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O que é indústria Cultural? Resumo Bárbara Lucchesi (material de aula) O que é indústria Cultural? COELHO, Teixeira. SP, Brasiliense, 1998. Sumário: Cap. 1: Indústria Cultura, Cultura Industrial Cap. 2: Alienação e revelação na indústria cultural Cap. 3: indústria Cultural no Brasil Cap. 4: Perspectivas diante da Indústria cultural Cap. 1: Indústria Cultura, Cultura Industrial (p. 7) Em geral, o debate sobre a indústria cultural gira em torno de questões éticas: os produtos são bons ou maus, adequados ou não? Esta é uma colocação simplista para o autor, que propõe um outro enfoque: **** o que fazer com a indústria cultural ? 1.1 Indústria cultural, meios de comunicação de massa, cultura de massa (p.8) estas expressões são tomadas como sinônimas, mas são? Os meios de comunicação de massa surgem com a invenção de Gutenberg no sec. XV de tipos móveis de imprensa. A indústria cultural só aparece com os 1os jornais. Não existindo antes da Revolução industrial no séc. XVIII, sendo condição para seu surgimento, entretanto, uma economia de mercado (consumo de bens), ou seja, a ocorrência de uma sociedade de consumo só verificada no séc. XIX em sua 2a metade. A cultura de massas exigiu além dos jornais, o romance de folhetim, o teatro de revista, a opereta, o cartaz – na segunda metade do séc. XIX. A indústria cultural, meios de comunicação de massa, cultura de massa surgem como funções do fenômeno da industrialização – esta que produz alterações no modo de produção e na forma do trabalho caracterizando a sociedade capitalista que gera a cultura de massa. Dois traços importantes: a reificação (coisificação) e a alienação – tudo se transforma em coisa – inclusive o homem. O homem reificado só pode ser um homem alienado. Neste quadro a cultura – feita em série, industrialmente – passa a ser vista não como instrumento de livre expressão, crítica e conhecimento, mas como produto trocável por dinheiro e que deve ser consumido. Este quadro é caracterizador da indústria cultural: revolução industrial, capitalismo liberal, economia de mercado, sociedade de consumo. É esse o momento histórico do aparecimento da cultura de massa. No séc. XX que esta cultura de massa instala-se definitivamente, quando o capitalismo monopolista cria as condições para a sociedade de consumo cimentada nos veículos como a TV. O que é indústria Cultural? Resumo Bárbara Lucchesi (material de aula) 1.2 Cultura superior, cultura média, cultura de massa (p. 13) o estudo dos fenômenos da indústria cultural tem sido enfocados a partir da oposição entre a cultura dita superior e a cultura de massa. Para Coelho este é uma espécie de pecado original que pesa sobre a quase totalidade da teoria crítica da indústria cultural. Aponta suas falhas: MacDonald define três formas de manifestações cultural: cultura superior, média e de massa (ou inferior). - A cultura superior – formada por todos os produtos canonizados/ enaltecidos pela crítica erudita. - a cultura média – midcult – produtos que reproduzem os valores pequenos burgueses - a cultura de massa – masscult. há uma confusão para classificar os produtos da cultura de massa, sobretudo, quando pretende-se estabelecer uma relação entre elas e as classes sociais. para Coelho, a midcult que surge como subproduto da indústria cultural. 1.3 Cultura popular e cultura pop ou de massa (p. 20) Em geral, aponta-se uma oposição entre a cultura de massa e a cultura popular, quando deveriam ser compreendidas em termos de complementação. Os defensores da cultura popular consideram esta a fonte de uma cultura nacional, pois os produtos são produzidos por aqueles mesmos que a consomem, ao contrário do que ocorre com a cultura pop. **** Esta visão é muito simplista para analisar a cena contemporânea. Não se deve confundir o veículo cultural com a ideologia que rege seu uso. 1.4 – Funções da cultura de massa; a cultura industrializada (p.22) a) a crítica: os críticos da cultura de massa enfatizam o problema da alienação sobre seus “clientes”. Partindo do pressuposto de que a cultura de massa aliena, pois o indivíduo é forçado a não formar uma imagem de si mesmo diante da sociedade. Funções da indústria cultural: 1) narcotizante, obtida pela ênfase ao divertimento. Ao difundir a diversão, a indústria cultural estaria mascarando realidades intoleráveis e proporcionando a fuga da realidade. (moral empedernida) 2) promove o conformismo social, ao reforçar as normas sociais até a exaustão e sem discussão. 3) outras: deturpa e degrada o gosto popular, simplifica seus produtos para obter uma atitude sempre passiva, assume uma posição paternalista dirigindo o consumidor etc. O que é indústria Cultural? Resumo Bárbara Lucchesi (material de aula) b) Defesa: a indústria cultural não é fator de alienação: argumentos da defesa: 1) O domínio mais rápido da linguagem pelas crianças. 2) A moda que promove alterações positivas no comportamento moral e ético. 3) O acúmulo de informação transforma-se em formação. 4) A indústria cultural pode unificar as classes sociais. 5) A cultura de massa não ocupa o lugar da cultura superior ou da popular, mas cria uma terceira faixa que vitaliza os processos culturais, ex. da pop arte, da TV para o cinema. Cap. 2: Alienação e revelação na indústria cultural (p. 27) Para o autor, as funções da indústria cultural resumem-se a duas: 1) Para os apocalípticos (Umberto Eco), função de alienação pela indústria cultural remete para o estado avançado da barbárie cultural. Ex: Adorno e Horkheimer (dec. de 1940) defendem que a indústria cultural tem a mesma função de um Estado facista = totalitárismo moderno que promove a alienação do homem moderno, alienado de si e do mundo circundante, reproduz o discurso, a visão dominante propagada pelos meios de comunicação de massa. 2) Para os integrados, função de revelação das significações do mundo. A industria cultural seria o 1o passo democratrizador da cultura, sendo um instrumento para combater a alienação. Há 2 caminhos para seguir a análise, examinar: 1. o quê diz ou faz a indústria cultural? 2. ou examinar: como é dito e feito? 2.1 – o conteúdo como determinante (p. 29) O estudo do quê diz ou faz prende-se à questão do conteúdo divulgado pelo veículo. Os produtos serão bons ou maus, alienantes ou reveladores, conforme a mensagem veiculada. O critério de avaliação seria subjetivo, dependendo da ideologia de quem avalia. Esta é uma das maneiras tradicionais de avaliação de um produto cultural, possui uma natureza ideológica. A questão do prazer é um dos alvos principais dos que tentam combater aos processos de alienação ligados à indústria cultural. O prazer é visto como indício de consumismo, como adesão à ideologia burguesa, reacionária. Esta tese está presente nas análises da Escola de Frankfunrt. É uma tese de direita ou de esquerda? 1) É uma tese de direita, pois a direita sempre interessou o controle do prazer para aumentar a produtividade do trabalho geradora dos lucros. Disto resulta O que é indústria Cultural? Resumo Bárbara Lucchesi (material de aula) toda uma ideologia de defesa e valorização do trabalho: o trab. dignifica, ascensão social, é a salvação etc. O prazer é reduzido à diversão esporádica (feriados, férias), como mecanismo para manter a eficácia, o rendimento. 2) É também uma tese de esquerda: pois o trabalho continua sendo a bandeira da esquerda, existindo uma mitologia negativa em relação ao prazer identificado com a indecência X o conhecimento, o compromisso social, o combate político. **** Estasvisões provocam um duplo erro: 1) combater o prazer em nome da seriedade e da eficácia do trabalho; 2) combater o prazer particularmente nos veículos da indústria cultural. o prazer é sempre uma forma do saber. (tese de Freud defendida por Marcuse, Foucault, Deleuze etc.) 2.2 – A limitação do sistema produtor (p. 35) **** Para determinar COMO operam os meios da indústria cultural, 2 caminhos: 1) Ligado à natureza do veículo – derivado da visão de Marx: todo produto traz em si os vestígios, as marcas do sistema produtor que o engendrou. Os traços estão no produto, mas permanecem “invisíveis”, tornando-se visíveis quando o produto é submetido a uma análise. Esta análise leva à seguinte conclusão: a indústria cultural e todos os seus veículos, independentemente do conteúdo das mensagens divulgadas, trazem em si, gravados como fogo, todos os traços dessa ideologia, qual seja: a ideologia do capitalismo, cujos traços principais são a reificação (coisificação) e a alienação. Façam o que fizerem, digam o que disserem, os veículos da industria cultural somente podem produzir alienação. Esta linha de análise não admitiria a hipótese de outra utilização desses veículos no caso de uma mudança no sistema social. Esta análise não é completamente equivocada. O problema é que, o único modo de eliminar totalmente uma ideologia e seus efeitos seria a destruição total de tudo aquilo que estivesse por ela afetado. Seria uma solução pouco prática. É preciso admitir a hipótese de um gradualismo nessa passagem de uma para outra ideologia. Contudo, não se pode esquecer que, de fato, todo produto traz em si os germes do sistema que o gerou. Uma ideologia cujos traços principais são o paternalismo, a necessidade de tornar passivos todos os sujeitos, a transformação em coisa (reificação) de tudo que possa existir (inclusive o homem) – traços presentes no capitalismo de organização (monopolista) – estariam também presentes num produto como a TV. O que é indústria Cultural? Resumo Bárbara Lucchesi (material de aula) 2.3- A mensagem da natureza do veículo (p. 38) Outra possibilidade de análise do modo de operação do veículo (do como opera), ligado à sua natureza. Pode ser extraída dos trabalhos de Marshall McLuhan. Base de sustentação das teorias de McLuhan – a tese: “o meio é a mensagem”. Para ele, a obsessão com o conteúdo é resquício de uma cultura letrada. O alvo deveria ser os meios considerados em si mesmos, independente de qualquer conteúdo. Os meios não são só os tradicionais (TV, rádio, jornal etc.), mas o carro, a roupa, a casa etc. A mensagem de qualquer meio (ou tecnologia) é a mudança de escala, de andamento ou de padrão por ele introduzida nas relações sociais. Para ele é um erro – considerar que uma coisa é boa ou má conforme o uso que se fizer dela. Faz uma crítica pertinente a Wilbur Schramm, que realizou a clássica “análise de conteúdo”. **** Qual a ralação entre a perspectiva de McLuhan e o problema da alienação através dos meios “clássicos”? **** A análise da alienação na indústria cultural deve ser conduzida do ponto de vista estrutural e não a partir do conteúdo das mensagens. Na teoria de McLuham, por ex., a TV – é um meio frio = de baixa definição Em oposição ao meio “quente” = alta definição. Quente X frio Rádio X telefone Cinema X TV Conseqüência – os meios quentes promovem uma baixa participação do espectador, enquanto os frios seriam de “alta” participação por parte da audiência. Os meios quentes – por fornecerem muitos dados ao receptor – não exigiriam quase nada deles em termos de esforço dos sentidos para apreender o que está sendo transmitido. Com os meios frios aconteceria o contrário. Dessas colocações, aqueles que Umberto Eco chamaria de “integrados acabaram concluindo que a TV era um meio positivo, um meio possibilitador de revelações e não de alienação, pois exigia uma maior participação da audiência” (ativa e não passiva). *** a argumentação de McLuhan é datada aos anos 60, quando a TV não possuía boa definição. Atualmente tal argumentação vai por água abaixo. Fica invalidada a visão de um mundo transformado numa aldeia global de cuja vida todos participariam ativamente graças à TV. O que é indústria Cultural? Resumo Bárbara Lucchesi (material de aula) O mundo todo pode vir a adotar os mesmos valores, a mesma ideologia, graças às chamadas “multinacionais da cultura”, que difundem uma mesma estrutura de pensamento, de comportamento. **** Qual o conteúdo da TV, seja qual for a mensagem transmitida? Coelho estende a análise de McLuhan sobre a imprensa para o meio TV. A mensagem da imprensa estimularia o individualismo (ponto de vista privado e não envolvimento do leitor no acontecimento) e o nacionalismo (eliminação do paroquialismo e do tribalismo) na TV: a 1a impressão - o modo de recepção pela TV é coletivizante, porém não é coletivizante apesar de não permitir um ponto de vista privado sobre as coisas, pois o indivíduo é eliminado do circuito para ser jogado na massa. O indivíduo deixa de existir e é substituído por esse “indivíduo da estatística”, pelo indivíduo-fetiche que é a massa. Com relação ao psiquismo social, a TV não produziu o nacionalismo, mas o universalismo. O mesmo que se verifica com os indivíduos acontece com as nações: há a formação da massa das nações ou nações massificadas. Isto acontece porque a TV é um meio unidirecional, unívoco: a informação segue apenas um sentido, da fonte par o receptor sem retorno. Com isto, não há informação, mas formação, ou melhor, conformação. A TV (como todos os outros meios) surge como um instrumento de reificação e alienação. **** Esta seria uma análise pessimista dos meios de comunicação. É possível utilizar esses meios em benefício do homem? A chave para essa resposta estaria em uma análise estrutural dos meios. 2.4 - Análise pelo processo de significação (p.52) O autor aponta outra possibilidade de determinar-se o “como” dos veículos da indústria cultural, no lugar da análise de suas características técnicas (meio quente/frio) examina-se o modo como operam e produzem seu significado. Esta análise não se refere ao conteúdo da mensagem propagada, mas ao modo pelo qual a significação é produzida. O instrumento de análise é a semiótica. Todo processo de significação, em todas as atividades humanas, inclusive nos veículos da indústria cultural, está baseado na operação de signo. Signo é tudo aquilo que representa ou está no lugar de outra coisa (uma palavra, uma foto, um desenho, uma roupa etc.). (P.530 A operação de signo é a relação entre um signo, o referente (a coisa, o objeto representado) e o interpretante (imagem mental, o significado para a pessoa receptora do signo). (p.54) C. Peirce classifica os diferentes signos em 3 tipos: ícone, índice e símbolo. a) ícone é um signo que tem uma analogia com o objeto representado: uma foto, um desenho, uma escultura. O que é indústria Cultural? Resumo Bárbara Lucchesi (material de aula) b) índice é um signo que estabelece uma relação de causa-efeito com seu objeto: fumaça/fogo, nuvem/chuva, placa/caminho. c) símbolo é o signo arbitrário que representa seu objeto por meio de uma convenção, de um acordo: toda palavra e o objeto representado. p.58 Esses 3 tipos de signos geram 3 tipos diferentes de consciência, de representação/significado, de conhecimento e de comunicação. Sendo esta a base da análise estrutural/semiótica da questão alienação/revelação na indústria cultural. Na realidade esses 3 tipos de signos não ocorrem em estado puro, um ícone tb pode ser um índice,um índice pode ser símbolo. Ao ícone corresponde à consciência icônica, que opera com o sentir e com o sentimento, não se preocupando com os procedimentos de análise do objeto representado. Não se preocupa com argumentações lógicas, atua através do pensamento analógico, estabelecendo semelhanças sem formar raciocínios definitivos e conclusivos. É a consciência da intuição, das sensações, que contempla seu objeto. p.59 Tal consciência pode ser motivada pela recepção de um signo icônico: a observação de uma pintura, de uma foto, de uma pessoa etc. O sujeito não está preocupado com raciocínios lógicos, com o conteúdo, se entrega a seus sentimentos, intui coisas sobre o objeto significado, não forma juízos. Isto não significa que formará ideias erradas, mas terá um conhecimento por intuição, que pode levar a verdadeiras descobertas, mas que é difícil de demonstrar. A consciência icônica fornece uma imagem do objeto, do assunto, uma visão que não se baseia em nenhuma convenção, nenhuma conclusão lógica, mas em um esquema tal como uma foto retrata uma pessoa. Ao índice corresponde a consciência indicial, tal consciência exige do sujeito mais do que a contemplação do objeto (como no ícone). Uma seta indicando um caminho só tem sentido para quem está trilhando o caminho. O índice implica em um esforço físico ou mental, é uma consciência operativa porque estabelece a relação de causa e efeito entre o signo e o objeto representado. Emite um juízo de constatação em vez de apenas contemplar, mas não chega a um juízo conclusivo, lógico ou elaborado sobre o objeto. Ao símbolo corresponde a consciência simbólica: trata-se de uma consciência interessada na investigação do objeto, que produz as convenções, as normas que pretende conhecer as causas. Não apenas intui ou constata, pois quer saber o por que a coisa existe e é como é. Se a consciência icônica é intuitiva e analógica, enquanto a indicial é operativa, a consciência simbólica é lógica. É a consciência que transcende as sensações, que ultrapassa a mera verificação/constatação daquilo que existe ou existiu, para descobrir o que deve vir a existir (prever). p.61 O que é indústria Cultural? Resumo Bárbara Lucchesi (material de aula) O autor passa a articular os conceitos básicos da semiótica a análise da indústria cultural. p.62 “[...] o problema com a indústria não é tanto o que ela diz ou não; não é o fato de ser deste ou daquele modo, estruturalmente; nem o fato de ter surgido neste ou naquele sistema político-social – mas sim o modo como diz. É que a indústria cultural – na TV, no rádio, na imprensa, na música (particularmente a dita popular), nos fascículos, mas tb nas escolas e nas universidades – é o paraíso do signo indicial, da consciência indicial”. “Toda a indústria cultural vem operando com signos indiciais e, assim, provocando a formação e o desenvolvimento de consciências indicais. Isto é: tudo, signos e consciências e objetos, é efêmero, rápido, transitório, não há tempo para a intuição e o sentimento das coisas, nem para o exame lógico delas: a tônica consiste apenas em mostrar, indicar, constatar. Não há revelação, apenas constatação, e ainda assim uma constatação superficial – o que funciona como mola para a alienação. O que interessa não é sentir, intuir ou argumentar, propriedades da consciência icônica e simbólica; apenas, operar”. “A capacidade de interpretar o mundo iconicamente, de distinguir o sentido nas cosias, vê-se cada vez mais diminuída. Do mesmo modo, a possibilidade de proceder a uma interpretação simbólica do mundo, de procurar suas causas e reuní-las em teorias coerentes, torna-se sempre, mais e mais, algo como um dom especial, reservado a um pequeno número, quase uma elite. O que prevalece é a tendência de ver apenas o significado indicial das coisas [...]”. O problema é que o índice nuca aponta para a coisa, mas para alguma propriedade, consequência, efeito indicativo e nada mais. “O índice manda seu receptor sempre de uma coisa para outra, sem deter-se nem no objeto visado, nem em nada – não permitindo nem penetrar intuitivamente nele, nem conhecer logicamente suas causas e destinos”. Não é apenas no mundo da indústria cultural que prevalece esse processo, pois ele está na base do nosso procedimento de compreensão do mundo, derivado e determinado pela visão tecnológica ou pela racionalidade instrumental, a qual se preocupa com a relação entre um meio e o fim com vistas a obter a eficiência e a eficácia dos processos, isto que se pode compreender como consciência operativa. p.64 Essa consciência indicial, operativa determinada pela racionalidade instrumental, como definem, Adorno e Horkheimer, não deve ser compreendida, segundo Coelho, como um “gênio do mal, uma vontade maior, maquiavélica, que decide sujeitar toda a humanidade através de um instrumento: a indústria cultural.” Acreditar nessa entidade malévola seria mais fácil e cômodo, será??? Do que admitir que cada um de nós é responsável pela existência e desenvolvimento dessa consciência indicial, limitada, alienada. p.65 O que é indústria Cultural? Resumo Bárbara Lucchesi (material de aula) Uma análise simplista do que seja um ícone e processo de manipulação dos signos levou a conclusão apressada de que a indústria cultural é o universo dos signos, que isso era bom, já que a consciência icônica permite a revelação/intuição de algo/sentido novo, de um modo mais imediato e efetivo que a consciência simbólica. Entretanto, os ícones difundidos elas imagens semelhantes são dispostos de modo indicial, pois transformam a consciência do receptor em um mosaico de informações/imagens picadas, as informações/imagens se multiplicam de modo desconexo, impedindo ao indivíduo a visão de conjunto, totalizante de si e do mundo, por isso produzem a alienação. Como se dá esse processo de comunicação indicial na indústria cultural, por ex. na TV? Através da multiplicação não de informações, mas de trechos de informação, apresentadas soltas no espaço, se nexo, sem antecedente, sem consequente. p.66 “Essas ‘informações’ não revelam aquilo que lhes está por trás mas servem exatamente para ocultar o que representam [...] dando ao receptor a impressão de conhece-lo através disso [...]. Esse esquema se repete no rádio, no jornal, no filme de aventura – mas tb na escola e no cotidiano”. p.68 Qual a possibilidade de modificar esse processo? O autor aponta para esse terceira via de análise crítica da indústria cultural, a qual adota como referencial teórico a semiologia. Mas observa que um exame aprofundado da questão deve envolver todas as abordagens teóricas referidas anteriormente e outras não citadas, pois o perigo reside na adoção de um ponto de vista unilateral sobre o assunto. Cap. 3 – INDÚSTRIA CULTURAL no BRASIL (p.70) - aspectos quantitativos/ dados de 1980 e 1988: 1) estações de rádio no Br - + 2000 e 140 de TV. 56 milhoes de aparelhos de rádio e 26 milhoes de TV. 2) São 30 os jornais significativos do país: O Estado de SP, a Folha de SP, e o JB. Revistas... 3) Os anuários estatísticos sobre a indústria cultural não incluem dados sobre a edição de livros. 4) TVs, rádios e imprensa vivem de Publicidade. - os jornais brasileiros têm na publicidade mais de 80% de seu faturamento, enquanto TVs e rádios dependem 100%. - Boa parte dessa publicidade, principalmente dos jornais, vem de órgãos dos governos, o que revela a grande dependência desses veículos em relação a seus anunciantes “comerciais” ou “ideológicos”. - 40% das agências de publicidade estão ligadas a grupos estrangeiros. - em relação as verbas existentes: A TV carrega = 60%, jornais = 18%, revistas = 15%, rádios = 7% O que é indústriaCultural? Resumo Bárbara Lucchesi (material de aula) Apesar do rádio cobrir a totalidade da população brasileira As classes com maior poder aquisitivo vêem mais TV do que ouvem rádio. Os jornais e revistas: apresentam publicidade para classe média. 5) Cinema e teatro não estão em situação muito melhor do que o livro. Salas de cinema no Br = 1300 em SP = 130 cinemas se lotadas = ½ da lotação do Estádio do Morumbi A presença do filme estrangeiro é maciça, sufocante Teatro – 59 salas p.75 “Com esses números, não é raro ouvir-se que não se pode falar em indústria cultural, cultura de massas ou meios de comunicação de massa no Brasil porque esses pressupõem a existência de uma sociedade onde existe consumo de massa, o que não haveria aqui. A divisão de renda é tal que apenas os bolsões situados no centro-sul do país podem pensar em consumir, e mesmo assim em termos relativamente modestos”. Os grupos de não consumidores acabam consumindo simbolicamente aqueles produtos dirigidos à pequena minoria da população. Neste sentido, é possível falar em uma cultura de massa e de meios de comunicação de massa, apesar da sociedade brasileira não ser, na década de 1980 (ano de publicação do texto) uma sociedade de consumo de massa. [A situação mudou bastante na última década (anos 2000) com a inclusão de 40 milhos de novos consumidores/cidadãos excluídos, que viviam na linha da pobreza. Vivemos um novo contexto social-econômico, que implica em novas reflexões sobre o tema indústria cultural no Brasil.]
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