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PROCESSO PENAL II - Inquérito Policial - Reta Final Delegado - Damásio

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RETA FINAL – DELEGADO/MS
Dir. Processual Penal II – Prof. Paulo Henrique Fuller
DATA 20/07/2017
AULA 01
INQUÉRITO POLICIAL: CARACTERÍSTICAS
1. INQUISITIVIDADE OU UNILATERALIDADE
 É a contraposição do contraditório, que é marcado por atos bilaterais.
 O IP não possui contraditório e ampla defesa, diferentemente da ação penal.
 O IP é unilateral porque basta a presença de um sujeito obrigatório para a validade do ato, o delegado de polícia. Diferente do que ocorre na ação penal, que precisa dos dois lados da ação.
 Ser unilateral é ser inquisitivo.
 Ser inquisitivo é não incidir nem contraditório, nem ampla defesa.
 O efeito prático da inquisitividade é que a presença de defesa técnica (advogado) no IP é facultativa.
 Formas de participação defensiva no IP: 
São possibilidades do defensor participar do IP, mas de forma limitada.
a) art. 14, CPP: confere direito ao indiciado de requerer diligências investigatórias ao delegado, que as realizará ao seu critério e ao seu juízo. O direito aqui é de requerer as diligências, mas não há direito na sua realização, o delegado realiza se entender necessário.
b) art. 7º, XXI, Lei. 13.245/16 (Novo EAOB): é direito do advogado assistir (não de participar) aos clientes investigados nos depoimentos e interrogatórios que vieram a prestar durante o IP, sob pena de ilegalidade do ato, configuração de abuso de autoridade por parte do delegado se não assegurado ao defensor a presença no ato.
 Exceção: art. 4º, §6º e 15, da Lei n. 12850/13 - Lei de Organização Criminosa.
	Em qualquer fase do acordo de colaboração (negociações, formalização e execução) é obrigatória a assistência do colaborar por defensor técnico, inclusive durante a investigação criminal (de natureza inquisitiva).
Refere-se a qualquer uma das fases do ato de acordo de colaboração premiada, onde é o único caso do Brasil que o advogado é presença obrigatória durante o IP. 
Neste caso, o delegado é obrigado a nomear defensor, caso o investigado não possua um constituído, antes de iniciar o acordo. Não pode começar nem a discutir o acordo sem a presença de uma defesa técnica.
2. OFICIOSIDADE
 A autoridade policial instaura, em regra, o IP de ofício (“ex officio”)
 Agir de ofício é agir de forma espontânea, em razão de seu ofício, não se exige provocação.
 Aplica-se a oficiosidade somente para crimes que sejam de ação penal pública incondicionada (art. 5º, I, do CPP).
 Exceções - a instauração do IP depende de autorização, não podendo o delegado instaurar de ofício quando:
a) ação penal pública condicionada à representação da vítima: nesses casos a autorização é chamada de representação (do ofendido - art. 5º, §4º) ou requisição (do Ministro da Justiça por interpretação extensiva);
b) ação penal privada: nesses casos a autorização se chama requerimento do ofendido (art. 5º, §5º, CPP). A queixa não é autorização para instaurar o IP, queixa é a petição inicial, é um ato de postulação em juízo, equivale à denúncia.
3. INDISPONIBILIDADE – art. 17, CPP
 A autoridade policial nunca pode ordenar por decisão própria o arquivamento do IP.
 O arquivamento do IP se dá por decisão judicial, mediante requerimento do MP.
 O delegado não pode arquivar o IP mesmo com a morte do investigado, neste caso, o delegado junta no IP a certidão de óbito e encaminha para o MP, que irá requerer o arquivamento ao juiz.
4. DISPENSABILIDADE
 O IP é dispensável pelo titular da ação penal, a depender do caso.
 A ação penal pode ser proposta sem a instauração do IP.
 Se a ação penal for pública, o titular é o MP, que inicia a ação mediante a denúncia.
 Se a ação penal for privada, o titular é o ofendido, em regra, e não mais o MP, e o ofendido inicia a ação penal mediante a queixa.
 A dispensabilidade, então, é quando o MP ou a vítima propõe a ação penal sem a instauração de IP. 
 A dispensabilidade é possível se já dispuser de base para a ação penal oriunda de outra fonte. E que base é essa? Essa base é composta por indícios de autoria e prova da existência do fato 
	Ex.: Inquérito Parlamentar – CPI, se apurar indícios de autoria e prova da existência do fato, envia cópia ao MP, que pode dispensar o IP e oferecer a denúncia (art. 58, §3º, CF).
 Em resumo: o IP pode ser dispensado para a propositura da ação penal, desde que o titular da ação penal (MP ou querelante) já disponha de base suficiente (indícios de autoria e prova de materialidade), oriunda de outra fonte, tal como a CPI.
4.1. Dispensabilidade Legal (Lei n. 9099/95, art. 69. caput)
 No JECrim foi a lei que dispensou o IP e criou o TC, para apurar infrações mais simples.
 No lugar de instaurar IP, o delegado lavra TC.
 No TC vai conter um resumo do que a vítima disse, do que as testemunhas disseram e a versão do autor da ação. Se necessário, pode requisitar perícia.
 A dispensa do IP vem expressamente no art. 77, §1º - fala que a ação penal pode ser iniciada com base no TC, que substitui o IP dentro do JECrim.
 Ao JECrim competem as infrações penais consideradas de menor potencial ofensivo (art. 98, I, CF).
 São de menor potencial ofensivo todas as contravenções penais (crimi nani/ infração anã/ infração liliputiana) e os crimes com pena máxima de até 02 anos.
5. FORMA ESCRITA – art. 9º, CPP
 Art. 9º, fala que “todos” os atos do IP serão escritos e juntados nos autos de IP.
 Na verdade, os atos do IP são predominantemente escritos. Há exceção.
 Exceção: art. 405, §1º, CPP – os atos de investigação ou a oitiva do indiciado poderão ser registrados na forma audiovisual de diligências no IP.
 Portanto, atualmente o IP é um procedimento predominantemente escrito.
6. SIGILOSO – art. 20, CPP
 O IP não nasce sigiloso, o IP nasce público, se necessário, o delegado o torna sigiloso visando o sucesso das investigações.
 O art. 20, trata do sigilo externo, que se aplica em quem está fora da investigação.
 A priori não se aplica o sigilo interno. O sigilo não se aplica a três sujeitos: (i) ao juiz; (ii) ao MP; (iii) defensor do investigado.
 O juiz e o MP possuem acesso total ao IP.
 O defensor possui acesso limitado ao IP.
 Forma de acesso do defensor do investigado ao IP:
	a) regra geral (art. 7º, XIV, EOAB): o acesso do advogado aos autos de IP sem procuração, podendo tomar anotações, apontamentos e até fotografar.
	b) exceção (art. 7º, §10, EOAB): se houver sigilo no IP, o acesso se dá mediante procuração do defensor outorgada pelo seu cliente.
 Alcance do direito de acesso do defensor do investigado ao IP:
	Súmula Vinculante n. 14 – é direito do defensor, no interesse do seu cliente investigado, ter acesso amplo aos elementos de prova já documentados nos autos do procedimento de investigação.
	“Já documentados”, significa diligência investigatória já encerrada, perfeita e acabada, neste caso, o advogado terá acesso, que se negado, configura crime de abuso de autoridade.
A contrário senso, as diligências em andamento, o delegado pode restringir o acesso do defensor do investigado de forma legítima (art. 7º, §11º, EOAB).
7. OFICIALIDADE
 Quem realiza o IP é um órgão oficial/ público, policial civil ou federal.
 A característica da oficialidade alcança inclusive crimes de ação penal privada, pois nestes apenas a instauração do IP fica subordinada a requerimento do ofendido, mas a realização do IP continua a cargo da polícia civil (órgão público/ oficial).
8. AUTORITARIEDADE
 O delegado de polícia é a autoridade a quem foi conferida a presidência do IP (art. 144, §4º, CF).
DATA 26/07/2017
AULA 02
INQUÉRITO POLICIAL: FORMAS DE INSTAURAÇÃO
1. FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO IP DE ACORDO COM A AÇÃO PENAL
 A classificação se dá de acordo com a modalidade da ação penal.
1.1. AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA
 Aplica-se a regra da oficiosidade, ou seja, o delegado pode e deve de ofício instaurar o IP.
 Se o delegado age de forma espontânea:
a) de ofício: o IP é instaurado por meio da peça de portaria (art. 5º, I, CPP).
 Se o delegado age de forma provocada:
a) por agente público (MP ou juiz): instaurao IP por meio de requisição (art. 5º, II, 1ª parte, CPP).
O delegado, a priori, não pode recusar a requisição, a requisição é uma determinação ou exigência legal, a requisição obrigaria o delegado a instaurar o IP. Segundo a doutrina, o delegado pode recusar a requisição quando se tratar de ato manifestamente ilegal (ex.: manifesta atipicidade da conduta, extinção da punibilidade);
b) por um particular: instaura o IP por meio de requerimento do ofendido (art. 5º, II, in fine, do CPP). O requerimento o delegado pode se recusar, o delegado pode indeferir o requerimento.
Da decisão que indefere o requerimento do ofendido, cabe recurso administrativo ao Chefe de Polícia, que é o superior hierárquico daquele delegado que recusou a instauração do IP (art. 5º, §2º, CPP).
c) por meio de prisão em flagrante: instaura o IP por meio do auto de prisão em flagrante (art. 304, CPP).
1.2. AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA
 O delegado instaura o IP mediante representação do ofendido (art. 5º, §4º, CPP) ou a requisição do Ministro da Justiça (interpretação extensiva do art. 5º, §4º, CPP).
1.3. AÇÃO PENAL PRIVADA
 O delegado instaura o IP mediante requerimento do ofendido (art. 5º, §5º, CPP).
2. FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO IP DE ACORDO COM O CONHECIMENTO DO FATO PELO DELEGADO
 A classificação dependerá de como o delegado tomou conhecimento do fato.
	2.1. NOTÍCIA CRIMINIS DE COGNIÇÃO DIRETA/ IMEDIATA/ ESPONTÂNEA/ INQUALIFICADA
 Aqui o delegado age de ofício, ele instaura de ofício o IP, por meio de portaria, o que pressupõe que trata-se de ação penal pública incondicionada.
 Se qualquer pessoa (por isso é inqualificada) contar ao delegado que houve um crime, não retira o caráter direto, espontâneo da instauração do IP, porque o delegado instaura de ofício (art. 5º, §3º, CPP).
	2.2. NOTÍCIA CRIMINIS DE COGNIÇÃO INDIRETA/ MEDIATA/ PROVOCADA/ QUALIFICADA
 Essa notícia criminis foi provocada por alguém que emana uma qualificação especial que a lei exige (ser promotor, juiz, ofendido ou ministro da justiça).
 A instauração do IP é provocada por um ato jurídico de provocação formal, quais sejam:
a) por meio de requisição do MP e do Juiz;
b) do requerimento do ofendido (ocorre em dois casos, em crimes de ação penal pública incondicionada e em crimes de ação penal privada);
c) da representação do ofendido (pressupõe ação penal pública condicionada);
d) da requisição do Ministro da Justiça.
2.3. NOTÍCIA CRIMINIS DE COGNIÇÃO COERCITIVA
 Ocorre quando o ato de cognição se dá por meio de um ato de coerção, de força, qual seja é a prisão em flagrante.
 Quando a notícia criminis ocorre por cognição coercitiva, o IP é instaurado por meio de auto de prisão em flagrante.
3. CLASSIFICAÇÃO DA DELATIO CRIMINIS
 Delatio criminis são comunicações oriundas de um particular. 
 A delatio criminis só abrange a notícia criminis que um particular comunica, aqui não entra agente público (promotor, juiz, ministro da justiça).
 O particular tem duas formas de comunicar um fato ao delegado: 
a) Delatio Criminis Simples: é uma simples comunicação, pode qualquer do povo fazer uma simples comunicação para que o delegado de ofício, mediante portaria, instaure o IP. 
A delatio simples equivale a notícia simples direta, espontânea, imediata, inqualificada.
b) Delatio Criminis Postulatória: é quando há provocação do particular postulando que se instaure o IP, ocorre por meio do requerimento e da representação do ofendido.
4. INSTAURAÇÃO DE IP POR NOTÍCIA CRIMINIS APÓCRIFA, INQUALIFICADA OU ANÔNIMA
 A notícia criminis anônima ou apócrifa não autoriza, por si só, a instauração formal de IP, mas apenas a realização de averiguações preliminares para se apurar a verossimilhança da comunicação. Em caso positivo, então será instaurado formalmente IP.
DATA 27/07/2017
AULA 03
INQUÉRITO POLICIAL: DESENVOLVIMENTO
DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS DO IP – arts. 6º, 7º e 13-A e B
 Art. 6º, I: o delegado deve dirigir-se ao local para promover preservação do estado de conservação das pessoas e coisas até a chegada dos peritos.
	Exceção que a lei permite que se altere a conservação das pessoas e coisas antes da chegada dos peritos é quando se tratar de acidente de trânsito com vítima, nesse caso o delegado pode autorizar a remoção de pessoas e veículos, descrevendo no boletim de ocorrência onde estava a pessoa e o veículo antes de serem removidos (Lei n. 5970/73, art. 1º).
 Art. 6º, II: após os peritos liberarem a cena do crime, o delegado determina a apreensão de objetos que interessam à investigação.
	Estes objetos ficaram apreendidos na delegacia de polícia. Quando o IP relatado for encaminhado ao juízo, os objetos apreendidos o acompanharão.
 Art. 6º, III: o delegado pode colher todas as provas que possam interessar a investigação
Trata-se do poder geral de polícia.
O poder geral de polícia, estabelecido no inciso III, do art. 6º, do CPP, permite ao delegado realizar diligências além daquelas especificadas em lei, desde que observados os limites estabelecidos na CF.
Portanto, tem-se que o rol trazido pelo art. 6º é exemplificativo, pois com base no poder geral de polícia, o delegado pode realizar diligências não especificadas em lei, desde que respeitados os limites constitucionais (ex.: inquirir testemunhas para serem ouvidas, que é uma manifestação diária do exercício do poder geral de polícia, pois esta diligência não está prevista no art. 6º).
 Art. 6º, IV: permite ao delegado inquirir e ouvir o ofendido, sempre que possível, por meio de declarações e não de depoimento.
 Art. 6º, V: permite ao delegado ouvir o indiciado, com isso discute-se se há ou não interrogatório no IP, pois o inciso fala de “ouvir” e não de interrogar.
	Qual a natureza jurídica desse ato? Há autores que digam que trata-se de uma oitiva e não interrogatório.
	Mas isso não é verdade! Isso não é uma mera oitiva, é um interrogatório, segundo o art. 304, caput, do CPP, onde o preso é interrogado no auto de prisão em flagrante, então o indiciado solto também é interrogado.
	O indiciado vai ser interrogado, observando no que for aplicável, os arts. 185 a 196, que disciplina o interrogatório judicial. 
E o que não é aplicável? O que não é aplicável é a obrigatoriedade de defesa técnica, pois no IP a presença de defensor é facultativa (art. 185, caput, CPP). Também não se aplica a obrigatoriedade da entrevista prévia e reservada entre defensor e investigado (art. 185, §5º, CPP).
Fora as partes que não se aplicam ao IP, a estrutura do interrogatório é a mesma, a de qualificação, de silêncio e de mérito.
Há uma formalidade exigida no interrogatório policial que não é exigida em interrogatório judicial, qual seja: consignar no final do termo de interrogatório deve constar duas testemunhas de leitura do termo para o indiciado, não se exige que as testemunhas tenham presenciado o interrogatório, basta que presenciem a leitura do interrogatório para o investigado, isso é para o indiciado não dizer que houve mudança no que ele disse, que assinou sem ler.
Essas duas testemunhas são um exemplo das chamadas testemunhas fedatárias (porque dão fé ao ato que presenciam) ou instrumentárias.
Testemunhas instrumentárias ou fedatárias são aquelas que não presenciaram a infração penal, mas a realização de um ato procedimental ou processual (são por isso instrumentos de validade do ato presenciado).
 Art. 6º, VI: o delegado pode e deve proceder o reconhecimento de pessoas ou de coisas (arts. 226 a 228, CPP) e acareações (arts. 229 e 230, CPP).
 Art. 6º, VII: o delegado pode determinar, se for o caso, quaisquer outras perícias e obrigatoriamente o exame de corpo de delito.
	Quanto às outras perícias é só se for o caso. Se for perícia consistente em exame de corpo de delito, é de determinação obrigatória (art. 158 e 184, do CPP).
	A perícia que o delegado não pode determinar por decisão própria, nem se for necessário e fundamental, é o exame médico legal para a apuração de doença mental ou de insanidade mental, pois essa perícia cabe ao juiz determinar,dentro de um incidente de insanidade mental.
	Ao delegado cabe apenas representar ao juiz para que o juiz instaure o incidente de insanidade mental, caso o delegado apure indícios de doença ou insanidade mental.
 Art. 6º, VIII: o delegado pode e deve ordenar a identificação do indiciado, civil ou criminalmente. 
	Aqui existem duas diligências, ordenar a identificação do indiciado e juntar aos autos a folha de antecedentes criminais dele.
	A identificação pode ser feita de duas formas: civil ou criminal. 
A forma civil é a preferência, segundo art. 5º, LVIII, da CF, quem possui identificação civil não será submetido à identificação criminal, salvo quando a lei determinar. 
A identificação civil é a feita pela apresentação de documento de identidade (lei n. 12037/09, art. 2º).
A identificação criminal é aquela feita por meio de impressões digitais (processo datiloscópico) e fotografia (lei n. 12037/09, art. 5º).
	A identificação criminal vai caber quando o investigado não tem documento de identidade. 
Mas há exceções, onde mesmo apresentando documento de identidade, o investigado será identificado criminalmente, estas exceções estão no art. 3º, da lei n. 12037/09.
 Art. 6º, IX: o delegado deve procedes a averiguação da vida pregressa do ivestigado.
	O delegado vai averiguar os dados pessoais da vida do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, antes e após a prática do crime.
 Art. 6º, X: o delegado deve colher informações sobre a existência de filhos do indiciado, a idade de cada um deles, se eles apresentam alguma deficiência e nome de eventual responsável por esses filhos.
	Esse inciso foi criado pelo Estatuto da Primeira Infância e a função dessas informações é subsidiar o juiz quanto ao cabimento de substituição da prisão preventiva por prisão domiciliar.
 Art. 7º: é a possibilidade de ser realizada a reprodução simulada do fato. 
O delegado pode sempre ordenar que se realize a reprodução simulada do fato investigado, vulgarmente chamada de reconstituição do fato, desde que ela não contrarie dois aspectos: moralidade (ex.: de estupro) e ordem pública (ex.: risco de linchamento do investigado).
 Art. 13-A: permite o delegado e o MP requisitar, independentemente de ordem judicial, informações cadastrais de vítima ou de suspeitos em alguns crimes.
	Este artigo foi introduzido pela lei 13344/16, que combate o tráfico de pessoas e acrescentou duas diligências.
	Este artigo fala a respeito dos crimes dos arts. 148 (seqüestro ou cárcere privado), 149 (redução a condição análoga de escravo), 149-A (tráfico de pessoas), 158 (extorsão – seqüestro relâmpago), 159 (extorsão mediante seqüestro), todos do CP, e art. 239, ECA (promover o envio de criança e do adolescente para fora do país).
	Se o delegado foi investigar um desses crimes ele pode requisitar diretamente a qualquer órgão público ou empresa privada, independente de ordem judicial, de dados e informações cadastrais (qualificação, endereço, telefone) de vítima ou de suspeitos de estarem envolvidas nesses crimes.
	Essa requisição deve ser atendida em até 24 horas (art. 13-A, §ú, CPP).
 Art. 13-B: permite o rastreamento ou localização de sinal de celular, essa medida não permite acesso ao conteúdo da comunicação, só vai acessar os dados que permitam rastrear o sinal de celular para a localização de vítimas ou de suspeitos que estejam envolvidos com o tráfico de pessoas.
	O delegado vai representar ou o MP vai requerer ao juiz para autorizar esse rastreamento do sinal do celular de vítima ou suspeito. 
Então, a priori, depende de uma autorização judicial. 
Mas se o juiz não proferir autorização em 12h, haverá uma autorização tácita, ou seja, o delegado pode dispensar a autorização do juiz e representar diretamente para a empresa de telefonia para disponibilizar a localização imediatamente (art. 13-B, §4º).
	Essas informações serão prestadas por até 30 dias, a empresa de telefonia está obrigada a fornecer essas informações por até 30 dias. É admitida uma renovação por mais 30 dias, tudo isso sem autorização judicial (art. 13-B, §2º, II).
	Para período superior de 30 dias, prorrogado por mais 30 dias, é necessário ordem judicial expressa (art. 13-B, §2º, III).
 Se for tráfico de pessoas, o delegado tem 72h no máximo para instaurar o IP a partir do registro do boletim de ocorrência (art. 13-B, §3º).
DATA 03/08/2017
AULAS 04 e 05	
INQUÉRITO POLICIAL: CONCLUSÃO E ENCERRAMENTO
1. PRAZOS PARA A CONCLUSÃO DO IP
 Regra geral (art. 10, caput, CPP): dez e meia
a) investigado preso: 10 dias (improrrogável, mas há exceções);
b) investigado solto: 30 dias (prorrogável – art. 10, §3º).
 Exceções do prazo da regra geral:
a) crime de competência da justiça comum federal: prazo para o encerramento do IP com investigado preso é de 15 dias, admitindo uma só prorrogação por um só período (art. 66, da lei 5010/66).
b) crimes de tráfico de drogas: investigado preso - 30 dias; investigado solto – 90 dias. O juiz pode duplicar qualquer um desses prazos, ou seja, admitir uma só prorrogação por igual período a requerimento da autoridade policial.
c) crimes contra a economia popular: o prazo é de 10 dias, para investigado preso ou solto. É a única lei que vai igualar o prazo do investigado preso e solto.
2. ENCERRAMENTO DO IP – art. 10, §1º, CPP
 O delegado formalmente encerra o IP com a elaboração do relatório das investigações, o chamado relatório final.
 Nesse relatório é um ato de conclusão do IP, onde serão enunciadas as diligências empreendidas com a conclusão se houve crime ou não.
 Realiza-se o relatório, coloca nos autos e encaminha ao juiz competente o IP.
 Quando chega ao juiz ele vai analisar a natureza da ação penal. 
	Se for ação penal privada, o juiz manda os autos permanecerem em juízo, em cartório aguardando a iniciativa do titular do direito de queixa.
	Se for ação penal pública, o juiz abre vista ao MP, que vai decidir se oferece denúncia, requer novas diligências imprescindíveis para o oferecimento da denúncia ou requer o arquivamento por falta de base para oferecer denúncia.
 Se o juiz discordar do requerimento de arquivamento, aí ele aplica o mecanismo devolutivo do IP, previsto no art. 28, do CPP, o juiz encaminha a apreciação do caso ao PGJ.
	O PGJ quando recebe os autos de IP que o juiz encaminhou pode tomar 03 atitudes: 
a) pode ele mesmo oferecer denúncia; 
b) pode designar que outro membro ofereça denúncia em seu lugar, esse outro membro age como “longa manus” do PGJ.
c) se o PGJ concordar com o requerimento de arquivamento realizado pelo promotor, o PGJ vai insistir no arquivamento do IP que já foi requerido e essa “insistência” do PGJ obriga o juiz a arquivar o IP.
3. TEORIA DO ARQUIVAMENTO DO IP
	3.1. EFEITOS DA DECISÃO DO ARQUIVAMENTO DO IP
 Em regra, só gera coisa julgada formal, pois a decisão que arquiva o IP não resolve o mérito.
 A coisa julgada formal não vai gerar imutabilidade, ela vai gerar uma estabilidade da decisão, que pode ser alterada com o surgimento de fato novo.
 A coisa julgada formal é uma estabilidade da decisão, que permanece estável enquanto não tiver modificação da base fática, é uma decisão rebus sic standibus. 
 A coisa julgada formal é o atributo da estabilidade da decisão, que permanece inalterada enquanto se mantiver a mesma base fática.
 O arquivamento é reversível, pode ser ajuizada ação penal por um fato que já teve IP arquivado, desde que surja prova nova que traga a base que faltava para o oferecimento da ação e que não haja extinção da punibilidade.
 Súmula 524, STF: arquivado o IP não pode haver ação penal sem prova nova. Isso porque sem prova nova permanece estável a decisão, ou seja, com prova nova pode haver ação penal, pois muda a base fática.
 Há 02 exceções em que o STF entende que a decisão de arquivamento vai gerar coisa julgada formal e também material quando for fundamentado por:
a) atipicidade da conduta
b) extinção da punibilidade
 O perigo é o arquivamento fundado por excludente de ilicitude, em que divergemo STF e o STJ.
	STF entende que não gera coisa julgada formal e material, somente gera coisa julgada formal.
	STJ entende que gera coisa julgada formal e material.
4. RECORRABILIDADE DA DECISÃO DE ARQUIVAMENTO
 Em regra, a decisão de arquivamento do IP é irrecorrível, porque pressupõe que o MP requereu e o juiz concordou, não tem que ficar inconformado, a não ser a vítima, mas a ação não pertence à vítima.
 Poderia a vítima, inconformada com o arquivamento do IP, propor ação penal privada subsidiária da pública?
	Não pode. Porque a ação penal privada subsidiária da pública só existe se houver inércia do MP, nesse caso, não houve inércia, o MP não ficou inerte, ele requereu o arquivamento.
	Prevalece no STF que não cabe ação penal privada subsidiária em caso de arquivamento do IP, isso porque o MP requereu o arquivamento e, portanto, ele agiu, não se podendo cogitar de inércia (que é o pressuposto da possibilidade da ação penal privada subsidiária da pública – art. 29, CPP).
 Exceção: crimes contra a economia popular, nesse caso, a lei prevê o cabimento de Recurso de Ofício contra a decisão que arquiva o IP, que não tecnicamente não é um recurso, mas sim trata-se do reexame necessário ou duplo grau obrigatório – vai para o TJ.
5. MODALIDADES DO ARQUIVAMENTO DO IP
	5.1. ARQUIVAMENTO FICTO OU JURÍDICO
 Quando houver mais de um investigado ou mais de um fato e o arquivamento for para todos.
 Aqui, o arquivamento que se dá somente no mundo jurídico, pois fisicamente os autos de IP são juntados na ação penal logo após a denúncia.
 O arquivamento ficto pode ser dividido em dois: objetivo ou subjetivo
a) objetivo: arquivamento quanto a um fato (ex.: arquivo fato 01 e oferece denúncia do fato 02).
b) subjetivo: arquivamento quanto um investigado (ex.: arquiva o IP referente ao investigado A e oferece denúncia quanto ao sujeito B).
 Esse arquivamento é permitido, pois o MP requer expressamente o arquivamento quanto aquele investigado ou fato.
	5.2. ARQUIVAMENTO TÁCITO OU IMPLÍCITO
 Ocorre quando mais de um investigado no IP e o MP não oferece denúncia quanto a um dos investigados e nem requer o arquivamento, do mesmo modo o juiz recebe a denúncia e não percebe que está faltando um dos investigados.
 Essa dupla omissão do MP e do juiz gera o arquivamento tácito ou implícito.
 Não é admitido no Brasil, segundo prevalece nas doutrinas e jurisprudência. 
 O efeito prático disso é que o MP, a qualquer momento, quando perceber sua omissão e oferecer denúncia ou arquivar em relação ao investigado que passou batido.
 Prevalece na doutrina e na jurisprudência que não cabe arquivamento tácito ou implícito, porque o requerimento de arquivamento deve ser expressamente motivado pelo MP, notadamente porque o arquivamento representa uma exceção ao princípio da obrigatoriedade da propositura da ação penal pública, assim, partindo da premissa de que não houve arquivamento algum, bastaria o MP oferecer denúncia quando constata a omissão havida quanto ao investigado esquecido.
	5.3. ARQUIVAMENTO PROVISÓRIO
 O STF criou essa possibilidade analisando um caso de lesão corporal leve (ação penal pública condicionada) no JECrim.
 A denominação “provisório” decorre do fato de que tal arquivamento pode ser revertido com mera manifestação de vontade do ofendido de prosseguir o processo, seria provisório porque o desarquivamento independe de prova nova.
	Ex.: O delegado lavrou o TC e encaminhou ao juízo. O juiz marcou a audiência preliminar para tentar a composição civil ou transação penal, quando o oficial foi intimar a vítima constatou que ela tinha mudado de endereço sem comunicar ao juízo, demonstrando o seu interesse. A audiência ficou frustrada pelo não comparecimento da vítima que não foi intimada em virtude de seu desinteresse. Então, como a ação depende de representação, o juiz manda arquivar provisoriamente, até que a vítima compareça e requeira o prosseguimento ou até que se alcance a decadência.
	5.4. ARQUIVAMENTO INDIRETO
 É uma criação do STF. Aqui, a discussão é sobre competência e não sobre arquivamento, o arquivamento aqui foi a solução dada para o impasse.
 O MP requer a remessa do IP ao juízo competente. O juiz discorda do MP e entende que ele é competente. Para resolver esse impasse, o juiz aplicar o art. 28, do CPP, por analogia e manda o IP para o PGJ.
	O PGJ pode oferecer a denúncia, manda que outro faça em seu nome “longa manus” ou insistir na incompetência, e o juiz terá que aceitar.

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