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Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa

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Paulo Freire (1996). Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 165 p. Review by Claudilene Sena de Oliveira Kerber (CELES). (First appeared in: La Salle: Revista de Educação; Ciência e Cultura/Centro Educacional La Salle de Ensino Superior (CELES) v. 3, n. 7, (Outono de 1998). Reproduced with permission.)
No prefácio do livro o autor Paulo Freire busca defender a ética, alegando que se deve insultar as manifestações que ocorrem com a descriminação de raça, de gênero e de classe. O autor relata que todos devemos lutar por essa ética, sendo que o melhor jeito de defendê-la é através de ações vividas e testemunhadas. 
O autor afirma também que os docentes podem realizar críticas, mas essas críticas devem ser construídas através de embasamentos de conteúdos bem estruturados e fundamentados, diante disso elas não podem ser feitas através de somente uma leitura simples, mas devem ser construídas através de um conhecimento mais abrangente, na qual só se consegue através da leitura de vários textos de diferentes autores.
Além disso mesmo que o docente apresente uma visão crítica do conteúdo mencionado na obra, ele jamais deve manipular o conteúdo da obra ou mentir sobre o conteúdo de uma obra para assegurar que sua crítica está verdadeiramente correta para seus educandos, pois assim ele fugirá das regras das éticas existentes.
Em sua análise, ele relata que o preparo científico do docente deve corresponder com sua integridade de ética, ou seja, dessa maneira ele deve respeitar os outros, principalmente em seus argumentos, jamais deve usar a antipática com os outros, sendo assim necessário ser humilde em relação ao ponto de vista dos outros, mesmo reconhecendo que é contrário ao seu teor científico de conhecimento como docente.
É importante também que os estudantes reconheçam o ponto de vista de seus docentes, mesmo apresentando posições diferentes das suas, sendo importante assim que mantenham o respeito e a lealdade com o professor diante de sua análise e crítica de um conteúdo. Diante disso afirma-se que se essa harmonia não existir, os princípios éticos podem acabar sendo violados, não expressando assim uma boa conduta, devendo-se assim sempre repugnar essa ideia de violação da ética.
No capítulo um denominado “Não há docência sem discência” (FREIRE, 1996, p.11) denota-se que é necessário que haja o conhecimento da teoria primeiramente para realizar a prática, porém no momento em que está se realizando a prática pode-se observar que os saberes se modificam ou se aperfeiçoam ao longo do tempo em que se pratica, ou seja, dessa maneira pode-se compreender que sua teoria se expande à medida que se prática cada vez mais uma determinada ação.
Nesse mesmo capítulo Paulo Freire explica que o formando, na qual é denominado docente quando formado, deve ter a consciência de que ensinar não é apenas compartilhar seus saberes com os alunos, mas sim de criar a possibilidades para produções maiores do conhecimento, podendo ser visto através do aprofundamento de um determinado conteúdo visto em sala de aula.
Diante do livro, também se percebe que quem em ensina um conteúdo, no caso o docente, ocorre também um aprendizado ao ensinar o educando, pois o docente deve estudar o conteúdo antes de repassá-los aos alunos, além de também poder aprender com a vivência dos alunos quando eles relatam em sala de aula alguma vivência que tem relação com o tema da aula. O educando que aprendeu determinado conteúdo também pode compartilhá-lo com alguém que desconhece tal fato que ele aprendeu. Isso tudo pode ser compreendido através da citação do autor “Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (FREIRE, 1996, p.12).
Observa-se ao decorrer da leitura que Paulo Coelho faz explicação a um determinado termo importante, na qual é denominado "curiosidade epistemológica" (FREIRE, 1996, p.13), alegando que esse termo explica que quanto mais críticas fizermos a um determinado objeto, mais iremos querer aprender sobre esse objeto, ou seja, dessa maneira iremos buscar cada vez mais conteúdos para buscar explicação sobre ele, sendo assim enquanto não conseguirmos conhecimento completo sobre o objeto, o processo de busca de conhecimento se torna continuo sobre ele.
É citado por Paulo Freire que muitos docentes fazem uma prática muito errada em sala de aula com seus educandos, sendo essa prática denominada como: “Fala bonito de dialética mas pensa mecanicistamente” (FREIRE, 1996, p.14, p.15).Diante disso pode-se observar que ele quer retratar que geralmente esse educador apenas cita os conteúdos que ele aprendeu em sua busca pelo conhecimento, repetindo assim somente frases e ideias de conteúdos que leu em textos, não realizando assim nenhuma reflexão e crítica sobre o que esse conteúdo tem de reciprocidade com a realidade vivida no país.
Ao longo do livro é denominado que “O professor que pensa certo” (FREIRE, 1996, p.15) é aquele que busca mostrar aos alunos que as bonitezas deles é que eles possuem conhecimentos históricos sobre as coisas, pois eles buscaram conhecimentos ao longo de sua jornada como educador, mostrando assim que os conhecimentos novos podem superar os antigos ou aperfeiçoá-los. Além disso, esses conhecimentos novos vão acabar se tornando antigos em um determinado momento, pois as coisas mudam a cada novo dia em que se passa, necessitando assim atualizarmos eles já que se tornaram parte da história. Diante disso assim pode-se observar que o conhecimento que possuímos nunca está completamente completo, pois podemos utilizar ele para produzir um conhecimento ainda inexistente sobre algum fato.
Observa-se ao decorrer do capítulo que o autor afirma que se pode fazer uma relação entre o conteúdo didático do docente com relação ao saberes que os educandos adquiriram ao decorrer de sua vivência em comunidade. Dessa maneira pode-se indagar várias questões com os educandos sobre o reflexo da realidade da sociedade, tais como a citada no texto :“Porque não discutir as implicações políticas e ideológicas de um tal descaso dos dominantes elas áreas pobres da cidade?” (FREIRE, 1996, p.17). Por outro lado muitos docentes que são reacionariamente pragmáticos não realizariam essa prática, pois muito das vezes alegariam que a funcionalidade deles é apenas ensinar os conteúdos e que o próprio educando faria a busca por mais conhecimento depois de ter aprendido algo com o docente.
É retratado um fato muito curioso no primeiro capítulo ainda, denominado como “pensar certo” (FREIRE, 1996, p.19), na qual mostra que pensar certo é tentar compreender de maneira interpretativa os fatos, além disso deve haver profundidade no conteúdo e nos saberes desses fatos existentes. Porém ao longo dessa trajetória pode-se fazer mudanças na opção do que é certo, sendo surgida essas mudanças quando se realiza revisões das informações já encontradas, feita assim uma análise crítica se a mudança do que é certo ocorrerá ou se permanecerá a mesma.
Ao avançar no capítulo um observa-se que o “pensar certo” (FREIRE, 1996, p.21, p22) tem o objetivo de fazer com que o educando com quem se realiza o diálogo vá em busca do entendimento do que vem sendo comunicado pelo educador. Além disso, deve-se observar que o “pensar certo” (FREIRE, 1996, p.21, p22) só se consegue quando ocorre a união do professor e do aluno no processo de aprendizado sobre um determinado assunto, ultrapassando assim as barreiras da ingenuidade do conteúdo explícito somente pelo conhecimento do educador. 
Deve-se salientar sempre que é importante sempre realizar uma reflexão crítica sobre a prática realizada, pois pensar criticamente sobre determinada ação leva a melhoria da prática na próxima vez ao ser executada. Diante disso pode-se notar também que quando a curiosidade sobre o objeto é feita de maneira ingênua, observa-se que o aprofundamento sobre o significado do objeto pode formar uma teoria do conhecimento, na qual pode construir um conhecimento científica através da denominada curiosidade epistemológica. 
Aodecorrer do texto observa-se que o autor faz referência ao termo “assunção” (FREIRE, 1996, p.23) na qual reflete sobre as responsabilidades dos atos como educador, sendo o principal fato mencionado o de o educador realizar uma prática “educativa crítica” (FREIRE, 1996, p.23), na qual consiste em realizar um vínculo entre os educandos uns com os outros e dos docentes com todos. Deve-se observar também que os professores são seres humanos comuns, assim deve-se reconhecer que eles se refletem como humanos, ou seja, apresentam uma histórica como um ser social, podem ser capazes de ter raiva e de amar, além de outras características que os tornam humanos.
Observa-se através da análise diante do aprendizado, que o sujeito deve assumir que ele não possui uma verdade absoluta sobre as coisas, na qual é definido como “pragmático” (FREIRE, 1996, p.24), mas sim um aprofundamento do conhecimento sobre o objeto.
Na obra observa-se no capítulo dois, chamado de “Ensinar não é transmitir conhecimento” (FREIRE, 1996, p.27) que ao transmitir o conteúdo como professor o objetivo final não é apenas entender essa informação, mas sim em produzir mais conhecimento sobre um determinado assunto em específico. Essa produção deve surgir dentro do ambiente escolar, através de questionamentos, curiosidades e indagações feitas pelos alunos em sala de aula.
Relata-se ao decorrer do capítulo dois que não basta somente o professor falar teorias e métodos presentes nos livros, mas sim em ter um exemplo real no mundo, na qual se aplica essa teoria mencionada pelos livros. Diante disso observa-se que ao construir um determinado conhecimento é necessário utilizar a dúvida e a crítica sobre determinado assunto, além disso, deve-se envolver no assunto de tal maneira que leve a construção de um conhecimento mais concreto, sendo isso possível somente com o envolvimento dos alunos ao assunto relatado em sala de aula.
 O autor faz referência no capítulo dois ainda que “Ensinar exige consciência do inacabado” (FREIRE, 1996, p.28, p.29, p.30), ou seja, ele quer dizer que os aprendizados formados pela vida dele como docente não necessariamente devem se repetir todas às vezes em um contexto, pois ocorrem mudanças nos conteúdos a partir de experiências humanas, refletindo assim na qualidade de vida dos humanos. Dessa maneira deve-se observar que os aprendizados do docente tanto no âmbito cultural como histórico não são necessariamente o conhecimento sobre todo o aprendizado, mas sim podem servir como ponto de partida para o aperfeiçoamento de um determinado assunto, através do uso de críticas e da busca por mais conteúdos em relação a determinado conteúdo. 
Dando continuidade ao capítulo dois, é citado que “Gosto de ser gente” (FREIRE, 1996, p.31) de tal forma que mostra que a presença no mundo de ser gente não se faz através do isolamento social ou da não influência das forças sociais que estão em torno do indivíduo, mas sim na forma de receber de forma hereditária fatores sociais e culturais. Dessa maneira pode-se visualizar que o indivíduo não é inserido no mundo como forma de objeto, pois ele realiza mudanças dentro do meio em que vive, assim reflete diretamente na modificação da história existencial.
Paulo Freire cita o termo "consciência do inacabado” (FREIRE, 1996, p.33), na qual se refere a todos os indivíduos da sociedade, relatando que tal termo se reflete principalmente no âmbito de formação ética, na qual se utiliza muita preparação técnica e científica para formação da ética. Diante disso observa-se que é fundamental insistir em seu melhoramento, pois já possuímos conhecimento sobre o inacabado no aspecto de ética, podendo assim encontrar maneiras de fraudar a própria ética já existente se ela não sofrer mudanças. Dessa maneira pode-se concluir que "o inacabamento de que nos tornamos conscientes nos fez seres éticos” (FREIRE, 1996, p.34).
Durante a leitura é feita uma análise sobre o “bom senso” (FREIRE, 1996, p.36) na qual é diante dele que o educador comunica a autoridade dentro da sala de aula, levando em conta que cabe ao professor tomar medidas sobre o regulamento das tarefas administradas em sala de aula, assim como serão feitas as arrecadações das atividades impostas de maneira individual ou de forma coletiva, podendo assim recusar trabalhos feitos pelos alunos caso eles entreguem em um prazo errado.
Deve-se salientar também que se deve existir sempre um “respeito a autonomia,á dignidade e á identidade do educando” (FREIRE, 1996, p.36), pois não adianta o educador apresentar uma ideia aos alunos sobre democracia e liberdade, mas demonstrar comportamentos contrários aos educandos diante do assunto falado, como no caso de obrigar o aluno a realizar as atividades diante da prepotência de seu mestre. 
Freire realiza uma ironia ao decorrer do texto, quando faz a reflexão de que o educador repassa aos seus alunos conhecimento de dignidade, mas desrespeita o aluno quando ele realiza um questionamento, impossibilitando assim ele de opinar por causa da prepotência como docente. Isso pode ser visto de maneira clara quando ele relata “Como posso continuar falando em meu respeito ao educando se o testemunho que a ele dou é o da irresponsabilidade, o de quem não cumpre o seu dever, o de quem não se prepara ou se organiza para a sua prática, o de quem não luta por seus direitos e não protesta contra as injustiças? (FREIRE, 1996, p.38).
A ideia mostrada do “seguro no meu próprio desempenho” (FREIRE, 1996, p.41) mostra como docente que é necessário conhecer as grandezas das características do imo da prática. Para conseguir isso é necessário que o educador seja indagador e curioso diante do conteúdo que receberá a reflexão, pois assim influencia a capacidade de aprender mais sobre a realidade, podendo assim transformá-la e reformulá-la através de princípios teóricos aplicados na prática através do uso de ações.
Continuando no capítulo dois, o autor faz referência aos moradores de um subúrbio, na qual retrata a realidade existente deles, mostrando assim que eles buscavam comida em um terreno que era considerado um depósito de lixo. Diante disso observa-se uma tristeza existente naquele local e algumas questões como docentes são levantadas em relação à tentação de mudar a realidade vivenciada, tais como: “Que fazer, enquanto educadores, trabalhando num contexto assim? Há mesmo o que fazer?” (FREIRE, 1996, p.44). Diante disso como docente é necessário que não se fique em silêncio ou que se faça apenas um discurso presumido diante da situação, afirmando que a realidade não pode ser mudada, mas sim em expressar a realidade silenciada existente, a fim de tentá-la mudá-la através de convicções ao decorrer da trajetória da história.
Adiante Paulo Freire mostra que é possível modificar a realidade existente no momento, pois somos considerados seres históricos, isto é, não somos apenas objetos inseridos no universo, mas sim criaturas com capacidade de modificar a realidade através de nossa curiosidade e inteligência sobre as coisas. Diante disso observa-se que é necessário que ocorra uma rebeldia diante da realidade vivenciada, a fim de fazer com que essa denúncia se torne crítica e revolucionária, pois assim pode-se modificar a realidade existencial através de ações ao decorrer do progresso da história.
Ter a capacidade de realizar a “curiosidade de forma correta” (FREIRE, 1996, p.52) é fazer com que haja despertar de interesse por parte de mim sobre o objeto primeiramente, mas também é necessário que haja uma construção de conhecimento sobre o objeto, podendo ser feita através da análise sobre ele e da observação, além disso, podem-se levar questões de dúvidas sobre ele para compreendê-lo melhor.
Segundo o autor existe um “confronto realmente tenso em que a autoridade de um lado e a liberdade do outro” (FREIRE, 1996, p.55), na qual se explica que se pode realizar o uso de um pouco de cada, ou seja, na medida em que se vai aprendendo com o uso de uma autoridade, pode-se ir fazendo adiante desse aprendizado uma discussão de maneira dialoga.Diante disso retira-se a apresentação dos conteúdos de uma maneira apenas programática, mas sim dá a liberdade ao educando de expressar sua real opinião sobre o conteúdo abordado, podendo assim tornar a aula mais diversificada e mais interessante para os educandos.
O capítulo três descreve que existe uma “autoridade doce mandonista” (FREIRE, 1996, p.57) na qual faz com que a curiosidade do educando seja negada, bloqueando assim seu gosto por arriscar-se a fazer novas descobertas sobre algo. Diante disso observa-se que o mais ideal é possuir uma autoridade democrática, na qual possibilita a manifestações dos inquietos, a fim de gerar dúvidas e críticas sobre como as coisas funcionam e de que maneira poderíamos melhorara-as ou aperfeiçoá-las.
É salientado ao decorrer deste capítulo que “O saber da impossibilidade de desunir o ensino dos conteúdos da formação ética dos educandos” (FREIRE, 1996, p.58) faz com que o docente tenha que realizar a divisão da prática e da teoria ao repassar seu conhecimento, pois necessita respeitar as indagações dos alunos, assim como ter consciência como docente que não tem conhecimento sobre tudo. Isso mostra assim que se deve criar um equilíbrio entre autoridade e liberdade como professor, pois sem a autoridade total não haveria respeito no compartilhamento de ideias, porém se somente existisse a autoridade, não seria possível dar liberdade para o educando indagar e duvidar sobre a informação transmitida pelo professor.
É citado que “nada justifica a minimização dos seres humanos” (FREIRE, 1996, p.62), mesmo que a maioria das pessoas correspondem as classes mais baixas. Diante disso não se justifica que a ciência e a tecnologia faça com que essa classe social se torne desorganizada e bagunçada, alegando assim que as dificuldades encontradas nesse meio seriam uma “fatalidade do fim do século” (FREIRE, 1996, p.62), como no caso é citada a fome como um tipo de fatalidade. O objetivo é ressaltar que essas classes sociais mais baixas possuem direitos de indagar e questionar as leis existentes, a fim de se manifestarem contra violações de ética existente na sociedade.
É exposto ao decorre do capítulo que “decisão é um processo responsável” (FREIRE, 1996, p.66), dessa maneira deve-se dar uma certa liberdade para que o filho prove a ideia sobre algo, mesmo que ela pareça sem juízo, mas que ele assumas as consequências e responsabilidades diante daquele absurdo que gerou. Essa certa liberdade pode ser entendida como uma intervenção do filho em um processo de decisão que os pais realizarão, mostrando-o assim as consequências de algum ato, assim como as regras éticas que devem ser seguidas para realizar algo da maneira correta, a fim de mostrar como não transgredir a ética existente na vida em sociedade.
Ao progredir no texto Paulo Freire relata sobre o “conformismo do indivíduo” (FREIRE, 1996, p.71) como um fato espantoso, pois se acreditarmos que as coisas não são mutáveis ao decorrer da história, ela se torna determinista. Diante disso observa-se que o amanha já seria programado, impossibilitando assim a capacidade de mudar algum fato, pois ele já foi definido como será antes de ser feito.
É indagado sobre o “processo de fala e da escuta” (FREIRE, 1996, p.73), na qual relata-se que deve existir um equilíbrio no diálogo, para que haja uma compreensão adequada do conteúdo que vem sendo tratado. É necessário mesmo sendo discordante da opinião do emissor que se respeite-a e que o deixe expressá-la, podendo-se realizar questionamentos e críticas ao término de sua fala. Deve-se lembrar que é sempre ideal escutar primeiramente toda a ideia de quem está emitindo, para após isso levantar todas as dúvidas referentes ao assunto.
Respeitar os fundamentos da produção de conhecimento é muito importante, pois é através da leitura dos fundamentos básicos que se pode avançar em leituras mais avançadas, sendo de tal importância sempre possuir uma base de conteúdo adquirida ao decorrer da história, para então gerar um novo conteúdo na qual se tornará histórico ao longo do tempo com a criação de novos conhecimentos. Sendo assim importante que o educador respeite os conteúdos que o educando possui sobre algo, pois este educando por sua vez pode ter tido aprendido o conteúdo através de uma leitura diferente, ao qual o possibilitou uma opinião crítica oposta ao do professor, cabendo assim que o educador entenda sua verdade científica revelada.
O uso do termo “ideologia fatalista” (FREIRE, 1996, p.80) é utilizado no capítulo três, na qual mostra que seu objetivo é reafirmar que as pessoas prejudicadas em algo são submetidas a isso porque a realidade é assim mesmo, pois é uma ordem natural dos acontecimentos, ou seja, a afirmação mostra que se a pessoa nasceu pobre pode-se utilizar a afirmação que ela é assim devido ao seu destino e não devido aos fatos históricos que o capitalismo implicou esse efeito na vida do indivíduo. Mostra-se assim que a “ideologia fatalista” (FREIRE, 1996, p.80) é um absurdo, pois ela só expressa a explicação de um fato de maneira subjetiva, não demonstrando assim a explicação dos fatores históricos que influenciaram a levar tal acontecimento.
 O autor relata que a “atitude correta” (FREIRE, 1996, p.85) é aquela em que o indivíduo possui a capacidade de perguntar, responder, concordar e discordar, ou seja, tentar apreciar todos os estímulos a sua volta. Diante disso assim é possível construir um pensamento crítico, uma emoção, um desejo, dessa maneira, portanto consigo compreender que sou favorável a certos argumentos, mas contrários a outros, porém devo aceitar ideias opostas a minha ideologia, pois é respeitando as ideias diferentes das minhas que diminuiuo o preconceito, construindo assim um melhor perfil de mim a cada medo que vou contra minha própria resistência.
Diante do exposto, portanto, pode-se concluir que Paulo Freire focou como principal objetivo a criação de uma educação aberta com aplicação da ética sobre ela, também sendo formada pela democracia na qual fizesse com que os alunos realizassem críticas sobre os saberes emitidos pelo professor em sala de aula, ou seja, fizessem perguntas e indagações sobre determinado assunto, através da curiosidade eminente. Seu objetivo era também que o aluno fosse contra os próprios argumentos do professor, ou seja, arriscasse argumentos contrários ao seu docente, a fim de assim possibilitar a criação de um novo aprendizado ou uma nova visão sobre determinado assunto. Dessa maneira permitia a estimulação da imaginação do educando como forma de levantar novas questões sobre determinado assunto, podendo até assim resolver problemas existências na sociedade de forma diferente. Retrata também que o papel do docente não é apenas a emissão de conhecimento, mas sim estimular o educando a querer se aprofundar mais em relação aos conteúdos abordados em sala de aula, a fim de assim fazer com que consiga encontrar maiores conhecimentos sobre determinada informação.

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