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Vol. 08 Normas Fundamentais (2016)

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NOR MAS 
FUNDAMENTAlS 
COORDENADORES 
Fredie Didier Jr. 
Dierle Nunes 
Alexandre Freire 
2016 
I );I EDITORA ~ JitsPODNM 
www.editorajuspodivm.com.br 
EDITORA 
)UsPODNM 
www.editorajuspodivm.com.br 
Rua Mato Grosso, 175- Pituba, CEP: 41830-151 -Salvador- Bahia 
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Conselho Editorial: Dirley da Cunha Jr., Leonardo de Medeiros Garcia, Fredie Didier Jr., Jose Henri que Mouta, 
Jose Marcelo Vigliar, Marcos Ehrhardt Junior, NestorTilvora, Roberio Nunes Filho, Roberval Rocha Ferreira Filho, 
Rodolfo Pamplona Rlho, Rodrigo Reis Mazzei e Rogerio Sanches Cunha. 
Diagrama~ao: PVictor Editorac;:ao Eletr6nica (pvictoredit@live.com) 
Capa: Rene Bueno e Daniela Jardim (www.buenojardim.com.br) 
D842 Norrnas Fundamentals I coordenadores, Fredie Didier jr. [et al.]. - Salvador : 
juspodivm, 2016. 
528 p. (Colec;ao Grandes Temas do Novo CPC, v. 8; coordenador geral, 
Fredie Didier jr.) 
Varies autores. 
Bibliografia. 
ISBN 978·85-442·1027·7. 
1. Normas Fundamentals. 2. Direito Processual Civil. I. Didier Jr., Fredie. II. 
Nunes, Dierle. Ill. Freire, Alexandre. IV. Titulo. 
Todos os direitos desta edi~ao reservados a Edi~6es JusPODIVM. 
E terminantemente proibida a reprodu~ao total ou parcial desta obra, par qualquer meio ou processo, sem a 
expressa autoriza~ao do autor e da Edi~6es JusPODIVM. A viola~ao dos direitos autorais caracteriza crime descrito 
na Iegisla~ao em vigor, sem prejufzo das san~6es civis cabfveis. 
APRESENTAcAO 
.=. 
E com grande satisfa~ao que apresentamos ao publico, no ano de entrada 
em vigor do C6digo de Processo Civil de 2015 (Lei 13.105, de 16.03.2015), a pre-
sente obra que oferta as bases fundantes e interpretativas da nova legisla~ao, 
analisando sob variadas concep~oes te6ricas as denominadas normas funda-
mentais. 
A mesma e fruto da reflexao e participa~ao conjunta de docentes de inu-
meros Programas de P6s-Gradua~ao Stricto Sensu brasileiras (e estrangeiras), de 
varias institui~oes de ensino superior, contribuindo de modo clara e crftico para 
a elucida~ao e desenvolvimento cientffico do Direito Processual, em especial 
dos dilemas interpretativos trazidos pelo Novo CPC. 
Trata-se de mais um volume essencial desta cole~ao, que vem obtendo 
grande acolhida entre os estudiosos e operadores do direito em geral, a re-
velar que o CPC-2015, seguindo a trilha de inumeras outras legisla~oes estran-
geiras, inaugura seu texto por um conjunto de normas que devem servir de 
vetores e fundamentos para a aplica~ao de suas tecnicas. 
Como se sabe, a Lei 13.105/2015 somente pode ser interpretada em sua 
unidade e em conformidade com seus eixos fundantes, entre eles, o refor~o 
indiscutfvel dos prindpios do contradit6rio, da fundamenta~ao das decisoes e 
a busca de racionalidade no uso do direito jurisprudencial. 
Ademais, o estudo das normas fundamentais demonstra o compromisso 
da novel legisla<;ao em promover uma maior aproxima~ao dos discursos de 
aplica~ao com os de fundamenta~ao constitucional, de modo a se impor a al-
mejada sintonia fina entre a legislar;ao e a Constituir;ao. 
0 livro agrega grandes autores nacionais e estrangeiros, egressos de inu-
meras escolas de pensamento, que tratam de modo plural o conteudo das 
aludidas normas. 
Sao analisadas as bases do novo modelo cooperativo (comparticipativo) 
e constitucionalizado, o contradit6rio, a fundamentar;ao, a primazia do merito, 
a dura~ao razoavel, o acesso a justi~a, a boa-fe, a igualdade, entre inumeros 
outros temas. 
Ademais, se promove uma intensa aproxima~ao entre teoria e praxis que 
se mostra essencia\ a qualquer um que deseja ter a plena compreensao do 
Novo C6digo. 
GRANDESTEMAS DO NCPC, v. 8 • NORMAS FUNDAMENTAlS 
Deste modo, a presente coletanea compreende o horizonte interpretativo 
para a adequada analise e entendimento dos institutos e tecnicas examinados 
nos demais volumes desta festejada cole<;ao, que ja e considerada, pela crfti-
ca especializada, como um dos mais importantes reposit6rios doutrinarios do 
novo C6digo de Processo Civil. 
6 
Sumario 
CAPITULO 1 ~ Reflexoes sobre o "acesso a justi~a" qualitativo no Novo 
Codigo de Processo Civil Brasileiro ............................................ 17 
Flavia Quinaud Pedron 
1. Considera<;5es iniciais ................................................................................................. 17 
2. Um breve hist6rico do movimento do "acesso a justi<;a" quantitativo ..................... 19 
3- o "acesso a justi<;a" qualitativo como (re)leitura do paradigma democratico ......... 25 
4- 0 acesso a jurisdi<;ao qualitativo no regime do novo c6digo de Processo Civil... ..... 28 
5- Considera<;oes finais .................................................................................................... 33 
6. Referencias bibliograficas ............................................................................................ 34 
CAPITuLO 2 ~ Regras fundamentais decorrentes do art. 2° do CPC. ............. 37 
Salomao Viana 
1. Aspectos gerais ............................................................................................................ 37 
2. lnser<;ao no conjunto das normas fundamentais ....................................................... 39 
2.1. Rela<;ao de complementaridade com o princfpio do respeito ao 
autorregramento da vontade ............................................................................. 40 
2.2. Rela<;ao de complementaridade com o princfpio da isonomia ......................... 41 
2.3. Rela<;ao de complementaridade com o principia da dura<;ao razoavel.. ......... 41 
3- Regra fundamental colhida do excerto "o processo come<;a por iniciativa da 
parte" .......................................................................................................................... 41 
p. Reflexos praticos da aplica<;ao da regra fundamental da exigencia de 
iniciativa da parte ............................................................................................... 43 
3.1.1. Aditamento ou altera<;ao do pedido e da causa de pedir .................... 44 
3.1.2. Suscita<;ao do incidente de falsidade documental ................................. 44 
3.1.3. lnstaura<;ao do incidente de desconsidera<;ao da personalidade 
jurfdica ..................................................................................................... 45 
3.1.4. Propositura de reconven<;ao e formula<;ao de pedido contraposto ..... 48 
3.1.5. Denuncia<;ao da !ide pelo reu ................................................................. 49 
3.1.6. Exercfcio de contradireito pelo reu ........................................................ 49 
3.2. Exce<;5es previstas em lei ................................................................................... so 
3.2.1. Procedimentos de arrecada<;ao de bens na heran<;a jacente e 
em casas de ausencia e de coisas vagas ............................................... 50 
GRANDESTEMAS DO NCPC, v. 8 • NORMAS FUNDAMENTAlS 
3.2.2. Reconhecimento de offcio da prescric;ao ................................................ 51 
3.2.3. cumprimento de sentenc;a que reconhece a exigibilidade de 
obrigac;ao de fazer, de nao fazer ou de entregar coisa ......................... 51 
4. Regra fundamental colhida do excerto "o processo se desenvolve por 
impulso oficial" ............................................................................................................ 52 
4.1. Reflexos pra.ticos da aplicac;ao da regra fundamental do impulso oficial... ..... 53 
4.1.1. Ordem para que a citac;ao se de, no caso de identificac;ao da 
necessidade de formac;ao de litiscons6rcio ........................................... 53 
4.1.2. Abandono do processo pelo autor ou sua paralisac;ao por 
negligencia
das partes ............................................................................. 55 
4.2. Excec;oes previstas em lei ................................................................................... 55 
4.2.1. Execuc;ao de decisao concessiva de tutela provis6ria ........................... 56 
4.2.2. lnstituic;ao de calendario processual ...................................................... 56 
4.2.3. Celebrac;ao de neg6cio jurfdico processual atfpico ................................ 56 
5. conclusao ..................................................................................................................... 57 
CAPITuLO 3 ..,._ A constitucionalizac;ao do novo C6digo de Processo Civil ....... 59 
Rona/do Bretas de Carvalho Dias 
1. lntroduc;:ao ................................................................................................................... 59 
2. Processo constitucional .............................................................................................. 60 
3. lnterpretac;ao e aplicac;ao do novo C6digo conforme normas fundamentais ........... 61 
4. Contradit6rio e fundamentac;ao das decisoes jurisdicionais ..................................... 63 
5. Normas do novo C6digo conformadas ao processo constitucional ........................... 66 
6. Distorc;oes normativas do novo C6digo ao processo constitucional. ......................... 71 
7. Conclusoes ................................................................................................................... 73 
8. Bibliografia ................................................................................................................... 73 
CAPITulO 4 ..... A dura«,;ao razoavel do processo e a gestao do tempo 
no novo C6digo de Processo Civil .............................................. 75 
Antonio do Passo Cabral 
1. A busca por celeridade no processo. 0 "dano marginal" aos litigantes ................... 75 
2. o direito a um processo sem dilac;oes indevidas no direito internacional e 
sua previsao no dire ito comparado ........................................................................... 77 
3. o direito brasileiro. Das normas infraconstitucionais a constitucionalizac;ao 
do princfpio. A necessidade de equilibrar rapidez na prestac;:ao com os 
direitos fundamentais das partes ............................................................................... 8o 
4. Dos mecanismos para a efetivac;:ao e cumprimento do preceito. Da 
interpretac;:ao da Constituic;:ao as regras previstas no novo CPC .............................. 84 
8 
SUMARIO 
4.1. Previsoes gerais: indeferimento de requerimentos protelat6rios e 
fixa~ao de prazos razoaveis para OS litigantes ................................................. 84 
4.2. Pretensao mandamental para que o julgamento ocorra em prazo a ser 
fixado pela instancia superior. A insuficiencia da ultrapassada distin~ao 
dos prazos em pr6prios e impr6prios .............................................................. 85 
4-3- Aplica~ao de san~oes pessoais as autoridades responsaveis. Controle 
administrativo-correicional com repercussoes na atividade jurisdicional ....... 87 
4-4- Pretensao indenizat6ria contra o Estado .......................................................... 88 
4-5- Tutela de evidencia: tutela provis6ria como meio de gestao da dura~ao 
do processo ........................................................................................................ 89 
4.6. Calendario do processo e a ordem cronol6gica de conclusao como 
criteria para proferir decis6es ........................................................................... 9o 
5- lmpossibilidade de alegar a insuficiencia de recursos materiais para impedir 
a aplica~ao da dura~ao razoavel do processo .......................................................... 92 
6. Como calcular e aferir o prazo razoavel de dura~ao dos processes judiciais 
ou administrativos? ..................................................................................................... 93 
7- Conclusao ..................................................................................................................... 98 
8. Bibliografia .................................................................................................................. -98 
CAPITuLO 5 ~ A regra interpretativa da primazia do merito e o 
formalismo processual democratico ....................................... 101 
Oierle Nunes, Clenderson Rodrigues da Cruz e Lucas Dias Costa Drummond 
1. lntrodu~ao ................................................................................................................. 101 
2. Do formalismo processual: uma reflexao sobre sua hist6ria e seus fundamentos 107 
3- No~oes fronteiri~as do formalismo processual: distin~oes com a tecnica 
processual e a proposta de um novo formalismo democratico .............................. 111 
4- 0 Acesso a justi~a e o novo C6digo de Processo Civil a luz do formalismo 
democratico ............................................................................................................... 12o 
4.1. As propostas reformistas e o formalismo democratico .................................. 120 
4.2. Do Acesso a justi~a: refor~o ao (anti) formalismo? ......................................... 121 
4-3- 0 novo C6digo de Processo Civil: como formalismo democratico 
complementa a primazia do merito e 0 maximo aproveitamento ................. 129 
5- Considera~oes Finais ................................................................................................. 135 
6. Referencias ................................................................................................................ 137 
CAPITuLO 6 ~ 0 Direito a lgualdade no Novo Codigo de Processo CMl ...... 141 
Rafael Sirangelo de Abreu 
1. Considera~oes introdut6rias ..................................................................................... 141 
2. 0 conteudo material do dire ito a igualdade ···························································· 142 
9 
GRAN DES TEMAS DO NCPC, v. 8 • NORMAS FUNDAMENTAlS 
2.1. Jgualdade perante a lei .................................................................................... 142 
2.2. Jgualdade no - e diante do - Direito ................................................................ 143 
2.3. o conteudo relacional do direito a igualdade e a igualdade de 
oportunidades .................................................................................................. 144 
3. 0 conteudo processual do direito a igualdade e o Novo C6digo de Processo 
Civil (igualdade ao e no processo) ........................................................................... 147 
3.1. Paridade de armas e contradit6rio como bilateralidade de instancia ........... 148 
3.2. Equilfbrio processual e contradit6rio como dever de dialogo e direito 
de influencia ..................................................................................................... 150 
3-3· 0 carater relacional do equilfbrio processual e a igualdade de 
possibilidades de influencia ............................................................................. 156 
4. Repercussoes do conteudo material da igualdade na dinamica processual: 
igualdade perante o Direito e respeito aos precedentes (igualdade pe/o 
processo) ................................................................................................................... 160 
4.1. Tratamento igualitario pela coletivizac;:ao de casos ou questoes ................... 161 
4.2. Uniformizac;:ao como garantia de igualdade perante o Dire ito ....................... 164 
4-3· Jgualdade pelo processo, precedente e vinculac;:ao institucional as 
decisoes preteritas (a igualdade pelo respeito ao precedente judicial) ....... 166 
5. Considerac;:oes finais ..................................................................................................
173 
CAPITuLO 7 ~ A Legalidade na era da Prote~ao das Necessidades 
de Tutela: Princfpio da Constitucionalidade e 
Legalidade Ampla ........................................................................ 175 
Hermes Zaneti ]r. 
1. lntroduc;:ao ................................................................................................................. 175 
2. Princfpio da legalidade e princfpio da constitucionalidade ..................................... 176 
3. jurisdic;:ao e legislac;:ao: remedies precede rights e a (re)construc;:ao de 
posic;:oes jurfdicas pela jurisdic;:ao no Estado Democratico Constitucional 
(verdade dos fatos e verdade jurfdica) ................................................................... 179 
4. Um novo meio de judicializac;:ao dos direitos: modelo combinado de 
remedios/ac;:oes (remedies precede rights) e direitos subjetivos (rights 
precede remedies) ..................................................................................................... 186 
5. Princfpio da legalidade e validade constitucional da norma. Os dogmas 
paleojuspositivistas da obrigac;ao do juiz de aplicar a lei e da avaloratividade 
da ciencia jurfdica ..................................................................................................... 192 
6. Quando o juiz Pode deixar de Aplicar uma Lei no Brasil? Levando as Leis e a 
Constituic;ao a Serio ................................................................................................... 195 
7. Conclusao ................................................................................................................... 196 
10 
SUMARIO 
CAPITuLO 8 ~ 0 Princlpio da Boa-Fe Objetiva no Novo CPC ........................... 197 
Rona/do Cramer 
1. Diferen~a entre boa-fe objetiva e boa-fe subjetiva ................................................. 197 
2. A novidade ................................................................................................................. 200 
3. Desdobramentos do princfpio da boa-fe objetiva ................................................... 201 
4. o princfpio da boa-fe objetiva na rela~ao processual.. ........................................... 202 
4.1. Fundamento constitucional ............................................................................... 202 
4.2. Objeto do princfpio ........................................................................................... 203 
4-3· A quem se destina o princfpio ......................................................................... 203 
4.4. Aplica~ao dos corol;arios do princfpio .............................................................. 205 
5. Condusao ................................................................................................................... 210 
6. Bibliografia ................................................................................................................. 210 
CAPITULO 9 ~ Contradit6rio como garantia de influencia e nao 
surpresa no CPC-2015 ................................................................. 213 
Dierle Nunes, Alexandre Me/o Franco Bahia, 
Andre Frederico Horta e Natanae/ Lud Santos e Silva 
1. Considera~oes iniciais ............................................................................................... 213 
2. Leituras do contradit6rio ......................................................................................... 223 
3. 0 contradit6rio e a sistematica do Novo CPC brasileiro .......................................... 233 
4. Contradit6rio e fase preparat6ria ............................................................................ 234 
5. Considera~oes finais ................................................................................................ 239 
CAPITuLO 10 ~ 0 contradit6rio e suas fei~oes no Novo CPC .......................... 241 
Bec/aute Oliveira Silva e Welton Roberto 
1. Introdu~ao ................................................................................................................. 241 
2. Abertura semantico-pragmatica do novo CPC .......................................................... 242 
3· Contradit6rio e suas expressoes .............................................................................. 243 
4. Nudeo do contradit6rio efetivo ................................................................................ 248 
5· Pari dade de arm as (isonomia processual) ............................................................... 250 
6. Contradit6rio e defesa substancial no novo CPC. ..................................................... 253 
7. Considera~oes condusivas ........................................................................................ 258 
8. Referencias ............................................................................................................... 259 
CAPITuLO n ~ Contradit6rio substancial e fundamenta~ao das 
decisoes no Novo CPC ................................................................ 261 
Gui/herme Henrique Lage Faria 
1. Introdu~ao ................................................................................................................. 261 
11 
GRAN DES TEMAS DO NCPC, v. 8 • NORMAS FUNDAMENTAlS 
2. Estado Democratico de Direito e Constitui<;ao- por uma nova visao do processo .... 263 
3. o fortalecimento das garantias processuais como instrumento de baliza da 
fun<;ao jurisdicional ................................................................................................... 268 
4. 0 esvaziamento do papel do contradit6rio na forma<;ao dos provimentos 
decis6rios- o ativismo judicial e a "decisao-surpresa" .......................................... 270 
5. o modelo de Stuttgart- o princfpio autoritario e a coopera<;ao processual .......... 273 
6. 0 giro lingufstico e a teo ria discursiva do dire ito .................................................... 278 
7· 0 contradit6rio substancial, a nao-surpresa e a forma<;ao comparticipada 
dos provimentos jurisdicionais ................................................................................ 282 
8. Considera<;oes finais .................................................................................................. 295 
9. Bibliografia ................................................................................................................. 296 
CAPITULO 12 ..,... Coopera~ao como prindpio processual ................................. 301 
Reinhard Greger 
1. lntrodu<;ao ................................................................................................................. 301 
2. Conteudo Negative .................................................................................................... 302 
3. Conteudo Positive ...................................................................................................... 302 
4. Coopera<;ao no Direito Vigente ................................................................................. 304 
5. Por que Princfpio da Coopera<;ao? ............................................................................ 305 
6. Avalia<;ao final. ........................................................................................................... 309 
CAPITulO 13 ...... Introdu~ao as rafzes hist6ricas do Princfpio da 
Coopera~ao (I~ooperationsmaxime) ........................................ 311 
Ronalda Kochem 
1. lntrodu<;ao ................................................................................................................. 311 
2. Plano Legislative ........................................................................................................ 313 
2.1. A Civilprozessordnung de 1877 .......................................................................... 314 
2.2. As Primeiras Reform as (1909, 1924, 1933) ........................................................
315 
2.3. A Reform a para Simplifica<;ao e Acelera<;ao do Processo ............................... 317 
3. Plano Doutrinario ....................................................................................................... 320 
3.1. Uma questao de metoda: Princfpios Processuais? ............................................... 321 
3.2. 0 Princfpio da Coopera<;ao (11ooperationsmaxime) .......................................... 325 
3.2.1. Karl August Bettermann (1972) .............................................................. 325 
3.2.2. Peter Gilles (1977) .................................................................................. 329 
3.2.3. Karl August Bettermann (1978) .............................................................. 331 
3.2.4. Rudolf Wassermann (1978) .................................................................... 335 
3.2.5. Bernhard Hahn (1983) ............................................................................ 339 
12 
SUMARIO 
4. Considera<;:oes Fin a is ............................................................................•.................... 342 
5. Bibliografia ................................................................................................................. 343 
CAPITuLO 14 ..,.. Principia da Coopera~ao .......................................................... 345 
Fredie Didier ]r. 
1. Nota introdut6ria ....................................................................................................... 345 
2. "Princfpios" dispositive e inquisitive. Modelos tradicionais de organiza<;:ao 
do processo: adversaria/ e inquisitorial ........................................................................ 345 
3. Rapidas considera<;:oes sobre o garantismo processual. ......................................... 348 
4. Processo cooperative: um terceiro modelo de organiza<;:ao do processo. 
Princfpios e regras de coopera<;:ao. Eficacia do princfpio da coopera<;:ao ..... ~ ........ 350 
5. Dever de o juiz zelar pelo efetivo contradit6rio, princfpio da coopera<;:ao e 
dever de auxflio ........................................................................................................ 356 
CAPITuLO 15 ..,.. 0 dever de coopera~ao no Novo C6digo de Processo CMl ... 359 
Leonardo de Faria Bera/do 
1. Introdu<;:ao ............................................................................................•.................... 359 
2. 0 princfpio da boa-fE! objetiva .................................................................................. 359 
3. Dever de coopera<;ao ............................................................................................... 360 
3.1. Conceito ............................................................................................................ 360 
3.2. Natureza ............................................................................................................ 360 
3-3· A clausula geral ................................................................................................. 361 
3-4· Os deveres especfficos ..................................................................................... 362 
3-5· Pessoas que possuem esse dever ................................................................... 362 
4. Conclusao ................................................................................................................... 363 
5- Referencias bibliograficas .......................................................................................... 363 
CAPITuLO 16 ..,.. 0 Principia da Eficiencia no Novo Codigo de Processo CIVil 365 
Leonardo Carneiro da Cunha 
1. Introdu<;ao ................................................................................................................ 365 
2. A eficacia, a efetividade e a eficiencia ..................................................................... 366 
3. o princfpio constitucional da eficiencia no Dire ito brasileiro .................................. 369 
4. Eficiencia na Administra<;ao judiciaria e eficiencia no processo judicial. ................ 37 4 
5. 0 princfpio da eficiencia processual ......................................................................... 375 
6. 0 princfpio da eficiencia no novo CPC ...................................................•.................. 378 
7· Um caso concreto que pode servir de exemplo para aplica<;ao do princfpio 
da eficiencia no processo ......................................................................................... 381 
13 
GRANDESTEMAS DO NCPC, v. 8 • NORMAS FUNDAMENTAlS 
8. Conclusoes ................................................................................................................. 382 
9. Bibliografia ................................................................................................................. 383 
CAPITuLO 17 ~ Relatorio Geral 
Abuso de Direitos Processuais 
Padroes Comparativos de Lealdade Processual... ................. 385 
Professor Michele Taruffo-Universidade de Pavia, ltcilia 
1. Geral ........................................................................................................................... 385 
2. Tipos de ADP .............................................................................................................. 396 
3. Aspectos subjetivos do ADP ....................................................................................... 400 
4. San~oes para o ADP ................................................................................................... 403 
5. Observa~oes finais ..................................................................................................... 4o8 
CAPITuLO 18 ~ Por que fundamentar, o que fundamentar, e como 
(nao) fundamentar no CPC/15 ······························~··············----· 411 
Leonard Ziesemer Schmitz 
1. lntrodutoriamente: por que toda decisao deve ser fundamentada? ...................... 411 
1.1. 0 Estado Democratico de Direito eo Estado que se justifica ......................... 411 
1.2. A legitimidade das decisoes decorre da fundamenta~ao ............................... 412 
1.3. Fundamentar e permitir o controle ................................................................. 414 
1.4. Fundamentar e prestar contas- a busca pela resposta adequada ............... 416 
2. 0 devido Iugar do caso concreto na decisao: a fundamenta~ao no CPC/15 
deve ser o resultado do dialogo .............................................................................. 417 
3. Como (nao) se devem fundamentar as decisoes judiciais ...................................... 420 
3.1. A mera indica~ao ou reprodu~ao de a to normative ....................................... 420 
3.2. 0 emprego de conceitos jurfdicos indeterminados sem contextualiza~ao ..... 424 
3-3· A fundamenta~ao generica ............................................................................... 429 
3-4· A falta de fundamenta~ao-resposta e a importancia do "porque nao" 
nas decisoes ..................................................................................................... 431 
3-5· As decisoes com base em outras decisoes ..................................................... 436 
3.6. Como aplicar, e como nao aplicar, pronunciamentos judiciais nas decisoes 439 
4. A nulidade da senten~a nao fundamentada ............................................................ 443 
5. Para concluir: a decisao fundamentada da ao caso concreto sua devida 
importancia ................................................................................................................ 445 
6. Bibliografia ................................................................................................................. 446 
14 
SUMARIO 
CAPITuLO 19 ~ Fundamenta~ao das decisoes judiciais no novo CPC: 
a tarefa de (re)constru~ao
do Direito no ambito dos 
tribunais ...................................................................................... 451 
Newton Pereira e Ramos Neto 
1. lntroduc,;ao ................................................................................................................. 451 
2. Sistema de princfpios e o carater dia16gico do Direito: contradit6rio, 
fundamentac,;ao e legitimac,;ao das decisoes judiciais .............................................. 454 
3. A essencia do art. 489, § 1°, do novo CPC: por um "novo" modelo de decisao 
judicial.. ...................................................................................................................... 463 
4. conclusao ................................................................................................................... 471 
5. Bibliografia consultada .............................................................................................. 472 
CAPITuLO 20 ~ A Fundamenta~ao das decisoes judicias e o controle de 
racionalidade da interpreta~ao jurldica ................................. 475 
Ronalda /{ochem 
1. lntroduc,;ao ................................................................................................................. 475 
2. 0 Dever de Fundamentac,;ao das Decisoes judiciais no Estado Constitucional ........ 477 
2.1. o Direito ao Contradit6rio e o Dever de Fundamenta<;ao das Decisoes ......... 478 
2.2. A Racionalidade das Decisoes como Requisito a Fundamentac,;ao judicial. .... 481 
2.3. 0 Controle da Decisao por meio de sua Fundamenta<;ao ............................... 484 
3. A justificac,;ao Intern a das Decisoes judiciais ............................................................ 485 
4- A justificac,;ao Externa: OS C6digos Hermeneuticos subjacentes a 
Fundamentac,;ao das Decisoes judiciais ..................................................................... 488 
4.1. A ldeologia da lnterpretac,;ao ........................................................................... 491 
4.2. As Diretivas lnterpretativas e o C6digo Interpretative como Parametro 
de Racionalidade .............................................................................................. 492 
5. Considerac,;oes Finais ................................................................................................. 494 
6. Bibliografia ................................................................................................................. 495 
CAPITuLO 21 ~ Elementos normativos para a compreensao do sistema 
de precedentes judiciais no processo civil brasileiro ........... 497 
Alexandre Freire e Alonso Freire 
1. lntroduc,;ao ................................................................................................................. 497 
2. A prop6sito da adoc,;ao de um regime de precedentes por meio de lei ................ 499 
2.1. o argumento contrario baseado na tradi<;ao jurfdica ..................................... 500 
2.2. o argumento contra rio baseado na aquisi<;ao hist6rica ................................. 500 
2.3. Porque a adoc,;ao de precedentes nao e uma opc,;ao ...................................... 501 
15 
GRAN DES TEMAS DO NCPC, v. 8 • NORMAS FUNDAMENTAlS 
2.4. 0 prop6sito do respeito a precedentes e o nosso verdadeiro desafio ......... 502 
3. Frustrat;:ao e estabilizat;:ao de expectativas de comportamento sociais e 
jurldicas ................................................................................................................. 504 
4. Prindpios diretamente ameat;:ados na ausencia de um regime de preceden-
tes obrigat6rios ......................................................................................................... 505 
4.1. Liberdade .......................................................................................................... 506 
4.2. Legalidade ......................................................................................................... 507 
4-3· Segurant;:a jurldica ........................................................................................... 507 
4-4· Razoavel durat;:ao do process a ........................................................................ 508 
4.5. Protet;:ao da confiant;:a ...................................................................................... 508 
5. jurisprudencia e precedentes confrontados ............................................................ 509 
5.1. jurisprudencia ................................................................................................... 509 
5.2. Precedentes ...................................................................................................... 511 
6. jurisprudencia Integra ou integridade no e do Dire ito ............................................ 514 
7- lntegridade e coerencia ···························································································· 516 
8. Casas que exemplificam a distint;:ao entre integridade e coerencia ....................... 517 
9. Considerat;:5es sabre o regime de precedentes no novo C6digo de Proces-
so Civil ................................................................................................................... 520 
9.1. A vinculat;:ao aos precedentes .......................................................................... 521 
9.2. Distinguishing .................................................................................................... 523 
10. Conclusao ................................................................................................................... 524 
11. Referencias bibliograficas .......................................................................................... 525 
16 
CAPITULO 1 
Reflexoes sobre o ''acesso a 
justi~a'' qualitativo no Novo 
C6digo de Processo Civil Brasileiro 
Flavia Quinaud Pedron' 
SUMARI0:1. CONSIDERA~OES INICIAIS;2. UM BREVE HISTORICO DO MOVIMENTO DO"ACESSO AJUSTI~A" 
QUANTITATIV0;3. O"ACESSO AJUSTir;A"QUALITATIVO COMO (RE)LEITURA DO PARADIGMA DEMOCRATI-
CO; 4. 0 ACESSO A JURISDI~O QUALITATIVO NO REGIME DO NOVO COD IGO DE PROCESSO CIVIL; 5. CON-
SIDERA~OES FINAlS; 6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS. 
1. CONSIDERA<;OES INICIAIS 
Uma advertencia inicial deve ser feita antes que o tema em si a que foi 
proposta a discussao seja iniciado. E muito comum encontrar do discurso jurfdi-
co brasi\eiro a associa<;:ao do termo "Justi<;:a" ora a fun<;:ao jurisdicional, ora ao 
Poder judiciario, ate mesmo por esta ter base no proprio te:xto da Constitui<;:ao 
de 1988. Aqui e nftida a confusao (ou quem sabe a perversidade ideol6gica 
proposital) no sentido de demarcar tal equivalencia semantica. Tal situa<;:ao e 
facilmente explicada a luz da constru<;:ao do paradigma do Estado Social, que 
passa a depositar no judiciario as expectativas de solu<;:ao de uma "crise" do 
Direito e da sociedade, hipertrofiando a fun<;:ao judicante e depositando nela 
expectativas para alem de sua capacidade de media<;:ao. 
Fato e que "Justi<;:a", como pretensao de validade sobre a corre<;:ao nor-
mativa, nao se confunde com a fun<;:ao/atividade jurisdicional; e mais, nao po-
dera ser apenas concretizada pelo judiciario em sua atua<;:ao sobre os litfgios 
existentes na sociedade, pois, para isso, se faz necessaria observar o modele 
constitucional de processo, como condi<;:ao legitimadora do provimento esta-
tal em substitui<;:ao a uma vontade instrumenta\izadora de uma racionalidade 
solipsista e redentora, que acreditando legitimar o processo a partir de fins 
metajurfdicos, o conduz a perda de seu aspecto discursive. 
1. Doutor e Mestre em Direito Pela UFMG. Professor na gradua¢<io e no Mestrado da Universidade FUMEC/ 
MG. Professor Adjunto na PUC-Minas e no IBMEC/MG. Professor na Funda¢<io Escola Superior do Ministerio 
Publico de Minas Gerais. Advogado. 
GRANDESTEMAS
DO NCPC, v. 8 • NORMAS FUNDAMENTAlS 
E, portanto, lamentavel que ainda no ambito do discurso jurfdico con-
temporaneo existam tanto autores que depositam mais expectativas em uma 
releitura quantitativa que qualitativa do chamado "acesso a justi~a", 0 qual pre-
ferimos chamar de "acesso a jurisdi~ao". ou seja, a aten~ao e concentrada na 
busca pela supera~ao numerica/estatfstica do permanente problema conhecido 
como "crise do judiciario",' sem, conduto, ser levado em conta a dimensao de 
legitimidade subjacente a pratica jurisdicional.3 
Aqui, o marco referendal da interlocu~ao e a leitura procedimental do 
Direito e da Democracia, trazida por Habermas4 em sua teoria discursiva, por-
tadora de um olhar crftico multidisciplinar. A chave interpretativa, portanto, 
para (re)pensar o "acesso a jurisdi~ao", esta nessa nova proposta, que associa 
a positividade e obrigatoriedade das normas jurfdicas a uma pretensao de le-
gitimidade voltada a preservar a autonomia (quer publica, quer privada) dos 
sujeitos de direito.s Essa preocupa~ao com a legitima~ao das decisoes estatais, 
melhor dizendo, com os provimentos, para consagrar a perspectiva de Fazza-
lari} nao pode ser em momenta algum afastado quando pensamos a Teoria do 
Processo sob o paradigma do Estado Democratico de Direito. 
Essa perspectiva te6rica abre um flanco distintivo e justifica a separa~ao 
realizada pelo presente trabalho entre "acesso a justi~a" qualitativo (ou "aces-
so a jurisdi~ao") e um acesso (meramente) quantitativa.? 
E por isso mesmo, que antes de adentrar em uma exposi~ao sobre o que 
significa falar em um "acesso a jurisdi~ao", deve-se atentar para os contornos 
de sua leitura quantitativa, bern como de seus problemas e consequencias, que 
sera apresentada a seguir. Para tanto, busca-se confrontar o discurso inicial de 
2. Interessante e, todavia, perceber que essa "crise" merece receber um olhar nao tao dogmatico e sim, 
mais crftico- reflexivo, para assim poder flcar nftida a sua propria insolubilidade, bem como o seu 
aspecto positivo, como ja demonstrado em outra obra, qual seja: FERNANDES, Bernardo Gon~alves. 
PEDRON, Flavia Quinaud. o Poder ]udidcfrio e(m) Crise. Rio de janeiro: Lumen juris, 2008. 
3. Para maiores detalhes, reporta-se as obras: 1) NUNES, Dierle jose Coelho. Processo ]urisdicional 
Democrcftico: uma analise crftica das reformas processuais. curitiba: jurua, 2008; 2) LEAL, Andre Cordeiro. 
lnstrumentalidade do Processo em Crise. Belo Horizonte: Mandamentos, 2008. 
4. HABERMAS, jiirgen. Facticidad y Validez: sabre el Derecho y el Estado Democratico de Derecho en terminos 
de Teorfa del Discurso. Tract. Manuel jimenez Redondo. Madrid: Trotta, 1998. 
5. HABERMAS, JUrgen. A inc/usao do outro: estudos de teoria politica. TradU<;ao: George Speiber e Paulo 
Astor Soethe. Sao Paulo: Loyola, 2002, p. 286; CATIONI DE OLIVEIRA, Marcelo Andrade. Coesao interna 
entre Estado de Direito e Democracia na Teoria Discursiva do Direito de jUrgen Habermas. In: CATIONI 
DE OLIVEIRA, Marcelo Andrade (coord.). jurisdi~ao e Hermeneutica Constitucional no Estado Democrcftico de 
Direito. Belo Horizonte: Mandamentos, 2004, p. 174. 
6. FAZZALARI, Elio. lstituzioni di Diritto Processuale. 8. ed. Padova: CEDAM, 1996. 
7· Esta ultima perspectiva, marcante ainda nos autores-processualistas nacionais, encontra abrigo e se 
amolda em uma leitura do Processo e da jurisdi~ao feita pelos autores da chamada Escola de Processo 
Paulista, com referenda a Faculdade de Direito do Largo do Sao Francisco (USP), com nftidas influencias 
do pensamento de Liebman e amarras no paradigma do Estado Social. 
18 
Cap. 1 • REFLEX6ES SOBRE O"ACESSO AJUSTI<;:A"QUALITATIVO NO NOVO C6DIGO DE PROCESSO CIVIL BRASILEIRO 
Flavia Quinaud Pedron 
""acesso a justic;:a" trazido a partir da decada de 1970 com a novas ex1gencias 
inscritas no paradigma do Estado Democratico de Direito, principalmente pau-
tando-se em uma leitura procedimental como a realizada por Habermas. 
Ap6s esses dois t6picos, vamos analisar como o novo C6digo de Processo 
Civil abordara a questao e de que modo a mesma legislac;:ao, ao incorporar a 
principiologia constitucional acerca da clausula do devido processo, inclui trans-
formac;:oes importantes para ampliac;:ao e melhor viabilizac;:ao de um acesso a 
jurisdic;:ao de tipo qualitativo. 
Frisamos que, em momenta algum, pretendemos esgotar tal reflexao, haja 
vista a impossibilidade 16gica de tal pretensao, bern como o apertado espac;:o 
que dispomos. Um tratamento mais completo acerca do acesso a jurisdic;:ao 
qualitativo e ainda uma necessidade na bibliografia jurfdica que precisa ser su-
prida. Entretanto, aqui, apenas vamos realizar apontamentos que demonstrem 
que o novo CPC e consciente na necessidade de superac;:ao da leitura estrita-
mente quantitativa, que tanto combatemos por intender redutora e insuficiente. 
2. UM BREVE HISTORICO DO MOVIMENTO DO "ACESSO A JUSTI~A'' QUAN-
TITATIVO 
E marcante o fato de que os processualistas brasileiros, em sua grande 
maioria, se mostram ainda comprometidos com uma visao do ""acesso a justi-
c;:a" em uma perspectiva exclusivamente quantitativa. Muito disso se explica em 
razao dos marcos te6ricos por eles assumidos ao compreender as concepc;:oes 
de Processo e de jurisdic;:ao. Nao e por menos que Cichocki Neto8 destaca que 
a expressao muitas vezes pode ser tomada como um instrumental a servic;:o da 
jurisdic;:ao, ou como instrumento etico para realizac;:ao de justic;:a. 
Dessa forma, a icteia de ""acesso a justic;:a" deixou desde muito a ser com-
preendida apenas no seu aspecto formal/ como uma correc;:ao ao direito-de-
-ac;:ao (direito de ingressar em jufzo), para adquirir contornos materiais. Essa 
leitura formal (tfpica do Estado Liberal) se mostra insuficiente, revelando que 
8. CICHOCKI NETTO, jose. Limita~oes ao acesso a justi~a. curitiba: jurua, 1994. 
9- "[ ... ] nos Estados Liberais 'burgueses' dos seculos dezoito e dezenove, os procedimentos adotados para 
a solu~ao dos litfgios civis refletiam a filosofia essencialmente individualista dos direitos, entao vigorante. 
Dire ito ao acesso a prote~ao judicial significava essencialmente o dire ito formal do indivfduo agravado de 
propor ou contestar uma a~ao. A teo ria era a de que, em bora o acesso a justi~a pudesse serum 'direito 
natural', os direitos naturais nao necessitavam de uma a~ao do estado para sua prote~ao. Esses direitos 
eram considerados, anteriores ao Estado; sua preserva~ao exigia apenas que o Estado nao permitisse 
que eles fossem infringidos par outros. o Estado, portanto, permanece passivo, com rela~ao a problemas 
tais como aptidao de uma pessoa para reconhecer seus direitos e defendiHos adequadamente na 
prcitica" (CAPPELLETTI e GARTH, 1988:09). 
19 
GRANDESTEMAS DO NCPC, v. 8 • NORMAS FUNDAMENTAlS 
somente poderiam instaurar procedimentos jurisdicionais aqueles que tives-
sem condir;:oes de arcar com seus altos custos. Percebe-se, ainda que com a 
ruptura para o Estado Social, vai sendo abandonada a visao individualista dos 
direitos para afirmar uma postura positiva (ativa) por parte do Estado para 
efetivar;:ao de direitos fundamentais (direitos sociais). 10 
Com isso, o Judiciario passa a ocupar papel de destaque na efetivar;:ao 
desses direitos. Sua funr;:ao nao e apenas de aplicar;:ao da norma jurldica, mas 
de materializar;:ao desta. Aqui o que se pretende e ligar a ideia de jurisdir;:ao 
com escopos metajurfdicos (de ordem polftica, economica e social), como sin-
tetiza Dinamarco.11 
Assim, vern de Cappelletti inegaveis contribuir;:oes sobre o tema, nao ape-
nas para a realidade italiana, como para o mundo jurfdico internacional. 0 co-
mer;:o da hist6ria tern seu marco com o chamado "Projeto de Florenr;:a de Acesso 
a justir;:a", em 1973, atraves de esforr;:os intelectuais do proprio Cappelletti e de 
outros estudiosos, principalmente, ingleses. Seus
resultados foram publicados 
em 1978 e apresentou urn relat6rio apontando problemas e possfveis solur;:oes 
para o Judiciario em.12 
Num primeiro momento, sua proposta vai muito alem de preconizar urn 
aumento da oralidade no processo ou um aumento da ingerencia do magis-
trade, propondo uma serie de ondas: a primeira, voltada para a assistencia 
jurfdica integral e gratuita; a segunda buscando a proter;:ao jurisdicional efetiva 
dos interesses difusos e coletivos; e a terceira concernente a simplificar;:ao dos 
procedimentos e o incentivo ao uso de mecanismos privados ou informais de 
resolur;:ao de conflitos (mediar;:ao, arbitragem, entre outras tecnicas de ADR).13 
0 escopo aqui e bern ilustrado por Nunes,14 no sentido de "equacionar as 
relar;:oes entre o processo civil e uma justir;:a social, entre igualdade jurfdico-for-
mal e desigualdade socioeconomica, partindo da concepr;:ao de Estado Proteti-
vo e de Bem-Estar Social". 
10. THEODORO JR., Humberto; NUNES, Dierle; BAHIA, Alexandre. PEDRON, Flavia Quinaud. 0 Novo CPC: Fundamentos 
e Sistematiza<;lio. Rio de janeiro: Forense, 2015, p. 129. 
11. DINAMARCO, Candido RangeL A lnstrumentalidade do Processo. 7. ed. Sao Paulo: Malheiros, 1999. 
Entendemos nao haver aqui espa~o para uma maior explica~ao do pensamento instrumentalista do 
processo, principalmente levado a cabo por Dinamarco, de modo que remetemos a leitura de nosso 
capitulo 2 na obra 0 Poder ]udicicirio e(m) Crise. 
12. NUNES, Dierle jose Coelho. Processo ]urisdicional Democrcitico: uma analise crftica das reformas processuais. 
Curitiba: jurua, 2008, p. 115; NUNES, Dierle; TEIXEIRA, Ludmila. Por urn Acesso a justi~ Democratico: 
primeiros apontamentos. Revista de Processo. n. 217. Sao Paulo: Revista dos Tribunais. 2013, p. 77· 
13. THEODORO JR., Humberto; NUNES, Dierle; BAHIA, Alexandre. PEDRON, Flavia Quinaud. D Novo CPC: Fundamentos 
e Sistematiza~ao. Rio de janeiro: Forense, 2015, p. 129. 
14. NUNES, Dierle jose Coelho. Processo )urisdicional Democrcitlco: uma analise crftica das reform as processuais. 
Curitiba: jurua, 2oo8, p. n6. 
20 
Cap. 1 • REFLEXQES SOBRE O"ACESSO AJUSTI<;:A"QUALITATIVO NO NOVO C6DIGO DE PROCESSO CIVIL BRASILEIRO 
Flavia Quinaud Pedron 
No que tange, entao, a primeira onda, Cappelletti e Garth's observam que 
a resolw;:ao jurisdicional de litfgios e atividade altamente dispendiosa para a 
sociedade moderna: 
0 alto custo para as partes e particularmente 6bvio sob 0 siste-
ma Americana, que nao obriga o vencido a reembolsar ao vencedor 
os honorcirios despendidos com seu advogado. Mas os altos custos 
tambem agem como uma barreira poderosa sob o sistema, mais am-
plamente difundido, que impi5e ao vencido os onus da sucumbencia. 
Nesse caso, dadas as normais incertezas do processo, os litigantes, 
segundo os autores, enfrentam um risco ainda maior do que o veri-
ficado nos Estados Unidos.'6 
lgualmente problematica, revelam OS relat6rios, e 0 problema do tempo 
de espera para obten<;:ao de uma decisao jurisdicional final,'? que aliado ao 
problema dos custos, acaba conduzindo a um alto fndice de desistencia dos 
procedimentos ou mesmo a realiza<;:ao de acordos flagrantemente lesivos aos 
interesses dos menos favorecidos. Ainda como fator problematico importante 
esta a desconfian<;:a e a descren<;:a nos advogados, vistos na tradi<;:ao do Estado 
Liberal como desonestos ou apenas intimidadores e, por isso mesmo, entraves 
para o ingresso de demandas.'8 
Por tudo isso, aponta uma distin<;:ao entre "litigantes eventuais" e "litigan-
tes habituais" de modo que os ultimos seriam privilegiados por serem possui-
dores de maior experiencia acerca do funcionamento da estrutura jurisdicional, 
o que permitiria um melhor planejamento e a dilui<;:5es dos riscos da demanda. 
Aqui a solu<;:ao perpassaria a agrega<;:ao de litigantes em verdadeiros "proces-
sos de massa". 
15. CAPPELLffil, Mauro e GARTH, Bryant. Acesso a justi~a. Trad. Ellen Gracie Northflleet. Porto Alegre, Fabris: 
1988, p. 19. 
16. FERNANDES, Bernardo Gon~alves. PEDRON, Flavia Quinaud. o Poder ]udicicirio e(m) Crise. Rio de janeiro: 
Lumen juris, 2008, p. 98. 
17. Dafporquese escutarque "justi~a tardia, nao ejusti~a" au pi or; com a atual polftica de descongestionamento 
do judiciario levada a cabo pelo CNJ em campanhas publicitarias de gosto e adequa~ao paradigmatica 
duvidosa se buscar afirmar que logo a "justi~a nao tardara, nem falhara". 
18. Problematico, portanto, e perceber a miopia jurfdica que assola a comunidade jurfdica ao ponto de nao 
consegui compreender o advogado como direito e consectario dos princfpios contratuais como assinala 
tao bem Tolentino (Prindpio constitucional da amp/a defesa, direito fundamental ao advogado e estado 
de direito democrcitico: da obrigatoriedade de participa~o do advogado para o adequado exercfcio 
da defesa de direitos. 2007. Disserta~ao (Mestrado). Pontiffcia Universidade Cat61ica de Minas Gerais, 
Programa de P6s-Gradua~ao em Direito). Preocupante, entao, foi a safda para o problema, autorizar a 
instaura~ao de procedimento e a defesa de partes desassistidas por advogados em causas consideradas 
de "menor relevancia economica". Agora, ja aterradora foi a leitura da Associa~ao dos Magistrados 
Brasileiros no sentido que a insurrei~ao a esta norma, em sede da ADI J..127-8/DF, tratava-se apenas de 
uma "defesa de mercado" por parte dos advogados. 
21 
GRANDESTEMAS DO NCPC, v. 8 • NORMAS FUNDAMENTAlS 
0 tratamento de "massa" tambem se revela importante para as demandas 
que envolvam interesses difusos, que segundo Cappelletti demandariam de 
uma melhor instrumentaliza~ao processua\ para sua garantia. 
Para combater esse quadro, entao, e que se concretizariam as ondas re-
novat6rias. 0 "Projeto de Floren~a" lembra que na Alemanha de Weimar, bem 
como na lnglaterra do final da decada de 40, o Estado assumia a remunera~ao 
de advogados para patrocinar causas assistenciais aos menos abastados. No 
caso brasileiro, a Lei n. 1o6o/so veio regular o direito a assistencia judiciaria, 
que ja estava previsto na Constitui~ao de 1946. 
Os relat6rios apontam para tres tentativas de solu~ao. Primeiro, o cha-
mado Sistema judicare assume o direito a assistencia judiciaria como direito 
de todos, sendo os advogados remunerados pelo Estado, e permitindo que os 
litigantes de baixa renda recebam o mesmo atendimento do que aqueles que 
podiam custear os servi~os. Mas o sistema recebeu crfticas, pois mantinha a 
barreira entre clientes carentes e advogados, alem do fato de deixar a cargo 
daqueles a busca pelo profissiona\.19 
ja o sistema conhecido como Advogados Remunerados pelos Cofres Plibli-
cos estabelecia um sistema de "escrit6rios de vizinhan~a", nos quais em tais 
escrit6rios, advogados remunerados exclusivamente pe\o Estado atendiam a 
popula~ao. A vantagem aqui era a tentativa de diminui~ao do hiato entre usua-
ries e advogados. Havia, ainda, a possibilidade de que tais profissionais fizes-
sem uso nao s6 de atendimento individuais, como ainda instaurassem proce-
dimentos coletivos atendendo um maior numero de interessados. 0 problema 
aqui fica no criteria de sele~ao de causa, pois o atendimento era vinculado as 
causas de "relevancia socia\".20 Outra falha se dava em razao da dependen-
cia de apoio governamental para realiza~ao dessas atividades, principalmente, 
porque faltava interesse polftico quando tais procedimentos eram instaurados 
muitas vezes em face do proprio governo. 
Tentou-se, entao, combinar os sistemas anteriores, propiciando uma dina-
mica na qual o usuario poderia escolher entre ser atendido por advogados que 
eram servidores publicos ou por advogados particulares. Esse sistema foi ob-
jeto de e\ogios por parte de Cappelletti e Garth/1 mas os mesmos reconhecem 
19. FERNANDES, Bernardo Gon~alves. PEDRON, Flavia Quinaud. o Poder judiciario e(m) Crise. Rio de janeiro: 
Lumen juris, 2008,
p. 106. 
20. FERNANDES, Bernardo Gon~alves. PEDRON, Flavia Quinaud. 0 Poder judiciario e(m) Crise. Rio de janeiro: 
Lumen juris, 2008, p. 107. 
21. CAPPELLffil, Mauro e GARTH, Bryant. Acesso a justi~a. Trad. Ellen Gracie Northflleet. Porto Alegre, Fabris: 
1988, p. 44· 
22 
Cap. 1 • REFLEX6ES SOBRE O"ACESSO AJUSTic;:A"QUALITATIVO NO NOVO C6DIGO DE PROCESSO CIVIL BRASILEIRO 
Flavia Quinaud Pedron 
que no estudo comparado e vislvel a falta de material humano e de dotar;:ao 
orr;:amentaria para faze-lo ser eficaz.22 
Dando seguimento a analise, 0 "projeto de Florenr;:a" afirma em sua segun-
da onda a preocupar;:ao com o tratamento processual dos interesses difusos. 
Segundo seus autores, a concepr;:ao tradicional de processo era bastante restri-
tiva, reduzindo a questao a uma lide envolvendo apenas duas partes (autor e 
reu), via de regra. Por isso mesmo, os procedimentos, bern como as questoes 
como legitimidade e atuar;:ao dos magistrados, prejudicavam o conhecimento 
dessas discussoes na seara do judiciario.23 Observando tal situar;:ao, varios pal-
ses realizaram reformas legislativas no sentido de viabilizar a legitimar;:ao ativa, 
bern como operaram transformar;:oes acerca do entendimento e do tratamento 
a ser dispensado a coisa julgada nesses casos. No direito norte-americana, ga-
nha destaque as chamadas Class actions.24 
Referente a terceira onda, apresentam propostas voltadas a alterar;:oes de 
procedimentos jurisdicionais, estruturas dos tribunais, criar;:ao de julzos infor-
mais que incentivem a conciliar;:ao, tentando solucionar a lide a partir tecnicas 
que deixem de lado a decisao formal institucional (provimento), ou apelando 
para mecanismos privados ou informais. E dal, que surge a inspirar;:ao para boa 
parte das razoes trazidas pelo movimento reformista processual brasileiro.2s 
Sob essa luz, foram criados os juizados Especiais, discutiu-se a modificar;:ao de 
procedimentos jurisdicionais, diminuir;:ao de opr;:oes recursais, aumentou-se as 
condir;:oes de cabimento para decisoes liminares, entre tantas propostas assu-
midas pelo Estado brasileiro. 
E inegavel o merito de Cappelletti no que concerne a divulgar;:ao e proble-
matizar;:ao de questoes voltadas ao "acesso a justir;:a" como busca de possibili-
dades para absorr;:ao da litigiosidade sempre crescente no interior da socieda-
de moderna, bern como forma de "acesso ao ordenamento jurfdico". Todavia, 
tal 16gica serviu bern os moldes trar;:ados pelo paradigma do Estado Social, 
acabando par estabelecer uma relar;:ao entre sociedade e judiciario, como ora 
22. Na realidade brasileira, basta fazer um exame sabre a situa~ao ainda desigual que se situa o 
funcionamento das Defensorias Publicas. A LC n. 132/2009 traz importantes modifica~oes concretizando o 
ideal trazido pela Constitui~ao de 1988. 
23. CAPPELLffil, Mauro e GARTH, Bryant. Acesso a justi~a. Trad. Ellen Gracie Northflleet. Porto Alegre, Fabris: 
1988, p. 109. 
24. CAPPELLffil, Mauro e GARTH, Bryant. Acesso a justi~a. Trad. Ellen Gracie Northflleet. Porto Alegre, Fabris: 
1988, p. 51. Essas class actions tem sua origem em 1938, baseadas na equity e pressupondo a existencia 
de elevado numero de titulares, de modo que um tratamento processual unitario e simultaneo por um 
representante em jufzo. 
25. NUNES, Dierle jose Coelho. Processo ]urisdicional Democrcitico: uma analise crftica das reform as processuais. 
curitiba: )urua, 2008. 
23 
GRANDESTEMAS DO NCPC, v. 8 • NORMAS FUNDAMENTAlS 
uma modalidade de "prestac;:ao de servic;:o"/6 ora uma forma de manutenc;:ao 
dos trac;:os paternalistas estatais por parte deste paradigma.27 
Nunes28 aponta que o movimento do "Projeto de Florenc;:a" acabou por tra-
zer como conseqUencia uma defesa do ativismo e da hipertrofia do magistrado 
no processo, como forma de suprir problemas oriundos da falta de aparato 
financeiro e humano do judiciario ou por eventuais falhas e desatualizac;:oes 
presentes nas legislac;:oes processuais. 
Mas a crenc;:a que tais falhas poderiam ser sanadas pela ac;:ao taumaturga 
do magistrado se revelou ainda mais complicada e insuscetfvel de solucionar o 
problema. Verdade e que o movimento do "acesso a justic;:a" coroa a Corrente 
defensora da socializac;:ao no campo processual, e tern seu surgimento umbili-
calmente ligado a propria crise pela qual o Estado Social passava, incapaz de 
assumir sua postura provedora e concretizar suas promessas nao cumpridas.29 
No Direito Processual brasileiro, destaca-se, o pensamento a favor de uma 
instrumentalidade do processo, como quer Dinamarco, justificando a centraliza-
c;:ao da jurisdic;:ao a partir da realizac;:ao de escopos metajurfdicos, sendo o juiz 
o grande ator desse processo transformador da realidade.3o Acontece que a 
promessa de compensar deficits de justic;:a social por parte do magistrado se 
mostra altamente problematica, principalmente porque isso implica a exclu-
sao da racionalidade discursiva na aplicac;:ao do direito e sua substituic;:ao por 
uma sabedoria inata ou uma sensibilidade aclaradora da realidade presentes 
apenas no magistradoY Para isso, o juiz assume uma missao de "aplicac;:ao 
solitaria dos valores (uniformes) da sociedade",3 2 podendo inclusive fazer uso 
"alternative do direito". 
26. Nao e, portanto, sem prop6sito que ainda se encontra em textos sabre o direito processual a afirmac;ao 
de que 0 judiciario e devedor de uma "prestac;ao jurisdicional", ou pior, 6rgao garantidor da "tutela" 
jurfdica. Excluindo-se aqui desse ceml.rio a participac;ao democritica (em contradit6rio) da sociedade na 
formac;ao do provimento. 
27. Para Caiman de Passos (CALMON DE PASSOS, jose joaquim. lnstrumentalidade do processo e devido 
processo sabre o tema. In: FIUZA, Cesar Augusto de Castro. FREIRE DE SA, Maria de Fatima. CARVALHO DIAS, 
Ronalda Bretas (coord.). Temas Atuais de Dire ito Processua/ Civil. Bela Horizonte: Del Rey, 2001, p.16), chega 
a afirmar que talvez o jovem Cappelletti da decada de 50 tivesse tornado conhecimento do impacto e das 
consequencias de suas ideias, talvez este teorizasse, inclusive, contra o Cappelletti da maturidade. 
28. NUNES, Dierle jose Coelho. Processo ]urisdicional Democnitico: uma analise crftica das reformas processuais. 
curitiba: jurua, 2oo8, p. n6. 
29. NUNES, Dierle jose Coelho. Processo ]urisdicional Democrcitico: uma analise crftica das reformas processuais. 
curitiba: jurua, 2oo8, p. 135. 
30. Nunes (Processo ]urisdicional Democrcitico: uma analise crftica das reformas processuais. Curitiba: jurua, 
2008, p. 142) !em bra que a posic;ao de Dinamarco nada tern de nova, sendo tributaria do pensamento de 
Klein, do infcio do seculo passado. 
31. NUNES, Dierle jose Coelho. Processo )urisdicional Democrcitico: uma analise crftica das reform as processuais. 
curitiba: jurua, 2008, p. 142. 
32. NUNES, Dierle jose Coelho. Processo ]urisdicional Democrcitico: uma analise crftica das reformas processuais. 
curitiba: jurua, 2oo8, p. 142. 
24 
Cap. 1 • REFLEXOES SOBRE O"ACESSO AJUSTit;:A"QUALITATIVO NO NOVO C6DIGO DE PROCESSO CIVIL BRASILEIRO 
Flavia Quinaud Pedran 
.Outra questao que nao pode ser olvidada e que, simultaneamente ao fato 
de as instituic;:oes ligadas ao Estado de Direito contribufrem para a reduc;:ao da 
complexidade social, essas, em movimento contrario, sao tambem responsa-
veis por mante-la.33 No caso, entao, da "crise" do Judiciario, a mesma se mostra 
como elemento fundamental - e, por isso mesmo, sem soluc;:ao, uma vez que 
atua no sentido de colocar o Judiciario em evidencia, como tema permanente 
dos debates publicos. lsso adquire uma perspectiva positiva, ja que incentiva 
permanentemente a fiscalizac;:ao e a crftica publica das decisoes judiciais, lem-
brando aos aplicadores jurfdicos que eles sao meros representantes do papel 
que desempenham.34 
Tal quadro escapa da proposta de um "acesso a justic;:a" qualitativo,
que 
deve levar em conta nao apenas o resultado, mas antes, a construc;:ao de pro-
vimentos jurisdicionais a partir de uma racionalidade comunicativa, englobante 
da possibilidade de participac;:ao dos destinatarios do ato decis6rio. Somente 
a partir de tal prisma e que se podera recuperar o reconhecimento da im-
portancia da participac;:ao das partes, dos advogados e dos demais atores do 
processo; e mais, compreender que antes de tudo, o processo e uma instituic;:ao 
garantidora de direitos fundamentais.3s 
3. O"ACESSO AJUSTI~A"QUALITATIVO COMO (RE)LEITURA DO PARADIGMA 
DEMOCRATICO 
A aplicac;:ao das propostas trazidas pela perspectiva trac;:ada pelo "Projeto 
de Florenc;:a" levanta uma serie de preocupac;:oes e questionamentos. Os pr6-
prios Cappelletti e Garth36 alertaram que as reformas processuais nao podem 
ser tomadas como formulas magicas capazes de solucionar milagrosamente a 
situac;:ao. Alem disso, alertam que tais propostas nao podem ser cegamente 
incorporadas em sistemas jurfdicos estatais de tradic;:oes e hist6ria diversos 
sem as devidas adaptac;:oes e reflexoes. Barbosa Moreira,37 por sua vez, pontua 
o risco de serem assumidas posturas mfopes que elejam a efetividade e a ce-
leridade como absolutas, o que acabaria por representar um rompimento do 
equilfbrio do sistema processual. 
33. HABERMAS, jiirgen. Facticidad y Validez: sobre el Derecho y el Estado Democratico de Derecho en terminos 
de Teorfa del Discurso. Trad. Manuel jimenez Redondo. Madrid: Trotta, 1998, 405·406. 
34. GUNTHER, Klaus. Legal adjudication and democracy: some remarks on Dworkin and Habermas. European 
journal of Philosophy. Essex: Blackwell Publishers. v. 3. n. 1. abr./1995. 
35. LEAL, Andre Cordeiro. lnstrumentalidade do Processo em Crise. Belo Horizonte: Mandamentos, :zooS. 
36. CAPPELLETTI, Mauro e GARTH, Bryant. Acesso a justir;a. Trad. Ellen Gracie Northflleet. Porto Alegre, Fabris: 
1988, p. 109. 
37. BARBOSA MOREIRA, jose Carlos. Efetividade do Processo e tecnica processual. In: BARBOSA MOREIRA, jose 
Carlos. Temas de Direito Processua/: Terceira Serie. Sao Paulo: saraiva, 1997. 
25 
GRANDESTEMAS DO NCPC, v. 8 • NORMAS FUNDAMENTAlS 
Com isso, nao se quer negar a necessidade de tais reformas; o que se dis-
cute e como e sob que condi<;oes elas serao elaboradas. o sacriffcio de garan-
tias processuais - nitidamente do contradit6rio e da ampla defesa - nao pode 
legitimar tal processo de mudan<;a. A advertencia feita por Cattani de Oliveira 
e, por isso, muito pertinente: 
De fato, nao se quer negar a importancia do acesso a )ustir;a, a ne-
cessidade de reformas no sistema processual brasileiro au que a su-
perar;ao de um enfoque formalista do processo e da jurisdir;ao seja 
necessaria. Ao contrario, e urgent{ssimo. Mas para isso nao e preci-
so, nem se deve, par um lado, abandonar as garantias processuais 
e, par outro, adotar uma compreensao idealizante e paternalista do 
papel do juiz ou do proprio Estado, como transparece na analise de 
alguns autores brasileiros.38 
E a partir dessa reflexao que torna possfvel reinterpretar o discurso sobre 
"acesso a justic;:a", agora a partir de outra forma, qualitativa. Levando em conta 
o respeito de tais garantias processuais, bern como todo o conjunto de princf-
pios que constituem o devido processo legal (constitucional). 
Sob as balizas destes pressupostos e que podemos afirmar que a leitura 
"quantitativa" do "acesso a justi<;a" em nada contribui para uma compreensao 
adequada ao Estado Democratico de Direito; ao contrario, mostra-se profun-
damente agarrada e fixa numa leitura tfpica do Estado Social, devendo, de 
pronto, ser descartada. Uma perspectiva procedimental, entao, deve afirmar 
que o "acesso" somente pode se dar, efetivamente, se garantido a todos os 
partfcipes do discurso processual os princfpios constitucionais, ou seja, iguais 
liberdades subjetivas para sua a<;ao no iter procedimental. Ao contrario do que 
pesam e do que pensam alguns juristas tradicionais, quanta maior a oportu-
nidade de problematiza<;ao, maior e o espa<;o para desenvolvimento de uma 
"cidadania ativa".39 
Dessa forma, a contribui<;ao de "acesso a justi<;a" em termos discursivos 
nos leva a considerar nao apenas a existencia de um direito de ingresso da 
demanda perante o judiciario, mas acima de tudo, a existencia de um espa<;o 
processual em que sao garantidos as partes todos OS princfpios componentes 
do devido processo legal (constitucional), como condic;:ao de constrU<;:ao de um 
provimento legftimo e, por isso mesmo, dotado de racionalidade comunicativa 
e observador da aplica<;ao da "norma correta". Para tanto, inclui-se nessa nova 
38. CATTON! DE OLIVEIRA, Marcelo Andrade. Devido Processo Legislativo: Uma justifica~ao democratica 
do controle jurisdicional de constitucionalidade das leis e do processo legislativo. Belo Horizonte: 
Mandamentos, 2ooo, p. 105. 
39. SOUZA CRUZ, Alvaro Ricardo de. ]urisdi~ao constitucional democrcitica. Belo Horizonte: Del Rey, 2004. 
26 
Cap. 1 • REFLEXOES SOBRE O"ACESSO AJUSTic;:A"QUALITATIVO NO NOVO C6DIGO DE PROCESSO CIVIL BRASILEIRO 
Flavia Quinaud Pedron 
nor;ao de "acesso a justir;a" a proter;ao constitucional de todos os meios proces-
suais de impugnar;ao de decis5es, inclusive os de natureza recursal. 
A mal falada "crise do judiciario", em sua leitura feita pelos instrumentalis-
tas do processo e constitucionalistas nacionais, deixa transparecer na realidade 
outro problema: uma crise de legitimidade das decis5es proferidas pelo judici-
ario brasileiro, quer por submisso aos interesses funcionais do Mercado ou do 
Poder Administrativo,40 quer por ainda apegado a uma leitura paradigmatica de 
Estado incompatfvel (a nosso ver) com a atualY 
Na realidade, como ja afirmado anteriormente,42 a crise tern seu ponto po-
sitivo, que nao pode- e nem tern como- ser eliminada. No caso das "crises" do 
judiciario e do "acesso a justir;a", etas revelam a importancia do judiciario, nao 
mais apenas como um 6rgao de decisao estatal para uma sociedade "cliente", 
mas, agora, como forum de discussao publica, no qual esta sociedade participa 
em simetrica paridade - de maneira interna - ou atraves da crftica publica das 
decis5es, mostrando que as mesmas nao mais pod em ser toleradas como frutos 
de consciencias individuais (solipsista) ou justificadas exclusivamente pelo argu-
mento de autoridade. A faticidade das mesmas (coercibilidade) recorre, antes, 
do comparti\hamento de uma pretensao de correr;ao fundada em uma \eitura do 
ordenamento jurfdico como um sistema coerente de princfpios e regras.43 
Finalizando, a defesa dos adeptos do movimento do "acesso a justir;a" 
quantitativa - tributarios do Estado Social -, entao, deveria ser no sentido de 
buscar uma ampliar;ao dos espar;os procedimentais, para que haja condir;ao 
de exercfcio de uma cidadania ativa- que preserve tanto a autonomia privada 
quanta a autonomia publica-e a isto, denominamos de "acesso a justir;a" qua-
litativo e nao apenas restrita ao primeiro grau de jurisdir;ao.44 
Devemos \embrar, portanto, que o cidadao tern direito de, por ele mesmo, 
atuar na busca pela defesa e proter;ao de seus direitos,45 como exercfcio de 
40. SILVA CANDEAS, Ana Paula Lucena. Valores e as judiciaries: os valores recomendados pelo Banco Mundial 
para as judiciaries nacionais. Revista da Associa~ao dos Magistrados Brasi/eiros. Brasnia: AMB. a. 7· n. 13. 
jan./jun. 2004. 
41. PEDRON, Flavia Quinaud. Um olhar reconstrutivo da Modernidade e da "crise do judiciario": A diminui~o de 
· recursos e mesmo uma solu~ao?, Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 3• Regiao, n. 74, juL/dez. 2006. 
42· PEDRON, Flavia Quinaud. Um olhar reconstrutivo da Modernidade e da "crise do judiciario": A diminui~ao de 
recursos e mesmo uma solu~o?, Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 3" Regiao, n. 74, juL/dez. 2006. 
43· THEODORO JR., Humberto;
NUNES, Dierle; BAHIA, Alexandre. PEDRON, Flavia Quinaud. 0 Novo CPC: Fundamentos 
e Sistematiza~ao. Rio de janeiro: Forense, 2015, cap. 1. 
44. PEDRON, Flavia Quinaud. Um olhar reconstrutivo da Modernidade e da "crise do judiciario": A diminui~o de 
recursos e mesmo uma solu~ao?, Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 3" Regiao, n. 74, juL/dez. 2006. 
45. BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Controle judicial difuso de constitucionalidade das leis e atos 
normativos: contribui~ao para a constru~ao de uma democracia cidada no Brasil. 2003. Disserta~ao 
(Mestrado em Direito Constitucional)- Faculdade de Direito, Universidade Federal de Minas Gerais, Bela 
Horizonte. 
27 
GRANDESTEMAS DO NCPC, v. 8 • NORMAS FUNDAMENTAlS 
sua autonomia privada. Para tanto, a garantia dos princfpios processuais e uma 
compreensao acerca dos mesmos sao fundamentais, bem como a existencias 
de recursos que permitam ventilar o debate jurfdico sobre a interpretar;:ao co-
erente de direitos. 
4. 0 ACES SO A JURISDI<;AO QUALITATIVO NO REGIME DO NOVO COD IGO DE 
PROCESSO CIVIL 
0 novo C6digo de Processo Civil ja incorpora em seu texto uma leitura do 
modelo constitucional de processo,46 como bem deixa claro seu art. 1°.47 
E sob tais premissas te6ricas, pode-se observar que o art. 3o do diploma 
processual, ja absorve a garantia constitucional de livre acesso ao judiciario, 
previsto no texto constitucional de 1988, no seu art. so, xtXI/,48 como pode-se ver: 
Art. 3o Nao se excluira da aprecia~iio jurisdicional amea~a ou /esao 
a direito. 
§ 1° E permitida a arbitragem, na forma da lei. 
§ 2° o Estado promovera, sempre que poss(vel, a so/u~iio consensual 
dos conflitos. 
§ 3o A concilia~iio, a media~iio e outros metodos de so/u~ao consen-
sual de conflitos deverao ser estimulados par magistrados, advoga-
dos, defensores pub/icos e membros do Ministerio Publico, inclusive 
no curso do processo judicial. 
Assim, consagra-se a abertura para o judiciario conhecer de um universe 
de demandas, nao podendo condicionar tais postular;:oes a uma teoria concre-
tista que pregara eventual e futura certeza ou direito do autor a um provimento 
de merito favora.vel. Ao inves, disso, alias, o novo CPC absorve uma importante 
preocupar;:ao no tratamento com que esse ingresso se de perante o judiciario, 
exigindo um tratamento adequado do processo, preocupado com a observan-
cia da clausula constitucional do devido processo. 
E, por isso mesmo, que se justificam os art. 4° a 11, ja que esbor;:am a preo-
cupar;:ao em marcar a necessidade de revisitar (a partir de uma nova perspecti-
va paradigmatica) o sentido que anteriormente eram tido acerca dos princfpios 
processuais, bem como a compreender que os mesmos devem passar por uma 
46. DIDIER JR., Fredie. Curso de Dire ito Processua/ Civil. v. 1. 17 ed. Salvador: jusPodivm, 2015. 
47· THEODORO JR., Humberto; NUNES, Dierle; BAHIA, Alexandre. PEDRON, Flavio Quinaud. 0 Novo CPC: Fundamentos 
e Sistematiza~ao. Rio de janeiro: Forense, 2015. 
48. NUNES, Dierle; TEIXEIRA, Ludmila. Por um Acesso a justi~a Democratico: primeiros apontamentos. Revista 
de Processo. n. 217. Sao Paulo: Revista dos Tribunals. 2013; p. 77 
28 
Cap. 1 • REFLEXOES SOBRE O"ACESSO AJUSTJr;:A"QUALJTATJVO NO NOVO COD IGO DE PROCESSO CIVIL BRASILEJRO 
Flavia Quinaud Pedron 
reconstruc;ao fundamental; ou seja, o novo CPC parte de uma concepc;ao distinta 
da doutrina processual tradicional no que concerne aos conceitos de contra-
dit6rio,49 fundamentac;ao dos provimentos,so ampla defesa, economicidade do 
procedimento,51 etcY E tais transformac;ao sao fundamentais para que se possa 
compreender a nova extensao do "acesso a jurisdic;ao", voltada agora para os 
desafios de justificac;ao da legitimidade da pratica processual brasileira. 
Fica ja uma advertencia: o presente texto nao tern como promover uma 
analise exaustiva de todos os pontes trazidos pelo novo CPC que se conectam a 
uma noc;ao de acesso a jurisdic;ao de tipo qualitative. Assim, na sequencia, tra-
remos alguns dispositivos que consideramos de grande impacto, mas deixando 
aberto o espac;o discursive para outros pontes que ultrapassariam o escopo da 
presente reflexao. 
Como ja sustentado em outro momento,s' a ideia de cooperac;ao jurfdica 
internacional, bern como a proposta de cooperac;ao judicial entre jufzos no Bra-
sil, e um avanc;o nesse sentido. Busca-se assim, em ambos os casos, o desen-
volvimento de um conjunto de normas voltadas a viabilizac;ao de mecanismos 
de colaborac;ao (quer no plano internacional no primeiro caso, quer no plano 
interne no segundo caso) que facilitem a tramitac;ao e o cumprimento de me-
didas judiciais com diminuic;ao das formalidades e com aumento da celeridade 
e economicidade. 
Outra importante inovac;ao fica no campo da preocupac;ao com a prima-
zia da decisao de merito.s4 Assim, investe-se na nova legislac;ao na busca pelo 
49. THEODORO JR., Humberto; NUNES, Dierle; BAHIA, Alexandre. PEDRON, Flavio Quinaud. 0 Novo CPC: Fundamentos 
e Sistematiza~ao. Rio de janeiro: Forense, 2015. 
50. CATTON! DE OLIVEIRA, Marcelo Andrade; QUINAUD PEDRON, Flavio. 0 que e uma decisao judicial 
fundamentada? Reflexoes para uma perspectiva democratica do exercfcio da jurisdi~ao no contexto da 
reform a do processo civil. In: BARROS, Flaviane de Magalhaes; BOLZAN DE MORAIS, jose Luis (orgs.). Reforma 
do processo civil: perspectivas constitucionais. Belo Horizonte: Forum, 2010. 
51. Alertamos aqui que ap6s a ado~ao de um modelo constitucional de processo comprometido com a 
legitimidade dos provimentos jurisdicionais e com o respeito e efetiva~ao dos direitos fundamentals 
deve-se afastar a no~ao vetusta de economia processual em substitui~ao de um respeito a economicidade 
dos procedimentos. A diferen~a principal, em sfntese, fica por conta da percep~ao de que nao e 
possfvel um olhar exclusivamente economico-utilitarista preocupado apenas com a majora~ao da 
riqueza e a diminui~ao de recursos economicos no interior dos procedimentos institudonais se houver 
descumprimento ou prejufzo para os direitos fundamentals. Uma no~ao democratica dessa ideia passa, 
entao, por afirmar que a economia (poupan~a de recursos do erario) somente pode ser justificada a 
partir da busca por um equilfbrio entre a salvaguarda dos recursos financeiros e maxima efetividade 
dos direitos fundamentals (prindpalmente os de ordem processual). Cabe, entao, a cienda do processo 
apresentar continuamente propostas que conjuguem ambos os vetores dessa equa~ao. 
52. A isso podemos chamar de fun~i'io contrafcitica da nova legisla~ao que objetiva exatamente quebrar com 
comportamentos paradigmaticamente inadequados, lan~ando luzes sobre uma nova postura processual. 
53. THEODORO JR., Humberto; NUNES, Dierle; BAHIA, Alexandre. PEDRON, Flavio Quinaud. 0 Novo CPC: Fundamentos 
e Sistematiza~ao. Rio de janeiro: Forense, 2015, p. 133. 
54. Discordamos da doutrina patria quanto a tentativa de atribuir a tal inova~ao o status de princ(pio, mas 
isso nao retira a importancia ou a normatividade de tal determina~ao. Dworkin (0 Imperio do Dire ito. Tract. 
Jefferson Luiz Camargo. Sao Paulo: Martins Fontes, 1999.)- que e um importante autor quando falamos 
29 
GRANDESTEMAS DO NCPC, v. 8 • NORMAS FUNDAMENTAlS 
saneamento de vfcios no que toea o suprimento de pressupostos processuais 
que a principia acabariam por conduzir a uma extin~ao do procedimento sem 
analise do merito, como e o caso do art. 139, IX, como ainda: art. 317; art. 321; 
art. 932, entre outros. 
Em termos de garantia de maior acessibilidade ao judiciario, nao podemos 
de indicar o avan~o trazido pelo art. 98 do novo CPC, que deixa clara a extensao 
do beneffcio da gratuidade judicial para as pessoas jurfdicas, superando um ja 
antigo debate entre STF e STJ sobre o tema. Com isso, mais uma facilidade de 
acesso e marcada, pais como ja aduzido anteriormente,

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