exercício a que devem ser imputados. 
7.3. Casos especiais – alguns exemplos 
Depreciação de itens reavaliados ou avaliados ao valor justo (fair value) 
 
A avaliação e a reavaliação de ativos ao seu valor justo provocam 
alterações na estrutura patrimonial da empresa e, por isso, normalmente 
requerem o registro contábil dos seus efeitos tributários. 
Os resultados da empresa são afetados sempre que houver a realização 
dos respectivos ativos reavaliados ao valor justo. Quando a realização de 
determinado ativo ocorrer pelo processo normal de depreciação, por 
consequência, a DVA também é afetada. Assim, no momento em que for 
concluída a reavaliação ou a avaliação ao valor justo, deve-se incluir esse valor 
como “outras receitas” na DVA, bem como se reconhecem os respectivos 
tributos na linha própria de impostos, taxas e contribuições. 
 
Ajustes de exercícios anteriores 
 
Os ajustes de exercícios anteriores, decorrentes de efeitos provocados 
por erro imputável a exercício anterior ou de mudança de critérios contábeis que 
vinham sendo utilizados pela entidade, devem ser adaptados na demonstração 
de valor adicionado relativa ao período mais antigo, apresentado para fins de 
comparação, bem como se a nova prática contábil estivesse sempre em uso ou 
o erro fosse corrigido. 
 
Ativos construídos pela empresa para uso próprio 
 
A construção de ativos, dentro da empresa e para seu próprio uso, é 
procedimento comum. Nessa construção, diversos fatores de produção são 
utilizados, inclusive a contratação de recursos externos (por exemplo, materiais 
e mão de obra terceirizada) e a utilização de fatores internos como mão de obra, 
com os consequentes custos, que essa contratação e utilização provocam. 
26 
 
Para elaboração da DVA, essa construção equivale a produção vendida 
para a própria empresa e, por isso, seu valor contábil integral precisa ser 
considerado como receita. A mão de obra, própria e alocada, é considerada 
como distribuição dessa riqueza existente e eventuais juros ativos e tributos 
também recebem esse mesmo tratamento. Os gastos com serviços de terceiros 
e materiais são apropriados como insumos. 
A medida que tais ativos entrem em operação, a geração de resultados 
desse recebe tratamento idêntico aos resultados gerados por qualquer outro 
ativo adquirido de terceiros; portanto, sua depreciação também deve receber 
igual tratamento. 
Para evitar o desmembramento das despesas de depreciação, na 
elaboração da DVA, entre os componentes que serviram de base para o 
respectivo registro do ativo construído internamente (materiais diversos,mão de 
obra, impostos, aluguéis e juros), os valores gastos nessa construção devem, no 
período da construção, ser tratados como Receitas relativas à construção de 
ativos próprios. Da mesma forma, os componentes de seu custo devem ser 
alocados na DVA, seguindo-se suas respectivas naturezas. 
Referido procedimento de reconhecimento dos valores gastos, no 
período, como outras receitas, além de aproximar o conceito econômico de valor 
adicionado, evita controles complexos adicionais, que podem ser custosos, 
durante toda a vida útil econômica do ativo. 
 
Distribuição de lucros relativos a exercícios anteriores 
 
A Demonstração do valor Adicionado está estruturada para ser elaborada 
a partir da Demonstração do Resultado do período. Assim, há uma estreita 
vinculação entre essas duas, que deve servir para sustentação da consistência 
entre elas. Mas a vinculação tem também uma interface com a Demonstração 
dos Lucros ou Prejuízos Acumulados, na parte em que movimentações nessa 
conta dizem respeito à distribuição do resultado do exercício, apurado na 
demonstração própria. 
A entidade é livre, dentro dos limites legais, para distribuir seus lucros 
acumulados, sejam eles oriundos do próprio exercício ou de exercícios 
anteriores. Pela vinculação referida no item anterior, os dividendos que 
compõem a riqueza distribuída pela entidade devem, porém, restringir-se 
exclusivamente à parcela relativa aos resultados do próprio período. Dividendos 
distribuídos, relativos a lucros de períodos anteriores, não são considerados, 
pois já figuraram como lucros retidos naqueles respectivos períodos. 
 
27 
 
DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO (MODELO) 
 
 
DESCRIÇÃO 
 
R$ % 
1 – RECEITAS 
1.1 – Vendas de mercadorias, produtos e serviços 
1.2 – Outras receitas 
1.3 – Receitas relativas à construção de ativos próprios 
1.4 – Provisão para créditos de liquidação duvidosa – 
Reversão/Constituição 
 
2 – INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS 
(Inclui os valores dos impostos – ICMS, IPI, PIS e 
Cofins) 
 
2.1 – Custos dos produtos, das mercadorias e dos serviços 
vendidos 
 
2.2 – materiais, energia, serviços de terceiros e outros 
2.3 – Perda/Recuperação de valores ativos 
2.4 – Outras (especificar) 
3 – VALOR ADICIONADO BRUTO (1 – 2) 
4 – DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO 
5 – VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA 
ENTIDADE (3 – 4) 
 
6 – VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM 
TRANSFERÊNCIA 
 
6.1 – Resultado de equivalência patrimonial 
6.2 – Receitas financeiras 
6.3 – Outras 
7 – VALOR ADICIONADO, TOTAL A DISTRIBUIR (5 + 6) 
8 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO (igual ao 
item 7) 
 
8.1 – Pessoal 
8.1.1 – Remuneração direta 
8.1.2. – Benefícios 
8.1.3 – FGTS 
8.2 – Impostos, taxas e contribuições 
8.2.1 – Federais 
8.2.2 – Estaduais 
8.2.3 – Municipais 
8.3 – Remuneração de capitais de terceiros 
8.3.1 – Juros 
8.3.2 – Aluguéis 
8.3.3 – Outras 
8.4 – Remuneração de capitais próprios 
8.4.1 – Juros sobre o capital próprio 
8.4.2 – Dividendos 
8.4.3 – Lucros retidos / prejuízo do exercício 
8.4.4 – Participação dos não controladores nos lucros 
retidos (Só para consolidação) 
 
 
 
28 
 
Exercício 1 
 
Baseado nos fatos contábeis abaixo elabore a Demonstração do Valor 
Adicionado (DVA): 
 
1. Venda de mercadorias no valor total de R$ 90.000,00; 
2. Custo das mercadorias e vendas no valor de 70% da receita bruta de vendas; 
3. Tributos sobre vendas = 20% 
4. Venda de bem do ativo imobilizado, por R$ 31.000,00 (valor contábil do bem era 
de R$ 20.000,00); 
5. Saldo da conta Duplicatas a Receber = R$ 50.000,00. Foi constituída uma 
provisão para créditos de liquidação duvidosa de 2%; 
6. Despesas gerais e administrativas de R$ 17.000,00, sendo R$ 5.000,00 
referentes às despesas de depreciação e R$ 7.000,00 referentes às despesas 
com pessoal próprio; 
7. Perda na recuperação de valor de ativos de R$ 2.000,00; 
8. Ganho de equivalência patrimonial de R$ 5.000,00; 
9. Receitas financeiras de R$ 5.000,00; 
10. Despesas financeiras de R$ 2.000,00; 
11. Dividendos distribuídos no valor de R$ 5.000,00; 
12. Parcela do lucro do período, transferida para reserva de lucros de R$ 3.000. 
Exercício 2 
 
A partir da DRE a seguir, elabore a DVA. 
 
Receita Bruta de Vendas 20.000,00 
(-) ICMS s/ vendas (1.700,00) 
(-) PIS s/ Vendas (300,00) 
(-) Cofins s/ Vendas (500,00) 
Receita Líquida de Vendas 17.500,00 
(-) CMV (10.000,00) 
Lucro Bruto 7.500,00 
(-) Despesas de Salários (1.000,00) 
(-) Encargos Sociais – INSS (100,00) 
(-) Despesas de Juros (400,00) 
(-) Despesas de Depreciação (500,00) 
(+) Receitas de Dividendos 1.000,00 
Lucro Operacional Líquido 6.500,00 
(-) Provisão para Imposto de Renda (1.500,00) 
Lucro Líquido do exercício * 5.000,00 
 
 
(*) Do lucro líquido do exercício, R$ 3.000,00 foram destinados aos acionistas e R$ 
2.000,00 à constituição de reservas de lucros. 
 
29 
 
 
BALANÇO ECOLÓGICO E CONTABILIDADE AMBIENTAL 
 
 
1. Introdução 
A proteção ao meio ambiente vem-se tornando uma preocupação de 
numerosas empresas, de formadores de opinião e de parcela significativa da 
população, em várias partes do mundo. A preservação do meio ambiente 
converteu-se em um dos fatores de maior influência da década de 90, com 
grande rapidez de mercado. Assim, as empresas começam a apresentar 
soluções para alcançar o desenvolvimento sustentável e ao mesmo tempo 
aumentar a lucratividade de seus negócios. 
A Contabilidade, principal sistema de informação de uma organização, 
não pode desconhecer essa realidade. Este assunto, porém, por ser novo e 
complexo, implica uma série de dificuldades para os Contadores, especialmente 
no que tange às apropriações com os gastos realizados ou a realizar para 
estabelecer o equilíbrio ambiental. 
2. O balanço ambiental 
Este balanço, que tem sua origem no balanço social, pode, às vezes, 
comportar informações físicas e monetárias. O fulcro de tal apresentação é 
duplo: 
 Os reportes entre dados físicos e dados monetários devem permitir 
acumular, ao menos parcialmente, as insuficiências em matéria de 
avaliação. 
 A colocação em paralelo dos dois sistemas de dados permite evidenciar 
os custos específicos que representam os investimentos antipoluição 
segundo os setores. 
Em alguns setores, despoluir é pouco dispendioso, em outros, ao 
contrário, a obtenção dos mesmos resultados em matéria de despoluição revela-
se extremamente onerosa. 
Informa-nos Christophe que “por exemplo, a eliminação de matérias em 
suspensão na água custará 10 a 15 vezes mais caro numa refinaria de petróleo 
do que numa fábrica de laticínios”. 
A sociedade Rhône - Poulenc (França) desde 1988 divulga, no relatório 
anual, um índice ambiental relativo à poluição nos recursos hídricos. Deve-se ter 
presente, como afirmaram Ernst & Young, que: “no limiar do novo milênio, além 
dos desafios de gerar lucros e satisfazer seus clientes, as empresas precisam 
estar atentas para o fato de que as questões ambientais devem ser tratadas 
como parte integrante de suas atividades”. 
Segundo as Nações Unidas, o primeiro passo a transpor consiste em 
separar as despesas ambientais de outras despesas e, objetivamente, mensurar 
o passivo ambiental das empresas. Esta individualização das despesas 
ambientais favorece a apresentação de quadros em termos financeiros dos 
balanços ambientais. No que tange ao passivo ambiental, permite avaliar, de 
30 
 
vez, os investimentos que poderão ser provisionados e alocados no balanço 
ambiental, bem como as provisões ambientais vinculadas ao valor adicionado 
negativo. 
3. Responsabilidade ambiental e corporativa 
Cada vez mais, a necessidade de informação é uma exigência da 
sociedade. As questões ambientais,

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