Material de apoio 10 sentença de encerramento da recuperação judicial Vidres

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Autos n° 020.10.008073-1
Ação: Recuperação Judicial/Lei Especial
Autor: Vidres do Brasil Ltda e outros
VISTOS, ETC.
A sociedade empresária VIDRES DO BRASIL LTDA requereu a
RECUPERAÇÃO JUDICIAL, com vistas, em síntese, a superação da crise
econômica-financeira enfrentada.
Ato contínuo, a parte requerente pugnou pela concessão de
medida liminar, a fim de evitar o corte de fornecimento de energia elétrica e de gás, o
que restou deferido (fls. 282-284).
O juízo deferiu o pedido de processamento da RECUPERAÇÃO
JUDICIAL, oportunidade em que se nomeou, como administrador judicial, a empresa
GLADIUS CONSULTORIA FINANCEIRA S/S LTDA, na pessoa de seu administrador
(AGENOR DAUFENBACH JÚNIOR); arbitrou a remuneração incial e mensal de
R$5.000,00 (cinco mil reais); determinou a dispensa da apresentação de certidões
negativas; ordenou a suspensão de todas as ações ou execuções contra a empresa
requerente, bem como a suspensão do curso do prazo de prescrição; determinou a
empresa requerente que apresente suas contas mensais; determinou a publicação de
edital, a comunicação das Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e
Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, a intimação do representante do
Ministério Público, a comunicação da Junta Comercial e da sociedade empresária
requerente para apresentar o plano de recuperação (fls. 366-374).
A sociedade empresária recuperanda apresentou o PLANO DE
RECUPERAÇÃO JUDICIAL (fls. 526-755).
Diante da apresentação de objeções ao PLANO DE
RECUPERAÇÃO JUDICIAL pelos credores BANCO CITIBANK S/A, BANCO
VOTORANTIM S/A, COMPANHIA DE GÁS DE SANTA CATARINA - SCGÁS -,
BANCO ITAÚ e UNIÃO DOS BANCOS DO BRASIL - UNIBANCO S/A -. HSBC BANK
BRASIL S/A - BANCO MÚLTIPLO -, ENDEKA CERÂMICA LTDA, BANCO
SANTANDER BRASIL S/A e AIR PRODUCTS DO BRASIL LTDA, convocou-se a
ASSEMBLEIA-GERAL DE CREDORES (fls. 1113-1114 e 1115-1116).
Em ASSEMBLEIA-GERAL, os credores decidiram pela
concessão da RECUPERAÇÃO JUDICIAL em favor da sociedade empresária
recuperanda (fls. 1384-1403).
ESTADO DE SANTA CATARINA
PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Criciúma
1ª Vara da Fazenda
Endereço: Av. Santos Dumont, S/N, Prédio do Fórum, Milanese - CEP 88.804-500, Criciúma-SC - E-mail: criciuma.fazenda1@tjsc.jus.br
O pedido de RECUPERAÇÃO JUDICIAL restou homologado, por
sentença (fls. 1432-1438).
O juízo arbitrou a remuneração definitiva do administrador
judicial, em 2% (dois por cento) sobre o valor devido aos credores submetidos à
recuperação judicial, descontados os valores já pagos pela sociedade empresária
recuperanda. Determinou, ainda, a suspensão da publicidade das informações
referentes aos protestos existentes em nome da sociedade empresária recuperanda
(fl. 1773).
Ato contínuo, determinou-se, novamente, a suspensão da
publicidade das informações referentes aos protestos existentes em nome da
sociedade empresária recuperanda (fl. 1803).
O juízo homologou o QUADRO-GERAL DE CREDORES,
oportunidade em que se determinou a publicação (fl. 1827), o que se fez a fls.
1861-1868.
Por força da persistência do déficit nas operações financeiras da
sociedade empresária recuperanda e a pedido do representante do Ministério Público,
designou-se audiência (fls. 2667 e 2668), que restou realizada, ocasião em que o
sócio-administrador da sociedade empresária recuperanda teceu comentários acerca
da crise enfrentada (fl. 2670).
A sociedade empresária recuperanda requereu o encerramento
da RECUPERAÇÃO JUDICIAL (fls. 2843-2849), o que, restou, indeferido, diante da
pendência da IMPUGNAÇÃO N.º 020.10.015905-2 (fls. 2900-2901).
O administrador judicial requereu o encerramento da
RECUPERAÇÃO JUDICIAL (fls. 2968-2974), o que concordou, expressamente, o
representante do Ministério Público (fl. 2984).
Os autos vieram conclusos.
É O BREVE RELATÓRIO. DECIDO.
O art. 61, "caput", da Lei n.º 11.101/2005, estabelece que
"Proferida a decisão prevista no art. 58 desta Lei, o devedor permanecerá em
recuperação judicial até que se cumpram todas as obrigações previstas no
plano que se vencerem até 2 (dois) anos depois da concessão da recuperação
judicial". (grifo nosso).
À luz do art. 63 da Lei 11.101/2005, "Cumpridas as obrigações
vencidas no prazo previsto no caput do art. 61 desta Lei, o juiz decretará por
sentença o encerramento da recuperação judicial e determinará: I – o pagamento
do saldo de honorários ao administrador judicial, somente podendo efetuar a quitação
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dessas obrigações mediante prestação de contas, no prazo de 30 (trinta) dias, e
aprovação do relatório previsto no inciso III do caput deste artigo; II – a apuração do
saldo das custas judiciais a serem recolhidas; III – a apresentação de relatório
circunstanciado do administrador judicial, no prazo máximo de 15 (quinze) dias,
versando sobre a execução do plano de recuperação pelo devedor; IV – a dissolução
do Comitê de Credores e a exoneração do administrador judicial; V – a comunicação
ao Registro Público de Empresas para as providências cabíveis". (grifo nosso).
Para FÁBIO ULHOA COELHO, pode-se encerrar a
RECUPERAÇÃO JUDICIAL de duas formas diversas, uma pelo cumprimento do
PLANO DE RECUPERAÇÃO e a outra pela desistência da sociedade empresária
recuperanda a benesse concedida. Na primeira hipótese, o que nos interessa de fato,
"o juíz profere a sentença de encerramento, determinando a quitação dos honorários
do administrador judicial e das custas remanescentes, a apresentação em 15 dias de
relatório do administrador judicial, a dissolução dos órgãos auxiliares da recuperação
judicial e a comunicação à Junta Comercial do término do processo" (COELHO, Fábio
Ulhoa. Comentários à nova Lei de Falências e de recuperação de empresas. 4
ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 173).
Ora, como se pode observar do RELATÓRIO
CIRCUNSTANCIADO elaborado pelo administrador judicial, a sociedade empresária
recuperanda cumpriu, por 2 (dois) anos, as obrigações que se vencerem depois da
concessão da recuperação judicial, com o depósito de 2 (duas) parcelas para
pagamento dos créditos sujeitos aos PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL (fls.
2968-2974).
Quanto ao saldo de honorários devido ao administrador judicial,
verificar-se, ainda, do RELATÓRIO CIRCUNSTANCIADO de fls. 2968-2974, que o
administrador judicial não se opôs a quitação da obrigação originária arbitrada por
este juízo, diante do acordo firmado com a sociedade empresária recuperanda,
perfazendo, desse modo, a novação do débito, que será exigido diretamente do
devedor pelo administrador judicial.
Desse modo, a presente RECUPERAÇÃO JUDICIAL merece ser
encerrada.
ANTE O EXPOSTO
Acolho as manifestações do administrador judicial e do
representante do Ministério Público e, a teor do art. 63, "caput", da Lei n.º
11.101/2005, ENCERRO, por sentença, para que surta seus jurídicos e legais efeitos,
a presente RECUPERAÇÃO JUDICIAL.
À teor do art. 63, I, da Lei n.º 11.101/2005, declaro a quitação da
obrigação originária arbitrada por este juízo referente ao pagamento do saldo de
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honorários ao administrador judicial, ressalvando, contudo, o acordo firmado entre o
administrador judicial com a sociedade empresária recuperanda, cuja dívida oriunda
da novação entre os interessados poderá ser exigida diretamente pelo administrador
judicial, da forma que lhe aprouver.
Determino a apuração do saldo das custas judiciais a serem
recolhidas pela sociedade empresária VIDRES DO BRASIL LTDA, nos termos do art.
63, II, da Lei n.º 11.101/2005.
O RELATÓRIO CIRCUNSTANCIADOjá restou devidamente
apresentado pelo ADMINISTRADOR JUDICIAL (fls. 2968-2974), restando, portanto,
cumprida a determinação ínsita no art. 63, III, da Lei 11.101/2005.
O ADMINISTRADOR JUDICIAL está exonerado de sua obrigação
assumidas nestes autos, a partir desta sentença de encerramento da
RECUPERAÇÃO JUDICIAL, a teor do art. 63, IV, da Lei n.º 11.101/2005.
Determino, outrossim, a comunicação ao Registro Público de
Empresas acerca do encerramento exitoso da presente RECUPERAÇÃO JUDICIAL,
a fim de tomar as providências cabíveis, consoante estabelece o art. 63, V, da Lei n.º
11.101/2005.
Publique-se.
Registre-se.
Intimem-se.
Criciúma (SC), 16 de julho de 2013.
Eliza Maria Strapazzon
Juíza de Direito
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