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Leonardo David – 1º Semestre – T1AA – 2017.1 MACROECONOMIA Primeiramente, é importante salientar que as microeconomias formam as macroeconomias. Existem três tipos de políticas macroeconômicas: fiscal, monetária e cambial, na qual as duas primeiras são políticas internas e a última é uma política externa e, por isso, mais complexa. Vale dizer, também, que as políticas monetária e cambial competem ao Banco Central realizá-la, enquanto a fiscal cabe ao Estado. POLÍTICA FISCAL É a gestão estratégica das receitas e despesas do governo. As receitas e despesas caracterizam o resultado fiscal, público e orçamentário do Estado. Vale ressaltar que há inúmeras políticas fiscais funcionando em um Estado Federalista, como o Brasil. Entretanto, dentre elas, a mais abrangente é a do Governo Federal, na qual é responsável por 70% do país. Na política fiscal há um jogo político forte, o qual é corrompida, muitas vezes, pela corrupção, diferente das outras duas políticas macroeconômicas que são feitas pela Banco Central. Nesse contexto, não há um “R-D” no Brasil, mas é possível chegar lá com a soma de tudo (setor público consolidado), exceto com o setor bancário. Processo orçamentário no Brasil Não se pode gastar ou arrecadar mais do que o previsto em lei. O Poder Executivo, em escala municipal, estadual e federal, elabora a proposta orçamentária e encaminha ao Legislativo. Este, por sua vez, discute, altera e aprova a proposta, devolvendo ao Executivo o orçamento, o qual sanciona a lei e a cumpre. Após passado o ano, o Legislativo avalia se o Executivo cumpriu aquilo que estava previsto. Leonardo David – 1º Semestre – T1AA – 2017.1 O que são pedaladas fiscais? Pedaladas fiscais é, basicamente, usar o dinheiro dos bancos públicos para pagar contas do Governo, para que este não infrinja a lei de não ter déficit público. Leis fundamentais para entender a política fiscal no Brasil Lei 4320/64: criou normas para a elaboração e execução do orçamento público no Brasil. FHC criou nova lei 101/00: lei de responsabilidade fiscal – quebrou Dilma. Com essa lei, alterou alguns artigos da lei 4320/64 e criou regras para o controle do déficit e controle da dívida pública. Peças orçamentárias no Brasil Há três orçamentos no Brasil, de acordo com a Constituição. - PPA (Plano Pluri Anual): vale por quatro anos; plano estratégico de investimentos (obras) para os próximos quatro anos. O PPA antigo é valido até o primeiro ano de mandato do próximo governo, até aprovar o seu próprio PPA que valerá para os seus próximos três anos + um ano do próximo mandato. - LDO (Lei das Diretrizes Orçamentárias): “filha da PPA”. Vale por um ano, ou seja, todo ano tem que ser aprovada. Dá diretrizes (regras) para a elaboração do orçamento, apesar de ser tratada como orçamento. - LOA (Lei Orçamentária Anual): consiste no orçamento de verdade, o “R-D”. Essa lei é subordinada à LDO e PPA. É a previsão da receita e autorização do que vai gastar. Não significa que vai gastar tudo do orçamento, mas só poderá ser gasto o que está na lei. Classificação das receitas e das despesas As receitas podem ser: correntes e de capital Leonardo David – 1º Semestre – T1AA – 2017.1 - Receitas correntes: tributos, impostos, taxas e contribuições são as principais fontes de receita corrente. Além disso, há as receitas das empresas estatais e os juros recebidos. - Receitas de capital: receitas de operações de crédito (dívida pública); pegar dinheiro emprestado. É a principal fonte de capital; amortizações recebidas. As despesas podem ser: correntes e de capital - Despesas correntes: mantém a máquina pública funcionando. Ex: salários de funcionários públicos, aposentadorias e pensões do INSS, juros da dívida pública, etc. - Despesas de capital: investimentos públicos; ampliar a máquina pública. Ex: obras, como escolas, hospitais, etc. (A obra é gasto de capital, a contratação de médicos é gasto corrente); amortização da dívida pública. Tipos de dívida pública A dívida pública pode ser: mobiliária e contratual. A dívida mobiliária é a que se move, pois são feitas com base em títulos públicos. Estes, por sua vez, são papéis do governo federal e de raros governos estaduais e municipais, no qual, quem os compram, está emprestando dinheiro ao governo, de olho nos juros para se beneficiar. A dívida contratual é toda dívida que não é formada a base de títulos. Ex: prefeito assina contrato de empréstimos com os bancos: dívida bancária; dívida com prestadores de serviço em geral. Dívida Federal em função do emitente: STN (Secretária do Tesouro Nacional) e BC (Banco Central). - Dívida do Tesouro: o Tesouro Nacional se endivida para financiar o déficit federal, portanto, é ligada a gestão da política fiscal. Isso nunca é feito pelo Banco Central. Leonardo David – 1º Semestre – T1AA – 2017.1 - Dívida do Banco Central: ligada a política monetária. Controle de moeda: retira a liquidez para controlar o volume de moeda, a fim de não deixá- la perder valor. Isso é feito através de vendas de papéis do BC, que são vendidos aos bancos para diminuir a sua liquidez. Dessa forma, o BC nunca financia o déficit fiscal. *Tesouro direto: pessoa física empresta ao governo, comprando títulos diretamente, sem passar pelos bancos, garantindo uma maior rentabilidade. Dívida em função da origem do credor A dívida pode ser: interna e externa. - Dívida interna: toda dívida que os governos devem a credores domiciliados internamente no país. Ex: prefeito pega dinheiro emprestado no banco com CNPJ no Brasil. (Dívida apenas dos governos). - Dívida externa: dívida que o país deve a credores domiciliados externamente. A dívida privada também é dívida externa, portanto há dívida externa pública e privada, tendo a última uma maior expressão (o Governo Federal não apresenta uma significativa dívida externa). Déficit x Dívida pública O déficit e o superávit são as diferenças entre os gastos e a receita do governo em um determinado período. Dessa forma, são considerados variáveis de fluxo, visto que este valor se altera constantemente com o tempo. Por exemplo: o saldo do governo altera o tempo todo, pois entra e sai dinheiro constantemente. A dívida pública é o montante dos débitos contraídos pelo setor público, considerada, portanto, variável de estoque, na medida em que se movimenta lentamente ao longo do tempo. Por exemplo: a dívida pública é paga, em parcelas, apenas uma vez por mês. Tipos ou impactos da política fiscal A política fiscal pode ser: expansionista ou contracionista. Leonardo David – 1º Semestre – T1AA – 2017.1 - Expansionista: reduz a receita e/ou aumenta a despesa. Com isso, a tendência é que o governo entre em déficit. Contudo, não quer dizer que vai ficar em déficit necessariamente, mas caso esteja em superávit, ele irá diminuir e, em caso de déficit, este irá aumentar. O primeiro impacto com essa política é a tendência que o consumo suba, pois o governo gastando mais, quer dizer que a sociedade está em superávit. Dessa forma, o PIB aumenta, o emprego aumenta, entretanto há um provável aparecimento da inflação de demanda. E, além disso, a tendência é que a taxa de juros suba, pois o governo estará pegando muito dinheiro dos bancos para tapar o déficit e a sociedade estará buscando também o crédito bancário para continuar consumindo. Dessa forma, há uma intensa pressão por crédito por parte do governo e sociedade, o que implica em um aumento da taxa de juros por parte dos bancos. Vale salientar que quem define a taxa de juros é a políticamonetária, entretanto a política fiscal influência na taxa. Assim, a política fiscal expansionista visa resolver, primeiramente, o desemprego, caracterizando-se pela política tradicional de expansão de demanda. - Contracionista: aumenta a arrecadação de impostos e/ou reduz os gastos. Com isso, a tendência é que o governo entre em superávit. Contudo, não quer dizer que vai entrar em superávit, mas caso esteja, este irá aumentar e, caso esteja em déficit, este irá diminuir. O primeiro impacto dessa política é a redução do consumo, pois o governo em superávit quer dizer que a sociedade estará em déficit. Dessa forma, o PIB diminui, o desemprego aumenta, não há risco de inflação de demanda, a taxa de juros tende a cair, pois não terá pressão por crédito, visto que o governo tenderá ao superávit, portando buscando menos dinheiro nos bancos. Além disso, como é um momento pessimista, a sociedade também reduz os empréstimos bancários. Relação dívida PIB = dívida interna + dívida externa pública/ PIB Leonardo David – 1º Semestre – T1AA – 2017.1 Quanto mais alto o indicador = dívida do governo crescendo com relação à economia do país. Para resolver é necessário anos de política fiscal contracionista. O Consenso de Washington obrigou os países a fazerem isso na década perdida. Ou seja, a política contracionista combate o excesso de dívida do governo. *A diferença entre o neoliberalismo e os antigos liberais é que os neoliberais dizem que é necessário um governo superavitário, diferente dos liberais antigos que dizem que o governo deve ficar em equilíbrio. Doutrinas para tributação: neutralidade e equidade. Neutralidade: tributo ideal é aquele que seja mais neutro possível, ou seja, não distorce os preços dos bens e serviços e a distribuição de renda da sociedade. Para não distorcer os preços, basta o tributo não ser indireto. Tabela de neutralidade: Extrato s da sociedade Renda % tributos Tributo s pagos Renda dos tributos pagos MÉDIA 10.000 20% 2.000 8.000 ALTA 50.000 20% 10.000 40.000 Equidade: o tributo deve distorcer para fazer justiça através dos tributos. Para isso, utiliza-se de dois critérios: capacidade de pagamento, onde cobra-se mais tributos dos ricos, gastando mais com os pobres; benefício, onde quem usa mais, paga mais. Tabela de equidade segundo critério de capacidade de pagamento: Extrato s da sociedade Renda % tributos Tributo s pagos Renda dos tributos pagos MÉDIA 10.000 20% 2.000 8.000 ALTA 50.000 30% 15.000 35.000 Leonardo David – 1º Semestre – T1AA – 2017.1 Tabela de equidade segundo critério de benefício: Extrato s da sociedade Renda % tributos Tributo s pagos Renda dos tributos pagos MÉDIA 10.000 40% 4.000 6.000 ALTA 50.000 30% 15.000 35.000 *Não se pode acreditar na equidade e neutralidade ao mesmo tempo. Tipos de carga tributária Há três tipos de cargas tributárias: neutra, progressiva e regressiva. A carga tributária neutra diz respeito à um gráfico em linha reta horizontal e constante, no qual simboliza a mesma quantidade de tributos sendo pago, independente da classe social; a carga tributária progressiva, vista no Welfare State, com predominância de tributos diretos, consiste na maior arrecadação de tributos de acordo com a classe social dos indivíduos. Ou seja, quanto mais rico for o sujeito, mais tributos ele irá pagar, a fim de manter um bem estar social para toda a população. Por fim, a carga tributária regressiva diz respeito à cobrança de tributos para aqueles que mais usam os artifícios estatais que, neste caso, é a população de menor renda. Dessa forma, quanto mais alta for a classe social do indivíduo, menos tributos ele irá pagar, visto que os ricos usam mais os meios privados do que estatais. Esse tipo de carga tributária é presente em toda a América Latina, mas principalmente no Brasil, no qual tem predominância de tributação indireta. *70% da arrecadação dos tributos brasileiros são de tributos indiretos: ICMS (indireto estadual) e IPI (indireto federal) são dois dos três tributos que arrecadam mais receita, totalizando em mais ou menos 70% da receita tributária do país. Brasil é assim, pois historicamente sempre foi mais fácil arrecadar indiretamente, visto que era muito difícil bater na porta dos ricos para cobrar tributos. Ou seja, cobrando tributos indiretos, não tinha que ficar cobrando diretamente, visto que ao consumir, já está pagando. Embora hoje o sistema fiscal seja muito mais forte e com capacidade de arrecadar diretamente dos ricos, os tributos indiretos continuam predominando no país. Leonardo David – 1º Semestre – T1AA – 2017.1 Curva de Lafer A curva de Lafer representada por um aclive e, passando por certo ponto, um declive, diz respeito à existência de uma carga tributária que produz uma arrecadação máxima. Ou seja, a partir desta carga tributária, incremento de tributos será ineficiente, pois a sociedade reagirá negativamente e o governo arrecadará menos. Essa reação negativa se dá por duas vias: a via legal e a ilegal. A via legal pode ser pela mudança de país ou pela redução do ânimo de trabalho. Já a ilegal é pela sonegação de impostos. *A curva de Lafer carrega uma perspectiva liberal, no qual diz que a arrecadação de muitos tributos ferirá a economia. Reagar reduziu a tributação para aumentar a receita em seu governo. Efeito Oliveira-Tanzi: representa um impacto no resultado fiscal do governo. Dentro desse efeito, há dois efeitos: pelo lado da receita e pelo lado da despesa. Pelo lado de receita: perda de arrecadação tributária por parte do governo, devido ao impacto de uma elevada inflação associada à defasagem do tempo entre a ocorrência do fato gerador do tributo e o seu efetivo recolhimento pelo contribuinte. *Fato gerador: situação definida em lei, que quando ocorre gera um tributo a pagar. *Quando ocorreu no Brasil, o governo brasileiro criou o indexador de tributos, o que o excesso causou a inflação inercial. Exemplificação: Itens 01 de Abril 10 de Maio Impostos em $ R$100,00 R$200,00 BTN (indexador)/imposto 1 BTN = R$10,00 1 BTN = R$20,00 Leonardo David – 1º Semestre – T1AA – 2017.1 transformado para BTN Ou seja, em 01 de Abril, o indivíduo devia 10 BTN’s que era igual ao valor de 100 reais, entretanto, em 10 de Maio, com o aumento do preço do BTN, passou a dever 200 reais com os mesmos 10 BTN’s. E, assim, o governo corrigiu a tributação segundo a inflação com a indexação de tributos. Pelo lado da despesa: ganho financeiro do governo quando ele atrasa pagamentos de maneira proposital, em um ambiente de elevada inflação, mas ao fazer tais pagamentos, o governo não os corrige. Formas de mensuração do resultado fiscal: três critérios para ajustar o superávit, déficit e equilíbrio. R-D = Resultado Nominal: sem qualquer correção, apenas o mero cálculo. Se a inflação for muito alta, esse cálculo de nada serve, pois há o apodrecimento da moeda. FMI cria o Resultado Operacional: é o Nominal descontado a inflação. Resultado Primário = Resultado Operacional – juros da dívida pública paga. Juros Nominais: pegar o valor que o governo pagou de juros e somar com a inflação do período. Ou seja, sair de RN direto para RP. POLÍTICA MONETÁRIA A política monetária se caracteriza pela gestão estratégica de volume de moeda (liquidez) que circula no mercado financeiro, feita pelo Banco Central. *Gestão da liquidez é a moeda física e escritural (presente nos computadores dos bancos). De uma maneira geral, quando aumentaa liquidez, a taxa de juros tende a cair, com o provável advento da inflação de demanda e quando diminui a liquidez, a taxa de juros tende a subir, desaparecendo a inflação de demanda. Para explicar melhor isso, é preciso falar da política monetária expansionista e Leonardo David – 1º Semestre – T1AA – 2017.1 a política monetária contracionista. Vale lembrar que o primeiro impacto dessas políticas é diretamente nos bancos. Política monetária expansionista Com esta política, o Banco Central visa o aumento da liquidez. E o que isso implica? Bom, isso acarreta, logo de início, o decréscimo da taxa de juros, o que acarreta em um aumento do consumo das famílias – este se dá de maneira célere, no qual o consumo a crédito é estimulado, pois os juros estão baixos, bem como o consumo a vista também é estimulado, pois o dinheiro bancarizado não está rendendo de forma significativa – e também a tendência de que o investimento privado suba – porém este irá reagir de forma lenta, não crescendo na mesma celeridade que o consumo. É importante salientar que não é 100% certo que o investimento privado suba, pois como já dizia Keynes, há a armadilha de liquidez. Entretanto, em condições normais, a tendência é de que o investimento privado suba em caso de política monetária expansionista. Dito isto, o PIB também tende a subir, o que acarreta em um nível de emprego crescente, gerando, portanto a inflação de demanda. Dessa forma, o principal inimigo dessa política é o desemprego. *Na política fiscal, a taxa de juros é o resultado do processo, ou seja, a taxa de juros cresce por pressão de créditos, já na política monetária ela é o início do processo, é a causa. Política monetária contracionista Esta política é exatamente o oposto da anterior, onde o objetivo é secar a liquidez, a fim de combater o principal inimigo que é a inflação de demanda. Com esta política, a taxa de juros sobe, o que acarreta num decréscimo do consumo, juntamente com a tendência do investimento privado ao declive (novamente, apenas tendência, pois, nesse caso, pode haver uma espécie de armadilha da liquidez ao contrário, assim como ocorreu no primeiro governo Lula, onde as taxas de juros estavam altíssimas, mas o investimento continuava alto). Nesse cenário, o PIB tende a cair, aumentando a taxa de desemprego. Leonardo David – 1º Semestre – T1AA – 2017.1 Há quatros ferramentas para a gestão de liquidez: - Gestão da taxa básica de juros - Open-market - Taxa de redesconto - Depósitos compulsórios Gestão da taxa básica de juros A taxa básica de juros é a taxa que o governo paga para aqueles que emprestam dinheiro ao governo. Vale lembrar que em qualquer país do mundo, o governo é a maior economia, é o grande jogador. Ou seja, se o governo der calote, a economia desanda. Dessa forma, a principal referência econômica é essa taxa de juros básica, a qual, no Brasil, chama-se “Taxa de SELIC”, sendo a principal taxa do sistema bancário brasileiro. Em 1999, o Brasil adotou o regime de meta de inflação, ou seja, alguém que tem poder determina para outro que não tem, uma obrigação a cumprir e esse alguém irá fazer de tudo para cumprir. Quem tem poder no Brasil é o Conselho Monetário Nacional (mais alto que o BC). Este conselho é constituído pelo Ministro da Fazenda, Ministro do Planejamento e o Presidente do Banco Central. Esse conselho determina para o Banco Central a meta de inflação e o Banco Central irá fazer de tudo para cumprir. Vale lembrar que um Banco Central independente – o que não é o caso do Brasil – é muito mais fácil de cumprir. Para realizar isso, há um órgão dentro do BC chamado COPOM (nos EUA é o FOMC que é constituído pelo FED + representantes da sociedade, trabalhando com metas de inflação e a de geração de empregos). Quem vota e fala no COPOM é o presidente do BC e os diretores, ou seja, somente BC. Eles trabalham somente com metas de inflação. Na reunião da COPOM definem a SELIC nos próximos quarenta e cinco dias. Vale lembrar que a SELIC não interfere na rentabilidade das operações pré-fixadas, mas Leonardo David – 1º Semestre – T1AA – 2017.1 interferem muito nas pós-fixadas. Ex: 2% ao ano + SELIC (que pode aumentar ou diminuir). Com o aumento da SELIC os bancos se animam e começam a emprestar mais ao governo, acarretando em uma diminuição do dinheiro para a população, o que termina no aumento da taxa de juros, ou seja, aumentar a SELIC é uma política contracionista. Em caso de redução da SELIC ocorre o oposto, caracterizando-se em uma política expansionista. *Os bancos se movem pelo governo, ou seja, ele é a referencia da economia. Dessa forma, temos a política interferindo na economia. Open-market O open-market é o mercado aberto de títulos. Com a liquidez alta, o BC faz leilão de venda de títulos para diminuir a liquidez, vendendo esses títulos aos bancos. Com isso, há uma nova liquidez mais reduzida circulando. Dessa forma, a leilão de papeis se caracteriza por uma política contracionista. *O Tesouro Nacional faz a mesma coisa, mas com a intenção de tapar o déficit. *Resgate de dívida é o BC pagar a dívida. Quando resgata + juros, a liquidez aumenta ainda mais que o início, isso enxergando isoladamente. Sabendo disso, o BC vende mais títulos com o mesmo preço do resgate, fazendo com que a liquidez diminua de novo. Por exemplo: a liquidez está avaliada em 100 mil reais e o BC acha que é uma liquidez alta, o que vai acarretar em uma perda de valor da moeda no mercado. Dessa forma, o BC um título de 20 mil reais para um banco, diminuindo a liquidez para 80 mil reais. Entretanto, quando houver o resgate da dívida, o BC irá pagar ao banco que comprou com juros (vamos supor um juros de 10%), então ele irá devolver 22mil reais, aumentando a liquidez para 102 mil reais. E, então, o BC vende mais títulos no valor de 22 mil reais ou maiores para que a liquidez reduza novamente aonde o BC achar necessário. Leonardo David – 1º Semestre – T1AA – 2017.1 Taxa de redesconto Antes de explicar a taxa de redesconto, é preciso entender que os bancos estão captando e emprestando dinheiro dos clientes a todo o tempo. Nessa linha, quando se paga uma conta, ou saca dinheiro, o dinheiro sai de uma conta e vai pra outra, tendo, portanto, no final do dia, um saldo. Dessa forma, é possível que no final do dia um banco esteja com saldo negativo e outros estejam com saldo positivo. Nesse contexto, há uma coisa chamada Mercado Interbancário, que é um mercado criado entre os próprios bancos, onde o Banco Central não entra, pois não há a presença de governo (dessa forma, os brancos estatais estão atuando como um banco e não como o governo). Diante disso, os bancos com caixa positivo emprestam aos bancos com caixa negativo, no qual esse empréstimo é chamado de “certificado de depósito interbancário”. Vale lembrar que nesses empréstimos há a cobrança de juros, onde esses juros são chamados de “Taxa de CDI”, caracterizada pela segunda principal taxa bancária, atrás apenas da SELIC. Esses empréstimos são de curto prazo e não há uma taxa fixa, ou seja, cada banco determina a sua própria taxa. Entretanto, há situações em que os bancos não emprestam aos outros, apesar dessa “amizade” que há entre eles. Situações em que determinado banco está para quebrar e, arriscar um empréstimo para esse banco, seria arriscar uma grande chance de calote. Essa situação extrema em que algum banco está para quebrar pode ser explicada pelo estado de “descasamento entre ativos e passivos”, que acontece quando os deficitários dão calote nos bancos, caracterizando comoum alto índice de inadimplência e, portanto, não haverá dinheiro para pagar aos superavitários. Quando chega a este estado, os bancos, em um primeiro momento, conseguem empréstimos no mercado interbancário, mas como essa situação começa a se tornar rotineira, os demais bancos começam a achar estranho e, portanto, não emprestam mais. Dessa forma, o banco quebra de vez e a única salvação é recorrer ao Banco Central. Leonardo David – 1º Semestre – T1AA – 2017.1 Se o Banco Central emprestar, resolve momentaneamente o problema do banco deficitário, mas este faz uma dívida com o Banco Central, onde o nome desse empréstimo é “operação de redesconto”, no qual o BC calibra a taxa de redesconto de acordo com a taxa do CDI. Assim, caso o BC coloque a taxa de redesconto muito próxima ao do CDI, ele estará relaxando a política monetária, não criando dificuldade para os bancos. Esse comportamento se caracteriza por uma política monetária expansionista. Entretanto, se o Banco Central emprestar, mas aumentar muito a taxa comparado ao CDI, ele estará criando dificuldade no mercado, fazendo com que os bancos fiquem com medo desta taxa, fazendo com que eles evitem estar no descasamento. Para evitar o descasamento, os bancos passam a emprestar menos, aumentar os juros, selecionar os seus clientes, ou seja, passam a emprestar menos e melhor, reduzindo os créditos. Dessa forma, essa prática se caracteriza por uma política monetária contracionista. *Não é lógico colocar a taxa de redesconto abaixo da CDI, pois o BC quer que os bancos recorram ao mercado interbancário e não a ele. Por outro lado, se o Banco Central não emprestar, acontece o que chamamos de “intervenção do BC no banco deficitário”. Antes de explicar, é importante dizer que é proibido divulgar os bancos que estão no redesconto. Se isso acontecer, todos os clientes tiram o dinheiro desse banco, acarretando em uma quebra de vez. Dessa forma, os únicos que sabem quando um banco está nessa situação são os próprios bancos entre si. Vale lembrar, também, que não são nas primeiras vezes em que um banco entra no redesconto que o BC não irá emprestar, mas quando essa prática se torna constante, aí ocorre a intervenção do Banco Central, onde este radicaliza, não empresa, tornando público a quebra do banco deficitário. Diante disso, no Brasil há duas formas de intervenção: a RAET e a LEJ. A RAET se caracteriza por uma intervenção mais light que a LEJ, onde as ações do banco são proibidas de serem negociadas – ou seja, quem tiver ação nesse banco simplesmente perde -, os diretores do banco e acionistas Leonardo David – 1º Semestre – T1AA – 2017.1 majoritários são afastados e seus bens ficam indisponíveis, não podendo movimentá-los. Além disso, o BC entra no banco com o interventor, entretanto, nesse processo, o banco não fecha as portas para os seus clientes. No caso da LEJ ocorre o mesmo processo que na RAET, mas a grande diferença é que o banco fecha a porta inclusive aos seus clientes, fazendo com que, quem tivesse dinheiro neste banco, perderia de uma hora para outra. Em 1995 três bancos grandes quebraram. O BC, com medo do efeito dominó (medo dos clientes dos outros bancos sacarem seus dinheiros, fazendo com que os outros bancos quebrem), criou o PROER. O PROER é um programa de reestruturação, no qual propõe aos bancos superavitários a compra desses bancos que quebraram, a fim de salvar o dinheiro dos clientes, por meio da efetiva fusão entre esses bancos. Entretanto, houve críticas de que não seria um bom negocio aos bancos superavitários, pois estes não iriam querer arcar com as inadimplências do banco quebrado. Dessa forma, o Banco Central disse que vai administrar os clientes podres, fazendo com que os bancos comprem somente a parte boa dos bancos que quebraram. Assim, o Banco Excel comprou o Econômico, formando o Excel-Econômico, o Unibanco comprou o Nacional, formando o Nacional-Unibanco e o HSBC comprou o Bamerindos, formando o HSBC-Bamerindos. Depois o Banco Central criou o PROES, que foi o sistema público estadual bancário, no qual propôs a privatização dos bancos públicos estaduais. E também os próprios bancos criaram o FGC, que é uma instituição privada, na qual, caso algum banco passe por uma situação de falência, tem a proteção do FGC. Depósitos compulsórios Antes de tudo, é necessário dizer que os depósitos compulsórios não são impostos, apesar de obrigatórios. Dito isto, depósito compulsório é um percentual que varia de 0% a 100%, no qual atinge o valor do passivo do banco, ou seja, o dinheiro que os clientes estão emprestando. Portanto, os bancos têm que depositar esse percentual instituído sobre os depósitos dos clientes no Banco Central. Por exemplo: digamos que o depósito compulsório Leonardo David – 1º Semestre – T1AA – 2017.1 está em 70% e que entrou 100mil reais durante a semana de um banco, dessa forma, na segunda feira, ele é obrigado a depositar no Banco Central 70mil desse dinheiro, disponibilizando apenas 30mil para circular na sociedade. Quanto mais alto o depósito compulsório, menor o volume de crédito disponível, acarretando no aumento de juros. Portanto, o aumento do depósito compulsório se configura em uma política monetária contracionista. Quanto mais baixo o depósito compulsório, maior o volume de crédito disponível, acarretando em uma diminuição de juros. Portanto, a diminuição do depósito compulsório se configura em uma política monetária expansionista. Nesse contexto, por essa lógica, é possível concluir de que o dinheiro irá acabar. Entretanto, o dinheiro não acaba, pois existe um fenômeno chamado “criação endógena de moeda” pelo sistema bancário, explicado pelo multiplicador da política monetária. Nela, existe uma variável que chamam de “oferta monetária” (M1), formada por mais duas variáveis: a PA + d, na qual “PA” é o dinheiro físico da sociedade nas mãos da sociedade e o “d” é o dinheiro bancarizado da sociedade. Outra variável é a Mh (base monetária), que é formada por PA + R, na qual R é o depósito compulsório dos bancos no Banco Central. Dessa forma, a equação fica assim: M1 = (PA/d + 1)/(PA/d + R/d) – Mh, onde a divisão é o multiplicador que faz com que o dinheiro não só não acabe, mas como também aumente. *Quem define a PA e a d é a história da moeda de cada sociedade. Por exemplo, o brasileiro tem PA baixo. POLÍTICA CAMBIAL A política cambial é uma política realizada apenas pelo Banco Central. Se caracteriza como uma gestão estratégica da taxa de câmbio – relação de paridade entre duas moedas. Ou seja, quando a taxa de câmbio aumenta, significa uma desvalorização da moeda. Por exemplo: se o dólar subir, isso quer dizer que o real sofreu uma desvalorização em relação ao dólar. Leonardo David – 1º Semestre – T1AA – 2017.1 Balanço Comercial O balanço comercial diz respeito às importações e exportações realizadas pelos países. Nesse sentido, ao realizar essas atividades, tomando como base a relação econômica entre dois Estados, isso quer dizer que um irá ficar deficitário, enquanto o outro sofrerá um superávit (jogo de soma zero). Com isso, o balanço comercial abre margem para outro tipo de balanço: o balanço de capital. Balanço de Capital Balanço de capital é a entrada e saída de Investimento Estrangeiro Direto (IED’s). O IED gera emprego, pois esse dinheiro é utilizado para a formação de uma empresa ou para a ampliação de uma já existente. Nesse sentido, o balanço de capital se caracteriza pela aplicação no mercado financeiro. Há, dessa forma, a renda fixa (taxa de juros, bangs, títulos) e a renda variável (bolsa de valores,ações). Bom, quando há o balanço comercial, onde são realizadas importações e exportações, o país que ficou deficitário necessita de fazer um empréstimo para tapar esse déficit. Nesse sentido, o balanço de capital é, basicamente, a entrada e saída de empréstimos nos Estados. É importante salientar que nenhum país é obrigado a emprestar para outro. Contudo, a prática da realização de empréstimos significa uma boa atividade na economia, pois além de o credor se beneficiar com o juros, os empréstimos fazem o dinheiro rodar. Por outro lado, o deficitário é obrigado a financiar, sob pena de o país quebrar. Dessa forma, caso os países não emprestem ao país deficitário, este terá que recorrer ao FMI. Balanço de Pagamentos O balanço de pagamentos é o documento oficial, contável, que registra o fluxo de entrada e saída de moedas estrangeira no país, decorrente de operações formais – operação que passa por banco – entre residentes e não Leonardo David – 1º Semestre – T1AA – 2017.1 residentes de um país, no período de um ano, e esse documento é controlado pelo Banco Central. Estrutura do Balanço de Pagamentos O balanço de pagamentos se caracteriza pela soma entre o balanço de transações correntes + o balanço de capital. O balanço de transações correntes, por sua vez, se dá pelo resultado da soma do balanço comercial + balanço de serviços e rendas1 + balanço de transações unilaterais2. Exemplo: Considere um país que tem, no início do ano, um estoque de reservas internacionais igual a 100 bilhões de dólares. Durante o ano, ele teve um superávit comercial de 30 bilhões de dólares. Teve um déficit no balanço de serviços e rendas de 80 bilhões de dólares. Teve um superávit no balanço de transações unilaterais de 10 bilhões de dólares e, por fim, um superávit no balanço de capital de 25 bilhões de dólares. Pede-se o saldo do balanço de transações correntes, o resultado final do balanço de pagamentos e o saldo final do estoque de reservas internacionais.3 Resposta: Balanço de pagamentos = déficit de 15 bilhões de dólares. Saldo final do estoque = 85 bilhões de dólares. Contas: Balanço de pagamentos = balanço de transações correntes + balanço de capital (+25 bilhões). Balanço de transações correntes = balanço comercial (+30 bilhões) + balanço de serviços e rendas (-80 bilhões) + balanço de transações unilaterais (+10 bilhões). 1 Exemplos de serviços e rendas são os fretes, os aluguéis, os serviços empresariais diversos, os salários de funcionários em trânsito, os cartões de crédito (viagens internacionais), os rendimentos de aplicações financeiras, etc. 2 Doações pelo banco 3 Estoque de moedas estrangeiras conversível, ou seja, todos aceitam lá fora, em poder do Banco Central; “colchão de liquidez”, pois dá um alívio ao país, tirando-o da zona de risco. Por exemplo: dólar, euro, libre, yen e ouro. Leonardo David – 1º Semestre – T1AA – 2017.1 Balanço de transações correntes = -40 bilhões de dólares Balanço de capital = +25 bilhões de dólares Balanço de pagamentos = 25 – 40 = 15 bilhões de dólares. Saldo final do estoque = 100 – 15 = 85 bilhões de dólares. Logo, o país teve um déficit no ano, porém, devido ao seu estoque, não quebrou. Dessa forma, é possível concluir que em caso de a reserva estar caindo, o risco aumenta e vice versa. No caso do Brasil, a melhor maneira de trazer dinheiro do mundo ao país é com o aumento da taxa SELIC, ou seja, com uma política monetária contracionista.
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