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UFOP Autores: Alessandro de Sousa Veiga Mariana Sales Costa Prof. Henrique Pereira Faria Thaís Batisteli Camêlo Curso de Atualização em S.B.V. Para Profissionais de Saúde Protocolo 2011 Sumário 3 • RCP em Adultos 9 • RCP em Crianças 11 • Técnica Bolsa-Valva-Máscara e Ventilação de Resgate 13 • RCP com dois Socorristas 15 • Desfibrilador Externo Automático (DEA) 20 • RCP em Lactentes 28 • Desobstrução das Vias Aéreas Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 3 1-Reanimação Cardiopulmonar (RCP) em adultos Aspectos Básicos da RCP em Adultos A RCP consiste em quatro partes principais (CABD): 1. Circulação. 2. Abertura da via aérea. 3. Boa respiração. 4. Desfibrilação. Compressões Torácicas Parte importante da RCP, pois mantêm o fluxo de sangue para o coração, o cérebro e os outros órgãos vitais. Siga estes passos: Passo Ação 1 Posicione ao lado da vítima. 2 Certifique-se de que esta vítima esteja deitada de costas, sobre uma superfície firme e plana. Caso a vítima esteja deitada de bruços, gire-a cuidadosamente para que fique de costas. 3 Afaste ou remova todas as roupas que cobrem o tórax da vítima. Você precisa conseguir ver a pele. 4 Coloque o calcanhar de uma mão no centro do peito nu da vítima, entre os mamilos, ou dois dedos acima do processo xifóide (Figura 1). 5 Ponha o calcanhar da outra mão sobre a primeira. Estique os braços e posicione seus ombros na direção de suas mãos (figura 2). 6 Faça compressão rápida e forte. Pressione para baixo, no mínimo, 5 centímetros, a cada compressão. Assegure-se de comprimir sobre o osso do peito (esterno) da vítima. 7 Ao final da compressão assegure-se de que houve o retorno/re-expansão total do tórax. O retorno completo do tórax permite que mais sangue encha o coração entre as compressões torácicas. O retorno incompleto do tórax reduz o fluxo de sangue produzido pelas compressões torácicas. 8 Aplique compressões rápidas e fortes a uma freqüência de, no mínimo, 100 por minuto. Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 4 Importante. Considerações importantes sobre a compressão torácica: 1. O socorrista deve aplicar compressões fortes e profundas. 2. O socorrista deve comprimir o tórax a uma frequência de, no mínimo, 100 vezes por minuto. 3. O socorrista deve permitir o retorno completo do tórax após cada compressão, pois otimiza o reenchimento do coração após cada compressão. 4. O socorrista não deve interromper as compressões frequentemente ou por muito tempo. 5. Caso tenha dificuldade para comprimir o osso do peito na profundidade necessária durante as compressões, ponha uma mão sobre o osso do peito, para comprimir o tórax e agarre o punho dessa mão com a sua outra mão para auxiliar a mão que comprime o tórax. 6. Não movimente a vítima durante a aplicação de RCP, a menos que esteja em um ambiente perigoso ou se você acredita que não possa realizar a RCP de forma eficaz devido ao posicionamento ou localização da vítima. 7. Compressões torácicas salvadoras começarão mais cedo se os socorristas realizarem a reanimação no local em que se encontra a vítima. Abertura das Vias Aéreas Siga estes passos para realizar a manobra de elevação da mandíbula (Figura 3): Passo Ação 1 Posicione do lado da vítima de modo a ficar pronto para: 1. Abrir a via aérea. 2. Aplicar ventilações na vítima. 2 Realização da manobra de elevação da mandíbula. Siga estes passos: 1. Ponha uma mão na testa da vítima e empurre com a palma da mão para inclinar a cabeça para trás. 2. Ponha os dedos da outra mão abaixo da parte óssea da mandíbula, perto do queixo. 3. Eleve a mandíbula para levar o queixo para frente. 3 O que se deve evitar com relação a elevação da mandíbula: 1. Não faça pressão profunda nos tecidos moles abaixo do queixo, pois poderá obstruir a via aérea. 2. Não use o polegar para elevar o queixo. 3. Não feche a boca da vítima completamente, a menos que a ventilação boca-a- nariz seja a técnica escolhida para ventilar a vítima. Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 5 Aplicação de Ventilações Ventilação boca-a-boca É uma maneira rápida, eficaz e suficiente de suprir as necessidades da vítima. Siga estes passos: Passo Ação 1 Mantenha a via aérea da vítima aberta utilizando a manobra de elevação da mandíbula. 2 Comprima as narinas da vítima com seu polegar e indicador, posicionando sua mão na testa da vítima. 3 Respire normalmente (não respire profundamente) e sele seus lábios ao redor da boca da vítima, fechando hermeticamente (Figura 4). 4 Aplique uma ventilação (sopre por 1 segundo). Observe a elevação do tórax à medida que você aplica a ventilação. 5 Se o tórax não se elevar, repita a manobra de elevação da mandíbula. 6 Aplique uma segunda ventilação (sopre por 1 segundo). Observe a elevação do tórax. Importante: Ventilações muito rápidas ou com muita força podem causar distensão gástrica (o ar vai para o estômago ao invés dos pulmões), podendo provocar complicações graves, como vômitos, aspiração e pneumonia. Para prevenir a distensão gástrica, siga estes passos: 1. Leve 1 segundo para aplicar cada ventilação. 2. Forneça uma quantidade de ar suficiente para conseguir elevar o tórax da vítima. 3. O uso de pressão cricóide durante as ventilações, em geral, não é recomendado. Ventilação boca-a-máscara Para usar a máscara o socorrista posiciona-se ao lado da vítima, segura a máscara contra a face da vítima e abre as vias aéreas através da elevação da mandíbula. Siga estes passos: Passo Ação 1 Posicione-se ao lado da vítima. 2 Coloque a máscara na face da vítima usando a ponte do nariz como um guia para a posição correta. 3 Ajuste a máscara contra a face: usando sua mão que está mais próxima da parte mais alta da cabeça da vítima, coloque o dedo indicador e o polegar ao longo do bordo da máscara. Coloque o polegar de sua outra mão ao longo da margem inferior da máscara (Figura 5). 4 Coloque os outros dedos de sua mão que está mais próxima do pescoço da vítima ao longo da margem óssea da mandíbula e eleve-a. Realize a manobra de elevação da mandíbula para abrir a via aérea. 5 Enquanto eleva a mandíbula, pressione de modo firme e completo ao redor da parte externa da margem da máscara para fazer o selamento contra a face. 6 Forneça ar durante 1 segundo para promover a elevação do tórax da vítima. Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 6 Relação Compressão/Ventilação Para Socorrista Único Para dois Socorristas 30 compressões para 2 ventilações em vítimas de todas as idades, exceto, neonatos (3:1). 15 compressões para 2 ventilações em crianças e lactentes. Sequência de RCP com 1 Socorrista em Adulto Passo Ação 1 Chegue perto da vítima e certifique-se de que o local é seguro para você e para a vítima, para você não tornar-se uma vítima. Avalie se a vítima responde (Figura 6A) e se está respirando normalmente, sem respiração ou com respiração anormal ou agônica (gasping). Se não tiver resposta, busque por socorro (Figura 6B). 2 Se você estiver sozinho, acione o serviço de atendimento de emergência e solicite um desfibrilador externo automático (DEA) e então, retorne para o local em queestá a vítima para iniciar RCP. 3 Inicie o atendimento avaliando o pulso da vítima (em menos de 5 e não mais de 10 segundos). Siga estes passos para localizar o pulso da artéria carótida: 1. Mantenha a inclinação da cabeça pondo uma mão na testa da vítima. 2. Localize a traquéia usando 2 a 3 dedos da outra mão (Figura 7). 3. Deslize esses dedos para o sulco entre a traquéia e os músculos laterais do pescoço, onde se pode sentir o pulso carotídeo. 4 Se você definitivamente não sentir um pulso ou não tem certeza se a vítima tem pulso presente, realize 5 ciclos de compressões e ventilações (30:2), pois uma RCP desnecessária é menos prejudicial que não realizar a RCP. É importante comprimir o tórax na profundidade correta, 5 cm ou 2 polegadas, e a uma frequência de, no mínino, 100 compressões por minuto, permitindo que o tórax retorne completamente após cada compressão. 5 Após realizar as 30 compressões, abra a via aérea da vítima e aplique 2 ventilações (ventilação de resgate). Abra a via aérea da vítima, utilizando a manobra de elevação da mandíbula. O tempo gasto entre o fim de uma sequência de compressões e o início de uma nova sequência é de, no máximo, 10 segundos. 6 Se a respiração não estiver adequada ou não houver respiração, aplique 2 ventilações (1 segundo cada) enquanto observa se o tórax da vítima se eleva. Figura 5 Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 7 Importante: Considerações importantes sobre a RCP: 1. Certifique-se de que o local é seguro para você e para a vítima, para você não tornar-se uma vítima. 2. Dê um tapinha no ombro da vítima e grite: “Está tudo bem”? (Figura 7). 3. A vítima deve estar deitada de costas (posição supina) e em uma superfície rígida antes de você iniciar uma RCP. 4. O socorrista deve se esforçar ao máximo para minimizar quaisquer interrupções nas compressões torácicas (no máximo 10 segundos). Figura 6. Figura 7. Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 8 Algoritmo SBV no adulto Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 9 2-RCP em Crianças RCP em crianças com 1 socorrista Passo Ação 1 Chegue perto da vítima e certifique-se de que o local é seguro para você e para a vítima, para você não tornar-se uma vítima. Avalie se a vítima responde e se está respirando normalmente, sem respiração ou com respiração anormal ou agônica (gasping). Se não tiver resposta, busque por socorro (Figura 8). 2 Caso alguém venha ajudar mande essa pessoa acionar o sistema de atendimento de emergência e solicitar um DEA (se estiver disponível). Na impossibilidade de chamar socorro inicie atendimento. 3 Inicie o atendimento avaliando o pulso da vítima (em menos de 5 e não mais de 10 segundos). Siga estes passos para localizar o pulso da artéria carótida: 4. Mantenha a inclinação da cabeça pondo uma mão na testa da vítima. 5. Localize a traquéia usando 2 a 3 dedos da outra mão. 6. Deslize esses dedos para o sulco entre a traquéia e os músculos laterais do pescoço, onde se pode sentir o pulso carotídeo. Palpe a artéria por não menos de 5 e não mais de 10 segundos. 4 Caso não haja pulso ou a freqüência cardíaca seja inferior a 60 batimentos por minuto, com sinal de perfusão inadequada (ex: cor azulada), vá para o passo 5. 5 Realize ciclos de compressão e ventilação (relação 30:2) à freqüência de, no mínimo, 100 compressões por minuto (Figura 9). 6 Após realizar as 30 compressões, abra a via aérea da vítima e aplique 2 ventilações (ventilação de resgate). Abra a via aérea da vítima, utilizando a manobra de elevação da mandíbula (você pode precisar tentar mais de uma vez até conseguir abrir a via aérea e aplicar um total de 2 ventilações que provoquem elevação do tórax). Se a respiração não estiver adequada ou não houver respiração, aplique 2 ventilações (1 segundo cada) enquanto observa se o tórax da vítima se eleva. O tempo gasto entre o fim de uma sequência de compressões e o início de uma nova sequência é de, no máximo, 10 segundos. 7 Após 5 ciclos de RCP (30:2): 1. Caso ainda não tenha sido feito, acione o sistema de atendimento de emergência e solicite um DEA. 2. Use o DEA. Modificações da RCP em Crianças Considerações importantes sobre a RCP em crianças: 1. Para crianças muito pequenas, você pode usar 1 ou 2 mãos para aplicar as compressões torácicas. 2. Para crianças não responsivas o socorrista deve aplicar 5 ciclos de RCP antes de deixar a criança para acionar o sistema de atendimento de emergência. Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 10 3. Caso a criança tenha sofrido um colapso súbito, o socorrista único deve primeiro acionar o sistema de atendimento de emergência e, a seguir, voltar ao local em que está a vítima e iniciar a RCP. 4. Os socorristas em ambiente fora do hospital devem realizar 5 ciclos de RCP para uma criança antes de utilizar o DEA. 5. Para crianças de 1 ano até a puberdade pressione, no mínimo, ⅓ da profundidade do tórax a cada compressão, cerca de 5 cm (2 polegadas). Figura 8. Figura 9. Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 11 3-Técnica Bolsa-Valva-Máscara e Ventilação de Resgate Técnica Bolsa-Valva-Máscara em Adulto e Criança e Ventilação de resgate Os dispositivos Bolsa-Valva-Máscara consistem de uma bolsa fixada a uma máscara facial. Também podem incluir uma válvula para evitar a reinalação. Um Socorrista Usando Bolsa-Valva-Máscara Passo Ação 1 Posicione-se imediatamente atrás e acima da cabeça da vítima. 2 Coloque a máscara sobre a face da vítima, usando o dorso do nariz como guia para o correto posicionamento. 3 Use a técnica dos dois “Cs” e dois “Es” para segurar a máscara em posição, enquanto eleva a mandíbula para manter a via aérea aberta (Figura 10). 1. Realize a inclinação da cabeça. 2. Use o polegar e o indicador de uma mão para formar um ‘C’, pressionando os bordos da máscara contra a face da vítima. 3. Use os outros dedos dessa mão para elevar o ângulo da mandíbula (os 3 dedos formam um “E” e abrem a via aérea). 4 Comprima a bolsa para aplicar as ventilações (1 segundo cada), enquanto observa a elevação do tórax. A aplicação das ventilações é a mesma, quer você utilize suplemento de oxigênio ou não. Dois Socorristas Usando Bolsa-Valva-Máscara Quando 2 socorristas utilizam o dispositivo Bolsa-Valva-Máscara, um socorrista abre a via aérea com a manobra de elevação da mandíbula e segura a máscara contra o rosto da vítima enquanto o outro comprime a bolsa (Figura 11). Figura 10. Figura 11. Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 12 Parada Respiratória A parada respiratória ocorre quando as respirações estão completamente ausentes ou quando são claramente inadequadas para manter oxigenação e ventilação eficazes, mas a vítima tem pulso presente. Os profissionais de saúde devem ser capazes de identificar a parada respiratória e determinar quando as respirações são inadequadas, com a finalidade de manter ventilação ou oxigenação eficaz. Nessas vítimas, os socorristas aplicarão ventilações sem compressões torácicas. Essa técnica é chamada ventilação de resgate. Ventilação de Resgate em Adultos, Crianças e Lactentes1. Aplique 1 ventilação a cada 6 a 8 segundos (8 a 10 ventilações por minuto). 2. Aplique cada ventilação por 1 segundo. 3. Cada ventilação deve promover uma elevação visível do tórax. 4. Avalie o pulso aproximadamente a cada 2 minutos. 5. Nunca hiperventile a vítima. Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 13 4-RCP Com 2 Socorristas Sequência de RCP Com 2 Socorristas em Adultos e Crianças Quando houver outro socorrista disponível para ajudar, ele deve acionar o sistema de atendimento de emergência e solicitar um DEA. O primeiro socorrista deve permanecer ao lado da vítima, para iniciar a RCP imediatamente. Quando o segundo socorrista retornar, ambos devem se revezar na aplicação de compressões torácicas, trocando funções a cada 5 ciclos de RCP ou a cada 2 minutos. Técnica A Ser Utilizada Socorrista Posicionamento Ações Socorrista 1 Ao lado da vítima (Figura 12). 1. Aplicar as compressões torácicas. 2. Contar o número de compressões em voz alta. 3. Trocar de função com o socorrista 2 a cada 5 ciclos ou 2 minutos, levando menos de 10 segundos para a troca. Socorrista 2 Junto à cabeça da vítima (Figura 12). 1. Manter a via aérea aberta. 2. Aplicar ventilações, observando se há elevação do tórax e evitando a hiperventilação. 3. Encorajar o socorrista 1 a aplicar compressões que sejam suficientemente rápidas e profundas permitindo o retorno completo do tórax entre as compressões. 4. Trocar de função com o socorrista 1 a cada 5 ciclos ou 2 minutos, levando menos de 10 segundos para a troca. Figura 12. Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 14 Considerações Sobre as Vias Aéreas Avançadas Até que uma via aérea avançada (ex: máscara laríngea ou tubo endotraqueal) esteja em posição, a relação compressão/ventilação será de: Adulto (2 ou mais socorristas) Crianças (2 ou maissocorristas) 30:2 15:2 Se houver uma via aérea avançada em posição, aplique (em adultos, crianças ou lactentes) 1 ventilação a cada 6 a 8 segundos sem tentar sincronizar as ventilações entre as compressões. Não deve haver pausa nas compressões para aplicação das ventilações. Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 15 5-Desfibrilador Externo Automático Desfibrilador Externo Automático (DEA) Os desfibriladores Externos Automáticos (DEA s) são dispositivos computadorizados que são fixados por pás adesivas a uma vítima sem pulso e permitem que pessoas leigas e profissionais de saúde tentem a desfibrilação com segurança. Quando Usar O DEA Você usará o DEA, para adultos, crianças e lactentes, somente quando a vítima tiver as 3 características clínicas abaixo: 1. Não responsiva 2. Não respirando 3. Sem pulso O DEA Universal: Passos Comuns À Operação De Todos Os Deas Quando o DEA chegar, coloque-o ao lado da vítima, próximo ao socorrista que irá operá-lo. A tabela a seguir enumera os 6 passos universais para a operação de um DEA: Passo Ação 1 Ligue o DEA (isso acionará as mensagens sonoras para guiá-lo em todos os passos subseqüentes): 1. Abra o estojo do DEA ou a parte superior da caixa do DEA. 2. Ligue o dispositivo (alguns dispositivos ligam automaticamente quando a tampa da caixa ou do estojo é aberta). 2 FIXE as pás ao tórax desnudo da vítima: 1. Escolha as pás corretas (adulto ou criança) para o tamanho / idade da vítima. Use pás infantis ou sistema pediátrico para crianças com menos de 8 anos, caso esteja disponível. Não use pás infantis ou sistema pediátrico para vítimas de 8 anos ou mais (Figura 13). 2. Retire a proteção traseira das pás adesivas. 3. Se o tórax da vítima estiver coberto com água ou suor, limpe-o rapidamente. 4. Fixe as pás adesivas no tórax desnudo da vítima: 4.1. Coloque um eletrodo no lado superior direito do tórax desnudo, à direita do osso esterno, logo abaixo da clavícula. 4.2. Coloque a outra pá à esquerda do mamilo, alguns centímetros abaixo da axila esquerda (Figura 14). 5. Fixe o DEA, conectando os cabos na caixa do desfibrilador (alguns dispositivos já são pré-conectados). 3 Afaste-se da vítima e analise o ritmo: 1. Sempre se afaste da vítima durante a análise. 2. Certifique-se de que ninguém esteja tocando a vítima, inclusive a pessoa encarregada de aplicar as ventilações. Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 16 3. Alguns DEAs informarão o momento de pressionar o botão para permitir que o aparelho comece a analisar o ritmo cardíaco; outros farão essa análise automaticamente. 4. O DEA leva cerca de 5 a 15 segundos para analisar o ritmo. 5. O DEA, então, informa se o choque é necessário. 4 Caso o DEA informe que é recomendado aplicar um choque, ele lhe dirá para ter certeza de que está afastado da vítima. 1. Afaste-se da vítima antes de aplicar o choque: tenha certeza de que ninguém esteja tocando a vítima, para evitar lesões nos socorristas. 1.1. Avise em voz alta parra todos se afastarem do paciente. 1.2. Faça uma inspeção visual para assegurar que ninguém esteja em contato com a vítima 2. Pressione o botão CHOQUE. 3. O choque produzirá uma contração súbita dos músculos da vítima. 5 Assim que o DEA aplicar o choque, inicie a RCP, começando com compressões torácicas. 6 Após dois minutos de RCP, o DEA recomendara que você repita os passos 3 e 4. Uso De DEA Em Crianças e Lactentes 1. Nas paradas cardíacas fora do hospital e não testemunhada em crianças, aplique 5 ciclos ou 2 minutos de RCP antes de utilizar o DEA. 2. Para qualquer parada cardíaca intra-hospitalar em uma criança ou para qualquer colapso súbito em uma criança em ambiente fora do hospital, use o DEA tão logo esteja disponível. 3. Se você utilizar um DEA em uma criança e esse dispositivo puder aplicar choque em dose pediátrica, siga as instruções do DEA para selecionar uma dose mais baixa (pediátrica) de choque e escolha as pás infantis se estiverem disponíveis. 4. Caso esteja usando um DEA, sem sistema pediátrico, em uma criança de 1 a 8 anos, utilize as pás de adulto e aplique a dose de adulto. Figura 13. Figura 14. Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 17 Evolução e Ações Após a Aplicação do Choque Siga esses passos após o DEA aplicar um choque na vítima: Passo Ação 1 Após o choque, reinicie imediatamente a RCP, começando com compressões torácicas. 2 Após 5 ciclos (cerca de 2 minutos ) de RCP, deixe que o DEA analise o ritmo cardíaco. Se um choque não for indicado, reinicie a RCP (começando com compressões torácicas) por mais 5 ciclos. 3 Continue a RCP até que socorristas com treinamento em suporte avançado assumam o caso ou que a vítima comece a se mover. Importante: Considerações importantes sobre o uso do DEA: 1. Se o DEA não detectar um ritmo que requeira um choque, irá informá-lo para reiniciar a RCP, começando com compressões torácicas. Não avalie novamente o ritmo para ver se existe pulso. Siga as mensagens sonoras do DEA e continue até que a equipe de socorristas com treinamento em SAV assuma o caso. 2. Não há problema em deixar o DEA fixado à vítima enquanto faz seu transporte, mas nunca pressione o botão ANALISAR enquanto movimenta a vítima, pois a movimentação podeinterferir com a análise. 3. Caso haja 2 ou mais socorristas no local eles podem iniciar simultaneamente: 3.1.1. Acionamento do sistema de atendimento de emergência e solicitação de um DEA. 3.1.2. Realização de RCP. 3.1.3. Utilização de um DEA. Situações Especiais 1. Tórax muito peludo: Passo Ação 1 Se as pás ficarem grudadas nos pêlos, ao invés de na pele, pressione firmemente cada pá. 2 Se o DEA continuar a emitir uma mensagem de “checar as pás” ou “checar os eletrodos”, puxe rapidamente as pás adesivas. Essa manobra removerá uma grande quantidade de pêlos. 3 Caso ainda reste uma quantidade grande de pêlos onde você pretende colocar as pás, raspe-os como aparelho de barbear que fica dentro da caixa de transporte do DEA. 4 Use um novo conjunto de pás, e siga as mensagens sonoras do DEA. 2. A água é um bom condutor de eletricidade, portando não use o DEA na água. Caso a vítima esteja na água, transporte-a primeiro para um lugar seco. 3. Se a água recobrir apenas o tórax da vítima, seque rapidamente antes de fixar os eletrodos. 4. Algumas vítimas podem ter desfibriladores ou marca-passos implantados. Pode-se identificar esses dispositivos imediatamente, pois eles criam uma protuberância endurecida abaixo da pele, na porção superior do tórax ou abdome, do tamanho de uma caixa de fósforos, com Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 18 uma pequena cicatriz sobre ela. Caso você identifique a presença de um desfibrilador/marca- passo implantado: 1.1. Fixe as pás do eletrodo a pelo menos 2,5cm lateralmente ao dispositivo implantado. 1.2. Siga os passos normais para operar o DEA. 2. Não coloque os eletrodos do DEA diretamente sobre um emplastro medicamentoso, remova o adesivo e limpe a área antes de fixá-los ao tórax da vítima. 3. Ao usar um DEA totalmente automático você não precisará pressionar um botão para que ele analise o ritmo cardíaco e aplique o choque na vítima. Sequência de RCP Com 2 Socorristas e um DEA (Figura 15) Passo Ação 1 Chegue perto da vítima e certifique-se de que o local é seguro para você e para a vítima, para você não tornar-se uma vítima. Avalie se a vítima responde e se está respirando normalmente, sem respiração ou com respiração anormal ou agônica (gasping). Se a vítima não estiver responsiva: 1. O primeiro socorrista fica com a vítima e inicia a RCP até a chegada do DEA. 2. O segundo socorrista aciona o sistema de atendimento de emergência e solicita um DEA. 2 Inicie o atendimento avaliando o pulso da vítima (em menos de 5 e não mais de 10 segundos). Siga estes passos para localizar o pulso da artéria carótida: 1. Mantenha a inclinação da cabeça pondo uma mão na testa da vítima. 2. Localize a traquéia usando 2 a 3 dedos da outra mão. 3. Deslize esses dedos para o sulco entre a traquéia e os músculos laterais do pescoço, onde se pode sentir o pulso carotídeo.. 3 Se não houver pulso presente, em caso de adultos, ou pulso menor que 60 bpm com sinais de perfusão inadequada em crianças: 1. Aplique as compressões torácicas e prepare para utilizar o DEA. 2. O primeiro socorrista inicia as compressões torácicas enquanto o segundo prepara para usar o DEA. 3. Remova ou afaste as roupas que recobrem o tórax da vítima, para permitir a fixação dos eletrodos. 4 Após realizar as 30 compressões, abra a via aérea da vítima e aplique 2 ventilações (ventilação de resgate). Abra a via aérea da vítima, utilizando a manobra de elevação da mandíbula. O tempo gasto entre o fim de uma sequência de compressões e o início de uma nova sequência é de, no máximo, 10 segundos. 5 Tente a desfibrilação com o DEA: 1. Posicione o DEA no lado da vítima oposto ao do socorrista que está realizando a RCP Exceções: 1.1 Para uma criança que tenha sofrido uma parada cardíaca em ambiente fora do hospital e não testemunhada, aplique 5 ciclos de RCP antes de fixar e usar o DEA Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 19 1.2 Para um adulto que tenha sofrido uma parada cardíaca em ambiente fora do hospital e não testemunhada, a equipe do SME pode realizar 5 ciclos de RCP antes de fixar as pás e utilizar o DEA 6 Ligue o DEA e siga as mensagens sonoras: 1. Fixe o DEA. 2. Deixe o DEA ANALISAR o ritmo cardíaco da vítima (mantenha-se afastado da vítima). 3. Aplique um CHOQUE, se necessário (mantenha-se afastado da vítima). 4. Se o choque não for necessário e também após a aplicação do choque, reinicie a RCP começando com compressões torácicas. Figura 15. Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 20 6-RCP em Lactentes Aspectos Básicos da RCP em Lactentes O termo lactente corresponde às crianças de até 1 ano de idade (12meses). Para SBV em crianças com mais de 1 ano; consulte “RCP em Crianças”. A sequência de SBV em lactentes (CABD) é: 1. Circulação. 2. Abertura das vias aéreas. 3. Boa respiração. 4. Desfibrilação. Observe o esquema. Todos os passos serão explicados detalhadamente adiante. Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 21 Compressões torácicas Passo Ação 1 Coloque o lactente sobre uma superfície firme e plana. 2 Remova todas as roupas que cobrem o tórax do lactente. 3 Trace uma linha imaginária entre os mamilos da vítima. Posicione 2 dedos sobre o osso esterno imediatamente abaixo dessa linha (Figura 16). Não pressione sobre o processo xifóide. 4 Para aplicar compressões torácicas, pressione o osso esterno, no mínimo, ⅓ da profundidade do tórax a cada compressão, cerca de 4 cm (1½ polegadas). 5 Após cada compressão, libere totalmente a pressão sobre o esterno e permita que o tórax reexpanda completamente. O retorno do tórax permite que o coração seja preenchido com sangue, o que é necessário para compressões torácicas mais eficazes. O retorno incompleto do tórax reduz o fluxo sanguíneo produzido pelas compressões torácicas. 6 Aplique compressões a uma freqüência de, no mínimo, 100 por minuto. Abertura da Via Aérea A língua é a estrutura mais comum responsável por obstruir a via aérea em um lactente ou criança não responsiva. Logo que você observar que o lactente não está responsivo, abra a via aérea usando a manobra de elevação da mandíbula para afastar a língua da parte posterior da garganta (Figura 17). Na realização da manobra de abertura das vias aéreas: Passo Ação 1 Coloque a mão na testa da vítima e empurre com a palma da mão, inclinando a cabeça para trás. 2 Coloque os dedos da outra mão abaixo da parte óssea da mandíbula, próximo ao queixo. 3 Eleve a mandíbula para trazer o queixo para frente (Figura 18). Importante: Considerações importantes na abertura das vias aéreas do lactente: Figura 16. Figura 17. Figura 18. Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 22 1. Não faça pressão profunda nos tecidos moles abaixo do queixo, pois poderá obstruir a via aérea. 2. Não use o polegar para elevar o queixo. 3. Não feche a boca da vítima completamente. Aplicação de ventilação Lactentes e crianças, quando apresentam doenças respiratórias, reduzem o oxigênio dentro dos pulmões, o que causa parada cardíaca. Em virtude dessa redução, as compressões torácicas não fornecem sangue rico em oxigênio. Portanto, é muito importante fornecer ventilações eficazes. Não se esqueçam de utilizar os dispositivos de barreira para realizar as ventilações. Ventilação boca-a-boca-e-nariz(método preferível) Passo Ação 1 Mantenha a elevação da mandíbula, para preservar a patência das vias aéreas. 2 Ponha sua boca sobre a boca e o nariz do lactente para criar um fechamento impedindo o escape do ar (Figura 19). 3 Sopre o ar no nariz e na boca do lactente (pausando para inspirar). As ventilações devem elevar o tórax. Se o tórax não se elevar, repita a manobra de elevação da mandíbula, para abrir novamente a via aérea e tente aplicar ventilações que elevem o tórax. Aplicar 2 ventilações. Ventilação boca-a-boca Passo Ação 1 Mantenha a elevação da mandíbula, para preservar a patência das vias aéreas. 2 Pince o nariz da vítima firmemente com seu polegar indicador. Faça o fechamento boca-a-boca 3 Sopre no interior da boca do lactente (pausando para inspirar). As ventilações devem elevar o tórax. Se o tórax não se elevar, repita a manobra de elevação da mandíbula, para abrir novamente a via aérea e tente aplicar ventilações que elevem o tórax. Aplicar 2 ventilações. Técnica da bolsa-valva-máscara A ventilação bolsa-valva-máscara deve ser realizada com uma bolsa e máscara adequadas. A máscara deve cobrir completamente a boca e o nariz da vítima sem cobrir os olhos ou ultrapassar o queixo Figura 19. Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 23 (Figura 20). Esse tipo de ventilação é mais eficaz com 2 socorristas. Enquanto um pressiona a máscara contra a face e eleva a mandíbula do lactente, o outro comprime a bolsa. Siga os passos abaixo: Passo Ação 1 Posicione-se logo atrás e acima da cabeça do lactente. 2 Coloque a máscara na face do lactente. 3 Utilize a técnica dos dois “Cs” e dois “Es” para manter a máscara em posição: 1. Realize a manobra de elevação da mandíbula. 2. Use os dedos polegar e indicador de cada mão para formar um “C”, pressionando ao redor das bordas da máscara. Use os outros dedos para elevar os ângulos da mandíbula (3 dedos formam um “E” e abrir a via aérea. 4 Pressione a máscara contra a face enquanto levanta a mandíbula. Tente fazer um fechamento impedindo o escape de ar entre a máscara e a face. 5 Aplique ventilações (1 segundo cada) enquanto observa a elevação do tórax. O fornecimento de cada ventilação é o mesmo se você usar oxigênio suplementar ou não. Caso não ocorra uma elevação do tórax: 1. Realize novamente a manobra de elevação da mandíbula. 2. Reposicione a máscara contra a face. 3. Certifique-se que a via aérea esteja aberta e que você tenha um bom selamento entre a mascara e a face. 4. Tente aplicar as ventilações novamente. Talvez seja necessário tentar algumas vezes até conseguir aplicar 2 ventilações eficazes que elevem o tórax. Ventilação de resgate em lactentes Às vezes os socorristas aplicarão ventilações sem compressão torácica a lactentes com pulso. Nós chamaremos está situação de parada respiratória e este procedimento de ventilação de resgate. Os itens abaixo mostram as diretrizes para a ventilação de resgate em lactentes: 1. Aplique 1 ventilação a cada 6 a 8 segundos (8 a 10 ventilações/min). 2. Aplique cada ventilação em 1 segundo. Figura 20. Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 24 3. Cada ventilação deve elevar visivelmente o tórax. 4. Avalie o pulso aproximadamente a cada 2 minutos. Relação compressão-ventilação O socorrista único deve usar uma relação compressão-ventilação universal de 30 compressões para 2 ventilações quando aplicar RCP em vítimas de todas as idades. Dois socorristas devem usar uma relação compressão-ventilação de 15 compressões para 2 ventilações quando aplicarem RCP em crianças e lactentes. 1 socorrista 2 ou mais socorristas 30:2 15:2 Sequência de RCP com 1 socorrista em lactentes Passo Ação 1 Avalie a responsividade da vítima (dê tapinhas no pé da vítima, Figura 21). Avalie também se ela respira. 2 Se não estiver responsiva busque por socorro e acione o sistema de atendimento de emergência. 3 Avalie o pulso da vítima em não menos de 5 e não mais de 10 segundos (pulso braquial, Figura 22). 4 Se não houver pulso ou se a frequência cardíaca for inferior a 60 batimentos por minuto, com sinais de perfusão inadequada, inicie ciclos de 30 compressões torácicas, a uma freqüência de, no mínimo, 100 por minuto. 5 Abra a via aérea utilizando a manobra de elevação da mandíbula. Certifique-se de que você inclina a cabeça do lactente para trás somente até a posição neutra (canal auditivo externo no nível da extremidade do ombro do lactente). Se não estiver respirando, aplique 2 ventilações, 1 segundo cada uma. O volume de cada ventilação deve ser suficiente para provocar uma elevação visível do tórax. 6 Mantenha uma relação de compressão-ventilação de 30:2. Após 5 ciclos, acione o sistema de atendimento de emergência, caso ainda não o tenha feito. Então, retorne ao local e reinicie a RCP. Figura 22. Figura 21. Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 25 Importante: Considerações importantes sobre RCP em lactentes: 1. O socorrista que encontra o lactente deve rapidamente certificar-se de que o local seja seguro e avaliar se o lactente está responsivo e respirando: 1.1. Certifique-se que o local seja seguro para você e para o lactente. Não queira se tornar uma vítima. 1.2. Dê um tapinha no pé da vítima e grite, “está tudo bem?”. 1.3. Se não estiver resposta da vítima, busque por socorro. Se não houver meio de comunicação, realize 5 ciclos e compressão-ventilação e depois busque por ajuda. 2. Os socorristas devem se esforçar ao máximo para minimizar o número e duração das interrupções nas compressões torácicas, limitando-as a menos de 10 segundos. Exceto para intubação, desfibrilação ou remoção da vítima de local que oferece perigo. Localizando o pulso braquial Para avaliar o pulso no lactente, ao contrário do adulto e da criança, em que utilizamos o pulso carotídeo, utiliza-se o pulso braquial. Siga os seguintes passos para localizar o pulso da artéria braquial (Figura 22): Passo Ação 1 Posicione 2 ou 3 dedos na parte interna do braço, entre o cotovelo e o ombro do lactente 2 Pressione suavemente os dedos indicador e médio na parte interna do braço por não menos de 5 e não mais de 10 segundos ao tentar sentir o pulso Sequência de RCP com 2 socorristas em lactentes Se no local, houver 2 socorristas, um dos socorristas deve acionar o sistema de atendimento de emergência e retornar ao local onde está a vítima para ajudar na RCP. Os socorristas devem se revezar na aplicação das compressões torácicas a cada 2 minutos ou 5 ciclos. A proporção compressão-ventilação para 2 socorristas é de 15:2. Se houver máscara laríngea ou tubo endotraqueal aplique 1 ventilação a cada 6 a 8 segundos (8 a 10 ventilações/ minuto) sem parar as compressões. Ao realizar a RCP com 2 socorristas, cada socorrista tem funções específicas: Socorrista Posicionamento Ações Socorrista 1 Ao lado da vítima. 1. Aplicar as compressões torácicas com a técnica dos dois polegares. 2. Contar o número de compressões em voz alta. 3. Trocar de função com o socorrista 2 a cada 5 ciclos ou 2 minutos, levando menos de 5 segundos para a troca. Socorrista 2 Ao lado da cabeça da vítima. 1. Manter a via aérea aberta. 2. Aplicar ventilações, observando se há elevação do tórax e evitando a hiperventilação. 3. Encorajar o socorrista 1 a aplicar compressões que sejam suficientemente rápidas e profundas permitindo o retorno completodo tórax entre as compressões. Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 26 Siga os seguintes passos para realizar a RCP, feita por 2 socorristas em lactentes: Passo Ação 1 Avalie a responsividade da vítima dando tapinhas no pé da vítima ( Figura 21). Avalie também se ela respira. 2 Se não estiver responsiva solicite ao segundo socorrista que busque por socorro e acione o sistema de atendimento de emergência. 3 Avalie o pulso da vítima em não menos de 5 e não mais de 10 segundos (pulso braquial, Figura 22). 4 Se não houver pulso ou se a frequência cardíaca for inferior a 60 batimentos por minuto, com sinais de perfusão inadequada, inicie ciclos de 30 compressões torácicas, a uma freqüência de, no mínimo, 100 por minuto. 5 Abra a via aérea utilizando a manobra de elevação da mandíbula. Certifique-se de que você inclina a cabeça do lactente para trás somente até a posição neutra (canal auditivo externo no nível da extremidade do ombro do lactente). Se não estiver respirando, aplique 2 ventilações, 1 segundo cada uma. O volume de cada ventilação deve ser suficiente para provocar uma elevação visível do tórax. 6 Mantenha uma relação de compressão-ventilação de 30:2. Quando o segundo socorrista retornar, use a relação 15:2 com a técnica dos 2 polegares – mão circundando o tórax. Técnica de 2 polegares e mãos circundando o tórax Esta técnica é utilizada com dois socorristas. Ela produz melhor fluxo sanguíneo e resultados mais consistentes em relação à profundidade e força de compressão, podendo gerar pressões arteriais mais altas. Passo Ação 1 Desenhe uma linha imaginária entre os mamilos. Posicione ambos os polegares lado a lado no centro do tórax, acima do esterno, imediatamente abaixo dessa linha (não pressionar o processo xifóide). Pode-se sobrepor os polegares em lactentes muito pequenos. 2 Circunde o tórax do lactente e dê suporte para as costas do lactente com os dedos de ambas as mãos. 3 Com suas mãos circundando o tórax, utilize ambos os polegares para deprimir o esterno de em ⅓ da profundidade do tórax. Enquanto você empurra para baixo com seus polegares, comprima o tórax com os dedos (Figura 23). 4 Após cada compressão, libere totalmente a pressão sobre o esterno e sobre o tórax, permitindo o retorno completo do tórax. 5 Aplique compressões a uma freqüência de, no mínimo, 100 por minuto. 6 Após 15 compressões, pause para o segundo socorrista abrir a via aérea e aplicar duas ventilações. Não aplicar compressões e ventilações simultaneamente. 7 Continue as compressões e ventilações na proporção de 15:2, revezando as funções a cada 2 minutos ou 5 ciclos de compressão-ventilação. Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 27 Principais componentes de SBV para adultos, crianças e lactentes* Figura 23. Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 28 8 – Desobstrução das Vias Aéreas Desobstrução das Vias Aéreas em Vítimas de 1 ano ou Mais Reconhecendo a Obstrução das Vias Aéreas em Adultos e Crianças Responsivas A obstrução da via aérea pode facilmente ser confundida com outros eventos como desmaio, ataque cardíaco e convulsão. O observador treinado deve saber reconhecer precocemente a obstrução da via aérea, já que o socorro adequado é fundamental para o sucesso da evolução do quadro. Obstrução Leve da Via Aérea Obstrução Grave da Via Aérea Sinais 1. Boa troca gasosa. 2. Responsividade e possibilidade de tosse. 3. Pode ter chiado no peito entre os acessos de tosse. Sinais 1. Troca gasosa insuficiente ou ausente. 2. Tosse fraca e ineficiente ou ausência total de tosse. 3. Ruído agudo e alto à inalação ou ausência total de ruído. 4. Aumento da dificuldade de respiração. 5. Possível cianose. 6. Incapacidade de falar. 7. Agarra o pescoço com o polegar e os dedos, fazendo o sinal universal de asfixia (Figura 24). 8. Incapacidade de movimentar o ar. Ações do Socorrista 1. Encoraje a vítima a continuar tossindo espontaneamente e com os esforços de respiração. 2. Não interfira com as tentativas da vítima de expelir o corpo estranho, mas fique ao seu lado e monitorize suas condições. 3. Caso a obstrução leve da via aérea persista, acione o sistema de atendimento de emergência. Ações do Socorrista 1. Pergunte à vítima se ela está engasgada. Se a vítima responder afirmativamente com a cabeça e não conseguir falar, existe uma obstrução da via aérea e você deve acionar o sistema de atendimento de emergência. Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 29 Desobstruindo as Vias aéreas em Adultos e Crianças Acima 1 ano Manobra de Heimlich Composta por compressões abdominais. Aplique cada compressão individual com a intenção de aliviar a obstrução. Pode ser preciso repetir a compressão várias vezes para eliminar a obstrução da via aérea. As compressões abdominais podem causar complicações, como lesões de órgãos internos. Uma vítima que tenha recebido compressões abdominais deve ser examinada por um médico para exclusão de quaisquer complicações potencialmente fatais. Vítima De pé ou Sentada Passo Ação 1 Fique de pé ou ajoelhado atrás da vítima e circunde seus braços ao redor da cintura da vítima (figura 25). 2 Feche o punho de uma mão. 3 Posicione o punho, com o polegar voltado contra o abdome da vítima, na linha média, levemente acima do umbigo e bem abaixo do osso esterno. 4 Agarre seu punho com a outra mão e pressione o punho contra o abdome da vítima, aplicando uma compressão rápida para cima. 5 Repita as compressões até que o objeto seja expelido da via aérea ou a vítima torne- se não responsiva. 6 Aplique cada nova compressão com um movimento separado e distinto, procurando aliviar a obstrução. Importante: Considerações importantes a respeito da manobra de Heimlich: 1. Se a vítima estiver grávida ou for obesa, aplique compressões torácicas ao invés das abdominais (Figura 26). 2. As compressões abdominais podem causar complicações, como lesão de órgãos internos. 3. Uma vítima que tenha recebido compressões abdominais deve ser examinada por profissionais de saúde para exclusão de quaisquer complicações potencialmente fatais. 4. Se você encontrar a vítima engasgada responsiva, mas deitada, aplique as compressões abdominais com a vítima nessa posição. Figura 24. Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 30 5. As vítimas de obstrução das vias aéreas podem inicialmente estar responsivas e depois se tornarem não responsivas. Nesse caso: 5.1 Acione o sistema de atendimento de emergência. 5.2 Abra a via aérea. 5.3 Remova a obstrução, se puder visualizá-la. 5.4 Comece a RCP. 6. Se você estiver sozinho com uma criança vítima de obstrução da via aérea, que se torna não responsiva: 6.1 Abra a via aérea. 6.2 Remova a obstrução, se puder localizá-la. 6.3 Comece a RCP. 6.4 Após 5 ciclos ou 2 minutos de RCP, acione o sistema de atendimento de emergência , se ainda não o tiver feito. 7. Cada vez que você abrir a via aérea de uma vítima adulta ou criança para aplicar ventilações, abra bem à boca da vítima e procure o corpo estranho (Figura 27). Caso consiga visualizá-lo, remova-o com seus dedos. Se não puder vê-lo, continue a RCP. Figura 25. Figura 26. Figura 27. Universidade Federalde Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 31 Seqüência de Ações Após a Desobstrução das Vias Aéreas Você saberá que removeu a obstrução da via aérea, em uma vítima não responsiva, se: 1. Sentir a movimentação de ar e observar a elevação do tórax quando aplica as ventilações. 2. Visualizar e remover um corpo estranho da faringe da vítima. Após a desobstrução você deve seguir os seguintes passos: 1. Aplique 2 ventilações 2. Cheque se a vítima tem pulso: 2.1 Sem pulso e não respirando: Aplicar as compressões torácicas e fixar as pás do DEA. 2.2 Com pulso e não respirando: Continuar a ventilação de resgate e checar o pulso a cada 2 minutos. 2.3 Com pulso e respirando: Posicionar a vítima na posição de recuperação (mais adiante neste manual) e observar suas condições até a chegada da equipe do SME. 3. Caso você consiga desobstruir as vias aéreas com a aplicação de compressões abdominais, recomende à vítima que procure assistência médica imediatamente para uma avaliação. Desobstrução das Vias Aéreas em Lactentes Reconhecendo a Obstrução das Vias Aéreas em Lactentes Responsivos Obstrução Leve da Via Aérea Obstrução Grave da Via Aérea Sinais 1. Boa troca gasosa. 2. Responsividade e possibilidade de tosse vigorosa. 3. Pode ter chiado no peito entre os acessos de tosse. Sinais 1. Troca gasosa insuficiente ou ausente. 2. Tosse fraca e ineficiente ou ausência total de tosse. 3. Ruído agudo e alto à inalação ou ausência total de ruídos. 4. Aumento da dificuldade de respiração. 5. Possível cianose (pele azulada). 6. Incapacidade de falar. 7. Incapacidade de chorar. 8. Incapacidade de movimentar o ar. Ações do Socorrista 4. Não interfira com as tentativas da vítima de expelir o corpo estranho, mas fique ao seu lado e monitorize suas condições. 5. Caso a obstrução leve da via aérea persista, acione o sistema de atendimento de emergência. Ações do Socorrista 1. Se a vítima não conseguir produzir sons ou respirar, existe uma obstrução da via aérea e você deve acionar o sistema de atendimento de emergência. Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 32 Desobstruindo as Vias Aéreas em Lactentes Responsivos A eliminação de uma obstrução da via aérea de um lactente requer uma combinação de tapas nas costas e compressões torácicas. Nunca realize varredura digital às cegas em lactente, crianças e adultos, pois o corpo estranho pode ser empurrado para dentro das vias aéreas e agravar a obstrução ou provocar ferimentos. Siga os passos abaixo: Passo Ação 1 Ajoelhe-se c ou sente-se com o lactente no seu colo. 2 Se for fácil, descubra o tórax do lactente. 3 Segure o lactente em pronação (de barriga para baixo) com a cabeça levemente mais baixa que o tórax, apoiada no seu antebraço. Apoie a cabeça e a mandíbula do lactente em sua mão. Tome cuidado para não comprimir os tecidos moles do pescoço do lactente. Apóie seu antebraço sobre sua coxa ou colo, para dar suporte ao lactente. 4 Aplique 5 golpes, no centro das costas (Figura 28A), entre as escápulas do lactente, com o calcanhar da mão. Aplique cada golpe com força suficiente para tentar deslocar o corpo estranho. 5 Após aplicar 5 golpes nas costas, posicione a outra mão nas costas do lactente e apóie a região posterior de sua cabeça com a palma de sua mão. O lactente ficará adequadamente posicionado entre seus dois antebraços, com a palma de uma mão dando suporte à face e à mandíbula, enquanto a palma da outra mão apóia a parte posterior da cabeça do lactente. 6 Gire o lactente, enquanto apóia cuidadosamente sua cabeça e pescoço. Segure-o de costas. Repouse seu antebraço sobre sua coxa e mantenha a cabeça do lactente mais baixa que o corpo. 7 Aplique 5 compressões torácicas rápidas, para baixo (Figura 28B) no mesmo local em que aplica as compressões torácicas de RCP, ou seja, imediatamente abaixo da linha dos mamilos. Aplique as compressões torácicas na frequência de 1 por segundo, cada uma com o intuito de provocar uma “tosse artificial” capaz de deslocar o corpo estranho. 8 Alterne a sequência de 5 golpes nas costas e 5 compressões torácicas, até que o objeto seja removido ou o lactente torne-se não responsivo. Figura 28. Universidade Federal de Ouro Preto Suporte Básico de Vida 2011 33 Desobstruindo as Vias aéreas em Lactentes Não Responsivos Caso a vítima lactente torne-se não responsiva, pare de aplicar golpes nas costas e comece a RCP. Para desobstruir as vias aéreas em lactentes não responsivos, siga os passos abaixo: Passo Ação 1 Coloque o lactente sobre uma superfície firme e plana. 2 Abra a via aérea do lactente e procure o corpo estranho na faringe. 3 Se a causa da obstrução estiver visível, remova-a. Não realize uma varredura digital às cegas. 4 Inicie a RCP com um passo extra: cada vez que você abrir a via aérea, procure o corpo estranho na região posterior da faringe. 5 Após aproximadamente 5 ciclos (cerca de 2 minutos) de RCP, acione o serviço de atendimento de emergência. Posição de recuperação Use a posição de recuperação para o manejo de vítimas não responsivas que tenham respiração espontânea adequada (Figura 29). Quando uma vítima não responsiva respira espontaneamente, sua língua, muco ou vômitos podem bloquear as vias aéreas. Posicionando a vítima de lado, o fluido poderá drenar facilmente pela boca da vítima, evitando esses problemas. Mesmo assim você deve monitorar atentamente seu pulso e respiração na posição de recuperação. Caso haja trauma ou suspeita de trauma, movimente a vítima somente se não puder manter a via aérea aberta, se o local não for seguro ou se não conseguir realizar RCP na vítima. Nesse caso você precisará proteger a coluna da vítima para girar seu corpo. A posição de recuperação não é recomendada para lactentes e crianças pequenas, pois ela pode bloquear a via aérea, se a cabeça não estiver com um apoio adequado. Referência Bibliográfica: 2006 American Heart Association, SBV para Profissionais de Saúde. Edição em Português. Produção Editorial: Prous Science, São Paulo, Brasil. Depósito Legal:B-06. ISBN: 0-87493-511- 3. 2010 American Heart Association, Destaques das diretrizes da American Heart Association 2010 para RCP e ACE. Disponível em www.heart.org/cpr. Acesso em: 03 mar. 2011. Figura 29.
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