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CONJUNTURA DA ECONOMIA BRASILEIRA EM 2015: CONTEXTUALIZAÇÃO VIA RESTRIÇÕES INTERNAS E EXTERNAS OBJETIVO: ILUSTRAR CONCEITOS TRABALHADOS EM MACROECONOMIA Patricia Bonini - patriciabonini@gmail.com Disponível em http://www.esag.udesc.br/?id=1356 Roteiro •Preliminares • Restrições externas: (i)Balanço de Pagamentos Brasileiro (i.a) fluxo de bens e serviços – Conta Corrente (i.b) Fluxo de capitais - Conta Financeira (i)=(i)+(ii) Resultado BP •Restrições Internas: (i) Ajuste fiscal (ii) Metas de inflação e aumento de juros (iii) Choques de oferta: seca, crise hidrográfica, etc (iii)Produtividade da Força de Trabalho Preliminares – crescimento entre 2000 e 2008 Crescimento do PIB brasileiro foi de 4% a.a. entre 2002 e 2008 Essa expansão foi proporcionada fundamentalmente por: (i)Grande demanda da China pelos produtos brasileiros, tais como ferro e outras commodities. (Período em que a China priorizou sua infra-estrutura e expansão do parque industrial: grande crescimento da indústria produtora de bens de capital) (ii)Consumo interno: crescimento da classe média 50% do crescimento do PIB brasileiro no período mencionado se deveu ao crescimento do consumo Preliminares- anos 2010: mais uma década perdida? crescimento médio do PIB foi de 1.3% entre 2011 e 2014. Projeta-se uma contração de 0.5% no PIB este ano de 2015 e uma expansão de apenas 1.5% em 2016. Essas projeções são otimistas Razões econômicas do fraco desempenho da atividade (i) Restrições Externas (ii) Restrições Internas Restrições externas Um item de demanda agregada, que estimula a produção, são as EXPORTAÇÕES de bens e serviços. Porém, a conjuntura internacional atual é desfavorável às exportações brasileiras. Os principais parceiros comerciais brasileiros atualmente são Argentina, China, EUA, Países Baixos e Alemanha. Estes, juntos, compram 45% das exportações brasileiras. No início da década de 2000, o crescimento médio do PNB dessas economias, em termos de sua parcela nas exportações brasileiras, foi de 12%, mas em 2015, não chegará a 5%. Crescimento global pequeno→menor volume de comércio internacional COMÉRCIO COM A CHINA A partir da década de 2010: a expansão chinesa passa a ser pautada nos gastos em CONSUMO Tendência à redução das importações brasileiras (insumos básicos para indústria de bens de capital) O comércio da China está sendo redirecionado para os países do sudeste asiático – especialmente Indonésia e tigres asiáticos. A África e América do Sul estão ficando de fora desse fluxo comercial, no momento. Balanço de Pagamentos e a Conta Corrente Balança Comercial Brasileira: Tendência – desde o início dos anos 2010 - a um fraco desempenho da Balança Comercial devido ao fraco desempenho das EXPORTAÇÕES e à grande demanda por IMPORTAÇÕES Balança Comercial = Exportações – Importações Adicionalmente: Balança de Serviços: tipicamente deficitária Na conta de serviços entram pagamentos de juros a empréstimos externos e remessas de lucros por parte das empresas estrangeiras. Saldo da Conta Corrente= Saldo Balança Comercial + Saldo da Balança de Serviços Balanço de Pagamentos e a Conta Financeira Também chamada de Balança de Capitais, essa conta registra as entradas e saídas de capitais: (i)Investimento Externo Direto: entradas e saídas na forma de investimento direto: entrada: Mc Donalds abre mais uma loja no Brasil Saída: a Embraer constrói uma nova planta na China (ii)Investimento Externo Indireto: Entradas e saídas de capitais financeiros via mercado de capitais Entrada: cidadão francês compra títulos do tesouro brasileiro Saída: cidadão brasileiro compra ações na bolsa de valores de Tóquio (iii) Empréstimos diretos Quando o saldo da Balança de Capitais é positivo há uma entrada líquida de capitais. Esta entrada financia o déficit na Balança de Transações Correntes (Ver Mankiw - cap. 31) Restrições externas BP brasileiro Conta Corrente: tradicionalmente deficitária, mas normalmente isso é devido à Balança de Serviços (veja, por exemplo, Lanzana, cap.9). Nos últimos anos: tem havido pressões também da Balança Comercial Paralelamente, o desempenho da Balança de Capitais não tem sido suficientemente positivo para financiar a Conta Corrente RESUMO: SALDO DO BP veja Abel et al., cap 5 SALDO BALANÇO DE PAGAMENTOS (BP) BP = TC + CC Onde TC(Transações Corrente)=SALDO BALANÇA COMERCIAL + SALDO BALANÇA SERVIÇOS CC = SALDO DA BALANÇA DE CAPITAIS OU CONTA FINANCEIRA Lembrando: BALANÇA COMERCIAL = EXPORTAÇÕES – IMPORTAÇÕES de bens BALANÇA DE SERVIÇOS = EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES de serviços, incluindo aqueles atribuídos aos fatores de produção, tais como pagamentos e recebimentos de juros e lucros. Resultados do BP brasileiro em US$ milhões nos anos de 2013 e 2014 – extraído do Banco Central 2013 2014 Transações correntes1 -81.227 -91.288 B. Comercial2 2.286 -3.959 B.Serviços3 -86.879 -8.9251 C. Capital4 74.353 99.069 Resultado BP5 -5926 10.833 5=1+4+erros e omissões: 1=2+3 RESULTADO BP, TAXA DE CÂMBIO E INFLAÇÃO O Brasil segue o regime de câmbio livre (na prática, flutuação suja). Então, se o saldo do Balanço de Pagamentos diminui, há uma tendência à depreciação da moeda doméstica (R$), ou, correspondentemente, apreciação da principal moeda estrangeira, o dólar (ver Blanchard cap. 18 e 19) No momento, a depreciação do real frente ao dólar se deve à necessidade de ajustar a BALANÇA COMERCIAL que apresentou saldo negativo em 2014 (ver slide anterior) O saldo da CONTA FINANCEIRA não tem crescido para compensar o movimento da BALANÇA COMERCIAL O real se depreciou 10% em relação ao dólar no mês de fevereiro: Porém: a apreciação do dólar ENCARECE AS IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS, o que tende a pressionar a taxa de INFLAÇÃO BRASILEIRA RESULTADO BP, TAXA DE CÂMBIO E INFLAÇÃO Perceba que o saldo da conta financeira – supondo livre mobilidade de capitais – depende bastante da taxa de juros interna: TAXAS DE JUROS ALTAS DENTRO DO PAÍS atraem os investidores externos para o mercado de capitais doméstico. Pode, então haver uma entrada líquida de capitais, o que MELHORA O SALDO DA CONTA FINANCEIRA. A capacidade de atrair INVESTIMENTO EXTERNO DIRETO também melhora o SALDO DA CONTA FINANCEIRA A melhora no saldo da conta de capitais pode mitigar o efeito do balanço comercial negativo Restrições internas: aumento dos juros para combater a inflação Em 2014, a taxa de inflação brasileira ultrapassou a meta. O regime de metas de inflação requer, então, aumento da taxa de juros (Veja Blanchard cap 25, Mishkin, cap 18): PRÓS do aumento da taxa de juros: Ao desestimular os gastos em consumo e investimento, tende a reduzir o aumento dos preços, pelo menos no médio-longo prazo (VEJA MODELO AD/AS- BLANCHARD CAP 7 E 9) A redução da demanda agregada, tende a reduzir as importações, o que pode melhorar o resultado da Balança Comercial Ao tornar os ativos brasileiros relativamente mais rentáveis, o aumento dos juros favorece à entrada de capitais na Conta Financeira Melhor resultado do BP, reduz as pressões para depreciação do real frente ao dólar (veja Mishkin cap 20 ) CONTRAS do aumento da taxa de juros Piora o orçamento do governo, que paga grande montante de juros sobre a DÍVIDA PÚBLICA (ver Blanchard cap. 26) A redução da demanda agregada INTENSIFICA A RECESSÃO (veja modelo AD/AS- Blanchard cap 7 E 9), pelo menos no curto prazo. Restrições internas: combate à inflação E se o Banco Central reduzisse as taxas de juros no momento no início de 2015? A taxa de inflação continuaria alta. Taxas de juros menores, desestimulam a entrada de capitais financeiros (ver Mishkin cap 19) O SALDO DA CONTA FINANCEIRA no Balanço de Pagamentos tenderia a piorar Aumentariam as pressões para DEPRECIAÇÃO DO REAL FRENTE AO DÓLAR Depreciação do real: aumentaria as pressões sobre inflação (encarece as importações) Depreciação do real: aumentaria o ônus da dívida externa contratada tanto por governos locais quanto por de empresas brasileiras. Restrições internas: Consumo das Famílias A demanda agregada não pode reagir esse ano porque as famílias estão endividadas – altos juros para o crédito ao consumidor nos últimos anos; A dívida total das famílias está em torno de 46% da renda disponível – em termos de agregado. O Consumo das famílias NÃO deve crescer esse ano devido à perda do poder de compra causada pelo aumento da taxa de inflação, que está em torno 7% Restrições internas: Contas Públicas Pela primeira vez desde 2000, as conta públicas registraram déficit primário Déficit primário= Gastos – Arrecadações: exclui pagamento de juros da dívida. A prudência exige que se reduza o déficit, o que tem requerido redução de subsídios, aumento de tarifas públicas e ajustes no orçamento previdenciário; Mais uma força que deprime a demanda agregada; Juros mais altos causam aumento do déficit operaional público porque impactam os serviços da DÍVIDA PÚBLICA (veja Blanchard- cap26) Déficit operacional= Déficit primário + Pagamento de juros sobre a dívida Restrições internas: lado da oferta Choques: seca→ Aumentam as pressões sobre a inflação (veja modelo AD/AS (Blanchard cap 7) ou modelos RBC (Abel et al. cap. 10) Baixa produtividade → Restringem o crescimento do PIB Precariedade de serviços de infra-estrutura: muitas obras de infra-estrutura estão há 10 anos em andamento; Produtividade de mão de obra + papel da infra-estrutura (estoque de capital físico) – veja modelos de crescimento Produtividade da força de trabalho é baixa e os salários crescem acima do crescimento do PIB (GNP) Produtividade da força de trabalho é baixa e os salários (reais) têm crescido acima do crescimento do PIB O gráfico anterior reflete o argumento do Banco Central de que não há espaço para promover a demanda através de aumentos salariais A evolução da produtividade da força de trabalho não justifica adicionais aumentos salariais: nos últimos dez anos os salários do setor privado e no setor público têm crescido mais rapidamente do que o PIB. Então, tem sido argumetado que os empregadores estão pagando mais que o produto marginal de seus empregados? Lado da oferta Infra-estrutura: Precariedade de estradas, portos e aeroportos: encarecem e prolongam o tempo de escoamento da produção; Transporte caro reduz a competitividade internacional dos produtos brasileiros; gargalos na produção de energia Queda do preço internacional do petróleo inviabiliza a exploração da pré-sal Livros-texto mencionados Blanchard, O. (2011). Macroeconomia, 5ª. Ed., Pearson-Addison Wesley Abel, A. Bernanke, B. e Crushore, D. (2008 ) Macoeconomia. 5ª. Ed., Pearson-Addison Wesley Lanzana, A. E. T. (2005). Economia Brasileira: Fundamentos e Atualidade. 3ª. Ed., Atlas Ed. Mankiw, G. (2009). Princípios de Economia, 5ª. Ed., Cencage Learning Mishkin, F. (2004). The Economics of Money, Banking and Financial Markets 7th edition – Pearson-Addison Wesley
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