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Síndrome da Alienação Parental: Uma visão jurídica e psicológica

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1 
 
FACULDADE ESTÁCIO DE SÃO LUIS 
Karla Danyelle Boás Guterres 
 
 
 
 
 
 
 
SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL 
Uma Visão Jurídica e Psicológica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO LUIS 
2017 
 
2 
 
FACULDADE ESTÁCIO DE SÃO LUIS 
Karla Danyelle Boás Guterres 
 
 
 
 
 
 
SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL 
 Uma Visão Jurídica e Psicológica 
 
 
Trabalho Científico apresentado à 
Faculdade Estácio de São Luís, como 
requisito final para obtenção de Diploma 
de Graduação em Direito. 
 
Professora: Prof. Dra. Stella Luiza Moura 
Aranha Carneiro 
 
 
 
SÃO LUIS 
2017 
 
3 
RESUMO 
 
O presente trabalho faz uma análise acerca das consequências da Síndrome da 
Alienação Parental, trazendo seu conceito, sua identificação, suas consequências e 
sua diferenciação da Alienação Parental, evidenciando as marcas que a síndrome 
poderá gerar na vida, tanto para os genitores como para a criança e o adolescente. 
O principal objetivo para o desenvolvimento deste trabalho foi verificar a importância 
do estudo da Síndrome da Alienação Parental, deixando evidente as consequências 
causadas em suas vítimas. Trazendo a importância da tipificação da Síndrome da 
Alienação Parental no ordenamento jurídico, visando demonstrar que a atuação do 
juiz, amparado por especialistas em outras áreas do conhecimento, sempre 
buscando o melhor interesse e a proteção da criança e do adolescente através da 
conservação e respeito à convivência familiar. Para tanto, foi realizado uma 
pesquisa bibliográfica sobre o tema em livros e em leis especiais que amparam o 
direito da família, mostrando, também, a importância da análise do assunto, para 
que possam impedir o avanço do problema e assim garantir um ambiente saudável 
para o indivíduo alienado, preservando a formação de sua personalidade. 
 
Palavras-Chave: Síndrome de Alienação Parental. Alienação Parental.SAP. 
Tipificação. 
 
 
 
 
 
4 
 
SUMÁRIO 
 
1 Introdução. 2 A influência da família no desenvolvimento psicológico da criança e 
do adolescente. 3 Diferença entre síndrome da alienação parental e alienação 
parental. 4 Consequências psicológicas da síndrome da alienação parental. 5 
Separação judicial e guarda dos filhos. 6 Amparo jurisdicional. 7 Considerações 
Finais. 8 Referências bibliográficas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Pretende-se com este trabalho, oferecer uma abordagem sobre os efeitos da 
síndrome de alienação parental na esfera jurídica. No primeiro momento se 
analisará a influência da família no desenvolvimento psicológico da criança e do 
adolescente. 
Após essa análise, serão verificados os conceitos para esclarecer a diferença 
entre síndrome da alienação parental e alienação parental. Em seguida as 
consequências psicológicas, abordando as formas de manipulação para prejudicar o 
genitor alienado, deixando a criança ou adolescente confuso quanto ao que é real ou 
falso ocasionando uma “lavagem cerebral” no menor que na maioria das vezes não 
consegue discernir se está sendo manipulado. 
Depois se faz uma breve análise da separação judicial e guarda dos filhos, 
visando que o poder familiar é o conjunto de direitos e deveres atribuídos aos pais, 
no qual se ampara o dever de assistência, sustento e direção na criação da 
personalidade da criança, não se extinguindo com a separação, divórcio ou fim da 
união estável. 
Por fim, será abordada a questão envolvendo o poder judiciário e o que 
ocorre na prática, tanto por juízes, advogados, peritos e assistentes sociais, quanto 
pelos pais e crianças e seus comportamentos quando se deparam no problema. 
Portanto, este trabalho tem como objetivo esclarecer sobre a síndrome de 
alienação parental, suas sequelas, características e condutas do alienador e de 
quem é alienado, com base nisso os métodos de pesquisa para alcançar esses 
objetivos com satisfação, serão utilizados livros de doutrina, artigos, a legislação 
relacionada com o caso, principalmente a Constituição da República Federativa do 
Brasil de 1988, a Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010 que dispõe sobre a 
Alienação Parental, Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 que dispõe sobre o Estatuto 
da Criança e do Adolescente, bem como decisões jurisprudenciais. 
 
 
 
 
6 
 
2 A INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NO DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO DA 
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
 
A família desempenha um papel de extrema importância na construção 
psicológica da criança e do adolescente, os primeiros anos da vida da criança são 
essenciais para seu desenvolvimento emocional, uma vez que é no seio familiar que 
se constroem pessoas adultas capazes de lidar com situações inesperadas e 
assumir responsabilidades. 
Segundo Figueiredo e Alexandridis (2011), a família é a base para nossa 
sociedade, portanto, o presente instituto tem a proteção do Estado, para que assim, 
seja garantido alicerce familiar e seu devido equilíbrio, aqui estando seu 
reconhecimento, manutenção, desenvolvimento e dissolução, no âmbito do Poder 
Judiciário. 
A família é responsável pela formação do processo de adequação das 
crianças para a vida em sociedade. A atual estrutura familiar é diversificada, sendo 
constituída por união homoafetiva, pais separados com outro cônjuge, ou mesmo 
solteiros, além de famílias formadas por laços afetivos. Assim, uma boa educação 
em casa garante uma estrutura mais sólida e segura no contato com as dificuldades 
culturais e sociais. A omissão familiar provoca vários transtornos na formação do 
indivíduo, alimentando valores individualistas, no qual podem levar os mais jovens 
ao mundo do vício e das futilidades, tornando-se adultos com dificuldades de 
enfrentar as situações cotidianas de forma segura e confiante. 
É dever dos genitores educar e criar os filhos com a devida atenção para a 
formação de sua personalidade. Para Chalita (2001), 
 
[...] a família tem a responsabilidade de formar o caráter, de educar para os 
desafios da vida, de perpetuar valores éticos e morais. Os filhos se 
espelhando nos pais e os pais desenvolvendo a cumplicidade com os filhos. 
[...] A preparação para a vida, a formação da pessoa, a construção do ser 
são responsabilidades da família. É essa a célula mãe da sociedade, em 
que os conflitos necessários não destroem o ambiente saudável. (CHALITA, 
2001, p. 20) 
 
Contudo, independente das formações familiares, o meio em que o menor é 
criado poderá causar grande impacto em seu desenvolvimento devido a realidade 
encontrada na sociedade. Assim, para Maria Berenice Dias, 
7 
 
 
O desenvolvimento da sociedade e as novas concepções de família 
emprestaram visibilidade ao afeto, quer na identificação dos vínculos 
familiares, quer para definir os elos de parentalidade. Passou-se a 
desprezar a verdade real quando se sobrepõe um vínculo de afetividade. 
(DIAS, 2006, p. 319). 
 
As relações afetivas, principalmente as que ocorrem através da família, são 
relevantes também para o Direito considerando que são essas relações que 
fundamentam as ações e decisões feitas pelos indivíduos em sociedade. Funda-se 
em elementos princípios de direito natural, na necessidade de cultivar o afeto, de 
firmar os vínculos familiares à subsistência real, efetiva e eficaz. (GRISARD FILHO, 
2000, apud DIAS, 2006). 
Segundo Valle (2005), a relações afetivas são geralmente utilizadas para 
exprimir os elementos da afetividade, incluindo as nuances do desejo, do prazer e 
da dor, contidos na experiência sob a forma de sentimentosvitais, humor e 
emoções. Essa influência, contudo, varia de acordo com a cultura proveniente do 
local bem como com as relações históricas existentes e com a economia que a 
rodeia. 
Portanto, atualmente,as formações familiares geram grande influência no 
caráter e nas relações afetivas entre as pessoas. Um bom convívio familiar assegura 
diversos estilos de aprendizagem que moldam a personalidade das pessoas, assim, 
garantindo o futuro e o bem estar de todos que a compõe. 
 
3 DIFERENÇA ENTRE SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL E ALIENAÇÃO 
PARENTAL 
 
A síndrome da alienação parental e a alienação parental são conceitos 
conectados, todavia, não se confundem. 
Segundo Xaxá (2008, p. 19), a Alienação Parental (AP) pode ser conceituada 
como: 
 
Alienação Parental é a desconstituição da figura parental de um dos 
genitores ante a criança. É uma campanha de desmoralização, de 
marginalização desse genitor. Manipulada com o intuito de transformar esse 
genitor num estranho, a criança então é motivada a afastá-lo do seu 
8 
 
convívio. Esse processo é praticado dolosamente ou não por um agente 
externo, um terceiro e, não está restrito ao guardião da criança. Há casos 
em que a Alienação Parental é promovida pelos Avós, por exemplo, sendo 
perfeitamente possível que qualquer pessoa com relação parental com a 
criança ou não, afomente. 
 
Contudo, a síndrome da alienação parental é uma consequência da alienação 
parental. 
Sobre isso, Pinho(s.d.)apud Gomes, 2014, p. 114, afirma que: 
 
[...] a Síndrome da Alienação Parental não se confunde com Alienação 
Parental, pois que aquela geralmente decorre desta, ou seja, enquanto a AP 
se liga ao afastamento do filho de um pai através de manobras da titular da 
guarda, a Síndrome, por seu turno, diz respeito às questões emocionais, 
aos danos e sequelas que a criança e o adolescente vêm a padecer. 
 
Ademais, segundo Richard Gardner, a Síndrome da Alienação Parental (SAP) 
pode ser conceituada como: 
 
(...) um distúrbio da infância que aparece quase exclusivamente no contexto 
de disputas de custódia de crianças. Sua manifestação preliminar é a 
campanha denegritória contra um dos genitores, uma campanha feita pela 
própria criança e que não tenha nenhuma justificação. Resulta da 
combinação das instruções de um genitor (o que faz a “lavagem cerebral, 
programação, doutrinação”) e contribuições da própria criança para caluniar 
o genitor-alvo. Quando o abuso e/ou a negligência parentais verdadeiros 
estão presentes, a animosidade da criança pode ser justificada, e assim a 
explicação de Síndrome de Alienação Parental para a hostilidade da criança 
não é aplicável. (GARDNER, 1985, p.2). 
 
No caso da AP, o genitor faz uso de manobras para afastar o filho do outro 
genitor, assim, implantando falsas memórias com o intuito de apagar a imagem 
desse genitor da vida da criança ou de afastá-la do seu convívio. 
Portanto, a síndrome da alienação parental caracteriza-se por sequelas e 
sintomas emocionais ocasionadas pela alienação que se instauram sobre a criança, 
retratando-se emocionalmente a partir de condutas e comportamentos. 
 
4 CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS DA SÍNDROME DA ALIENAÇÃO 
PARENTAL 
 
A Síndrome de Alienação Parental é uma forma de manipulação para 
9 
 
prejudicar o genitor alienado, deixando a criança ou adolescente confuso quanto ao 
que é real ou falso, ocasionando uma “lavagem cerebral” no menor que na maioria 
das vezes não consegue discernir se está sendo manipulado. 
Nesse mesmo sentido, Maria Berenice Dias ressalta: 
 
Neste jogo de manipulações, todas as armas são utilizadas, inclusive a 
assertiva de ter havido abuso sexual. O filho é convencido da existência de 
um fato e levado a repetir o que lhe é afirmado como tendo realmente 
ocorrido. A criança nem sempre consegue discernir que está sendo 
manipulado e acredita naquilo que lhe foi dito de forma insistente e repetida. 
Com o tempo, nem a mãe consegue distinguir a diferença entre verdade e 
mentira. A sua verdade passa a ser verdade para o filho, que vive com 
falsas personagens de uma falsa existência, implantando-se, assim, falsas 
memórias (DIAS, 2010, p.17). 
 
De acordo com Alessandra Noremberg, as frases que comumente aparecem 
na linguagem do menor são: “meu pai me disse que minha mãe não sabe de nada, 
só ele sabe o certo”, “minha mãe disse que meu pai não gosta de mim” entre tantas 
outras. Estes são os primeiros aspectos a serem observados (NOREMBERG, 2013, 
texto digital). 
Ademais, Antônio Gabriel Araújo Pimentel de Medeiros, alerta que: 
 
Segundo a psicanálise, uma mãe que pratica a alienação parental pode ter 
sérios riscos de instaurar em seu filho um grau elevado do complexo de 
Édipo, fazendo uma transferência do objeto fálico, de seu marido para o seu 
filho. Tem dificuldade de lidar com a sexualidade do filho aquele pai ou mãe 
que não conhece e não lida bem com sua própria sexualidade. Um fator 
importante é a idade da criança. Um bebê privado da mãe sofrerá 
consequências psíquicas mais sérias do que se, neste mesmo período, 
perdesse a convivência com seu pai. É importante ressaltar que a perda de 
um dos genitores sempre influencia o outro cônjuge e, portanto, a criança, já 
que ainda se encontra em processo de formação de sua subjetividade 
(MEDEIROS, 2013, texto digital). 
 
Nesta seara, "a Síndrome de Alienação Parental produz diversas 
consequências nefastas, tanto em relação ao cônjuge alienado como para o próprio 
alienador, mas os efeitos mais dramáticos recaem sobre os filhos" (VIEIRA, 2014, 
texto digital). 
As consequências psicológicas da alienação são tão prejudiciais e danosas 
quanto as derivadas de violência física. Os abusos psicológicos são de difícil 
percepção, pois não deixam marcas visíveis no corpo,causandona vítima danos 
impossíveis de serem calculados. 
10 
 
Entre as sequelas, pode-se destacar algumas que acontecem com mais 
frequência e são mais graves, como por exemplo, a depressão crônica, 
incapacidade de adaptação em ambiente psicossocial normal, transtornos de 
identidade e de imagem, desespero, sentimento incontrolável de culpa, sentimento 
de isolamento, comportamento hostil, falta de organização, dupla ou múltipla 
personalidade, e, em casos extremos, pode levar até ao suicídio. 
Assim, "a alienação pode persistir por anos, gerando severas sequelas de 
ordem psíquica e comportamental, geralmente ocorre a reparação quando o filho 
torna-se consciente, após certo desligamento desse pai guardião" (VIEIRA; BOTTA, 
2013, texto digital). 
Nas palavras de Ana Carolina Carpes Madaleno: 
 
Na área psicológica, também são afetados o desenvolvimento e a noção do 
autoconceito e autoestima, carências que podem desencadear depressão 
crônica, desespero, transtorno de identidade, incapacidade de adaptação, 
consumo de álcool e drogas e, em casos extremos, podem levar até mesmo 
suicídio. A criança afetada aprende a manipular e utilizar a adesão a 
determinadas pessoas como forma de ser valorizada, tem também uma 
tendência muito forte a repetir a mesma estratégia com as pessoas de suas 
posteriores relações, além de ser propenso a desenvolver desvios de 
conduta, como a personalidade antissocial, fruto de um comportamento com 
baixa capacidade de suportar frustrações e de controlar seus impulsos, 
somado, ainda, a agressividade como único meio de resolver conflitos[...] 
(MADALENO, 2014, p. 54). 
 
Portanto, a alienação se não for interrompida pode causar na criança a SAP, 
gerando inúmeras sequelas psicológicas e comportamentais sérias, como as 
abordadas acima. 
 
5 SEPARAÇÃO JUDICIAL E GUARDA DOS FILHOS 
 
Segundo Noremberg (2013, texto digital), o termo Alienação Parental 
começoua aparecer entre as ações judiciais a partir dos anos 80, pois a separação 
dos casais trouxe consigo a disputa pelos filhos. Esta disputa causa sérios 
transtornos para a criança, visto que é na fase da formação destes que repercute os 
efeitos da alienação parental como um processo destrutivo da formação emocional 
da criança, pois os problemas começam a surgir em todos os ambientes em que ela 
convive. 
11 
 
O poder familiar é intransferível, inalienável, irrenunciável, imprescritível e 
personalíssimo, enquanto os filhos forem menores de idade, não atingindo 
acapacidade civil plena, é obrigação dos pais, sob o amparo do art. 1.634 do Código 
Civil (2002), os seguintes termos: 
 
Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação 
conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos 
filhos: 
I - dirigir-lhes a criação e a educação; 
II - exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584; 
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem; 
IV - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior; 
V - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua 
residência permanente para outro Município; 
VI - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro 
dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder 
familiar; 
VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, 
nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem 
partes, suprindo-lhes o consentimento; 
VIII - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; 
IX - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de 
sua idade e condição. 
 
O poder familiar é a competência de que ambos os pais têm na constância da 
união entre eles, mas havendo a dissolução, a relação entre genitor e filhos não 
pode ser modificado. Nesse diapasão, vejamos o que o art. 4º, caput, do Estatuto da 
Criança e do Adolescente (1990) prevê: 
 
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do 
poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos 
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, 
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à 
convivência familiar e comunitária. 
 
Conforme Dias (2008), em tempos remotos o pai aguardava a decisão judicial 
para o direito de visita, porém, na atualidade, o mesmo reivindica a guarda da prole, 
algo impensável até algum tempo atrás, e que decorreu da evolução dos costumes, 
tendo em vista, que a mulher começou a estar também fora do lar, convocando o 
homem a participar das tarefas domésticas e dos cuidados com os filhos. Não se 
pode deixar de ressaltar, que a alienação parental também pode surgir na 
constância do casamento, dentro do âmbito familiar. 
12 
 
O genitor que recebe a guarda da criança, não é mais importante que o outro, 
a escolha é feita apenas para garantiro melhor interesse do menor, apesar dela viver 
com apenas um, a responsabilidade sobre ela, ainda é dever de ambos. 
A Constituição Federal de 1988 traz isso para nós no art. 227: 
 
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao 
adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, a saúde, a 
alimentação, a educação, ao lazer, a profissionalização, a cultura, a 
dignidade, ao respeito, a liberdade e a convivência familiar e comunitária, 
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligencia, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão. 
 
Em 2010 foi sancionada a Lei nº 12.318, a Lei da Alienação Parental, para 
amenizar a situação e o prejuízo causado ao longo do desenvolvimento psíquico do 
menor e suas relações na vida. 
Conforme podemos ver no art. 2º, caput, da Lei nº 12.318/2010: 
 
Art. 2° Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação 
psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos 
genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a 
sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause 
prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. 
 
Assim, Morais (2012, texto digital), a alienação parental pode ser, muitas 
vezes, percebida antes da dissolução do convívio marital, também podendo ter início 
não somente pelo genitor detentor da guarda, mas por algum parente próximo ou 
por afinidade, como por exemplo, tios e avós. 
Ademais, o Código Civil (2002) diz que: “A separação judicial, o divórcio e 
adissolução da união estável não alteram as relações entre pais e filhos senão 
quanto ao direito, que aos primeiros cabe, de terem em sua companhia os 
segundos” (art. 1.632). 
A guarda do menor é o direito em que os pais e/ou outras pessoas, têm de 
manter consigo a criança, podendo retirá-lodo ambiente familiar violento, hostil e 
mentiroso. 
Portanto, o poder familiar é o conjunto de direitos e deveres atribuídos aos 
pais, no qual se amparao dever de assistência, sustento e direção na criação da 
personalidadeda criança, não se extinguindo com a separação, divórcio ou fim da 
união estável. 
 
13 
 
6 AMPARO JURISDICIONAL 
 
A Lei 12.318/10 foi sancionada pelo Presidente da República, tendo sua 
publicação no Diário Oficial da União no dia 27/08/2010, visando coibir a chamada 
alienação parental. 
Essa lei permite garantir mais uminstrumento de proteção à criança existente 
no ordenamento jurídico, é mais um amparo específico que visa a intervenção 
judicial para lidar com esse mal que a alienação parental. 
Com base no entendimento de Silva e Sarmento (2013, texto digital), sendo 
caracterizada a Síndrome da Alienação Parental no âmbito familiar e ordenamento 
jurídico atual, representados pelas normas e princípios de proteção integral, deve o 
Poder Judiciário resolver tais questões aplicando-se os ditames previstos nas 
normas e princípios, proporcionando à sociedade uma prestação jurisdicional à 
altura dos ditames constitucionais e legais de proteção integral e eficiente à criança 
e ao adolescente, sobretudo nesses casos em que a violência moral vem 
exatamente daqueles que deveriam proteger seus filhos. 
Assim, o Poder Judiciário - Estado deve proteger o menor, garantido seus 
direitos e proteção, visando sempre o seu bem estar. 
Com intuito de causar dano ao vínculo da criança ou adolescente com seu 
genitor alienado, o genitor alienante intervém através da alienação parental no 
desenvolvimento psicológico, assim, o art. 2º, caput, da Lei 12.318/2010, diz: 
 
Art. 2º. Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação 
psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos 
genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a 
sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause 
prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. 
 
Segundo Lopes (2013, texto digital), configurada a alienação parental, as 
consequências jurídicas vão desde a advertência judicial até a suspensão do poder 
familiar ao alienador, passando pela ampliação do regime de convivência familiar em 
favor do genitor alienado, a estipulação de multa ao alienador e a alteração da 
guarda para guarda compartilhada ou sua inversão. Sem prejuízo da 
responsabilização civil e criminal do alienador. 
Ademais, a Alienação Parental (AP), gera dano moral, tanto na criança quanto 
ao genitor alienado. 
14 
 
Assim, segundo Fábio Vieira Figueiredo e GeorgiosAlexandridis: 
 
A gravidade da situação posta no Poder Judiciário frente à alienação 
parental faz com que o juiz tenhaa necessidade de promover o 
desenvolvimento do processo mediante grande cautela, na medida em que 
se torna por demais difícil a caracterização do desvio prejudicial promovido 
pelo alienador, devendo, assim, valer-se de estudo multidisciplinar, apoiado 
em seus auxiliares, para a realização de perícia a fim de constatar de forma 
mais robusta a existência da alienação parental (FIGUEIREDO; 
ALEXANDRIDIS, 2011, p. 50). 
 
Diante dos estudos e perícias, no qual o menor e seus pais serão analisados 
pelo juiz, cabe enfatizar que é de extrema necessidade a participação de psiquiatras, 
psicólogos e assistentes sociais. Paulo Lôbo, compreende que: 
 
A centralidade da tutela jurídico-familiar na pessoa das crianças importa 
compreensão abrangente do conceito de proteção dos filhos. Quando os 
pais não chegarem a mútuo acordo, após a separação, acerca do modo de 
convivência que cada um entretecerá com os filhos comuns, deve o juiz 
assegurar a estes o direito de contato permanente com aqueles (LÔBO, 
2008, p. 168). 
 
No mesmo sentido, Gabriela dos Santos Barros, enfatiza: 
 
O genitor alienante, além de denegrir a imagem do outro genitor, 
geralmente não compartilha com o alienado informações relevantes 
referentes à prole (como o rendimento escolar, doenças) e toma decisões 
importantes acerca da vida dos filhos, sem consultar o outro genitor, por 
exemplo, resolve, sem antes discutir com o alienado, mudá-los para outra 
escola. Em alguns casos, o progenitor praticante de AP resolve mudar de 
cidade e levar os filhos consigo com o intuito de afastar e dificultar o contato 
dos menores com o genitor alienado e com a família deste (BARROS, 2012, 
texto digital). 
 
As principais vítimas da alienação parental são ascrianças e adolescentes, e 
sua prática afeta seu direito fundamental no convívio familiar, conforme, o art. 3º, da 
Lei 12.318/2010, diz que: 
 
Art. 3º. A prática de ato de alienação parental fere direito fundamental da 
criança ou do adolescente de convivência familiar saudável, prejudica a 
realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo familiar, 
constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e descumprimento 
dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes de tutela ou 
guarda. 
 
São tomadas algumas medidas de proteção à vítima da Síndrome da 
Alienação Parental de acordo com ograu de alienação que a vítima se encontrae sua 
15 
 
gravidade. Essas medidas ajudam a identificar ainda no início, as práticas do 
alienador, não deixando chegar a um nível mais elevado de alienação. 
Diante do art. 5º do ECA (1990), "nenhuma criança ou adolescente será 
objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, 
crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou 
omissão, aos seus direitos fundamentais". 
Conforme, Vilmar Antônio da Silva e Paulo Genner de Oliveira Sarmento: 
 
O Princípio do Interesse Melhor da Criança nasce com o mandamento 
embrionário da Convenção Internacional dos Direitos da Criança, a qual foi 
fruto de compromisso e negociação, tal convenção representa o mínimo que 
toda a sociedade deve garantir às suas crianças, reconhecendo em um 
único documento as normas que os países signatários devem adotar e 
incorporar às suas leis. Exige, por parte de cada Estado, que a ratifique, e 
disponha de meios necessários à fiscalização do cumprimento de suas 
disposições e obrigações concernentes à sua infância, ou seja, pessoas 
menores de 18 anos. (SILVA; SARMENTO, 2013, p.58). 
 
No poder judiciário "[...] para que o juiz possa julgar conflitos que envolvem 
família, o doutor magistrado da Vara de Família, não deverá ser puramente técnico, 
principalmente quando se está diante do processo de alienação" (PEREIRA, 2012, 
texto digital). 
Ainda, nesse entendimento, "[...] detectados indícios de sua ocorrência, e 
nisto reside a efetiva e pontual atuação do Poder Judiciário no propósito de impedir 
que a síndrome da alienação crie corpo com a involuntária colaboração judicial" 
(MADALENO, 2014, p. 55). 
Ainda assim, o principal bem jurídico afetado pela Síndrome da Alienação 
Parental é o bem estar da criança, devendo ser assegurado no nosso ordenamento 
jurídico pátrio os Direitos das Crianças e dos Adolescentes. 
Segundo Silva e Sarmento (2013, texto digital), o Ministério Público exerce 
seu papel com muita responsabilidade ao combate da Alienação Parental, assim, 
quando necessário age de ofício em prol das crianças, levando em conta sua 
impossibilidade de autodefesa. Bem como, é essencial a participação do 
MinistérioPúblico para a efetiva proteção à criança, sobretudo no objetivo de acabar 
com as condutas alienadoras, a Síndrome da Alienação Parental. 
Quanto as atitudes do advogado na ação de Alienação Parental, Geni Paulina 
Pereira, salienta: 
 
16 
 
O papel do advogado quando envolve questões como essas, deve sempre 
atender o bem estar da criança de forma que o litígio não prejudique o 
menor, pois acima de um profissional há a ética e isso deve ser levado em 
conta quando o que se está em jogo é a vida da criança, e assim o operador 
do direito deve sempre agir de forma cautelosa quando se tem presente a 
SAP (PEREIRA, 2012, textodigital). 
 
Conforme o art. 136, parágrafo único do ECA (1990), o Conselho Tutelar 
desempenha um papel fundamental na proteção da criança e do adolescente: 
 
Art. 136... 
[...] 
Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar 
entender necessário o afastamento do convívio familiar, comunicará 
incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe informações sobre os 
motivos de tal entendimento e as providências tomadas para a orientação, o 
apoio e a promoção social da família. 
 
Figueiredo e Alexandridis (2014), nos falam que, caracterizada a Alienação 
Parental, poderá o genitor vitimado, tendo em vista sua legitimidade ativa, ingressar 
com ação autônoma para discussão e reparação do mal causado pela alienação 
parental. 
Conforme o art. 5º da Lei nº 12.318/2010, vejamos: 
 
Art. 5º Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em ação 
autônoma ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia 
psicológica ou biopsicossocial. 
§ 1º O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou 
biopsicossocial, conforme o caso, compreendendo, inclusive, entrevista 
pessoal com as partes, exame de documentos dos autos, histórico do 
relacionamento do casal e da separação, cronologia de incidentes, 
avaliação da personalidade dos envolvidos e exame da forma como a 
criança ou adolescente se manifesta acerca de eventual acusação contra 
genitor. 
§ 2º A perícia será realizada por profissional ou equipe multidisciplinar 
habilitados, exigido, em qualquer caso, aptidão comprovada por histórico 
profissional ou acadêmico para diagnosticar atos de alienação parental. 
§ 3º O perito ou equipe multidisciplinar designada para verificar a ocorrência 
de alienação parental terá prazo de 90 (noventa) dias para apresentação do 
laudo, prorrogável exclusivamente por autorização judicial baseada em 
justificativa circunstanciada. 
 
Na ação da Alienação Parental, "o instituto da tutela antecipada busca, como 
dito alhures, antecipar os efeitos da tutela pretendida, efetivando o direito e 
viabilizando o pedido para um momento anterior à sentença" (FIGUEIREDO; 
ALEXANDRIDIS, 2014, p. 100). 
17 
 
Conforme Pereira (2012, texto digital), verificado pelos profissionais 
(psicólogos, assistentes sociais, etc.) quanto a fundamentação legal, o laudo pericial 
deverá ser sempre em favor, benefício e bem-estar da criança ou adolescente. 
Visando a proteção do menor, a intervenção por meio da psicoterapia ou a 
guarda compartilhadasão capazes de inibir as condutas do alienador. 
Todavia, é importante um laudo pericial bem elaborado "[...] um dos erros 
mais comuns é considerar unicamente a opinião dos filhos quando dizem não querer 
mais manter contato com o pai alienado" (MADALENO, 2014, p 57). 
Nas palavras de Geni Paulina Pereira,o magistrado deve averiguar o grau da 
SAP instalada no menor, a fim de tomar a medida cabível: 
 
Quando em grau leve ou moderado, deve-se tratar o genitor alienador e a 
criança, numa tentativa de restaurar o relacionamento desta com o 
alienado. Como punição ao genitor alienador e com a devida previsão 
legislativa, deveriam ser aplicadas medidas concretas como advertência, 
reversão da guarda e caso haja dano moral, e este sendo solicitado em 
ação autônoma e devidamente comprovado pelo alienado, concessão de 
indenização ao prejudicado, bem como a retratação pública do alienador na 
comunidade em quevive. 
Em fase agravada, em que o elo com o genitor alienado está destruído por 
completo, a solução judicial seria após análise ponderada do caso sub 
judice, o afastamento do alienado, assumindo o alienador o dever moral e 
legal de fazer todo o possível para, juntamente com o analista psiquiatra, 
amenizar o trauma desenvolvido no menor, bem como o compromisso de 
tentar restituir a imagem do alienado (PEREIRA, 2012, texto digital). 
 
Tendo em vista o art. 6º, caput, da Lei 12.318/2010, preceitua as condições 
em que deve haver intervenção judicial. 
 
Art. 6º Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer 
conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, 
em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, 
sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla 
utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus 
efeitos, segundo a gravidade do caso. 
 
Há duas formas para resolver os conflitos: conciliação e mediação. Ambas 
buscam haver um consenso sobre o conflito existente, principalmente na existência 
da SAP. Na mediação será estabelecida a intervenção de profissionais para facilitar 
o diálogo entre as partes, e na conciliação o terceiro facilitador pode adotar uma 
posição mais ativa na tentativa de propor acordo. 
Madaleno (2014) expõe a importância de impor a medida de obrigação do 
cumprimento do regime de visitas, nos casos mais graves da SAP. Em casos de não 
18 
 
cumprimento, poderá ser imposta multa diária, caso o alienante não queira entregar 
a criança, ou, dependendo da atitude mais grave, ordenar busca e apreensão da 
criança e, ainda, consequentemente, a prisão do alienador. 
Ainda assim, Geni Paulina Pereira, aborda: 
 
O Direito de Família por via do tratamento interdisciplinar que vem 
recebendo, passou a dedicar maior atenção às questões de ordem psíquica, 
permitindo o reconhecimento da presença de dano afetivo pela ausência de 
convívio paterno-filial, e o estabelecimento do perigo psíquico, emocional e 
afetivo para a criança ou jovem (PEREIRA, 2012, texto digital). 
 
Nesse sentido, "nos casos mais graves da SAP, a substituição ou troca da 
guarda tornam-se as únicas alternativas a preservar a higidez psíquica do menor 
[...]" (MADALENO, 2014, p58). 
Para melhor entendimento a ação que tem como causa a Síndrome da 
Alienação Parental, segue a jurisprudência do egrégio Tribunal de Justiça do 
Maranhão. Vejamos: 
 
APELAÇÃO CIVIL. AÇÃO DE GUARDA E RESPONSABILIDADE. MELHOR 
INTERESSE DA CRIANÇA. QUE RESIDE COM O PAI DESDE DOIS ANOS 
E DOIS MESES DE IDADE. PEDIDO DE GUARDA JULGADO 
PROCEDENTE. SENTENÇA MANTIDA. I - No caso em exame o pai da 
menor ajuizou a presente ação de guarda aduzindo que a mãe da criança 
ora Apelante, após o rompimento da relação que durou três anos saiu de 
casa no dia 03 de setembro de 2010, época em que a menor tinha 2 anos e 
2 (dois) meses de idade e nunca mais procurou saber da filha. II - Após a 
devida instrução, audiência de instrução, oitiva de testemunhas de ambas 
as partes e confecção de laudo psicossocial realizado em Goiânia onde 
reside a Apelante e também laudo psicossocial realizado em Imperatriz 
onde reside o Apelado, o magistrado de base julgou procedente o pedido 
formulado na exordial e concedeu a guarda da menor Safira Rodrigues da 
Silva ao pai, ressalvando o direito de visitação da mãe em finais de semana 
alternados e metade das férias escolares do início e meio do ano, quando 
poderá viajar com sua filha. III - Destaco que não se esta em discussão os 
motivos que levaram a separação do casal, mas sim o real interesse da 
menor principal vítima da contenda travada pelos pais, visto que o 
orientador das decisões sobre a guarda de filhos é o da preservação do 
interesse do menor, que há de ser criado no ambiente que melhor assegure 
o seu bem estar físico e moral, seja com a mãe ou o pai. IV - Neste 
contexto, é incontroverso que a menor sempre conviveu com seu pai na 
cidade de Imperatriz, assim sendo em que pese ter sido consignado no 
laudo psicossocial que a mãe que reside com outro companheiro na cidade 
de Goiânia também possui condições de criar a filha, entendo que o melhor 
para o interesse da menor que hoje possui 7 (sete) anos de idade, é 
permanecer no ambiente onde sempre esteve desde o nascimento, até 
mesmo porque inexiste nos autos provas que apontem que o Apelado não 
possui as condições necessárias para permanecer com a guarda da menor, 
uma vez que já detém a guarda de fato. V - No tocante a alegação de 
alienação parental por parte do Apelado, destaco que inexiste prova nos 
autos de que o pai da criança praticou qualquer das situações que 
19 
 
configuraria a referida alienação, disciplinada pela Lei n.º 12.318/10. VI - 
Apelo conhecido e improvido. 
 
(TJ-MA - APL: 0369602014 MA 0008102-52.2011.8.10.0040, Relator: 
RAIMUNDO JOSÉ BARROS DE SOUSA, Data de Julgamento: 24/08/2015, 
QUINTA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 25/08/2015) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O presente trabalho buscou mostrar a diferença da Alienação Parental (AP), 
seus aspectos psicológicose a Síndrome da Alienação Parental (SAP), evidenciando 
o grande problema que a SAP causa no psicológico da vítima, pois é tão prejudicial 
quanto as derivadas de violência física, bem como as medidas de proteção, as quais 
são tomadas de acordo com a gravidade ou grau de alienação em que a vítima se 
encontra. 
Sobre a separação judicial, foram abordadas questões envolvendo a 
síndrome nas disputas de guarda, visando a proteção do melhor interesse da 
criança e do adolescente, pois é nessas disputas que os pais, responsáveis ou 
tutelados, utilizam certos artifícios para conseguir o seu objetivo, que é prejudicar o 
outro genitor e obter a guarda do filho totalmente para si. 
A respeito da proteção jurídica da vítima da Síndrome da Alienação Parental 
foram discutidos os métodos de trabalho dos juízes e peritos que cada vez mais tem 
ajudado a descobrir problemas da relação dos pais com filhos, tendo em vista que, o 
ordenamento jurídico, apesar de considerar a Síndrome da Alienação Parental em 
suas decisões, ainda tem certa dificuldade no seu diagnóstico. 
Foram apresentadas jurisprudências sobre o assunto, demonstrando sua 
importância para a futura prevenção do convívio familiar seguro, pois um convívio 
hostil afeta a vida da criança ou do adolescente que está em meio a uma "guerra". 
Por fim, o principal objetivo para o desenvolvimento deste trabalho foi verificar 
a importância do estudo da Síndrome da Alienação Parental, deixando evidente as 
consequências causadas em suas vítimas, sempre buscando o melhor interesse ea 
proteção da criança e do adolescente através da conservação e respeito à 
convivência familiar, bem como abordando as medidas coercitivas que a Lei nº 
12.318, de 26 de agosto de 2010 estabeleceu aos alienadores desde a advertência 
até a alteração da guarda e a suspensão do poder familiar, cabendo ao julgador 
decidir quais as medidas aplicáveis em cada caso concreto. 
 
 
 
 
21 
 
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