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0 BALANÇO SOCIAL ABORDAGEM INTRODUTÓRIA 1. Introdução O Balanço Social é um relatório que apresenta dados de projetos sociais e ambientais de forma quantitativa e qualitativa. Ele é feito anualmente por organizações que assumem a bandeira ou título de empresas preocupadas, não só com o lucro ou aumento do ativo, mas também com o desenvolvimento da sociedade como um todo. O Balanço Social surgiu como uma exigência, ou melhor dizendo, um clamor da sociedade nos Estados Unidos e na Europa para que as empresas tivessem mais responsabilidade social. Num planeta se encaminhando para a globalização, a sociedade começou a pressionar as empresas a prestar contas e os empresários viram no Balanço Social uma forma de destacar sua marca, produto e imagem e assim, montaram modelos diferentes em suas respectivas nações, destacando-se os Estados Unidos e a França. Os modelos de relatórios eram parecidos com o Balanço Contábil. No Balanço ou Relatório social, a organização destaca sua contribuição para a educação, formação, qualificação profissional, consciência ambiental, entre outros assuntos relacionados ao bem estar social. No Brasil, o Balanço Social foi discutido na década de 70, como uma nova ferramenta de gestão e de esperança de uma sociedade mais igualitária. O Balanço Social brasileiro veio ser influenciado pelos modelos norte-americano e europeu. Nesse movimento em favor do Balanço Social vem a se destacar o sociólogo Hebert de Souza, gestor a frete do IBASE, e criador em 1997 do selo que certifica as empresa que fazem o Balanço Social. Observa-se que há um interesse cada vez maior das organizações no sentido de arcar com responsabilidades em relação a seus stakeholders. A interação organização-sociedade cresce em importância no processo decisório de compra, na medida em que os consumidores estão mais atentos a responsabilidade cidadã que aquele produto ou serviço representa. 2. Balanço Social O balanço social é um demonstrativo publicado anualmente pela empresa, que reúne um conjunto de informações sobre os projetos, benefícios e ações sociais. Também pode ser usado para criar simpatia dos consumidores pela organização, sendo engajado em campanhas publicitárias, embalagens, e demais formas de impressionar o público alvo. No balanço social a organização mostra o que faz por seus stakeholders, ou seja, todos aqueles que de alguma forma se favorecem direta ou indiretamente das ações da empresa. A organização procura mostrar as atividades que presta com a finalidade de melhorar o padrão de vida de todos. Ou seja, seu principal objetivo é tornar pública a responsabilidade social da organização com o meio ambiente, sociedade e pessoas ligadas diretamente. O balanço social é uma ferramenta que deve ser construída por múltiplos profissionais para ter a capacidade de abranger a preocupação geral da 1 organização. Quanto mais pessoas participarem da formação do relatório, mais perto da realidade ele fica. 2.1. Histórico geral A ideia de responsabilidade social foi levantada entre o final do século XIX e início do século XX. Sua popularização ocorreu nos anos 60 nos EUA e na Europa, no Brasil só no início dos anos 80. Na década de 60 a sociedade norte-americana, em forma de protesto contra a guerra do Vietnã, começa a fazer boicote aos produtos e às ações das organizações envolvidas diretamente com o conflito. Essa hostilidade repercutiu na rejeição aos produtos das empresas que financiavam a guerra e ao governo atual. As organizações de sociedades civis disseminaram a ideia de que os armamentos bélicos prejudicavam o meio ambiente e impactavam negativamente na sobrevivência do homem. Então, as empresas envolvidas na guerra tiveram sua imagem desgastada e também por praticarem discriminação contra pessoas em função da raça e sexo no ambiente de trabalho nos EUA. O Balanço Social veio como alternativa para reverter essa imagem negativa perante os investidores e acionistas. Na Europa na década de 70, chega com o objetivo de integrar as organizações dos países membros da Comunidade Europeia, que viria ser mais tarde conhecida como União Europeia (UE). Três países se destacaram na Europa como pioneiros: Alemanha, França e Inglaterra. A empresa STEAG em 1971 na Alemanha foi a primeira que publicou um relatório em forma de balanço com suas atividades sociais. Porém, foi na França em 1972, que surgiu realmente o que pode ser chamado de primeiro Balanço Social publicado pela multinacional SINGER. A França aprovou em 12 de julho de 1977, a lei 77/769, que tornava obrigatória a realização anual para empresas com mais de 700 funcionários. Posteriormente esse número veio a cair para 300 funcionários. Essa lei vem na busca do aprimoramento e consolidação de um Balanço Social elaborado de uma forma mais sistemática. 2.2. Introdução e histórico no Brasil No Brasil, essa nova visão social chegou por meio da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE), através da publicação em 1975 da “Carta de Dirigentes Cristãos de Empresas”. No final da década de 70 e durante a década de 80, a Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social (FIDES) se destaca por criar um modelo de Balanço Social com estrutura adaptada a realidade do Brasil. O Balanço Social brasileiro sofreu influências do modelo norte-americano e europeu na sua composição. A FIDES, em abril de 1980 organizou no Brasil um Seminário Internacional sobre Balanço Social com especialistas vindos da Alemanha, Argentina, Chile, Colômbia, Espanha, Estados Unidos e Uruguai. Cada país apresentou seu modelo, porém o modelo apresentado pelo Brasil foi considerado o mais adequado à realidade. 2 No final do Seminário foi apresentado o livro: “Balanço Social na América Latina”. Durante 10 anos após o Seminário, a FIDES fez um intenso trabalho para incentivar as organizações a fazer o Balanço Social. Entre 1982 e 1986, duas organizações se destacaram: a primeira foi o Grupo Telebras, que fez experiência inicial com algumas empresas dentro do grupo de forma piloto e depois expandido para as demais. A empresa estatal NITROFÉRTIL na Bahia no ano de 1984 foi considerada a primeira empresa a lançar um documento de caráter social com o nome de Balanço Social. No entanto, só a partir da década de 90 algumas organizações começaram a levar a sério o Balanço Social. O Banespa, por exemplo, também adotou o Balanço em 1992. Em 1997, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho e o Instituto Brasileiro de Análise Econômico (IBASE) fizeram uma campanha de conscientização, com apoio de executivos, da importância do balanço social para as organizações e sociedade. Em 1998, em parceria com o IBASE e empresas públicas e privadas, foi criado o selo do IBASE/Betinho, certificando as empresas que fazem o Balanço Social. Esse selo é conferido às empresas que seguem o modelo sugerido IBASE, dentro da metodologia e critérios propostos. Atualmente, o assunto possui uma vasta literatura e recebe vários sinônimos como: responsabilidade social corporativa, cidadania corporativa, cidadania empresarial. O termo é considerado como uma postura voltada para a prática de promover o bem. Nesse caso as ações sociais revelam um comprometimento em transformar o social mediante a compreensão dos problemas e da importância da comunidade, ou seja, a empresa socialmente responsável observa sua razão de existir além de visar ao lucro comprometendo- se em cooperar por uma transformação social que quebre as barreiras das injustiças. Políticas Sociais promovidas pelas empresas acontecem por meio de: comprometimento com os interesses públicos; criação de ofertas de empregos; estímulo aos funcionários a sensibilizarem-se com as questões sociais; valorização e favorecimento dostalentos dos funcionários; garantia da lisura da boa imagem Institucional da empresa. Então, a ideia de responsabilidade social é bastante abrangente envolvendo a preocupação com os funcionários, preservação do meio ambiente, respeito à diversidade social, entre outras. A empresa para ser designada como empresa socialmente responsável adota projetos na área social (educação e saúde), proteção ao meio ambiente, igualdade nas oportunidades de empregos, doações para ajudar em campanhas e patrocínios de associações e eventos. A riqueza da empresa, denominada contabilmente como patrimônio, está relacionada à imagem da empresa perante o consumidor. A prática da responsabilidade social, espontânea ou por pressão de grupos ambientalistas, atualmente não se constitui apenas em uma tendência, uma vez que a empresa que se preocupa em realizar projetos sociais detém vantagem competitiva em relação às outras, já que a responsabilidade social liga-se a imagem da empresa e aos produtos. Diante do contexto, a figura do Balanço social torna-se ferramenta facilitadora para transparecer as ações sociais e nortear decisões específicas na empresa. No Brasil, até então, sua publicação tinha caráter voluntário, exceto Rio Grande do Sul, pois não existia lei que obrigasse sua elaboração e publicação. Mas, a Lei Federal nº. 11.638 de 28 de dezembro de 2007, que 3 tornou obrigatória a elaboração e a publicação da Demonstração do Valor Adicionado para companhias abertas, logo, alcança Balanço Social, uma vez que a DVA é parte integrante do mesmo. Atualmente, não existe um modelo padrão de Balanço Social, por isso as empresas costumam adotar modelos propostos por institutos, como o do ETHOS, IBASE e GRI fazendo ou não algumas adaptações. 2.3. Por que é importante fazê-lo? Atualmente com o despertar dos Governos, Organizações empresariais e sociedade, referente à questão do desenvolvimento social e ambiental, o Balanço Social se tornou uma ferramenta importante para destacar as empresas que realmente estão alinhadas com a proteção dos recursos naturais e manutenção dos mesmos para as gerações futuras e na busca da igualdade social. Outra questão importante de salientar é que o BNDES não financia empresas que não tenham o Balanço Social ou Ambiental. No entanto existem outros tantos motivos para realizar o Balanço Social, como: Por que um demonstrativo da atitude ética é responsável por parte da empresa; Agrega valor ao nome da organização, além de atrair investidores, pois o Balanço demonstra que a empresa tem uma administração responsável e quer agregar valor junto aos consumidores; Diminui os riscos da organização na bolsa de valores, por que a organização demonstra transparência e responsabilidade. Hoje, papéis dessas empresas têm mais valor na bolsa, se destacando perante as outras organizações nacionais e internacionais que hoje começam adotar o Balanço Social para ganhar reconhecimento internacional; Serve de instrumento de avaliação, análise de mercado, investidores e órgãos de financiamento (BNDES, BID e IFC), portanto o Balanço Social se tornou um documento necessário para conhecer e avaliar riscos de uma empresa; O Balanço Social é mais um instrumento para o gestor de uma organização poder avaliar as atividades da empresa com relação ao ambiente interno e externo (colaboradores, sócios, gestores, clientes e fornecedores); Além de ser forma inovadora e politicamente correta para com a sociedade e com as pessoas que participam da vida da empresa. 2.4. Para quem fazê-lo? O objetivo das empresas que fazem o Balanço Social, além de gerar simpatia da comunidade para com a organização, é de diminuir a desigualdade social e preservar os recursos naturais no meio onde estão inseridas. Ou seja, desenvolver uma política de responsabilidade social na busca por um maior, melhor e mais justo desenvolvimento humano, social e ambiental. O balanço social é feito como uma prestação de contas da organização com todas as pessoas que estão ligadas com a empresa, ou seja, stakeholders. 4 Dirigentes: Mostra quais áreas que a organização já atuou a quais áreas que está atuando e ainda quais os resultados já alcançados, favorecendo à tomada de decisões relativas aos programas sociais que a organização ainda pode desenvolver. Colaboradores: Sua realização estimula a participação dos colaboradores nas ações que a empresa está realizando na sociedade, já que em enorme maioria os colaboradores estão dentro da sociedade onde a empresa está atuando. Além de estimular os funcionários à preservação ambiental poupando gastos da empresa e conscientizando a fazer essas práticas de economia de recursos naturais não renováveis em suas residências. Fornecedores: informa como a empresa encara suas responsabilidades, além de estimular também os fornecedores a ter uma responsabilidade social também. Investidores: Além de mostrar qual a situação da empresa, mostra todas as preocupações da organização com o futuro e a segurança que está se estabelecendo na comunidade onde está inserida. Expõe toda a preocupação ambiental e empresa que tem preocupação ambiental é empresa que tem mercado seguro nos dias de hoje. Consumidores: Passa a ideia de qual é a postura da organização e qual a qualidade do produto ou serviço oferecido, demonstrando o que a empresa está planejando para o crescimento da comunidade, gera simpatia dos consumidores pela marca da empresa. Estado: Ajuda os governantes a idealizar políticas públicas pensando nos benefícios produzidos pela empresa. Influencia na formulação de leis para favorecer a sociedade e programas semelhantes aos que a organização já possui. Empresa: A empresa é favorecida por vários motivos, o Balanço Social só acrescenta. Os consumidores ficam fieis, sabendo que a marca tem responsabilidades com o ambiente onde está inserido. Gera maiores investimentos de acionistas e investidores, já que a organização se mostrou saudável. Os colaboradores ficam com maior responsabilidade, já que a responsabilidade social da organização está sobre eles e assim eleva o nível de comunicação interna e externamente. O estado e órgão públicos facilitam benefícios para a empresa, já que está se mostrando responsável com a sociedade. Os fornecedores sabendo que a organização está saudável e preocupada com todos ao seu redor se torna uma empresa sólida, sustentando toda a cadeia, sendo um negócio certo para os fornecedores. Para finalizar, os relatórios sócio-ambientais têm a fundamentalização simples. As empresas se beneficiam ao não prestarem contas apenas aos seus acionistas, mas para todos os “stakeholders”. Enfim, como dizia Herbert de Souza: "o balanço social não tem donos, só beneficiários". 2.5. Filosofia Referente à filosofia, podemos dizer que cria elos entre a parte física e a psicológica das organizações. Estes elos entre a parte física e a psicológica podem ser observados, por exemplo, na adequação das máquinas ao 5 empregado, proporcionando uma melhor qualidade de vida no trabalho, além de propiciar um aumento da produtividade. Também podemos citar que consiste na capacitação de dar para o colaborador condições para se adaptar ao passo que a mudanças vão acontecendo, consiste em envolvê-lo nos programas da organização, de modo a torná-lo comprometido. As organizações devem voltar suas políticas internas principalmente ao bem estar dos colaboradores, mantendo o nível de satisfação deles na organização, ao passo que as políticas externas podem estar focadas em projetos de desenvolvimento da comunidade e o bem da sociedade como um todo. A filosofia do balanço social reza que não existe crescimento e modernização isolados: as novas exigências de qualidade e produtividadeimplicam esforços de cooperação e integração dos diversos agentes. Nenhum esforço isolado tende a dar resultado num contexto que exige integração cada vez maior: cada empresa faz parte de uma cadeia produtiva interdependente e cooperativa; os recursos humanos necessários, por sua vez, devem apresentar características diferentes daqueles que atendiam o paradigma da produção em massa; e o sistema educativo formal junto com o empresariado tornou-se co- responsáveis e solidários pelo sucesso das medidas adotadas, tendo por base, sobretudo, que a produtividade não está mais do lado do investimento material, mas do investimento humano, subjetivo. 2.6. Certificação e seus benefícios para a organização O formato do Balanço Social pode ser bem variado. Podem ser bem ilustrativos e luxuosos, causadores de grande impacto visual; ou apenas de dados numéricos que apenas relatam a preocupação sócio-ambiental da empresa. Em 1997, o sociólogo Herbert de Souza, mais conhecido como Betinho, começou em nosso país uma campanha pela divulgação voluntária do Balanço Social. No ano de 1998, o IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) e o Betinho entendendo que a simplicidade é a garantia do envolvimento do maior número de corporações, fazem parceria com inúmeras empresas públicas e privadas, para depois de diversas reuniões e debates com várias corporações de diferentes setores da sociedade, desenvolver um modelo que tenha a facilidade e simplicidade como vantagem para estimular as empresas a fazer seu Balanço Social, independentemente do tamanho da empresa. O IBASE também criou um selo de qualificação para as organizações que fizerem o Balanço Social conforme o modelo criado pela entidade. Se a forma com que as informações são criadas e dispostas no relatório não seguir um padrão mínimo, fica mais difícil de interpretar as ações sociais ao longo dos anos. Considera-se que fica mais fácil de interpretar o relatório se ele possuir predominância de dados expressos por números ou em valores. Obviamente que em determinadas situações não é fácil relacionar fatos sociais com valores numéricos, mas os indicadores desenvolvidos do modelo IBASE ajudam a fazer análises comparativas da própria empresa ao longo do tempo ou entre outras do mesmo setor. O modelo sugerido pelo IBASE tem a sociedade como um todo como o principal foco para entendimento dos processos e dos resultados alcançados ou dos projetos em andamento, na organização. 6 Através do Selo que as organizações recebem por seguir esse padrão, podem ser mostrado em seus anúncios, embalagens, balanço social, sites e campanhas publicitárias, entre outra formas de divulgação; certificando que a organização investe em educação, saúde, cultura, esportes e meio ambiente. O Selo Balanço Social IBASE/Betinho mostra para aqueles que ainda não viram o Balanço Social, que a organização tem responsabilidade social e é comprometida com a qualidade de vida da sociedade e do meio ambiente. Há três modelos-padrão de balanço social, ou relatório de sustentabilidade, disponíveis no Brasil, dois nacionais – um deles proposto pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e o outro pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social – e um internacional, sugerido pela Global Reporting Initiative (GRI). Todos visam definir as informações mínimas a serem publicadas para dar transparência às atividades da empresa. São eles: Modelo Ibase: Lançado em 1997, o Balanço Social com esse modelo inspira-se no formato dos balanços financeiros. Visa expor, de maneira detalhada, os números associados à responsabilidade social da organização. É feito em forma de planilha e reúne informações sobre a folha de pagamentos, os gastos com encargos sociais de funcionários e a participação nos lucros. Além disso, detalha as despesas com controle ambiental e os investimentos sociais externos nas diversas áreas — educação, cultura, saúde etc. Guia de Elaboração de Balanço Social do Instituto Ethos: Baseado num relato detalhado dos princípios e das ações da organização, este guia incorpora os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial e a planilha proposta pelo Ibase, sugerindo um detalhamento maior das tomadas de decisão em relação aos problemas encontrados e aos resultados obtidos. Guia de diretrizes da Global Reporting Initiative (GRI): Este modelo, considerado o mais completo e abrangente, conta com princípios para definição adequada do conteúdo do relatório e para garantir a qualidade da informação relatada, indicadores de desempenho e protocolos técnicos com metodologias de compilação, fontes de referências etc. Considerado o padrão internacional de relatórios de sustentabilidade, o modelo GRI está em sua terceira versão, a chamada G3, e já se encontra disponível em português. 2.7. A concepção de Balanço Social e a sua vinculação com a responsabilidade social corporativa A procedência da palavra balanço provém do latim bilancis e significa hi- dois; lancis = prato, ou seja, dá a ideia de balança, o que nos remete a noção de equilíbrio entre grandezas. Por isso, o termo Balanço Social, no sentido conceitual, é considerado como inadequado por estudiosos contábeis, já que esse demonstrativo corresponde a um relatório de evidenciação das ações sociais corporativas. O Balanço social, também denominado Relatório de Sustentabilidade ou Relatório da Responsabilidade Social, é um produto da Contabilidade Social publicado anualmente pela empresa que procura 7 demonstrar aos interessados um conjunto de informações relacionadas aos projetos ambientais e ações sociais. A norma Brasileira de Contabilidade NBC-T nº15, resolução CFC n°935/02 define o balanço social como: Demonstração contábil que tem por objetivo a evidenciação de informações de natureza social com vistas a prestar contas a sociedade pelo uso dos recursos naturais e humanos, demonstrando o grau de responsabilidade social da entidade. O Balanço Social se configura como uma ferramenta capaz de mostrar com clareza informações socioeconômicas e financeiras acerca da atuação de cada empresa no meio social, ou seja, é uma forma de transparecer, reunir e tornar pública sua responsabilidade social através de informações estruturadas. Ele serve como complemento às informações tratadas pelos demonstrativos financeiros tradicionais. Para Kroetz (1999) ele deve ser considerado, sobretudo, uma ferramenta gerencial, já que exprime e evidencia dados relativos a qualidade e quantidade das políticas administrativas, da interação da empresa com o meio externo. Essa interação pode ser analisada de maneira que favoreça a escolha de estratégias. Grzybowski (2006, apud BARBOSA, s.d.), também considera esse relatório como um objeto de gestão e não um objeto de marketing. Através de sua análise, os administradores detectam pontos fracos da empresa em matéria de investimentos socioambientais e, consequentemente, consegue-se visualizar as áreas carentes de investimentos dessa natureza. O Balanço Social tem como o principal objetivo mostrar à sociedade a atuação socialmente responsável da empresa, uma vez que, as ações desenvolvidas em prol da melhoria da sociedade e do meio ambiente ajudam instigar a valorização da cidadania corporativa acarretando no estreitamento da relação da empresa/sociedade. 2.8. O conjunto de leis acerca do Balanço Social A figura do Balanço Social na França é bastante tradicional, mas a obrigatoriedade da elaboração e divulgação naquele país só aconteceu a partir de 1970 através da Lei 77.769 de 13 de julho de 1977. No Brasil, nas últimas décadas, muitos projetos de lei foram propostos referente a obrigatoriedade da elaboração e divulgação desse relatório. Na esfera Federal, temos oprojeto de Lei nº 3.116 de 14 de maio de 1977 elaborado pelas Deputadas Marta Suplicy, Sandra Starling e Maria da Conceição Tavares. O projeto defendia a obrigatoriedade para empresas públicas independentemente do número de empregados e para as privadas que possuíam mais de cem empregados no exercício anterior a sua elaboração. No entanto, foi substituído pelo projeto nº32/99 elaborado pelo deputado Paulo Rocha-PT BA. No campo estadual um projeto de lei proposto pelo Deputado Estadual Cezar Buzaatto e elaborado com participação do Conselho de Contabilidade do Rio Grande do Sul transformou-se na Lei nº 11.440 de 18 de janeiro de 2000, obrigando a elaboração do Balanço Social para as empresas situadas no Rio Grande do Sul. 8 O Vereador Helio Corebelini, filiado ao PBS, criou um projeto de lei que acabou sendo aprovado e transformando-se na Lei nº 8.118/98. Essa Lei tornou compulsória a elaboração do Balanço Social das empresas situadas no município de Porto Alegre. Ela foi publicada no Diário Oficial de 09 de janeiro de1998. No sudeste do país temos registros em São Paulo. Nesse Estado, uma resolução de nº005/98, elaborada pela Vereadora Adaiza Sposati, criou o Dia e o Selo da empresa cidadã. Essa resolução direciona-se a premiar as empresas de São Paulo que apresentaram qualidade no seu Balanço Social. Em Santo André-SP, o Vereador Carlinhos Augusto apresentou um projeto de Lei 004/97 que tratou da Criação do Selo Empresa Cidadã como forma de premiar empresas que também mostrarem qualidade em seu Balanço Social. Posteriormente, esse projeto transformou-se na Lei nº7.672 de 18 de junho de 1998. Na região nordeste, estado da Paraíba, foi estabelecido através do projeto de Resolução nº 004/98, de autoria do Vereador Júlio Rafael o selo Herbert de Souza às empresas que exibirem qualidade em seu Balanço Social. Atualmente, com a aprovação da Lei Federal nº 11.638/07 em 28 de dezembro de 2007 que tornou compulsória a elaboração e divulgação do Demonstrativo de Valor Adicionado para as companhias abertas, o Balanço Social passa também a ter esse caráter, uma vez que a DVA é parte integrante do Balanço Social, afirmou Iudicíbus (2009). 9 COMO SE ELABORA UM BALANÇO SOCIAL 1. As esferas do Balanço Social Atualmente, os modelos propostos de Balanço Social por institutos abrangem três assuntos: recursos humanos, meio ambiente e valor adicionado. As informações acerca desses assuntos quando bem analisadas se constituem numa fonte informativa preciosa. A elaboração do mesmo contempla a participação do departamento de pessoal; departamento contábil e departamento de sistema de informação contábil da empresa. Recursos humanos: traz informações referente ao perfil funcional e aos benefícios que lhe são conferidos pela empresa, quantidade de funcionários, classificação por sexo, idade, nível de escolaridade, auxilio cesta básica, entre outros. Essa abordagem constitui como um subsídio para as estratégias de investimento no corpo funcional ao identificar as faixas etárias e sexos menos beneficiados, consegue-se promover uma espécie de gerenciamento das atividades humanas dentro da empresa. Para os interessados externos, como o governo, auxilia na identificação dos setores menos beneficiados pelas políticas públicas e com isso facilita o direcionamento de recursos. Indicadores ambientais: trazem informações da responsabilidade ambiental da empresa englobando investimentos em tecnologias antipoluentes, como máquinas, equipamentos e instalações. Esse enfoque demonstra o desejo da empresa, o comprometimento corporativo com as questões ambientais, uma vez que, essa interação influencia diretamente na continuidade da empresa, porque empresas que pratiquem atividades poluentes estão sujeitas a interdição governamental, multas, entre outras consequências. Demonstração do Valor Adicionado: compreende informações de natureza econômica como a quantidade de recursos gerada pela atividade empresarial na economia. Durante o processo de procura por soluções para os problemas sociais emergentes e crescentes o governo analisa as informações trazidas pela DVA de cada empresa. A Lei Federal n° 11.638/07, conforme mencionada anteriormente, tornou obrigatório a elaboração com base na escrituração mercantil e a divulgação da DVA para as companhias abertas no fim do exercício social. A DVA deve indicar no mínimo: o valor da riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição entre elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza, tais como empregados, acionistas, e outros, bem como a parcela desse patrimônio não distribuída, conforme dispõe o artigo 188 dessa lei. A Lei não determina um modelo padrão, apenas um que se demonstre um mínimo do patrimônio gerado, a distribuição e o valor não distribuído pela empresa. Esse assunto será tratado no próximo tópico. 10 2. Os modelos propostos de Balanço Social No Brasil as empresas costumam adotar três modelos de Balanço Social propostos pelo: Instituto ETHOS, IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Socais e Econômicas), GRI (Global Reporting Iniciative ou, no português, Iniciativa Global para Apresentação de Relatórios). Por motivos estratégicos (otimização da transparência na divulgação) algumas empresas preferem criar um modelo próprio ou adaptar um modelo já estruturado por um desses institutos. 2.1. Instituto ETHOS O Instituto ETHOS objetivando apresentar um Balanço Social digno de credibilidade e revelador da política de gestão empresarial voltada para compromisso com a responsabilidade social, propõe uma planilha, que é uma adaptação do modelo do IBASE, como Balanço Social. Dentre as informações tratadas no Balanço Social do Instituto Ethos, a mensagem do presidente trata em expor situações de sucessos e empecilhos da empresa, transmitir as promessas da entidade e sintetizar os assuntos tratados no balanço. Os indicadores econômicos compreendem informações sobre a atividade produtiva empresarial desde sua evolução no período até a repartição da riqueza com a sociedade através de políticas socioambientais. No segmento dos indicadores sociais o relatório sintetiza dados sobre o corpo funcional (entre eles as ações em prol da qualidade de vida dos empregados); o conjunto de ações executadas em favor do meio ambiente; relacionamento com fornecedores; comunidades, cliente e governos. Assim, o Balanço Social proposto pelo ETHOS se estrutura da seguinte forma: Parte 1: Apresentação (missão e visão, mensagem do Presidente, perfil do empreendimento e setor da economia); Parte 2: A Empresa (histórico, princípios e valores, estrutura e funcionamento, e governança corporativa); Parte 3: A Atividade Empresarial (diálogo com partes interessadas e os indicadores de desempenho. Contemplam informações de aspectos econômicos; social; ambiental; relação com fornecedores, consumidores e clientes; comunidade e governo e sociedade); Parte 4: Anexos (demonstrativo do Balanço Social - modelo IBASE -, iniciativas de interesse da sociedade - projetos sociais -, e notas gerais). Em relação aos indicadores propostos (Parte 3), alguns são descritivos, representando resultados e práticas de gestão que representam indicadores de desempenho em responsabilidade social, outros são quantitativos, representando resultados mensuráveis e monitorados apresentados em números, e outros referem-se a informações referentes a indicadores, tanto descritivos como quantitativos. 11 1. Indicadores de Desempenho Econômico: Aspectos descritivos: impactos por meio da geração e distribuição de riqueza; resultados oriundos da produtividade; e procedimentos, critérios e retornos de investimentos realizados na própria empresa e na comunidade. Indicadores quantitativos:geração e distribuição de riqueza; produtividade; e investimentos. 2. Indicadores de Desempenho Social: I - Público Interno: - Diálogo e participação: relação com sindicatos; gestão participativa; e relações com trabalhadores terceirizados - Respeito ao indivíduo: trabalho infantil; trabalho forçado ou análogo ao escravo; e diversidade. - Trabalho decente: cuidados com saúde, segurança e condições de trabalho; compromisso com o desenvolvimento profissional e a empregabilidade; comportamento frente a demissões; e preparação para aposentadoria. II - Meio Ambiente - Responsabilidade frente às gerações futuras: comprometimento da empresa com a melhoria da qualidade ambiental; e educação e conscientização ambiental. - Gerenciamento do impacto ambiental: gerenciamento do impacto no meio ambiente e do ciclo de vida de produtos e serviços; e minimização de entradas e saídas de materiais na empresa. III - Fornecedores - Seleção, avaliação e parceria com fornecedores: critérios de seleção e avaliação de fornecedores; e apoio ao desenvolvimento de fornecedores. IV - Consumidores e Clientes - Dimensão social do consumo: política de comunicação comercial; excelência do atendimento; e conhecimento e gerenciamento dos danos potenciais dos produtos e serviços. V - Comunidade - Relações com a comunidade local: gerenciamento do impacto na comunidade de entorno e relacionamento com organizações locais. - Ação social: envolvimento e financiamento da ação social. VI - Governo e Sociedade - Transparência política: contribuições para campanhas políticas; e práticas anticorrupção e antipropina. - Liderança e influência social: liderança e influência social; e participação em projetos sociais governamentais. 12 2.2. IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) O conteúdo do Balanço Social, no Brasil, é definido pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), criado em 1981, que é uma instituição de utilidade pública federal, sem fins lucrativos, cuja missão é a construção da democracia, combate das desigualdades e estimulação da participação cidadã. Em 1998, para estimular a participação de um maior número de corporações, o Ibase lançou o Selo Balanço Social Ibase/Betinho. O selo é conferido anualmente a todas as empresas que publicam o balanço social no modelo sugerido pelo Ibase, dentro da metodologia e dos critérios propostos. Através deste Selo as empresas podem mostrar - em seus anúncios, embalagens, balanço social, sites e campanhas publicitárias - que investem em educação, saúde, cultura, esportes e meio ambiente. O Selo Balanço Social Ibase/Betinho demonstra que a empresa já deu o primeiro passo para tornar-se uma verdadeira empresa-cidadã, comprometida com a qualidade de vida dos funcionários, da comunidade e do meio ambiente; apresenta publicamente seus investimentos internos e externos através da divulgação anual do seu balanço social. O modelo 2008 proposto pelo IBASE engloba indicadores distribuídos de forma simples e objetiva, tratando todas as informações numa única planilha dividida em sete grupos e nesses, vários subgrupos, facilitando a análise. Quadro 1: Descrição dos grupos de Balanço Social Modelo IBASE Grupo Descrição Especificação 1 Base de Cálculo Dados sobre geração de receitas, resultado operacional e folha de pagamento bruta. 2 Indicadores sociais internos Gastos com alimentação, educação, capacitação e saúde, dentre outros relacionados aos empregados. 3 Indicadores sociais externos Gastos da empresa na comunidade (saúde e saneamento, cultura, educação, etc) e os tributos. 4 Indicadores ambientais Gastos com despoluição, educação ambiental, investimento em programas externos e outros, seja com empregados ou sociedade. 5 Indicadores do corpo funcional Número de admissões, estagiários, mulheres, negros e portadores de deficiência física. 6 Informações relevantes quanto ao exercício da cidadania empresarial Aspectos referentes ao número de acidentes de trabalho, responsabilidade dos padrões de segurança e salubridade existentes. 7 Outras informações Outras informações que a empresa julgar necessárias. Vale ressaltar que as informações tratadas na DVA estão contidas no indicador informações relevantes. 13 Balanço Social Anual / 2008 Empresa: 1 - Base de Cálculo 2008 Valor (Mil reais) 2007 Valor (Mil reais) Receita líquida (RL) 58.749 48.270 Resultado operacional (RO) 8.734 7.538 Folha de pagamento bruta (FPB) 10.575 8.711 2 - Indicadores Sociais Internos Valor (mil) % sobre FPB % sobre RL Valor (mil) % sobre FPB % sobre RL Alimentação 2.928 27,69% 4,98% 2.132 24,47% 4,42% Encargos sociais compulsórios 2.577 24,37% 4,39% 1.914 21,97% 3,97% Previdência privada 0 0,00% 0,00% 0 0,00% 0,00% Saúde 1.321 12,49% 2,25% 1.275 14,64% 2,64% Segurança e saúde no trabalho 26 0,25% 0,04% 28 0,32% 0,06% Educação 0 0,00% 0,00% 198 2,27% 0,41% Cultura 0 0,00% 0,00% 0 0,00% 0,00% Capacitação e desenvolvimento profissional 1.387 13,12% 2,36% 937 10,76% 1,94% Creches ou auxílio-creche 313 2,96% 0,53% 224 2,57% 0,46% Participação nos lucros ou resultados 331 3,13% 0,56% 270 3,10% 0,56% Outros 1.153 10,90% 1,96% 1.039 11,93% 2,15% Total - Indicadores sociais internos 10.036 94,90% 17,08% 8.017 92,03% 16,61% 3 - Indicadores Sociais Externos Valor (mil) % sobre RO % sobre RL Valor (mil) % sobre RO % sobre RL Educação 68 0,78% 0,12% 7 0,09% 0,01% Cultura 44 0,50% 0,07% 10 0,13% 0,02% Saúde e saneamento 0 0,00% 0,00% 0 0,00% 0,00% Esporte 659 7,55% 1,12% 946 12,55% 1,96% Combate à fome e segurança alimentar 0 0,00% 0,00% 0 0,00% 0,00% Outros 132 1,51% 0,22% 976 12,95% 2,02% Total das contribuições para a sociedade 903 10,34% 1,54% 1.939 25,72% 4,02% Tributos (excluídos encargos sociais) 7.799 89,29% 13,28% 6.565 87,09% 13,60% Total - Indicadores sociais externos 8.702 99,63% 14,81% 8.504 112,82% 17,62% 4 - Indicadores Ambientais Valor (mil) % sobre RO % sobre RL Valor (mil) % sobre RO % sobre RL Investimentos relacionados com a produção/ operação da empresa 0 0,00% 0,00% 0 0,00% 0,00% Investimentos em programas e/ou projetos externos 0 0,00% 0,00% 0 0,00% 0,00% Total dos investimentos em meio ambiente 0 0,00% 0,00% 0 0,00% 0,00% Quanto ao estabelecimento de “metas anuais” para minimizar resíduos, o consumo em geral na produção/ operação e aumentar a eficácia na utilização de recursos naturais, a empresa ( ) não possui metas ( ) cumpre de 51 a 75% ( ) cumpre de 0 a 50% ( ) cumpre de 76 a 100% ( ) não possui metas ( ) cumpre de 51 a 75% ( ) cumpre de 0 a 50% ( ) cumpre de 76 a 100% 5 - Indicadores do Corpo Funcional 2008 2007 Nº de empregados(as) ao final do período 814 646 Nº de admissões durante o período 451 207 Nº de empregados(as) terceirizados(as) 13 8 Nº de estagiários(as) 96 96 Nº de empregados(as) acima de 45 anos 28 20 Nº de mulheres que trabalham na empresa 640 490 % de cargos de chefia ocupados por mulheres 42,11% 35,29% Nº de negros(as) que trabalham na empresa 310 232 % de cargos de chefia ocupados por negros(as) 21,05% 11,76% Nº de pessoas com deficiência ou necessidades especiais 3 0 14 6 - Informações relevantes quanto ao exercício da cidadania empresarial 2008 Metas 2009 Relação entre a maior e a menor remuneração na empresa 39,56 38,04 Número total de acidentes de trabalho 0 0 Os projetos sociais e ambientais desenvolvidos pela empresa foram definidos por: ( ) direção ( x ) direção e gerências ( ) todos(as) empregados(as)( ) direção (x ) direção e gerências ( ) todos(as) empregados(as) Os pradrões de segurança e salubridade no ambiente de trabalho foram definidos por: ( ) direção e gerências ( ) todos(as) empregados(as) ( ) todos(as) + Cipa ( ) direção e gerências ( ) todos(as) empregados(as) (x ) todos(as) + Cipa Quanto à liberdade sindical, ao direito de negociação coletiva e à representação interna dos(as) trabalhadores(as), a empresa: ( x ) não se envolve ( ) segue as normas da OIT ( ) incentiva e segue a OIT ( ) não se envolverá ( ) seguirá as normas da OIT (x ) incentivará e seguirá a OIT A previdência privada contempla: ( x ) direção ( ) direção e gerências ( ) todos(as) empregados(as) ( ) direção ( ) direção e gerências (x ) todos(as) empregados(as) A participação dos lucros ou resultados contempla: ( ) direção ( ) direção e gerências ( x ) todos(as) empregados(as) ( ) direção ( ) direção e gerências ( x) todos(as) empregados(as) Na seleção dos fornecedores, os mesmos padrões éticos e de responsabilidade social e ambiental adotados pela empresa: ( ) não são considerados ( x ) são sugeridos ( ) são exigidos ( ) não serão considerados ( x) serão sugeridos ( ) serão exigidos Quanto à participação de empregados(as) em programas de trabalho voluntário, a empresa: ( ) não se envolve ( ) apóia ( x ) organiza e incentiva ( ) não se envolverá ( ) apoiará (x ) organizará e incentivará Número total de reclamações e críticas de consumidores(as): na empresa _______ no Procon _______ na Justiça _______ na empresa _______ no Procon _______ na Justiça _______ % de reclamações e críticas atendidas ou solucionadas: na empresa _______% no Procon _______% na Justiça _______% na empresa _______% no Procon _______% na Justiça _______% Valor adicionado total a distribuir (em mil R$): Em 2008: 43409 Em 2007: 35872 Distribuição do Valor Adicionado (DVA): ___% governo ___% colaboradores(as) ___% acionistas ___ % terceiros ___% retido ___% governo ___% colaboradores(as) ___% acionistas ___ % terceiros ___% retido 7 - Outras Informações Alexandre Siqueira Monteiro - Diretor Executivo. A empresa não utiliza mão-de-obra infantil ou trabalho escravo 15 2.3. GRI (Global Reporting Iniciative / Iniciativa Global para Apresentação de Relatórios) O GRI, organização independente que busca a adesão de um modelo padronizado internacional de Balanço Social e parceira do UNEP (United Nations Environmental Programme), criou um modelo que contempla informações sócio- econômicas e ambiental distribuídas em categorias. Esse modelo aborda: a visão e estratégia empresarial; perfil da organização; escopo do relatório; perfil do relatório; estrutura de governança; engajamento das partes interessadas; políticas abrangentes e sistemas de gestão; sumário de conteúdo da GRI; indicadores de desempenho. Estrutura básica das informações econômicas e socioambientais no modelo sugerido pelo GRI: 1 Visão e Estratégia (declaração da visão e da estratégia da organização referente à sua contribuição para o desenvolvimento sustentável); 2 Perfil da Organização (nome, principais produtos e serviços, estrutura, mercados, porte e outros); 3 Escopo do relatório (pessoa e dados para contato, período a que se referem as informações, data do relatório anterior, abrangência e outros); 4 Perfil do relatório (critérios empregados na elaboração do relatório e dos indicadores); 5 Estrutura de Governança 6 Engajamento das Partes Interessadas (relacionamento e procedimentos em relação às partes interessadas); 7 Políticas Abrangentes e Sistemas de Gestão 8 Sumário de Conteúdo da GRI (títulos dos capítulos do modelo, indicando a página e seus indicadores); 9 Indicadores de Desempenho O modelo proposto pelo IBASE, GRI e Instituto ETHOS, trazem informações estratégicas para a empresa. Comparando os três modelos, à estrutura de Balanço Social criada pelo ETHOS e GRI é a que mais apresenta semelhança entre si. O modelo do IBASE é o mais adotado pelas empresas, com mínimas adaptações, pela sua simplicidade e objetividade em abordar e estruturar os indicadores. Em analogia a esses três modelos, eles apresentam mais pontos semelhantes do que divergentes. Os indicadores sociais, ambientais e do corpo funcional são figuras presentes nos três modelos recebendo terminologias diferentes. A análise do Balanço Social é realizada em conformidade com as técnicas já consagradas de análise de balanço como a análise vertical e horizontal. Para garantir a credibilidade e confiança das informações contidas no Balanço Social, ele passa pelo processo de auditoria, visto que esta constitui um instrumento de grande valia para a seguridade dos agentes sociais e empresariais em relação às atividades desenvolvidas pela empresa. 16 BALANÇO SOCIAL: AS PESSOAS (RECURSOS HUMANOS). Por muito tempo, ter um emprego, ter quem empregasse era por si só um grande benefício. A escassez de empregos induzia as pessoas a sacrifícios exagerados para a manutenção dos mesmos. Os cargos disponíveis eram largamente disputados em troca de uma remuneração irrisória, sem qualquer condição de segurança ou de saúde ocupacional, muitas vezes obrigando crianças ao trabalho para a complementação da renda familiar mínima. Sabe-se que esta não é uma situação totalmente extinta, porém, quantitativamente houve grandes avanços. Este tipo de situação contribuiu fortemente para a degeneração do ser humano no que tangia o seu convívio na sociedade e mesmo na vida familiar, uma vez que eram condenados à marginalidade e à abstinência de fatores elementares para sobrevivência. Por força das pressões dos movimentos sindicalistas, governamentais, de direitos humanos surgiu a consciência de responsabilidade social, também sob este aspecto. Atualmente, com maior ou menor nível de escassez de cargo, as empresas são obrigadas à implementação e manutenção de condições adequadas quanto a segurança e saúde ocupacional de seus funcionários, bem como, estão proibidas de utilizar mão-de-obra infantil (obviamente há casos de transgressões) e também, tem de limitar a ocupação de seus funcionários a 8 horas diárias ou até menos, conforme as características da atividade desenvolvida. Aliado a isto, as entidades de classe passaram a exigir remunerações condizentes com os cargos ocupados, na forma direta (salários) ou indireta (planos de assistência médica, auxílio transporte, “vales refeição”, cesta básica alimentar, auxílio natalidade, salário família etc.). O conjunto destes fatores que remuneram o trabalho da mão-de-obra empregada resulta na satisfação, realização e valorização pessoal do trabalhador social, econômica e psicologicamente e, por conseguinte da sociedade como um todo. O empresariado conscientizou-se de que benefícios adicionais aos determinados por lei (e também, por força das pressões externas) eram necessários para estimular seus colaboradores. Sob o ponto de vista empresarial, estes benefícios visam a otimização dos resultados esperados das atividades. Apesar das resistências iniciais quanto à sua instituição, percebe-se que eles contribuem para a produtividade da empresa. A assistência médica oferecida pelas empresas reduz as ausências dos funcionários, fazendo com que estes recorram em número bem menor aos serviços públicos de saúde, os quais, abarrotados pela imensa procura e carentes de profissionais para atendimento, consumiam grande parte do tempo de seus usuáriossomente em filas de espera. O fornecimento de refeições, ou de “vale alimentação” contribuiu para a “melhor” alimentação dos empregados, ainda que em alguns casos esteja distante da necessidade real destes e de seus familiares e, consequentemente, resultou em mais forças e energia para a execução das tarefas. Os programas de treinamento profissional e de formação básica refletem na produtividade à medida que, mais esclarecidos, os funcionários incorrem em menor quantidade de erros. A limitação da carga horária de trabalho diário em geral e, por profissões específicas, de acordo com 17 as características das atividades, também é um fator fundamental na redução de falhas, diante das melhores condições físicas de que dispõe um trabalhador que tem as horas adequadas para o necessário descanso. A ajuda de custo para transportes também é um fator decisivo nas condições físicas do empregado que muitas vezes se via obrigado, em função de baixa remuneração, a percorrer longas distâncias a pé. A cesta alimentar também constitui fator estimulante para os funcionários, pois como os demais benefícios representa um complemento salarial, o qual muitas vezes serve para aliviar as preocupações do trabalhador com os recursos para sua alimentação mínima e de seus familiares, revertendo portanto em maior atenção para o processo operacional da empresa Voltando-se aos aspectos sociais, a concessão destes benefícios reflete a responsabilidade social da empresa no que tange à contribuição para a melhoria das condições de vida da sociedade, essencialmente dos habitantes da comunidade onde está instalada. Muitas vezes se ouve dizer que esta é uma responsabilidade do governo. Todavia, há lógica em se esperar que a empresa proporcione benefícios em troca dos que obtém em função da permissão de instalação e de continuidade, dos serviços prestados pelos funcionários e de sua aceitação pela sociedade. Trata-se da velha premissa de que “é dando que se recebe”. Obviamente, fazer não basta, é preciso fazer certo e mostrar que fez. Assim, na configuração do Balanço Social, propõe-se que a empresa demonstre a quantidade de funcionários que emprega, sua distribuição por sexo, idade, formação escolar, cargos ocupados; total da remuneração, benefícios oferecidos como: treinamento, assistência médica e social, auxílio alimentar (vale refeição e cesta básica alimentar), transporte, bolsas de estudos. Estas informações, além de evidenciarem a responsabilidade social da empresa, pode auxiliar no processo de melhorias dos serviços públicos, na medida que são identificados os setores não atendidos, ou menos beneficiados. Por exemplo, se a empresa mantém escola de nível básico para seus funcionários, familiares destes e para a comunidade local, a Prefeitura do município poderá realocar os recursos que seriam utilizadas nestes serviços para outras áreas carentes, como a saúde, o saneamento básico, transportes coletivos etc. ou aplicar na própria área educacional de forma a atender satisfatoriamente a parcela da população não atendida. Em outro caso, se a empresa sediada em área afastada propicia o transporte de seus funcionários, o governo municipal poderá aplicar os recursos destinados à implementação e manutenção dos transportes públicos em outras áreas (como a pavimentação, por exemplo) ou pelo menos reduzir o seu gasto de recursos nesta finalidade. Sob os aspectos educacionais, via de regra, nota-se um descompasso entre as necessidades de formação na vida profissional e o currículo escolar. A informação quanto à formação escolar e cargos ocupados pode servir de direcionadores para a correção dos programas escolares, de forma a atender as necessidades evidenciadas. Os dados relativos à composição da mão-de-obra, por idade e sexo pode deixar evidenciadas as carências existentes quanto às faixas etárias e sexo não absorvidos. Com isso, as providências governamentais podem ser agilizadas para a busca de uma solução. Ou mesmo, pode estimular a criação de novas atividades econômicas que possam ser desenvolvidas com a referida mão de obra não utilizada. 18 O Balanço dos Recursos Humanos empregados e beneficiados pelas empresas poderá ser elaborado pela Contabilidade em conjunto com o departamento responsável pela administração dos recursos humanos da empresa. O perfil da força de trabalho e os benefícios que lhe são proporcionados poderão ser definidos em conjunto e correlacionados com os eventos e transações econômico-financeiros que afetam a situação patrimonial e resultados, de forma a demonstrar o retorno auferido pela empresa, como aumento de produtividade, redução de gastos com departamento médico e até valorização do patrimônio da entidade. É de se lembrar que para muitas empresas os recursos humanos que elas empregam constituem o seu mais valioso ativo. 19 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO BRUTO (DVA). 1. Introdução Entre outras questões importantes, o Balanço Social, demonstra também os valores recolhidos ao fisco, a esse respeito, vimos diariamente notícias a respeito da alta carga tributária brasileira, sem contundo apontar detalhadamente o quanto arca uma empresa/setor com impostos em relação a sua receita, daí decorre a necessidade da elaboração da DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO pelas organizações. Essa demonstração evidencia de forma transparente esse valor gerado e sua repartição aos segmentos beneficiários, que são pessoal, Estado, acionistas e financiadores externos. Foi a partir de meados dos anos 70 e basicamente nos anos 80, diversos pesquisadores defenderam a ampliação do Balanço Social, apresentando a sociedade uma nova demonstração, que denominaram de Demonstração do Valor Adicionado (agregado). Esta revela a comunidade a nova riqueza criada pelas organizações, ou seja, o valor de sua produção vendida deduzida dos bens e serviços adquiridos de terceiros, bem como sua repartição aos agentes sociais envolvidos na geração do valor agregado. Do ponto de vista microeconômico, poder-se-ia dizer que o valor adicionado de uma empresa é o quanto de riqueza ela pode agregar aos insumos de sua produção que foram pagos a terceiros, inclusive os relativos as despesas de depreciação. 2. Valor Adicionado: conceito econômico versus conceito contábil. As diferenças entre os conceitos de valor adicionado adotados pela contabilidade e economia são enormes. A contabilidade, por exemplo, para cálculo do valor adicionado, parte do valor das vendas, enquanto a economia, no critério utilizado pelo IBGE, considera o valor da produção. Nesse aspecto, já se pode notar que, dependendo da forma pela qual é feita a avaliação. Imagina-se uma empresa que em determinado período, não consiga realizar nenhuma venda. Dentro do conceito contábil, nesse período, o valor adicionado por essa empresa, isto é, a sua riqueza gerada e distribuída por ela, será igual a zero. Nesse aspecto, o conceito econômico é mais consistente que o contábil e apresentaria como valor adicionado, dentro dos critérios do conceito de produção entre o valor de mercado e os insumos pagos a terceiros no processo produtivo. Essa diferença pode ser reconciliada e não deverão constituir impedimento para que se use o conceito contábil de valor adicionado. 3. Finalidade A principal função da DVA é identificar e divulgar o valor da riqueza gerada por uma entidade e a forma pela qual essa riqueza foi distribuída entre os diversos setores que contribuíram, direta ou indiretamente, pra a 20 sua geração. Ou seja, a DVA é destinada a evidenciar de forma concisa, os dados e as informações do valor da riqueza gerada pela entidade, em determinado período, e a sua distribuição. As informações devem ser extraídas da contabilidade e os valores informadosdevem ter como base o Princípio Contábil da Competência. O valor adicionado (ou valor agregado) constitui-se de receitas obtidas pela empresa, em razão de suas atividades deduzidas dos custos dos bens e serviços adquiridos de terceiros para a geração dessas receitas. O valor adicionado demonstra a contribuição da empresa para a geração de riqueza da economia, resultado do esforço conjugado de todos os seus fatores de produção. A DVA evidencia os aspectos econômicos e social do valor adicionado. Sob a ótica econômica, expressa o desempenho da entidade na geração da riqueza e a sua eficiência na utilização dos fatores de produção, comparando os valores de saída com os valores de entrada. Sob o ponto de vista social, demonstra a forma de distribuição da riqueza gerada: a participação dos empregados, do governo, dos agentes financiadores e dos acionistas, além da parcela retida pela empresa. 4. Legislação Com a publicação da Lei nº 11.638/2007, houve a inclusão da DVA no conjunto de demonstrações financeiras elaboradas, divulgadas e que devem ser aprovadas pela assembleia geral ordinária. Em ambos os casos, tanto a DFC quanto a DVA, a Lei nº 11.638/2007 (art. 7º) permite que no primeiro exercício social, essas demonstrações sejam divulgadas sem a indicação dos valores referentes ao ano anterior. Contudo a CVM entende que as companhias que já vinham divulgando essas demonstrações (até 31/12/2007 era facultativo), deverão divulga-las com a indicação dos valores dos exercícios anteriores. Paras as sociedades de grande porte, isto é, empresas com ativo superior a R$ 240 milhões ou receita bruta anual superior a R$ 300 milhões, ainda que não constituídas sob a forma de sociedades por ações, são obrigadas à elaboração de demonstrações financeiras, que deverão sofrer auditoria independente. Há que ressaltar: as empresas de grande porte fechadas não estão obrigadas a publicar suas demonstrações financeiras. Essas empresas estão obrigadas apenas a elaborar essas demonstrações. Já as empresas de grande porte abertas são obrigadas a elaborar e publicar suas demonstrações financeiras. Além disso, todas as empresas de grande, abertas ou fechadas, são obrigadas a sofrer auditoria independente. Resumindo: Companhias DVA Abertas Obrigatória a partir de 01/01/2008 Fechadas Facultativa Grande porte (abertas ou fechadas) Obrigatória a partir de 01/01/2008 21 A Resolução do CFC nº 1.138/2008 aprovou a NBC T 3.7 – Demonstração do Valor Adicionado, cujo objetivo é estabelecer critérios para a elaboração e apresentação da Demonstração do Valor Adicionado (DVA), a qual representa um dos elementos componentes do Balanço Social e tem por finalidade evidenciar a riqueza criada pela entidade e sua distribuição, durante determinado período. 5. Alcance e apresentação A entidade deve elaborar a DVA e apresenta-la como parte integrante das suas demonstrações contábeis divulgadas ao final de cada exercício social. A elaboração da DVA consolidada deve basear-se nas demonstrações e evidenciar a participação dos sócios não controladores. A DVA deve proporcionar, aos usuários das demonstrações contábeis, informações relativas a riqueza criada pela entidade em determinado período e a forma como tais riquezas foram distribuídas. A distribuição da riqueza criada deve ser detalhada, minimamente, da seguinte forma: Pessoal e encargos; Impostos, taxas e contribuições; Juros e aluguéis; Juros sobre o capital próprio (JCP) e dividendos; Lucros retidos/prejuízos do exercício. 6. Definições Valor adicionado: representa a riqueza criada pela empresa, de forma geral, medida pela diferença entre o valor das vendas e os insumos adquiridos de terceiros. Inclui também o valor adicionado recebido em transferência, ou seja, produzido por terceiros e transferido a entidade. Receita de vendas de mercadorias, produtos e serviços: representa os valores reconhecidos na contabilidade, a esse título pelo Regime de Competência e incluídos na demonstração do resultado do período. Outras receitas: representam os valores que sejam oriundos, principalmente, de baixas por alienação de ativos não circulantes, tais como resultados na venda de imobilizado, de investimentos, e outras transações incluídas na demonstração do resultado do exercício, que não configuram reconhecimento de transferência à entidade de riqueza criada por outras entidades. Diferentemente dos critérios contábeis, também incluem valores que não transitam pela demonstração do resultado, como, por exemplo, aqueles relativos à construção de ativos para uso próprio da entidade e aos juros pagos ou creditados que tenham sido incorporados aos valores dos ativos de longo prazo (normalmente, imobilizados). No caso de estoques de longa maturação, os juros, a eles incorporados, deverão ser destacados como distribuição da riqueza no momento em que os respectivos estoques forem baixados; dessa forma, não há que se considerar esse valor como outras receitas. 22 Insumos adquiridos de terceiros: representa os valores relativos às aquisições de matérias-primas, mercadorias, materiais, energia, serviços, etc., que tenham sido transformados em despesas do período. Enquanto permanecerem nos estoques, não compõem a formação da riqueza criada e distribuída. Depreciação, amortização e exaustão: representam os valores reconhecidos no período e, normalmente, utilizados para conciliação entre fluxo de caixa das atividades operacionais e o resultado líquido do exercício. Valor adicionado recebido em transferência: representa a riqueza que não tenha sido criada pela própria entidade, e sim por terceiros, e a ela são transferidas, como por exemplo, receitas financeiras, de equivalência patrimonial, dividendos, aluguel, royalties, etc. Precisa ficar destacado, inclusive para evitar dupla contagem em certas agregações. 7. Conteúdo e Estrutura A DVA deve ser apresentada de forma comparativa, mediante a divulgação simultânea de informações do período atual e do anterior. A DVA deve evidenciar os componentes a seguir: A receita bruta, as outras receitas e provisão para créditos de liquidação duvidosa (constituição e reserva); Os insumos adquiridos de terceiros; Depreciação, amortização e exaustão; Os valores adicionados recebidos em transferência; Valor total adicionado a distribuir; e Distribuição do valor adicionado 7.1. Formação da riqueza A DVA em sua primeira parte, deve apresentar de forma detalhada a riqueza criada pela entidade. Os principais componentes da riqueza criada estão apresentados nos seguintes itens: Receitas Vendas de mercadorias, produtos e serviços: inclui (não descontar) os valores dos tributos incidentes sobre essas receitas (por exemplo, ICMS, IPI, PIS e Cofins), ou seja, corresponde ao ingresso ou faturamento bruto, mesmo quando na demonstração do resultado tais tributos estejam fora do cômputo dessas receitas. Outras receitas: da mesma forma que o item anterior, inclui os tributos incidentes sobre essas receitas. Provisão para créditos de liquidação duvidosa: Constituição/reserva – inclui os valores relativos à constituição e reversão dessa provisão. 23 Insumos adquiridos de terceiros Custo dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos: inclui os valores das matérias-primas adquiridas junto a terceiros e contidas no custo do produto, das mercadorias e dos serviços vendidos e adquiridos de terceiros; não inclui gastos com pessoal próprio; Materiais, energia, serviços de terceiros e outros: inclui valores relativos às despesas originadas da utilização desses bens, utilidades e serviços adquiridos junto a terceiros. Nos valoresdos custos dos produtos e mercadorias vendidas, como materiais, serviços, energia, etc. consumidos, devem ser considerados os tributos incluídos no momento das compras (por exemplo, ICMS, IPI, PIS e Cofins), recuperáveis ou não. Esse procedimento é diferente das práticas utilizadas na demonstração do resultado. Perda e recuperação de valores ativos: inclui valores relativos a ajustes por avaliação a valor de mercado de estoques, investimentos, etc. Também devem ser incluídos os valores reconhecidos no resultado do período, tanto na constituição quanto na reversão de provisão para perdas, por desvalorização de ativos, conforme NBC t 19.10 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos (se no período o valor líquido for positivo, deve ser somado). Depreciação, amortização e exaustão Inclui a despesa ou o custo contabilizados no período. Valor adicionado recebido em transferência Resultado da equivalência patrimonial: O resultado da equivalência pode representar receita ou despesa; se despesa, deve ser considerado como redução ou valor negativo; Receitas financeiras: inclui todas as receitas financeiras, inclusive as variações cambiais ativas, independentemente de sua origem. Outras receitas: inclui os dividendos relativos a investimentos avaliados ao custo, aluguéis, direito de franquia, etc. 7.2. Distribuição de riqueza A segunda parte da DVA deve apresentar, de forma detalhada, como a riqueza obtida pela entidade foi distribuída. Os principais componentes dessa distribuição estão apresentados a seguir: Pessoal Valores apropriados ao custo e ao resultado do exercício na forma de: Remuneração direta: representada pelos valores relativos a salários, 13º salário, honorários da administração (inclusive os pagamentos baseados 24 em ações), férias, comissões, horas extras, participação de empregados nos resultados, etc.; Benefícios: representados pelos valores relativos a assistência médica, alimentação, transporte, planos de aposentadoria, etc.; FGTS: representado pelo depósitos em conta vinculada aos empregados. Impostos, taxas e contribuições Valores relativos ao imposto de renda, contribuição social sobre o lucro, contribuições ao INSS (incluídos aqui os valores do Seguro de Acidentes do Trabalho), que sejam ônus do empregador, bem como os demais impostos e contribuições a que a empresa esteja sujeita. Para os impostos compensáveis, tais como ICMS, IPI, PIS e Cofins, devem ser considerados apenas os valores devidos ou já recolhidos, que representam a diferença entre os impostos e contribuições incidentes sobre as receitas e os respectivos valores incidentes sobre os itens considerados como “insumos adquiridos de terceiros”. Federais: inclui os tributos devidos à União, inclusive aqueles que são repassados no todo ou em parte aos Estados, Municípios, Autarquias, etc., tais como: IRPJ, CSSL, IPI, Cide, PIS, Cofins. Inclui também a contribuição sindical patronal. Estaduais: inclui os tributos devidos aos Estados, inclusive aqueles que são repassados no todo ou em parte aos Municípios, Autarquias, etc., tais como ICMS e IPVA. Municipais: inclui os tributos devidos aos Municípios, inclusive aqueles que são repassados no todo ou em parte às Autarquias ou quaisquer outras entidades, tais como o ISS e o IPTU. Remuneração de capitais de terceiros Valores pagos ou creditados aos financiadores externos de capital. Juros: inclui as despesas financeiras, inclusive as variações cambiais passivas, relativas a quaisquer tipos de empréstimos e financiamentos junto a instituições financeiras, empresas do grupo ou outras formas de obtenção de recursos. Inclui os valores que tenham sido capitalizados no período. Aluguéis: inclui os alugueis (inclusive as despesas com arrendamento operacional), pagos ou creditados a terceiros. Outras: inclui outras remunerações que configurem transferência de riqueza a terceiros, mesmo que originadas em capital intelectual, tais como royalties, franquia, direitos autorais, etc. Remuneração de capitais próprios Valores relativos à remuneração atribuída aos sócios e acionistas. 25 Juros sobre o Capital Próprio (JCP) e dividendos: inclui os valores pagos ou creditados aos sócios e acionistas por conta do resultado do período, ressalvando-se os valores dos JCP transferidos para conta de reserva de lucros. Devem ser incluídos apenas os valores distribuídos, com base no resultado próprio do exercício, desconsiderando-se os dividendos distribuídos, com base em lucros acumulados de exercícios anteriores, uma vez que já foram tratados como “lucros retidos” no exercício em que foram gerados. Lucros retidos e prejuízos do exercício: inclui os valores relativos ao lucro do exercício destinado às reservas, inclusive os JCP, quando tiverem esse tratamento; nos casos de prejuízo, esse valor deve ser incluído com sinal negativo. As quantias destinadas aos sócios e acionistas, na forma de JCP, independentemente de serem registradas como passivo (JCP a pagar) ou como reserva de lucros, devem ter o mesmo tratamento dados aos dividendos, no que diz respeito ao exercício a que devem ser imputados. 7.3. Casos especiais – alguns exemplos Depreciação de itens reavaliados ou avaliados ao valor justo (fair value) A avaliação e a reavaliação de ativos ao seu valor justo provocam alterações na estrutura patrimonial da empresa e, por isso, normalmente requerem o registro contábil dos seus efeitos tributários. Os resultados da empresa são afetados sempre que houver a realização dos respectivos ativos reavaliados ao valor justo. Quando a realização de determinado ativo ocorrer pelo processo normal de depreciação, por consequência, a DVA também é afetada. Assim, no momento em que for concluída a reavaliação ou a avaliação ao valor justo, deve-se incluir esse valor como “outras receitas” na DVA, bem como se reconhecem os respectivos tributos na linha própria de impostos, taxas e contribuições. Ajustes de exercícios anteriores Os ajustes de exercícios anteriores, decorrentes de efeitos provocados por erro imputável a exercício anterior ou de mudança de critérios contábeis que vinham sendo utilizados pela entidade, devem ser adaptados na demonstração de valor adicionado relativa ao período mais antigo, apresentado para fins de comparação, bem como se a nova prática contábil estivesse sempre em uso ou o erro fosse corrigido. Ativos construídos pela empresa para uso próprio A construção de ativos, dentro da empresa e para seu próprio uso, é procedimento comum. Nessa construção, diversos fatores de produção são utilizados, inclusive a contratação de recursos externos (por exemplo, materiais e mão de obra terceirizada) e a utilização de fatores internos como mão de obra, com os consequentes custos, que essa contratação e utilização provocam. 26 Para elaboração da DVA, essa construção equivale a produção vendida para a própria empresa e, por isso, seu valor contábil integral precisa ser considerado como receita. A mão de obra, própria e alocada, é considerada como distribuição dessa riqueza existente e eventuais juros ativos e tributos também recebem esse mesmo tratamento. Os gastos com serviços de terceiros e materiais são apropriados como insumos. A medida que tais ativos entrem em operação, a geração de resultados desse recebe tratamento idêntico aos resultados gerados por qualquer outro ativo adquirido de terceiros; portanto, sua depreciação também deve receber igual tratamento. Para evitar o desmembramento das despesas de depreciação, na elaboração da DVA, entre os componentes que serviram de base para o respectivo registro do ativo construído internamente (materiais diversos,mão de obra, impostos, aluguéis e juros), os valores gastos nessa construção devem, no período da construção, ser tratados como Receitas relativas à construção de ativos próprios. Da mesma forma, os componentes de seu custo devem ser alocados na DVA, seguindo-se suas respectivas naturezas. Referido procedimento de reconhecimento dos valores gastos, no período, como outras receitas, além de aproximar o conceito econômico de valor adicionado, evita controles complexos adicionais, que podem ser custosos, durante toda a vida útil econômica do ativo. Distribuição de lucros relativos a exercícios anteriores A Demonstração do valor Adicionado está estruturada para ser elaborada a partir da Demonstração do Resultado do período. Assim, há uma estreita vinculação entre essas duas, que deve servir para sustentação da consistência entre elas. Mas a vinculação tem também uma interface com a Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados, na parte em que movimentações nessa conta dizem respeito à distribuição do resultado do exercício, apurado na demonstração própria. A entidade é livre, dentro dos limites legais, para distribuir seus lucros acumulados, sejam eles oriundos do próprio exercício ou de exercícios anteriores. Pela vinculação referida no item anterior, os dividendos que compõem a riqueza distribuída pela entidade devem, porém, restringir-se exclusivamente à parcela relativa aos resultados do próprio período. Dividendos distribuídos, relativos a lucros de períodos anteriores, não são considerados, pois já figuraram como lucros retidos naqueles respectivos períodos. 27 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO (MODELO) DESCRIÇÃO R$ % 1 – RECEITAS 1.1 – Vendas de mercadorias, produtos e serviços 1.2 – Outras receitas 1.3 – Receitas relativas à construção de ativos próprios 1.4 – Provisão para créditos de liquidação duvidosa – Reversão/Constituição 2 – INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS (Inclui os valores dos impostos – ICMS, IPI, PIS e Cofins) 2.1 – Custos dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos 2.2 – materiais, energia, serviços de terceiros e outros 2.3 – Perda/Recuperação de valores ativos 2.4 – Outras (especificar) 3 – VALOR ADICIONADO BRUTO (1 – 2) 4 – DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO 5 – VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3 – 4) 6 – VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA 6.1 – Resultado de equivalência patrimonial 6.2 – Receitas financeiras 6.3 – Outras 7 – VALOR ADICIONADO, TOTAL A DISTRIBUIR (5 + 6) 8 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO (igual ao item 7) 8.1 – Pessoal 8.1.1 – Remuneração direta 8.1.2. – Benefícios 8.1.3 – FGTS 8.2 – Impostos, taxas e contribuições 8.2.1 – Federais 8.2.2 – Estaduais 8.2.3 – Municipais 8.3 – Remuneração de capitais de terceiros 8.3.1 – Juros 8.3.2 – Aluguéis 8.3.3 – Outras 8.4 – Remuneração de capitais próprios 8.4.1 – Juros sobre o capital próprio 8.4.2 – Dividendos 8.4.3 – Lucros retidos / prejuízo do exercício 8.4.4 – Participação dos não controladores nos lucros retidos (Só para consolidação) 28 Exercício 1 Baseado nos fatos contábeis abaixo elabore a Demonstração do Valor Adicionado (DVA): 1. Venda de mercadorias no valor total de R$ 90.000,00; 2. Custo das mercadorias e vendas no valor de 70% da receita bruta de vendas; 3. Tributos sobre vendas = 20% 4. Venda de bem do ativo imobilizado, por R$ 31.000,00 (valor contábil do bem era de R$ 20.000,00); 5. Saldo da conta Duplicatas a Receber = R$ 50.000,00. Foi constituída uma provisão para créditos de liquidação duvidosa de 2%; 6. Despesas gerais e administrativas de R$ 17.000,00, sendo R$ 5.000,00 referentes às despesas de depreciação e R$ 7.000,00 referentes às despesas com pessoal próprio; 7. Perda na recuperação de valor de ativos de R$ 2.000,00; 8. Ganho de equivalência patrimonial de R$ 5.000,00; 9. Receitas financeiras de R$ 5.000,00; 10. Despesas financeiras de R$ 2.000,00; 11. Dividendos distribuídos no valor de R$ 5.000,00; 12. Parcela do lucro do período, transferida para reserva de lucros de R$ 3.000. Exercício 2 A partir da DRE a seguir, elabore a DVA. Receita Bruta de Vendas 20.000,00 (-) ICMS s/ vendas (1.700,00) (-) PIS s/ Vendas (300,00) (-) Cofins s/ Vendas (500,00) Receita Líquida de Vendas 17.500,00 (-) CMV (10.000,00) Lucro Bruto 7.500,00 (-) Despesas de Salários (1.000,00) (-) Encargos Sociais – INSS (100,00) (-) Despesas de Juros (400,00) (-) Despesas de Depreciação (500,00) (+) Receitas de Dividendos 1.000,00 Lucro Operacional Líquido 6.500,00 (-) Provisão para Imposto de Renda (1.500,00) Lucro Líquido do exercício * 5.000,00 (*) Do lucro líquido do exercício, R$ 3.000,00 foram destinados aos acionistas e R$ 2.000,00 à constituição de reservas de lucros. 29 BALANÇO ECOLÓGICO E CONTABILIDADE AMBIENTAL 1. Introdução A proteção ao meio ambiente vem-se tornando uma preocupação de numerosas empresas, de formadores de opinião e de parcela significativa da população, em várias partes do mundo. A preservação do meio ambiente converteu-se em um dos fatores de maior influência da década de 90, com grande rapidez de mercado. Assim, as empresas começam a apresentar soluções para alcançar o desenvolvimento sustentável e ao mesmo tempo aumentar a lucratividade de seus negócios. A Contabilidade, principal sistema de informação de uma organização, não pode desconhecer essa realidade. Este assunto, porém, por ser novo e complexo, implica uma série de dificuldades para os Contadores, especialmente no que tange às apropriações com os gastos realizados ou a realizar para estabelecer o equilíbrio ambiental. 2. O balanço ambiental Este balanço, que tem sua origem no balanço social, pode, às vezes, comportar informações físicas e monetárias. O fulcro de tal apresentação é duplo: Os reportes entre dados físicos e dados monetários devem permitir acumular, ao menos parcialmente, as insuficiências em matéria de avaliação. A colocação em paralelo dos dois sistemas de dados permite evidenciar os custos específicos que representam os investimentos antipoluição segundo os setores. Em alguns setores, despoluir é pouco dispendioso, em outros, ao contrário, a obtenção dos mesmos resultados em matéria de despoluição revela- se extremamente onerosa. Informa-nos Christophe que “por exemplo, a eliminação de matérias em suspensão na água custará 10 a 15 vezes mais caro numa refinaria de petróleo do que numa fábrica de laticínios”. A sociedade Rhône - Poulenc (França) desde 1988 divulga, no relatório anual, um índice ambiental relativo à poluição nos recursos hídricos. Deve-se ter presente, como afirmaram Ernst & Young, que: “no limiar do novo milênio, além dos desafios de gerar lucros e satisfazer seus clientes, as empresas precisam estar atentas para o fato de que as questões ambientais devem ser tratadas como parte integrante de suas atividades”. Segundo as Nações Unidas, o primeiro passo a transpor consiste em separar as despesas ambientais de outras despesas e, objetivamente, mensurar o passivo ambiental das empresas. Esta individualização das despesas ambientais favorece a apresentação de quadros em termos financeiros dos balanços ambientais. No que tange ao passivo ambiental, permite avaliar, de 30 vez, os investimentos que poderão ser provisionados e alocados no balanço ambiental, bem como as provisões ambientais vinculadas ao valor adicionado negativo. 3. Responsabilidade ambiental e corporativa Cada vez mais, a necessidade de informação é uma exigência da sociedade. As questões ambientais,
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