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A ordem do discurso

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A ORDEM DO DISCURSO
Os discursos que permeiam na sociedade são controlados, perpassados por formas de poder e de repressão. 
Supõe que em toda sociedade a produção do discurso é: 
Controlada
Selecionada
Organizada e 
Redistribuída 
Esse processo se dá ao mesmo tempo por certo número de procedimentos que tem por função conjurar seus poderes, dominar seu conhecimento aleatório.
Existem diversos procedimentos de repressão do discurso
Procedimentos externos
Existem procedimentos externos que incidem sobre os discursos, são os três grandes sistemas de exclusão: 
A palavra proibida (interdição); 
A segregação da loucura (separação e rejeição); 
A vontade de verdade (consenso da verdade).
Para explicar a separação e a rejeição, o autor se vale da oposição entre a razão e a loucura. O discurso do louco é considerado nulo por não satisfazer as exigências sociais, por isso rejeitado. Há, então, a separação do sano e insano através da análise do discurso.
E a vontade da verdade, que é historicamente constituído e institucionalmente constrangedor. O Discurso verdadeiro é aquele ao qual era preciso submeter-se, pois pronunciado por quem de direito e conforme o ritual requerido. Era o discurso pronunciado pela justiça, que anunciava o que ia se passar e contribuía para sua realização, profetizando o futuro, suscitava a adesão dos homens e se tramava assim o destino.
Primeiro procedimento externo: Interdição
Inicialmente, o autor apresenta que todo discurso é controlado pela interdição a qual é vista como um recurso que limita a enunciação do discurso.
Essa limitação ocorre por meio de inscrição de TABUS para o discurso, tendo em vista que não é tudo que pode ser dito por qualquer pessoa, em qualquer lugar ou circunstância.
 
Todo discurso é controlado pela interdição: não podemos falar tudo o que queremos, pois isso vai depender da pessoa que profere e das circunstâncias em que é proferido o discurso. 
A interdição - Continuação
Há três tipos de interdição: 
o tabu do objeto
o ritual de circunstância e
 o direito privilegiado ou exclusivo do sujeito que fala.
 
Segundo Foucault, a POLÍTICA e a SEXUALIDADE seriam os dois principais tabus presentes na sociedade.
Os discursos são marcados pela busca de desejo (querer, vontade) e de poder, pela luta do controle daquilo que enunciam.
Segundo Foucault: "por mais que o discurso seja aparentemente bem pouca coisa, as interdições que o atingem revelam logo, rapidamente, sua ligação com o desejo e com o poder." (p. 10)
 
Segundo procedimento externo: separação e rejeição
Para explicar a separação e a rejeição, o autor se vale da oposição entre a razão e a loucura. 
A exclusão é bem explicada a partir do discurso do louco cujo discurso a sociedade não compreende, e é considerado nulo porque não atende às exigências sociais.
 Assim, temos a segregação da loucura, já que a sociedade não admite esse discurso como verdadeiro ou não tem interesse em ouvi-lo, pois não era visto como uma palavra de verdade e, portanto, não tem validade. 
O discurso do louco é considerado nulo por não satisfazer as exigências sociais, por isso rejeitado. Há, então, a separação do sano e insano através da análise do discurso. 
Terceiro procedimento externo: vontade de verdade
A vontade da verdade é historicamente constituída e institucionalmente constrangedora. 
O Discurso Verdadeiro é aquele ao qual era preciso submeter-se, pois pronunciado por quem de direito e conforme o ritual requerido. 
Era o discurso pronunciado pela justiça, que anunciava o que ia se passar e contribuía para sua realização, profetizando o futuro, suscitava a adesão dos homens e se tramava assim o destino (como por exemplo, em “a verdade e as formas jurídicas”). É também o discurso científico, que separa o “verdadeiro” do “falso”.
Essa vontade de verdade se apóia sobre um suporte institucional, sendo reforçada e reconduzida por um conjunto de práticas e pelo “modo como o saber é aplicado à sociedade, como ele é valorizado, distribuído, repartido e de certo modo atribuído.” Auxiliada por este suporte, a vontade de verdade exerce um poder de coerção sobre os outros discursos, que recorrem a ela pedindo autorização e legitimação. 
Este último procedimento há séculos tende a se reforçar orientando a direção dos dois outros sistemas de exclusão, modifica-os e fundamenta-os. Estes, por outro lado, se tornam cada vez mais frágeis, sendo atravessados pela vontade de verdade.
Procedimentos de controle interno do discurso
São os elementos de autocontrole do discurso. Funcionam como princípios de rarefação do discurso (classificação, ordenação e distribuição).
O primerio deles é o COMENTÁRIO, que conjura o acaso do discurso fazendo-lhe sua parte, permite-lhe dizer algo além do texto mesmo, mas com a condição de que o texto mesmo seja dito e de certo modo realizado. O comentário não tem outro papel, sejam quais forem as técnicas empregadas, o de dizer o que estava articulado silenciosamente no texto primeiro
O segundo é o AUTOR, visto como origem das significações presentes no discurso. Não se trata do autor individual, mas o autor como princípio de agrupamento do discurso, como unidade e origem de suas significações, como foco de sua coerência. Tal como o comentário, o autor também limita o acaso do discurso, mas não “pelo jogo de uma identidade que teria a forma da repetição e do mesmo”, mas sim “pelo jogo de uma identidade que tem a forma da individualidade e do eu”
Para Foucault, o autor é um elemento que completa o comentário.   
Procedimentos de controle interno do discurso – cont.
O terceiro procedimento interno é a disciplina, cujo controle do discurso é diferente do comentário e do autor, pois exerce seu controle na produção dos discursos por meio da imposição de limites e de regras. 
Para que um discurso componha uma disciplina, ele precisa está no plano da verdade, precisa está inserido num determinado campo teórico, ou seja, ele precisa está no plano da verdade, precisa ter validade. 
O domínio de objetos, um conjunto de métodos, um corpus de proposições verdadeiras, um jogo de definições, regras, técnicas e instrumentos constituem um sistema autônomo chamado de disciplina. É desta forma que Foucault reúne os princípios do autor, do comentário e da disciplina para expor as funções restritivas e coercitivas no interior do discurso. 
Procedimentos de condição de funcionamento do discurso
Estas regras não tratam de evitar o acaso de sua aparição ou controlar o poder do discurso, mas sim de “rarefação, desta vez, dos sujeitos que falam; ninguém entrará na ordem do discurso senão satisfazer a certas exigências ou se não for, de início, qualificado para fazê-lo.”
 Fazem parte deste grupo de regras ao sujeito que fala: 
a) os rituais da palavra, - determinam propriedade singulares e papéis preestabelecidos, tais como aos sujeitos dos discursos religiosos, judiciários e políticos; 
b) as sociedades de discurso – sociedades que fazem circular internamente os discursos que elas próprias conservam ou produzem. Elas também os distribuem com base em regras restritivas, evitando a permutabilidade e a apropriação de segredos técnicos ou científicos; 
c) os grupos doutrinários – são os que exigem um sentimento prévio de identificação ou de pertença a uma classe social, status, nacionalidade, resistência, aceitação, etc. Desta forma, eles associam as pessoas a certos tipos de discurso e lhes proíbem todos os outros; e 
d) as apropriações sociais – o melhor exemplo são os sistemas de educação, na medida em que eles representam uma estratégia política eficaz para a manutenção ou modificação da apropriação dos discursos, diante dos saberes e poderes que lhes são peculiares.
Para análise do discurso
Para a análise dos três grupos de procedimentos de exclusão que atingem o discurso, Foucault propõe a realização de três tarefas, a saber: 
A) questionar a vontade de verdade; 
B) restituir o caráter de acontecimento
do discurso; e 
C) suspender a soberania do significante. 
Princípios metodológicos dessa análise:
A) Inversão – este princípio trata da necessidade de se reconhecer “o jogo negativo de um recorte e de uma rarefação do discurso”.
B) Descontinuidade – “os discursos devem ser tratados como práticas descontínuas, que se cruzam por vezes, mas também se ignoram ou se excluem”
C) Especificidade – o mundo não é cúmplice do nosso conhecimento. Devemos concebê-lo como uma “violência que fazemos às coisas”; da exterioridade – devemos nos situar num nível acima do núcleo interior do discurso para, a partir de sua aparição e regularidade, passar às suas condições externas de possibilidade.
CONCLUSÃO
No início da sua aula inaugural, Foucault diz que não queria ter de entrar na ordem do discurso, mas a instituição o tranquiliza, afirmando que não tem com que se preocupar: “estamos todos aí para lhe mostrar que o discurso está na ordem das leis.”
Felizmente, ao decifrar esta ordem, Foucault também nos mostra a possibilidade de subverter suas leis

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